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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


Campus de Florianópolis

Marcelo Francisco José Barbosa


Thiago Santos Souza

Análise quantitativa do salto horizontal de crianças


Biomecânica

Florianópolis
2019
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Introdução
Desde muito tempo na História as atividades físicas foram ferramentas
para atingir diversos objetivos, indo desde a busca por alimento em pequenas
caçadas ou colheitas em milhares de anos atrás até treinamentos militares de
impérios. Hoje ainda que se possa citar estas utilizações como presentes na
sociedade atual, se desenvolveu junto às práticas corporais estudos que
visavam de início o entendimento do funcionamento do corpo e posteriormente,
pesquisas e testes que possibilitam a categorização de movimentos, bem como
a análise detalhada deles. Isto permite por exemplo, quando se trata de indivíduo
em processo de crescimento e desenvolvimento, acompanhar os padrões deste
desenvolvimento permite analisá-los e identificar variações e semelhanças
quando relacionados aos padrões esperados.
Em 1989, Gallahue apresenta figuras de crianças que tendem a ilustrar
padrões de movimentos e classificá-los.
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De forma mais específica e aproximando a imagem do presente relatório,


Gallahue divide o salto horizontal em três categorias; primeira fase ou fase de
propulsão; segunda fase ou fase aérea; terceira fase ou fase de aterrisagem.
Além disso, em cada fase ele subdivide o movimento de acordo com
características que tendem a demonstrar o nível de aprendizagem que os
indivíduos se encontram.
Ao se passar pouco mais de meio século, o avanço das tecnologias levou
os estudos e as análises para um outro nível de eficiência e exatidão. Hoje pode-
se por exemplo ao filmar um salto, determinar exatamente as angulações dos
membros atuantes em determinados momentos. Dados que seguem
contribuindo para a análise de todos os movimentos humanos.
Em 2010, Cardoso da Silva elabora uma tabela contendo intervalo de
ângulos Inter segmentares por estágio de desenvolvimento em cada fase do
salto, permitindo assim uma análise ainda mais precisa dos movimentos.

Objetivo

Este trabalho tem o objetivo de filmar o salto horizontal de três crianças,


sendo duas do sexo feminino, com idades de nove e doze anos e uma de sexo
masculino, com idade de nove anos. Tendo as filmagens, o intuito é de
desenvolver uma análise biomecânica.

Métodos utilizados
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Para o procedimento se fez necessário, fitas adesivas posicionadas nos


pontos articulares, uma câmera posicionada em vista perpendicular ao
movimento bem como o software KINOVEA para a análise dos ângulos.
Dando início ao procedimento, os indivíduos foram preparados com as
fitas que servem de ponto de contraste, facilitando a leitura dos ângulos pelo
software. Foi transmitido de forma verbal e demonstrativa o movimento a ser
feito, que consiste no salto horizontal, bem como, cuidados que deveriam tomar
ao executar o salto, como por exemplo, manter uma linha reta de salto. Após
isto, as crianças tiveram aproximadamente cinco minutos para se familiarizar
com o salto e se preparar para a filmagem. A câmera foi posicionada a uma
distância estratégica que permitiu a visualização no plano sagital do movimento.
Após a familiarização das crianças com o movimento, uma a uma se
posicionou no espaço determinado para o salto e executou três saltos que,
dentre estes foi destacado o melhor e utilizado na análise.
Como parte dos métodos entra também o uso do software KINIVEA para
a análise dos ângulos. Os vídeos foram passados para om computador onde de
forma manual se marcou os pontos de contraste onde o software cria linhas que
acompanham os seguimentos dos membros (ombro, quadril, joelho e tornozelo)
marcados e permitem a visualização e análise dos ângulos em diversos
momentos do salto.

Resultados e discussão

Com os resultados visuais oferecidos pelo software é possível analisar a


fase de propulsão, que consiste no início do movimento, onde o indivíduo
apresenta flexão máxima de joelhos, a fase de voo ou fase aérea, que consiste
no último instante de contato com o solo e a fase de aterrisagem, contemplando
o instante de maior flexão de joelhos no fim do salto, bem como, os respectivos
ângulos que se relacionam.
Abaixo serão apresentadas as imagens, acompanhadas das
classificações de acordo com a literatura estudada:
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1o indivíduo – Sexo masculino, idade de nove anos.

Pode-se categorizar este indivíduo, segundo Gallarue, ao analisar suas


fases, em:
Fase de propulsão entre a fase elementar e madura, tendo uma flexão de
joelhos contemplando a fase maduro, no entanto, posicionamentos de braço que
se enquadram na fase elementar, podendo fazer com que ele tenha perdido
parte de sua capacidade de potencial de impulsão, reduzindo seu desempenho.
Fase aérea pode ser classificada como movimento maduro, tendo boa
extensão de membros inferiores, angulação de tronco com o solo e
posicionamento dos membros superiores, sendo este último visto com um pouco
de excesso na movimentação para cima, podendo interferir na amplitude do salto
e distância alcançada.
Fase de aterrisagem pode ser classificada como elementar, tendo pouco
deslocamento de tronco a frente, menos flexão de joelhos quando se compara
ao movimento esperado maduro, bem como, posicionamento dos braços. Esta
reprodução de aterrisagem pode gerar excesso de impacto, podendo levar a
lesões, bem como, desequilíbrio notável nos saltos, que pode ser relacionado
com o posicionamento de tronco e braços.
Ao analisar o movimento e relacionar com a tabela de ângulos de Cardoso
da Silva, é possível a construção da seguinte tabela, que facilita o entendimento
das classificações:

Articulação Propulsão Voo Aterrisagem


Joelho 99o - Elementar 147o - Maduro 95o - Inicial
Quadril 91o - Elementar 161o - Elementar 73o - Elementar
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2o indivíduo – Sexo feminino, idade de 9 anos.

