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sábado, agosto 27
Abaixo a situação problema para elaboração da peça processual do Exame da 0AB, segunda
fase, realizado no Domingo, 21 de agosto.
Tício foi denunciado e processado, na 1ª Vara Criminal da Comarca do Município X, pela prática de
roubo qualificado em decorrência do emprego de arma de fogo. Ainda durante a fase do inquérito
policial, Tício foi reconhecido pela vítima. Tal reconhecimento se deu quando a referida vítima
olhou através de pequeno orifício da porta de uma sala onde se encontrava apenas o réu. Já em
sede de instrução criminal, nem vítima, nem testemunhas, afirmaram ter escutado qualquer disparo
de arma de fogo, mas foram uníssonas no sentido de assegurar que o assaltante portava uma.
Não houve perícia, pois os policiais que prenderam o réu em flagrante não lograram êxito em
apreender a arma. Tais policiais afirmaram em juízo que, após escutarem gritos de ‘pega ladrão!’,
viram o réu correndo e foram ao seu encalço. Afirmaram que, durante a perseguição, os passantes
apontavam para o réu, bem como este jogou um objeto no córrego que passava próxima ao local
dos fatos, que acreditavam ser a arma de fogo utilizada. O réu, em seu interrogatório, exerceu o
direito ao silêncio. Ao cabo da instrução criminal, Tício foi condenado a oito anos e seis meses de
reclusão, por roubo com emprego de arma de fogo, tendo sido fixado o regime inicial fechado para
cumprimento da pena. O magistrado, para fins de condenação e fixação da pena, levou em conta
os depoimentos testemunhais colhidos em juízo e o reconhecimento da vítima em sede policial,
bem como o fato de o réu ser reincidente e portador de maus antecedentes, circunstâncias
provadas no curso do processo.
Você, na condição de advogado de Tício, é intimado da decisão. Com base somente nas
informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça
cabível, apresentando as razões, e sustentando as teses jurídicas pertinentes.
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Teses:
Mérito: Autoria não comprovada; Prova ilícita. Alternativamente, arma não apreendida e, por
conseguinte,não periciada. Desclassificação de roubo majorado para roubo/furto. Absolvição,
artigo 386, V do CPP.
Peça: Apelação, artigo 593, I do CPP (interposição e razões).
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Excelentíssimo Senhor
Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal da Comarca de xxxx
Tício, já qualificado nos autos do Processo número xxxx, que lhe move o Ministério Público, por
seu procurador abaixo assinado vem à presença de Vossa Excelência para, inconformado com a
sentença condenatória proferida, interpor
RECURSO DE APELAÇÃO,
o que faz tempestivamente, com fundamento no artigo 593, I do Código de Processo Penal.
Requer, assim, que após recebida, com as razões anexas, ouvida a parte contrária, sejam os autos
encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do xxxx, onde deverá ser processado o
presente recurso e, ao final, provido.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Advogado – OAB
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RAZÕES DE APELAÇÃO
Processo No.
Apelante: Tício
Colenda Câmara
1. Dos Fatos
Em síntese:
O Apelante foi condenado como incurso nas sanções do artigo 157, parágrafo segundo, inciso I
do Código Penal Brasileiro – roubo majorado pelo emprego de arma – à pena de reclusão de oito
anos e seis meses, a ser cumprida, inicialmente, no r egime fechado.
Conforme o descrito nos autos, o Apelante, durante o Inquérito Policial teria sido reconhecido pela
vítima, através de um procedimento de reconhecimento consubstanciado pela visão, através de
um pequeno orifício, da sala onde se encontrava o Apelante. Durante a instrução criminal, a
vítima não confirmou ter escutado disparos de arma de fogo, tampouco as testemunhas ouvidas
confirmaram os tiros, muito embora todos tenha afirmado que o autor do fato portava uma arma.
Não houve apreensão de qualquer arma e, também por isso, não houve qualquer perícia. Os
policiais ouvidos em juízo, afirmaram que após ouvirem gritos de ‘pega ladrão’, saíram ao encalço
do acusado. Também disseram que durante a perseguição o acusado era apontado por pessoas
que passavam próximas, e que perceberam quando este jogou algo no córrego que existe ali
perto, imaginando que fosse uma arma.
No interrogatório, o acusado, ora Apelante, exerceu o seu direito de ficar em silêncio, tendo o juízo
‘a quo’ considerado, para a condenação e fixação da pena, os depoimentos das testemunhas e o
reconhecimento feito pela vítima em sede policial.
A decisão condenatória, contudo, merece ser reformada, senão vejamos.
2. Preliminarmente:
3. No mérito:
Evidentemente, pelo que consta dos autos, merece o Apelante ser absolvido da imputação que lhe
é feita através da denúncia. Não há qualquer prova de ter o acusado, ora Apelante, concorrido
para a prática do crime de roubo, eis que não compr ovada a autoria.
Concretamente o que existe nos autos não serve para apontar autoria. A vítima reconheceu o
acusado, ora Apelante, em procedimento totalmente impróprio e inadequado, já que ‘espiou’ por
um pequeno orifício de porta em direção a sala onde se encontrava o réu. Assim procedendo, não
observou a autoridade as condições impostas pela legislação penal para o reconhecimento de
pessoas, expressamente dispostas no artigo 226, II do Código de Processo Penal. Assim,
procedendo, incorreu, inclusive, em prova ilícita, contrariando, também, o contido no artigo 157 do
CPP.
Frise-se, também, que a coleta da prova, irregular e ilícita, foi feita em sede policial, não tendo sido
judicializada e, por isso mesmo, imprestável para sustentar a condenação do acusado, ora
Apelante.
Além disso, há apontada nulidade, conforme explicitado em preliminar, já que o acusado deveria
ter sido colocado em sala própria, ao lado de outras pessoas, a fim de que pudesse ser,
verdadeiramente, identificado pela ví tima.
Assim, não há como se sustentar esteja provada a autoria, impondo-se, não reconhecida a
nulidade, a absolvição, por ausência de pr ova da autoria.
4. Do Pedido:
Ante a todo o exposto requer a reforma da decisão proferida pelo MM. Juiz ‘a quo’ para decretar a
absolvição do Apelante, com fulcro no artigo 386, V do Código de Processo Penal, uma vez que
não está provada tenha o acusado concorrido par a prática de infração penal.
No caso de não ser decretada absolvição, seja declarada nula a decisão condenatória, eis que não
observadas as condições impostas para o reconhecimento de pessoas, existindo omissão quanto
a formalidade essencial do ato, de acordo com o previsto no artigo 226, II do CPP e artigo 564, IV
do mesmo diploma legal.
Ainda, não havendo convencimento quanto à absolvição ou à nulidade, seja o acusado, ora
Apelante, beneficiado pelo princípio do in dúbio pro reo, a fim de vê-lo, no máximo, condenado por
crime de furto.
Pede Deferimento.
Advogado - OAB
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7 comentários:
bacharel em direito com capacidade de postular11 de agosto de 2012 14:45
Ilustrissima Professora Ana, meu nome e carlos jose rocha e moro em osasco sp, descobri seu blog e
acho intere ssante a peça que a senhora postou.
Gostaria que me enviasse outras peças mas com a mesma formula de explicação e peça pronta que
postou, por favor me ajude
Responder
Portanto se não é observado o procedimento previsto no art. 226 do CPP, o vício faz com que não haja
força probatória no ato. Dessa forma a ação penal proposta com alicerce, apenas ou principalmente,
nessa prova carecera de justa causa.
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