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A RELAÇÃO ENTRE A MEMÓRIA, A PERCEPÇÃO E A CONSCIÊNCIA

NA METAPSICOLOGIA FREUDIANA1
(Relations among memory, perception, and consciousness in Freudian
metapsychology)
Fátima Caropreso
Doutora em Filosofia pela UFSCar e Pós-Doutoranda em Filosofia na Unicamp

Resumo: O problema das relações entre memória, percepção e consciência surge, na obra de Freud, a partir do
momento em que ele deixa de identificar o mental e o consciente. No Projeto de uma psicologia (1895),
ele elabora uma primeira hipótese sobre essa relação, segundo a qual a memória sempre seria anterior à
consciência. Contudo, pouco tempo depois, na carta a Fliess de 1o. de janeiro de 1896 (carta 39), ele
propõe uma segunda hipótese, segundo a qual a consciência perceptiva seria anterior à memória. Na
teoria do aparelho psíquico apresentada em A interpretação dos sonhos (1900), Freud retoma e
desenvolve a hipótese do Projeto...; contudo, a partir dos artigos metapsicológicos de 1915, a hipótese
da carta 39 é retomada em alguns momentos e é ela que irá prevalecer a partir de 1919. O objetivo deste
artigo é analisar como as relações entre a memória, a percepção e a consciência são pensadas por Freud
nesses vários momentos de sua reflexão metapsicológica e quais as conseqüências para a teoria
psicanalítica dessas diversas posições.
Palavras-chave: Freud – Metapsicologia – Memória – Consciência – Percepção.

Abstract: The problem of the relations among memory, perception and consciousness emerges, in Freud’s works,
since the very moment he stops identifying mind and consciousness. In the Project for a psychology
(1895), he puts forward a first hypothesis about this relation, according to which memory would always
be prior to consciousness. However, shortly afterward, in the letter to Fliess from January 1st. 1896
(letter 39), he proposes a second hypothesis, according to which perceptive consciousness would be
prior to memory. In the theory of the psychic apparatus presented in The interpretation of dreams
(1900), Freud returns to the Project’s hypothesis and develops it. Notwithstanding, from the 1915
metapsychological papers on, the hypothesis proposed in the letter 39 is sometimes adopted again and it
is the one which will prevail from 1919 on. This paper aims at discussing how the relations among
memory, perception and consciousness are conceived by Freud in these different moments of his
metapsychological thinking and what consequences to the psychoanalytic theory follow from these
changing views.
Keywords: Freud – Metapsychology – Memory – Consciousness – Perception.

A metapsicologia freudiana, desde o de psíquico e de consciência, propondo a


início, teve como problema central a independência dos processos representa-
formulação de uma teoria sobre a memória e cionais que constituem a memória em
sua relação com a consciência e a percepção. relação à consciência, surge o problema de
As várias versões dos “aparelhos” freudianos esclarecer a relação entre ambas. Freud,
– o “aparelho de linguagem”, o “aparelho contudo, não chega rapidamente a uma
neuronal” e as duas versões do “aparelho solução; ele parece, ao longo de grande parte
psíquico” – são, sobretudo, teorias sobre a de sua obra, oscilar entre duas concepções
memória. Este papel central que a memória diferentes: uma que sustenta a anterioridade
possui na teoria freudiana parece se dever, da memória em relação à consciência e outra
entre outros motivos, à necessidade que sustenta a relação inversa. O objetivo
encontrada de repensar a sua relação com a deste artigo é analisar como a relação entre a
consciência e a percepção. A partir do memória, a percepção e a consciência é
momento em que Freud desvincula as noções
A Relação entre a Percepção, a Memória e a Consciência na Metapsicologia Freudiana 13

