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FOLHA DE PAGAMENTO

1. Obrigatoriedade

A folha de pagamento é um documento de emissão obrigatória para efeito


de fiscalização trabalhista e previdenciária.

Para sua elaboração não existe modelo oficial, podendo ser adotados
critérios que melhor atendam aos interesses de cada empresa, observadas
as informações que legalmente deve conter.

Notas

1)Os empregados contratados por prazo determinado nos moldes da Lei nº


9.601/98 deverão, para efeitos previdenciários e trabalhistas, ser
discriminados em separado, em folha de pagamento distinta.

2) A empresa é, também, obrigada a preparar folha de pagamento da


remuneração paga ou creditada a todas as pessoas físicas que prestem
serviços sem vínculo empregatício, tais como trabalhador avulso, autônomo
e equiparado e empresário, relacionados coletivamente por
estabelecimento da empresa, por obra de construção civil, e indicação de
seu registro no caso de trabalhador avulso.

2. Salário e Remuneração

Salário é a contraprestação devida ao empregado pela prestação de


serviços, em decorrência do contrato de trabalho.

Remuneração é a soma do salário contratualmente estipulado (mensal, por


hora, por tarefa etc.), com outras vantagens percebidas na vigência do
contrato trabalho.
Assim, integram a remuneração, além da importância fixa e estipulada, as
comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagem
(excedentes de 50% do salário) e abonos pagos pelo empregador.

2.1 Discriminação das Verbas

A remuneração paga ao empregado deverá discriminar todas as verbas que


a compõem, ou seja, salário, horas extras, adicional noturno, adicional de
periculosidade, insalubridade, considerando que a legislação trabalhista
proíbe o chamado salário complessivo, isto é, aquele que engloba vários
direitos legais ou contratuais do empregado. Nesse sentido, manifestou-se o
Tribunal Superior do Trabalho, através do Enunciado nº 91 :

"Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou


percentagem para atender englobadamente vários direitos legais ou
contratuais do trabalhador."

Assim, ao elaborar a folha de pagamento, devem-se destacar as verbas


pagas, discriminando-as uma a uma.

2.2 Horas Extras

Se o empregado trabalhar em horas suplementares, através de acordo de


prorrogação de horas, as mesmas serão pagas com adicional de 50% sobre
o valor da hora normal, conforme o disposto no art. 7o , inciso XVI da
Constituição Federal.

Ressalvamos a possibilidade da existência de percentual superior ao fixado


pela CF, através de contrato, acordo ou convenção coletiva.

Cálculo da Hora Extra:

- Salário- hora normal = R$ 5,00


- Adicional de hora extra = R$ 5,00 x 50% = R$ 2,50

- Valor da hora extra = R$ 5,00 + R$ 2,50 = R$ 7,50

2.3 Adicional Noturno

O empregado que trabalhar no período noturno, ou seja, aquele


compreendido entre às 22:00 horas do dia e às 5:00 horas do dia seguinte,
fará jus ao adicional de 20% sobre o salário- hora diurno.

A hora do trabalho noturno é de 52 minutos e segundos.

Portanto, se o empregado trabalha das 22:00 horas às 5:00, terá de efetivo


trabalho 7 horas normais, ou seja, de 60 minutos, devendo perceber o
equivalente a 8 horas, conforme demonstrativo abaixo:

7 horas x 60 minutos = 420 minutos

420 minutos ÷ 52m 30seg = 8 horas

Neste caso, receberá como remuneração nas 8 horas trabalhadas:

Hora diurna = R$ 5,00

Adicional noturno = R$ 1,00 (R$ 5,00 x 20%)

Hora noturna = R$ 6,00

8 horas noturnas x R$ 6,00 = R$ 48,00


2.4 Adicional de Periculosidade

Os empregados que trabalham em contato permanente com inflamáveis,


explosivos, raios ionizantes (radiação em geral), ou eletricidade, recebem
um adicional de 30% sobre o salário contratual, não incidindo referido
percentual sobre prêmios, gratificações e participação nos lucros.

Exemplo:

Salário contratual = R$1.000,00

Adicional de periculosidade = R$ 300,00 (30% de Cr$ 1.000,00)

2.5 Adicional de Insalubridade

É pago aos empregados que trabalham nas atividades consideradas


insalubres, nocivas à saúde do trabalhador

O adicional de insalubridade será de 10%, 20% ou 40% do salário mínimo,


conforme o grau de insalubridade (mínimo, médio ou máximo), conforme
quadro das atividades insalubres constante da Norma Regulamentadora nº
15/Portaria MTb nº 3.214/78.

