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Ariovaldo Ramos | Arturo Meneses | Antônio Carlos Costa

Ana E.C. Borquist | Bruce R. Borquist | Hudson Taylor


José Marcos Silva | Leandro Silva | Marcos Aurélio dos Santos
Pedro Arana Quiroz | Renildo Diniz | Romildo Gurgel
Sérgio Lyra | Tiago Nogueira de Souza | Wilson Costa

A Igreja
e sua missão
transformadora
a igreja e sua missão transformadora

Categoria: Igreja | Missão | Vida cristã

Copyright © 2014, ALEF – Associação de Líderes Evangélicos de Felipe Camarão

Todos os direitos reservados

Primeira edição eletrônica: Março de 2015


Capa: Ana Cláudia Nunes
Diagramação: Bruno Menezes

Publicado no Brasil com autorização


e com todos os direitos reservados pela

Editora Ultimato Ltda


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Telefone: 31 3611-8500 — Fax: 31 3891-1557
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APRESENTAÇÃO

A
Igreja e sua Missão Transformadora é mais um livro
da série “Um livro, Uma Causa”, projeto da Editora
Ultimato que celebra o conteúdo bíblico e os diferentes
campos de ação ministerial e engajamento da igreja.
A série “Um Livro, Uma Causa” coloca à disposição dos lei-
tores alguns instrumentos para a criação e o desenvolvimento de
grupos de trabalho e reflexão, além de compartilhar com a igreja
brasileira a produção e a contribuição dos autores e parceiros mi-
nisteriais da Editora Ultimato sobre temas relevantes da fé cristã.
O conteúdo, a organização e a publicação de A Igreja e sua
Missão Transformadora, acontece pela iniciativa e responsabi-
lidade da Associação de Líderes Evangélicos de Felipe Camarão
(ALEF), a partir do Congresso ALEF para Pastores e Líderes,
realizado entre os dias 15 a 18 de outubro de 2014, em Natal, RN.

Editora Ultimato

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“Vocês são o sal da terra. Vocês são a luz do mundo. Assim
brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas
boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus”.
— Mateus 5.13ª, 14ª, 16 NVI

“Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome
que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus
se dobre todo o Joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra e
toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória
de Deus Pai”.
— Filipenses 2.9-11 NVI

“Tu Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra


e poder, porque criastes todas as coisas, e por tua vontade elas
existem e foram criadas”.
— Apocalipse 4. 11 NVI

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SUMÁRIO

Palavra introdutória
Guia didático

ARTIGOS
1. Bases bíblicas da missão integral da Igreja
Pedro Arana Quiroz

2. A Igreja que enfrentou a pobreza


Ariovaldo Ramos

3. E se o sal não salga...


José Marcos Silva

4. Cidadãos do reino, cidadãos do mundo!


Wilson Costa

5. A Igreja e seu papel na missão de Deus (Missio Dei)


Hudson Taylor Maia

6. A missão da Igreja
Romildo Gurgel

7. Transformando o mundo para a glória de Deus


Marcos Aurélio dos Santos

8. Emerge um novo conceito de santidade


Antônio Carlos Costa

9. Práticas de liderança para uma missão transformadora


Arturo Meneses

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10. Igreja: agência de transformação no mundo contemporâneo
Renildo Diniz Lopes Junior

11. O desafio urbano às Igrejas


Sérgio Paulo Ribeiro Lyra

12. Os fatores essenciais e as melhores práticas para engajar


sua igreja na missão integral de Deus
Ana E.C. Borquist
Bruce R. Borquist

13. Igreja integral


Leandro Silva

14. Implantando pequenos grupos na Igreja


Tiago Nogueira de Souza

Sobre os Autores

ANEXO
I. Declaração de Natal:
Redescobrindo o Evangelho integral para a Igreja hoje

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Palavra
Introdutória

É
com grande alegria no Senhor Jesus que a equipe
coordenadora de metodologia do congresso ALEF –
2014, disponibiliza este relevante material para reflexão.
Atendendo tanto aos anseios dos nossos leitores como da equipe
ALEF, compartilhamos estas reflexões sobre o tema “A Igreja e sua
Missão Transformadora”, assunto abordado em nosso congresso
de 2014 no período de 15 a 18 de outubro em Natal, RN.
A coleção de artigos aqui reunidos foram escritos por irmãos
e irmãs comprometidos com as Escrituras e com os valores do
Reino de Deus. Este caderno não tem a pretensão de entregar ao
leitor uma resposta pronta sobre o papel da igreja e sua missão de
transformar o mundo. Nosso propósito é levar aos leitores uma
reflexão que produza diálogo e, a partir dessa reflexão, a Igreja
encontre uma direção que a leve à prática da Missão de Deus.
Boa leitura.
Marcos Aurélio dos Santos,
Coordenador de metodologia do congresso ALEF 2014.

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Guia Didático
Sugestões Para Usar este Caderno

S
audações fraternais, prezados leitores. Consideramos uma
benção e uma grande oportunidade de disponibilizar estes
artigos e documentos chaves para a sua reflexão, junto com
suas congregações, no qual representa o pensamento de mais de
dez autores do Brasil e outros países.
Para facilitar o processo de estudo, vivência e aproveitamento,
oferecemos alguns princípios e guias didáticos.
Dê uma olhada no sumário de conteúdo dos artigos para
identificar aqueles temas que possam ser de major interesse para
sua igreja, grupo pequeno, seminário ou comunidade.
Para maior referência, pode consultar a tabela de temas e
objetivos gerais, anexa ao final deste guia didático. Dessa manei-
ra, terá uma perspectiva mais ampla de como o conteúdo pode
apoiar na reflexão do seu ministério.
Utilize os artigos como parte de um processo educativo e
não só de leitura simples. Sugerimos responder as perguntas, ao
final de cada reflexão, em trabalho de grupos. Isso fortalecerá o
aprendizado e poderá integrá-lo à sua prática ministerial.

9
a igreja e a sua missào transformadora

Anote qualquer pergunta que possa surgir da leitura e estudo.


Compartilhe com outros o conteúdo do material e suas refle-
xões sobre as perguntas. Pense na possibilidade de usar os artigos
como apostila sobre módulos específicos de estudo formal ou
não formal nos temas de: A missão de Deus para o mundo; A
igreja e sua missão transformadora como cooperadora de Deus;
Liderança para a missão; Os desafios de transformação do con-
texto brasileiro; A pobreza e a missão de Deus, etc.
A seguinte tabela pode ser útil para identificar os temas de
maior interesse no contexto da sua igreja ou ministério:

Objetivo geral para o


Título aprendizado

Como a igreja pode servir as


necessidades do mundo, sem
Bases bíblicas da Missão perder a identidade cristã,
Integral da igreja segundo o modelo de missão de
Jesus Cristo.

Articular uma proposta e ética


A igreja que enfrentou a
bíblica de trabalho da igreja para
pobreza
combate à pobreza.

O desafio da igreja para se


mover do individualismo (idios)
E se a sal não salga?
ao comunitário (polis) para ser
sal da terra.

Como a igreja pode se envolver


Cidadãos do reino, cidadãos com causas justas na cidade.
do mundo Ser fiel a Deus nos desafios para
o shalom de Deus.

10
guia didático

Objetivo geral para o


Título aprendizado

Entender que a igreja não


contempla as mudanças sociais
A igreja e seu papel na
como parte de seu oficio, ainda
Missio Dei
não compreendeu a missão de
Deus (Missio Dei)

Caraterísticas da comunidade
de fé, para cumprir a missão
A missão da igreja comissionada por Deus na
abrangência do modelo de
Jesus.

Entender as dimensões da tarefa


de reconciliar todas as coisas
Transformando o mundo
junto com Jesus, como membros
para a glória de Deus
da sua igreja com ministério
profético.

Considerar três elementos


Emerge um novo conceito de novos para a forma de vivenciar
santidade o cristianismo pelos cristãos
brasileiros.

Entender que não pode haver


missão transformadora,
sem liderança também
Práticas de liderança para
transformadora, com práticas
uma missão transformadora
exemplares que ajudam a
recuperar sua credibilidade para
viabilizar a missão.

Refletir no papel e desafios


da igreja, como parte do
Igreja: Agência de
modelo estabelecido por Deus,
transformação no mundo
para expandir sua missão.
contemporâneo
Propostas para uma missão
transformadora.

11
a igreja e a sua missào transformadora

Objetivo geral para o


Título aprendizado

Propostas e desafios práticos


para levar a igreja a refletir e
Os Fatores Essenciais e as
agir dentro do contexto onde ela
Melhores Práticas para
está inserida. Aborda questões
Engajar sua Igreja na Missão
como: Formação de liderança,
Integral de Deus
pesquisas na comunidade,
formação de associação e etc.

Pensar de maneira bíblica e


teológica sobre os desafios da
Igreja Integral
igreja na busca da integralidade
da missão.
Refletir sobre propostas e
desafios para a implantação
Implantando pequenos
de pequenos grupos na igreja
Grupos na Igreja
nas dimensões de edificação e
evangelização.

Aspectos para delimitar


a abordagem do desafio
O desafio urbano das igrejas
missionário, no contexto das
metrópoles urbanas.

Revisitar as lições aprendidas,


Declaração de Natal. desafios e compromisso de
Congresso ALEF 2013 seguimento do Congresso ALEF
2013 sobre o Evangelho Integral.

Arturo Meneses.

12
–1–
BAses Bíblicas da
Missão Integral da Igreja
— Pedro Arana Quiroz

Q ueremos pensar as bases bíblicas da missão integral da


Igreja a partir de Mateus 9.35 – 10.1. Esse texto con-
tém, em forma embrionária, a perspectiva, o conteúdo,
a motivação e o impulso para a missão. Tanto a perspectiva da
missão da Igreja como a própria missão, em sua totalidade, são
vistas na vida e ação de nosso Senhor Jesus, de forma histórica e
concreta. A perspectiva dessa missão tem como ponto determi-
nando e determinado a vida da missão da Igreja em sua oração
sacerdotal e intercessora: “Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo.” (Jo 17.18)
Depois de sua morte e ressurreição, a oração se transforma,
em seus lábios, num mandamento missionário: “Assim como o
Pai me enviou, assim também eu vos envio” (Jo 20.21), sugere que
a missão da Igreja deve corresponder à própria missão de Cristo.
“Dito de outra maneira, a missão de Cristo é o modelo para a
missão da Igreja: Assim como o Pai me enviou, eu também vos
envio”. Isso quer dizer que, da compreensão da missão de Jesus
Cristo, a Igreja deve deduzir a compreensão de sua própria missão.
13
Pedro Arana Quiroz

Como foi que o Pai enviou o seu filho unigênito ao mundo?


(1) Enviou-o como homem: Adão, novo Adão (Sl 8, Hb 2).
(2) Como Filho do homem e servo sofredor (Dn 7.14, Is 53)
(3) A síntese cristológica (Mc 10.45, Lc 22.27)
(4) O novo Adão (Fl 2.5-8, Hb 4)
Jesus nos oferece o modelo perfeito de serviço e envia sua
igreja ao mundo para que seja uma igreja serva. Ele expressou seu
amor em serviço, e este é o caminho de igreja. De que forma é es-
sencial que recuperemos esta ênfase bíblica em nosso ministério?

PATRÕES E SERVOS. CAPITALISTAS E DEPENDENTES

O destino do Filho de Deus foi o mundo de Deus: “Assim como


o Pai me enviou”. “Assim como tu me enviaste ao mundo, tam-
bém eu vos enviei ao mundo”. O Cristo-homem veio ao mundo
dos homens. Não a um mundo ideal, mas ao mundo tal e qual
ele é. Ele se reduziu a uma cultura particular – ou, dito de outra
maneira, a um espaço-tempo-recado. Por que toda cultura está
limitada pela geografia, pela história e pela situação de pecado.
Jesus enviou sua igreja “como ele foi enviado” ao mundo da
história, da geografia e do pecado, o qual, no entanto, é o mundo
de Deus, o mundo das Escrituras.
Devemos identificar-nos com este mundo, sim, mas sem
perder nossa identidade cristã. O que significa isto em termos
práticos? Significa conhecer, conviver, compartilhar e compro-
meter-se com o mundo.
Conhecer: este mundo deve ser conhecido, devido à natureza
de nosso trabalho. O conhecimento da situação que nos rodeia é
a base para uma missão séria da igreja. Conhecer as pessoas com o
respeito que merecem aqueles a quem iremos servir. Temos de fazer
o melhor por eles, como pessoas no mundo. O amor é a direção
única que leva ao conhecimento. Amor a Deus e amor ao próximo.
14
Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja

Conviver: temos de aprender a conviver com nós mesmos e


com as pessoas a quem Deus nos enviou, pessoas com as quais
Ele se preocupa.
Compartilhar: tudo que o Senhor nos tem dado. Isto é,
compartilhar o evangelho em sua dimensão integral e lutar
pelos valores deste evangelho: justiça, paz, preocupação pelas
necessidades humanas.
Comprometer-nos: Cristo estava comprometido com a vonta-
de do Pai, pelo que também se comprometia com os seus. Não se
trata de servirmo-nos a nós mesmos, mas de comprometermo-nos com
os demais: “Este mundo espera a revelação dos filhos de Deus”.
Como podemos ser melhores servos na igreja? O poder
corrompe e a igreja não está livre dessa corrupção.
A vida de Jesus foi uma vida itinerante, uma vida peregrina;
uma vida, como diria João A. Mackay, do caminho. “Jesus per-
corria os povos e aldeias”.
A igreja, assim como o Senhor Jesus, deve ser uma igreja
do caminho e não do balcão. Ela não pode permanecer como
espectadora da história: tem de descer para onde se travam as
lutas reais dos homens. Ali se encontram as necessidades, que
são o chamado premente da Igreja para que possa cumprir sua
missão. A passagem também nos fala do conteúdo da missão. Diz
que o Senhor ensinava, pregava e servia. Talvez seja isso que a
igreja tem esquecido. De testemunha ocular dos acontecimentos
humanos, ela tem de passar a identificar-se e solidarizar com as
necessidades reais das pessoas. Deve participar como portadora
de Cristo e de sua graça, oferecendo os recursos que seu Senhor
lhe confiou para a transformação, não somente da situação, mas
também da natureza dos participantes.
Essa imersão nas necessidades humanas deve levar ao nítido
reconhecimento de que a necessidade fundamental do homem é

15
Pedro Arana Quiroz

de natureza espiritual. A ruptura entre Deus e os homens deve-se


à lamentável realidade do pecado humano. O pecado é o agente
de toda desarmonia, seja com Deus e o próximo, seja consigo
mesmo e com a criação. O pecado é essencialmente pessoal; suas
consequências sociais, porém, são trágicas e imediatas.
Jesus veio para salvar os pecadores. Cabe à Igreja fazer chegar
essa salvação, hoje, aos pecadores. Jesus, em sua tarefa, envolveu-se
com os pecadores, não com seu pecado. A Igreja, em sua história,
muitas vezes participou dos pecados dos pecadores (orgulho,
egoísmo, cobiça), afastando-se, porém, dos pecadores. Não
poucas vezes, em seu distanciamento, ao invés de fazer chegar a
eles a salvação e a redenção, ofereceu-lhes somente crítica e juízo.
Quando as igrejas esquecem algumas dessas dimensões do con-
teúdo de sua missão, entram em discussões estéreis que polarizam
as posições e, diria eu, caem na infidelidade, pois infidelidade quer
dizer não obedecer ao que Cristo manda e ensina. Não somente
pelo preceito, mas pelo exemplo. Jesus ensinou, anunciou o evan-
gelho e serviu. Cada uma dessas dimensões tem lugar dentro da
missão da Igreja, sem mescla nem combinação. E se a Igreja quiser
ser fiel, tem de cumprir estas dimensões em sua tarefa missionária.
O texto fala também da motivação da missão: “Vendo ele as
multidões, compadeceu-se delas, por que estavam aflitas e exaustas
como ovelhas que não tem pastor.” A motivação, a causa que moveu
Jesus, a força interna que o impulsionou, foi a compaixão: do latim
“compaixão”, padecer junto a; do grego “sun-patiens”, sofrer com.
Quando nos é dito que o Senhor sentiu compaixão, isto significa que
ele se identificou com essa gente, solidarizou com suas necessidades,
colocou-se em sua pele. A Igreja também tem de fazer o mesmo.
Não pode fazê-lo, no entanto, sem a presença e o poder do
Espírito santo, que dominava a vida de Jesus Cristo, mas que nem
sempre domina a vida da Igreja.

16
Bases Bíblicas da Missão Integral da Igreja

Aqui fica muito evidente para onde o Senhor direcionava sua


compaixão: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas”. A
Cristo importavam e importam as pessoas. Mesmo que para a
Igreja hoje importem mais os números e as estatísticas, os edifí-
cios, os alto-falantes e as luzes de efeito, para Cristo o importante
eram as pessoas. Hoje, uma igreja que queira ser fiel a Cristo tem
de enxergar além das estatísticas, isto é, ver as pessoas e as suas
necessidades. Deverá enxergar além das estruturas que possui ou
das facilidades materiais que desfruta e ver as mentes, os corações
e a fome espiritual, emocional e física das pessoas.
Tudo que Cristo fez, ele o fez pelo homem-em-comunidade
e pelo homem de carne e osso. Não por uma ideia do homem,
não por uma alma desencarnada, mas pelo homem vital e vivente,
cheio de necessidades, angústias e problemas, cheio de aspirações
e esperanças. A este homem é que Cristo se dirigiu, atendendo
a suas necessidades.
A passagem, porém, fala não somente da perspectiva, do
conteúdo e da motivação para a missão, mas também do impul-
so missionário. Esse é um impulso comprometido: “E então se
dirigiu a seus discípulos: A seara na verdade é grande, mas os
trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que
mande trabalhadores para sua seara.” Não entrarei na exegese
do texto. O certo é que o dono da colheita é Deus, que ele tem
um povo e que seus discípulos, a Igreja, devem reunir este povo,
para que façam “conhecidas, entre os povos, as obras do Senhor”.
Esta é uma oração que compromete: “Rogai, pois, ao Senhor
da seara que mande trabalhadores para sua seara”. Observem
como surge a resposta: “Tendo chamado os seus doze discípulos,
deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para expeli-los,
e para curar toda sorte de doenças e enfermidades”. Afirmo que,
para a igreja, o maior perigo é orar, pois o Senhor responde a

17
Pedro Arana Quiroz

oração e nós fazemos parte da resposta. Se ele mandou que eles


orassem, deviam estar dispostos a fazer parte da resposta dessa
oração. A igreja que olha o mundo, que entende o chamado do
Senhor e que escuta a Cristo, essa é a igreja que é chamada e
convocada para ser a resposta de sua própria oração, assim como
aconteceu com os discípulos.

