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As secas e a ''indústria da seca''

A estrutura produtiva do ''Nordeste algodoeiro-pecuarista'' contrastava com a do ''Nordeste


açucareiro''.Em vez das intermináveis plantations características dos tabuleiros e morros da
Zona da Mata, a paisagem do Sertão pontilhou-se de uma infinidade de pequenas
explorações,nas quais o algodão combinava-se com as culturas alimentares de
subsistência.Os camponeses eram,em geral,parceiros do latifundiário pecuarista,pagando em
algodão a renda pelo uso da terra.O latifundiário atuava como intermediário, vendendo o
algodão para empresas transnacionais como a sanbra,a Clayton e a machine Cotton.
o fenômeno natural das secas,de que se tem registro documental desde o início do século
XVlll, recebeu a atenção do poder central quando os ''coronéis'' sertanejos complementavam
sua ascensão econômica.Durante a grande seca de 1877-1879,que a metade dos 120 mil
habitantes de Fortaleza, D.Pedro ll chegou a afirmar que ''empenharia ate as jóias da Coroa.
mas não permitiria que os sertanejos passasem fome''.O imperador não vendeu as jóias,mas
iniciou,em 1844,a construção do primeiro grande açude,em Quixadá,no Ceará.
As secas não eram uma novidade no semi-árido, mas na épocada consolidação da oligarquia
algodoeira passaram a ter um novo significado.Os ''coronéis'' do Sertão precisavam de uma
política oficial de combate às secas capaz de sustentar a expansão dos seus negócios.Foi
nessa época que as secas se conerteram em escândalo nacional.
o açude de Quixadá representou a antecipação da política oficial de combate às
secas,formalizada em 1909 com a criação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas
(IFOCS). O órgão federal nascia quando as oligarquias sertanejas atingiam o auge do seu
poder.A ''polítics hidráulica'' que tomava corpo,focalizada na construção de
barragens,açudes,poçoes e estradas,constituiu uma via de transferência de recursos públicos
para o patrimômios privado dos coronéis sertanejos.
Na década de 1930,sob o governo de Getúlio vargas,a ''política hidraúlica'' consolidou-se e
expandiu-se. A grande seca instalada em 1932 repercutiu sobre a constituição de 1934, que
destionu 4% dos recursos orçamentários federais para o novo órgão.nesse momento,as
oligarquias do algodão e da pecuária encontravam-se em plena decadência.
Em 1945,a Ifocs foi rebatizada como Departamento Nacional de Obras Contra a Seca
(Dnocs). O Dnocs reuniu exclentes equipes de especialistas nacionais e estrangeiros,formadas
por engenheiros,agrônomos,geólogos,hidrólogos e botânicos,que contribuíram para a
construção de uma sólida base de conhecimentos científicos sobre a ecologia do semi-árido.
Contudo, o diagnóstico de que a pobreza nordestina derivava das secas mascarava as raízes
sociais do drama regional. A política de implantação de obras hidráulicas não tocava na
questão da concentração fundiária e nas suas consequencias: a exploração dos camponeses
pobres e dos vaqueiros pelos latifundiários do algodão e da criação de gado.
A captura dos recursos públicos pelas oligarquias sertanejas evidencia-se na delimitação da
área de atuação dos órgãos de combate às secas. Embora fosse nacional, o Dnocs devia
circunscrever sua ação ao chamado Polígono das Secas -- uma zona demarcada no Sertão e
no Agreste que exibe condições climáticas e ecológicas propícias ao fenômeno das secas.
O Polígono das Secas, aparentemente definido em função da Geografia física,constitiu-se, na
verdade, em um produto do poder político dos ''coronéis'' nordestinos. Uma prova disse é que
seus limites alargavam-se ao sabor das conveniências,de modo a ofercer estímulos e
incentivos federais aos latifundiários do Sertão.Apenas em 1989 a fantasia cartográfica do
Polígono seria substituída pelo concentio de Semi-árido nordestino.
A ''política hidráulica'' origionou a chamada '' indústria da seca''. As obras financiadas por
recursos federais -- açudes e barragens para retenção de águas pluviais, poçoes e estradas de
rodagem - funcionaram como meios de valorização das grandes propriedades, onde em geral
foram construídas. Nas secas moderadas,serviam para salvar o gado dos latifudiparios, mas
não evitam a perda das safras alimentares dos camponses pobres.
As obras a frentes de trabalho geraram oportunidades para a corrupção e a manutenção do
poder políticio coronelístico.Manipuladas pelos governadores e prefeitos,as verbas destinadas
á ''luta contra a seca'' engordaram o patrimônio de particulares locais.No rastro dos escândalos,
sobravam açudes inacabados, barragens fantasmas, hospitais imaginários e estradas ilusórias.
O Dnocs expressou,antes de tudo, a captura do planejamento regional pela oligarquia
cearence.No Ceará não existiu uma elite açucareira, à moda de Pernambuco ou da Bahia. A
associação entre o gado e o algodão representou o fundamento do poder coronelístico.Durante
décadas. o controle sobre o órgão federal, com sede em Fortaleza, permaneceu com os
políticos cearenses.
A constituição de 1946 reduziu 3% a parceria dos recursos federais dedicada ao Dnocs.
Emcompensação,direcionou 1% dos recursos orçamentários para uma nova área de
planejamento - a Bacia do rio São Francisco. O controle desses recursos foi atribuído à
Comissão do Vale do São francisco (CVSF), regulamentada na experiência de planejamento
regional diretamente na experiência de planejamento regional iniciada na década anterior nos
Estados Unidos, com o tennessee Valley Authority de Roosevelt.
A CVSF foi uma resposta às demandas das elites sertanejas da Bahia.Sua finalidades abrian-
se em leque,envolvendo desde a irrigação até a instalação de estradas,escolas e hospitais.Na
década de 1960,as finalidades de planejamento na bacia foram reduzidas,passnado-se a
enfatizar a irrigação, e a CVSF deu lugar a Superintencência do valo do São Francisco (
Suvale).
Em 1974,a atual companhia do Desenvolvimento do Vale do São francisco (Codevasf)
sucedeu à Suavel. com ela, deflagaram-se as grandes obras de irrigação que promoveram a
valorização agrícola de importantes áreas, localizadas principalmente no semi-árido baiano.em
2000,a Codevasf passou a atuar também no Vale do Rio Parnaíba, nos estados do Piauí e

