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ABETOS E ESPRUCES

Por Fábián László Flégner


Aromatologista e pesquisador
www.aromalandia.com.br
www.laszlo.ind.br
Em 01/01/2009

Os abetos são árvores de clima temperado, que nascem através do norte e oeste do
Canadá e Estados Unidos e ao longo de praticamente todos os países frios Europeus.
No século passado muitas pequenas vilas na Rússia produziam este óleo essencial.
Seus usos podem bem ser vistos na referência bíblica sobre “O Bálsamo de Gilead”, daí o nome
de “bálsamo” dado a alguns abetos.
Na América do Norte, as resinas e folhas dos abetos são utilizadas há muito tempo
pelos indígenas com finalidades medicinais (cicatrizante e expectorante), assim como com
finalidades religiosas.
A árvore de abeto possui uma antiga associação com o cristianismo, que começou na
Alemanha cerca de 1.000 anos atrás quando São Bonifácio, quem converteu os alemães ao
cristianismo, disse ter vindo de um grupo de pagãos que tinham por adoração a árvore do
carvalho. São Bonifácio diz ter cortado o Carvalho ao chão e para seu espanto, um jovem abeto
nasceu das raízes do carvalho. São Bonifácio tomou isto como um sinal da religião cristã.
Porém, até por volta de 1.700, o uso de árvores de natal existiu restritamente somente
no distrito de River Rhine. De 1.700 em diante, quando o uso de lâmpadas foi aceitas como
parte das decorações, a árvore de natal veio a se tornar uma tradição na Alemanha. Então, a
tradição atravessou o atlântico com os soldados hessianos. Porém algumas pessoas ligam o
uso de árvores de natal a períodos ainda mais antigos. Os egípcios, por exemplo, na celebração
do solstício de inverno, colocavam palmas verdes em suas casas como “símbolo do triunfo da
vida sobre a morte”. O uso das folhas de palma pode ser visto também na Bíblia quando Jesus
entrou na cidade e foi recebido com ramos de palma, algo derivado da antiga tradição egípcia
e que teria sido copiado depois pelos romanos. Diz-se que os primeiros escandinavos teriam
homenageado à árvore de abeto.
O número de espécies de abetos é muito grande e as denominações também causam
muita confusão. Aos abetos são dadas também as denominações de espruce (spruce),
hemlock ou fir. Dentre as espécies mais conhecidas temos:

Abeto balsâmico ou bálsamo canadense – Abies balsamea


Abeto comum ou Espruce de Norway – Picea abies
Abeto da Finlândia ou Abeto Sachalin (Sachalin fir) - Abies sachalinensis
Abeto do oeste (Western hemlock) - Tsuga heterophylla
Abeto Douglas ou de Oregon (Douglas fir) – Pseudotsuga menziesii
Abeto gigante ou Abeto de vancouver – Abies grandis
Abeto japonês – Abies mayriana ou Abies sachalinensis
Abeto ou espruce negro (épinette noire) – Picea mariana
Abeto nobre (noble fir) - Abies procera
Abeto Nordman (Nordman fir) - Abies nordmannia
Abeto prata ou branco – Abies Alba (= A. pectinata)
Abeto siberiano – Abies sibirica
Abeto, agulhas de ou Abeto marinho (Spruce needle) - Picea marina
Espruce branco – Picea glauca; sin. Picea Alba
Espruce canadense (Hemlock) – Tsuga canadense; sin. Abies canadensis

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Espruce de Yeddo – Picea jezoensis
Abeto sitka - Picea sitchensis
Tamarack ou larch - Larix decidua

Estudos do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica (UMR) na França