FONTE: formacaoredefale.pbworks.com

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO


1. Em que fundamento a Igreja deve firmar-se para fazer a
missão?
2. Qual a relação que a igreja deve ter como o mundo que a
cerca?
3. Qual o nível de comprometimento que a igreja deve ter com
o mundo?

18
–2–
A Igreja que
Enfrentou a Pobreza
— Ariovaldo Ramos

A
primeira igreja nasceu em meio à pobreza, e a enfrentou,
deixando lições preciosas. Começaram reagindo à mes-
ma, não sendo tolerante para com a realidade em que os
pobres estavam imersos. Responderam com solidariedade, onde
os irmãos, como podiam, desfaziam-se voluntariamente de posses
para ajudar os demais, segundo a necessidade dos mesmos. Depre-
ende-se um padrão mínimo que, rebaixado, acionava o socorro.
E o padrão de socorro não era determinado pelas posses dos
doadores, sim pela necessidade dos beneficiários, o que indica
que a ação era tomada a partir do conceito do direito, o irmão
necessitado tinha o direito de ser atendido em sua carência, cabia
à comunidade a satisfação do mesmo.
Claro que, como Paulo procura deixar claro em sua segunda carta
aos tessalonicenses: “Quem não quiser trabalhar também não coma” -
2Tes 3.10; isto é, todas as alternativas possíveis deveriam ser tentadas,
porém, sem detrimento ao direito do irmão. Essa postura era tanto
entre irmãos, quanto entre comunidades, como no caso em que todas
as comunidades se uniram para socorrer a comunidade em Jerusalém.

19
Ariovaldo Ramos

Num outro momento, percebe-se o desenvolvimento de um


programa para o sustento das viúvas, uma espécie de programa
previdenciário da Igreja, assumindo a responsabilidade por
aquelas que não tinham mais acesso ao trabalho remunerante.
Programa levado tão a sério, que uma categoria nova de oficiais foi
acrescentada à Igreja. Estes, os diáconos, assumiram o ministério
de seguridade social da comunidade.
Desse enfrentamento da pobreza surgiram conceitos de
intensa pedagogia:“Aquele que furtava, não furte mais, antes trabalhe
para ter com que acudir ao necessitado” Ef 4.28. Aqui, a vitória sobre
o pecado do furto é passar a contribuir com o necessitado. De
lesa-patrimônio a sustentáculo dos despossuídos de patrimônio,
e não a construtor de seu próprio patrimônio. Dá até para pensar
que, para o apóstolo, o ato da acumulação se assemelha de algu-
ma maneira ao furto. Há, também, nessa colocação, a sugestão
de uma ética do trabalho: a solidariedade - trabalha-se, também,
por responsabilidade para com o outro; o que amplia a dimensão
da frase paulina: “A ninguém fiqueis devendo coisa alguma...” Há um
assumido débito para com o necessitado.
“Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas
para que haja igualdade, suprindo a vossa abundancia, no presente, a falta
daqueles, de modo que a abundancia daqueles venha a suprir a vossa falta,
e, assim, haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve
demais; e o que pouco, não teve falta.” 2Co 8.13-15.
Como estas palavras foram ditas no contexto da coleta para a
Igreja em Jerusalém, surge a possibilidade da leitura dum aponta-
mento na direção de uma universalização do trabalho solidário,
algo semelhante ao conceito de revolução permanente, capaz de
gerar um conceito de acordo internacional pela erradicação da
pobreza, pela busca da igualdade entre as nações pela partilha,
onde os superavitários se responsabilizam pelos deficitários; o

20
A Igreja que Enfrentou a Pobreza

que ocorre numa perspectiva de acesso universal ao trabalho e


num consenso de que todos trabalham por todos, pois a huma-
nidade é o foco. E sendo assim, a fé cristã tem uma proposta de
revolução quanto ao fim da economia e quanto ao parâmetro
para a geopolítica internacional.
“E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem” 2Tes 3.13.
Este estímulo, dito no contexto da tentativa de alguns de se
aproveitarem da bondade da comunidade desafia a toda a Igreja
a estabelecer esses valores como inegociáveis, a despeito de
quaisquer tentativas de abuso. “Bem”, portanto, pode ser enten-
dido como esse conjunto de valores que configura uma ética do
trabalho para o combate à pobreza.
“Como está escrito na lei de Moisés: ‘Não atarás a boca ao boi que
debulha o trigo’.” 1Cor 9.9. “O lavrador que trabalha deve ser o primeiro
a participar dos frutos” 2Tim 2.6.
Onde a ética dos apóstolos coloca o trabalhador? Como pri-
meiro e privilegiado beneficiário de seu trabalho; a exemplo do
boi, que não pode ser impedido de ser o primeiro a desfrutar de
sua produção. Até porque, como o trabalho é para a solidariedade
voluntária, o trabalhador para poder exercer essa partilha, tem de
ter o que partilhar, tem de ser senhor de seu trabalho.
Aqui, mais do que um princípio ético, há um postulado
econômico: O trabalhador tem de ser o primeiro a desfrutar do
resultado de seu trabalho. O desenvolvimento deste primado
há de redefinir a administração dos meios de produção e do
lucro. A primeira Igreja na sua intolerância para com o estado
de pobreza propôs abordagens desafiadoras, pertinentes e que
mantêm atualidade.

FONTE: ariovaldoramos.blogspot.com

21
Ariovaldo Ramos

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. O que deve determinar a prática de socorro na igreja?
2. A quem a igreja deve fazer o bem?
3. Qual a diferença entre socorro ao necessitado e
assistencialismo?

22
–3–
E, Se o Sal Não Salga....
— José Marcos Silva

I
magine que você convide amigos para um churrasquinho e ao
servir a carne, todos percebam que ela está insossa. Curioso,
e sabendo que colocou sal à vontade, você vai até o saleiro,
prova uma pitada do sal e verifica que o mesmo já não está mais
salgado. O que você faria?
Em Mt 5.13 Jesus faz uma analogia entre nós, os seus dis-
cípulos, e o sal. O texto você conhece muito bem. Ele diz que
aquele sal já não serve mais pra nada, a não ser pra ser jogado fora
e pisado pelas pessoas. O sal não perde o seu sabor, enquanto
se mantiver puro, porém, contaminado com outras substâncias,
é possível que não salgue mais, nem se consiga mais restaurar
as suas características. Nesses casos, nos tempos de Jesus, era
comum usar o sal insípido para pavimentação das ruas ou para
ser jogado nos batentes de templos pagãos, para evitar que as
pessoas escorregassem. Em todo caso, só servia para ser pisado
pelas pessoas. Logo o sal, que era uma especiaria tão preciosa
que chegou a servir como moeda de pagamento das jornadas de
trabalho, de onde nasce o nome “salário”. Já em tempos em que
23
José Marcos Silva

não havia energia elétrica, o sal servia também para conservar a


carne. De fato, era algo muito precioso.
Vamos transportar essa comparação para a realidade da igreja
“evangélica” brasileira. Tenho uma grande luta dentro de mim: a
de não perder a esperança quando penso no rumo desta Igreja.
Procuro olhar para o lado bom das coisas a fim de que possa
manter a utopia no lugar mais alto da minha vida, ao mesmo
tempo em que, na qualidade de profeta do Senhor, não posso
perder o poder da contemplação, ou seja, de olhar os fatos de
maneira crítica. Não quero deixar de enxergar a bênção na vida
de um sujeito prostituído, mentiroso, drogado, que se torna crente
e abandona a cachaça, a amante e a mentira, mas também não
posso deixar de enxergar que este mesmo sujeito pode ser um
religioso tão insuportável que feche as portas do céu para quem
está ao seu redor.
Bom, mas, saindo deste parâmetro mais individualista, passe-
mos para o mais geral. Há um fenômeno na igreja “evangélica”
brasileira que me intriga muito. Somos quarenta milhões de
professos seguidores de Jesus, mas, não vemos a relevância disso,
pelo menos como deveríamos. O que justifica esse fenômeno?
Dentre tantas, compartilho, pelo menos, duas pistas.
À primeira, denominarei de “Igreja Idiotizante”. Antes de
você se chatear comigo, explico que não me refiro ao termo
como sinônimo de idiota, a partir do uso pejorativo que denota
aquele/a que é tolo. Não é isso. Refiro-me ao termo no uso eti-
mológico da palavra, do seu radical grego “idios” que se refere
àquilo que é da ordem dos interesses pessoais. É o mesmo radical
que usamos para a palavra idiossincrasia, que significa aquilo que
é peculiar a mim mesmo.
Criamos no Brasil, e replicamos massivamente, um modelo
de igreja focada, quase que exclusivamente, no indivíduo e suas

24
E se o Sal não Salga...

necessidades pessoais. Isso é tão claro que eu poderia dispensar


qualquer exemplo, mas, vamos a alguns deles: qual é a mensagem
central da “igreja” que mais cresce no Brasil? “Pare de sofrer!”.
Multidões em romaria vão ao encontro dos pastores “ungidos”
e midiáticos em busca de empregos, prosperidade, curas, casa-
mentos... Nossa hinologia é predominantemente “idiotizante”.
Entra na minha casa, entra na minha vida, mexe com minha
estrutura... Os pronomes estão, quase sempre, na primeira pessoa
do singular - eu, meu. Verifique os cultos de oração e verá que os
pedidos são, quase sempre, na ordem do pessoal, do individual.
Por estar tão focada no “eu” no “meu” (idios), esta igreja
se esquece do “nós” e do “nosso”. Criamos uma igreja que, na
teoria, ora o “Pai Nosso”, mas na prática busca o “Pão Meu”.
Em função desse individualismo (idiotismo), grande parte dessa
igreja cometeu desvios tão substanciais que está se sujando com
Mamon. Isto é tão notório que identificamos um “irmão abenço-
ado”, pela quantidade de bênçãos (leia-se, bens) que ele consegue
receber de Deus, quando, na real, deveríamos medir nosso grau
de “abençoamento”, não pelo que recebemos de Deus, mas pelo
que repassamos aos outros, ou não é verdade que “mais
bem-aventurada coisa é dar do que receber”?
Ora, mas enquanto a igreja atua no varejo, Satanás atua no
atacado. A igreja foca no indivíduo e o Diabo foca nas estruturas.
Sendo assim, salvamos um e perdemos mil. Nesse aspecto, a única
saída é a igreja deixar de ser idiotizante, para ser politizante (do
grego “polis” – todo, comum, cidade...). Logicamente que não
estou propondo que a igreja esqueça o sujeito. Não é isso. Só estou
sugerindo que ela se volte também para os sistemas. Essa tarefa
só será possível se a igreja recuperar a sua autoridade profética.
Entendo que o resgate da profecia é a segunda pista/ação
para se evitar o processo de insipidez da igreja. Tal retorno se

25
José Marcos Silva

dará, primariamente, por um resgate dos significados de profeta


e profecia. No senso geral, entendemos o profeta como o adi-
vinhador e a profecia como adivinhação. Isso é catastrófico. Na
Bíblia toda, o/a profeta/tisa é o/a “Boca de Deus” cuja missão
é trazer o realimento entre o povo e a vontade de Deus. Essa
profecia, quase sempre, tinha endereço certo: os sistemas político
(Is 10.1-3; Jr 23.5, 6), social (Hc 1.2-4), econômico (Am 8.4-6;
Os 4.1-3; Mq 2.1-3) e religioso (Am 5.21-6.14; Os 6.6; Mq 3.5-7).
Esse realimento com a vontade de Deus tem a justiça como o seu
eixo principal. Aliás, o principal marcador do Reino de Deus é a
justiça, e não necessariamente a quantidade de novos crentes que
o nosso sistema religioso consegue produzir, pois se fosse assim,
os quarenta milhões de “evangélicos” estariam aumentando os
sinais do Reino, mas, as estatísticas dizem o contrário.
Acredito que essas duas pistas devam se constituir duas ban-
deiras de reflexões e lutas da igreja: a “desidiotização” da igreja e
o resgate da profecia. Com elas, impediremos o processo de nos
tornarmos “sal que não salga” e consequentemente, não teremos
o desprazer de vermos a “igreja ser pisada pelos homens”.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. O que você entendeu sobre o termo “idiotização da igreja”?
2. Que aspectos devem ser levados em conta para que haja o
resgate da profecia?
3. Porque o Sal deve salgar?

26
–4–
Cidadãos do Reino,
Cidadãos do Mundo!
— Wilson Costa

E
ste breve texto de reflexão bíblica e teológica sobre a
vida cristã, inicia com esta pergunta: deve o crente em
Jesus Cristo envolver-se com causas justas neste mundo?
No início de 2012, Vitor, um jovem de 21 anos, foi espancado
por cinco rapazes ao tentar impedir que batessem em um mendigo
no Rio de Janeiro. Foi notícia no Brasil todo. Ele quase morreu,
sofreu muitas cirurgias e ficou hospitalizado por muito tempo.
Seis meses depois, um juiz criminal determinou o cancela-
mento da prisão preventiva dos acusados, abrandando também
a natureza do crime, livrando os de um júri popular. O estudante
lançou uma petição na internet para cobrar punição adequada
aos seus agressores, para obter 20 mil assinaturas de repúdio às
mudanças, exigindo que a justiça fosse feita. Em poucos dias já
havia obtido 15 mil assinaturas.
Este é um episódio sobre justiça e impunidade. Justiça é um
valor do Reino de Deus com o qual o crente necessariamente
precisa estar conectado. E se os crentes do Rio de Janeiro e do
Brasil olhassem uma causa dessa como algo em que eles deveriam

27
Wilson Costa

se envolver? Não poderíamos ter as 20 mil assinaturas em apenas


um dia?

O NOSSO BEM-ESTAR DEPENDE DO BEM-ESTAR DA CIDADE

O profeta Jeremias escreveu ao povo de Deus que tinha sido


levado cativo para a Babilônia: “Busquem a prosperidade da
cidade para a qual eu os deportei e orem ao SENHOR em favor
dela, porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade
dela”. (Jer. 29.7 versão NVI)
No meio do povo havia falsos profetas dizendo, em outras
palavras: “não se importem com esta terra, a Babilônia, pois não
é a terra de vocês e logo Deus os levará de volta pro lugar de
vocês”. Parecido com o discurso dos crentes que dizem: “não
precisamos nos preocupar com este mundo, não; logo Jesus vai
voltar e este mundo será consumido pelo fogo e nós vamos para
nossa pátria celestial”.
O profeta de Deus orienta o povo de Deus olhe para a
Babilônia como a terra deles agora, na qual eles devem servir a
Deus, viver as suas vidas e ser luz para aquela nação. Eles devem
agir para produzir e desfrutar do shalom mesmo no exílio. Shalom
envolve saúde integral, bem-estar material e espiritual, harmonia
com Deus, com o próximo e com a criação.
Não foi exatamente isso que Jesus deu como motivo para sua
vinda? “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundân-
cia.” (João 10.10) Será que ele estava falando da vida no céu? Ou
será que podemos viver em vitória na Babilônia?

NÃO É UM CRENTE EM JESUS UM EXILADO NESTE MUNDO?

A resposta é sim! Foi o próprio Senhor Jesus que disse: “Eles


não são do mundo, como eu também não sou”. Por isso rogou
28
Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo!

ao Pai: “santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade”. Desta


forma, Jesus já apontava o tipo de vida piedosa e reta que os
seus teriam no mundo, à luz da verdade manifestada por suas
palavras. O sentido de santificado é que somos separados para
Deus, dedicados a Deus, mesmo vivendo neste mundo. Por isso,
no meio dessa oração, há uma declaração de envio: “Assim como
me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo”. (João 17.16-18)
O apóstolo Pedro compreendeu bem isso. Ao escrever sua
Carta, refere-se aos crentes em Jesus como “estrangeiros” e “pe-
regrinos”. Tal qual os do povo de Deus que foram deportados
para a Babilônia.

COMO VIVEMOS NESTE MUNDO SEM SER DO MUNDO?

Não somos do mundo, mas somos enviados ao mundo pelo


próprio Senhor que nos separou para servi-lo. No meio dessa
sociedade desconectada com Deus, somos reconciliados com
Deus por meio de Jesus e somos chamados a testemunhar do
amor de Deus às pessoas que Deus ama e por quem sacrificou
seu único Filho.
Precisamos ter o sentimento que houve em Jesus: “E quando
chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! se tu
conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz!
mas agora isso está encoberto aos teus olhos. (Lucas 19.41, 42)

OS CRENTES MANIFESTAM O GOVERNO DE DEUS


PARA A CIDADE

Deus é o Rei das nações e ele governa todo o mundo. Isso é


cantado muitas vezes nos Salmos. É anunciado por Jesus que,
por sua vida, ensino e obras, manifestavam o reino de Deus.
Podemos ilustrar isso assim:

29
Wilson Costa

A igreja, que representa a comunhão dos seguidores e


seguidoras de Jesus, está no mundo. E abrangendo a igreja e
o mundo está o governo de Deus. Deus lida com a igreja, mas
também lida com o mundo. Não há por que não levarmos a sério
a recomendação de Jeremias, “orai pela prosperidade da cidade”;
e o ensino do apóstolo Pedro: “Amados, insisto em que, como
estrangeiros e peregrinos no mundo, (...) Vivam entre os pagãos
de maneira exemplar para que (...) observem as boas obras que
vocês praticam e glorifiquem a Deus no dia da sua intervenção.”
(I Pe. 2.11, 12)

Boas obras, evidência da fé salvadora.