pensada por Freud em seus textos Freud conclui que as aquisições lingüísticas
metapsicológicos. envolvem todas a mesma área cortical, que os
processos associativos responsáveis pela
A Gênese da Teoria Freudiana Sobre linguagem se sobrepõem uns aos outros, isto
a Memória é, se sobre-associam. O conjunto dos
Em “Sobre a concepção das afasias” processos associativos e sobre-associativos
(1891), texto que, como afirma Simanke relativos à linguagem constituiria o que
(2005), pode ser considerado o passo Freud chama de “aparelho de linguagem”.
inaugural da metapsicologia freudiana, Esse aparelho consistiria, então, em uma série
encontramos a gênese da teoria de Freud de processos corticais associativos, os quais
sobre a memória. A crítica por ele seriam os concomitantes neurológicos das
empreendida em 1891 às teorias “representações-palavra”. Freud sustenta, em
localizacionistas sobre as afasias, acaba “Sobre a concepção das afasias”, a “doutrina
levando-o a repensar a estrutura e o da concomitância”, defendida pelo
funcionamento das representações. Em neurologista inglês Hughlings Jackson,
oposição às teorias localizacionistas segundo a qual todo fenômeno mental
criticadas, Freud formula a hipótese de que os ocorreria paralelamente a um processo
estímulos sensoriais que incidem sobre a nervoso, mas não haveria interferência de um
periferia do sistema nervoso, sofrem, ao sobre o outro, ou seja, não haveria relação
longo de seu percurso da medula ao córtex, causal entre a série psíquica e a neural.
uma série de reorganizações, de maneira que Seguindo também os passos de Jackson,
aquela informação que chegasse ao córtex Freud mantém, em 1891, a identificação do
teria uma relação muito indireta com a que psíquico ao consciente: todo o psíquico –
incidiu sobre a periferia nervosa. No córtex, portanto, toda representação, fosse ela
a informação sensorial seria envolvida em produzida por estímulos externos ou internos
uma série de processos associativos, que – seria necessariamente consciente. O
consistiria no correlato neurológico das processo cortical associativo deixaria atrás de
representações. Ele defende, em 1891, que si, diz Freud, uma modificação permanente,
algo simples do ponto de vista psicológico que representaria a possibilidade de uma
corresponda sempre a algo complexo do recordação. Contudo, essa modificação seria
ponto de vista neurológico: o correlato neural um fato puramente neurológico, de forma que
de uma representação seria sempre um não seria possível se falar em uma “imagem
processo associativo, que consistiria na latente de recordação”. A recordação seria
última etapa de uma série de reorganizações necessariamente consciente:
sucessivas que a informação sensorial É muito duvidoso que essa modificação esteja
sofreria desde o seu ingresso na medula. Essa de algum modo associada com algo psíquico.
Nossa consciência não contém nada que possa
hipótese desenvolvida por Freud de que os justificar, do ponto de vista psicológico, o
correlatos das representações não possuem termo “imagem latente de recordação”. No
uma relação simples com a informação entanto, cada vez que o mesmo processo
sensorial proveniente do mundo externo é a cortical volta a ser suscitado, o psíquico
primeira inovação de Freud em relação às emerge novamente como imagem de
recordação. ( Freud 1891, p.99)
teorias neurológicas criticadas. Outra
hipótese importante para o tema em foco
Nesse momento, portanto, ainda não
introduzida nesse momento é a da “sobre-
se coloca, para Freud, o problema da relação
associação”.
entre a memória e a consciência; enquanto
A partir da análise de como as funções
fato psíquico, a memória seria
da linguagem são prejudicadas nas afasias,

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necessariamente consciente. A relação entre a No “Projeto...”, é formulada a hipótese