demonstraram atividade contra tumores celulares sólidos (MCF-7, PC-3, A-549, DLD-1, M4BEU
and CT-26) do óleo de abeto balsâmico (Abies balsamea). O óleo foi analizado por CG e a
citotoxidade de cada constituinte do óleo foi determinada. O óleo de abeto balsâmico é
essencialmente constituído de monoterpenos (96 %) e alguns sesquiterpenos. Todos os
componentes testados foram inativos (250 microM) exceto o alfa-humuleno (GI50 = 55 to 73
microM) que mostrou ser o responsável pela citotoxidade do óleo. Foi testada também a
citotoxidade do óxido de cariofileno, que provou ser inativo e o gama-cariofileno que mostrou
ser ativo contra todas as linhas de tumores celulares sólidos testados. Também foram
avaliados os efeitos do óleo de abeto balsâmico e do alfa-humuleno no conteúdo da glutationa
celular (GSH) e na produção de espécies de oxigênio reativo (EOR). O óleo de abeto balsâmico
e o alfa-humuleno induziram a uma diminuição (dose/tempo dependen-te) no teor de
glutationa celular (GSH) e um aumento na produção de oxigênio reativo (EOR). Estes
resultados sugerem que a queda de GSH e produção de ROS podem estar relacionadas com a
citotoxidade do alfa-humuleno e o óleo de abeto balsâmico [1].
Outras pesquisas têm demonstrado também que os óleos de abetos possuem
considerável ação anti-fúngica, bactericida e bacteriostática [2,3,4]. Suas propriedades se
assemelham em muito às do cipreste, sendo, aliás, um perfeito substituto para o mesmo. As
velas de natal com óleo de abeto e espruce vendidas no Canadá e EUA liberam quando
queimadas uma grande quantidade de OE que mata uma grande parcela das bactérias
patogênicas presentes no ar e que causam problemas respiratórios.
Notou-se também que o óleo de abeto possui a capacidade de aumentar a atividade do
sistema imunológico e combater o vírus da gripe, evitando a sua transmissão através do uso de
aerosóis, sprays e difusores ambientais [11].
Os óleos de espruces e abetos são indicados em desordens circulatórias dado ao seu
alto teor de monoterpenos, que agem como solventes, desobstruindo vasos, melhorando a
drenagem linfática (congestão dos tecidos) e tratando de varizes, dores nas pernas e varicela.
É um excelente remédio também para problemas de hemorróidas.
Em inalações age como um tônico para o aparelho respiratório, tratando de infecções,
bronquites, sinusites e alergias. Seu efeito nas rinites e na asma é muito bom, especialmente
os óleos com teor mais elevado de ésteres (acetato de bornila), onde age relaxando e
diminuindo os ataques, este efeito também tem muito a ver com efeito psicológico sobre a
expressão. O seu alto teor de monoterpenos o torna um agente para uso interno eficaz em
cálculos renais e da vesícula, onde age dissolvendo e auxiliando na expulsão dos mesmos.
Também é um bom desintoxicante em massagens, ajudando na eliminação de ácido úrico.
Outras ações do óleo são como anti-inflamatório e analgésico (artrites, reumatismo) [9],
indicado no tratamento de furúnculos, abcessos [8], acne e gengivite.
Uma especial ação destes óleos é devido à presença conjugada de acetato bornílico e
monoterpenos, que agem especialmente tonificando e harmonizando as supra-renais,
equilibrando a produção de hormônios de stress e melhorando a liberação de cortisona
natural do corpo que pode ajudar em casos de dores e processos inflamatórios e alérgicos [5].
São muitas as espécies e seus aromas mudam um pouco, apesar das indicações
continuarem sendo as mesmas. Recomendo escolher o que lhe agradar mais. Todos costumam
agir de forma semelhante. O óleo dos cones (frutos) é chamado de óleo de templin.
O efeito dos abetos e espruces no lado emocional vêm muito de encontro com a
sensação de relaxamento e abertura que eles proporcionam no lado emocional das pessoas
favorecendo a expressão da alma e liberando o medo. Segundo Mikael Zayat, fundador do
Centro Canadense de Pesquisa de Óleos Essenciais, os abetos e espruces são óleos indicados

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para momentos de transição, como a morte, viagens, mudanças de emprego, etc. São muito
usados hoje em dia por massoterapeutas no Canadá e Europa por agirem relaxando o sistema
nervoso e os músculos. Trazem para o ambiente um agradável aroma que lembra o interior de
florestas logo após uma chuva. É muito associado este cheiro com o natal, pois nos EUA,
Canadá e Europa são usadas algumas destas espécies como árvores de natal vivas.
Foi descoberto que o acetato de bornila presente no óleo, é um componente que age
diretamente no cérebro, primeiro reduzindo a produção excessiva de ACTH [5], segundo
através de um efeito de bloqueio da quebra enzimática do GABA [6,7], neurotransmissor
responsável por uma ação sedativa do SNC. Portanto, os abetos e espruces são bons óleos
para pessoas tensas, ansiosas e com raiva causada pelo trabalho excessivo e da tensão diária.
Revigoram o sistema nervoso, equilibram as supra-renais, eliminam quadros de insônia
causada por tensão, melhoram a atividade intelectual (bom para estudo) e trazem um cheiro
de limpeza para dentro de casa, talvez seja por isso que é associado o uso dos abetos em
rituais de purificação dos Índios norte americanos.
O aroma do espruce também ajuda em casos fixação mental (fobias, síndrome do
pânico e obsessões), bulimia, além de ser excelente para meditação, trazendo uma sensação
de espiritualidade e elevação.
Estudos da Korea, mostraram que o óleo de Abies koreana possui a capacidade de
melhorar a memória e tratar de processos de amnésia, podendo contribuir em doenças como
Alzheimer e demência vascular [10].
Chase e Pawlik em "Àrvores para Curar" [12], atribuem a Tsuga canadensis (espruce
canadense) o poder de tornar o indivíduo “Aberto para as mudanças: passando a aceitar as
mudanças em sua vida através do desenvolvendo da fé, contribuindo para o equilíbrio
emocional nas circunstâncias diárias, encorajando-o a se abrir para o aprendizado. Mais do
que questionar ou julgar os eventos o indivíduo passa a aceitar com equanimidade, deixando
que flua onde as mudanças estão presentes. Ajuda a dissolver a complacência, agarrando-se
ao modo de fazer e compreender as coisas do passado.”