O apóstolo Pedro está relembrando o ensino de Jesus: “Assim


resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.”
(Mateus 5.16). A luz de Cristo resplandece no mundo por meio
da vivência do Evangelho pelos seguidores e seguidoras de Jesus.
O apóstolo Paulo relembra isso quando escreve aos Efésios:
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, (...) somos feitura sua, criados
em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que
andássemos nelas.” (2.8-10). Então, a salvação não vem das obras,
mas se manifesta nas boas obras.
Com este entendimento podemos compreender a ênfase de Tiago:
“Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma.” (2.17, 18).

Deus nos chama para a prosperidade da cidade.

Para que nossas cidades desfrutem do shalom de Deus elas


precisam experimentar mais da manifestação da justiça de Deus
no meio da sociedade. A prosperidade da cidade depende de
muitos fatores: estabilidade institucional e política, com bons
30
Cidadãos do Reino, Cidadãos do Mundo!

governantes, bons legisladores, bons juízes. Também depende da


economia, com oportunidade de empregos, acesso à alimentação,
à moradia, à educação, à saúde. As cidades precisam de segurança,
meios de transporte urbano, espaços de lazer e convivência social.
Se cada servo ou serva de Deus, que vive em nossa socieda-
de, atuando em alguma dessas áreas da vida de nossa sociedade,
for fiel a Deus exercendo bem o seu papel na sociedade, estará
servindo não só a Deus, mas também à prosperidade da cidade.
Assim, nossa vida encontra o caminho da vocação de Deus para
o serviço e o testemunho. As pessoas verão a luz de Jesus em
nossas vidas e serão atraídas para Deus e seu Filho Jesus.
Por isso a resposta à pergunta que está no início deste artigo
é: sim, todo seguidor e toda seguidora de Jesus deve se envolver
com as causas justas neste mundo.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. Quais ensinamentos bíblicos oferecem base para que os
crentes em Jesus se envolvam com causas justas neste
mundo?
2. O entendimento de muitos evangélicos de que a fé
salvadora não envolve boas obras tem apoio no ensino
bíblico?
3. Como os crentes podem ser mais fiéis a esta palavra de
Jesus: “Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao
mundo”?

31
–5–
A Igreja e seu papel
na missão de Deus
— Hudson Taylor Maia

Q uando olhamos o rumo que a Igreja do Senhor tomou


ao longo dos anos percebemos um distanciamento claro
entre o Cristianismo que Jesus plantou e o “cristianis-
mo” que os homens criaram. No meio desses dois conceitos a
religiosidade clerical e o liberalismo herético fazem da igreja uma
plataforma cênica e cínica de líderes totalmente despreparados e
com uma teologia frágil e sem nenhuma ortodoxia.
A igreja em nossos tempos não expressa a compaixão por
vidas e nem pelo desejo ardente da transformação da comuni-
dade. Em nada parece com a igreja de atos 2.42. Uma igreja que
movida pelo Espírito Santo preocupava-se em quebrar sofismas,
estruturas sociais injustas e acima de tudo, preocupava-se com
o sustento comum da comunidade. Quando falamos sobre essa
esfera social, os religiosos de plantão, na sua ignorância espiritual,
atrelam automaticamente ao socialismo comunista. Preferem fugir
de sua responsabilidade profética, e, estou falando do profetismo
bíblico e não das “profetadas” cada vez mais comuns em nossos
dias, que viver um evangelho autêntico e sacrificial, que empodera
as pessoas para servir no Reino de Deus.
32
A Igreja e Seu Papel na Missão de Deus (Missio Dei)

Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja bem


informada, bem articulada e bem estruturada espiritualmente.
É uma igreja que não tirou os olhos do alvo, e o alvo é Cristo.
Uma igreja que transforma seu ambiente é uma igreja que
ensina, serve, convive, celebra e anuncia (pontos abordados por
Jorge Barro no livro o qual organizou intitulado Missão para
cidade da Descoberta Editora em parceria com a FTSA).
A igreja que não contempla as mudanças sociais como parte
de seu ofício nato ainda não compreendeu a Missio dei. Igreja
e comunidade se entrelaçam e não se dissociam em função de
um fato: Cristo morreu para redimir o ser o humano e também
todas as áreas da dimensão humana.
A igreja que não compreende isto sente a necessidade de
trazer para o seu convívio alguma coisa que preencha seus vazios.
Criam ministérios de várias naturezas, redes, novas teologias,
novas tendências e nova “unção”. É como se tivessem um novo
cristo totalmente adaptados a essa nova “igreja”.
A igreja que Jesus plantou é única, universal, e santa e que
tem como propósito central a salvação da humanidade pervertida
pelo pecado, e isso se estende a dimensão de sua vida na terra.
Não podemos continuar dizendo Jesus te ama e não fazermos
algo para expressar na prática o amor do Deus que nos chamou.
A Missio dei não é uma proclamação de voto de pobreza,
mas de voto de justiça, o Espírito Santo é o Espírito de Justiça
“O Reino de DEUS não é comida nem bebida, mas justiça, paz
e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17).
Ao lermos textos como Êxodo 22.25; Levítico 19.9-10;
Provérbios 13.4,18; 19.15; 20.13 percebemos a economia de
Deus e o cuidado com os pobres e os necessitados, a participação
dos mais favorecidos e suas responsabilidades com os menos
favorecidos.

33
Hudson Taylor Maia

A igreja precisa passar por uma nova reforma onde o discurso


central deve ser a universalidade humana e seus vários viés.
Precisamos viver uma igreja que operacionalize a fé cristã na
comunidade na qual está inserida, uma igreja pastoral, uma igreja
para vidas e não para “crentes” somente. Uma igreja debatedora
das questões sociais, ativa, proativa e reflexiva. Uma igreja que
pensa, age e faz. Uma igreja que tipifica o “noivo”, santa, real, fiel
e que se relaciona. Uma igreja para fora e não para dentro. Uma
Igreja que muda conceitos e filosofias pelo que faz e não somente
pelo que fala. Uma igreja que ama como Cristo nos amou. Em
João 13.35 Jesus disse aos seus discípulos: “Nisto todos conhecerão
que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. A igreja precisa
expressar o amor de Cristo na comunidade com ações claras que
gerem transformação.
A igreja deve ser uma agente de transformação de vidas e con-
sequentemente da comunidade. A igreja precisa ser percebida na
comunidade pela evangelização constante, pelo seu testemunho
verdadeiro, pelas suas ações relacionais e principalmente pelas
ações sociais transformadoras que expressam o amor de Deus
de forma efetiva.
Alguns homens fizeram diferença em sua época por meio
da Igreja do Senhor: George Whitfield, um dos avivalistas mais
proeminentes na Inglaterra e Estados Unidos durante o século
dezoito, pregou principalmente fora das igrejas em áreas aber-
tas. Abraham Kuyper foi um planejador da coalizão ideológica.
Fhilip Jacob Spener ensinou a intimidade com Deus e trouxe o
movimento pietista à igreja Luterana, cuja proposta central era
que o conhecimento do Cristianismo deve ser alcançado através
da prática.
Os Anabatistas ensinaram o pacifismo e a separação entre
igreja e estado. Os puritanos, que fugiram da Inglaterra e se

34
A Igreja e Seu Papel na Missão de Deus (Missio Dei)

estabeleceram no Novo Mundo por causa da perseguição religiosa


aplicaram a bíblia em todas as áreas da vida a fim de trazer
transformação cultural.
Ao longo dos tempos Deus tem levantado pessoas e igrejas,
e pessoas que são igrejas para cumprir seu mandato universal: O
reino de Deus está entre nós.
Oramos a Deus para que, por sua graça, a igreja do Senhor,
possa voltar ao primeiro amor, e as práticas da justiça e da trans-
formação de vidas e comunidades por meio de seus atos de justiça.

BIBLIOGRAFIA CITADA:
Revolução do Reino – Josefh Mattera – Instituto e Publicações
Transforma.

Missão para a Cidade – Org. Jorge Barro - Descoberta Editora em


parceria com a FTSA.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. Como podemos contextualizar Levítico 19.9-10 com a igreja
dos nossos dias?
2. Que coisas práticas devem fazer a igreja para torná-la
relevante na comunidade onde ela está inserida?
3. Quais aspectos do Profetismo bíblico são completamente
diferentes dos profetas da atualidade?

35
–6–
A missão da Igreja
— Romildo Gurgel

A
primeira menção das escrituras da palavra igreja
(ecclesiae) se encontra no texto de (Mateus 16). Jesus
aqui interpreta não só o mistério como também traduz
o seu envolvimento direto com ela. Jesus é o fundador da igreja
cujo fundamento tem implicações diretas com a revelação
da sua pessoa. Não há como entender esse mistério sem que
atentemos para a função do Senhor como o cabeça da criação
dessa comunidade. A comunidade é formada por todos aqueles
que são chamados dos que estão do lado de fora dela. Isto
porque o significado literal da palavra Igreja é: “aqueles que são
chamados para fora”, ou seja, as pessoas de todo o mundo são
convidadas a saírem desse sistema dominado pelo seu príncipe,
para se tornarem Igreja.
A igreja era um mistério oculto até que o apóstolo Paulo elu-
cidou pormenorizadamente esse mistério através de suas cartas
escritas como (Colossenses 1:24-26, mais especificamente o vs. 26).
Compreendemos assim, que a Igreja é a detentora e o baluarte
da verdade, coluna esta de sustentação dessa grande construção,
36
A Missão da Igreja

onde o mesmo apóstolo diz que lançou o fundamento como


prudente construtor, fazendo uso dessa verdade, aonde outros
viriam e edificariam sobre este fundamento que é Jesus Cristo
(1Coríntios 3:10-11). O apóstolo Pedro corroborou com os
escritos de Paulo, pois foi através da experiência de (Mateus 16)
que depois escreveu em sua primeira epístola dizendo:
“Chegamos a Ele a pedra que vive (fundamento), rejeitada, sim,
pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também
vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa
espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus
Cristo” (1Pedro 2:4-5).

O propósito primeiro da existência de uma comunidade cristã,


é estar nesta verdade, recebê-la, entendê-la, desfrutá-la, tornando-a
sua experiência de vida. Sabendo que ao ouvir a proclamação da
verdade e crendo nela, assegura (comunidade) sua alma para a
salvação, quando reage apropriando-se através de uma atitude
de fé confessional.
Os agentes da missão são os proclamadores que abraçaram o
ministério da reconciliação. Estes são aqueles que após receberem
a palavra, foram selados e enviados a proclamarem (kerigma)
essa verdade para que haja a continuidade dessa construção do
santuário do Senhor, sua Igreja, tabernáculo móvel que envolve
todos os seus santos que nasceram da semente da incorruptibi-
lidade (1Jo.3:9; João 1:12-13; 3:1-8).
Os requisitos para o ministério podem ser muitos, mas inques-
tionavelmente o primeiro deles deve ser a experiência do novo
nascimento efeito da conversão, reação essa que acontece após
ouvir as boas novas de salvação em Jesus Cristo.
O papel fundamental da igreja local é educar os seus membros
e levá-los a receberem os dons que Deus disponibiliza para que
37
Romildo Gurgel

sejam equipados para toda boa obra ministerial para o aumento


deste edifício. Este preparo ministerial pode ser a nível local
e a nível que cruze além da sua fronteira geográfica. Os dois
níveis devem focar-se na distinção entre o que é fé e do que não
é fé. Ambos os níveis, devem ser comprometidos a exercerem
ministério nos ambientes que não exista fé perceptível ou sau-
dável, avaliando se o fundamento edificado não foi alterado, ou
modificado. Onde quer que esteja o povo de Deus é chamado
a participar da missão de Deus (missio Dei). É Deus quem co-
missiona sua igreja não ela mesma.
A essência da comunidade da fé consiste no compromisso
de cumprir essa missão comissionada por Deus. A Igreja per-
meia entre dois ambientes: a comunidade da fé (comunidade em
treinamento) e a comunidade sem fé (a ser alcançada). A Igreja
que não se compromete com a missão de proclamar a salvação
de Jesus, deixou de ser igreja, ou melhor, esta não é a igreja
comissionada por Deus, pois estão lançando outro fundamento
que não é Cristo. Comunidade assim, se parece com um clube
religioso onde todos os meses os seus membros pagam as suas
taxas como mantenedores, e vivem como meros amigos que
aprenderam o vocabulário de uma agência de bem-estar
sócio-cultural-espiritual; que são entretidos pelos programas,
correntes, promessas financeiras e ainda mais consumindo os seus
produtos em troca de bênçãos. Podemos afirmar que esse tipo de
evangelho tem o homem como centro (evangelho humanista).
O evangelho humanista o sujeito de ação é o ser humano
atuando no palco do uso e das atribuições, enquanto que, o
evangelho de Deus atua através da trindade, tratando os homens
como paciente realmente passivo. No evangelho humanista a
experiência está na pauta do engodo do consumo para satisfação
própria, como os gentios que assim procedem. E por se tratar de

38
A Missão da Igreja

um “ambiente religioso” entre aspas, se aceita tudo como sendo


verdade sem questionar. E por não perceberem, são atraídos por
propostas gananciosas que sedem sem a mínima cautela, como
está escrito:
“Porque esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, e, sim,
a seu próprio ventre; e, com suas palavras e lisonjas enganam
os corações dos incautos” (Romanos 16:18).

O mínimo da experiência que colhem com isso é a frustra-


ção e a experiência do seu próprio esforço profissional ou certo
desencargo de consciência por estarem ali apostando tudo, lhe
sendo vedado a experiência do novo nascimento. Veja a adver-
tência do Senhor:
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino
dos céus diante dos homens; pois, vós não entrais, nem deixais
entrar os que estão entrando” (Mateus 23:13).

Continua anda o Senhor advertindo a esses falsos procla-


madores:
“Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas! Porque rodeais o mar
e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais
filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mateus 23:15).

Equipar homens e mulheres é a função da igreja local e a com-


bater a mentira pela verdade. Na Igreja, todos os seus membros
deveriam abraçar o ministério da reconciliação, podendo exercer
este ministério dentro da comunidade (equipando os santos para
toda boa obra) e ao mesmo tempo mobilizando-os para o campo
onde não exista fé explícita.
No entanto é razoável pensar que o caminho da missão não
é de mão única, é uma via de mão dupla. Jesus Cristo tanto ensi-
nava pedagogicamente como também praticava o que ensinava.

39
Romildo Gurgel

A abrangência ministerial de Jesus está naquilo que Ele leu em


uma sinagoga na cidade de Nazaré quando lhe deram o livro do
profeta Isaias onde achou o lugar que está escrito:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu
para evangelizar aos pobres; enviou-me para proclamar liber-
tação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em
liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor”
(Lucas 4:18-19).

Após a leitura entregou o livro ao assistente e disse: “Hoje se


cumpriu a escritura que acabais de ouvir”(v.21).
Só deste texto podemos extrair cinco ministéros:
1 – Evangelizar aos pobres.
2 – Proclamar libertação aos cativos.
3 – Restauração da vista aos cegos.
4 – Por em liberdade os oprimidos.
5 – Apregoar o ano aceitável do Senhor.
A Igreja local é chamada a manifestar seus ministérios no
mundo, não só pelo conteúdo que proclama, mas também pelo
que pode fazer em resposta às necessidades das pessoas que es-
tão em sua volta, através da ação primeira, a salvação das almas.
A “grande comissão” foi entregue aos apóstolos, pois a eles foi
lançado o desafio de pregar o evangelho em todo o mundo, e
no evangelho de Marcos há mais detalhes sobre isso. Enquanto
Marcos fala de pregar o evangelho, Mateus fala também de fazer
discípulos e ensinar, o que mostra que a grande comissão tem um
escopo mais amplo do que apenas pregar o evangelho.
“Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os
a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que
eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
Amém”. (Mateus 28:19).

40
A Missão da Igreja

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a


toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não
crer será condenado”. (Marcos 16:15-16)
A grande comissão incorpora a pregação do evangelho e o
ensino de todas as coisas que Jesus tem mandado guardar. É a
própria trindade que se interessa pelos perdidos. A Igreja tem a
missão de reunir todas as pessoas ao redor do mundo, para ter
comunhão com a trindade, da mesma forma que a trindade possui
comunhão entre si, devemos ter comunhão uns com os outros,
pois a parede da separação foi derrubada.
Os dons do Espírito é uma capacitação sobrenatural que
habilitam o homem de Deus a desempenhar o mandato da
reconciliação.
O que muito tem sido difundido atualmente é que muitas
igrejas têm se distanciado do modelo do kerigma ensinado por
Jesus e interpretado pelos seus apóstolos.
Não é a toa que o cristianismo de consumo está no centro
do movimento de crescimento dessas igrejas e seu efeito letal se
encontra quase que em todas elas. Através do seu marketing até
mesmo as igrejas históricas sutilmente tem cedido a essa dissimu-
lação. Inevitavelmente, isso tem afetado a pregação, a música, o
ensino, as programações, as orações e o sentido real de bênção.
As pessoas pensam que ao comprar os produtos religiosos estão
adquirindo a espiritualidade tão necessária para obterem a bênção.
A grande verdade é que Jesus veio resgatar os pecadores e não
os consumidores. Cabe aqui a advertência apostólica:
“Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos
dizia e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz
de Cristo: O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre,
e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocupam
com as cousas terrenas” (Filipenses 3:18-19).

41
Romildo Gurgel

E ainda adverte o apóstolo:


“Admira-me que estejais passando tão depressa que vos
chamou na graça de Cristo, para outro evangelho; o qual não
é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem
perverter o evangelho de Cristo” (Gálatas 1:6-7).

A intenção de Deus criar a Igreja não foi de prover serviços


aos seus membros, ao contrário, ela deve desafiar os seus mem-
bros a obedecerem ao evangelho e a servirem a Deus e a seus
semelhantes.
Que Deus nos ajude e nos abençoe.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. Na sua ótica o que seria fundamental para o cumprimento
da missão deixada por Jesus Cristo?
2. O que você poderia comentar do comportamento da Igreja
frente aos desafios de ser instrumento evangelizador e
reconciliador?
3. Como você cumpre a missão deixada por Jesus Cristo?

