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HYGEIA, ISSN: 1980-1726

Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde - http://www.seer.ufu.br/index.php/hygeia

CONDICIONANTES SOCIOAMBIENTAIS DO MODELO (RE)PRODUTIVO DA


1
ESQUISTOSSOMOSE NA REGIÃO ENDÊMICA DO MUNICÍPIO DE ARACAJU/SE

SOCIO-ENVIRONMENTAL CONDITIONERS OF THE MODEL (RE) PRODUCTION OF


ESCHISTOSOMOSIS IN THE ENDEMIC REGION OF THE MUNICIPALITY OF ARACAJU/SE

Márcia Eliane Silva Carvalho


Universidade Federal de Sergipe
marciacarvalho_ufs@yahoo.com.br

Francisco de Assis Mendonça


Departamento de Geografia
Universidade Federal do Paraná
chico@ufpr.br

RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar a distribuição espacial da esquistossomose no
município de Aracaju (SE) no período de 2005 a 2014, buscando identificar o modelo
(re)produtivo da doença a partir dos condicionantes socioambientais e espaciais. Trata-se
de estudo ecológico descritivo, baseado na pesquisa bibliográfica e documental. Neste
período, foram registrados 8.662 casos da endemia no município. A Subzona Periférica Sul,
que abrange os bairros Santa Maria, São Conrado e Zona de Expansão, apresentou a
maior incidência de esquistossomose, sendo que os dois primeiros bairros apresentam a
mais baixa renda média da cidade e precariedade no sistema de saneamento básico, com
focos de ocorrência da Biomphalaria glabrata. Ainda contribuem para a (re)produção da
esquistossomose: elevado índice de casos não tratados (55%); pouco efetivo técnico para a
busca ativa; ausência de ações permanentes em educação em saúde; ausência de ações
intersetoriais visando elevar a qualidade ambiental e de vida sobretudo na periferia da
cidade.
Palavras chave: Esquistossomose. Condicionantes Socioambientais. Ambiente Urbano.

ABSTRACT
This article aims to analyze the spatial distribution of schistosomiasis in the city of Aracaju
(SE) from 2005 to 2014, in order to identify the (re) productive model of the disease from the
socioenvironmental and spatial conditions. This is a descriptive ecological study, based on
bibliographical and documentary research. During this period, 8,662 cases of endemic
disease were recorded in the municipality. The South Peripheral Subarea, which covers the
Santa Maria, São Conrado and Expansion Zone districts, presented the highest incidence of
schistosomiasis, with the first two districts having the lowest average income in the city and
precariousness in the basic sanitation system, with outbreaks occurrence of Biomphalaria
glabrata. They also contribute to the (re) production of schistosomiasis: a high rate of
untreated cases (55%); little effective technical for active search; absence of permanent
actions in health education; absence of intersectoral actions aimed at raising environmental
and living quality, especially on the outskirts of the city.
Keywords: Schistosomiasis. Socioenvironmental Conditioners. Urban environment.

INTRODUÇÃO
A esquistossomose mansoni continua sendo um grande problema de saúde pública. É endêmica em
76 países e estima-se que 200 milhões de pessoas estejam infectadas, 400 milhões corram risco de
se contaminar e 200 mil morram por ano. É a segunda parasitose humana mais disseminada no
mundo de acordo com a OMS (2010).

Recebido em: 29/01/20167


Aceito para publicação em: 04/05/2017
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esquistossomose na região endêmica do município de Aracaju/SE Francisco de Assis Mendonça

É considerada como uma enfermidade infecciosa negligenciada relacionada à precariedade de


saneamento básico e a presença de caramujos hospedeiros intermediários, prevalente em
populações em situação de pobreza, que juntamente com outras doenças parasitárias, historicamente
são negligenciadas tanto pelas políticas públicas quanto pela pesquisa científica em termos de novos
fármacos e/ou alternativas terapêuticas e de prevenção (OMS, 2010; SOUZA, 2010).
A esquistossomose mansoni foi descrita em 1852 por Teodore Bilharz, no Cairo e em sua
homenagem, a doença é conhecida, em alguns países, por bilharziose (BRASIL, 2008). Especula-se
que a doença chegou ao Brasil com os escravos africanos. Entretanto, somente em 1907 o
Schistosoma mansoni veio a ser descrito, na Bahia, por Manuel Augusto Pirajá da Silva (CARVALHO,
et.al., 2008).
Esta doença é causada pelo Schistosoma mansoni, um helminto pertencente à classe dos
Trematoda, família Schistosomatidae, gênero Schistosoma. No ciclo da doença estão envolvidos dois
hospedeiros: um definitivo e outro intermediário. O principal hospedeiro definitivo é o homem e nele o
parasito ao se reproduzir elimina ovos que ao serem liberados no ambiente por meio das fezes em
locais inadequados, contamina os recursos hídricos naturais, a exemplo de córregos, riachos e
lagoas, bem como canais de irrigação, açudes, dentre outros meios hídricos artificiais tanto nas zonas
rurais quanto urbanas.
A sobrevivência deste helminto depende da presença do hospedeiro intermediário no ambiente que no
Brasil são as espécies de caramujo Biomphalaria glabrata, B. straminea, B. tenagophila (BRASIL, 2008).
Estabelecida inicialmente no litoral, expandiu-se amplamente pelo Brasil, dada as condições climática
favoráveis ao estabelecimento e reprodução do hospedeiro intermediário, bem como pela
precariedade nas condições de saneamento que persistem até a atualidade (Figura 01).

Figura 01 – Área endêmica para a esquistossomose no Brasil e área de expansão após 1920.
Fonte: BRASIL, 2014.

Em virtude do processo de urbanização e da mobilidade inter e intraurbana, a doença abrange no


país 19 estados (BRASIL, 2008). Com a adaptação da doença aos meios urbanos e periurbanos, as
valas e pequenos córregos das cidades, são novos locus de transmissão.

