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A destituição do poder familiar sob uma análise jurídica e social

Alana Santos, Bacharel em Direito


Introdução

A sociedade é um organismo vivo e, portanto, passível de transformações em seu seio.


Ao longo do tempo tem-se assistido uma constante inquietude e consequente instabilidade no
que diz respeito à cultura, à política, ao direito, à economia, à família, enfim, a tudo que diz
respeito ao social.
Se a sociedade muda, e passa a ter anseios, necessidades e valores, muda também o
direito a fim de se adaptar à nova realidade. No direito de família não seria diferente. Ao longo
dos anos este vem passando por mudanças significativas no ramo jurídico e social.
Outrora a família era chefiada apenas pelo homem, detendo ele o Pátrio Poder.
Contudo com as constantes mudanças que assolam nossa sociedade não cabe mais falar em
Pátrio Poder, posto que hoje em dia, há igualdade na autoridade dos pais com filhos.
O Poder Familiar é o antigo Pátrio Poder ou Pátria Potesta, contudo por ser exercido
por ambos os pais, a expressão Pátrio Poder foi substituída por Poder Familiar no Código Civil
de 2002.
Resumidamente, o Poder Familiar consiste no conjunto de direitos e deveres que
possuem os pais com relação aos filhos. É seguro dizer, que hoje há mais um caráter de dever
do que de poder, fala-se em responsabilidade.
O presente trabalho tem como objetivo analisar as transformações que ocorreram
nesse instituto, numa perspectiva jurídica e social bem como visando mostrar que a pobreza é
apenas uma agravante para que ocorra a perda do familiar, pois inúmeros são os motivos para
responsabilizar apenas uma pessoa. A metodologia utilizada, para a construção desse trabalho
foi de cunho bibliográfico, no qual foram consultados autores da área de Serviço Social e do
Direito, para que se tornasse possível a compreensão da temática abordada.
Família e Poder Familiar no Século XXI
Faz-se possível constatar que as mudanças advindas com o começo da industrialização,
a chegada da urbanização, a proscrição da escravatura e a organização da população resultam
em grandes alterações nos moldes familiares e sociais.
A despeito de todas as mudanças, a nova família conjugal permanece com traços de
um modelo de família conservadora, aquele que insiste em controlar a sexualidade feminina e
resguardar as relações de classe, estabelecidas dentro da sociedade.
Aponta-se que as tradições que assinalaram época podem ou não estar afastados de
nossos costumes, pois, como colocamos a priori, os conceitos evoluíram e ganharam novas
denominações. No entanto, se analisarmos esses conceitos, veremos que, muitos deles, ainda
estão presentes na sociedade, mesmo que de forma camuflada.
A definição de família no que se refere à sua estrutura, não ganhou alterações legais,
visto que para muitos legisladores a família é grupo formado pelo casal e filhos, já que a família
disciplinada na lei civil é a família conjugal.
Percebe-se, que esse ainda é um conceito arcaico, posto que hoje, principalmente
após a gênese da Constituição Federal de 1988 que reconhece o pluralismo familiar,
principalmente no que se refere a ampliação das formas de constituição da família, em que o
direito de constituir uma família a partir de uma liberdade de escolha passa a ser visto como
fonte de direitos que deve ser respeitado de forma democrática. Neste tocante, Maria Celina
Bodin de Moraes (2010, p. 214) afirma que a família:

[...] democrática nada mais é do que a família em que a dignidade de


seus membros, das pessoas que a compõem, é respeitada,
incentivada e tutelada. Do mesmo modo, a família „dignificada‟, isto
é, abrangida e conformada pelo conceito de dignidade humana, é,
necessariamente, uma família democratizada.

