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TERRITORIAL DO BRASIL
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
História da Formação Territorial do Brasil – Prof.ª Ms. Geórgia Stefânia Picelli Laubstein
Oliveira e Prof.ª Ms. Carolina Ferrucci Monção
HISTÓRIA DA FORMAÇÃO
TERRITORIAL DO BRASIL
Batatais
Claretiano
2014
© Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP)
Versão: ago./2014
918.1 O45h
CDD 918.1
Preparação Revisão
Aline de Fátima Guedes Cecília Beatriz Alves Teixeira
Camila Maria Nardi Matos Felipe Aleixo
Carolina de Andrade Baviera Filipi Andrade de Deus Silveira
Cátia Aparecida Ribeiro Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Dandara Louise Vieira Matavelli Rafael Antonio Morotti
Elaine Aparecida de Lima Moraes Rodrigo Ferreira Daverni
Josiane Marchiori Martins Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Lidiane Maria Magalini
Vanessa Vergani Machado
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Projeto gráfico, diagramação e capa
Patrícia Alves Veronez Montera Eduardo de Oliveira Azevedo
Raquel Baptista Meneses Frata Joice Cristina Micai
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Simone Rodrigues de Oliveira Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Bibliotecária Tamires Botta Murakami de Souza
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Wagner Segato dos Santos
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do
autor e da Ação Educacional Claretiana.
ANEXO........................................................................................................................ 81
Caderno de
Referência de
Conteúdo
CRC
Conteúdo––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Tratados portugueses no período colonial. Matrizes étnicas do Brasil. Cunhadis-
mo. Processo de ocupação regional do Brasil. Disputas e acordos territoriais com
países vizinhos. Consolidação das fronteiras atuais.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Para facilitar o estudo de História da Formação Territorial do
Brasil, dividimos o conteúdo em quatro unidades, que serão resu-
midamente apresentadas a seguir.
Na Unidade 1, conheceremos a formação territorial brasilei-
ra entre os séculos 15 e 17. Para isso, compreenderemos o início
da ocupação do território brasileiro e os fatores que contribuíram
para sua configuração territorial. Além disso, vamos analisar os
conceitos de território e lugar, bem como suas implicações para o
estudo da formação territorial brasileira.
8 © História da Formação Territorial do Brasil
Abordagem Geral
Prof. Luiz Ricardo Meneghelli Fernandes
Colonização portuguesa
A ideia que vincula a colonização portuguesa a um empre-
endimento capitalista foi desenvolvida por Caio Prado Júnior. Esse
autor escreveu diversos textos sobre o Brasil, enfatizando, princi-
palmente, a sociedade brasileira. Trata-se de um autor essencial
para a compreensão da História do Brasil, especialmente no que se
refere à formação territorial. É importante destacarmos aqui que
a ocupação do território brasileiro se iniciou pelo litoral e se asso-
ciou, especialmente, à economia canavieira.
A Coroa Portuguesa possuía intenções comerciais ao povoar
o território brasileiro. E é por esse motivo que podemos dizer que
se tratou de um empreendimento capitalista.
No CRC, você ainda terá a oportunidade de compreender as
relações existentes entre desenvolvimento econômico, ocupação
do território e expansão territorial. Embora essa relação possa
também ser utilizada para analisar o processo de produção do ter-
ritório brasileiro como um todo, nosso olhar estará concentrado
nas transformações territoriais ocorridas no século 19.
Neste momento, é importante que você entenda que as
transformações pelas quais o território brasileiro passou ocorre-
ram ao longo do tempo, fazem parte de um processo no qual um
fator depende do outro.
Essa ideia de processo é muito importante porque nos ajuda
a pensar sobre as transformações territoriais como um sistema,
isto é, as mudanças ocorridas ao longo dos tempos não acontecem
isoladamente, existem muitos fatores interdependentes que con-
tribuem para que o território esteja em constante transformação.
© Caderno de Referência de Conteúdo 13
Modernização técnica
O que difere esse período dos anteriores é a questão da mo-
dernização das empresas e, consequentemente, da possibilidade
técnica. A partir da década de 1970, as empresas brasileiras mo-
dernizam-se devido ao aprimoramento das técnicas da informa-
ção. Se antes era muito difícil estabelecer relações comerciais com
lugares muito distantes do centro econômico, a partir da década
de 1970 essas distâncias têm a possibilidade de serem encurtadas
pelo aprimoramento das técnicas das comunicações, isto é, das
técnicas que melhoram e modernizam serviços de comunicação
como telefones, correios, meios de transporte etc.
Mas, é a partir da década de 1990 que essa possibilidade
técnica se concretiza e influencia diretamente na configuração do
território. O uso intensivo do computador por bancos e empresas
facilita a comunicação entre os lugares, entre as cidades mais dis-
tantes do país. As possibilidades comerciais aumentam, e, ao mes-
mo tempo, devido a modernização dos meios de transporte, as
empresas passam a interessar-se pelo interior do Brasil, especial-
mente pelos estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul.
O processo de urbanização começa a ser mais intensamente
disseminado pelo território brasileiro. Nessa década, as pequenas
cidades começam a aumentar sua população; o processo de me-
tropolização efetiva-se, com destaque especial para a região me-
tropolitana de São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador.