percepção, a memória e a consciência apenas de um aparelho neuronal que seria composto
se torna um problema a partir do momento por três sistemas: o sistema de percepção φ, o
em que Freud desvincula as noções de sistema de memória ψ, e o sistema
psíquico e de consciência. Podemos responsável pela produção de qualidades
considerar que essa questão se coloca a partir sensoriais – o sistema ω. O sistema φ seria
do “Projeto de uma psicologia” (1895), texto aquele que receberia a excitação de origem
em que a idéia de um psíquico inconsciente é, exógena. Após percorrer esse sistema, a
pela primeira vez, explicitamente tematizada excitação prosseguiria para o sistema ψ, no
por Freud. qual se constituiriam as representações. Freud
divide o sistema ψ em dois: ψ do manto, que
Primeira Fase: A Memória é estaria ligado ao sistema φ, e ψ do núcleo,
Anterior à Consciência que estaria em conexão com o interior do
No “Projeto de uma psicologia”, texto corpo. Tanto os processos incitados por
escrito por Freud em 1895 e publicado estimulação de origem exógena quanto
postumamente em 1950, Freud abandona a aqueles incitados por excitação de origem
identificação entre o psíquico e o consciente. endógena só se tornariam conscientes depois
Na seguinte passagem, ele afirma a
de passarem pelo sistema ψ e alcançarem o
existência de processos psíquicos
sistema ω. Portanto, a constituição da
inconscientes:
Temos tratado os processos psíquicos como representação antecederia o tornar-se
algo que possa prescindir do conhecimento consciente e estaria em aberto a possibilidade
dado pela consciência, existindo de que um processo não chegasse a se tornar
independentemente de tal consciência (...) Se consciente – isto é, a consciência passa a ser
não nos deixarmos desconcertar por tal fato, pensada como algo que pode ou não vir a se
segue-se desse pressuposto que a consciência
não proporciona nem conhecimento completo, acrescentar a uma representação. Esta passa a
nem seguro dos processos neurônicos; cabe ser pensada como um fato de memória
considerá-los em primeiro lugar e em toda a anterior e independente da consciência.
extensão como inconscientes e cabe inferi-los Com os conceitos de “neurônio”,
como as outras coisas naturais. (Freud “quantidade”, “barreira de contato” e
1895/1950, p. 400)
“facilitação”, formulados no “Projeto...”,
Freud especifica como seria possível a
Para incorporar a noção de psíquico
constituição de traços permanentes no
inconsciente em sua teoria, Freud passa, no
aparelho, ou seja, especifica as condições que
“Projeto...”, a identificar a representação ao
tornariam possível a memória. Contudo, a
processo cortical associativo que em 1891 era
possibilidade do surgimento da consciência
pensado como consistindo no concomitante
torna-se, já nesse momento, um problema
neurológico da representação. Esse processo
para Freud. Ele tenta estabelecer também as
associativo passa a ser a própria
condições que tornariam possível o
representação e a consciência passa a ser
surgimento da consciência, mas se depara
concebida como o lado subjetivo de uma
com uma série de dificuldades e
parte dos processos associativos, que
contradições, que permanecem insolúveis no
constituiriam o psíquico inconsciente. Freud
texto do “Projeto...”.
parece ter deslocado o paralelismo que, em
Na carta a Fliess de 1º de janeiro de
1891, ele supunha existir entre o neurológico
1896 (carta 39), Freud propõe algumas
e o psíquico para entre o psíquico
modificações na hipótese do aparelho
inconsciente e a consciência.
elaborada em 1895, tendo em vista,

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provavelmente, encontrar uma solução mais mnêmicos são, de tempos em tempos,


satisfatória para o problema da consciência e, sujeitos a reordenações de acordo com novos
em função disso, a relação entre os sistemas nexos. Essas “retranscrições” dariam origem
que compõem o aparelho é alterada. No a diferenciações no sistema de memória, as
“Projeto...”, a ordem dos sistemas era φ-ψ-ω, quais representariam a operação psíquica de
o que implicava na antecedência da épocas sucessivas da vida. Na passagem de
representação em relação à consciência. uma época para outra, ocorreria uma tradução
Mesmo a estimulação proveniente do mundo do material mnêmico. Freud afirma que essa
externo teria que ser representada, ao passar hipótese da retranscrição dos traços
pelo sistema de memória ψ, antes de poder mnêmicos é o que haveria de novo em sua
tornar-se consciente. Em suma, a memória teoria:
sempre precederia a consciência. Na carta 39, O essencialmente novo em minha teoria é,
então, a tese de que a memória não persiste de
Freud altera a relação entre os sistemas, maneira simples, mas múltipla, está registrada
deslocando o sistema ω para entre os em diversas variedades de signos. Em outro
sistemas φ e ψ. Desse modo, a ordem dos momento (afasias) afirmei um reordenamento
sistemas passaria a ser: φ-ω-ψ. De acordo semelhante para as vias que alcançam desde a
periferia [do corpo o córtex cerebral]. (Freud
com essa nova versão, os processos de 1896/1950, p.151)
percepção se tornariam conscientes antes de
produzirem efeitos em ψ; no caso das Em “Sobre a concepção das afasias”,
percepções, a consciência antecederia a Freud havia proposto que a informação
memória (isto é, a representação). Em relação sensorial que alcançasse a medula seria
aos processos incitados por estimulação de sucessivamente reordenada, de acordo com
origem endógena, a representação continuaria princípios funcionais do sistema nervoso, ao
sendo anterior à consciência, pois o sistema ψ longo de seu percurso em direção ao córtex.
estaria ligado ao interior do corpo. Freud Ele propõe, agora, a ocorrência de um
argumenta, na carta 39, que essa modificação processo semelhante no nível cortical, isto é,
na ordenação dos sistemas apresenta uma na constituição dos traços mnêmicos. No
série de vantagens; no entanto, pouco tempo entanto, esse processo de reorganização se
depois, na carta a Fliess de 6 de dezembro de daria ao longo do desenvolvimento do
1896 (carta 52), a primeira hipótese sobre a sujeito. Tendo em vista o “Projeto...”, pode-
relação entre os sistemas – aquela se dizer que Freud acrescenta diferenciações
apresentada no “Projeto...” – é retomada, e é no interior do manto de ψ, as quais conteriam
essa versão que irá ser desenvolvida na diversos reordenamentos dos mesmos traços
primeira tópica psíquica, apresentada no mnêmicos e seriam governadas por princípios
capítulo 7 de “A interpretação dos sonhos” associativos distintos. Como essas várias
(1900). transcrições seriam aquisições psíquicas de
Como observa Laplanche(1981), na fases sucessivas da vida, o sistema de
carta 52, Freud faz algumas conjecturas sobre memória iria se complexificando, ao longo
a organização e a gênese do aparelho do desenvolvimento do sujeito, à medida que
psíquico que podem ser consideradas como os traços mnêmicos fossem sendo
fazendo uma ponte entre o aparelho neuronal retranscritos. Na carta 52, Freud argumenta
do “Projeto...” e o aparelho psíquico proposto que haveria no mínimo três tipos de
em “A interpretação dos sonhos”. Ele transcrições no sistema de memória, as quais
propõe, nessa carta, que o mecanismo são representados no esquema como “Ps”
psíquico se forma por um processo de (signos de percepção), “Icc” (inconsciência) e
estratificação sucessiva, isto é, que os traços “Prcc” (pré-consciência).