A sociedade em seu translado temporal, passou por diversas metamorfoses culturais,


econômicas, legais e sociais imprescindíveis para tornar possível restabelecer as formas de
relacionamento alocados no seio da família.
Com isso, atualmente a sociedade não se preocupa mais com a forma ou legalidade do
ato com que está fundada a relação entre homem e mulher, pois como as uniões livres
crescem a cada dia, teve a legislação que se acomodar-se ao cotidiano, sob pena de tornar-se
obsoleta diante das pretensões humanas.
É importante considerar que a liberalidade no contexto do planejamento familiar
acarreta também a responsabilidade, os pais podem escolher o número de filhos, assim como
o modo como serão educados, orientados e cuidados, entretanto, deve-se observar que:
A liberdade do indivíduo depende de sua ação, de sua noção quanto ao papel que
desempenha na sociedade, quanto à importância que recai sobre a materialização de direitos.
O homem pode ser politicamente ativo quando detém inteligência sobre os fatos para
discernir entre a concordância e a aquiescência sem reflexão, o que, invariavelmente,
necessita da liberdade de escolha, oriunda da consciência sobre a condição de cidadão e que
advém da concretização de um patamar mínimo de igualdade entre indivíduos. (POMPEU;
ANDRADE, 2011, p. 8030).
A sociedade em que vivemos prevê a igualdade entre as pessoas, e isto se estende à
autoridade dos pais com os filhos. O Poder Familiar é direito e dever que os pais assumem
sobre os filhos para que a família esteja ajustada, buscando a convivência pacífica entre os
seus membros.
Não se trata de decidir qual a posição hierárquica que cada um possui, mas de
estabelecer limites aos filhos, bem como manter a disciplina educacional, e responsabilizar os
pais, de suas obrigações, enquanto detentores deste poder.
O Poder Familiar é o conjunto de direitos e deveres referentes aos pais com relação a
seus filhos e respectivos bens, com a finalidade de protegê-los. É o princípio de um múnus ou
encargo, ou melhor, um encaminhamento sobre os filhos e seus bens, sempre no interesse
daqueles cuja guarda lhe cabe, impondo determinada conduta.
Esse poder é exercido em igualdade de condições, quando não houver concordância
entre os pais, as dúvidas deverão ser dirigidas ao Poder Judiciário que determinará a solução
para a desavença.
A Destituição do Poder Familiar segundo o Âmbito Jurídico
O poder de família é uma função típica dos pais e deve persistir por toda a
menoridade, não sendo possível a renúncia voluntária. Aliás esse papel é irrenunciável,
inalienável e indelegável. Assim, sempre que comprovada a existência de fato incompatível
com o exercício do poder de família configura-se a possibilidade de suspensão ou até mesmo
perda do poder.
A perda do poder de família é a modalidade de destituição mais grave, pois é medida
imposta em virtude da falta aos deveres dos pais para com os filhos, os motivos envolvidos são
mais sérios que os motivos da suspensão. O Código Civil em art. 1638 elenca as causas de
perda do poder familiar:
Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.
Isso não quer dizer que os pais não possam castigar seus filhos, eles podem, só que as
medidas utilizadas não podem ultrapassar as justas medidas exigidas para a situação. Deve
haver o mínimo de tolerância no momento da aplicação do castigo, não existindo assim, ato de
violência à integridade física do filho.
O Estatuto da Criança e do Adolescente apresenta de forma clara as obrigações dos
pais para com os filhos e se esta obrigação não for cumprida as sanções previstas na lei serão
aplicadas. É comum na sociedade em que vivemos casos de castigos imoderados,
principalmente por pais de famílias que vivem em extrema pobreza, com suas dificuldades do
cotidiano, a falta de recursos para manter a família, que movidos por descontroles
momentâneos ou não, descarregam nos filhos seus traumas e frustrações.
Independentemente dos problemas que estejam ocorrendo na vida cotidiana, é dever
dos pais, dar amor, carinho e educação aos filhos, nesse sentindo o art. 22 do ECA, preceitua o
seguinte:
art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos
filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação
de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. Parágrafo
único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e
deveres e responsabilidades compartilhados no cuidado e na
educação da criança, devendo ser resguardado o direito de
transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados os
direitos da criança estabelecidos nesta Lei.