BILBIOGRAFIA
PADILLA C. Renè. O que é missão integral? pp.1-22 Editora Ultimato. Viçosa-MG. 2009
http://www.chamada.com.br/mensagens/consumo.html
http://veshamegospel.blogspot.com.br/2010/01/cristianismo-de-consumo.html
http://ganancia.com.br/index.php?id=63
www.respondi.com.br/2011/07/grande-comissao-de-mt-2818-20-vale-para.html

42
–7–
Transformando o Mundo
Para a Glória de Deus
— Marcos Aurélio dos Santos

D
eus está em missão. Como Igreja do Senhor Jesus,
recebemos a tarefa de reconciliar todas as coisas com
ele. Esta reconciliação acontece em quatro dimensões
na qual o homem deve buscar. Devemos reconciliar-nos com
Deus (espiritual-teológica), com o próximo (sócio-cultural),
consigo mesmo (soteriológica=salvação pessoal) e com a
natureza (micro-cosmomógica= planeta), pois assim somente
haverá transformação de uma forma integral. Em sua missão
no mundo, a Igreja deve entender de maneira clara seu papel
como agente de transformação, como sal (caráter), dando sabor
a um mundo destemperado pelo pecado nas áreas estrutural e
pessoal. Como luz (boas obras), devemos resplandecer em uma
sociedade em trevas.
A comunidade dos santos, corpo de Cristo, noiva do cor-
deiro, não foi chamada para ser apenas expectadora da história,
mas como o sal que deve estar fora do saleiro, precisa salgar,
deve evolver-se para conhecer a realidade da humanidade no
poder do Espírito Santo, encarnando os valores do reino aqui
43
Marcos Aurélio dos Santos

e agora para que se cumpram as Escrituras quando diz que


Cristo é o Senhor de tudo. A Igreja que caminha deve exercer
sua vocação de serva, expressando ao mundo a vida e minis-
tério daquele que a comprou por alto preço. Esta mudança só
poderá ser evidenciada por meio da proclamação e encarnação
do Evangelho.
Esta igreja é viva, pois é nutrida por Cristo para sua glória.
É na vida da igreja que a missão transformadora no primeiro
momento acontece. Acredito que o passo inicial para a ação da
igreja é arrepender-se do que ainda não fez, ou deixou de fazer
na história em seu chamado para a missão. É preciso haver que-
brantamento, renuncia, quebra de paradigmas, visão renovada e
coragem, tudo na dependência total do Espírito Santo. Como diz
um amado companheiro de missão, “devemos entrar em crise”,
partindo dede uma atitude de arrependimento e humildade diante
de Deus. A ação poderosa do Espírito causará forte impacto na
liderança da igreja, que consequentemente encoraja os demais
compartilhando a nova visão.
Caso não haja um mover do Espírito par que aconteça uma
mudança, tanto nos conceitos teológicos, como na maneira
de realizar a missão, dificilmente a igreja cumprirá a missão de
forma integral.
Como proclamadora do Evangelho do reino, a igreja precisa
encarnar sua pregação. Devemos ir além das palavras, demons-
trando o amor de Jesus em serviço ao próximo. Não seria o míni-
mo que uma pessoa sensata poderia nos pedir? Que demostremos
esse Evangelho que anunciamos na prática? Então, ninguém
que for alcançado pelo poder do Evangelho poderá negar que
o amor de Jesus chegou até ele. Isto só acontecerá por meio da
encarnação dos valores do reino de Deus em nós, em atos de
compaixão e misericórdia com o outro.

44
Transformando o Mundo Para a Glória de Deus

Assim fez Jesus. Ele pregava e servia. Em sua peregrinação


ministerial, seus ensinamentos não se limitaram somente as
pregações da sinagoga na tarde de Sábado, mas na vida. Na
condição de servo serviu a todos. Andou pelas ruas e becos, em
barquinhos, assentou-se e andou por lugares em que os religiosos
da época passavam de longe. Quebrou preconceitos e paradigmas
(no caso da mulher Samaritana). Seu amor acolhedor alcançou
endemoniados, crianças pobres, prostitutas, leprosos, traidores
da pátria e ladrões (publicanos), em fim, como ele mesmo disse:
“Não vim para ser servido, mas para servir”. Uma igreja que
transforma deve ter em seu caráter a vida de Jesus como refe-
rencial no exercício da missão.
Outra questão bastante pertinente, quanto à missão que foi
entregue à igreja, é a sua vocação para o ministério profético.
Como igreja, somos comissionados a denunciar as injustiças nas
dimensões econômica, pessoal, social e política. A relevância
neste ministério dar-se pelo fato de que a igreja é por natureza
profética estribando-se na pregação e vida de Jesus de Nazaré.
Em concordância, podemos ver estes feitos no ministério dos
profetas Hebreus e nos apóstolos. (Veja: Os 4,1-2; Mq 6,11-12;
Jo 6.14; Lc 9.19). Denunciar com voz, como também em nossa
maneira de viver o Evangelho do reino, é o referencial maior de
uma igreja profética.
Para que a igreja entenda sua missão de profetizar, é preciso
também mudar sua cosmovisão. Deve libertar-se de sua visão du-
alista que por muitos anos na história separou a igreja do mundo.
O Foco em extremo na “santificação individual” e o antigo lema
de “ganhar almas” em detrimento da missão de cuidar das pessoas
levou a igreja a uma compreensão distorcida quanto à sua forma de
encarnar a missão bíblica. Esta postura resultou em um afastamento
da igreja quanto ao seu envolvimento em questões que não fossem

45
Marcos Aurélio dos Santos

no seu ponto de vista, “espirituais”. Em sua história na missão, a


igreja separou-se de forma gnóstica do mundo.
É preciso enxergar o mundo sob a ótica do reino de Deus.
Uma vez que Cristo é o Senhor de tudo, este reino deve ser
manifesto por meio da igreja em todos os lugares e em todas
as dimensões da vida humana. Isto implica no seu engajamento
nas questões sociais, políticas, econômicas, culturais, espirituais,
emocionais e etc. Como voz profética contra as injustiças no
mundo, a igreja deve alargar a visão de ver o mundo como Deus
o vê, de forma integral, na expectativa de reconciliar todas as
coisas para sua glória.
A igreja deve enxergar a humanidade com olhar esperançoso,
como lugar de ação do amor de Deus, de maneira positiva, esta
atitude de amor deve contribuir para a promoção da justiça aos
desfavorecidos, para restauração do caído, para o acolhimento
dos pobres, para transformação do pecador em discípulo de Jesus
de Nazaré, para temperar o mundo com o caráter de Cristo, pois
sem sal não há missão, para iluminar, pois é na luz, que o mundo
verá as obras de Cristo em mim, e em você.
Nossa voz profética deve ecoar sobre todo tipo de injustiça.
Em coro, é preciso falar em favor daqueles que não tem voz, de
gente que não tem a quem recorrer se não ao Deus de miseri-
córdia, gente que sofre não apenas por ser pobre, mas porque
perderam o respeito, a autoestima, a dignidade de ser gente,
o direito, a autonomia. Nossa voz deve ir contra todo tipo de
riqueza que produz a miséria do povo, seres criados à imagem e
semelhança de Deus. Isto é missão.
A igreja do Senhor Jesus é a agente de transformação nesse
cenário. Seu envolvimento com as necessidades das pessoas,
seu chamado para ser serva, a formação de novos discípulos,
sua voz profética e uma vida sob a direção do Espírito Santo

46
Transformando o Mundo Para a Glória de Deus

são alguns dos desafios missionais da igreja de nossos dias. Sua


mensagem deve ser confrontadora, pois o Evangelho tem estes
dois referenciais: Ele confronta e transforma. Que possamos
nós todos os dias ser confrontados pelo poder do Evangelho
do reino.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. A quem pertence à missão?
2. Porque a urgência em mudar nossa cosmovisão?
3. O que vem a ser a encarnação da pregação?

47
–8–
Emerge Novo Conceito
de Santidade
— Antônio Carlos Costa

V
ejo uma ruptura de gerações em curso na vida das igrejas
do país. Um conceito de santidade de vida que começa
a ganhar espaço nas mentes e corações de milhares de
jovens, que vai alterar o perfil do protestantismo brasileiro. Pela
primeira vez na história, três elementos novos farão parte, numa
extensão nunca antes vista, da forma de o cristianismo ser vi-
venciado pelos cristãos brasileiros. Que características são essas?

COMPROMISSO COM O POBRE


Começa a se espalhar pelo Brasil o interesse por resposta, à luz
das Escrituras, para pergunta crucial: o que significa ser cristão
num país de miséria? Como alguém que passou pela espantosa
obra da regeneração responde à realidade dos barracos infesta-
dos de ratos, cujas portas são banhadas por esgoto, dentro dos
quais habitam crianças pobres, cujos pais estão desempregados
ou recebem salários irrisórios? Milhares começam a questionar
modelos eclesiásticos que negligenciam o cuidado daqueles para
os quais Cristo dedicou especial atenção.
48
Emerge um Novo Conceito de Santidade

DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS

Como pode uma pessoa ter conceito tão elevado sobre o homem
a ponto de afirmar que seu ser carrega características que podem
ser encontradas no próprio Deus, e, ao mesmo tempo, não se
indignar quando aquele que foi criado à imagem do seu Criador
é explorado, torturado e grita sob os golpes dos seus algozes
sem ter quem o ouça? Jovens cristãos começam a ver como
grave incoerência proclamar a dignidade do homem e ao mesmo
tempo tratar com indiferença a banalização da vida humana, o
que muitas vezes é perpetrado pelo próprio Estado.

AMOR POLÍTICO

Milhões de homens e mulheres encontram-se acorrentados a


sistemas de opressão. Sem a mínima possibilidade de encontrarem
alívio para sua dor, exceto se decisões no campo político sejam
tomadas. Salários baixos, jornadas de trabalho desumanas, falta
de moradia, carência de saneamento básico, insegurança nas
ruas, hospitais mal equipados, escolas sem estrutura mínima.
Não há igreja que dê conta desses males através da pura ação
filantrópica. Há grande diferença entre dar pão e libertar o povo
da escravidão do Egito.
Cristãos brasileiros começam a perceber que a sempre indis-
pensável generosidade pontual não dá conta do sertão nordes-
tino, das favelas cariocas, dos bairros de periferia de São Paulo,
das comunidades ribeirinhas do Amazonas. Há uma dimensão
política no amor.
Talvez você esteja perguntando: o que o leva a crer nessa trans-
formação? Sei que essa profecia é a profecia do desejo. Gostaria
de ver esse cristianismo emergir antes da minha morte. Minhas
andanças pelo país, contudo, têm me levado a crer que algo já

49
Antônio Carlos Costa

se encontra em curso. Ouço gemidos, vejo lágrimas, contemplo


joelhos dobrados, em cultos nos quais a mensagem do amor
simétrico e integral é anunciada.
Se esses jovens conseguirem incorporar esses três elementos
ao seu conceito de santidade, sem se deixarem levar por ideolo-
gias políticas de esquerda ou de direita, mantendo a fidelidade
às Escrituras, levando o evangelho aos que não conhecem a
Cristo, exercitando o amor na igreja local e orando no poder do
Espírito Santo, essa geração de cristãos terá transcendido a que
a antecedeu.

FONTE: palavraplena.typepad.com

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. Qual a importância do resgate do cuidado com os pobres?
2. A igreja deve envolver-se com as questões dos direitos
humanos?
3. Estaria a igreja falhando em sua missão profética?

50
–9–
Práticas de Liderança Para
Uma Missão Transformadora
— Arturo Meneses

M
issão Transformadora vem do texto de David
Bosch: “Transforming Mission”. O livro, quando
originalmente lançado em inglês, em 1991, foi
amplamente aclamado como a obra mais importante do século
sobre o caráter missionário de Deus e os empreendimentos
missionários da igreja! Com 17 impressões até 2002 (Em Inglês)
e traduzido ao Português em 1998, bem vale a pena ler, estudar
e debater, para as abordagens mais teológicas da Missão de Deus
e papel da igreja, o qual não é o meu objetivo neste artigo. Deixo
isso para os teólogos.
A minha reflexão, tem a ver com o que David Bosch, já no seu
livro, chama de “Missão, a crise contemporânea” (introdução página 22).
Ele disse: “Um fundamento inadequado para a missão e motivos e metas
missionárias ambíguos, estão fadados a acarretar uma prática missionária
insatisfatória” Também acrescentou: Esse problema não é localizado “lá
fora”, no campo de missão, mas no coração da própria igreja. O resultado é
determinado pelo que acontece dentro da igreja, não fora, no campo de missão.

51
Arturo Meneses

Em 2008, interessantemente,17 anos depois do livro de Bosch,


foi publicado outro livro por Paul Washer: Dez acusações contra
a igreja contemporânea. Num tom apaixonado e corajoso (In-
trodução página 9), o autor parece afirmar que a crise continua,
quando diz: “Precisamos de um despertamento. Não entanto, não podemos
esperar que o Espírito Santo venha e arrume toda bagunça que temos feito.
Temos instrução clara da Palavra de Deus sobre o que Ele fez por meio de
Cristo, como ele espera que vivamos, como espera que organizemos sua igreja”
Na minha humilde perspectiva, tanto na reflexão de Bosch,
como as acusações radicais de Washer, estamos falando de
uma crise interna da liderança. Estratégias e práticas que são
necessárias para viabilizar eficazmente a missão da igreja, como
cooperadora da Missão de Deus. Os teólogos concordam que
não pode haver missão transformadora, sem uma espiritualidade
bíblica integral. Eu me permito propor que também não existe
missão transformadora, sem uma prática de liderança também
transformadora.
Pensando com esperança, vamos assumir o paradigma de que
crise, literalmente significa: (para os chineses) “Perigo de morte e
também oportunidade única”. Qual é então uma possível opor-
tunidade? Gostaria nesse respeito, refletir sobre a proposta de
James Kouzes e Barry Posner, no texto editado em 2004: Reflexões
cristãs sobre o Desafio da Liderança. Essa proposta, considerando que
liderança é influência, convida a construir e cultivar 5 práticas
exemplares de liderança. Acho que pode ser uma experiência
importante para ser considerada como bússola de aprendiza-
gem nos esforços da igreja para aprimorar uma estratégia de
desenvolvimento da liderança. Essas práticas exemplares e seus
compromissos são:

52
Prática de liderança Compromissos
• Clarificar os valores
1. Modelar o caminho. Liderar a partir daquilo em que se
• Descobrir capacidades
acredita, começando por clarificar seus valores pessoais; dar
• Afirmar ideais partilhados
o exemplo, ser o modelo de comportamento que espera dos
• Dar exemplo, alinhando as ações com os valores
outros; alcançar o direito e o respeito para liderar (Tito 2:7)
para fortalecer a credibilidade.

2. Inspirar uma visão partilhada. Ter uma visão de futuro,


• Pensar no futuro e possibilidades apaixonantes
imaginar as possibilidades atrativas; envolver aos outros numa
• Integrar aos outros numa visão comum
visão comum, a partir de um conhecimento profundo dos seus
• Apelar as aspirações partilhadas
sonhos, esperanças e aspirações (Habacuque 2:2-3)
3. Desafiar o processo. Reconhecer boas ideias, sustentá-
las e mostrar vontade de desafiar o tradicional para obter • Procurar oportunidades e tomar iniciativa

53
propostas inovadoras; experimentar e correr riscos, originando • Criar formas inovadoras de melhorar
constantemente pequenas vitórias e aprendendo com os erros • Experimentar e assumir riscos
(Romanos 12:2)
• Fomentar a cooperação através da confiança
4. Habilitar aos outros a agir. Promover a colaboração de todos,
• Facilitar os relacionamentos e desenvolver novas
fomentando objetivos cooperativos e construindo confiança;
capacidades
valorizar aos outros, partilhando poder, utilizando a palavra
• Fortalecer aos demais aumentando a
“nós” (1 Pedro 4:10)
autodeterminação

5. Encorajar o coração. Reconhecer as contribuições, através • Valorizar a participação dos colaboradores


da apreciação pela excelência individual; celebrar os valores • Fomentar expectativas positivas
e as vitórias, criando um espírito de comunidade. Integrar • Criar espaços para comemorar e reconhecer ações
inteligência espiritual e emocional. (Filemom 1:7) exemplares.
Práticas de Liderança Para Uma Missão Transformadora
Arturo Meneses

Essas práticas concretas são congruentes com a seguinte


definição, que tenho adaptado destes autores e de John Maxwell:
“Liderança é a arte de avivar os dons de Deus em nós, influenciando e
mobilizando eficazmente a outros, para que aspirem fazer realidade uma
visão compartilhada de transformação integral”
Podemos concluir que não existe transformação sem liderança
exemplar. Como diz Dallas Willard, a igreja é protagonista pre-
parada por Deus com a mente de Cristo e o poder do Espírito,
para ser parte de uma “conspiração divina” para a transformação
do mundo. A igreja só é eficaz, quando Cristo é formado nela
(Gálatas 4:19) Não só na espiritualidade, senão também no seu
modelo de liderança servidora.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. Qual é a relação das práticas exemplares de liderança com
o desenvolvimento da missão transformadora pela igreja
como cooperadora de Deus?
2. Qual das práticas exemplares de liderança considera o
maior desafio no contexto da sua igreja? Por quê?
3. De que maneira, uma liderança exemplar interna na sua
igreja local, fortalece a credibilidade do seu papel para a
missão transformadora?