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O ciclo de vida do Schistosoma é bastante descrito na literatura enfatizando o aspecto


biológico/ecológico da transmissão, sendo que os condicionantes socioambientais nem sempre estão
devidamente expressos.
O período de incubação da doença é de 2 a 6 semanas após a infecção. Em geral depois de cinco
semanas o doente começa a excretar ovos viáveis nas fezes, permanecendo assim durante muitos
anos. O quadro sintomático depende do número de ovos e órgãos onde estão localizados e pode ser
assintomático no período inicial da doença. É considerada uma doença negligenciada da pobreza de
acordo com a OMS (2010) que afeta tanto o desenvolvimento cognitivo quanto a capacidade
produtiva do indivíduo infectado.
A principal complicação da esquistossomose é a hipertensão portal nos casos avançados que se
caracteriza por hemorragia, edema e insuficiência hepática severa, casos que, apesar do tratamento,
quase sempre evoluem para óbito.
Foram confirmados 2.297.352 casos de esquistossomose entre 1995 e 2011 (BRASIL, 2012). A
média de óbitos encontra-se em um patamar quase estável entre 400 a 600 óbitos anuais entre 1998
e 2014, o que sugere que as ações de combate, prevenção e tratamento da esquistossomose
necessitam ser reavaliadas e ampliadas para redução destes números (BRASIL, 2014).
Tomando como ano-base 2011, o Brasil apresentou 64.811 casos da doença, dos quais 57,5%
localizados no Nordeste, considerado altamente endêmico; 41,6 % no Sudeste; 0,7% no Norte; 0,09%
no Centro-Oeste e 0,07% na região Sul. No referido ano, dentre os estados nordestinos, Alagoas
apresentou o maior número de casos confirmados em 2011 (12.903), seguido pelo estado de
Sergipe, que registrou 8.977 casos no mesmo ano (BRASIL, 2012).
De acordo com Rollemberg et.al. (2008), a média da prevalência de esquistossomose em Sergipe no
período de 1980 a 1989 foi de 17,3%, segunda maior do Brasil. Considerando-se o período de 1990 a
2002, a média no estado foi de 17,7%, acima da média nacional de 9,2% para o referido período. Na
capital sergipana, Aracaju, nos inquéritos realizados de 1999 a 2006 pela Secretaria Municipal de
Saúde (SMS), o Bairro Santa Maria foi considerado o de mais alta endemicidade, havendo lacunas no
que tange a dados nos demais bairros aracajuanos.
Diante deste cenário, este artigo tem como objetivo analisar a distribuição têmporo-espacial da
esquistossomose no município de Aracaju (SE) por um período de dez anos (2005 a 2014), buscando
identificar o modelo (re)produtivo da doença a partir dos condicionantes socioambientais no referido
recorte espacial.

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
Esta pesquisa está alicerçada em dois campos do conhecimento: Geografia da Saúde e
Epidemiologia. Ambas contribuíram para o entendimento da multicausalidade da ocorrência das
doenças no contexto socioambiental, tendo sido definida como um estudo ecológico descritivo, com
uso da pesquisa bibliográfica e documental a partir de dados secundários.
Assim, para atingir os objetivos propostos foi realizado um levantamento epistêmico sobre a temática
e em seguida o levantamento de dados secundários baseados nos Indicadores de
Morbidade/DATASUS, no Sistema de Informação de Agravos de Notificação/SINAN, no Programa de
Controle da Esquistossomose/PCE/SES e nos dados dos inquéritos coproscópicos realizados pelo
Centro de Controle de Zoonoses do estado de Sergipe, associados com pesquisas de campo.
Para geração do banco de dados e posterior construção de tabelas e gráficos foi utilizado o programa
Excel/Windows/07. Para elaboração dos mapas foi utilizada base de dados da Superintendência de
Recursos Hídricos (SRH, 2013) e da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA, 2010) e o ArcGis 10.1
como software, buscando identificar padrões espaciais de localização da prevalência da morbidade.
Para o cálculo da taxa de incidência foi utilizada a seguinte fórmula:
n
CI = número de casos novos x 10 / população por bairro, onde n equivale ao tamanho da amostra da
população. Foi considerado n = 5, para expressar o resultado por 100.000 habitantes.
Para calcular a correlação entre fatores ambientais e a ocorrência da esquistossomose foi utilizado o
processamento estatístico descritivo e probabilístico, usando-se o Coeficiente de Correlação de

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Pearson, cujos dados de precipitação foram considerados como a variável independente e os casos
de esquistossomose como variáveis dependentes. Para análise dos resultados foi considerada a
classificação de Dancey e Reidy (2006): 0 a 0.30 (positivo ou negativo) indica fraca correlação; 0.40 a
0.6 (positivo ou negativo), correlação moderada; 0.70 a 1 (positiva ou negativa) indica forte correlação
A construção do modelo (re)produtivo da doença baseou-se nas considerações de Montoya et.al.
(2011) e Moreira e Lobos (2011), associado com a análise dos condicionantes socioambientais do
recorte espacial em estudo e pesquisas de campo.
A referida pesquisa recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade Federal de Sergipe através da Plataforma Brasil, número CAAE 58211916.0.0000.5546,
de acordo com a Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde,
bem como aprovação pelo Centro de Educação Permanente em Saúde do município de Aracaju
(CEPS/SMS), conforme normas da Secretaria Municipal de Saúde.

ÁREA DE ESTUDO
Localizado na região litorânea do Nordeste Brasileiro, o município de Aracaju é a captial do estado de
Sergipe. Apresenta uma área total de 181,8km2 (Figura 02). Encontra-se dividida entre duas bacias
hidrográficas: Sergipe e Vaza Barris. Ao Norte, limita-se com o rio do Sal e ao Sul com o rio Vaza-
Barris; a Oeste, com os municípios de Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão, e a Leste com o
Rio Sergipe e o Oceano Atlântico. A população total estimada para 2016 é de 641.523 habitantes,
dividida desigualmente entre 40 bairros. A densidade demográfica de 3.528,7hab/km2, apresentando
o mais alto IDH do Estado (0,770), com índice de pobreza de 27,45% (IBGE, 2010).

Figura 02 – Área de estudo, município de Aracaju/SE/BR.

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O município de Aracaju é considerado como totalmente urbanizado, tendo apresentado nas últimas
décadas um rápido crescimento populacional, com aumento da ocupação de áreas periféricas e
expansão habitacional sobre os municípios vizinhos o que trouxe como consequências a formação de
assentamentos subnormais na periferia da cidade e degradação ambiental em função da ocupação
em áreas de preservação permanente.
O mais populoso bairro de Aracaju é o Farolândia com 38.257 habitantes. Em segundo lugar situa-se
o bairro Santa Maria com 33.475 habitantes, seguido pelo São Conrado, com 30.675, Zona de
Expansão, com 27.899 e em quinta posição o bairro Santos Dumont com 25.808 habitantes (Tabela
01). Vale destacar que os bairros Santa Maria, São Conrado e Santos Dumont são caracterizados
como os que apresentam menor renda por responsável por domicilio (IBGE, 2010).

Tabela 01 – Zonas e Bairros do município de Aracaju com respectiva população (2016).

