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Da eloquência do mito: comentário acerca de uma narrativa Bororo

Patrick de Oliveira1

De todas as mudanças de linguagem que o viajante deve enfrentar em terras longínquas, nenhuma se compara à que
o espera na cidade de Ipásia, porque a mudança não concerne às palavras, mas às coisas.

Ítalo Calvino

Resumo: O presente artigo se propõe comentar um mito Bororo estudado pelo


antropólogo Lévi-Strauss na sua tetralogia denominada Mitológica. O comentário
consiste em: abordar o fundamento do mito apresentado por Lévi-Strauss, considerar os
aspectos que tornam possível entender o mito na relação com a cultura de mundo na
qual nos encontramos e de como o mito prossegue se atualizando à medida que ele se
encontra com outras sociedades e/ou culturas. Parto da ideia de eloquência, ou seja, da
capacidade do mito dizer e expressar-se com facilidade para as pessoas. O que desejo
salientar no presente artigo é que os mitos estão mais próximos de nós do que
imaginamos.

Palavra chave: mito, eloquência, atualidade, Bororo

Abstract: This article proposes to comment on a Bororo myth studied by anthropologist


Lévi-Strauss in his tetralogy called Mythological. The commentary consists of:
addressing the foundation of the myth presented by Levi-Strauss, considering the
aspects that make it possible to understand myth in relation to the world culture in
which we find ourselves and how the myth continues to update itself as it finds itself.
with other societies and / or cultures. I start from the idea of eloquence, that is, the
ability of myth to say and express easily to people. What I want to point out in this
article is that myths are closer to us than we think.

Keyword: myth, eloquence, timeliness, Bororo

Introdução

O antropólogo Lévi-Straus faz parte de um grupo seleto de teóricos que embora


saiam de cena, a cena jamais saem deles. É que para a antropologia mundial (CASTRO,
2014) tão em voga, os clássicos soam às vezes como algo ultrapassado. Eu diria que
uma certa modernidade vem tomando a antropologia, a tal ponto que os interesses dos
acadêmicos parecem colocar o mito, tema amplamente abordado por Lévi-Strauss, na
condição de questão solucionada. O mito não é material de solução, logo ele não está
solucionado na antropologia, até porque ela é uma ciência muito nova e com um leque

1
Patrick de Oliveira é psicólogo e psicanalista, membro do Corpo Discente do Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFG).
de possibilidades de muito vasto. O campo de trabalho do antropólogo é infinito, a
necessidade da sua presença em várias áreas e situações da vida tem se tornado cada vez
mais importante e requisitada. Sempre tive um interesse muito grande nos clássicos da
antropologia, neste sentido, a obra de Lévi-Strauss pertence ao meu campo de interesse.
É porque aquilo que os clássicos disseram, continua sendo dito de várias outras
maneiras entre nós, os clássicos podem possibilidade a gente ir aonde ele mesmo não
foram.
Quem me apresentou Lévi-Strauss foi Jacques Lacan, psicanalista francês,
profundamente influenciado pelo antropólogo, sobretudo no campo da linguagem, tema
de interesse de ambos. Lévi-Strauss se alimentava na obra inacabada do criador da
linguística moderna Ferdinand de Saussure, que havia passado década estudando a
mitologia nórdica, sem ter publicado livro algum sobre o assunto (WILCKEN, 2011).
Jacques Lacan me convocou a leitura de Lévi-Strauss a fim de conseguir entender seus
axiomas com a linguagem, com o mito e com a cultura em geral.
Lévi-Strauss possui um acervo imenso de mitologias, extraídos da obra I Bororo
Orientali, escrita em 1920 pelo padre salesiano Antonio Colbachini. A partir dos mitos
coletados por Colbachini, Lévi-Strauss escreve sua Tetralogia denominada
Mitológicas2, um compêndio em quatro volumes, como ele mesmo informou ao seu
biográfico, que estão ligados, são continuidades (WILCKEN, 2011). As Mitológicas são
ferramentas indispensáveis para entender o mito de uma forma não linear e nem tão
pouco devotada a um certo sentido definido das coisas. Lévi-Strauss não trabalha com
categorias fechadas e nem tão pouco gosta das linearidades, embora tenha profunda
preferencia pelas estruturas. Sobre o mito ele vai dizer:

Quando um esquema mítico passa de uma população para outra, e estas apresentam
diferenças de língua, de organização social ou de modo de vida que o tornam
dificilmente comunicável, o mito começa a se empobrecer e se embaralhar. Mas
pode-se perceber uma passagem no limite onde, em vez de ser definitivamente
abolido, perdendo completamente seus contornos, o mito se inverte e recupera parte
de sua precisão (LÉVI-STRAUSS, 2004, p.9).