“Quando o pastor ou servidor cristão deixa de se tornar o tipo


de líder que Deus planejou para ele ou ela, todos perdemos a
grande oportunidade de desfrutar do seu dom divino”
—John Ortberg

54
– 10 –
Igreja:
AgÊncia de Transformação
no Mundo Contemporâneo
— Renildo Diniz Lopes Junior

O QUE SE PASSA NA ATUALIDADE

Toda vez que pensamos na igreja estamos pensando no modelo


estabelecido por Deus para expandir sua missão. A igreja é segu-
ramente o veículo que expressa com maior naturalidade os planos
de Deus em cumprir seus propósitos, não é a igreja apenas um
simples ajuntamento de pessoas que solidarizam símbolos religio-
sos, mas, uma comunidade em quem está a responsabilidade de
anunciar as Boas Novas do Reinos de Deus (Lc. 8:1), a saber Jesus.
Nos últimos anos temos testemunhado a grande ênfase que
tem sido dada pela mídia ao crescimento das igrejas evangélicas, e
aqui me refiro as diversas igrejas locais que se espalham pelo país.
O fenômeno é sem dúvida espantoso, especialmente na América
Latina e mais especificamente no Brasil, onde segundo o senso
o número de evangélicos já chega a 25% comparado às últimas
décadas. Esta expansão é variavelmente contrária ao que ocorre
em continentes como a Europa onde a secularização não só da
cultura como também da religião tem transforado os modelos

55
Renildo Diniz Lopes Junior

de religiosidade. Enquanto no Brasil temos uma esteira religiosa


ampla e em pleno crescimento das formas religiosas, em outros
países e especialmente em países do velho continente temos
uma espécie de bricolagem que nada mais é que, uma espécie
de sincretismo que ao invés de levar o indivíduo a variar entre
vários modelos religiosos, cria um novo, não institucionalizado
nem mesmo ligado as tradições religiosas herdadas.
O caso brasileiro é interessante pois, não existe aqui uma
desaceleração dos cultos, mas, o contrário; movimentos como
os neopentecostais tem crescido bastante por exemplo. Outro
fenômeno interessante paralelo ao crescimento dos protestantes
é o número cada vez maior de pessoas desvinculadas das insti-
tuições religiosas são os chamados “sem igreja”. Isso se dá por
diversos fatores que não dará tempo trabalhar aqui, no entanto
vale a pena lembrar que estas pessoas não se desligam necessa-
riamente das tradições herdadas, simplesmente não querem mais
envolvimento institucional.
Estes fatores que caracterizam em parte a igreja protestante
brasileira têm na verdade, produzido um grande desafio àqueles
que se comprometem com a igreja do Senhor, eu diria que as
nossas igrejas precisam refletir muito sobre o seu verdadeiro papel
diante às transformações contemporâneas. Como ser igreja diante
uma sociedade com aspectos religiosos sincréticos e triunfalistas?
Como responder aos que não acreditam mais nas instituições, que
deveriam ser manifestações da igreja invisível de Cristo, portanto,
agências sinalizadoras do Reino? Que papel esta igreja pode exer-
cer sobre a sociedade contemporânea? Quando começarmos a
encontrar respostas sérias a estas questões talvez estejamos dando
passos significativos a uma transformação que colocará a igreja
como baluarte de transformação da nossa sociedade.

56
Igreja: AgÊncia de Transformação no Mundo Contemporâneo

O QUE É ESSENCIAL PARA TRANSFORMAR


Uma igreja que se propõe a transformar uma sociedade necessita
ter em mente algumas características imprescindíveis. Devemos
lembrar que a igreja não é a dona da Missão, ela é cooperadora
da Missão que pertence a Deus, isso leva a igreja a entender que
sua existência está sob a dependência de Deus. Outro fator re-
levante está no fato que os líderes devem estimular os membros
das suas igrejas a conhecerem a realidade do mundo em que
estão inseridos, por exemplo, quem são e como vivem as pessoas
do bairro. Uma das grandes dificuldades que encontramos nas
igrejas locais é sua completa alienação do estilo e modo de vida
das pessoas, na verdade estamos interessados nos números que
preencherão os bancos das nossas congregações e uma igreja que
se propõe a transformar uma sociedade não pode ignorar as lutas
e sofrimentos das pessoas. O que esperamos das nossas igrejas é
que elas sejam servidoras, nesse sentido vejo um problema; virou
moda o líder ou pastor se tornar um administrador, uma espécie
de líder sênior, um técnico. O que ocorre no meu entendimento
é que os membros são levados a servirem a instituição com o
pretexto de estarem servindo a Igreja do Senhor, não é pouco
o que ouvimos: “tenha compromisso com a obra do Senhor”!
Não é que esteja errado, mas, o que significa esta obra, seriam
os ministérios da igreja local? Seriam os departamentos? Tudo
isso é interessante, mas, quando falamos em uma igreja servidora
devemos ter em mente o fato que a igreja vive para servir os de
fora. Este é um aspecto fundamental, os crentes precisam inter-
nalizar a sua função diaconal, sua tarefa em servir (Mc. 10:45)
anunciando o Reino de Deus.
O pastor é, portanto uma peça importante no visionamento
da igreja quanto ao reino de Deus, Jorge Barro em O Pastor
Urbano diz: “Quando a meta da ação pastoral é outra que não o reino

57
Renildo Diniz Lopes Junior

de Deus, consequentemente estamos fora do modelo pastoral de Jesus e com


certeza dentro de outros modelos, especialmente os modelos dos modismos
pastorais”. (Barro: pg. 187). O que é extremamente essencial ao
pastor é ter em sua mente sua tarefa bem definida, levar a igreja
a um modelo de rebanho que faça com que esta igreja seja serva
da comunidade em que está inserida.
Finalmente, diria citando Jorge Barro, que é dever do pastor ou
líder saber interpretar o seu tempo. Quando não sabemos traduzir
as angustias, sofrimentos e alegrias das pessoas cometemos o erro
de ignorar estas pessoas como agentes pessoais e as vemos apenas
como números. Este erro deve ser evitado a todo custo, pois se
persistirmos nele daremos claros sinais de que não entendemos
qual a verdadeira tarefa não só do pastorado como também da
igreja. Se queremos transformar a sociedade é tarefa nossa fazer
uma releitura do texto Sagrado, contextualizando-o a um mundo
que tem sido transformado pela secularização.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. Como o líder pode interpretar a realidade em que vive?
2. Quais riscos o pastor corre quando se desvia da meta de
ação pastoral?
3. Além das sugestões do texto para ser uma igreja
transformadora, o que você poderia acrescentar?

58
– 11 –
O Desafio Urbano às Igrejas
— Sérgio Paulo Ribeiro Lyra

S
egundo dados da ONU, em 1950 não existia em todo o
mundo mais do que sete cidades com população superior
a 5 milhões de pessoas. Os mesmos dados apontavam ha-
ver cerca de 100 cidades com mais de um milhão de habitantes.
Apenas 50 anos depois, a realidade é completamente outra. E se
estendermos os horizontes para 2020 espera-se existir mais de 500
cidades “milionárias”, estando a maioria delas no Terceiro Mundo.
Porém, há um outro fenômeno que também fora previsto.
Trata-se da formação das metrópoles. No entorno de grandes ci-
dades que começaram a crescer e desenvolver-se aceleradamente,
floresceram outras cidades menores. Não havendo uma definição
precisa, no Brasil fala-se de nove a doze metrópoles.
Conscientes da amplitude que o leque de informações dispo-
nibiliza sobre os aspectos urbanos de uma região metropolitana,
tornou-se imperativo sumariar e delimitar nossa abordagem em
apenas quatro aspectos: o econômico, a sociabilidade, as ações
eclesiásticas e as oportunidades missionárias.

59
Sérgio Paulo Ribeiro Lyra

Estrutura econômica da Metrópole.


Há duas faces opostas nas grandes cidades. Uma é aquela
que frequentemente aparece nos congressos e relatórios de
propaganda governamentais, nos folders das empresas, nas
agências e mapas turísticos. Nesta face, a cidade é bonita, bem
organizada, progressista, afável e ordeira para com os seus
habitantes ou visitantes.
Tomando a cidade do Recife como exemplo, ela é vista como
o maior centro comercial do Nordeste, o segundo melhor centro
médico do país, ostentando dezenas de faculdades e universidades
e o seu polo de informática possui projeção internacional. Além
disso, possui diversos polos industriais, destacando-se o Porto de
Suape que vai abrigar o maior estaleiro do hemisfério sul, uma
refinaria de petróleo e outros mega-investimentos. Foi olhando
para essa face das cidades que surgiu a frase publicitária de um
“Pernambuco como nunca se viu”.
Triste, mas verdadeira, é a existência de outra face. As cidades
metropolitanas no Brasil abrigam centenas de favelas e milhões de
miseráveis. É facílimo se deparar com crianças e adolescentes fa-
zendo alguma coisa nos sinais de trânsito, em busca de conseguir
alguns trocados. A cidade da face bela, de repente, se transmuta e
se torna local de milhares de desabrigados, desempregados, vicia-
dos, verdadeiros miseráveis que, vivendo à margem sem desfrutar
de acessos econômicos, se utilizam de meios escusos para viver.
Se focalizarmos o aspecto da geração de renda e da oferta
de empregos, as metrópoles nordestinas não fogem ao pano-
rama nacional, agravando-o, inclusive. Pesquisa do IPEA com
130 países, apresenta o Brasil no vergonhoso segundo lugar no
ranking das piores distribuições de renda. Só somos “melhores”
do que a péssima distribuição de Serra Leoa na África. E mais,
“de acordo com o Banco mundial, durantes os primeiros 25 anos

60
O Desafio Urbano às Igrejas

do século 21, a pobreza mundial será cada vez mais concentrada


nos grandes centros urbanos.” Milhares de retirantes das cidades
do interior, em particular daquelas que não apresentam opções
de renda, chegaram, e ainda chegam, às capitais em busca de
melhores condições de vida. Isto amplia as dificuldades e geram
uma grande grama de problemas estruturais. São essas pessoas
que adensam as favelas e produzem uma imensa oferta de mão
de obra não qualificada, sendo muitos os analfabetos.

Mudanças na sociabilidade urbana


Ao contrário das pequenas cidades do interior, o contexto ur-
bano das metrópoles impõe a pressa, a concorrência, a presença
incógnita, a valorização extrema da privacidade e o consequente
isolacionismo social, a preocupação com a segurança, a inversão
do valor de ser pelo ter e a inevitável restrição à sociabilidade
que tudo isto provoca.
As grandes transformações urbanísticas e tecnológicas não
permitem mais o compartilhar de espaços comuns. Os espaços
antes representados pelas praças e passeios públicos não têm
mais importância na lógica atual da vida urbana. Assim, a metró-
pole não é mais a cidade portadora de um centro marcado por
monumentos, casas de espetáculo, restaurantes e ruas de lazer
e compras. Hoje os habitantes de classe média das metrópoles
pertencem mais aos bairros, verdadeiros novos centros onde lá
se encontra praticamente tudo. Quanto mais rico o bairro, mais
limpeza, mais iluminação, mais segurança, melhores acessos e
mais oferta variada de produtos e serviços.
Diante deste novo ambiente, fatores geradores de socia-
bilidade como a rua, a feira, a praça e a igreja central perdem
completamente os seus papeis como elementos facilitadores da
socialização na cidade, descaracterizando, quase que por com-
61
Sérgio Paulo Ribeiro Lyra

pleto, o perfil interiorano na metrópole. A metrópole moderna


foi afetada por mudanças radicais. Uma simples análise deixa
exposto o seguinte para a classe média urbana:

ANO DE 1950 ANO DE 2005

Rádio, Jornais,
Celular, internet,
Comunicação discursos nas
TV, satélite.
praças.

Lugar de
Lugar de passeio, passagem,
Centro da cidade
lazer e compras. perigoso, compras
só se necessário.

Feiras livres,
Shopping center,
pequenos
super-mercados,
mercados,
Opção de compras opção pela
fidelidade a
vantagem, Dinheiro
marcas, vendas em
eletrônico.
dinheiro.

Móvel com uma


Fixa com pouca
Residência mudança a cada
mobilidade.
cinco anos (média).

Estável e grande Frágil e pequena


Família com uma média de com uma média de
sete indivíduos. quatro indivíduos.

Vizinhança
Vizinhança
desconhecida,
conhecida,
sistemas de
Sociabilidade relacionamentos
isolamentos e
múltiplos e
segregação nos
variados.
relacionamentos.

62
O Desafio Urbano às Igrejas

Dentre as características de sociabilidade nas metrópoles, a


exigência por privacidade se destaca como uma sensora vigilante.
Mora-se geograficamente próximo, mas, esses vizinhos pouco
sabem além do número do apartamento um do outro.
Não podemos deixar de questionar quanto dessa mudança
de sociabilidade urbana tem afetado as igrejas. A primeira vista,
identificamos quatro áreas seriamente afetadas e que carecem de
investigações posteriores mais acuradas.
(1) Primeiro, identifica-se claramente pais cristãos educando
seus filhos não para servirem a Deus, mas para buscarem o
sucesso conceituado e estabelecido pela sociedade não-cristã,
produzindo a idolatria, ou no mínimo uma mega-valorização, do
dinheiro, da carreira e do benefício sócio-econômico.
(2) Segundo, há um processo de evangelização elitizada, e conse-
quentemente, a criação do isolamento, gerando a formação de guetos
evangélicos, entenda-se comunidade auto-centrada, que pressupõem
um nível social “adequado” para uma determinada igreja.
(3) Terceiro, o isolamento quase que anula as possibilidades
de ser testemunha, pois fechando-se na redoma da auto-proteção
e auto-interesse, como cruzar barreiras e servir de testemunha
de Jesus à cidade?
(4) Quarto, o elitismo separatista faz com que a comunidade
cristã dessas igrejas fique alheia à realidade da cidade que fica cada
vez mais distante e alienada em todos os sentidos.
Outro exemplo do isolacionismo social urbano atual é a
preponderância do “carro individualizado” como meio de trans-
porte, cuja ostentação de privilégio é a negação à sociabilização
igualitária, quando comparado à sociabilização que o transporte
coletivo proporciona. Nas metrópoles há bairros onde o fluxo
de carros particulares na ida e volta ao trabalho é tão intenso,
que produz congestionamentos regulares e quilométricos. A

63
Sérgio Paulo Ribeiro Lyra

pobreza nesses bairros ricos é uma chaga indesejável, perigosa,


uma agressão ao que se ver. A presença de pobres é apenas de
passagem, eles só se fazem perceptíveis através das empregadas
domésticas, funcionários de prédios e outros profissionais de
serviços com pouca qualificação profissional.
Entretanto, outra é a realidade nos bairros periféricos e nas
cidades agregadas às capitais. Milhares de pessoas agrupadas pela
parca renda e disponibilidade de investimentos, formam outro
gueto, agora caracterizado pelo ciclo da pobreza. São pessoas
cujo estilo de vida reflete muito da sociabilidade das cidades
do interior. A rua e os lugares públicos, os festejos populares e
religiosos voltam a assumir valores de sociabilização.
Essa duplicidade exclusivista retrata a realidade de toda me-
trópole. Há a existência de uma “polifonia social” que mistura
contextos sócio-econômicos colocando-os lado a lado pela teia
de atividades da cidade, e também produz isolacionamento, eliti-
zação, marginalização e aglomeração geográfica de classes sociais.
Não se deve passar despercebido que o contexto econômico nas
metrópoles impõe certas posses como um status quo social. Isto
faz com o fato de possuir determinado objeto significa progresso e
participação social, gerando uma sensação de semelhança e pertenci-
mento. O melhor exemplo disto é o telefone celular. A grande cidade
“determinou“ que é imprescindível para todos os seus habitantes
possuírem um. Assim, quem o possui está atualizado e “conectado”
com os demais habitantes da metrópole, podendo ser “achado” no
meio da multidão a qualquer hora. Em menores proporções, o mes-
mo vem ocorrendo com o DVD, a roupa e o sapato da estação etc.

Oportunidades missionárias.
Uma região metropolitana é um verdadeiro misto de realidades
sócio-econômicas. Não é possível, por hipótese alguma, imaginar
64
O Desafio Urbano às Igrejas

que a concentração metropolitana de tecnologia, meios de


transportes, serviços públicos, escolas, hospitais e os fatores de
sociabilidade estão igualitariamente distribuídos. Logo, é fácil
deduzir que o perfil de uma pessoa urbana, irá sofrer a influência,
desejável ou não, dessa distribuição diferenciada de acessos e
fatores, modelando a pluralidade. Consequentemente, as igrejas
também irão sofrer tal fatiamento urbano, mesmo que em menor
escalar. Por essa razão, quando falamos em oportunidades
urbanas, nos referimos à pluralidade de contextos e situações
que existem nas metrópoles e que irão potencializar as ações
missionárias a partir de suas igrejas locais.
Esses múltiplos perfis precisam ser vistos pelas igrejas como
oportunidades missionárias. Na pesquisa que realizamos, identifi-
camos que na Região Metropolitana do Recife, em particular para
a Igreja Presbiteriana do Brasil, a existência de sete presbitérios,
com um total de 53 igrejas organizadas. Adicionando a existência
de igrejas batistas, metodistas, congregacionais e de outras de-
nominações evangélicas, essa metrópole se torna um estratégico
centro missionário. Leve-se em consideração que há igrejas es-
tabelecidas em quase todos os locais, porém elas não trabalham
missionariamente articuladas. Parece-nos até que apenas crentes
de uma ou outra denominação terão acesso ao Reino de Deus.
Outro fator de importância missiológica identificado é que há
muitos membros das igrejas metropolitanas que possuem paren-
tes em outras partes da metrópole. Uma vez quebrado o muro
da inércia e da alienação, inúmeras oportunidades missionárias
poderão surgir simplesmente através de vínculos familiares.
Entretanto, o que observamos é que a grande maioria das
ações missionárias urbanas é o resultado de uma iniciativa das
igrejas locais sem planejamento. A parceria de igrejas em prol do
Reino precisa ser restaurada como uma verdadeira oportunidade

65
Sérgio Paulo Ribeiro Lyra

missionária a partir da metrópole, podendo somar esforços,


difundir e suprir necessidades, oferecer treinamentos específicos,
oportunizando diversas propostas de missões.
Por fim, merece atenção, ainda, cinco aspectos da ação social
e da evangelização aos pobres.
(1) Primeiro, que é inegociável reconhecer que nenhuma
comunidade de servos de Deus pode alienar-se à realidade da
miséria existente no contexto em que a igreja está inserida, por
mais doloroso que tal processo de conhecimento e participação
venha a ser, ou por maior que seja a extensão da miséria.
(2) Segundo, é preciso afirmar que as grandes proporções de
pobreza existente, não podem servir de justificativas para a inércia
da Igreja. A Igreja é a comunidade “sal e luz” e precisa se voltar
para o mundo não-cristão com modelos de solidariedade, com
projetos e ações criativas produzindo mudanças permanentes,
mesmo que atinja pequenas proporções de pessoas com almas
sedentas de graça e corpos famintos de pão.
(3) Terceiro, a participação das igrejas urbanas mais abastadas
precisa mudar o foco da auto-aplicação dos recursos materiais
e humanos e direcioná-los mais abundantemente para as áreas
de pobreza das cidades e também para áreas rurais de miséria.
(4) Quarto, seguindo a orientação do apóstolo Paulo, em
cada igreja local as famílias devem ser incentivadas a reservar
mensalmente um pouco do seu ganho para ser destinado ao so-
corro dos necessitados, desfrutando assim da bem-aventurança
de dar (At. 20:35).
(5) Quinto, é urgente a necessidade de quebrar os muros de
separação e produzir participação em ações de parcerias sociais
com outras comunidades reconhecidamente evangélicas, no
propósito se fazer ouvida em alto e bom som a voz profética da
Igreja contra a injustiça social e o descaso contra os desprovidos,

66
O Desafio Urbano às Igrejas

tornando tal atuação uma influência nas decisões políticas de


investimentos e planejamento sociais, à semelhança do ideal de
ajuda aos pobres e igualdade social que João Calvino desejava e
buscou produzir na cidade de Genebra.
Por amor a Cristo; por crermos que a Sua igreja é comissiona-
da para evangelização e ação social; por obediência à Palavra; por
vermos no outro necessitado a imagem de Deus e por crermos
que o estado de pobreza e miséria não honra a Deus, embora pos-
sa ser por Ele usado como disciplina e ensino divinos, não cuidar
da causa do pobre e miserável é inquestionavelmente pecado!