O aprimoramento técnico é um dado fundamental para a
transformação do espaço, dos lugares e, consequentemente, do
território. E esse melhoramento técnico somente foi possível por-
que a ciência vem colaborando cada vez mais para isso.
O que difere os dias atuais dos séculos anteriores, quanto ao
processo de formação do território, é justamente a ciência que, ao
Claretiano - Centro Universitário
16 © História da Formação Territorial do Brasil
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rá-
pida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um
bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados neste Caderno de Referência de
Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Companhias siderúrgicas: empresas que trabalham com
a metalurgia, mais especificamente com a fabricação do
aço.
2) Fluxo migratório: tendência no deslocamento popula-
cional. Nos séculos 17, 18 e 19, os deslocamentos po-
pulacionais estavam ligados direta e indiretamente ao
desenvolvimento econômico de determinadas regiões
brasileiras.
3) Latifúndio: grande extensão de terra, muitas vezes im-
produtiva. No Brasil, o latifúndio predomina nas regiões
Centro-Oeste e Norte. Na região Centro-Oeste, os lati-
fúndios destinam-se ao cultivo principalmente da soja
para exportação. O latifúndio representa um problema
para a Reforma Agrária, devido à concentração dessas
grandes extensões de terras nas mãos de um grupo res-
trito de pessoas.
4) Plano de Metas: política de desenvolvimento elaborada
no governo de Juscelino Kubitschek, cujo principal obje-
tivo era contribuir para o crescimento e desenvolvimen-
to da porção central do território brasileiro.
Desenvolvimento Desenvolvimento
Territorial – século territorial – século
15 a 17 20 e período atual
Desenvolvimento
territorial – século
18 e 19
Colonização do Ocupação e
território brasileiro transformações
no território
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertati-
vas.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com a prática do ensino de Geografia pode ser uma
forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re-
solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará
se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além
disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhe-
cimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profis-
sional.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as Biblio-
grafias Complementares.
Dicas (motivacionais)
O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida
você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo
de emancipação do ser humano. É importante que você se atente
às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes
nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas
com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui-
lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se
conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce-
bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele
à maturidade.
Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade
EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente.
Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor
presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri-
mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em
seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode-
rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ-
ções científicas.
© Caderno de Referência de Conteúdo 23
3. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Hucitec,
2002.
2. CONTEÚDOS
• Conceitos de território e lugar.
• História do Descobrimento do Brasil.
• Tratado de Tordesilhas e ocupação do território brasileiro.
• Início da definição territorial do Brasil.
• Principais tratados de limites do período.
26 © História da Formação Territorial do Brasil
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Pensando na importância do conceito território, iniciaremos
esta unidade questionando: Como podemos entender o que é ter-
ritório? Qual a diferença entre lugar e território para a Geografia?
Para que possamos estudar a história da formação territo-
rial do Brasil, é necessário que compreendamos o significado de
território para a Geografia. Sem essa compreensão, não consegui-
remos, mais adiante, entender por que utilizamos a ideia de cons-
trução e produção do território.
Faremos aqui um breve resumo das principais ideias vincu-
ladas à definição de território. Nossos estudos estarão baseados
especialmente nas discussões elaboradas pelo geógrafo Milton
Santos.
Discutiremos as principais ideias desse autor sobre território
para que, assim, possamos nos familiarizar com os demais con-
ceitos geográficos que influenciarão diversos estudos ao longo de
todo o curso.
Outra questão abordada nesta primeira unidade será rela-
tiva a algumas noções básicas sobre a História do Brasil, o início
da colonização e os principais tratados que iniciam a configuração
territorial brasileira.
© U1 – Evolução Territorial Brasileira: Séculos 15-17 27
Tratado de Tordesilhas
Antes da chegada dos portugueses ao Brasil, as terras locali-
zadas no hemisfério sul já contavam com uma divisão estabelecida
entre as duas grandes potências do século 15: Portugal e Espanha.
Estamos nos referindo ao Tratado de Tordesilhas. Observe a Figura 1:
Capitanias Hereditárias
Em 1530, chegou ao Brasil a primeira expedição colonizado-
ra de fato. Simultaneamente, foi aqui instalado o sistema de Capi-
tanias Hereditárias, que podemos visualizar na Figura 2:
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comentar
as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida nesta
unidade.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
8. CONSIDERAÇÕES
O conteúdo desenvolvido nesta primeira unidade teve como
principal objetivo fazer com que iniciemos nossas próprias refle-
xões sobre o desenvolvimento territorial brasileiro. Entretanto, os
temas tratados não se encerram aqui. Existem muitas informações
na internet, especialmente quanto às datas e às relações de todos
os tratados de limites que contribuíram para a configuração terri-
torial brasileira.
É imprescindível que o futuro professor de Geografia compre-
enda os processos que contribuíram para a formação territorial do
Brasil, e não decore os acontecimentos como uma sequência lógica.
Foi com a intenção de que tenhamos a oportunidade de re-
fletir e compreender a história da formação territorial do Brasil
que nos propusemos a elaborar este texto inicial. Caberá ao futuro
professor aprofundar o aprendizado desse processo, interagindo
com seus colegas, pesquisando e fazendo as reflexões sugeridas.