O Nordeste e o planejamento regional

A palavra região tem sua origem no verbo latino regere,que significa governar,exercer o
poder.No antigo Imério Romano,o substantivo regio designava a zona,com limites espaciais
definidos,de exercício do poder administrativo.Originalmente,portanto,região designava uma
construção política.
O desenvolvimento da Geografia moderna,na segunda metade do século XlX,foi essencial
para a consolidação do Estado comtemporâneo.A disciplina fornecia instrumentos conceituais e
técnicas adequados ás necessidades do exercício do poder político sobre o território.Nessa
época,a cartografia sistemática ganhava impulso e eram estabelecidas as bases dos atuais
serviços de recenseamento.
O conceito de região foi apropriado pela Geografia nesse contexto.A divisão do território em
unidades regionais permitia organizar as bases de dados estatísticos e racionalizar a
administração do território.Porém,mascarando sua funçãopolítica,a geografia apresentou
inicialmente a região como uma construção da própria natureza.Essa região natural era
definida como uma porção da superfície terrestre que se individualiza por uma combinação
específica de elementos da natureza,em especial o relevo,o clima e a vegetação.
Mais tarde,sob o impacto das políticas de intervenção do Estado na economia,surgiu o
conceito de região de planejamento.Nos Estados Unidos,na década de 1930, o governo de
Franklin D. Roosevelt criou diversos programas de obras públicas,que se destinavam a injetar
recursos na economia e gerar empregos,a fim de reverter a estagnação provocada pela
quebra da Bolsa de Nova York,em 1929.Entre esses programas estavam investimentos em
áreas rurais pobres do sul do país.
Nesse contexto,em 1933,foi instituído o Tennessee Valley Authority (TVA),órgão de
planejamento do desenvolvimento no Vale do Rio Tennessee.Nacia,assim.uma região de
planejamento que sirviria de inspiração para iniciativas do governo brasileiro dirigidas ao
Nordeste.