Zona Bairro População Zona Bairro População


Lamarão 8.983 Farolândia 38.257
Soledade 9.484 Luzia 20.430
Porto Dantas 10.858 Coroa de Meio 18.871
Japãozinho 8.366 Grageru 17.413
Cidade Nova 21.220 Inácio Barbosa 13.887
Norte Bugio 17.773 Atalaia 11.799
Jardim Centenário 14.214 Suíça 11.051
Santos Dumont 25.808 Aeroporto 10.571
18 de Forte 22.251 Sul 13 de Julho 8.328
Palestina 4.340 Jardins 7.126
Santo Antônio 12.459 Pereira Lobo 5.942
Industrial 18.007 São José 5.587

Salgado Filho 3.992


São Conrado 30.675

Zona de Expansão 27.899


Santa Maria 33.475
17 de Março sem dados

Total 173.763 Total 265.303


Cont.

Olaria 17.188 Getúlio Vargas 6.587


Capucho 956 Centro Cirurgia 5.349
Jabotiana 17.157 Centro 7.572
Oeste Ponto Novo 22.762 Total 19.508
América 15.870
José Conrado de
12.983
Araújo
Novo Paraíso 11.134
Siqueira Campos 14.525
Total 112.575
Fonte: IBGE (2010). Organizado pelo autor.

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PERFIL DA ESQUISTOSSOMOSE NO MUNICÍPIO DE ARACAJU


No município de Aracaju, o Programa de Controle da Esquistossomose é realizado pelo Centro de
Controle de Zoonoses (CCZ). A atuação deste órgão baseia-se na busca ativa nos bairros da cidade,
buscando abranger toda a população na faixa etária de 1 aos 70 anos. As amostras recolhidas são
submetidas a exames parasitológicos no laboratório do próprio CCZ, utilizando os métodos Ritchie e
Kato-Katz. Os casos positivos são encaminhados para as Unidades Básicas de Saúde do respectivo
bairro. Posteriormente, o CCZ envia os dados para a Secretaria Municipal de Saúde que por sua vez
encaminha para a Secretaria Estadual de Saúde para alimentar o DATASUS (CCZ, 2016).
De acordo com os dados da Secretaria Estadual de Saúde (2016), entre os anos de 2005 a 2014, foi
registrado um total de 8.662 casos de esquistossomose no município em estudo. No computo geral, a
prevalência detectada entre os anos pesquisados é inferior a 5%, demonstrando que o município se
encontra dentro dos padrões determinados pelo Ministério da Saúde para o controle da doença,
embora a subnotificação e a abrangência limitada da busca ativa pelo CCZ sejam fatores que podem
influenciar neste resultado, mascarando a realidade.
Nos bairros da zona sul da cidade, há concentração significativa da esquistossomose. Esta área foi
denominada de Subzona Periférica Sul e abrange os bairros Santa Maria, São Conrado e Zona de
Expansão. Esta subzona, juntamente com as zonas norte, e oeste, apresentam o maior número de
casos da endemia no município (Figura 03). No entanto, este número deve ser maior do que o
registrado, visto que apenas são computados os casos diagnosticados via busca ativa pelo CCZ.

Figura 03 – Distribuição dos casos de esquistossomose por zonas no município de Aracaju


(2005-2014).

Fonte: PCE/SES (2016). Organizado pelo autor.

Os bairros Santa Maria e São Conrado concentram população de baixa renda (associado com todos
os problemas sociais e ambientais a ela relacionados) e nos quais há concentração de casos da
doença.
A Zona de Expansão caracteriza-se como área de crescimento urbano da capital apresentando um
perfil misto de ocupação tanto por grandes condomínios fechados de alto poder aquisitivo, quanto por
localidades com precárias condições de saneamento, anteriormente denominadas de povoados. Os
inquéritos realizados pelo CCZ nesta área, abrangem principalmente as localidades consideradas de
menor poder aquisitivo. Desta forma, a Zona de Expansão de Aracaju, para a referida pesquisa, foi
incluída na Zona Periférica Sul (Tabela 01).
O maior quantitativo de exames realizados (48.618) e de população trabalhada (78.928) neste
intervalo de 10 anos foi em 2010. O ano de 2006 apresentou uma maior abrangência da população,
visto que 72,3% dos coletores foram devolvidos. O ano de 2014 apresentou o menor número de
exames realizados (9.333) e o maior de amostras não recolhidas (7.085) (Tabela 02).

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Tabela 02 – Exames realizados, amostras não recolhidas, população trabalhada e total de casos
positivos para esquistossomose no município de Aracaju (2005-2014).
Exames realizados Amostras não População Total de
Ano recolhidas trabalhada casos
Total % Total % positivos
2005 15.720 69,9 6.783 30,1 22.503 825
2006 33.739 72,3 12.951 27,7 46.690 1.160
2007 27.727 68,8 12.600 31,2 40.327 808
2008 12.346 66,9 6.126 33,1 18.472 381
2009 22.224 63,2 12.919 36,8 35.143 832
2010 48.618 61,6 30.310 38,4 78.928 2.289
2011 14.843 61,5 9.299 38,5 24.142 840
2012 22.617 57,8 16.496 42,2 39.113 666
2013 20.371 57,2 15.250 42,8 35.621 625
2014 9.333 56,9 7.085 43,1 16.418 236
TOTAL 227.538 - 129.819 - 357.357 8.662
Fonte: PCE/SES (2016). Organizado pelo autor.

Consequentemente, em termos totais, o número de casos foi mais expressivo nos anos de 2010 e
2006, demonstrando que a medida que se amplia a busca ativa, aumenta a chance de se encontrar
casos positivos da doença.
Constata-se uma média de 63,6% dos coletores são devolvidos vazios o que pode ser um indicativo
que os resultados podem estar subestimados. Este percentual indica também que as ações
educativas para a importância da realização do exame de fezes necessitam ser revistas e ampliadas
no sentido de fortalecer as ações de educação em saúde.
Outro fator que influencia nos resultados é o total da população trabalhada. Foram necessários dez
anos para que fosse trabalhado um total de 357.357 pessoas. Considerando que em 2010 o total de
habitantes de Aracaju foi de 571.149 habitantes, constata-se uma lacuna na efetividade do programa
para atender a capital sergipana.
No computo geral foram pesquisados 30 bairros ao longo destes dez anos, havendo concentração de
esforços em dois ou três bairros por ano. O ano de 2010 abrangeu o maior número de bairros (vinte e
seis) e o ano de 2008 o menor número de áreas pesquisadas (cinco) (Figura 04). De acordo com o
CCZ (2016), a realização dos exames de coproscopia buscou abranger as áreas mais periféricas e
carentes da cidade, muito embora não tenha atingido a média de 80% da população de cada bairro,
conforme preconiza as normas do Ministério da Saúde (BRASIL, 2014).