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Na carta 52, Freud situa o órgão com a diferença de que, em 1900, Freud
responsável pela recepção dos estímulos insere mais sistemas de memória entre o
sensoriais – o sistema de percepção P – e órgão de percepção (P) e o sistema
aquele responsável pela consciência em pólos inconsciente (Icc).
opostos do esquema. Entre eles, situar-se-iam No esquema apresentado na seção B do
os sistemas de memória. A excitação capítulo 7, a consciência não está incluída;
sensorial que chegasse à P só se tornaria contudo, na seção F, Freud afirma que a
consciente após percorrer todos os sistemas “percepção-consciência” seria a operação
de memória, isto é, após passar por psíquica de um sistema particular, ao qual ele
sucessivas elaborações. Assim, aquilo que se atribui a designação abreviada Cc. Tal
tornasse consciente seria a última etapa de sistema se situaria imediatamente após o
um longo processo de reorganização da Prcc. Dessa forma, teríamos, em uma das
informação sensorial proveniente do mundo extremidades do aparelho, o órgão
externo e, portanto, seria algo que responsável pela recepção dos estímulos
representaria os estímulos externos muito exógenos (P), que estaria diretamente ligado
indiretamente. Com a suposição da aos sistemas de memória, e, na outra
estratificação da memória, torna-se, então, extremidade, teríamos o sistema Cc, que seria
ainda mais complexa a relação entre a responsável pela produção de qualidades
representação e os estímulos provenientes do sensoriais e estaria conectado à motricidade
mundo externo que incidem sobre a periferia (M):
do sistema nervoso. Todo conteúdo De acordo com as idéias básicas de nosso
perceptivo só se tornaria consciente após ensaio esquemático, só podemos conceber essa
percepção-consciência
percorrer todos os sistemas de memória e ser {Bewusstseinswahrnehmung} como a operação
sucessivamente reorganizado. Como as própria de um sistema particular para o qual é
representações seriam retranscritas, de acordo recomendável a designação abreviada Cc. (...).
com novos princípios associativos, ao longo O aparelho psíquico, que, com o órgão
do desenvolvimento do sujeito, nossas sensorial dos sistemas P, está voltado em
direção ao mundo exterior, é ele mesmo mundo
recordações conscientes cada vez se exterior para o órgão sensorial da Cc, cuja
tornariam mais distantes daquelas justificação teleológica repousa nessa
vivenciadas originariamente. Dessa forma, circunstância. (...) O material de excitações
também a relação entre a recordação e a aflui desde dois lados ao órgão sensorial Cc:
experiência originariamente vivenciada, desde o sistema P, cuja excitação condicionada
por qualidades provavelmente passa por um
assim como a relação entre a percepção novo processamento antes de se converter em
consciente e os estímulos que chegam à sensação consciente, e desde o interior do
periferia nervosa, torna-se mais mediata, próprio aparato(...) . (Freud 1900, p.583)
menos direta.
Como se vê, na carta 52, a relação entre Nesse momento, portanto, Freud
a percepção, a memória e a consciência volta mantém a hipótese de que todo conteúdo
a ser pensada de forma bastante semelhante perceptivo passaria por uma série de
ao “Projeto...”, e a hipótese desenvolvida na reordenações, ao percorrer os vários sistemas
carta 39 não volta a ser mencionada: a de memória, antes se tornar consciente.
memória novamente é situada entre a Mesmo as percepções seriam reorganizadas e
percepção e a consciência. No capítulo 7 de representadas antes de se tornarem
“A interpretação dos sonhos”, texto em que conscientes. Embora Freud não represente no
Freud apresenta sua primeira versão do esquema da seção B a relação do aparelho
aparelho psíquico, basicamente o mesmo com a estimulação de origem endógena, é
esquema apresentado na carta 52 é retomado, possível inferir, a partir da maneira como ele