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. Porque nas grandes metrópoles há grande concentração de
miseráveis?
2. Qual a relação entre o desvio do capitalismo e a pobreza
nas grades Cidades?
3. E a Igreja? Qual o seu papel diante desta realidade?

67
– 12 –
Os Fatores Essenciais
e as Melhores Práticas
para Engajar sua Igreja
na Missão Integral de Deus
— Ana E.C. Borquist
— Bruce R. Borquist

Q ual a missão do Povo de Deus (ou seja, da Igreja)? Em


poucas palavras, a missão dos seguidores de Jesus se
refere à proclamação e demonstração das boas novas
da nova vida em Jesus e da presença do Reino de Deus. Enfatiza
um compromisso de viver nossa fé individual e coletiva “à ma-
neira de Jesus” (1 Jo. 2.4-6). Destaca que Deus chama seu povo
a compartilhar a plenitude do Evangelho que transforma a vida
em todas as suas dimensões: do indivíduo para a sociedade. Mas,
como conduzir a igreja no processo de amadurecimento a fim de
que ela se torne um canal eficaz do todo Evangelho em palavras
e ações, cooperando com Deus na missão integral dEle?
Os seguintes fatores e práticas foram identificados numa pes-
quisa feita com várias igrejas da Convenção Batista Nacional do
Brasil (CBN) já engajadas em ministérios que refletem a missão
integral de Deus.* Eles representam um entendimento comum
a respeito dos elementos, práticas ou estratégias necessários que
facilitem a transição da igreja focada em si mesma para uma igreja
68
Os Fatores Essenciais

equilibrada que, simultaneamente, cuida dos seus membros e os


equipa para mostrar o amor de Deus e as Boas Novas de Jesus
em palavras e ações.

Fatores essenciais
1. O PASTOR

O pastor é a pessoa chave para promover a visão da missão inte-


gral de Deus e o papel da igreja local nela. O pastor precisa ter
uma compreensão profunda e clara do mandato bíblico de que
cada discípulo deve se engajar na missão de Deus no mundo, “na
maneira de Jesus”. Se o pastor estiver relutante ou tiver dúvidas
sobre a necessidade de participar da missão de Deus além das
quatro paredes da igreja, a igreja continuará a andar lentamente,
investindo exclusivamente em ministérios que beneficiam os
próprios membros.
O pastor é quem seleciona e treina a equipe de liderança res-
ponsável por mobilizar a igreja para a missão integral. Um pastor
afirmou com paixão: “Permita o seu povo trabalhar! Liberte o seu
povo para fazer aquilo que o Espírito Santo o chamou a fazer!”

2. ORAÇÃO

Pela oração, a igreja busca a vontade de Deus para a sua missão


específica. Uma igreja mobilizada para a missão integral de Deus
organiza campanhas de oração e inclui em sua pauta de oração
tanto os de dentro quanto os de fora da igreja.
A campanha de oração não é somente para “conseguir algo”
de Deus, mas sim, para que cresçamos em nossa compreensão
acerca da Sua vontade e da nossa identidade como a igreja. A
conversa com Deus em oração nos ajuda a compreender melhor
o nosso papel particular na missão divina. Pedimos a Deus que
69
Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist

nos revele qual a vocação específica da igreja e a maneira como


ela pode abençoar sua comunidade.

3. O ESPÍRITO SANTO

As igrejas que Deus usa para abençoar a comunidade e o mundo


ouvem à instrução do Espírito e se apressam a obedecer. O Es-
pírito fala de diversas maneiras: por meio de sonhos, pregações,
da leitura da Bíblia, profecias e do conselho ou ensinamento de
outros discípulos.
A obra do Espírito Santo é de promover unidade, força,
perseverança, e crescimento espiritual e missionário da igreja,
de mobilizar todo membro a fazer parte da missão integral de
Deus. Um estudo sobre o papel e as funções dos dons espirituais
possibilita os membros a descobrirem seus dons particulares.

4. A EQUIPE DE MOBILIZADORES DE MISSÕES

Igrejas atuantes na missão integral de Deus têm um determinado


grupo de pessoas que guia e incentiva a participação de todo
membro nos projetos. Membros da “Equipe de Mobilizadores
de Missões” são homens e mulheres de fé profunda, pessoas
apaixonadas a cooperar com Deus na missão dEle no mundo, que
demonstram perseverança diante de dificuldades, e são respeitadas
pela igreja porque mostram todas essas qualidades. O tamanho
ideal para a Equipe é de cinco a doze membros. Sua tarefa é
mobilizar os dons e habilidades dos membros para responder às
necessidades de um determinado projeto.
O ideal seria que os membros da Equipe ficassem respon-
sáveis para as funções de: educação missionária, comunicação,
levantamento de recursos, informação e intercessão (oração), e
gestão de projetos missionários. Uma tarefa importante da Equipe

70
Os Fatores Essenciais

é de compartilhar informações sobre o progresso dos projetos, e


levantar as necessidades espirituais e físicas deles diante da igreja.

5. FORMAÇÃO DA LIDERANÇA DA IGREJA

O pastor e a Equipe de Mobilizadores de Missões aproveitam


toda oportunidade para comunicar claramente à liderança qual
a visão de Deus para a igreja. Uma responsabilidade importante
do pastor e dos líderes é ajudar os membros a descobrirem por
que a igreja existe, e em qual parte eles podem atuar individu-
almente e coletivamente na missão de Deus. Em particular, a
liderança ensina que os membros fazem parte da igreja e rece-
bem a cura de Deus e o cuidado da igreja não apenas para o
próprio benefício, mas sim, para serem capazes de compartilhar
essas mesmas bênçãos com pessoas que ainda não fazem parte
da família de Deus..

6. COMUNICAÇÃO E DIVULGAÇÃO DO TRABALHO

Um papel importante da Equipe de Mobilizadores de Missão e


do pastor é divulgar os ministérios da igreja com regularidade,
empregando vários meios de comunicação, tais como fotos,
vídeos, PowerPoints, um blog, Facebook, um web site, cartazes
e exibições. Os líderes convidam membros da igreja que servem
num determinado ministério para contar a sua história durante
o culto, testemunhando como Deus está trabalhando em e por
meio de todos os envolvidos no projeto.
Uma igreja pesquisada afixa grandes cartazes (de um metro
quadrado) destacando os vários ministérios dela no fundo do
templo. Junto com os cartazes, ela coloca um banner enorme que
apresenta a relação financeira, mostrando as ofertas recebidas e os
investimentos feitos em cada ministério. Muitas igrejas dedicam
71
Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist

um quadro de notícias no hall de entrada para afixar fotos dos


trabalhos e os resultados atualizados.

7. CONFERÊNCIA MISSIONÁRIA

A conferência missionária estimula a compreensão e o


compromisso dos membros para a missão integral que Deus
tem para a igreja. Os membros aprendem que Deus tem
chamado e capacitado a igreja para participar da missão dEle
simultaneamente em Jerusalém, na Judeia, e até aos confins
da terra (Atos 1.8).

Melhores Práticas e Estratégias para Engajar


sua igreja na Missão Integral de Deus
1. DESCOBRIR O “DNA MISSIONÁRIO” DA IGREJA

Cada igreja-família é composta por uma constelação única de


membros com vários dons, habilidades e experiências, que são
os principais componentes do “DNA missionário” da igreja.
Outros componentes incluem os recursos físicos e financeiros, o
contexto onde a igreja está localizada, sua experiência congrega-
cional em projetos evangelísticos e missionários, e sua paixão por
um determinado tipo de ministério (por exemplo, trabalhar com
crianças, moradores de rua, mães solteiras, jovens profissionais,
viúvas, dependentes químicos, etc.).
A liderança da igreja estimula os membros a refletirem so-
bre questões cruciais a respeito da identidade da igreja: Quem
somos nós como igreja? Deus está nos preparando e chamando
a fazer o que nessa comunidade? No mundo? Estamos apai-
xonados com o que, ou com quem (com qual tipo de trabalho
ou público alvo)?

72
Os Fatores Essenciais

2. PESQUISAR A COMUNIDADE

Para que a igreja cresça na fidelidade e obediência e participe da


missão de Deus, é necessário descobrir as oportunidades que
Deus já preparou por ela na comunidade local. O processo co-
meça com uma pesquisa do contexto social, geográfico e político
ao redor da igreja.
Uma maneira prática para realizar uma pesquisa na comuni-
dade é realmente andar pelas ruas, observando o povo (idade,
raça, nível socioeconômico, situação familiar), a presença ou
ausência de serviços (saúde, educação, espiritual, polícia, bom-
beiros, bem-estar social), a condição das moradias, os recursos
da comunidade, e o “humor” espiritual do bairro. Andando pela
comunidade, a igreja ora pelas pessoas, pelos seus relacionamen-
tos, e pelo futuro da comunidade.

3. VISITAR OUTRAS IGREJAS

É proveitoso visitar outras igrejas para aprender com elas, mas


nunca para imitá-las. Em nenhum caso uma igreja deve “impor-
tar” o modelo da outra, com a expectativa de produzir resultados
semelhantes. Isso é uma receita para decepção, desânimo e até
desastre. Além disso, mostra desdém pela forma única em que
Deus forma e chama cada igreja-família.

4. COMEÇAR COM UM PROJETO “SEMENTE”

Todas as igrejas estudadas começaram com um pequeno projeto


“semente”. Depois que a igreja experimentar sucesso em um
pequeno projeto com objetivos discretos, ela estará pronta a
expandir o projeto ou criar outros.
Simultaneamente, os membros são orientados pelas sermões,
aulas e pelos estudos bíblicos sobre a teologia e a prática da
73
Ana E.C. Borquist e Bruce R. Borquist

missão integral. O processo de reflexão–ação rende mais fruto


quando os participantes se envolvem em um processo dinâmico
de “aprender por fazer”: aprender os princípios básicos da missão
de Deus, aplicar a teoria (ou teologia), refletir sobre os resultados,
adquirir conhecimento teórico adicional, testá-lo na aplicação, e
assim por diante.

5. DAR TEMPO!

Participar da missão integral de Deus é um modo de vida que


requer compromisso a longo prazo, paciência e perseverança
para avançar passo a passo. Além disso, o trabalho na comuni-
dade requer que a igreja prepare equipes com a experiência e as
habilidades necessárias, obtenha a autorização necessária, e crie
uma infraestrutura adequada. Tudo isso leva tempo, e exige muita
paciência e compromisso.

6. MANTER A TRANSPARÊNCIA FINANCEIRA

Os membros têm todo prazer em doar à igreja, mas somente com


a confiança de que suas doações estão sendo usadas corretamente.
No mundo de hoje, com corrupção desenfreada, até com pastores
de destaque abusando das finanças da igreja, os apoiadores preci-
sam ter a certeza de que seu dinheiro não esteja sendo desviado
para o uso pessoal do pastor ou outro líder da igreja.
É imperativo que a liderança da igreja seja extremamente
transparente com todos os recursos financeiros recolhidos e
utilizados para o ministério. Um relatório financeiro fornece uma
prestação de contas periódico de como os fundos foram gastos.
Acima de tudo, o relatório financeiro destaca como Deus tem
graciosamente utilizado os membros da igreja para abençoar
outros.

74
Os Fatores Essenciais

7. FORMAR UMA ASSOCIAÇÃO

Algumas igrejas têm criado uma associação paralela, mas


juridicamente independente, da igreja para administrar seus
projetos em missão integral. A separação jurídica entre a igreja
e a associação tem duas vantagens. Por um lado, ela protege a
igreja de julgamentos de tribunal que podem resultar do trabalho
social. Por outro, a independência legal também permite a igreja
a utilizar verbas do governo nos programas comunitários.

PEGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. Dos fatores essenciais, quais sua igreja já tem e quais ela
ainda precisa desenvolver?
2. Das práticas essenciais, quais sua igreja já exerce e quais
ela ainda precisa desenvolver?
3. Identifique uma área em que sua igreja deve crescer
baseada nos resultados dessa pesquisa citada no texto.
Quem é a pessoa chave para conduzir essa mudança?

75
– 13 –
Igreja Integral
— Leandro Silva


D
eus, por sua graça, tem dado à igreja local a tarefa da
missão integral. O futuro da missão integral se define
em termos de plantar igrejas locais e capacitá-las para
que transformem as comunidades das quais fazem parte. As
igrejas, como comunidades inclusivas e que se importam, estão
no âmago do que significa fazer missão integral.” (Declaração
de Miquéias sobre missão integral)
“Em todo mundo, uma das áreas mais negligenciadas da pesquisa mis-
sionária é a eclesiologia”. Essa é uma das importantes constatações
que Charles Van Engen faz na introdução de seu clássico livro
“Povo Missionário, Povo de Deus”. Ela aponta para a urgência de uma
profunda reflexão sobre o papel, identidade e impacto da igreja
local como principal agência de Deus para a transformação, a
qual já está presente na maioria das comunidades e que continuará
presente no futuro.
Como afirma C. René Padilla:
“um dos maiores desafios que temos como cristãos no início
do terceiro milênio é a articulação e a implementação prática

76
Igreja Integral

de uma eclesiologia que vê a igreja local, e particularmente a


igreja das pessoas pobres, como o principal agente da missão
integral”.

Quais seriam os aspectos distintivos, as marcas, a identidade


de uma igreja local fielmente comprometida em ser cooperadora
da missão de Deus no mundo? Por certo, existem indicadores
e marcos de referencia para o desenvolvimento de uma igreja
que avança sendo ela própria transformada e transformando a
comunidade em que foi plantada pelo Senhor.

IGREJA INTEGRAL: SUA IDENTIDADE


Qual a expectativa de Cristo quanto a seu povo? Ele a expressa
de forma clara no sermão do monte, usando as metáforas do
sal e da luz:
“Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como
restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora
e pisado pelos homens. Vocês são a luz do mundo. Não se pode
esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também,
ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha.
Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a
todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante
dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem
ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mateus 5.13-16).

Em seu livro “Os Cristãos e os Desafios Contemporâneos”,


John Stott destaca que estas duas metáforas abrangem duas ver-
dades fundamentais quanto à identidade da igreja:
Vejamos:
1. Os cristãos devem ser fundamentalmente diferentes da-
queles que não são cristãos. Ambas as imagens – sal e luz
– distinguem as duas comunidades. O mundo é sombrio,

77
Leandro Silva virgíneo

mas os cristãos devem ser sua luz. O mundo é decadente,


mas os cristãos devem ser o sal que impede a deterioração.
Se o sal não mantiver sua salinidade, para nada serve. Se a
luz não mantiver seu brilho, torna-se inútil. Os seguidores
de Cristo devem mergulhar no mundo, e serem agentes de
transformação por meio de sua salinidade e brilho, bem
destacados no restante do sermão do monte: “Uma justiça
melhor – a do coração -, um amor maior – que abarca até
mesmo os inimigos -, a uma devoção mais profunda – que
inclui crianças chegando ao pai, e a uma ambição mais
nobre – buscar em primeiro lugar o governo de Deus e
a sua justiça”.
2. Os cristãos devem influenciar a sociedade. Assim como
antes da refrigeração (quando o sal era o melhor conser-
vante conhecido), o sal deveria ser esfregado na carne
para deter a decomposição bacteriana, apesar de não ser
completamente impedida. A luz é ainda mais eficaz, pois
quando acesa dissipa totalmente a escuridão. Isso nos leva
a pergunta: porque os cristãos não influenciam muito mais
a sociedade em favor do bem? Porque o grande exercito de
cristãos presentes nas igrejas locais não tem tido um papel
mais efetivo para servir a sociedade em favor da justiça?
Tom Sine assim responde a essa pergunta:
“Temos sido extremamente eficientes em diluir seu ensino rígi-
do (de Cristo) e em mutilar seu evangelho radical. Isso explica
porque (...) fazemos uma diferença tão pequena na sociedade,
o que é embaraçoso”.

Para que esse quadro mude precisamos de um discipulado


integral, que leve a igreja a um envolvimento com os desafios da
sua comunidade, pois como diz Stott,

78
Igreja Integral

“mais importante do que meros números de discípulos


professos é a qualidade do seu discipulado e sua ação estratégica
para influenciar a sociedade”.

Se a rua estiver escura ao anoitecer, não faz sentido culpar a


rua. O Senhor Jesus nos disse para sermos o sal da terra e a luz
do mundo. Se a escuridão e a podridão abundam, grande parte da
culpa é nossa e devemos nos arrepender e passar a uma atitude
de serviço e testemunho junto a nossa comunidade e sociedade.