Continue com a gente!
9. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
Figura 1 Tratado de Tordesilhas. Disponível em: <http://www.geocities.com/cecan2000/
cecilia/tordesilhas.jpg>. Acesso em: 10 maio 2008.
Figura 2 Divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias. Disponível em: <http://www.
geocities.com/cecan2000/cecilia/brasilnosso.htm>. Acesso em: 10 maio 2008.
© U1 – Evolução Territorial Brasileira: Séculos 15-17 35
Site pesquisado
NORDESTEWEB. O Brasil (segundo Milton Santos). Disponível em: <http://www.
nordesteweb.com/not02/ne_not_20010202a.htm>. Acesso em: 27 jun. 2012.
2
1. OBJETIVOS
• Conhecer o início da colonização portuguesa no Brasil e
as tentativas iniciais de conquista do território.
• Compreender como se deu a conquista e ocupação do es-
paço brasileiro durante o século 19.
• Analisar as mudanças ocorridas no espaço brasileiro e a
produção do território.
2. CONTEÚDOS
• Colonização portuguesa no Brasil.
• Ocupação e transformações do território brasileiro.
• Economia e as transformações no território.
38 © História da Formação Territorial do Brasil
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, nossos estudos serão aprofundados, de for-
ma que possamos compreender e refletir sobre a intencionalidade
da Coroa Portuguesa em colonizar o Brasil e sobre os reflexos que
a colonização teve para a configuração do território brasileiro.
Perceberemos que há uma intrínseca relação entre desen-
volvimento econômico, ocupação do território e expansão terri-
torial.
Veremos ainda que, no século 19, muitas mudanças contri-
buíram para a expansão do povoamento do território brasileiro,
e, no final desse período, o desenvolvimento econômico, baseado
© U2 – Processo de Produção do Território Brasileiro 39
Correntes migratórias
As correntes migratórias são um indício das transformações
territoriais. Se, no início do século 19, havia uma tendência de mi-
gração do Nordeste para o Norte, devido à queda da economia
canavieira no Nordeste e o crescente desenvolvimento econômico
da região Norte (ciclo da borracha), no final do século 19, o fluxo
migratório modifica-se, direcionando-se do Nordeste para o Su-
deste, dado o crescente e próspero desenvolvimento econômico
dos estados de Minas gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.
Economia cafeeira
No final do século 19, toda a região Sudeste, principalmen-
te São Paulo, passa a desenvolver-se economicamente graças ao
crescimento da economia cafeeira, sendo esta a grande responsá-
vel pela expansão do povoamento dessa região e, em especial, da
cidade de São Paulo:
Esgotado o ciclo da mineração do ouro em Minas Gerais, outra ri-
queza surgia, provocando a emergência de uma aristocracia e pro-
movendo o progresso do Império e da Primeira República.
Penetrando pelo vale do rio Paraíba, a mancha verde dos cafezais,
que já dominava paisagem fluminense, chegou a São Paulo, que, a
partir da década de 1880, passou a ser o principal produtor nacio-
nal da rubiácea (café). Na sua marcha foi criando cidades e fazendo
fortunas. Ao terminar o século XIX, o Brasil controlava o mercado
cafeeiro mundial (HISTORIANET, 2012).
© U2 – Processo de Produção do Território Brasileiro 47
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Como se deu a conquista e ocupação do espaço brasileiro durante o século
19?
8. CONSIDERAÇÕES
Tivemos a oportunidade de concluir, nesta unidade, que a
configuração do território brasileiro acontece em função do seu
desenvolvimento econômico.
As mudanças territoriais mais profundas ocorrem justamen-
te nos locais onde esse desenvolvimento econômico se dá de for-
ma mais acentuada. Por isso, as modificações nas fronteiras inter-
nas estão associadas também às mudanças do eixo econômico.
É importante, de um modo geral, compreender que o desen-
volvimento e a modernização técnica influenciam diretamente na
estruturação do território.
Vimos aqui que, se, no início do século 19, o desenvolvimen-
to territorial estava restrito a alguns pontos, no final desse mes-
mo século, essa situação começa a mudar, devido ao avanço das
9. E-REFERÊNCIA
HISTORIANET. A Expansão do café no Brasil. Disponível em: <http://www.historianet.
com.br/conteudo/default.aspx?codigo=518>. Acesso em: 27 jun. 2012.
2. CONTEÚDOS
• Desenvolvimento econômico e expansão do território
brasileiro na primeira metade do século 20.
• Transformações no espaço brasileiro na segunda metade
do século 20.
52 © História da Formação Territorial do Brasil
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na unidade anterior, compreendemos como a intencionali-
dade capitalista da Coroa portuguesa influenciou a ocupação e a
produção do território brasileiro. Além disso, analisamos o desen-
© U3 – Produção do Território Brasileiro no Século 20 53
Década de 1970
A partir da década de 1970, as empresas brasileiras se mo-
dernizam devido ao aprimoramento das técnicas da informação.