Através da adoção de normas de proteção no próprio ambiente de trabalho


ou através do uso de equipamentos individuais, a insalubridade poderá ser
eliminada ou ter reduzido seu grau, eliminando ou reduzindo,
conseqüentemente, o adicional.

2.6 Adicional de Insalubridade e Horas Extras

Se o empregado trabalhar em local insalubre e prorrogar a sua jornada de


trabalho, perceberá a título de hora extra o adicional de 50%, calculado
sobre a hora normal, acrescida do valor da insalubridade.
1º Exemplo:

Insalubridade e horas extras, dados:

Salário mensal = R$ 1.100,00

Valor da hora extra: R$ 1.100,00 ÷220 hs x l,50 h = R$ 7,50

Valor hora do adicional de insalubridade (40% do salário mínimo de


outubro/2002) = 40% de R$ 200,00 = R$ 80,00 ÷ 220h = R$ 0,36

Resumo:

Salário mensal = R$ 1.100,00

8 horas extras = R$ 60,00 (8 x R$ 7,50)

Adicional de insalubridade = R$ 82,08 (220h normais + 8h extras = 228h x


R$ 0,36)

Total =R$ 1.242,08,00

2o Exemplo

Periculosidade e horas extras, dados:

Salário mensal = R$ 1.100,00


Valor da hora extra = R$ 1.100,00 ÷ 220 x l,50 h = R$7,50

Valor do adicional de periculosidade por hora = (30% do salário-base)

R$ 1.100,00 x 30% = R$ 330,00 ÷ 220 hs = R$ 1,50

Resumo:

Salário mensal = R$ 1.100,00

8 horas extras = R$ 60,00 (8h x R$ 7,50)

Adicional de periculosidade = R$ 342,00 (220h normais + 8h extras = 228h


x R$1,50)

Total = Cr$ 1.502,00

3. Descontos na Folha de Pagamento

A legislação trabalhista permite que se efetue descontos no salário do


empregado somente quando tratar-se de adiantamentos (vales), de
dispositivos de lei ou de contrato coletivo. Os demais descontos somente
serão permitidos através de acordo entre empregado e empresa ou com
expressa autorização do empregado.

3.1 - Contribuição Sindical

Na folha de pagamento do mês de março, a empresa é obrigada a


descontar um dia de trabalho de todos os empregados, qualquer que seja a
forma da referida remuneração.
3.2 - Vale-Transporte

A empresa que conceder o vale-transporte está autorizada a descontar


mensalmente do empregado a parcela equivalente a até 6% de seu salário
básico ou vencimento, excluídos quaisquer vantagens ou adicionais.

3.3 Contribuição à Previdência Social

De acordo com a legislação previdenciária, a empresa é obrigada a preparar


a folha de pagamento da remuneração paga ou creditada a todos os
segurados a seu serviço.

A folha de pagamento, elaborada mensalmente deverá discriminar:

a) os nomes dos segurados empregados, relacionados coletivamente por


estabelecimento da empresa, com indicação de seus registros;

b) o cargo, a função ou o serviço prestado pelo segurado;

c) as parcelas integrantes da remuneração;

d) as parcelas não integrantes da remuneração;

e) os descontos legais.

A contribuição do empregado e do trabalhador avulso é calculada de acordo


com a seguinte tabela, vigente a partir do mês de junho/2002:
Salário-de-contribuição

(R$)

Alíquota para fins de recolhimento ao INSS (%)

Até 468,47

De 468,48 até 600,00

De 600,01 até 780,78

De 780,79 até 1.561,86

7,65

8,65

9,00

11,00

A alíquota é reduzida apenas para remunerações até R$ 600,00 (três


salários mínimos), em função do disposto no inciso II do art. 17 da Lei nº
9.311, de 24.10.96 (CPMF).
A contribuição a cargo da empresa destinada à Seguridade Social é de:

a) 20% sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas, a


qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados que lhe prestem
serviços;

b) 20% sobre o total das remunerações ou retribuições pagas ou creditadas


pelas empresas e pessoas jurídicas, no decorrer do mês, aos segurados
empresários, trabalhadores autônomos e equiparados,( contribuintes
individuais), avulsos, e demais pessoas físicas pelos serviços prestados sem
vínculo empregatício;

c) 1 %, 2% ou 3% do total das remunerações pagas ou creditadas no


decorrer do mês aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, para o
financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de
incapacidade laborativa decorrente de riscos ambientais do trabalho.