O juiz que destitui o poder da família deve ser muito criterioso, por ser uma sanção
grave, que além de punir os pais, também pode causar traumas à criança. De acordo com o art.
163 do ECA, parágrafo único “A sentença que decretar a perda ou a suspensão do Poder
Familiar será averbada à margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente”.
Entretanto deve-se lembrar de que mesmo o juiz decretando a destituição do Poder
Familiar não exonera o genitor de suas obrigações de prestar alimentos.
A destituição pode ser total ou parcial, daí se define se a destituição pode abranger
apenas determinados filhos ou devem ser impostos a todos, vários autores defendem a última
solução. A destituição é total quando abrange não só todos os direitos que compõem o Pátrio
Poder, mas também quando atinge toda a prole.
Impõe-se a destituição a todos os filhos, independentes de estarem ou não envolvidos
na hipótese legal, já na parcial, a perda dá-se relativamente a alguns direitos, porque o pai ou a
mãe pode conservar o direito de administração dos bens do filho, sendo que, na parcial, a
destituição também pode dizer respeito apenas a determinado filho.
A Destituição do Poder Familiar, portanto, é considerada, também, como medida
definitiva, pois determina qual será a mudança no status quo da criança, porque está regrada
estritamente na lei e é matéria de ordem pública.
A perda do poder familiar para alguns autores, não é vista como uma sanção para os
pais, mas sim como uma forma de proteger o melhor interesse da criança. Corroborando com
esse pensamento Rodrigues afirma que:
A suspensão ou destituição do poder familiar constituem, assim, sanções aplicadas aos
pais pela infração ao dever genérico de exercerem o poder parental de acordo com regras
estabelecidas pelo legislador, e visam atender ao maior interesse do menor. A nosso ver, tais
sanções têm menos um intuito punitivo aos pais do que o de preservar o interesse dos filhos,
afastando-os da nociva influência daqueles.
Com isso podemos ver que a destituição do poder familiar é imposta sempre no
interesse do filho. A nossa legislação procura resguardar os direitos dos adolescentes lhes
assegurando o respeito à sua integridade física, e lhe resguardando o direito de ser mantido
por um dos seus genitores, pois apesar de ser destituído do seu poder familiar, o pai ou a mãe
tem o dever de prover alimentos a seu filho.
O ECA assegura ainda, que esse adolescente seja criado por pessoas que possam lhe
dar carinho, normalmente algum parente próximo, a avó ou um tio, por exemplo, pessoas que
possam ajudá-lo a ter uma vida mais tranquila e sem traumas.

A Destituição do Poder Familiar sob uma perspectiva crítica do Serviço Social

Para que compreendamos o trabalho do assistente social no espaço sócio jurídico faz-
se necessário situá-lo na esfera histórica das relações sociais que contribuíram na construção
da sua trajetória, cuja gerência e função sociais dos serviços prestados estão determinadas
pela divisão social e técnica do trabalho judicial.
Conforme Iamamoto (2004), apesar do trabalho do assistente social na esfera sócio
jurídica ter adquirido pouca visibilidade na literatura especializada e no debate profissional das
últimas décadas, a atuação nessa área dispõe de larga tradição e representatividade no
universo profissional, acompanhando o processo de institucionalização da profissão no Brasil.
Cabe salientar que a crescente necessidade da atuação do assistente social no campo
jurídico dá-se sob suas aquisições profissionais, na medida em que seu desempenho torna-se
imprescindível para o desvelamento de diversas inquietações sociais que transitam no cenário
atual.
As bases de pensamento dialético e crítico no seio da profissão permite compreender
que os profissionais operam condicionados pelas relações das classes do sistema capitalista e
que a mesma é responsável pela interferência da produção e reprodução da forma material e
social das classes e que esse fator acaba por interferir no comportamento dos indivíduos
sociais. Nesse sentido Iamamoto (2004, p. 142) afirma que os assistentes sociais:

[...] participam da reprodução das relações sociais que se faz por


meio da reprodução de valores, de modos de vida e de práticas
culturais e politicas. Nesse sentido, as ações profissionais são dotadas
de caráter educativo e se desenvolvem mediatizadas pelas politicas
sociais que garantem o acesso aos serviços, programas e benefícios
sociais.
Ao adotar como base os moldes de uma sociedade capitalista excludente e seletiva,
mas que também se tornou campo de direitos sociais podemos destacar a família como uma
instituição basilar na conquista de bens perecíveis e de laços de solidariedade, visto que é na
mesma, que seus integrantes fortalecem suas virtudes e potencialidades.
No entanto, a família também é sinônimo de tensão e conflitos ao grau que não
conseguem chegar a um denominador comum frente aos desafios que lhes são impostos
cotidianamente. Tal comportamento familiar acaba por afetar predominantemente seus
integrantes mais “frágeis”, que na maioria das vezes são os filhos.
Ao se pensar na família como um todo, é preciso atentar para as especificidades de
cada membro, visto que os filhos, são aqueles que desde o período gestacional da mãe
necessitam de cuidados e atenção integral, para que a criança possa ter uma infância saudável
e um desenvolvimento pleno. Assim, Teixeira preconiza que (2008, p.15):
O dever de criar começa com a concepção, pois tem sua gênese no inicio da existência
da criança. A partir daí, dura enquanto obrigação jurídica, até que o filho alcance a maioridade.
A criação está diretamente ligada ao suprimento das necessidades biopsíquicas do menor, o
que a atrela à assistência, ou seja, à satisfação das necessidades básicas, tais como, cuidados
na enfermidade, orientação moral, o apoio psicológico, as manifestações de afeto, o vestir, o
abrigar, o alimentar, o acompanhar física e espiritualmente.
A criança tem o direito a um desenvolvimento que vai além do suprimento alimentar,
os pais têm por obrigação orientá-la, discipliná-la, educá-la, contribuir para que a criança
construa uma identidade empática com a coletividade e acima de tudo, amá-la
incondicionalmente. Comel enfatiza que (2003, p. 111):
A função de ter os filhos em sua companhia deve ser entendida como
forma de estabelecer com eles relação de tal proximidade que gere
uma verdadeira comunidade de vida e interesses, em que haja
constante troca de experiência, sentimento e informações. Não fosse
assim, não teria sentido algum a convivência dos filhos com os pais,
posto que não é função com fim em si mesmo, senão que se constitui
em meio para alcançar o objetivo maior de assistir criar e educar o
filho, que exige estreito relacionamento para possibilitar troca de
afetos, sentimento, ideias, experiências e promover o
desenvolvimento pleno e sadio do filho.

Caso essas premissas sejam rompidas, podemos mencionar a importância da


Constituição Federal de 1988, enquanto principal normatizadora e garantidora dos direitos
relacionados à família - a criança e o adolescente –, em todas as suas nuances. Assim, Teixeira
(2008, p.15) menciona que:
Com o advento da Constituição Federal de 1988, a criança e o
adolescente ganharam proteção especial, por serem pessoas em
desenvolvimento. O ordenamento jurídico deles cuidou de forma
acurada, por estar em fase de construção da sua personalidade e
dignidade. Houve um investimento normativo na infância e na
juventude, cancelado pelas diretrizes principiológicas contidas no
bojo do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei n. 8.069/90.

A não compreensão da importância do desenvolvimento pleno da criança e do


adolescente, por parte de seus genitores é uma das principais causadoras de traumas e
conflitos no intimo da família, visto que o descomprometimento com a criação dos filhos é
causado por uma série de fatores determinantes, tais como: alcoolismo, ou outro vício, a
pobreza, a violência, o desemprego, dentre outros causadores.
A Destituição do Poder Familiar acontece por sua vez, aparece no contexto familiar
quando a criança e/ou o adolescente é/são negligenciado/os por seus genitores. Cabe salientar
que dentre os fatores supracitados a pobreza não é tida como um determinante para que essa
destituição aconteça, mas de modo multidimensional pode ser vista como uma grande
contribuinte para que se torne possível a aplicação da mesma.
O universo simbólico dos pobres reflete e devolve a imagem da sociedade onde vivem.
Não se trata, assim, de um universo especifico dos pobres, mas dos elementos socialmente
dados que são por eles mobilizados e articulados para viverem e atribuírem um sentido à vida,
num mundo onde precisamente se localizam como pobres. (SARTI, 2010. P 141).
A pobreza traz em seu bojo simbólico, um conjunto de elementos que colaboram para
que os indivíduos sofram por viverem em um processo sequencial de alienação, humilhação e
subordinação, causando assim um ciclo de violência e/ou reprodução das mais variadas formas
de exploração. Grisotti (2010, p. 212) aponta que:

A pobreza pode ser estudada como um fenômeno que advem de


condições que afetam os indivíduos, como a sua inserção na
estrutura produtiva, ou pode ser estudada como manifestação de
carências individuais. Esta última, por ter sua preocupação
excessivamente focada no indivíduo e nas suas características, perde
de vista a possibilidade de compreender o fenômeno em toda sua
magnitude.