IGREJA INTEGRAL: MARCAS

Em seu artigo “Uma Eclesiologia para a Missão Integral”, o


teólogo latino-americano René Padilla fala sobre quatro caracte-
rísticas de uma igreja que, pelo poder do Espírito Santo, está em
condições de cumprir o papel de “sal da terra” e “luz do mundo”
na sua comunidade:
“As igrejas que produzem um verdadeiro impacto evangélico
- derivado do evangelho e, consequentemente, transformador
na sociedade - são igrejas que tem certas características comuns
que não impedem, mas facilitam esse impacto”.

Em resumo são elas:

1. O COMPROMISSO COM JESUS CRISTO COMO SENHOR


DA TOTALIDADE DA VIDA E DA CRIAÇÃO
A afirmação de Jesus como Senhor, que bem poderia ser con-
siderada o eixo da mensagem apostólica, equivale à afirmação
de que o Reino de Deus se tornou uma realidade presente na
história e pessoa de Jesus Cristo. Esta igreja entende que todos
os âmbitos da vida são “campos missionários” e busca formas
de afirmar a soberania universal de Jesus Cristo em todos eles
(família, profissão, estudos, comunidade, etc).
79
Leandro Silva virgíneo

2. O DISCIPULADO CRISTÃO

O discipulado entendido como um estilo de vida missionário


(a participação ativa na realização do propósito de Deus para a
vida humana e para toda a criação relevado em Jesus Cristo ao
qual cada membro da igreja foi convocado resume o conteúdo
da missão da igreja. Na perspectiva bíblica a ortopraxia (a obe-
diência pratica a tudo o que Jesus ordenou a seus discípulos) é
tão importante quanto a ortodoxia (ensino), já que tem como
meta que os discípulos vivam uma vida marcada pelo amor. Os
discípulos se distinguem pelo estilo de vida que reflete o amor e
a justiça do Reino de Deus.

3. UMA VISÃO BÍBLICA DE IGREJA


A igreja é a comunidade que confessa Jesus Cristo como Senhor de
tudo e de todos, de tal modo que nela se vislumbra o inicio de uma
nova humanidade. O testemunho da Igreja não consiste somente
em palavras: seu testemunho é essencialmente encarnacional. O
senhorio de Jesus constitui a base da missão da igreja. Porque Ele
recebeu todo o poder e autoridade nos céus e na terra, a igreja é
chamada a fazer discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20).

4. OS DONS E MINISTÉRIOS
Os dons e ministérios são o meio que o Espírito de Deus utiliza
para capacitar a igreja, como gestora de mudanças na sociedade -
mudanças que refletem o propósito de Deus para a vida humana
e para toda a criação - e a todos os crentes para o cumprimento
de sua vocação como colaboradores de Deus no mundo
(1 Coríntios 12.4-6). O papel dos pastores e líderes é capacitar o
povo para a obra do ministério, para edificar o corpo de Cristo
(Efésios 4.11-12).

80
Igreja Integral

IGREJA INTEGRAL: SEU IMPACTO


Como avaliar o impacto e o ministério de uma igreja integral
na comunidade onde Deus a plantou? Em nosso serviço junto a
igrejas locais, é natural que desejemos avaliar como estamos indo.
E que para isso definamos indicadores claros que nortearão nosso
entendimento e nos dirão quão exitoso tem sido nosso serviço
ministerial. Timothy Keller, pastor e plantador da Igreja Presbi-
teriana O Redentor (Redeemer Presbiterian Church) na cidade de
Nova York, aborda na introdução de seu livro “Central Church”
(“La Iglesia Centrada”, em espanhol. Ainda sem tradução para o
português) algumas formas de fazer essa avaliação:
Sugue as três formas de maneira resumida:
1. Êxito. Essa é a forma como muitos ministros avaliam
seu ministério e igreja hoje. Dizem que se sua igreja está
crescendo em número de conversões, membros e ofertas,
isto se dá devido a um ministério eficaz. Se este for o úni-
co indicador para avaliar o ministério de uma igreja local,
como lidar com o fato de que o crescimento numérico dos
templos e do número de evangélicos tem produzido tão
pouca transformação social, ética, econômica, espiritual
nos bairros e cidades brasileiras? O “êxito” (definido em
números, prédios, estatísticas, finanças, etc) não constitui
um critério suficiente para mensurar o impacto de uma
igreja em sua comunidade.
2. Fidelidade. Keller aponta que por outro lado, em
contraposição a ênfase no êxito numérico, muitos
entendem que o único critério verdadeiro para os ministros
é a fidelidade. Sob este ponto de vista, o que importa é
que o ministro tenha uma doutrina solida, seja de caráter
piedoso e fiel em sua pregação e trabalho. Ainda assim

81
Leandro Silva virgíneo

a repercussão negativa “fiel sem êxito” é um simplismo


que também oferece perigos. É simplista dizer que o que
importa é somente fidelidade. Há muitos ministérios fieis
em sua pregação e vida piedosa, mas que não tem nenhum
impacto para além dos muros do templo onde a igreja se
reúne. É necessário mais que fidelidade para avaliar se na
realidade estamos sendo os ministros que deveríamos ser.
3. Produtividade (Frutificação). Keller propõe outra premissa
para a avaliação ministerial, com um caráter mais bíblico
do que somente o êxito ou a fidelidade: a produtividade
(ou frutificação). Jesus disse que seus discípulos deveriam
“dar muito fruto” (João 15.8). O apóstolo Paulo ensinou
essa verdade de modo ainda mais especifico:
Ele se referiu as conversões como “fruto” quando quis pregar a
mensagem do evangelho em Roma, “para ter também entre vós
algum fruto, como entre os demais gentios” (Romanos 1:13).

Também falou do “fruto” do caráter piedoso que o ministro


deseja ver crescer nos cristãos que estão sob seu pastoreio. Isto
inclui o “fruto do Espirito” (Gálatas 5.22).

As boas obras, como ser compassivo com o pobre e o neces-


sitado, trabalhar por justiça e por transformação, também são
denominadas como “fruto” (Romanos 15.28).

Ao falar sobre o desenvolvimento pastoral das congregações,


Paulo as comparou a um jardim. Ele se referiu aos cristãos coríntios
como “campo de cultivo de Deus”, no qual alguns ministros
plantaram, alguns regaram e outros colheram. Como aponta Keller,
“A metáfora do jardim nos demonstra que o êxito ou a fidelidade
por si mesmo são critérios insuficientes para avaliar o ministério.
Os jardineiros devem ser fieis em seu trabalho, porem devem ser
também habilidosos, ou o jardim não florescera”. O fruto que deve
82
Igreja Integral

florescer no seio de nossas igrejas locais e nas regiões onde estão


plantadas são vidas e comunidades radicalmente transformadas; o
caráter piedoso e vida de serviço que são fruto de um discipulado
integral; obras de justiça e amor, que expressem uma criativa e
impactante resposta as imensas necessidades ao nosso redor. Todos
estes sinais da presença dinâmica do Reino de Deus atuando nos
cristãos a por meio destes.

BIBLIOGRAFIA:
STOTT, John. Os Cristãos e os Desafios Contemporâneos. Viçosa. Editora
Ultimato. 2014.

PADILLA, C. René; COUTO, Péricles. Igreja: Agente de Transformação.


Curitiba. Ediciones Kayros e Missão Aliança. 2011.

ENGEN, Charles Van. Povo Missionário, Povo de Deus: Por uma redefinição
do papel da igreja local. São Paulo. Vida Nova. 1996.

MUZIO, Rubens. O DNA da Igreja: Comunidades cristãs transformando a


nação. Curitiba. Editora Esperança. 2010. KELLER, Timothy J. La Iglesia
Centrada: cómo ejercer un ministerio equilibrado y centrado en el evangelio
em su ciudad. Miami. Editorial Vida. 2012.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. Leia novamente Mateus 5.13-16 e responda: como sua igreja
poderá exercer o papel de “sal” e “luz” no contexto de sua
comunidade? Quais são as necessidades do povo a quem
vocês são chamados a servir?
2. No texto foram citadas quatro marcas de uma Igreja Integral.
Que atividades poderiam ser realizadas no atual momento
de sua igreja para cooperar no desenvolvimento de cada
uma destas quatro marcas que facilitam o impacto da igreja
como agente de transformação integral? Use a tabela na
página seguinte:

83
Leandro Silva virgíneo

Liste algumas iniciativas


Marca que poderiam ser tomadas
hoje em sua igreja

Promover o compromisso com


Jesus Cristo como Senhor da
totalidade da vida e da criação

Ter um processo discipulado


cristão integral

Formar uma visão bíblica de


Igreja

Mobilizar os cristãos para o uso


dos dons e ministérios no serviço
à sociedade

3. Use as tabela abaixo para refletir sobre o impacto e crescimento


de sua igreja e em seguida responda: existe um crescimento
equilibrado em todas as dimensões? Em quais áreas estão
suas fraquezas? O que deve ser feito para mudar este quadro?
Analise cada fruto em relação à realidade atual de sua igreja
e dê uma nota sincera entre 1 a 5, sendo:

1. Nenhum progresso nos últimos 12 meses


2. Pouco progresso nos últimos 12 meses
3. Médio progresso nos últimos 12 meses
4. Bom progresso nos últimos 12 meses
5. Ótimo progresso nos últimos 12 meses

84
Igreja Integral

“FRUTO” NOTA

“Fruto” de vidas convertidas a Jesus Cristo


(Romanos 1:13).

“Fruto” do caráter transformado e piedoso


crescendo nos cristãos. Isto inclui o “fruto do
Espirito” (Gálatas 5.22).

“Fruto” de boas obras, como ser compassivo


com o pobre e o necessitado, trabalhar
por justiça e por transformação em sua
comunidade e cidade
(Romanos 15.28).
(Pense para além de ações como a
“campanha do alimento”, dia de ação social
ou outras atividades corriqueiras).

85
– 14 –
Implantando Pequenos
Grupos na Igreja
— Tiago Nogueira de Souza

C
omo bem sabemos, o Pacto de Lausanne afirma: “O
evangelho todo, para o homem todo e para todos os
homens”. Em minha caminhada cristã, tenho aprendido
que as dimensões da igreja se aplicam nessa perspectiva.
Dessa forma, uma igreja que trabalha em pequenos grupos
não foge dessa realidade. A integralidade do ser humano está
presente no dia a dia, nos relacionamentos, amizades, discipulado,
evangelismo, ou seja, um pequeno grupo sadio tem a obrigação
de se envolver com a missão integral e desenvolver uma prática
que, onde ela estiver inserida, possa fazer diferença. Um pequeno
grupo precisa fazer a diferença na vida das pessoas que ele tem
alcançado, dessa maneira será Sal e Luz.

A igreja desenvolvendo a Missão de Deus

Portanto, estamos diante a uma grande missão. A Missio Dei é


a nossa missão. Imagine o que seria de nossa igreja se os cris-
tãos realmente entendessem isso e levassem a sério a Missão de
Deus. O que significa, em primeiro lugar, que a igreja não está
86
Implantando Pequenos Grupos na Igreja

centrada na igreja em si, mas está centrada no que Jesus chamou


de o Reino de Deus.
Certa vez ouvi uma história de uma igreja de duas asas, que
podia voar por toda a terra e fazer a vontade do Criador. Uma asa
era o grande grupo e a outra era o grupo pequeno. Conforme a
história avança, a serpente orgulhosa que não tinha nenhuma asa
veio e convenceu a igreja a voar apenas com a asa do grupo grande,
e não usar mais a asa do grupo pequeno. Com isso, a asa do grupo
pequeno atrofiou e a igreja não pode fazer muito mais do que voar
em círculos, e gastou muito do seu tempo no chão em sua casa de
passarinho. Então, o Criador teve que fazer uma nova igreja com
duas asas que pudesse voar novamente para cumprir os seus planos.
Quando a igreja perde de vista a centralidade do Senhor Jesus
Cristo, deixa de ser a igreja e passa a ser uma seita religiosa incapaz
de relacionar sua mensagem com vida prática e a vida pública. A
igreja integral é aquela que entende que todos os âmbitos da vida
são campos missionários e busca forma de afirmar a soberania
de Jesus Cristo em todos eles.
Em pequenos grupos, uma igreja consegue compreender
melhor a respeito dos seus dons e serviços e consegue praticá-los
de maneira mais objetiva. Cada pequeno grupo se torna um nú-
cleo missionário, cada líder cuidando de um pequeno rebanho e
ajudando na formação de outros líderes, que cuidarão de peque-
nos rebanhos. Ao mesmo tempo, cada pequeno grupo realiza a
sua missão, discipulando outras pessoas, agindo no meio social,
trazendo amigos e parentes para os grupos, vivendo, enfim, o
seu chamado, não de maneira teórica, mas de maneira prática.

Pessoas se relacionando com outras pessoas -


Igreja se desenvolvendo
A evangelização por meio dos pequenos grupos foge um pouco
do sistema tradicional e é focada na base dos relacionamentos. As

87
Tiago Nogueira de Souza

pessoas aceitam o seu convite para uma reunião ou a um evento


porque lhe conhecem e não veem como você poderia desejar
algo para elas que não fosse bom. Isso está diretamente ligado
ao tipo de cristão que estamos desenvolvendo. Numa igreja sadia,
que produz cristãos sadios, esse processo se dá com naturalidade.
Assim, se cumpre o propósito da evangelização.
Eu creio tanto na asa do grupo grande como na do grupo
pequeno. Creio que o modelo de ministério em pequenos grupos
é um modelo bíblico de ministração. Ele é o que melhor expres-
sa o caráter e a vida de Deus entre nós e permite que todos os
membros sejam ministros (e não apenas o pastor). É um modelo
evangelístico e pode ser aplicado às mais diversas culturas, fazen-
do dele um modelo para plantar igrejas.

Pequenos Grupos na formação das pessoas


Compartilhar nossas vidas com as outras pessoas na presença de
Jesus vai nos unir em uma forte malha que não pode ser rompida.
A força de um indivíduo não é o único fator determinante para sua
caminhada com Deus. O restante do pequeno grupo apoia cada
membro com oração, encorajamento e visão pelos perdidos para
mantê-los crescendo em Cristo. A presença de Jesus no centro
da reunião é a força do grupo. Ele é o único que pode oferecer
o poder e a visão para caminhar uma vida cristã.
Quando o pequeno grupo se encontra para a edificação, o
foco está em experimentar Jesus em cada parte do encontro. Pe-
quenos grupos são tanto para edificação como para evangelismo.
Se um pequeno grupo não traz visitantes, não cresce e não se
multiplica, e se tornará um grupo apenas voltado para o egoísmo,
enfadando-se até morrer. Se um pequeno grupo não pastorear e
edificar as pessoas, não desenvolverá liderança, não formará um
caráter aprovado nas pessoas e as pessoas eventualmente cairão
88
Implantando Pequenos Grupos na Igreja

em sua caminhada com o Senhor (ou eles irão para algum lugar
em que podem ser supridos). O grupo deve focalizar-se tanto em
edificar uns aos outros, como investir, orar e alcançar os perdidos.

Pequenos Grupos que servem


Os pequenos grupos servem para cuidar uns dos outros, como
vemos no livro de Atos 2: 42-47 “E perseveravam na doutrina
dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em
cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por
intermédio dos apóstolos. Todos os que creram estavam juntos e
tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens,
distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha
necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo,
partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com
alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com
a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o
Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.”
Temos a oportunidade de nos engajar através de ações co-
munitárias de ação social, pequenos grupos de apoio a pessoas
com vícios, onde um cuida do outro.
Pequenos grupos inseridos na sociedade, fazendo a diferença
e deixando que suas atitudes falem mais que suas palavras podem
transformar o mundo! Jesus nos ensinou que seríamos conhecidos
como seus discípulos ao viver o amor uns pelos outros… É hora
de viver esse amor e deixar que Deus seja glorificado em nós,
mesmos nas coisas mais simples, para que sejamos a manifestação
do Rei em tudo o que fizermos! Amém.
Tiago Nogueira de Souza é pastor presbiteriano indepen-
dente em Machado-MG. Formado em Teologia pela Faculdade
Teológica Batista de Campinas e pós-graduando em Plantação e
Revitalização de Igrejas pelo Seminário Presbiteriano do Sul, em
89
Tiago Nogueira de Souza

Campinas. É o responsável pela transição da 1ª IPI de Machado


para o sistema celular. Coordenador do Projeto Igreja em Células.
É membro da FTL-Brasil, Projeto Timóteo e Renovaré.

PERGUNTAS PARA REFLEXÃO:


1. Jesus priorizou, em seu ministério, se relacionar com um
grupo de 12 pessoas, por que a igreja tem preferido, de certa
maneira, o grupo maior ao invés do menor?

2. Muitas igrejas tem se utilizado de eventos de impacto para o


evangelismo, mas pouco se relacionam com as pessoas em
sua região, como equilibrar essa balança?

3. Os primeiros cristãos se reuniam, no templo para adorar a


Deus, para ouvirem os ensinos e a pregação das Sagradas
Escrituras. Nos lares, os recém-convertidos eram acolhidos
e alimentados espiritualmente. Ali aprendiam a respeito de
Jesus, suas necessidades eram supridas, recebiam cuidados
e acompanhamento até se sentirem aptos para cuidarem
com carinho de outros. Qual a diferença do culto no templo
e nas casas?

90
Sobre os Autores

Pedro Arana Quiroz – Pastor da Igreja Presbiteriana Pueblo


Libre, PERU. É secretário geral da Sociedade Bíblica do Peru e
presidente executivo do conselho do New College San Andrés.
Doutorado honorário em 1990 por John Calvin Seminário Teológico
da Igreja Presbiteriana Independente do México.

Ariovaldo Ramos – Teólogo, Filósofo, escritor e presbítero na


Igreja Cristã Reformada de São Paulo. Integrante da equipe pastoral
da igreja Batista em Água Branca, SP. Atualmente é diretor da Visão
Mundial - setor Brasil.

José Marcos Silva – Pastor da Igreja Batista Coqueiral – Recife


– PE. Bacharel em Teologia pelo Seminário Batista do Norte.
Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal de Pernambuco.
Pós-graduado (Lato Sensu) em Ciências Políticas pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atualmente é presidente
do instituto Solidare.

Wilson Costa – Bacharel em Teologia, Pastor Presbiteriano na


Cidade de Campinas – SP. Atualmente é diretor Executivo da Aliança
Cristã Evangélica Brasileira.