Maranhão.
O IAA e a salvação da oligarquia do açúcar

Desde o final do século XVIII,o’’nordeste açucareiro’’iniciou uma longa trajetória


descendente,ligada ao deslocamento do capital comercial europeu para os pólos produtores de
açúcar do Caribe.Mais tarde,a decadência acentuou-se,sob o impacto da constituição do
complexo cafeeiro no Vale do Paraíba e sua expansão para o oeste paulista.Durante o
Império,a velha ‘’região do açúcar’’ tornou-se fornecedora de escravos para a ‘’região do café’’.

No final do século XIX,o ‘’Nordeste açucareiro’’conheceu uma revitalização técnica,com o


início da introdução das usinas e a transformação dos proprietários de antigos engenhos em
fornecedores de cana.As estradas de ferro contribuíram para a expansão da influência das
usinas,promovendo a concentração fundiária.
Os grandes usineiros pernambucanos enfrentavam,contudo,a concorrência crescente de
produção de São Paulo e do Rio de Janeiro.Em 1926,criaram um Instituto de Defesa do
Açúcar,que seria o embrião do Instituto do Açúcar e do Álcool(IAA),instituído por decreto
federal em 1933.O IAA destinava-se a administrar o mercado nacional dos derivados de
cana,definindo preços únicos nacionais e distribuindo cotas de produção pelos estados,usinas
e engenhos.Se o Dnocs era controlado pela oligarquia cearense e a comissão do Vale do São
Francisco,pela oligarquia baiana,o IAA funiconava como instrumento da oligarquia
pernambucana.

Durante mais de meio século,o órgão federal serviu como pilar de sustentação do latifúndio
agroindustrial na Zona da Mata nordestina.Os preços únicos,baseados nos custos de produção
das unidades menos eficientes,asseguraram margens aceitáveis de lucros para os usineiros
nordestinos e garantiram ganhos astronômicos para os produtores do Sudeste.As cotas
reduziram o ritmo de crescimento da produção paulista e fluminense.Sabotando a concorrência
e penalizando os consumidores,o IAA subsidiava as elites decadentes do ‘’Nordeste
açucareiro’’e congelava as relações de produção arcaicas da Zona da Mata,baseadas na
miséria dos trabalhadores rurais.

Na década de 1970,o lançamento do Proálcool representou um poderoso estímulo para a


agroindústria sucro-alcooleira.São Paulo,que desde 1955 tinha ultrapassado
Pernambuco,tornando-se o primeiro produtor,ampliou sua liderança.Mas os usineiros da Zona
da Mara,especialmente em Pernambuco e Alagoas,receberam um novo impulso,que durou até
a queda dos preços do petróleo e a crise do Proálcool,na segunda metade da década de 1980.

O IAA foi extinto em 1990.Depois disso,a produção nordestina retrocedeu em termos absolutos
e 27%para pouco mais de 16%.Nesse período,consolidou-se a hegemonia de São Paulo no
setor sucro-alcooleiro.

Enquanto se concluía a decadência do ‘’Nordeste açucareiro’’,a ‘’Bahia do cacau’’também


entrava em crise.A concorrência dos produtores africanos do Golfo da Guiné,em especial a
Costa do Marfim, contribuiu para a redução dos preços internacionais,desde a década de
1960.A inércia dos fazendeiros baianos-muitos dos quais viviam em Salvador ou na
Europa,consumindo as rendas geradas pelas plantações-conduziu à deterioração da
competitividade do produto nacional.

O golfo fatal foi desferido pela prega conhecida como vassoura-de-bruxa,que,nas décadas de
1980 e 1990,dizimou vastas plantações e desvalorizou as terras.O desenvolvimento de
variedades resistentes à praga deu novo processo de dissolução da unidade produtiva da área.

O monopólio do cacau foi desfeito pela diversificação de culturas,com o plantio de frutas


tropicais e a introdução de cafezais.Itabuna evoluiu como centro comercial.Ilhéus consolidou
sua vocação turística.O sul da Bahia continua a concentrar a maior parte da produção brasileira
de cacau,mas ocorreu drástica redção da área plantada.Diversas fazendas transformaram-se
em hotéis.A antiga oligarquia cacaueira desapareceu quase sem deixar vestígios.