Pode-se categorizar este indivíduo, segundo Gallarue, ao analisar suas


fases, em:
A fase de propulsão pode ser classificada entre o nível elementar e
maduro, sendo elementar a relação com o posicionamento dos braços e maduro
a flexão dos joelhos. Podendo ainda dizer que, o posicionamento de braços pode
ter interferido na capacidade de impulsão, bem como, a flexão de joelhos que,
mesmo contemplando o estágio maduro poderia ter sido maior.
A fase aérea pode ser classificada em elementar, devido ao
posicionamento de tronco em relação ao solo, sendo algo que pode ter
influenciado ativamente na distância alcançada ao final do salto.
A fase de aterrisagem pode ser dita como elementar, devido a falta de
flexão dos joelhos, posicionamento dos braços e de tronco. Fatores que podem
ter influenciado na recuperação de equilíbrio após o salto.
Ao analisar o movimento e relacionar com a tabela de ângulos de Cardoso
da Silva, é possível a construção da seguinte tabela, que facilita o entendimento
das classificações:

Articulação Propulsão Voo Aterrisagem


Joelho 111o - Inicial 152o - Maduro 100o - Inicial
Quadril 109o - Inicial 191o - Elementar 110o - Inicial
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3o indivíduo – Sexo feminino, idade de 12 anos.

Pode-se categorizar este indivíduo, segundo Gallarue, ao analisar


suas fases, em:
A fase de propulsão pode ser classificada predominantemente como
madura, tendo boa angulação de joelhos e posicionamento dos braços e tronco.
A fase de voo pode ser classificada como elementar, devido à falta de
extensão de membros inferiores. Isto pode ter prejudicado no alcance de uma
maior amplitude de salto.
A fase de aterrisagem pode ser classificada em elementar, tendo pouca
flexão de joelhos, posicionamento de tronco e braços. Fatores que podem ter
sido consequência das características da fase anterior e que tendem a dificultar
a recuperação de equilíbrio após o salto.
Ao analisar o movimento e relacionar com a tabela de ângulos de
Cardoso da Silva, é possível a construção da seguinte tabela, que facilita o
entendimento das classificações:

Articulação Propulsão Voo Aterrisagem


Joelho 100o - Elementar 117o - Inicial 95o - Inicial
Quadril 60o - Madura 148o - Elementar 80o - Elementar

Ao analisar os três indivíduos pode-se concluir que nenhum apresentam


grandes alterações nos movimentos fundamentais que compõe a habilidade, no
entanto algumas alterações poderiam ser feitas para uma melhor performance
dos indivíduos. Dentre as alterações possíveis pode-se citar, o posicionamento
dos braços na primeira fase do movimento, a extensão de membros inferiores,
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bem como, a angulação de tronco em relação ao solo na segunda fase do


movimento e o posicionamento dos braços e do tronco na terceira fase.
Outro fator a ser analisado é o de que, Galarrue na fase de aterrisagem
apresenta uma imagem com alto nível de flexão de joelho, enquanto Cardoso
relaciona este valor quando desta forma, como fase inicial de desenvolvimento.
Isto pode ter gerado discordâncias ao analisarmos o mesmo indivíduo com
métodos diferentes.
Sendo as análises de ângulos de Cardoso mais recentes e mais
específicas, são consideradas por este relatório como os principais dados a
serem citados nas avaliações.
Por fim, podemos ainda analisar em paralelo a performance dos
indivíduos de sexo oposto e de nove anos, visualizando um melhor desempenho
do indivíduo do sexo masculino. Segundo a literatura, a performance de meninos
tende a ser melhor quando comparada a de meninas. Com base no que foi visto
no momento do teste, esta diferença pode ser explicada através de níveis de
ativação e ansiedade variados, tendo o menino, se apresentado com maior
entusiasmo ao fazer o teste.

Conclusão

O método e os recursos utilizados na pesquisa não necessitou de grande


mobilização para a realização da pesquisa, sendo necessário poucos utensílios
(fita, câmera, individuo). Mesmo tendo sido de baixo custo, possuiu uma
excelente qualidade de avaliação dos resultados. Tendo em vista os resultados
já previstos pela literatura sobre o desenvolvimento e aprendizagem motora, e
relacionando com os resultados encontrados na pesquisa, levando em
consideração as idades e os níveis de eficiência no movimento, foi visto que os
resultados em geral estão no parâmetro previsto conforme a literatura. Vale
ressaltar a diferença ocorrida na avaliação do individuo do sexo masculino e do
individuo do sexo feminino, os dois com a mesma idade, a ocasião desta
diferença de desenvolvimento, onde o menino se saiu melhor que a menina nos
critério de avaliação de pro eficiência, pode ser tida pela facilidade de indivíduos
do sexo masculino em realizar atividades onde requer maior força e assim
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acabam por se saírem melhor, enquanto indivíduos do sexo feminino tende a se


saírem melhor em atividades de equilíbrio e estabilidade.

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