Assim, na existência de um caso onde um dos genitores ou ambos cometam alguma


negligência e ou abuso de poder contra seus filhos, que venham a ocorrer em um ambiente
familiar no qual a pobreza se faz presente, e, esta por sua vez, pode se manifestar através do
alcoolismo - por exemplo-, no qual um destes, ou ambos não conseguem dinheiro para manter
o vício e a família concomitantemente, acaba por ocasionar conflitos, e por consequência o
rompimento dos direitos da/o criança/adolescente.
É um quadro social que se revela no crescente empobrecimento das famílias
brasileiras, que cada vez mais, são submetidas a condições de vida e de trabalho
extremamente precárias. É nesse cenário, em que se conjugam a falta de empregos, trabalho
precário, deterioração das condições e relações de trabalho, que os trabalhadores e suas
famílias enfrentam o seu cotidiano, permeado, muitas vezes, de situações em que predomina
a violência no seu modo de vida. (ALENCAR, 2009, p.76).
Tal comportamento no universo da pobreza comporta as varias expressões da questão
social, no qual se faz necessária a intervenção do Estado, no investimento de Políticas Públicas,
em todas as suas esferas e setores, no qual não pode-se pensar na pobreza, apenas como
ausência de dinheiro, mas sobretudo como um conjunto articulado de ausência de acessos.
A existência dessa falta de acesso – a informação, educação, alimentação, lazer,
saneamento básico, dentre outros –, gera na família um sentimento de indiferença, causando
em seus membros uma desvalorização conjunta, que, por sua vez, banaliza os direitos das
crianças e dos adolescentes que residem nesse cenário.
No entanto, frente a este cenário, existem profissionais comprometidos com os
direitos inerentes à criança e aos adolescentes, no qual o assistente social se faz presente, nos
mais variados espaços de acesso a seus direitos. Cujo Art. 3º do Eca (1990) preconiza que:

[...] a criança e o adolescente gozam de todos direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que
trata esta lei, assegurando-se, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e
de dignidade.

Em caso, onde os vínculos já foram rompidos, o profissional de serviço social vai voltar
sua atenção aos direitos da criança e do adolescente, com vista nas possibilidades predispostas
pela realidade que os envolve. O assistente social atua de orientações e acompanhamentos
sistematizados quando solicitados pelo órgão competente.

Conclusão

Como foi corroborado, o Poder Familiar é um conjunto de direitos e deveres colocados


ao alcance dos pais, para que esses exerçam as suas prerrogativas procurando contribuir no
desenvolvimento, formação e criação de seus filhos, até que esses alcancem a maioridade.
A justificativa para o então Poder Familiar é que uma criança/adolescente não tenha
condições de se desenvolver e crescer sem um subsídio que lhe ajude em seu processo de
formação e para tanto se faz necessária a presença de seus genitores, afim, de lhe conduzir
rumo a uma vida plena de direitos.
Em meio às transformações sociais, cuja pobreza não é vista como fator determinante
para que a destituição do poder familiar aconteça é preciso que haja um descortinamento da
realidade vivenciada por famílias que vivam às margens da pobreza, já que a mesma comporta
em sua essência um aglomerado de expressões capazes ocasionarem um processo de
separação entre seus membros.

Tanto o direito quanto o serviço social procuram resguardar os direitos inerentes à


criança e ao adolescente que venha a passar por um processo de desvinculação familiar com
um, ou com seus dois genitores. A atuação desses dois profissionais tem um ponto em comum
e pode diversas vezes, acontecer conjuntamente, na efetivação dos direitos dos filhos e,
sobretudo na proteção dos mesmos, para que o desenvolvimento possa acontecer de forma
plena sem restrições.
REFERÊNCIAS
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