Se, antes dessa década, era muito difícil estabelecer relações
comerciais com lugares muito distantes do centro econômico, a
partir dos anos de 1970, essas distâncias têm a possibilidade de
ser encurtadas pelo aprimoramento das técnicas das comunica-
ções, isto é, das técnicas que melhoram e modernizam serviços,
como telefones, correios, meios de transporte etc.
Década de 1990
É a partir da década de 1990 que as possibilidades das ino-
vações técnicas se concretizam e influenciam diretamente na con-
figuração do território.
O uso intensivo do computador por bancos e empresas fa-
cilita a comunicação entre os lugares e cidades mais distantes do
país. As possibilidades comerciais aumentam e, ao mesmo tem-
po, devido à modernização dos meios de transporte, as empresas
passam a se interessar pelo interior do Brasil, especialmente pelos
estados de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. O processo
de urbanização começa a ser intensamente disseminado pelo ter-
ritório brasileiro.
Nessa década, as pequenas cidades começam a aumentar
sua população e o processo de metropolização se efetiva, com
destaque especial para a região metropolitana de São Paulo, Belo
Horizonte, Porto Alegre e Salvador.
O crescimento das cidades passa a ser preocupação de go-
vernos e de estudiosos do meio acadêmico, sendo que alguns deles
estabelecem, para analisar o espaço urbano, uma nomenclatura
para as cidades: Cidades Pequenas, Cidades Médias e Metrópole.
© U3 – Produção do Território Brasileiro no Século 20 63
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Como se deu a expansão territorial brasileira no século 20?
8. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, tivemos a oportunidade de observar grandes
transformações econômicas no Brasil durante o século 20 e com-
preender que essas transformações influenciaram direta e indire-
tamente a formação do território nacional.
É importante atentarmos para o fato de que, no final do sé-
culo 20 e início do século 21, o Brasil se torna cada vez mais uni-
ficado, especialmente pela ampliação dos meios de comunicação,
não obstante os contrastes econômicos e sociais entre as regiões
brasileiras se agravarem cada vez mais.
Assim, frente a essas reflexões, cabe a você, futuro profes-
sor, proporcionar aos seus futuros alunos a compreensão das dife-
renças regionais entre os vários estados brasileiros.
9. E-REFERÊNCIAS
Figura
Figura 1 Avenida Paulista no início do século 20. Disponível em: <http://www.
skyscrapercity.com/showthread.php?t=284780>. Acesso em: 27 jun. 2012.
Sites pesquisados
CLUBE MUNDO. Revista Pangea: Quinzenário de Política, Economia e Cultura. Disponível
em: <http://www.clubemundo.com.br/revistapangea>. Acesso em: 27 jun. 2012.
CPDOC. A Era Vargas: dos anos 20 a 1945. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/producao/
dossies/AEraVargas1/anos37-45/EstadoEconomia/CSN>. Acesso em: 27 jun. 2012a.
______. O Governo de Juscelino Kubitschek. Disponível em: <http://cpdoc.fgv.br/
producao/dossies/JK/artigos/Economia/PlanodeMetas>. Acesso em: 27 jun. 2012b.
2. CONTEÚDOS
• Tendências de configuração do espaço brasileiro.
• Desenvolvimento e crescimento das cidades.
• Desenvolvimento econômico atual e a expansão do terri-
tório brasileiro.
66 © História da Formação Territorial do Brasil
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade, estudaremos as tendências de configuração
do território brasileiro. Teremos a oportunidade de refletir sobre
o crescimento das cidades, enfatizando o fato de que São Paulo
continua sendo o centro financeiro do país.
Contudo, há, atualmente, a possibilidade de que diferentes
lugares conheçam o mesmo tipo de desenvolvimento vivenciado
por São Paulo, em virtude do grande avanço técnico e científico
das comunicações. Nesse sentido, é preciso também considerar a
expansão do capital como, por exemplo, o avanço do capitalismo
no campo.
© U4 – Tendências de Ocupação e Configuração Espacial do Território Brasileiro
– Final do Século 20 até os Dias Atuais 67
Meio natural
O meio natural é caracterizado pelo "tempo lento", no qual
as ações do homem estão limitadas à "grandiosidade da natureza".
Nesse período, o homem ainda não tinha o domínio de técnicas
que lhe permitissem dominar a natureza. O meio natural predo-
Meio técnico
Foi também no final do século 19 que o homem começou a
aprimorar determinadas técnicas e conseguiu, então, "dominar a
natureza". Assim, é o tempo da fábrica que comanda e não mais o
tempo cíclico, da natureza.
Na verdade, esse avanço técnico já podia ser verificado na
Europa, porém chegou ao Brasil aos poucos, provocando modifica-
ções significativas no território a partir do final do século 19.
Esse período foi caracterizado por ser o "tempo das máqui-
nas", ao qual Santos (2002) chama de meio-técnico. Como você
pode se lembrar, refletimos sobre esse período no decorrer das
Unidades 2 e 3.
Meio técnico-científico-informacional
Com o passar dos anos, as técnicas modernizaram-se ainda
mais e, na década de 1970, ganharam em eficiência graças aos
avanços científicos, que melhoraram as tecnologias já existentes,
especialmente as de informação.