Em vários momentos da sua escrita Lévi-Straus vai dizer que sua obra
“Mitológicas”, é ela mesma um mito. Wilcken (2011) afirma que ao prometer ciência,
ele ofertava uma espécie de “antropologia zen”. Ele reunia mito, mente e universo em
uma comunhão espiritual. Seu interesse jamais foi fechar nada, nunca quis oferecer nada

2
Mitológicas: Volume 1: O cru e o Cozido (1964); Volume 2: Do mel às cinzas (1967); Volume 3: A
origem das maneiras ás Mesa (1968) e o Volume 4: O homem nu (1971).
mastigado para quem quer que fosse. Durante os quase dez anos de escrita da sua obra
Mitológicas, refugiou-se na solidão do seu escritório, comprometido em concluir sua
obra antes de morrer. Lévi-Strauss estava focado no senso de unidade entre as coisas,
conectividade, um “nirvana de pensamento e natureza”.
Ao me interessar pela obra de Lévi-Strauss, meu interesse é captar numa espécie
de continuidade, ou mesmo, essa sua maneira barroca de colocar o cânone da ciência
europeia em questão. Lévi-Stauss concede possibilidade de fazer o mito dialogar com a
realidade, com o tempo, o espaço, o momento de mundo. O presente artigo tem esse
enfoque, de ressuscitar embora em um estudo breve e limitado, o mito na antropologia.
Como vai afirmar Beatriz Perrone-Moisés no prefácio do volume 1 da Tetralogia “O cru
e o cozido”: “A própria antropologia é frequentemente comparada à tradução: trata-se
de transportar sentidos entre culturas, com todas as transformações que isso exige”
(PERRONE-MOISÉS, 2004, p.6). Essa compreensão de uma antropologia que está o
tempo todo se esforçando para manter o diálogo entre culturas, realidades, sociedades
etc., é o que neste momento torna possível indagar um mito bororo e pensá-lo a partir de
uma cultura que não é a sua de origem. Ou seja, sou eu negro, brasileiro, ocidental,
pensando um mito bororo. O deslocamento disso está na serventia que o mito tem para
quem quer que seja.
Um mito é um relato que por mais diversificado que ele possa ser, compõe-se de
princípios estruturantes comuns com realidades diversas e que distanciam muitas das
vezes da sua própria origem. É sobre os princípios estruturantes do mito que a obra
Mitológicas de Lévi-Strauss vai se a ver. É sobre essa possibilidade do mito está em
vários lugares, pertencer a vários lugares e como ele segue dizendo coisas, produzindo
conhecimentos entre as pessoas. Lévi-Strauss, esta muito pouco preocupado com a
fidedignidade do mito, origem e originalidade, ele se propõe a desvendar e interpretar,
isso que se desloca e produz alguma coisa. Sobre isso ele afirma:

Todo mito é por natureza uma tradução, origina-se em outro mito proveniente de
uma população vizinha mas estrangeira, ou num mito anterior da mesma população,
ou ainda contemporâneo, mas pertencente a outra subdivisão social [...] que um
ouvinte trata de demarcar, traduzindo-o a seu modo, em sua linguagem pessoal ou
tribal, ora para apropriar-se dele ora para desmenti-lo, e assim, sempre deformando-
o (LÈVI-STRAUSS, 2004, p.7).

Um mito sempre diz algo à vida, a realidade, às situações diversas, quando ele
assume o papel de ilustrar algo, ou ajudar alguém, um grupo, uma sociedade a pensar
melhor sobre alguma coisa que necessita de algum esclarecimento. É neste sentido que
o mito é uma forma de conhecimento. Ele possibilita seu interlocutor ou interlocutores
saber algo mais sobre aquilo que eles se propõe. Ainda em nosso tempo muitas
sociedades indígenas, africanas entre outras, nos mostram que o mito assume a forma de
biblioteca do conhecimento. Estas bibliotecas vivam estão na cabeça, na memoria das
pessoas, transmitindo por gerações conhecimentos. Nas culturas orais, onde a escrita
não se estabelece, são os mitos gravados de memória, passados de pais para filhos, que
animam, direcionam e mantém viva a cultura de determinadas sociedades.
Na sua obra “O cru e o cozido” volume 1 das Mitológicas, Levi-Strauss
apresenta um mito bororo que comentaremos. O mito trata da origem da água, dos
ornamentos e dos ritos funerários. São muitos os detalhes presentes na narrativa
mitológica que eu entendo ser de grande importância para a leitura e registro escrito
aqui neste artigo. Escutar um mito e lê-lo, tem diferenças, quem escuta estabelece uma
outra relação com a narrativa, diferente de quem ler. A imaginação na escuta pode fluir
melhor do que na escrita, já que o texto nos prende mais e nos exige uma fixação maior,
impedindo o uso de imaginação de forma mais livre. Mas é possível imaginar também
enquanto se ler.