Figura 04 – Total de bairros cobertos, por ano, nos inquéritos de coproscopia realizados pelo Centro
de Controle de Zoonoses no município de Aracaju (2005-2014).

Fonte: PCE/SES (2016). Organizado pelo autor.

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De acordo com as planilhas do PCE/CCZ (2005-2014), os inquéritos não são realizados a cada dois
anos nos bairros da cidade, conforme prevê as Normas da Vigilância para a Esquistossomose
(BRASIL, 2014), nem mesmo naqueles nos quais são considerados como foco da doença, em função
do número limitado de agentes de endemias, que não atende às demandas locais. Este fato leva a
reflexão da necessidade de rever as políticas públicas de saúde em âmbito local no que tange a
importância da esquistossomose no contexto sergipano e brasileiro.
Assim, a realização dos inquéritos pelo CCZ tem abrangido efetivamente, em média, três bairros por
ano, com baixa cobertura (entre 5 a 67% da população) deixando a população vulnerável no que se
refere ao diagnóstico e tratamento da esquistossomose, comprometendo o sucesso das ações de
controle (Tabela 03, figura 05).

Tabela 03 – Cobertura da busca ativa nos bairros do município de Aracaju (2005-2014).


Organizado pelo autor.

Bairros (2005)* Total de exames % sobre o total População % de


realizados (2005) de exames/ano (2010) cobertura
Jardim Centenário 2719 17 14 214 19
Santos Dumont 8628 55 25 808 33,4
Total 11347 72 40022 28,4
Bairros (2006) * Total de exames % sobre o total População % de
realizados (2006) de exames/ano (2010) cobertura
Santa Maria 15574 46 33 475 46,5
São Conrado 6213 18 30 675 20,25
Total 21787 64 64150 40,0
Bairros (2007) * Total de exames % sobre o total População % de
realizados (2007) de exames/ano (2010) cobertura
Zona de Expansão 6315 23 27899 22,6
Industrial 7981 29 18 007 44,3
Santo Antônio 4558 16 12 459 36,6
Total 18854 68 27899 67,6
Bairros (2008) * Total de exames % sobre o total População % de
realizados (2008) de exames/ano (2010) cobertura
Cidade Nova 6062 49 21 220 28,5
Porto Dantas 1524 12 10 858 14,0
Santos Dumont 1381 11 25 808 5,3
Total 8967 72 57886 15,5
Bairros (2009) * Total de exames % sobre o total População % de
realizados (2009) de exames/ano (2010) cobertura
Olaria 6626 30 17 188 38,5
18 do Forte 6147 28 22 251 27,6
Jardim Centenário 4311 18 14 214 30,3
Total 17084 76 53653 31,8
Bairros (2010) * Total de exames % sobre o total População % de
realizados (2010) de exames/ano (2010) cobertura
Santa Maria 6729 13,8 33 475 20,0
Jabutiana 6670 13,7 17 157 39,0
Inácio Barbosa 5107 10,5 13 887 36,7
São Conrado 8340 17 30 675 27,0
Novo Paraíso 5610 11 11 134 50,4
José Conrado de 7067 14 12 983 54,5
Araújo
Total 39523 80 119311 33,1
Cont. Total de exames % sobre o total População % de
Bairros (2011) * realizados (2011) de exames/ano (2010) cobertura
Zona de Expansão 4332 29 27899 15,5

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esquistossomose na região endêmica do município de Aracaju/SE Francisco de Assis Mendonça

Santa Maria 7068 48 33475 21,1


Total 11400 77 61374 18,6
Bairros (2012) * Total de exames % sobre o total População % de
realizados (2012) de exames/ano (2010) cobertura
Cidade Nova 10709 47 21 220 50,5
Porto Dantas 4781 21 10 858 44,0
Industrial 3602 16 18 007 20,0
Total 19092 84 50085 38,1
Bairros (2013) * Total de exames % sobre o total População % de
realizados (2013) de exames/ano (2010) cobertura
Bugio 7075 35 17 773 39,8
Lamarão 3331 16,5 8 983 37,0
Santos Dumont 4327 21 25 808 16,7
Soledade 3224 16 9 484 34,0
Total 17957 88,5 62048 30,0
Bairros (2014) * Total de exames % sobre o total População % de
realizados (2014) de exames/ano (2010) cobertura
Santa Maria 2964 32 33475 8,9
Porto Dantas 1614 17 10 858 14,9
Jardim Centenário 3668 40 14 214 25,8
Total 8246 89 58547 14,0
*Em virtude da população total por bairro, foram registrados nesta tabela os bairros nos quais foram realizados mais de 1.500
exames no referido ano.

Figura 05 - Abrangência da realização dos exames de coproscopia para diagnostico da


esquistossomose do município de Aracaju/SE (2005-2014).

Fonte: PCE/SES/SE

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esquistossomose na região endêmica do município de Aracaju/SE Francisco de Assis Mendonça

Analisando os dados da referida tabela, constata-se que é baixa a cobertura por busca ativa por
bairros, abaixo da média de 80%, conforme Normas de Vigilância para a Esquistossomose (BRASIL,
2014). Apenas dois bairros em 2010 e um bairro em 2011 atingiram a média de 50% de cobertura,
fato este agravante para o sucesso do controle e monitoramento desta enfermidade.
Analisando especificamente a realidade de cada bairro, constata-se que a frequência no
monitoramento da capital sergipana também é variável bem como a não ampliação da cobertura nos
bairros com maior número de casos e ou maior incidência.
Esta desigualdade no número de exames realizados por ano e o baixo percentual de cobertura da
população em risco não é uma realidade apenas de Aracaju. Farias et. al. (2011) ao avaliar a
efetividade do Programa de Controle de Esquistossomose na Bahia, constatou variações abruptas no
total de exames entre os anos de 1999 e 2002, sendo que no computo geral, a cobertura alcançou
somente 10% da população residente nas áreas endêmicas.
O maior número de casos ocorre nos bairros da zona norte da capital (Tabela 04). Mas ao fazer a
análise da incidência da doença na população, considerando o número de casos por
100.000habitantes, constata-se uma concentração superior na Subzona Periférica Sul, seguido pela
zona norte e oeste (Figura 06). Tal realidade deve ser um indicativo da necessidade de concentrar
ações nas referidas áreas, bem como admitir que apenas o tratamento não está sendo suficiente para
controlar a doença. Além das pessoas contaminadas, as referidas localidades tornam-se áreas de
risco para os demais membros da comunidade.