Esse período é chamado, por Santos (2002), de meio técni-
co-científico-informacional, e será estudado nesta unidade.
6. MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL
Atualmente, vivemos em um período denominado por San-
tos (2002) de meio técnico-científico-informacional, cujas princi-
pais características veremos neste tópico.
Nesse contexto, a ciência e a técnica, que se desenvolveram
no país a partir da década de 1970, ganharam o respaldo da in-
formática, aliada à globalização e sob a égide do mercado, que é
global.
Segundo Santos e Silveira (2001, p. 53):
O território ganha novos conteúdos e impõe novos comportamen-
tos, graças às enormes possibilidades da produção e, sobretudo,
da circulação dos insumos, dos produtos, do dinheiro, das idéias e
informações, das ordens e dos homens.
Século 20
No século 20, o Brasil mostrou a sua vocação industrial e as
indústrias se instalaram em diversos estados como Bahia, Pernam-
buco, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, onde as vias
de comunicação encontravam-se mais bem estruturadas. O eixo
Rio – São Paulo despontou como uma área de acumulação da pro-
dução industrial, o que beneficiou, também, os estados da Região
Sul (SANTOS; SILVEIRA, 2001).
Até meados do século 20, o território nacional encontrava-
-se segmentado. Nesse período, subsequente à Segunda Guerra
Mundial, foram estabelecidos Planos Nacionais para permitir as li-
gações ferroviárias e rodoviárias entre as diversas porções do país,
assim como privilegiar o desenvolvimento das telecomunicações.
A complementação do sistema de transportes e a melhoria
das comunicações constituíram as condições materiais para unifi-
car o território, seguidas da criação de Brasília com suas interliga-
ções com o resto do país.
A partir dos anos 80, vemos uma difusão da nova moderni-
dade, com uma dispersão no território de indústrias dinâmicas, de
uma agricultura moderna e do respectivo setor de serviços.
11. CONSIDERAÇÕES
Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer as
tendências de ocupação e de estruturação do território brasileiro
do final do século 20 até os dias atuais.
Entretanto, é importante destacar que essas tendências são
apenas uma parte de todo o processo. Escolhemos traçar aqui
aquelas que julgamos mais relevantes para a compreensão da for-
mação do território brasileiro.
A você, aluno e futuro professor, cabe a tarefa de estar sem-
pre atento às noticias veiculadas nos mais diversos meios de co-
municação para buscar a atualização dos seus conhecimentos.
© U4 – Tendências de Ocupação e Configuração Espacial do Território Brasileiro
– Final do Século 20 até os Dias Atuais 79
12. E-REFERÊNCIAS
Figura
Figura 1 Mapa da densidade demográfica do país. Disponível em: <http://www.ibge.gov.
br/brasil_em_sintese/territorio03.htm>. Acesso em: 27 jun. 2012.
Site pesquisado
IBGE. Densidade demográfica. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/brasil_em_
sintese/territorio03.htm>. Acesso em: 27 jun. 2012.
Anexo
1. APRESENTAÇÃO
O texto a seguir constitui um material de apoio às atividades
desenvolvidas no Caderno de Referência de Conteúdo de História
da Formação Territorial do Brasil.
Trata-se de um resumo de obras fundamentais para a com-
preensão do complexo processo de formação territorial brasileiro.
A obra A questão do território no Brasil, de Manuel Correia
de Andrade, apresentada em forma de coletânea de artigos, traz
para o debate questões imprescindíveis ao entendimento da for-
mação social e econômica do Brasil à luz da ocupação de seu ter-
ritório: a pecuária e a produção de alimentos no período colonial;
a ocupação territorial e a evolução das cidades e vilas brasileiras
no século 16 e 17; a questão da terra na Primeira República. Traz,
ainda, a contribuição de Josué de Castro e Orlando Valverde para
o conhecimento científico brasileiro. O primeiro, preocupado com
o fenômeno da fome no Brasil e no mundo e seus aspectos geo-
gráficos, sociais e econômicos; o segundo, ideólogo e militante de
questões como a propriedade da terra e a exploração do homem
do campo, a reforma agrária e a defesa da Amazônia.
Já a obra História Econômica do Brasil, de Caio Prado Júnior,
é um estudo primordial em que o autor analisa a história do país
desde o período colonial até os anos de 1960, empreendendo in-
cursões detalhadas de nossa formação econômico-social-capitalis-
ta e suas relações com a ocupação do território nacional. O autor
analisa as transformações das atividades econômicas brasileiras
no decorrer da história do país e sua estreita relação com o nosso
passado colonial.
Vejamos o resumo dessas obras.
A questão do território
De uso corrente nas ciências sociais e naturais, o termo ter-
ritório vem sendo usado cada vez mais também em estudos da
Geografia (sobretudo, em assuntos relacionados à Geopolítica) e,
atualmente, compete com os termos espaço e região (bastante
tradicionais dessa ciência).
Se, nas ciências naturais, o território é entendido como a
área em que uma espécie animal exerce poder e influência, nas
ciências sociais, essa expressão vem sendo utilizada desde o sécu-
lo 19 por geógrafos como Frederico Ratzel (a ênfase de sua análi-
se está na finalidade do Estado no controle do território) e Élisée
Reclus (preocupado com as relações entre as classes sociais e o
espaço dominado).