Nota

No caso de banco comercial, banco de investimento, banco de


desenvolvimento, caixa econômica, sociedade de crédito, financiamento e
investimento, sociedade de crédito imobiliário, inclusive associação de
poupança e empréstimo, sociedade corretora, distribuidora de títulos e
valores mobiliários, inclusive bolsa de mercadorias e de valores, empresa de
arrendamento mercantil, cooperativa de crédito, empresa de seguros
privados e de capitalização, agente autônomo de seguros privados e de
crédito e entidade de previdência privada, aberta e fechada, além das
contribuições referentes nas letras "a" e "b", é devida a contribuição
adicional 2,5% sobre essa base de cálculo.

3.3.1 Contribuições Para Outras Entidades


Para o cálculo das contribuições para outras entidades devem ser
observados os percentuais e as orientações do Manual de Preenchimento
Guia da Previdência Social - GPS

3.3.2Prazo Para Recolhimento

As contribuições previdenciárias descontadas dos empregados e a cargo da


empresa, bem como as contribuições para outras entidades, deverão ser
recolhidas até o dia dois do mês seguinte ao da competência, prorrogada
prazo para o primeiro dia útil subsequente quando não houver expediente
bancário no dia dois.

3.4Imposto de Renda na Fonte

O Imposto de Renda, a ser descontado na folha sobre os rendimentos do


trabalho assalariado, pagos pelas pessoas físicas ou jurídicas, deverá ser
calculado de acordo com a tabela progressiva que reproduzimos seguir.

Base de cálculo mensal em R$ Alíquota (%) Parcela a deduzir do


imposto em R$

Até 1.058,00

De 1.058,01 até 2.115,00

Acima de 2.115,00

Isento

15,00
27,5

158,70

423,08

Nota

Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência do Imposto de


Renda na Fonte, podem ser deduzidas:

a) as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas


do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo
homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais;

b) a quantia equivalente a R$ 106,00 por dependente;

c) as contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios;

d) as contribuições para as entidades de previdência privada domiciliadas


no Brasil e as contribuições para o Fundo de Aposentadoria Programada
Individual (FAPI), cujo ônus tenha sido do contribuinte, destinadas a custear
benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social, no
caso de trabalhador com vínculo empregatício ou de administradores;

e) o valor de até R$ 1.058,00 correspondente à parcela isenta dos


rendimentos provenientes de aposentadoria e pensão, transferência para a
reserva remunerada ou reforma pagos pela Previdência Social da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por qualquer pessoa jurídica
de direito público interno, ou por entidade de previdência privada, no caso
de contribuinte com idade igual ou superior a 65 anos.

4.FGTS

Todos os empregadores são obrigados a depositar até o dia sete de cada


mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8% da
remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador.

Notas

1a) Se no dia sete não houver expediente bancário, o recolhimento deve ser
antecipado.

2a) A Lei Complementar nº 110, de 29/06/2001, instituiu contribuições


sociais, dentre elas a contribuição de 5% sobre a remuneração mensal dos
empregados e 10% sobre o montante de todos os depósitos devidos,
referentes ao FGTS, durante a vigência do contrato de trabalho, acrescido
das remunerações aplicáveis às contas vinculadas, no caso de despedida do
empregado sem justa causa.

5.Fundamentos Legais

Decreto nº 3.048/99 - RPS, Decreto nº 3.000/99 RIR, Art. 15 da Lei nº 8.036,


de 11.05.90, Portaria MTb nº 3.214/78 - NRs 15 e 16, arts. 59, 61, 73, 192 e
193 da CLT.

Fonte: FISCOSoft On Line - www.fiscosoft.com.br

Dra. Líris Silvia Zoega Tognoli do Amaral

Consultora FISCOSoft On Line

É Advogada; Pós-graduada em Direito do Trabalho e Previdência Social;


Experiência de mais de 13 anos nas áreas de direito do trabalho,
previdenciário e FGTS.
E-mail: liris@fiscosoft.com.br

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