91
Hudson Taylor Maia – Pastor presidente da Igreja Ministério Fé
Cristã, Coordenador do Movimento Bola na Rede, RENAS – RN. É
secretário da Missão ALEF.

Romildo Gurgel Fernandes – Bacharel em Teologia.


Licenciatura em gestão pessoal, Pastor da Igreja de Cristo em Natal
- RN. Coordenador do Curso Casados para Sempre.

Marcos Aurélio dos Santos - Bacharel em Teologia,


coordenador e professor do curso de Bacharelado em Teologia livre
no STP, (Seminário Teológico Potiguar), Escritor e editor do Blog
Reflexões Teológicas. Membro do conselho fiscal da Missão ALEF
e membro da igreja de Cristo em Natal RN.

Antônio Carlos Costa – Pastor da Igreja presbiteriana no Rio


de Janeiro, presidente do ministério Palavra plena. Possui mestrado
em Teologia Histórica pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação
Andrew Jumper, no Instituto Presbiteriano Mackenzie. É doutorando
pela Faculté Libre de Théologie Réformée, França. É também
presidente do movimento Rio de Paz.

Arturo Meneses – Membro da Igreja Batista Viva em Natal


– RN. Mestrado em Administração e Educação de Adultos pelas
Faculdades: Americus University e Achieve Global International –
EUA. Estudos pastorais e de teologia na Faculdade Latinoamericana
de Estudos Teológicos e Chapel Hill University, Georgia, EUA.
Atualmente trabalha como consultor e Diretor Regional da Eastern
University para a América Latina. Sede: Natal - RN.

Renildo Diniz Lopes – Bacharel em Teologia pelo Seminário Batista


Bereano, Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte. Pastor da Igreja Batista Esperança, Natal
RN. Atualmente vice-presidente da MISSÃO ALEF.

92
Sérgio Paulo Ribeiro lyra - Pastor Presbiteriano. É formado
em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil,
Ciência da Computação pela UFPE, tendo cursado o mestrado em
missiologia no CPPAJ-SP e doutorado em ministérios no Reformed
Theological Seminary.

Leandro Silva Virgíneo - Missionário e presidente da Missão


ALEF, Coordenador do núcleo FTL Natal RN, Missionário da Action
International Ministries. Membro Integrante da RENAS. Membro da
Igreja do Nazareno em Natal RN.

Ann E. C. Borquist – Pastora na primeira igreja Batista em


Brasília. Têm experiência transcultural e missionária em 9 países,
entre eles: Gana (1978-81), Filipinas (1987-96), Brasil (2004+);
treinamentos e consultorias em Haiti, Tailândia, Mianmar, Vietnã,
Índia, os EUA. É pedagoga e socióloga. Presta também seus serviços
a convenção Batista Nacional.

Bruce R. Borquist - Formação em Ciências Ambientais, Língua


e Literatura Russa. Têm experiência transcultural e missionária em
9 países, entre eles: Gana (1978-81), Filipinas (1987-96), Brasil
(2004+); treinamentos e consultorias em Haiti, Tailândia, Mianmar,
Vietnã, Índia, os EUA. Presta também seus serviços a convenção
Batista Nacional.

Tiago Nogueira de Souza - É pastor na presbiteriana


independente em Machado-MG. Formado em Teologia pela
Faculdade Teológica Batista de Campinas e pós-graduando em
Plantação e Revitalização de Igrejas pelo Seminário Presbiteriano
do Sul, em Campinas. É o responsável pela transição da 1ª IPI de
Machado para o sistema celular. Coordenador do Projeto Igreja
em Células. É membro da FTL-Brasil, Projeto Timóteo e Renovaré.

93
ANEXO

94
–I–
Declaração de Natal
Redescobrindo o Evangelho
Integral para a Igreja Hoje
— Equipe ALEF

R
eunidos na cidade de Natal nós: líderes, pastores,
servos e membros do Corpo de Cristo, participamos
do Congresso da Associação dos Líderes Evangélicos
de Felipe Camarão (ALEF) – EVANGELHO INTEGRAL: o
Evangelho Todo, para o homem todo, em todas as comunidades
celebrado de 16 a 19 de Outubro, 2013.
Celebrando e agradecendo a bondade e a provisão de Deus
para fazer este Congresso uma realidade, compartilhamos esta
declaração com alegria e esperança.
O Congresso teve como objetivo: “Provocar um Impacto
na Visão Ministerial e servir Pastores e Lideres Proporcionando
Treinamento de alto nível e apoio para fortalecer o Ministério In-
tegral das Igrejas em suas respectivas comunidades”. A proposta
nasceu da visão da diretoria da ALEF e outros líderes cristãos da
cidade de reconhecer nossa necessidade de continuarmos for-
mando para promover uma missão integral da igreja em nossas
comunidades para anunciar, defender e confirmar o Evangelho
de Jesus Cristo. A igreja é a agência do Reino de Deus para que

95
a igreja e a sua missào transformadora

a multiforme sabedoria de Deus seja dada a conhecer agora neste


mundo, que geme pela sua transformação (Efésios 3:10). Assumimos
com responsabilidade o desafio dessa missão e abraçamos com
esperança a expectativa de um melhor futuro para todas as co-
munidades em todas as dimensões da vida: física, mental, social
e espiritual, conforme o modelo de Jesus Cristo. Refletir sobre a
missão de anunciar e viver o Evangelho Integral de forma prática
é o principal passo para o resgate da natureza missionária da igreja.

A NECESSIDADE DE FORMAÇÃO PERMANENTE


E APRENDIZAGEM DO EVANGELHO INTEGRAL
1. Reafirmamos nossa convicção de que a missão da igreja tam-
bém tem a ver com equipar-nos para servir com excelência em
nosso ministério, sendo cooperadores de Deus na causa do seu
Reino. (1 Coríntios 3:9)
2. A transformação, fruto do Evangelho de Cristo, vem não
somente com informação e uma mensagem tradicional nos Do-
mingos na igreja. Precisa de formação constante para desenvolver
nosso potencial como filhos e filhas de Deus que, como a luz
de um novo dia, crescemos e crescemos até brilhar em toda a
plenitude Dele (Provérbios 4:18)
3. A nossa formação precisa de um currículo educativo que
procura como alvo a semelhança de Jesus como modelo de mis-
são, modelo de liderança e modelo de espiritualidade integral.
(Lucas 2:52; Romanos 8:29)
4. Nessa perspectiva, celebramos este encontro de pensadores
e servos cristãos que compartilharam temas importantes no con-
gresso como: Igrejas que transformam, Um ministério relevante
na realidade brasileira, A história transformadora, Jesus nosso
modelo de crescimento e desenvolvimento, Disciplinas de amor,
Matemáticas do Reino de Deus. O ABC da cultura, Equipando
96
Declaração de Natal

a Igreja local, O poder da história, Desenvolvimento de líderes


na igreja local, Implementando pequenos grupos, O Evangelho
todo para toda a criança, Igreja local e missão transformadora,
Vida trabalho e vocação.
5. Temos a certeza de que a missão integral da igreja é “um
processo” e não só um “evento”. Por isso mesmo agradecemos
que até aqui nos ajudou o Senhor e nos sentimos encorajados
por Deus para que estes temas estudados, sejam encarnados na
vida e ministério cotidiano das nossas igrejas e comunidades.
É nossa convicção que o Senhor concederá a sabedoria e dis-
cernimento para dar seguimento na integração e metabolização
do Evangelho Integral na vida e influência da igreja no diverso
contexto brasileiro.

A ESSÊNCIA E IMPORTÂNCIA DO EVANGELHO INTEGRAL

Participamos do Congresso com expectativa, esperança e com os


nossos ouvidos atentos a perceber com humildade a sabedoria
de Deus. Testemunhamos que Deus usou aos seus servos parti-
cipantes nas reflexões diversas, para nos ministrar, educar e até
exortar sobre alguns temas relevantes para a nossa práxis como
Corpo de Cristo, incluindo:
• A meta suprema da igreja e das pessoas redimidas deve ser
a glória de Deus. Deus quer que seu povo reflita sua glória.
Como Ele é nossa glória, nós devemos ser para sua glória.
Vivamos então de uma maneira que os que nos observam
glorifiquem a Deus não pela nossa identidade teórica mas
pela consistência concreta de nossa ação e compaixão cristã
(Mateus 5:16; Efésios. 1:14; 1 Pedro 2:12)
• O Evangelho do reino de Deus é uma proposta contra
cultural. É importante reconhecer a influência da cultura

97
a igreja e a sua missào transformadora

em nossos povos, principalmente na América Latina


(linguagem, música, artes, provérbios e outros). Nossa
cosmovisão do Evangelho precisa de uma proposta
abrangente de discipulado da nação toda, incluindo a
influência transformadora nos aspectos culturais que
possam ser opostos ou contraditórios aos valores do Reino
de Deus. (Romanos 14:17)
• O Evangelho integral não é a descoberta de um marco
teórico e vazio. Pelo contrário, precisa de nossa prática
concreta para desenhar, plantar, cultivar e acompanhar
projetos sustentáveis de desenvolvimento da pessoa toda:
corpo, alma e espírito em todas as dimensões da vida: física,
social, mental, emocional e espiritual. (Lucas 2:52)
• Entendemos que na Bíblia o Evangelho tem uma dimen-
são política (polis = cidade) que precisamos discernir
com sabedoria. O profeta Jeremias nos exorta a: Buscar a
prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e orem
ao Senhor em favor dela, porque a prosperidade de vocês
depende da prosperidade dela” (Jeremias 29:7). Também
o apóstolo Paulo em 1 Timóteo 2:2 nos convida a orar
pelos que exercem autoridade para que tenhamos uma
vida tranquila e pacífica. Em outras palavras, a oração
deve incluir um clamor pela viabilização da esperança por
meio da graça comum de Deus na sociedade através das
autoridades políticas.
• O Evangelismo e ação Social, são aspectos indissociáveis
do agir redentor de Deus. Precisamos então redescobrir a
vocação histórica da igreja na ação social transformadora
sob a inspiração sobrenatural do Espirito Santo e o exemplo
concreto de Jesus (Lucas 4:18)
98
Declaração de Natal

• A igreja como Corpo de Cristo, é uma comunidade com


características irrenunciáveis e irreversíveis de: Comunidade
apostólica, Comunidade cristã, Comunidade dos santos no
mundo, Comunidade dos fiéis e Comunidade dos amados.
(Efésios 1:1-7)
• Uma perspectiva de impacto transformador da igreja na
comunidade está alicerçada em valores do Reino de Deus
e na matemática do Reino onde: Os últimos são primeiros;
os maiores são os que servem; Os que se humilham são
exaltados; Os insignificantes são valorizados e as boas novas
são dadas aos pobres e libertação é proclamada aos cativos.
Deus só pede que nós, demos nossa vida, nosso esforço,
nossos dons e nosso coração contrito e humilhado. Ele
o multiplicará para glória de Seu Nome e para benefício
daqueles mais carentes na sociedade.
• O papel da igreja no mundo, precisa de uma cosmovisão ou
visão do mundo, que seja baseada no teísmo bíblico (João
17:15-19) e não secular, reducionista, dualista ou animista.
Não desacoplada nem conformada com o mundo, mas
impactando a transformação do mundo. (Romanos 12:2)
• A igreja tem a responsabilidade de aprender e desaprender
para gerar uma prática transcendente e integral de missão
que anuncia, defende e confirma o projeto histórico de
redenção divina em todas suas dimensões (criação, rebe-
lião, a missão, a cruz, a tarefa e a volta do Rei). Como foi
proclamado desde o Pacto de Lausanne 1974: Uma igreja
que pregue a Cruz deve, ela própria, ser marcada pela Cruz.
Ela torna-se uma pedra de tropeço para a evangelização
quando trai o evangelho ou quando lhe falta uma fé viva em
Deus, um amor genuíno pelas pessoas, ou uma honestidade
escrupulosa em todas as coisas
99
a igreja e a sua missào transformadora

• O Evangelismo e ação Social, são aspectos indissociáveis


do agir redentor de Deus. Precisamos então redescobrir a
vocação histórica da igreja na ação social transformadora
sob a inspiração sobrenatural do Espirito Santo e o exemplo
concreto de Jesus (Lucas 4:18)

NOSSO DESAFIO E COMPROMISSO DE SEGUIMENTO

Reconhecemos que ainda não temos alcançado tudo. É in-


dispensável, para ser igreja com uma teologia e uma prática
transformadora do Evangelho Integral, continuar aprendendo
e desaprendendo, ao mesmo tempo que oramos e abraçamos a
graça de Deus como companheira inseparável nesta tarefa de fé,
portanto nos comprometemos:
• Lembrar o pedido dos Apóstolos: Senhor ensina-nos a orar,
e colocar-nos diante do trono da graça em oração, clamando
para que ela seja: inclusiva e abrangente, que reconhece nos-
sa vulnerabilidade humana, que revela um coração contrito
e humilhado, que clama pela justiça em nossa sociedade, que
encarna a oração do Senhor: Venha teu reino, seja feita tua
vontade (Mateus 6:10), Que anuncia e vivência que Jesus
Cristo em nós é a esperança de glória (Colossenses 1:27)
e que demonstra com uma práxis compassiva que o Reino
de Deus não consiste de palavras más de poder e que o
Reino de Deus, não é comida nem bebida, mas justiça, paz
e alegria no Espírito Santo (1 Coríntios 4:20; Romanos 4:17)
• Reconhecer a nossa necessidade de exercitar o dom que
recebemos de Deus para servir ao nosso próximo, como
bons administradores da multiforme graça de Deus. Nossa
referência é o modelo de liderança servidora de Jesus Cristo,
nosso Salvador, Senhor e Mestre. (1 Pedro 4:10)

100
Declaração de Natal

• Reafirmar nosso compromisso para redescobrir uma visão


compartilhada e unânime para a unidade da igreja, em res-
posta a oração de Jesus ao Pai. Para que todos sejam um,
Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também
estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste
(Joao 17:21).
• Integrar a nossa prática do paradigma do Evangelho Integral,
uma redescoberta de modelos de espiritualidade bíblica
também integral. Uma espiritualidade não saudável pode
tornar irrelevante nossa missão. Não deixaremos de orar,
como exorta o Apóstolo Paulo: Para ser cheios do pleno
conhecimento da vontade de Deus, com toda sabedoria e
entendimento espiritual (Colossenses 1:9)
• Assumir com humildade o desafio de revisitar e reinventar
nossos paradigmas de liderança. A vivência do Evangelho
Integral somente é viável com a liderança servidora
modelada por Jesus. Ele veio para servir e não para ser
servido. Para dar a sua vida em resgate por muitos (Mateus 20:28).
Reconhecemos também que nossa liderança necessita
buscar de maneira intencional a formação, treinamento
e competência que só encontramos em nossa intima
comunhão com Deus (2 Coríntios 3:5-6)
• Ser instrumentos de Deus para reposicionar de maneira
integral e sem nenhuma omissão, a Grande Comissão de
Mateus 28:18-20 que com grande esperança para toda a
criação de Deus, nos desafia a: Contar com TODA a au-
toridade que foi dada a Jesus no céu e na terra; Ir e fazer
discípulos de TODAS as nações, batizando-os em nome
do Pai, Filho e do Espírito Santo; Ensinando-os a obede-
cer TODO o Evangelho do Reino de Deus, para a pessoa
101
a igreja e a sua missào transformadora

TODA; Inspirar-nos na promessa de que Jesus está e estará


conosco TODOS os dias até a consumação dos séculos.
A Ele, somente a Ele seja a glória. Pois Nele vivemos, nos
movemos e existimos. Eis nos aqui Senhor, envia-nos para que
o mundo saiba que tu és Deus e que as coisas que fazemos são
em obediência a tua Palavra. Amém!
EM CRISTO, e também em Natal, RN, confirmamos nosso
chamado e compromisso. Aos dezenove dias do mês de Outubro
do ano de dois mil e treze.

Leituras adicionais
O caráter eclesiológico do Pacto de Lausanne, Key Yuasa
[ultimato.com.br]

O compromisso da Cidade do Cabo, Movimento Lausanne


[Editora Ultimato e Encontro Publicações]

102
Conhecendo a ALEF

A
Missão ALEF atua a partir do Bairro de Felipe Camarão,
em Natal-RN, promovendo treinamento, apoio,
assessoria, pesquisa e projetos missionários que ajudem
as igrejas em causar um impacto na transformação de comunida-
des, encorajando a unidade da igreja, equipando e apoiando os
lideres para o engajamento na Missão Integral de Deus.

Nossa visão é um movimento de igrejas saudáveis e localmente


relevantes equipadas e mobilizadas para impactar suas comu-
nidades, levando o Evangelho todo para o ser humano todo. 

Nossa missão é mobilizar, apoiar e capacitar pastores e líderes


para a transformação integral de comunidades a partir de
igrejas locais que trabalhem juntas para a expansão do Reino
de Deus.

Nossos canais de comunicação


Site/blog: http://www.missaoalef.blogspot.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/ALEFNatal
Youtube: www.youtube.com/c/alefmissaointegral

Quer receber informações sobre a ALEF, seus projetos e ações?


Escreva para diretoria.alef@gmail.com

103
O Congresso ALEF para Pastores e Lideres busca reunir
reflexão, capacitação e ferramentas práticas, visando inspirar
e equipar líderes de igrejas a serem mais relevantes em sua
atuação na sociedade e no contexto de sua igreja local. Neste
livro trazemos preciosos recursos desenvolvidos a partir do
congresso realizado em 2014, com o tema geral “A Igreja e sua
Missão Transformadora”.
Oramos para que este material seja um eficaz instrumento
para a reflexão sobre a missão e a identidade de uma Igreja que,
pelo poder do Espírito Santo, possa cumprir o papel de “sal da
terra” e “luz do mundo” para o qual fomos chamados como
seguidores de Jesus, e implantação de ações transformadoras
que visem o cumprimento da missão integral no contexto de
muitas comunidades locais.
No amor de Jesus,

Leandro Silva
Missionário e Presidente da ALEF

104
Caixa Postal 43 | 36570-000 | Viçosa-MG
Tel.: 31 3611-8500 | Fax: 31 3891-1557
www.ultimato.com.br

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