Tabela 04 – Total de casos

Zona Bairro Casos Zona Bairro Casos


Lamarão 178 Farolândia 116
Soledade 236 Luzia 1
Porto Dantas 344 Coroa de Meio 231
Japãozinho - Grageru 1
Cidade Nova 396 Inácio Barbosa 227
Bugio 349 Atalaia 170
Jardim Centenário 471 Suíça 2
Santos Dumont 507 Aeroporto 334
18 de Forte 265 13 de Julho -
Palestina 15 Jardins -
Santo Antônio 131 Pereira Lobo -
Industrial 256 São José -
Total 3.148 Salgado Filho -
Norte Sul Total 1.082
Olaria 266 São Conrado 459
Capucho 35 Zona de Expansão 476
Jabotiana 310 Santa Maria 1675
Subzona
Ponto Novo 10 17 de Março -
Periférica
América 268 Sul* Total 2.610
José Conrado de Araújo 303 Getúlio Vargas -
Novo Paraíso 286 Cirurgia 1
5
Siqueira Campos Centro -

Oeste Total 1.483 Centro Total 1


Fonte: PCE/SES (2016), IBGE (2010). Organizado pelo autor.

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esquistossomose na região endêmica do município de Aracaju/SE Francisco de Assis Mendonça

Figura 06 – Número de casos de incidência da Esquistossomose, conforme as zonas de incidência no


município de Aracaju (2005-2014).

Fonte: PCE/SES (2016), IBGE (2010)

Isto nos remete a reflexão sobre o fato de que “...onde os problemas de saúde das populações
atingem grande visibilidade, seja desenvolvido um olhar que permita instrumentalizar o entendimento
dos problemas de saúde e promover as soluções possíveis” (MONKEN e BARCELLOS, 2007, p.177).
Para tal, urge a integração entre o componente social e ambiental do recorte espacial em estudo.
Os dados revelam que o bairro com a maior incidência e também com o maior número de casos e de
problemas ambientais é o Santa Maria, que apresentou busca ativa pelo CCZ em 2006, 2010 e 2014
(Tabela 06), mas com baixa cobertura como citado anteriormente. Outros bairros com o mesmo
quantitativo de monitoramento foram o Porto Dantas, Jardim Centenário e Santos Dumont. Nos
demais a frequência de monitoramento nos dez anos pesquisados variou de uma a duas vezes.
Somente no bairro Santa Maria, são 33.475 habitantes. Além deste fato, constata-se precariedade s
de saneamento e baixa renda (IBGE, 2010). A renda média do responsável encontra-se na faixa de
até R$ 700,00, sendo a mais baixa de toda a cidade. Este bairro também é considerado, ao lado dos
bairros Santos Dumont e Olaria, como um dos mais violentos de Aracaju (SERGIPE, 2014), com
elevados índices de furtos, roubos e homicídios, o que deixa a equipe de saúde vulnerável.
Em estudo realizado por Fonseca et.al. (2010), o bairro Santa Maria foi classificado com o menor
índice de qualidade socioambiental. Em uma escala de um a cinco obteve a pontuação mínima em
termos de saneamento (com vias não asfaltadas, lixo nas ruas e esgoto a céu aberto), qualidade
precária das áreas de lazer e vias de circulação. Este cenário não modificado no corrente ano,
conforme observação feita durante a realização das pesquisas de campo.

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Tabela 06 – Total de casos e Incidência da Esquistossomose por zonas da capital sergipana


(2005-2014).
Bairros N. total de casos Incidência
Santa Maria 1675 5003
Santos Dumont 507 1964
Zona de Expansão 476 1706
Jardim Centenário 471 3313
Cidade Nova 396 1866
Bugio 349 1963
Porto Dantas 344 3168
Aeroporto 334 3159
Jabotiana 310 1806

Cont. José C. de Araújo 303 2333


Novo Paraíso 286 2568
Fonte: PCE/SES (2016), IBGE (2010)
Organizado pelo autor.

Diante deste panorama geral da frequência e incidência da esquistossomose em Aracaju, faz-se


importante analisar os condicionantes socioambientais de prevalência da doença no cenário
aracajuano.

CONDICIONANTES SOCIOAMBIENTAIS DA PREVALÊNCIA DA ESQUISTOSSOMOSE NO


MUNICÍPIO DE ARACAJU/SE: ELEMENTOS PARA O MODELO (RE)PRODUTIVO DA DOENÇA
Considerando a esquistossomose como uma doença de transmissão hídrica, nos períodos chuvosos
pode ocorrer aumento na contaminação das pessoas da comunidade na medida em que variações
pluviométricas associadas a ausência de saneamento básico adequado criam um cenário de risco
para a transmissão da endemia.
No entanto, pelos dados secundários analisados constata-se que não é possível fazer esta
correlação. Aplicando o método de correlação de Pearson, o valor obtido encontra-se em torno de
0,40, indicando que não há correlação significativa entre o número de casos totais e a variação
pluviométrica (Figura 07). Infere-se que o número de casos apresenta outros condicionantes para sua
prevalência, como a subnotificação e condicionantes socioeconômicos de reprodução da endemia em
regiões pauperizadas.
Por outro lado, a pluviosidade exerce influência sobre a ecologia do B. glabrata, hospedeiro
intermediário do S. mansoni prevalente no município de Aracaju, sendo, portanto, um elemento que
deve ser considerado como importante na análise do modelo (re)produtivo da esquistossomose.
A relação entre a precipitação e o aumento da atividade e da taxa reprodutiva do B. glabrata, é
amplamente citada na literatura especializada (CARVALHO, et.al., 2008). Em Aracaju, o período
chuvoso concentra-se entre os meses de março a julho/agosto, com destaque da concentração da
precipitação no mês de maio.
Carvalho et.al. (2016) ao analisar a distribuição temporal do B. glabrata entre os anos de 2005 e
2011, identificou que o pico de exemplares capturados foi nos meses de junho e julho. No total dos
11.971 caramujos coletados, 88% concentraram-se nos meses pós início das chuvas (maio a
setembro), sendo que 50% dos exemplares coletados ocorreram em apenas dois meses, junho e
julho, demonstrando que alterações climáticas exercem influência sobre a taxa reprodutiva e
consequente potencial de eliminação de cercárias colocando em risco a comunidade (Figura 08).