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concebe as características dos processos do configuram como uma exceção. Contudo, a


sistema inconsciente, que este sistema estaria partir dos artigos metapsicológicos,
em contato direto com o interior do corpo. publicados por Freud entre os anos de 1915 e
Sendo assim, tanto os processos incitados por 1917, a relação entre a percepção, a memória
estímulos externos, quanto os processos e a consciência torna-se bem menos clara.
incitados por estímulos provenientes do Freud parece oscilar entre dois modelos:
interior do corpo, ocorreriam no sentido que aquele do capítulo 7 de “A interpretação dos
Freud chama de “progressivo”: o percurso da sonhos” e um outro, semelhante ao da carta
excitação exógena (P-Icc-Prcc-Cc) se daria 39, segundo o qual a consciência da
no mesmo sentido que aquele da excitação percepção antecederia a memória.
endógena (Icc-Prcc-Cc).
A partir dessas hipóteses, Freud explica Segunda Fase: Oscilação Entre os
no capítulo 7 o mecanismo de formação do Dois Modelos
sonho, assim como a rememoração. O Nos artigos metapsicológicos, apenas
processo de constituição dos sonhos teria os sistemas Icc, Prcc e Cc continuam
uma primeira etapa em sentido progressivo – presentes na teoria freudiana; os demais
do sistema Icc até o Prcc -, uma segunda sistemas de memória incluídos nos esquemas
etapa em sentido regressivo – do Prcc ao da carta 52 e do capítulo 7 entre P e Icc não
sistema P –, e uma última etapa novamente voltam a ser mencionados. Freud manifesta,
em sentido progressivo: de P até o sistema ao longo desses artigos, sua dúvida sobre a
Cc. Nessa última etapa, o sonho se tornaria necessidade de diferenciar entre os sistemas
consciente após sofrer o processo de Prcc e Cc. Apenas no texto “Complemento
“elaboração secundária”, que se daria ao metapsicológico a doutrina dos sonhos”
longo da passagem da excitação pelo sistema (1917), o penúltimo dessa série de artigos, ele
pré-consciente e consistiria em uma conclui que é preciso distinguir entre esses
reorganização do conteúdo onírico de acordo dois sistemas. Nos artigos anteriores, Freud
com relações verbais. Não só o conteúdo se refere ao “Cc ou Prcc” ou a qualquer um
onírico, mas todas as percepções sofreriam o desses sistemas indistintamente. A relação
processo de elaboração secundária antes de se entre os sistemas de memória e os órgãos da
tornarem conscientes. A rememoração percepção e da motilidade parece ter-se
comum teria uma primeira etapa em sentido tornado imprecisa nos artigos
regressivo – do sistema Prcc até o sistema P – metapsicológicos: Freud oscila
e uma segunda etapa em sentido progressivo continuamente, como dissemos, entre duas
– de P até o sistema Cc. hipóteses distintas. Em uma passagem do
Tendo em vista as hipóteses elaboradas texto “O inconsciente” (1915), por exemplo,
por Freud até 1900 – o esquema do aparelho ele diz:
neuronal, o esquema da carta 39, o da carta Nas raízes da atividade pulsional, os sistemas
52 e, por fim, o aparelho psíquico no capítulo se comunicam entre si da maneira mais ampla.
Uma parte dos processos aí excitados passa
7 –, podemos dizer que a idéia de que a pelo Icc como por uma etapa preparatória e, na
memória é anterior à consciência prevalece, Cc, alcançam a conformação psíquica mais alta;
isto é, predomina a hipótese de que a outra parte é retida como Icc. Mas o Icc é
excitação sensorial que chega ao órgão alcançado também pelas vivências que provêm
responsável pela percepção percorre os da percepção exterior. ( Freud 1915, p.152)
sistemas de memória e, portanto, é
representada antes de se tornar consciente. De acordo com esta passagem, o
Diante desse panorama, as idéias sistema Icc estaria ligado tanto ao somático
desenvolvidas por Freud na carta 39 se quanto ao sistema P, que receberia a