Mito Bororo

Bororo: origem da água, dos ornamentos e dos ritos funerários

Nos tempos remotos, quando os dois chefes da aldeia pertenciam à metade


Tugarege (e não à metade Ecerae, como atualmente) e provinham, respectivamente,
um do clã aroroe e o outro do clã apiborege, havia um chefe principal chamado
Birimoddo, “pele bonita” e apelidado Baitogogo.

Um dia, a mulher de Baitogogo – que pertencia ao clã bokodori da metade Ecerae –


dirigia-se à floresta à procura de frutos silvestres. Seu filho queria acompanhá-la e,
como ela não quis, ele a seguiu às escondidas.

Deste modo, ele assistiu ao estrupo da mãe por um homem do clã Kie, pertencente à
mesma metade dela (e, portanto, “irmão” dela na terminologia indígena). Alertado
pelo filho, Baitogogo começa por se vingar do rival. Fere-o com sucessivas
flechadas, no ombro, no braço, na coxa, na nádega, na perna, no rosto, e finalmente
mata-o com um ferimento nas costas. A seguir, durante a noite, ele estrangula a
mulher com uma corda de arco. Auxiliado por quatro tatus de espécies diferentes –
Bokodori (tatu-canastra, Priodontes giganteus), gerégo (“tatu-liso”, EB, v.1: 68,
“tatu-bola”, Dasypus tricirtus, Magalhães 1918:33), enokuri (“tatu-bola-do-
campo”, EB, v.1: 566), okwaru (variedade de “tatu-peba”, id.: 840) -, ele cava uma
cova sob a cama da mulher, enterra o cadáver, tapa o buraco e o cobre com uma
esteira, para que ninguém descubra sua obra.

Enquanto isso, o menino procura a mãe. Abatido e chorando, ele se cansa seguindo
falsas pistas dadas pelo matador. Finalmente, num certo dia em que Baitogogo está
passeando em companhia da segunda esposa, o menino se transforma em
passarinho para procurar a mãe, e deixa cair um pouco de excremento sobre o
ombro de Baitogogo. O excremento germina na forma de uma grande árvore (o
jatobá).

Incomodado e envergonhado por esse fardo, o herói deixa a aldeia e leva uma vida
errante no mato. Mas, cada vez que ele para a fim de descansar, faz surgir lagos e
rios. Naquela época, ainda não existia água na terra. Cada vez que surge água, a
árvore diminui e por fim acaba desaparecendo.

Encantado com a paisagem verdejante que criou, Baitogogo resolve não voltar mais
para a aldeia, cuja chefia tinha abandonado nas mãos do pai. O segundo chefe, que
mandava em sua ausência, faz o mesmo e o segue. Assim, a dupla chefia passou
para a metade Ecerae. Transformando-se nos dois heróis culturais Bakororo e
Itubore (cf.p.62, supra), os dois antigos chefes só voltarão a visitar sua gente para
lhe dar os enfeites, as vestimentas e os instrumentos que, em seu exílio voluntário,
eles inventam e fabricam.

Quando eles reaparecem pela primeira vez na aldeia, ricamente enfeitados, seus
pais, que se tornaram seus sucessores, ficam amedrontados no inicio: depois,
recebem-no com cantos rituais. Akario Bokodori, pai de Akaruio Borogo, o
companheiro de Baitagogo, exige que os heróis (que, nesse momento, parecem ser
não dois, mas uma coorte) lhe deem todos os enfeites. Um episódio à primeira vista
enigmático conclui o mito: “Não matou os que trouxeram muitos [enfeites], mas sim
aqueles que tinham trazido poucos”. (LÉVI-STRAUSS, 2004, p.71).