Manuel Correia de Andrade apresenta a oposição entre Es-
tado e nação de acordo com os especialistas em Teoria do Estado:
[…] Estado se caracteriza por possuir três elementos essenciais: o
território, o povo e o governo, ao passo que a nação é caracterizada
pela coexistência do território e do povo, mesmo inexistindo gover-
no e, consequentemente, o Estado (1995, p. 19).
Rica (Ouro Preto), Mariana, São João Del Rel, Diamantina, Vila Boa
de Goiás e Cuiabá.
Na região Sul do Brasil, o povoamento na área litorânea não
foi significativo, já no interior, na porção oeste, os jesuítas organi-
zaram um Estado teocrático, com o desenvolvimento de aglome-
rados, chamados de "missões", onde se praticavam a pecuária e a
agricultura de subsistência.
O processo de ocupação da Amazônia foi mais lento, estan-
do, inicialmente, associado ao ciclo da borracha. No entanto, esse
ciclo não teve uma longa duração e, a partir da década de 1930,
políticas de governo contribuíram para a ocupação da Amazônia:
no período Vargas, o governo criou projetos de colonização agrí-
cola para o desenvolvimento do Estado de Mato Grosso de Goiás
e Mato Grosso e criou cinco territórios federais, com a finalidade
de incrementar a economia das áreas fronteiriças. Na gestão de
Juscelino Kubitschek, foi realizada a construção de Brasília (nova
capital federal) e, a partir dela, a abertura de várias rodovias em
direção ao Norte e Nordeste brasileiros. No período da Ditadura
Militar (1964-1985), vários projetos foram viabilizados para ocu-
par a Amazônia, tais como: construção de estradas, construção de
represas no rio Amazonas e os polêmicos projetos de mineração,
que implicaram a concessão de enormes extensões de terras, for-
mação de imensos latifúndios e grandes impactos ambientais.
Dificuldades de administração causadas pela grande extensão terri-
torial das unidades políticas e pela dispersão da população levaram
estudiosos da Amazônia a propor uma nova redivisão territorial
com o desmembramento dos grandes estados em estados e terri-
tórios de menor extensão. Mas as finanças nacionais disporiam de
recursos suficientes para a implantação de novos estados e territó-
rios? (ANDRADE, 1995, p. 28).
Já os sociólogos
[...] usavam o termo, sobretudo quando este se referia a peque-
nos produtores agrícolas, proprietários, arrendatários ou meeiros,
comparando-os com os chamados servos da gleba do feudalismo
europeu, para distingui-los dos trabalhadores rurais assalariados
(ANDRADE, 1995, p. 68).
Com o passar dos anos, ele observou que essas opções esta-
vam deslocadas da realidade brasileira e por isso eram considera-
das utópicas.
No que diz respeito à formulação do pensamento geográfico,
grandes nomes do cenário nacional, como Joaquim Nabuco e Eu-
clides da Cunha, eram deixados de lado em detrimento de autores
europeus praticantes de uma geografia mais ortodoxa, como Pier-
re Deffontaines, Pierre Monbeig e Leo Waibel (este último grande
inspirador de Orlando Valverde).
A criação, em 1939, do Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística (IBGE), conferiu a Valverde a oportunidade de fazer uma
Geografia em moldes científicos, pois, ainda que as finalidades
dessa instituição fossem político-administrativas, o caminho per-
corrido era científico.
Ao criá-lo, Getúlio Vargas, vitorioso no golpe de 10 de novembro de
1937 procurava destruir a federação brasileira, unificando a admi-
nistração tradicional, estadualizada pela República de 1889, e fazia
uma concentração de poder em nível nacional. Para isso, o IBGE
tinha tarefas a cumprir, ou seja, planejar uma revisão territorial e
administrativa do Brasil, ideia defendida pelos geopolíticos ratzelia-
nos dos anos 1920; como Everardo Beckhauser e Teixeira de Frei-
tas; organizar o censo de 1940; que deveria ter mais credibilidade
do que o de 1920, muito criticado; organizar, em nível nacional, o
sistema de estatística; elaborar a Carta do Brasil ao milionésimo e
desenvolver estudos sobre o país, predispondo-o a grandes trans-
formações (ANDRADE, 1995, p. 121).
Preliminares (1500-1530)
O meio geográfico
Com o objetivo de apresentar o cenário onde "se desenrola
a história" que a obra pretende analisar, o autor tece comentários,
em poucas páginas, sobre o que ele chamou de "meio geográfico".
Além disso, ele apresenta as características físicas ou naturais que
os colonizadores europeus encontraram nas terras que a posterio-
ri constituiriam o território brasileiro.
Para o autor, as condições naturais da área costeira (litoral)
do Brasil não favorecem a aproximação humana e a comunicação
marítima, por ser regular e não-sinuosa; e, a oeste, a ocupação se
fez difícil pela existência dos agrestes e do impedimento erguido
pela Cordilheira dos Andes, fato que também não permite comu-
nicação com o oceano Pacífico.