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excitação de origem externa. A excitação na vida de vigília, que parte do Prcc e se


exógena incidiria sobre P e deste seguiria esforça por abrir passagem até a consciência;
ou obter uma descarga motora direta se
para o Icc, para o Prcc e para Cc. De acordo esquivando à Cc; ou tomar esse outro caminho
com isso, todo processo pré-consciente, inesperado que a observação nos faz seguir
fosse ele incitado por excitação exógena ou realmente (...) O processo iniciado dentro do
endógena, teria uma etapa prévia Prcc e reforçado pelo Icc toma um caminho
inconsciente. Uma vez que o sistema Cc retrocedente através do Icc até chegar à
percepção, que se impõe à consciência. (Freud
estaria ligado à via motora, os sistemas Icc, 1917, p.183)
Prcc e Cc estariam situadas entre a percepção
(P) e a motilidade (M), assim como no Novamente, a percepção é colocada ao
esquema do capítulo 7. No entanto, ainda lado do Icc, na extremidade oposta à da
nesse artigo sobre o inconsciente, Freud motilidade e da consciência. Nos artigos
apresenta uma outra hipótese sobre a relação metapsicológicos, portanto, a questão da
dos sistemas com P. Ele diz: relação entre a percepção, a memória e
(...) nossa atividade psíquica se move seguindo
dois circuitos contrapostos: ou avança desde as
consciência torna-se problemática. A
pulsões, através do sistema Icc, até o trabalho oscilação que encontramos nas cartas a Fliess
do pensamento consciente, ou uma incitação de que mencionamos (carta 39 e 52) parece
fora atravessa o sistema da Cc e do Prcc até voltar a se manifestar. Freud situa a
alcançar as ocupações icc do eu e dos objetos. percepção ora em um, ora em outro dos
(Freud 1915, p.162)
extremos do aparelho. Quando distingue de
fato entre os sistemas Prcc e Cc no texto
Nessa passagem, em oposição à
“Complemento metapsicológico à doutrina
afirmação anterior, Freud afirma que as
dos sonhos”, ele passa a se referir ao sistema
excitações exógenas incidem diretamente
Cc (P), o que indica que a percepção e a
sobre o sistema da consciência. A percepção
consciência ou são pensadas, desde então,
se situaria ao lado da motricidade e do
como constituindo um mesmo sistema ou
sistema Cc, no outro pólo da tópica. Nesse
como dois sistemas conectados. Com isso,
caso, os processos incitados no aparelho por
fica claro que Freud não situa mais a
excitação exógena e endógena ocorreriam ao
percepção no extremo oposto ao que estaria
longo de dois caminhos distintos; haveria,
situado o sistema Cc, como faz no capítulo 7,
como diz Freud, dois circuitos contrapostos
mas não sabemos se ele uniu as duas
na atividade psíquica: o relativo aos
extremidades do aparelho – hipótese esta que
processos induzidos por excitação endógena,
ele propõe em 1919, como veremos – ou se
que ocorreriam no sentido do Icc ao Cc, e os
ele apenas deslocou a percepção para o
induzidos por excitação exógena, que se
extremo oposto. No segundo caso, estaria
dariam na direção inversa. Essa segunda
sendo pressuposto que as percepções se
hipótese assemelha-se àquela da carta 39.
tornariam conscientes antes de serem
Contudo, Freud não se atém por muito tempo
representadas, ou seja, que a consciência da
a essa segunda hipótese. No texto
percepção precederia a constituição da
“Complemento metapsicológico à doutrina
representação. No primeiro, tanto poderia ter
dos sonhos” (1917[1915]), ele parece retomar
sido mantida a hipótese anterior de que a
a primeira hipótese. Ao se questionar sobre
informação sensorial percorreria todos os
os destinos das moções de desejo que se
sistemas antes de se tornar consciente, quanto
formam no Prcc no processo de formação do
poderia estar sendo pressuposto que a
sonho, ele diz:
A reflexão nos diz que poderia tramitar por três
consciência da percepção precederia a
caminhos diferentes: ou pelo que seria normal representação.