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Figura 07 – Total de casos registrados e não tratados de Esquistossomose e Precipitação


Pluviométrica anual no município de Aracaju/SE/BR (2005-2014).

Fonte: PCE/SES (2005-2015); INMET - Estação: Aracaju - SE (OMM: 83096). Organizado pelo autor.

Figura 08 – Precipitação total no município de Aracaju/SE e total de exemplares de B. glabrata


coletadas por mês de 2005 a 2011.

Fonte: INMET (2016), PCE/DATASUS (2016). Organizado pelo autor.

Outro fator importante de grande destaque é o número de ausência ao tratamento (4783), superando
o número de pessoas tratadas (3786) (Tabela 07). Este fator, além de ampliar a morbidade do
indivíduo, torna-se um risco para a comunidade, pois com condições adequadas, o portador da
esquistossomose é potencial disseminador da doença.
O número reduzido de casos diagnosticados em 2014 não significa que ocorreu queda na
transmissão, mas sim que o monitoramento foi reduzido, dado este que pode ser constatado a partir
do número de exames realizados neste ano que foi o menor no período em estudo.
Esta realidade se repete em outros estados nordestinos. Farias et.al. (2011) em estudo realizado na
Bahia detectaram percentual elevado de ausentes no tratamento e associou este fato a deficiências
no planejamento das ações em termos da busca pelo paciente para administrar a medicação e
dificuldades de acesso do paciente aos serviços de atenção básica.
Como na atualidade os agentes de endemias não podem administrar a medicação, faz-se necessário
uma revisão do planejamento integrado entre o CCZ e as unidades básicas de saúde, visto que o
paciente com o resultado positivo é que deve ir até o posto mais próximo para receber a medicação.
Nestes termos, as ações integradas de educação em saúde ganham grande peso para incentivar a
procura pelo tratamento. Ao mesmo tempo, este procedimento requer que o sistema de atenção

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esquistossomose na região endêmica do município de Aracaju/SE Francisco de Assis Mendonça

básica dos bairros esteja com capacidade técnica e humana qualificada para receber mais esta
demanda.

Tabela 07 – Indicadores de monitoramento da esquistossomose no município de Aracaju


(2005-2014).
Indicadores 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Total
15.72 33.73 27.72 12.34 22.22 48.61 14.84 22.61 20.37 227.53
Exames 0 9 7 6 4 8 3 7 1 9.333 8
Pop. 22.50 46.69 40.32 18.47 35.14 78.92 24.14 39.11 35.62 16.41 357.35
trabalhada 3 0 7 2 3 8 2 3 1 8 7
Positividade
(%) 5,2 3,4 2,9 3 3,7 4,9 5,6 3 3 2,5 3,72
A tratar 825 1160 808 381 832 2.289 840 666 625 236 8662
Tratados 443 676 687 65 275 943 246 199 161 91 3786
Ausência 382 473 94 316 556 1.299 593 465 460 145 4783
1-4 ovos 759 880 636 323 689 1.584 604 467 471 166 6579
5 a 16 ovos 52 250 147 50 117 541 187 128 100 57 1629
= ou >17
ovos 14 30 25 8 26 164 49 71 54 13 454
Fonte: PCE/SES(2016).

Um outro aspecto que compromete a efetividade no tratamento é a falta de exames pós-tratamento


para controle de cura. Rollemberg et.al. (2008) alertaram sobre esta questão e, no entanto, o quadro
continua o mesmo, em virtude da necessidade de mudanças nas políticas públicas que possibilitem
que o CCZ e/ou as Unidades Básicas de Saúde tenham condições de ampliar o atendimento com
qualidade e inserir ações em educação em saúde na sua rotina.

Exames posteriores ao tratamento, apesar de preconizados pelo Ministério da


Saúde (MS), não foram incorporados à rotina do programa, provavelmente devido à
grande demanda de casos. Assim, na falta do controle de cura, caso a pessoa não
seja curada, existe a possibilidade de cronificação da doença, permanecendo seu
portador como potencial infectante. Além disso, casos em que as pessoas venham a
ser tratadas sucessivamente com o mesmo medicamento, podem com o passar dos
anos, influenciar na eficácia do mesmo pela seleção de populações de parasitos
resistentes à droga (ROLLEMBERG, et.al. 2008, p. 65).

Vale destacar que em 2016 apenas cinco agentes de endemias totalizava o corpo efetivo para o
controle da esquistossomose numa população de quase 600mil habitantes (CCZ, 2016). Este
quantitativo demonstra a incapacidade de pessoal para fazer ampla cobertura dos bairros para além
do diagnosticado. Este é o reflexo das políticas públicas voltadas para a saúde coletiva no país e que
apresenta seus piores resultados associados às doenças negligenciadas da pobreza. Para Tibiriçá
et.al. (2011, p. 1377),

O reforço da rede de serviços de vigilância epidemiológica é elo fundamental para


garantir condições de enfrentamento da reemergência não são da esquistossomose,
mas de várias doenças infecto parasitárias.... A falta de uma política de recursos
humanos não contempla a implementação de técnicos de carreira. Muitos
profissionais são transferidos dos mais variados setores e realocados segundo as
flutuações governamentais... A vigilância epidemiologia é ação do poder público e
deve ser sustenta pela consistência dos recursos humanos adequado apara as
demandas coletivas.