O nordeste e a Sudene

O nordeste,tal como entendido atualmente,é um produto da integração nacional,sob o


comando do Centro-Sul,durante o século XX.O complexo cafeeiro e,em seguida,a
industrialização transferiram,definitivamente,o foco gwográfico da acumulação de riquezas.A
marginalização econômica das oligarquias nordestinas acompanhou a formação de um
mercado interno unificado e subordinado aos capitais urbanos e industriais sediados no
Sudeste,

A centralização do poder do Estado,que se acelerou a partir de 1930,removeu os


fundamentos tradicionais da reprodução das oligarquias agro-expotadoras dos ‘’nordestes’’ do
século XIX .Mas essas oligarquias mantiveram seu controle sobre a terra e as máquinas
políticas estaduais.Essa herança histórica permitiu que sobrevivessem como elite
periférica,por meio da captura das rendas geradas pelas políticas de planejamento regional do
poder central.

No pós-guerra,a consolidação do poder econômico das elites urbanas e industriais do Sudene


expressou-se pela redefinição dos objetivos do planejamento regional no Nordeste.Essa
trajetória começou a ser percorrida no ciclo de secas de 1951-1953,

Com a criação do Banco do Nordeste do Brasil(BNB)e a deflagração do debate sobre a


necessidade de reformas estruturais na economia nordestina.

Sob o governo Juscelino Kubitschek,em 1957,formou-se o Grupo de Trabalho para o


Desenvolvimento do Nordeste(GTDN),cujo relatório final enfatizava o aprofundamento do
desequilíbrio regional no Brasil.O relatório preconizou um conjunto de reformas estruturais na
economia nordestina:

*Intensificação dos investimentos industriais;

*Reforma agrária nas terras férteis e úmidas da fachada litorânea;

*modernização da agropecuária do semi-árido;

*Incorporação produtiva da fronteira agrícola maranhense.

A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste(Sudene),fruto do relatório para a


subordinação econômica e política das oligarquias nordestinas.A indústria,não a
agropecuária,era proclamada como caminho para a redenção da região periférica.Os
investimentos de empresas sediadas no Sudeste,não os latifúndios nordestinos,tornavam-se
beneficiários dos incentivos e subsídios federais.Nos primeiro anos da Sudene,a sua ‘época
heróica’’,a espada da reforma agrária chegou a lançar uma sombra ameaçadora sobre a
grande propriedade fundiária da Zona da Mata.

Os debates parlamentares sobre a criação da Sudene refletiram a mudança em curso.O novo


órgão foi bombardeado impiedosamente pela maioria dos representantes nordestinos,que
exprimiam os interesses do latifúndio úmido ou semi-árido.Sua defesa ficou a cargo dos
parlamentares do Centro-Sul e de alguns poucos deputados nordestinos ligados aos interesses
dos poucos grandes grupos industriais e financeiros regionais.

A lei que criou a Sudene definiu como sua área de atuação a totalidade dos nove estados
nordestinos e o extremo norte de Minas Gerais.Em 1998,toda a porção mineira do Vale do
Jequitinhonha e o norte do Espírito Santo foram incluídos na área da Sudene.

O Nordeste e a Globalização

O Planejamento regional comandado pela sudesne realizou-se , durante três décadas , no


interior dos marcos do modelo econômico de substituição de importações .A industrialização
incentivada do Nordeste subordinou a região aos capitais industrias do sudeste,na moldura
definida pelas políticas nacionais de proteção do mercado interno

O esgotamento do modelo de substituição de importações representou uma


encruzilhada para o planejamento regional no nordeste. na década de 1990, a abertura da
economia brasileira a concorrência internacional e as estratégias de atração de investimentos
voltados para a competição globalizada impuseram a adoção de novas formas de intervenção
no espaço nordestino
A primeira novidade consistiu na revisão das prioridades setorias dos incentivos da
sudena .a ênfase quase exclusiva aos projetos industrais deu lugar a uma diversificação dos
incentivos.no setor agrícola, apoio oficial direcionu-se para os novos centros produtores de
frutas.no setor de serviços , o turismo recebeu prioridade,através do apoio a inúmera litorânea
ou nos ‘’brejos’’do sertão e do agreste.