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A união dos dois pólos do aparelho do aparelho e a identificação entre os


resolveria a questão da localização de P, pois sistemas da consciência e da percepção . Ele
colocaria tal sistema em ligação tanto com o afirma: “A posterior ampliação desse
sistema consciente e o pré-consciente, quanto esquema de desenvolvimento linear deverá
com o inconsciente. Contudo, o percurso da incluir a suposição de que o sistema que
excitação pelos sistemas continuaria segue ao Prcc é aquele ao qual temos que
indefinido, assim como a relação entre a atribuir a consciência, vale dizer, P = Cc”.(
consciência e a percepção. Esta se tornaria p.517). Nos artigos metapsicológicos, como
consciente imediatamente, uma vez que P e comentamos, ele não afirma claramente a
Cc seriam o mesmo sistema ou estariam identificação entre os dois sistemas, como o
ligados? Mas, nesse caso, a consciência faz nessa nota de 1919. Em “Além do
precederia a representação? Parece não ser princípio do prazer” (1920), Freud argumenta
essa a hipótese de Freud, pois um pouco que o sistema responsável pela consciência
antes de estabelecer a separação entre o Prcc estaria em contato direto com a excitação
e o sistema Cc e de associar este último a P proveniente do mundo externo, o que sugere
no texto “Complemento metapsicológico à que, assim como propôs em 1919, os
doutrina dos sonhos”, Freud reafirma sua sistemas P e Cc estejam sendo identificados:
hipótese do capítulo 7, segundo a qual todo tratar-se-ia de um único sistema que receberia
conteúdo perceptivo seria submetido à a excitação exógena diretamente. Freud
elaboração secundária antes de se tornar formula a hipótese de que o fato de tal
consciente, o que implica que a excitação sistema permanecer sempre igualmente
proveniente do mundo externo, antes de receptivo – isto é, dele não ser modificado
alcançar o sistema Cc, passaria pelo Prcc. pela excitação que o percorre – talvez decorra
Essa hipótese poderia ser conciliada com a justamente da sua localização, do fato dele
união das duas extremidades do aparelho, se estar em contato direto com a excitação
P e Cc não estivessem sendo concebidos proveniente do mundo externo:
como constituindo um único sistema, mas O sistema Cc se singularizaria, então, pela
sim como dois sistemas distintos conectados, particularidade de que nele, diferentemente do
que ocorre em todos os outros sistemas
pois P estaria ligado ao Icc, e o percurso da psíquicos, o processo de excitação não deixa
excitação, no caso das percepções, poderia atrás de si uma alteração permanente de seus
continuar sendo o mesmo proposto no elementos, mas se esgota, por assim dizer, no
capítulo 7, isto é: P-Icc-Prcc-Cc. Só que isso fenômeno do tornar-se consciente. Semelhante
seria possível somente se os sistemas P e Cc desvio da regra geral deve ser explicado por um
fator que seja exclusivo deste sistema; bem,
não estivessem sendo identificados de fato, esse fator, que falta a todos os outros sistemas,
uma vez que essa identificação implicaria que poderia ser a situação do sistema Cc que
as percepções se tornassem conscientes acabamos de expor: seu choque direto com o
imediatamente, sem serem elaboradas. Essas mundo externo. (Freud 1920, p.235)
questões permanecem em aberto nos artigos
metapsicológicos, uma vez que Freud não se De acordo com essa passagem, a
define por uma das duas versões. A partir de excitação exógena alcançaria primeiro o
1919, essa questão começa a se definir. sistema responsável pela consciência e só
depois seguiria para os sistemas de memória.
Terceira Fase: A Consciência Freud afirma que, no sistema Cc, o processo
Perceptiva é Anterior à Memória excitatório se tornaria consciente, mas não
Em uma nota agregada em 1919 ao deixaria como seqüela traços permanentes, os
capítulo 7 de “A interpretação dos sonhos”, quais se formariam nos sistemas de memória
Freud propõe a união das duas extremidades contíguos. Dessa forma, os estímulos

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provenientes do mundo externo se tornariam percepções não mais antecederia a