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Sobre o total da carga parasitária apenas os anos de 2005 e 2011 apresentaram um percentual um
pouco além dos 5% preconizados pelo Ministério da Saúde. No entanto, observando que a baixa
cobertura, em função das limitações técnicas e de pessoal do CCZ de Aracaju, pode-se duvidar de
que a doença esteja sob controle nesta localidade. Ao mesmo tempo, pelo exposto, observa-se que
bairros específicos convivem com precárias condições de saneamento e de qualidade ambiental,
demonstrando que os direitos dos cidadãos a qualidade de vida estão sendo, há anos,
negligenciados.
Este dado, para Farias et.al. (2011) é pouco significativo, pois na produção e reprodução da
esquistossomose, “...mesmo indivíduos com baixa carga parasitária podem ser responsáveis ou
atores importantes na perpetuação da doença”, o que implica que há necessidade de se repensar as
políticas públicas intersetoriais, não somente a de saúde, mas também habitação e assistência social,
de forma que o controle e erradicação da doença sejam mais efetivos e que atendam a multiplicidade
de elementos responsáveis pela sua permanência no ambiente o que coloca os cidadãos em áreas
de potencial risco.
Desta forma, considerando a realidade socioambiental dos bairros da zona norte e da subzona
periférica sul de Aracaju, associada ao número de casos não tratados, constrói-se um panorama de
pressões associados aos condicionantes socioambientais que contribuem para a (re)produção da
esquistossomose, como a menor cobertura de saneamento associada com a maior rede hidrográfica
superficial, o maior quantitativo de aglomerados subnormais e a mais baixa taxa de alfabetização
(Figura 09 a 14), constatadas nas pesquisas de campo (Figura 15).
Estes cenários são reflexos das políticas públicas de saúde do Brasil que perpetuam as iniquidades
em saúde. Para Whitehead (2000, p. 5) “o termo iniquidade tem uma dimensão moral e ética. Refere-
se a diferenças desnecessárias e evitáveis, mas, além disso, também são consideradas injustas e
indesejáveis”.
A esquistossomose é considerada uma doença negligenciada da pobreza que no contexto em análise
ratifica esta designação bem como expressa as iniquidades em saúde, pois concentra-se nas
periferias urbanas da capital sergipana atingindo a parcela mais pauperizada da população cujo
contexto locacional é privado de serviços básicos de infraestrutura.
A análise de campo permite inferir que a associação entre ocorrência e prevalência da doença em
regiões periféricas e de baixo poder aquisitivo associada a precariedade de saneamento, assistência
e qualidade ambiental não é uma novidade no campo da análise social: “Na realidade, de há muito se
sabe que a distribuição da saúde e da doença nas populações não é aleatória e que obedece à
estratificação socioeconômica dos grupos populacionais (PELLEGRINI FILHO e BUSS, 2011, p. 589).
Em concordância com Tibiriçá et.al. (2011), as estratégias de controle da doença relacionadas ao
mapeamento do hospedeiro intermediário, tratamento precoce dos doentes e ações de controle de
reinfecção associadas a um sistema de notificação são incompletas quando não acompanhadas do
saneamento ambiental e participação popular. Desta forma, “... a transmissão é, no máximo,
interrompida temporariamente e as reinfecções são inevitáveis (op.cit., p. 1377), contribuindo para a
reprodução da doença no ambiente, tornando a população mais vulnerável em virtude de onde
residem e de sua situação econômica e os desdobramentos associados ao fator renda.
Diante desta realidade, vale destacar as ponderações de Katz e Almeida (2003, p. 39) quando
afirmam que:

Mesmo com diagnóstico e tratamento simples, a esquistossomose continua sendo


um sério problema de saúde pública. Não basta o controle de morbidade, isto é,
impedir o aparecimento das formas hepato-esplênicas da esquistossomose, é
necessário que haja também um controle da transmissão, que visa interromper o
ciclo evolutivo do parasito e, consequentemente, o surgimento de novos casos. A
medicina possui instrumentos suficientes para tratar os doentes e, portanto, é capaz
de fazer o controle da morbidade. No entanto, o controle da transmissão vai além da
capacidade dos médicos e cientistas e deve ser feito com ações governamentais,
como o saneamento básico, instalação de água e esgoto nas casas, mudanças no
meio ambiente, educação sanitária, combate aos caramujos, além do diagnóstico e
tratamento das pessoas infectadas.

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Figura 09 - Rede de esgoto do


município de Aracaju (2010).
Fonte: IBGE (2010)

Figura 10 - Renda do município Figura 12 – Taxa de alfabetização


de Aracaju (2010). do município de Aracaju (2010).
Fonte: IBGE (2010); Fonte: IBGE (2010);

Figura 11 – Zonas de Incidência da


esquistossomose do município de
Aracaju (2010).
Fonte: PCE (2016)

Figura 13 – Aglomerados
Subnormais do município de Aracaju Figura 14 – Hidrografia do município
(2010). de Aracaju (2010). Fonte: SRH (2010)
Fonte: IBGE (2010)

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Figura 15 – Pesquisa de campo e os condicionantes ambientais da periferia do município de Aracaju


(2004-2015).

Fonte: Pesquisa de Campo.

A ausência de políticas públicas intersetoriais visando mudanças na realidade expressa, juntamente


com medidas efetivas de ampliação e atuação permanente das equipes de controle da endemia, bem
como as incipientes ações de educação permanente em saúde são elementos que contribuem para a
manutenção da prevalência da doença no ambiente.
Segundo Tibiriçá et.al. (2011), para quebrar a cadeia de transmissão da esquistossomose ainda se
faz necessário também fortalecer a vigilância em saúde e instrumentalizar a sociedade para gerenciar
programas de acordo com as necessidades de cada comunidade. São “...medidas aparentemente
simples, mas que requerem uma complexa e continua articulação, mais que investimentos financeiros
(op.cit., p. 1377)”
Diante do cenário apresentado, e considerando as proposições de Montoya et.al. (2011) e Moreira e
Lobos (2011) sobre as interações entre saúde e ambiente, ratifica-se os condicionantes do modelo de
(re)produção da esquistossomose em Aracaju (Figura 16):

1. Condicionantes socioeconômicos:
1.1 Educação, refletida na concentração da esquistossomose nos bairros com a menor taxa
de alfabetização – bairros da Subzona Periférica Sul e da Zona Norte de Aracaju;
1.2 Variações demográficas – o bairro Santa Maria recebeu e ainda recebe grande
contingente de aglomerados subnormais que são deslocados de outros bairros e alojados

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naquela localidade com carência de infraestrutura de habitação e saneamento. Na Zona


Norte de Aracaju, com maior índice total de esquistossomose encontra-se o maior
número de aglomerados subnormais da capital;
1.3 Níveis de renda e pobreza – bairros da Subzona Periférica Sul e da Zona Norte de
Aracaju apresentam a menor renda média por responsável do domicílio.
2. Condicionantes ambientais:
2.1 Características da biologia e ecologia do hospedeiro intermediário adaptado ao ambiente
urbano – ocupação de valas e poças temporárias; variações pluviométricas influenciando
a espécie hospedeira disseminando-a para novas áreas formando novos focos e novas
infestações, tanto nas Zonas Norte e Periférica Sul;
2.2 Sistema de saneamento – a mais baixa cobertura na rede de esgoto nas Zonas Norte e
Periférica Sul;
2.3 Rede hidrográfica superficial receptora de efluentes domésticos, cuja concentração
também está associada a terrenos pouco valorizados e consequentemente, ocupados
pela população de mais baixa renda, ratificando as desigualdades intraurbanas de
Aracaju.
3. Condicionantes políticos: ações públicas relacionadas a identificação, tratamento,
prevenção e monitoramento da esquistossomose desempenham papel importante no tocante a
redução da morbidade e da prevalência, mas apresentam lacunas que contribuem para a
(re)produção da esquistossomose, como o baixo número de agentes de endemias trabalhando na
busca ativa; limitações no monitoramento bianual; baixa cobertura por bairro; limitadas ações de
educação em saúde em âmbito de uma macropolítica; ausência de ações intersetoriais entre
saneamento, educação, saúde e assistência social.