Início da agricultura
Ao perceber que os franceses estavam tomando grandes
áreas de suas terras, Portugal trata de iniciar o processo de coloni-
zação efetiva, com povoamento de suas terras na América. Contu-
do, não havia interesse por parte de seu povo em habitar o Brasil;
até mesmo porque os negócios com a madeira já não iam bem.
São 12 os homens que ficarão interessados pelas terras da
colônia e receberão partes da costa brasileira: são as capitanias
(sob regime de posse de propriedade privada alodial e plena). Para
tal empreitada, os tais 12 portugueses angariaram ajuda junto à
Coroa Portuguesa e à Holanda.
As atividades agrícolas serão baseadas na cana-de-açúcar,
pois, além de ser um produto raro na Europa e, portanto, de gran-
de valor comercial, era sabido que as características naturais do
Brasil eram vantajosas para tal cultivo em praticamente toda sua
costa.
A grande propriedade de terra é uma exigência das circuns-
tâncias: do tipo de produto – a cana como, matéria-prima do açú-
car, exige grandes plantações –; e da intenção dos portugueses,
que desejavam vantagens principalmente econômicas, sem inten-
Atividades acessórias
O caráter da economia da colônia, segundo Prado Júnior, é:
[...] fornecer ao comércio europeu alguns gêneros tropicais de
grande expressão econômica. É para isso que se constituiu. A nos-
sa economia se subordinará por isso inteiramente a tal fim, isto é,
organizará e funcionará para produzir e exportar aqueles gêneros
(1965, p. 33).
Renascimento da agricultura
A partir de meados do século 18, veem-se o renascimento da
agricultura, com destaque para o cultivo de algodão, o retorno da
cana-de-açúcar e a tentativa frustrada do anil. Destaca-se, a pos-
teriori, a cultura do café. Lembrando que a agricultura brasileira
é totalmente voltada a atender às demandas europeias, ou seja,
voltada à exportação.
São a pecuária e a mineração que possibilitam o desbrava-
mento do interior, pois a agricultura (para exportação) tinha no
© Anexo 131
Libertação econômica
A partir da metade do século 18, a situação das metrópoles
ibéricas muda. O Pacto Colonial entra em declínio nos domínios
coloniais ibéricos (Portugal e Espanha) e o capitalismo industrial
surge, tomando o lugar do antigo capitalismo comercial. Começa,
então, a desaparecer o artesanato, a produção do pequeno produ-
tor direto ao seu consumidor e iniciam-se as grandes produções
manufatureiras, com grande número de trabalhadores assalaria-
dos, sob a gerência de um patrão dono do capital.
No contexto em que se inicia o capitalismo industrial, não há
interesse no Pacto Colonial – meramente comercial. É de interesse
da Europa, então, conseguir acessar os mais diferentes mercados
internacionais de forma livre, com o maior intercâmbio possível,
ou seja, sem as restrições impostas pelo Pacto (este, vale lembrar,
consistia na restrição comercial das colônias; estas só poderiam
comercializar com suas respectivas metrópoles).
© Anexo 135
Efeitos da libertação
Esse momento presencia um progresso econômico geral do
país. Entretanto, de 1821 a 1860 a balança comercial brasileira se
desequilibra e tem, ao final deste período, um déficit muito gran-
de.
Segundo Prado Júnior,
O déficit será saldado pelo afluxo de capitais estrangeiros, sobre-
tudo empréstimos públicos, que efetivamente começam a encami-
nhar-se para o Brasil desde que o país é franqueado ao exterior [...]
(1965, p. 136).
Evolução agrícola
O autor elucida duas transformações ocorridas na área agrí-
cola: a decadência das lavouras tradicionais, ao passo em que há
desenvolvimento da cafeicultura, e o "[...] deslocamento da prima-
zia econômica das velhas regiões agrícolas do Norte para as mais
recentes do Centro-Sul" (PRADO JÚNIOR, 1965, p. 165). A partir da
Imigração e colonização
Com o burburinho sobre a questão da escravidão, por volta
de 1840,
[...] reativa-se a política de povoamento, e a par das colônias ofi-
ciais, ou mesmo particulares, mas organizadas segundo o sistema
tradicional que consistia em distribuir aos colonos pequenos lotes
de terra agrupados em núcleos autônomos, aparece um novo tipo
de colonização: fixação dos colonos nas próprias fazendas e gran-
des lavouras trabalhando como subordinados e num regime de
parceria (PRADO JÚNIOR, 1965, p. 190).
O apogeu de um sistema
Os anos que iniciam a República contam com o apogeu da
economia baseada na produção em larga escola de produtos tro-
picais destinados ao mercado externo.
Externamente, alguns fatores contribuem para essa ampla
perspectiva da economia, principalmente, o liberalismo econômi-
co que coloca todos os países em concorrência equitativa no mer-
cado internacional.
A conjuntura interna também é promissora: resolvida a
questão do trabalho (agora livre da escravidão) e a falta de mão
de obra, com a vinda subvencionada de europeus, alivia-se dos
grandes empecilhos para o desenvolvimento econômico do Brasil.
Os indivíduos passam a ter "necessidade" de enriquecer; a
política será usada para favorecimento próprio. Isso é algo nunca
visto no Império.