conscientes antes de serem representados: a consciência..
memória seria posterior à consciência A idéia de que toda percepção sofreria
perceptiva. o processo de elaboração secundária antes de
Na segunda seção do texto “O eu e o se tornar consciente também estaria sendo
isso” (1923), Freud reafirma a hipótese de abandonada, e o processo de elaboração
1920, de que a consciência estaria na secundária no sonho teria que ser explicado
superfície do aparelho psíquico: sobre ela de uma forma diferente: a última etapa do
incidiriam diretamente os estímulos sonho, em sentido progressivo, se tornaria
provenientes do mundo externo. Nesses dois desnecessária e, assim, permaneceria sem
momentos, portanto, é a hipótese da carta 39 explicação a partir de qual processo se daria a
que está sendo adotada. A versão da primeira elaboração secundária. A segunda etapa do
tópica não volta a ser mencionada. processo de rememoração, tal como este fora
A identificação entre os sistemas P e explicado no capítulo 7, também estaria
Cc, estabelecida por Freud a partir de 1919, sendo descartada. Com isso, tanto o
tem uma série de implicações para a sua mecanismo de formação dos sonhos como o
teoria, as quais ele não chegou a desenvolver. da rememoração se tornariam menos
Podemos pensar em algumas delas: por tortuosos, uma vez que a última etapa de
exemplo, com essa identificação, estaria ambos seria desnecessária, mas, como
sendo abandonada a hipótese de que as dissemos, a elaboração secundária
percepções só se tornariam conscientes após permaneceria inexplicada.
serem sucessivamente reorganizadas na
passagem pelos sistemas de memória – as Considerações Finais:
percepções se tornariam conscientes Encontramos, desde as primeiras
imediatamente, e a constituição dos traços especulações de Freud sobre a relação entre a
mnêmicos, assim como o processamento da memória, a consciência e a percepção, dois
informação sensorial nela envolvida, modelos diferentes para pensar essa relação:
passariam a ser posteriores à consciência aquele do “Projeto...”, segundo o qual as
perceptiva. O fato da consciência perceptiva excitações externas seriam representadas
passar a ser concebida como anterior à antes de se tornarem conscientes e, portanto,
memória não implicaria, no entanto, que as mesmo a consciência perceptiva seria
percepções conscientes fossem concebidas precedida pela memória; e aquele da carta 39,
como cópias ponto por ponto da informação segundo o qual o sistema responsável pela
que incidisse sobre a periferia do sistema consciência estaria diretamente ligado ao
nervoso. Tendo em vista as hipóteses sistema P, de forma que as percepções se
formuladas por Freud no texto “Sobre a tornariam conscientes imediatamente, antes
concepção das afasias” (1891), a informação mesmo de serem representadas, ou seja, um
sensorial seria sucessivamente reorganizada modelo no qual a memória seria posterior à
ao longo do trajeto da medula ao córtex e, consciência perceptiva. Na teoria do aparelho
portanto, aquela informação que chegasse ao psíquico elaborada por Freud no capítulo 7 de
córtex possuiria uma relação indireta com a “A interpretação dos sonhos”, o modelo do
que tivesse ingressado na periferia nervosa. A “Projeto...” é retomado e desenvolvido. De
partir disso, podemos pensar que a percepção, acordo com as hipóteses sobre a
mesmo se tornando consciente diretamente, estratificação dos sistemas de memória
não seria uma cópia exata dos estímulos que formuladas por Freud na carta 52 e no
chegassem à periferia do sistema nervoso; capítulo 7, a relação entre os estímulos de
apenas o processamento psíquico das origem exógena que alcançassem o sistema P

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A Relação entre a Percepção, a Memória e a Consciência na Metapsicologia Freudiana 21

e aqueles conteúdos que se tornassem indefinida: ele oscila constantemente entre os


conscientes seria ainda mais indireta do que dois modelos nos artigos de 1915. Essa
havia sido pensado no “Projeto...”, uma vez indefinição se dissolve a partir da nota
que antes de se tornarem conscientes os agregada em 1919 ao capítulo 7. A partir de
estímulos perceptivos sofreriam uma série de então, é o modelo da carta 39 que passa a ser
reorganizações sucessivas de acordo com os adotado na teoria do aparelho psíquico;
vários princípios associativos que regulariam contudo, Freud não extrai as conseqüências
os diferentes sistemas de memória. Esse desse segundo modelo para a sua teoria sobre
distanciamento entre a percepção e a o mecanismo de formação dos sonhos, sobre
consciência desaparece a partir de 1919 com a rememoração e sobre a relação entre a
a união das duas extremidades do aparelho percepção e a representação. A união e
psíquico. identificação entre os dois pólos do aparelho
A partir dos artigos metapsicológicos, tem como conseqüência várias modificações
Freud passa a retomar, em alguns momentos, para a teoria sobre a memória, a percepção e
uma hipótese semelhante à da carta 39, de a consciência, as quais Freud não chegou a
forma que a relação entre a memória, a desenvolver.
consciência e a percepção permanece

Referências Bibliográficas:

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Revista de Filosofia/Universidade Estadual Paulista 28 (1): pp. 85-108.

Notas
1
O presente artigo é derivado da minha tese de doutorado intitulada “A natureza do psíquico e o sentido da
metapsicologia na psicanálise freudiana”. Desejo agradecer ao Prof. Dr. Richard Theisen Simanke pela leitura e
comentários desse texto e ao Prof. Dr. Luiz Roberto Monzani, meu orientador de doutorado e supervisor de pós-
doutorado, pela discussão das idéias aqui apresentadas.

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