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RELATÓRIO
Foram opostos embargos de declaração pela ora recorrente, mas restaram não
conhecidos pelo relator (fl. 1953).
Registro que o julgamento foi de grande complexidade e para a exata
compreensão da tese discutida neste recurso, faço um retrospecto do que se passou nos autos:
1) na origem tem-se ação de indenização proposta pela Companhia Industrial de
Instrumentos de Precisão - CIIP, contra o Citibank N.A. que, julgada procedente, ensejou
apelação de ambas as partes;
2) o apelo do banco foi improvido à unanimidade, sendo provido em parte, e por
maioria, o apelo da empresa para majorar os honorários de advogado (fls. 1624/1625);
3) ambas as partes opuseram embargos de declaração, sendo rejeitados à
unanimidade os embargos da empresa e, por maioria, os embargos do banco, por ficar vencido
um dos julgadores como registra o voto vencido de fl. 1681. O Banco ainda opôs os segundos
embargos que foram rejeitados e considerados procrastinatórios;
4) assim julgada a demanda pelas instâncias ordinárias, veio o recurso especial do
banco que, nesta Corte, pelo relato do Ministro César Rocha, alterou inteiramente o acórdão,
Assim relatados os autos, tem-se para exame a tese da necessidade ou não, para
efeito de interposição de recurso especial, de embargos infringentes, quando há mudança de voto
de um dos julgadores, no julgamento de embargos de declaração que ao final acabam rejeitados.
Aponta o recorrente como paradigma, para provar a divergência, o acórdão
proferido no REsp 33.581, de relatoria do Ministro Dias Trindade, assim ementado:
VOTO
"(...)
2. Quando os embargos de declaração são acolhidos pelo Colegiado,
excepcionalmente ultrapassando sua finalidade de integração, alterando o julgamento do
recurso que os precedeu, é necessária a interposição dos infringentes, diante do texto da
lei, que exige seu manejo frente a julgamento não unânime em apelação ou ação rescisória.
3. Diferente é a hipótese dos autos, em que os declaratórios foram
improvidos por maioria, os quais não alteraram o julgamento unânime proferido
anteriormente - sendo que apenas um dos votos passou a ser favorável ao recorrente e
atribuiu efeitos modificativos ao julgado.
4. (...)
5. Tanto o STF como o STJ preconizam a impossibilidade de serem
atribuídos efeitos infringentes aos embargos de declaração quando ausentes omissão,
obscuridade ou contradição no julgado. No caso concreto, o revisor veio a alterar o
entendimento anteriormente manifestado sem indicar quaisquer desses vícios, prolatando
voto favorável tese do ora recorrente, que, assim, não teria interesse tanto de opor novos
embargos de declaração, para indicar nulidade do julgado, como em apontar contrariedade
ao artigo 535 do CPC.
6. Em face de todas essas peculiaridades do caso concreto, descabe
cogitar da necessidade de interposição de embargos infringentes para o esgotamento da
instância. Precedentes do STF e STJ."
Em outras palavras:
a) só desafia embargos de divergência o voto vencido que, proferido em sede de
embargos de declaração, é acolhido pelo colegiado;
b) diferentemente, se o colegiado rejeita os aclaratórios, é indiferente a existência
ou não de voto divergente que acolhe os aclaratórios para acolher o recurso e dar-lhes efeitos
modificativos;
Documento: 6522488 - RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 7 de 9
Superior Tribunal de Justiça
c) há precedentes do STF e do STJ no mesmo sentido do acórdão; e
d) na hipótese dos autos, os embargos de declaração foram rejeitados e o relator,
sem apontar qualquer dos vícios de obscuridade, omissão ou contradição, deu aos declaratórios
efeitos infringentes.