A segunda novidade consistiu na proridade conferida a projetos de infra-estrutura.os


incentivos fiscais e financiamentos dirigiram –se a companhias telefônicas.empresas
elétricas,de saneamento e abastecimento de água .No setor de transportes , a Ferrovia
transnordestina,paralisada desde 992 ,recebeu investimento para a retomada das obras.o
empreedendimento,conduzido pela companhia Ferroviária do nordeste,uma empresa privada,
esta sendo financiado com recursos federais e do estado de Pernanmbuco .A estrada
interligara ,através do sertão os portos de Suape(PE) e Pecém(Ce) e seus ramais a conectarão
á ferrovia Centro-Atlântica , que percorre a gauchada litorânea entre salvador e natal . No
quadro dos investimentos em infra-estruturas continua a se arrastar a já antiga disputa entre o
ceara e Pernambuco em torno do projeto de uma nova refinaria da Petrobras .

Contudo, um ano depois, com a eleição de Lula da Silva,anunciou-se a recriação da


SUDENE e cri ouse um grupo de trabalho interministerial para definir uma novo programa
estratégico para o órgão

Os Pólos da agroindústria empresaria,A oligarquia do açúcar perdeu,há um século,a


condição hegemônica que desfrutava .Mas as paisagens tradicionais da Zona da Mata – com
seus morros , tabuleiros e vales recobertos por plantações cana vieiras quase intocadas .O
latifúndio monocultor e a pobreza do trabalhador rural,as duas faces complementares da sub-
região ,também persistem para afetar a forca das velhas estruturas econômicas e sociais da
região.A principal exceção é o Pólo de cítricos do sul de Sergipe,que se destaca pela produção
de laranja.

O Agreste estruturou-se sobre a pequena produção camponesa de


alimentos.Mas,nas últimas décadas,o avanço da pecuária comercial,de corte e de
leite,provocou mudanças de fundos na economia rural da sub-região ,principalmente na
Paraíba e em minação de sítios , geando concentração fundiária e retração da agricultura
familiar tradicional.

O pólo de Assu-Mossoró , no oeste do Rio Grande do Norte, transformou-se


com a inauguração , em Baixo Vale do Rio Piranhas (ou Açu) . Uma empresa agroindustrial de
porte estabeleceu-se na área,ao lado de médios e pequenos agricultores empresariais .As
culturas de melão e manga incorporam investimentos em pesquisa agronômica e tecnologias
de ponta.Todo o pólo de gruticultura – que abrange tarefas de plantio , colheita
,empacotamento e administração –gera 12 mil empregos diretos .

Nas bordas do semi-árido,já no domínio do cerrado ,as culturas mecanizadas de


soja,milho ,arroz e feijão invadiram o oeste baiano ,especialmente a região de barreiras ,eo sul
do Maranhão e do Piauí.

O impulso da modernização.associado aos fluxos migratórios de agricultores do


sul do pais ,resultou no desenvolvimento de atividades como a avicultura ,a criação de suínos
e a instalação de fábricas de processamento de soja e frigoríficos

As águas do São Francisco, O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra , na


porção meridional de Minas Gerais ,atravessa de sul a norte o Sertão baiano , assinala os
limites entre a Bahia e Pernambuco e ,no baixo curso ,os limites entre Sergipe e Alagoas . A
unidade geográficas e cultural do Vale São Francisco Foi contruida desde o povoamento
original das várzeas pelas fazendas de gado , nos tempos colônias .

No pós-guerra, essa unidade começou a ser ameaçada,A navegação tornou-se


secundária ,diante dos usos concorrentes das águas do rio para a geração elétrica e
irrigação .Mas o golpe fatal foi desferido pela construção e pavimentação de rodovias
interligado o alto vale a Belo Horizonte e o médio vale a Salvador. As infra-estruturais viárias
estabeleceram eixos de circulação transversais ao vale fluvial e consolidaram a influencia das
duas metrópoles sobre o longínquo interior . o pleno desaparecimento dos vapores que
singravam o São Francisco e a decadência de diversos núcleos portuários simbolizaram o fim
de uma época.