Figura 16 – Modelo (re)produtivo da esquistossomose.

Fonte: Adaptado de Montoya et.al. (2011) e Moreira e Lobos (2011) para a realidade da esquistossomose no
município de Aracaju.

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Concorda-se com Katz e Almeida (2003, p. 40) que “...no terceiro milênio da era comum, já é mais do
que tempo para essa doença parasitária deixar de ter importância na saúde pública brasileira” e
implementar políticas públicas intersetoriais visando a erradicação deste tipo de enfermidade que
atinge grupos sociais vulneráveis do ponto de vista socioeconômico.
Este entendimento é partilhado por outros pesquisadores, dentre eles Vidal et al (2011) e Leal Neto
et.al. (2012) que ao estudar a esquistossomose no município de Jequié, Bahia e na Zona da Mata,
Pernambuco, respectivamente, constataram que o percentual de positividade altera a cada ano
reforçando a necessidade de políticas públicas e medidas de controle da esquistossomose nos
municípios, com enfoque não apenas no tratamento com quimioterápicos, mas também em ações
efetivas de saneamento básico, educação ambiental e educação para a saúde.
A vacina brasileira contra a esquistossomose após 30 anos de pesquisas foi escolhida como
prioridade de investimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) visando suprir necessidades de
saúde de países em desenvolvimento. No entanto, importante ressaltar que se os resultados forem
promissores será um grande avanço para reduzir a morbidade causada pela endemia, mas que não
soluciona problemas estruturais e socioeconômicos presentes nas periferias urbanas e rurais do
Brasil (FIOCRUZ, 2016).
É fundamental, também, rever o entendimento do conceito de saúde. Para Valadares e Lima (2015,
p.461) um dos conceitos mais utilizados na prática sobre a relação saúde-doença visualiza que

...a saúde centra-se no padrão biomédico, bem como nas medidas


hospitalocêntricas, que não agregam nenhum fator psicossocial ao tratamento, por
enfatizarem apenas a doença em si, controlando-a para que o indivíduo retroceda ao
estado de não doença. Mas, o paciente apenas analisado e considerado à ótica de
sua patologia tem sua dignidade, potencialidades, responsabilidade e diretos sociais,
um a um, negligenciados. Ora, da saúde não pode ser entendimento unicamente
como processo patológico, na medida em que indubitavelmente existem aspectos
biopsicossociais.

Considerando estes aspectos, há necessidade de se rever o modelo biomédico, centrado na doença


e ampliar a leitura para o componente social e ambiental, integrando a tríade dos estudos no campo
da geografia da saúde, que segundo Pickenhayn (2009, p.16) abrange três questões fundamentais:

... la salud, el ambiente y la sociedad. Ciências de vocación social ambas, la


geografia y la medicina comparten este plexo en el que miríadas de filamentos
enlazados originan una malla sensitiva. Una especialidad de cada una de ellas, la
geografia de la salud y la epistemiolgia, respectivamente, generan esta suerte de
proyección cruzada: el espacio como tema médico, por um lado; la salud como tema
geográfico, por el outro. Esta superposición, empero, está lejos de ser um obstáculo.
En el presente, la transdisciplinariedad permite que cada tema genere su próprio
perfil de ciência...

Outro grande salto seria efetivar as ações associadas a intersetorialidade das políticas de saúde. Em
concordância com Valadares e Lima (2015, p.458), a articulação intersetorial é tida como um
instrumento essencial para a saúde e para a assistência social, buscando “...potencializar os serviços
que darão origem ao processo de empoderamento dos usuários”.

A articulação intersetorial, em detrimento das dificuldades em tornar a


intersetorialidade uma pratica diária, é uma das estratégias bastante utilizada no
processo de concretização de direitos dos usuários das políticas públicas. Por
conseguinte, a escolha pela intersetorialidade está associada à noção de que as
políticas públicas devem ser desenvolvidas articuladamente, em particular quando
objetiva combater a exclusão social e a pauperização (op.cit.)

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Condicionantes socioambientais do modelo (re)produtivo da Márcia Eliane Silva Carvalho
esquistossomose na região endêmica do município de Aracaju/SE Francisco de Assis Mendonça

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados apresentados corroboram para a reflexão sobre a importância da relação ambiente-
sociedade no processo saúde-doença. Embora a esquistossomose mansoni tenha seu ciclo
diretamente relacionado com os fatores naturais (presença de coleções hídricas contaminadas e do
hospedeiro intermediário) o componente social associado com a fraca efetividade das políticas
públicas voltadas para o comprometimento com a erradicação da esquistossomose e as falhas
operacionais institucionais, são pontos fortes para a permanência da enfermidade no ambiente.
Embora os dados oficiais indiquem a baixa prevalência da esquistossomose no município de Aracaju
a manutenção desta enfermidade em vários bairros aracajuanos, com destaque para o Santa Maria,
São Conrado e Santos Dumont, é o resultado de uma série de elementos que atuando em conjunto
contribuem para que a endemia ainda seja um problema de saúde pública na capital sergipana: a não
efetividade no tratamento (número elevado de ausentes); a não realização de exames pós-tratamento
para o controle de cura; precárias condições de saneamento; concentração da doença nas regiões
periféricas da cidades associadas ao mais baixo nível de renda; presença do hospedeiro
intermediários tanto nas coleções hídricas de uso coletivo, quanto nas valas de esgotos, cuja
adaptação do caramujos a estes ambientes urbanos deteriorados foi rápida; efetivo do CCZ reduzido
para atender as demandas relacionadas a esta enfermidade; ausência de ações continuas e efetivas
em educação em saúde; necessidade de novas estratégias para a educação em saúde além da
panfletagem; integração incipiente entre os agentes de endemias e os agentes de saúde; ampliação
do saneamento ambiental.
Desta forma, o modelo (re)produtivo da esquistossomose no município de Aracaju retrata as
condições ecoepidemiológicas para a sua permanência no ambiente, pois a estrutura
socioeconômica, seus condicionantes ambientais e as ações limitadas e setorizadas das políticas
públicas de saúde e assistência social, por exemplo, formam um cenário que podem contribuir para a
expansão desta enfermidade no contexto sergipano.

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