Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Realidades e Perspectivas
Caminhos da Educação
Realidades e Perspectivas
URI
FREDERICO WESTPHALEN
2009
© Copyright - 2009 by Henriqueta Alves da Silva; Marcio Luis
Marangon; Rudinei da Rosa
101 p.
ISBN-
Prefácio ...................................................................... 09
Introdução ................................................................... 16
Rudinei da Rosa
Celito Luft
UNIVERSIDADE REGIONAL
INTEGRADA DO ALTO
URUGUAI E DAS MISSÕES
Presidente
1
Claudionei Vicente Cassol
1
Professor, URI – Campus de Frederico Westphalen- RS.
A educação enquanto compromisso social carrega
a incumbência política como condição de sua validade e
legitimidade comunitária. É na dimensão da politicidade
que se encontra a esperança e a profundidade filosófica
do fazer educativo. A complexidade que envolve a
educação remete Estado, Educador e Educadora,
Estudante e Comunidade à construção de vínculos
intersubjetivos, força indispensável na qualificação dos
processos, validação do educar enquanto ato com
implicâncias públicas, direito da cidadania e dever das
instituições. Não somente econômico, mas cultural e ético.
Colocar a educação nesses termos seria ousadia ou
utopia? Ousadia, na compreensão de um Estado que se
quer limitado e se pretende mínimo para estar ao lado do
capital desumanizado e livre das preocupações
humanizadoras e sociais, afastando-se de suas funções
mais primordiais; utopia, do ponto de vista da sedenta
população que aguarda, de braços cruzados – ainda não
educada politicamente -, o cumprimento dos direitos mais
básicos; realidade, porém, quando compreendemos a
profundidade do ato educativo, indispensável na
qualificação dos sujeitos e da comunidade.
Caminhos da Educação marca um período
conturbado no sistema de ensino do Rio Grande do Sul.
Um Estado neoliberal, comprometido com a estrutura
piramidal da sociedade, o status quo, que se assume ao
lado do capital e distante da população, resolve, a título de
corte de gastos públicos, enxugar as já ínfimas garantias
que os trabalhadores e trabalhadoras em educação
gaúchos asseguraram ao longo de anos de luta. Há
monstros que rondam a educação gaúcha, aviltando-a a
partir de seu centro: desencadeando processos de
descredibilidade da escola pública; conduzindo à
acomodação professores, professoras, pais e mães e os
próprios estudantes. Ademais há desqualificação dos
espaços pedagógicos e o descaso com a comunidade. Os
caminhos da educação gaúcha, objeto de estudo do
capítulo II do presente texto, através da investigação do
distanciamento entre a formação filosófico-pedagógica e o
compromisso social dos professores da rede estadual
gaúcha, seguem, atualmente, na contramão dos desejos e
anseios de toda comunidade, principalmente, dos
principais atores – educadores e educadoras – ao interpor
entre os professores e professoras e a missão da
educação, não flores e jardineiros preocupados com atos
de vida, mas pedras humilhação e responsabilização pelo
fracasso do Estado representativo. Um descaminho que é
evidenciado neste sentido é a discussão do Plano de
Carreira do Magistério Público Estadual por força do poder
econômico. Pairam intenções de cortes nos direitos dos
trabalhadores/as em educação gaúchos. O magistério está
sendo responsabilizado pelas concessões de isenções
fiscais a grandes empresas. O que poucos veem é a
diminuição de receitas para investimentos sociais,
obrigações do Estado. Não, mas o “plano é bom”, opinam
alguns, inclusive professores/as.
Em sendo confirmada a “bondade” – jamais isenta,
do poder –, porque a proposta está sendo escondida
daqueles e daquelas que terão que cumpri-la?
Percebemos todos por onde começaram as discussões, o
que identifica as verdadeiras intenções do “novo” plano:
entre grupos de empresário gaúchos e entidades várias
que nada, ou muito pouco, têm de identificação com o
sistema educacional gaúcho. Qual empresário, convidado
pelo governo gaúcho, para discutir o Plano de Carreira do
Magistério Público da Rede Estadual do Rio Grande do
Sul, tem filhos na Escola Pública da rede?