A transfiguração do rio São Francisco noa esta concluída. As demandas de água


para irrigação na porção sentetrional dôo semi-árido geraram o polêmico projeto de
transposição das águas do São Francisco , que na sua versão atual envolve o desvio,por meio
de canais,de um mínio de 26 m³/s para bacias hidrográficas do Ceará ,Rio Grande do Norte e
Paraíba.

A Modernização conservadora

A sujeição das elites nordestinas à hegemonia do Centro-Sul realizou-se por via


pacífica,através do compromisso e da conciliação.A estrutura organizacional da Sudene
traduzia esse método: o Conselho Deliberativo,instância máxima de decisão,foi composto pelos
governadores dos onze estados de sua área de atuação.O golpe de Estado de 1964 e a
instalação do regime militar extinguiram a ameaça da reforma agrária que pairava sobre
usineiros da Zona da Mara.

As reformas estruturais preconizadas no momento da criação da Sudene foram,na sua maior


parte,abandonadas após o golpe militar de 1964.Contudo,o projeto de industrialização do
Nordeste tornou-se o foco de atuação do órgão federal.Por meio de um vasto programa de
incentivos fiscais,o Estado conseguiu direcionar investimentos privados do Centro-Sul para o
Nordeste.A implantação de usinas hidrelétricas no rio São Francisco e a presença de mão-de-
obra abundante e barata funcionaram como incentivos suplementares.

Na Bahia,essa estratégia conduziu à criação do Pólo Petroquímico de Camaçari e do distrito


industrial de Aratu,ambos na região metropolitana de Salvador.O Pólo de
Camaçari,estabelecido na década de 1970,gira em torno da Refinaria Landulfo Alves,da
Petrobras.O parque industrial químico impulsionou o conjunto da economia baiana,tornando-se
logo a principal fonte de receita tributária do estado.No distrito de Aratu predominam as
indústrias de bens de consumo duráveis atraídas pelos incentivos da Sudene.

O impulso promovido pela Sudene gerou também pólos de produção de bens intermediários
como as indústrias de fertilizantes de Sergipe e o complexo químico Salgema de Alagoas.Os
insumos produzidos por esses pólos são,em geral,transformados no Sudeste.

Em Pernambuco, os investimentos concentraram-se nas cidades de Jaboatão , Cabo e


Paulista ,que fazem parte da região metropolitana de Recife.Nessa aglomeração também
predominam as indústrias de bens duráveis ,controladas por capitais sediados no Centro-Sul

O Ceará seguiu trajetória diferente.Os incentivos da SUDENE contribuíram para a


formação de um importante pólo têxtil em Fortaleza,baseado principalmente em capitais locais
e herdeiro da tradicional indústria doméstica de fiação e tecelagem.
Sob a Sudene , o Nordeste emergiu como região industrial periférica,conectadas aos
capitais sediados no Sudeste .Os laços de dependência manifestam-se com especial nitidez no
caso da industria de bens intermediários –produtos químicos,petroquímicos e metalurgia-que
funcionam como insumos para as empresas do sudeste.

Do ponto de vista geográfico,a SUDENE norteouse pela teoria dos pólos de


desenvolvimento , que dominou as discussões sobre o planejamento regional nas décadas do
pós-guerra .A tese básica consistia na crença de que o desenvolvimento regional podia ser
induzido por meio da implantação de estruturas produtivas modernas em um ponto
determinado do espaço geográfico .As tecnologias e as riquezas geradas nesse ponto iriam
difundir-se por todo o entorno,forçando a modificação do arabouço econômico de região.

A teoria dos pólos de desenvolvimento explica a preferências marcante da


SUDENE pelos conglomerados industriais,em detrimento das medidas e pequenas empresas.A
liderança dos investimentos incentivados ficou com as industrias químicas,metalúrgicas ,de
minerais não – metálicos ,de material elétrico e de comunicações .