A crise de transição
Os anos iniciais da República representam anos de sérios
problemas com as finanças; principalmente pela relativa escassez
de moedas – não há um sistema organizado de emissões que man-
tenha o equilíbrio monetário com as necessidades financeiras.
Porém,
[...] são dois os fatores – a situação folgada do comércio interna-
cional e o reforçamento das inversões de capital estrangeiro – que
permitirão ao Brasil equilibrar sua vida financeira e consolidar sua
posição econômica. Este será o traço característico do período, bri-
lhante para a nossa história econômica que se abre com o século
atual (PRADO JÚNIOR, 1965, p. 228).
Pequena propriedade
Fato muito importante da era moderna brasileira é o retalha-
mento da propriedade fundiária. Contudo, esse processo não está
a salvo de complicações. Fato é que as propriedades que sofrem
o retalhamento são aquelas mais empobrecidas pela exaustão do
solo em razão das grandes monoculturas. Além disso, o homem
que deve conduzir essa nova forma de economia – lembrando
que, até o dado momento, a economia baseia-se na produção em
© Anexo 145
A industrialização
O maior empecilho para o desenvolvimento da indústria mo-
derna no Brasil é a falta de mercados consumidores. Entretanto,
a presença de uma numerosa população de homens livres à mar-
gem das produções agrícolas serve de mão de obra barata à indús-
tria nascente.
É o estado de São Paulo que se destaca, principalmente por-
que o café atraiu população e riquezas para tal região, e a mão de
obra local é formada por trabalhadores europeus mais instruídos
tecnicamente que os ex-escravos locais.
A Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918) traz condições fa-
voráveis à indústria brasileira, pois os países diretamente envol-
vidos passam de fornecedores a consumidores de produtos do
Brasil.
O mercado interno passa a ser alimentado pela indústria na-
cional, dispensando, assim, importações correspondentes de arti-
gos estrangeiros.
A indústria toma relevo na economia do país e não pode
mais ser descartada sem grandes complicações para a estabilidade
econômica do Brasil.
O Imperialismo
Nesse pequeno trecho da obra, o autor aprofunda a análise
da intervenção do capital estrangeiro durante toda a história da
economia do país. Destaca-se, portanto, apenas o ponto principal:
a formação do país, baseada em uma economia de exportação,
a qual apresenta, basicamente, características de uma economia
colonial e não nacional. Tal fato deixa o Brasil extremamente vul-
nerável a influências de penetrações de capitais estrangeiros.
A crise de um sistema
Com a penetração do capital financeiro e o imperialismo no
Brasil, ocorrem novas necessidades e exigências que alteram as
questões econômicas brasileiras.
A contradição entre essas novas exigências e o modelo pro-
dutivo do Brasil (mero produtor de matérias-primas) torna-se es-
tridente.
O Brasil estava participando de novas condições mundiais;
tal fato torna impossível manter a base econômica existente no
país.
A produção cafeeira vinha sofrendo grandes entraves e as
soluções artificiais para eles não passam de medidas paliativas.
Também se reconhece o desgaste das outras atividades econômi-
cas – produtos naturais e culturas de menor importância, como o
cacau.
A seguir, um trecho do autor refere-se a esse singular mo-
mento da história da crise econômica do Brasil:
"Estes fatos comprovam que não era mais possível manter-
-se a economia brasileira e alimentar a vida do país dentro do seu
antigo sistema produtivo tradicional" (PRADO JÚNIOR, 1965, p.
292). Estava posto o princípio da decadência.
Germina um novo tipo de economia pautada, por sua vez,
no mercado interno, no consumo da população brasileira. O cres-
© Anexo 147
A crise em marcha
A Segunda Guerra Mundial altera o rumo da vida de todos os
países do mundo, modificando a história da humanidade. Contu-
do, ela não altera a situação de transformação da economia que o
Brasil vinha sofrendo; a crise do sistema colonial acentua-se pro-
fundamente a partir desse momento.
Durante a guerra, e nos anos posteriores ao seu fim, há uma
grande demanda internacional por gêneros alimentícios e por ma-
térias-primas. O Brasil vê uma nova possibilidade de retomar seu
tradicional sistema econômico: exportar produtos primários. Essa
possibilidade de obter vantagens com o comércio já conhecido é
estimulada, principalmente, pelos altos preços de tais produtos no
mercado internacional em decorrência da situação pós-guerra.
Ao passo em que há aumento das exportações, o cenário
internacional não propicia a produção. Logo, as importações no
Brasil diminuem, já que os países europeus não se encontram em
situação de produzir para exportar.
Nesse momento, a grande contradição da economia brasi-
leira – tratada anteriormente – perde sua força, pois a balança co-
mercial se reequilibra com o aumento das exportações e declínio
das importações. A moeda brasileira também adquire estabilidade
no mercado cambial.
© Anexo 149
4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANDRADE, M. C. de A. A questão do território no Brasil. São Paulo/Recife: Hucitec/
Ipespe, 1995.
PRADO JÚNIOR, C. História Econômica do Brasil. 9. ed. Brasiliense: São Paulo, 1965.
PRADO JÚNIOR, C. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1945.