No momento em que este texto é pensado,
representações do magistério gaúcho, entre os quais,
vários diretores e diretoras de Escolas Públicas da rede –
professores/as igualmente tomados pela “maravilha” do
poder -, cooptados pelo governo, assistem exposições
relâmpagos da Secretaria Estadual de Educação
propagandeando um novo plano. Educadores e
Educadoras estão excluídos do processo que a eles é
pertinente, denúncia que o capítulo I, em sua filosofia,
apresenta como ocorrendo em todo o sistema de
educação brasileiro. Esparsas manifestações contrárias
ousaram levantar-se notabilizando a despolitização da
sociedade gaúcha e evidenciando que a educação é
problema dos outros. Não é de professores e professoras,
tampouco de estudantes, funcionários e funcionárias de
escola, nem da comunidade. O Estado capitalista e
neoliberal, muito bem munido de “marketeiros”, constrói
verdades e as institucionaliza. Paralelo à imposição do
Plano de Carreira, desvio da proposição dialética que
estabelece o capítulo III em sua discussão metodológica,
denúncias de corrupção no Governo gaúcho, tomam conta
dos noticiários colocam em questionamento a sua
legitimidade ética.
Caminhos da Educação chega no momento em
que as encruzilhadas se abrem para toda população
gaúcha como possibilidades educativas. Aprendizado
político a partir da realidade, mostrando a complexidade
da educação e a amplitude que a filosofia precisa para se
tornar em cada cidadão, gesto contraditório, oposição e
construção.
Nos caminhos da educação interpõem-se
inúmeras encruzilhadas e a Filosofia, como diz Castoriadis
(2002), é a proposição de uma interrogação ilimitada da
representação instituída do mundo, a ordem estabelecida
da sociedade. A reflexão acurada, profunda e radical,
manifesta no âmbito da filosofia, associada à educação e
às ciências humanas, possibilita a construção de uma
comunidade autêntica movida pelo desejo participativo, de
ela própria fazer política e, desse modo, emancipar-se
como cidadã. Esta é a essência da condição humana que
exige compromissos sociais das instituições públicas e,
dessa forma, educa e se educa em processo dialético. A
identidade coletiva que brota do aprofundamento das
relações comunitárias, relações intersubjetivas é força
indispensável para a ininterrupta construção do novo e
permanente questionamento acerca da totalidade das
coisas que envolvem o homem e a mulher e as
instituições.
Referencias
Rudinei da Rosa
Referências
Referências
3.4.2 Planejamento
3.4.3 Método
3.4.3.1 Dinâmicas
3.4.3.4 Avaliação
3
Professor, URI – Campus de Frederico Westphalen- RS
neoliberal. A única ética que conhece é a do mercado,
sendo por isso, incapaz de gerar compaixão e
solidariedade.
Está presente no texto o grito de rebeldia contra a
lógica colonial, positivista e retrógrada, que mais do que
nunca exige como tarefa urgente da educação, o processo
de humanização e a capacidade de gerar autonomia.
Educadores(as), como nos dizem Henriqueta, Márcio e
Rudinei, influenciam sim o educando, a tal ponto que ele
não se deixa mais influenciar. O espúrio casamento entre
tecnicismo e neoconservadorismo desemboca na
formação de autômatos, pensados, mas incapazes de
pensar. Os autores apontam também como tarefa da
Universidade rever a formação de educadores e
vislumbrar se ela não caiu na armadilha neoliberal,
hegemônica no Brasil a partir da década de 90.
A parte final dos escritos, Henriqueta, Márcio e
Rudinei, jovens comprometidos com a transformação
social, nos sugerem caminhos que poderão ser trilhados
para a superação do atual modelo educacional. Trata-se
do método VER – JULGAR – AGIR, que tem sido utilizado
por tantos movimentos sociais, especialmente pelas
Comunidades Eclesiais de Base. Exatamente por isso,
este método tem causado tanta insônia à elite nacional. O
livro “Caminhos da Educação”, ao mesmo tempo em que
aborda a problemática educacional atual, nos desafia e
convida a sermos apaixonados e nos engajarmos nas
causas da pessoa humana e nas lutas sociais que
objetivam a esta causa.