Concentração de uso:

Em inalações 6-15 gotas em difusor 3 X ao dia. Uso local, puro ou diluído a partir de 3% de
diluição. Hemorróidas 3-6 gotas de OE em 100ml de água e banhar o local 3-4 X ao dia.

Toxidade:

A composição química dos abetos é em média muito parecida, com algumas variações na
porcentagem dos princípios ativos que cria a sutil diferença nos aromas. Devido a isso seus
usos e indicações são muito similares. DL50: acima de 5g/kg em ratos, para praticamente
todos os abetos e espruces. Sem riscos.

Referências:

1. Legault J, Dahl W, Debiton E, Pichette A, Madelmont JC. Antitumor activity of balsam fir oil:
production of reactive oxygen species induced by alpha-humulene as possible mechanism of
action. Planta Med. 2003 May;69(5):402-7.

2. Johnston WH, Karchesy JJ, Constantine GH, Craig AM. Antimicrobial activity of some Pacific
Northwest woods against anaerobic bacteria and yeast. Phytother Res. 2001 Nov;15(7):586-8.

3. Pichette A, Larouche PL, Lebrun M, Legault J. Composition and antibacterial activity of


Abies balsamea essential oil. Phytother Res. 2006 May;20(5):371-3.

4. Jeong SI, Lim JP, Jeon H. Chemical composition and antibacterial activities of the essential
oil from Abies koreana. Phytother Res. 2007 Dec;21(12):1246-50.

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5. Daniel Pënoel e Pierre Franchome - Aromatherapie exactement - Ed. Roger Jollois

6. Buchbauer G, Jäger W, Jirovetz L, Meyer F, Dietrich H. Effects of valerian root oil, borneol,
isoborneol, bornyl acetate and isobornyl acetate on the motility of laboratory animals (mice)
after inhalation. Pharmazie. 1992 Aug;47(8):620-2.

7. Houghton PJ. The scientific basis for the reputed activity of Valerian. J Pharm Pharmacol.
1999 May;51(5):505-12.

8. Voronchikhin SI, Timonov PS. Fir oil in the treatment of suppurative wounds. Khirurgiia
(Mosk). 1981 May;(5):28-9.

9. Wu X, Li X, Xiao F, Zhang Z, Xu Z, Wang H. Studies on the analgesic and anti-inflammatory


effect of bornyl acetate in volatile oil from Amomum villosum. First Affiliated Hospital, Jinan
University, Guangzhou.

10. Kim K, Bu Y, Jeong S, Lim J, Kwon Y, Cha DS, Kim J, Jeon S, Eun J, Jeon H. Memory-
enhancing effect of a supercritical carbon dioxide fluid extract of the needles of Abies koreana
on scopolamine-induced amnesia in mice. Biosci Biotechnol Biochem. 2006 Aug;70(8):1821-6.

11. Sergeev A N; Safatov A S; P'iankov O V; Bulychev L E; Zhukov V A; Alekseeva A G;


Petrishchenko V A; Shishkina L N; Poryvaev V D; Glotov A G. Prophylactic efficacy of aerosol.
Voprosy virusologii 2001;46(6):24-8.

12. Chase, Pamela e Pawlik, Jonathan - Trees for healing - Ed. Newscastle

OBS.: Textos, trechos e referencias do livro: "GUIA DE ÓLEOS ESSENCIAIS DE TODO O


MUNDO" - Fabian Laszlo Flegner - Ed. LASZLO (2009/2010)

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