A Industrialização incentivada da economia nordestina,no inicio da década de 1960 e


no intervalo 1975-1985, quando o PIB do pais.Mas , num horizonte mais amplo,constata-se que
a SUDENE não alcançou a meta de reduzir as desigualdades econômicas entre o Nordeste e o
Centro-Sul .Além disso,a expansão da economia,que grosso modo acompanhou as taxas
nacionais ,não se refletiu na diminuição das desigualdades sociais nordestinas

Os ''nordestes''

O Nordeste atual,como unidade regional,configurou-se apenas no pós-guerra.A divisão


regional do IBGE de 1946 ainda excluía os estados da Bahia e Sergipe do
Nordeste,agrupando-os ao lado de Minas Gerais,Espírito Santo e Rio de Janeiro numa região
leste.Foi o aprofundamento do processo de integração nacional sob o comando do Sudeste
que condicionou a emergência do que hoje se denomina Nordeste.Antes desse processo, o
que existia era uma pluraridade de ''nordestes''.
Na época colonial,delineou-se nitidamente um ''Nordeste açucareiro'',que correspondia
essencialmente à região de influência direta de Recife,abragendo os atuais estados de
Pernambuco,Alagoas,Paraíba e Rio Grande do Norte.Os ''barões do açúcar'',proprietários de
engenhos e,mais tarde,de usinas formavam uma elite oligárquica que detinha o poder
econômico e o controle político regional.
Na Bahia,embora a economia também se apoiasse nos engenhos de açúcar,formou-se,na
época colonial,uma oligarquia própria.Salvador,sede do Governo-geral até o século XVlll,era o
centro de poder da oligarquia baiana,cuja influência estendia-se até Sergipe.
No início do século XX,no sudeste da Bahia,em torno das cidades de Ilhéus e
Itabuna,estruturou-se o ''Nordeste cacaueiro''.A produção de cacau,destinada aos mercados da
Europa e dos Estados Unidos,propiciou a emergência de uma oligarquia regional de ricos
fazendeiros.No interior das belas fazendas,a cultura sombreada do cacau preservou,em grande
parte,a cobertura original de matas tropicais.
Os ''nordestes'' do açucar e do cacau correspondem à faixa úmida litorânea,em relevo de
planícies e tabuleiros.Essa faixa constitui a sub-região da Zona da Mata.
O Sertão abrange todo o domínio da caatinga e,ainda,as áreas de cerrado do oeste
baiano,Historicamente,a economia da sub-região sertaneja individualizou-se na segunda
metade do século XlX,organizando-se com base no latifúndio algodoeiro-pecuarista e no poder
político dos ''coronéis'', os grandes proprietários de terra.
Nesse época,configurou-se o ''Nordeste algodoeiro-pecuarista''.A expansão acelerada da
indústria têxtil européia, principalmente inglesa,multiplicava a demanda pelo algodão,enquanto
a Guerra de Secessão (1861-1865) provocava o colapso das exportações do sul dos Estados
Unidos.Nessas condições,ocorreu uma explosão de produção algodoeira no semi-árido
nordestino,beneficiado por condições ecológicas favoráveis ao cultivo do algodão de fibra
longa.
A estreita faixa do Agreste,marcada pelo parcelamento da terra e pela policultura
familiar,forma a transição ecológica entre o clima tropical úmido e o semi-árido.O
desenvolvimento da pequena agricultura de alimentos e o crescimento das cidades do Agreste
resultaram em expansão do latifúndio canavieiro na Zona da Mata,no século XlX.Mais tarde,os
produtores do Agreste tornaram-se fornecedores de alimentos para as cidades litorâneas.
O Meio-Norte compreende a parte ocidental do Piauí e o Maranhão e constitui uma extensa
área de transição entre os domínios semi-árido e equatorial.O Piauí,ocupado inicialmente pela
expansão da pecuária no semi-árido,manteve ligações tênues com o centro econômico
açucareiro.o Maranhão,bastante separado da dinâmica econômica nordestina,funcionou como
trampolim para a colonização do vale amazônico e atualmente está muito mais integrado á
Região Norte que ao Nordeste.
O contraste entre os ''nordestes'' refletia-se também na constituição de oligarquias fundiárias
distintas e concorrentes.O advento da República propicionou disputas intermináveis entre os
''barões do açúcar'' da Zona da mata e os ''coronéis'' do Sertão pelo controle das máquinas
políticas estaduais.

Trabalho
De

Geografia

Nome: Carlos P C
N°05 Serie: °B

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