Comentários

O mito nos situa logo no começo: “Nos tempos remotos, quando os dois chefes
da aldeia pertenciam à metade Tugarege...” (LÉVI-STRAUSS, 2004, p.71), o
antropólogo nos insere nessa lógica da aldeia, ele vai dizer que a aldeia bororo é
formada por oito casas coletivas, cada uma delas abrigando várias famílias. As casas
estão dispostas em círculo e no centro da aldeia está à casa dos homens. No sentido
leste-oeste uma linha divide a aldeia em duas metades. No norte estão os Ecerae,
compreendendo a proporção norte de leste a oeste, compõe-se de quatro casas que
correspondem aos clãs do norte: “baadojeba xobugiwuge, “chefe do alto”; bokodori,
“tatu-canastra”; kie “anta”; baadojeba xebegiwuge, “chefe do baixo”” (LÉVI-STRAUS,
2004, p.59). No sul estão os Tugarege, compreendendo a proporção sul de leste a oeste,
compõe-se também de quatro casas que correspondem aos clãs do sul: “iwagudu,
“gralha azul” (Uroleuca cristatella); aroroe “larva”; apiborege “palmeira acuri” (Attalea
speciosa); paiwe ou paiwoe “bugios” (Alouatta sp.)” (LÉVI-STRAUSS, 2004, p.60).
Lévi-Strauss (2004) nos informa que no final do lado oeste encontra-se a “aldeia
dos mortos”, onde reina o herói cultural Bororo, ele possui um emblema denominado
ika que é uma flauta de madeira. No final do lado leste encontra-se uma outra “aldeia
dos mortos”, onde reina o herói cultural Itubore, ele possui um emblema que é um
instrumento de sopro denominado pana, formado de cabaças vazias e furadas que são
coladas uma na outra com cera.

Lévi-Strauss (2004) diz que a estrutura social dos Bororos separa os clãs em sub-
clãs e linhagens. O antropólogo também nos chama atenção para um detalhe
fundamental da organização social dos Bororos, trata-se de uma sociedade onde os clãs
se organizam por metades, são exogâmicos3, matrilineares e matrilocais. Lévi-Strauss
(2004) descreve a seguinte informação:

Ao se casar, o homem atravessa, portanto, a linha que separa as duas metades e vai
morar na casa do clã da esposa. Mas na casa dos homens, a que as mulheres não têm
acesso, ele continua a ocupar seu lugar no setor associado ao seu clã e à sua metade
(LÉVI-STRAUSS, 2004, p.63).

O mito diz que os dois chefes provinham dos sub-clãs aroroe e apiborege ambos
pertencentes à metade Tugagege. O chefe principal do clã Tugagege chamava
“Birimoddo – pele bonita”, seu apelido era Baitogogo. O mito não situa o nome dos do
outro chefe neste primeiro momento. O relato se desenvolve e ao final o narrador nos
informa o nome do outro chefe. Baitagogo casou com uma mulher do clã Ecerae
pertencente ao sub-clã bokodori como veremos logo em seguida. Este inicio do mito
pode estar nos dizendo que o relato que temos em mãos se liga a outros relatos. Lévi –
Strauss (2004) mesmo nos informa: “Tanto no mito de referência quanto nesse que

3
Exogâmico: Que se caracteriza pela exogamia, que é o casamento de um indivíduo com um membro de
grupo estranho àquele a que pertence.; exógamo.
acabamos de resumir” (LÉVI-STRAUSS, 2004, p73). O antropólogo nos comunica que
o mito que outrora estamos analisando está resumido.
A narrativa segue de forma atemporal “um dia”, a mulher de Baitogogo
pertencente ao clã Bokodori da metade Ecerae dirigiu a floresta a procura de frutos
silvestres. As mulheres bororos participam ativamente da subsistência da aldeia, ir a
floresta buscar frutas, caçar etc., faz parte dos processos de manutenção, o alimento é
parte dessa manutenção. Seu filho pediu para acompanhá-la, mas ela não quis, conta-se
o mito que ele a seguiu. A cultura bororo como vimos é matrilinear e matrilocal, neste
tipo de sistema de vida, as mulheres possuem profunda autonomia, tal como ir à floresta
sem precisar que um homem, seja o marido, o irmão ou filho as acompanhe.
O mito relata que o filho a seguiu e assistiu o estupro da mãe, por um homem do
sub-clã kie, ou seja, da mesma metade que ela, o mesmo clã - Ecerae. Como a sociedade
Bororo é exogâmica, pessoas do mesmo clã não podem ter relações sexuais entre si. A
condição da própria existência de um clã exogâmica é o casamento dos seus indivíduos
com um individuo de um outro clã que não o seu, há um marcador de parentesco aqui.
Ou seja, os sub-clã do clã Ecerrae são parentes, assim como os sub-clã do clã Tugarege.
Na terminologia indígena, tal como informa o próprio relato do mito, indivíduos do
mesmo clã são irmãos. O filho se encarrega de comunicar o pai Baitogogo o ocorrido,
para que ele possa se vingar. Baitogogo usa da sua flecha e fere seu rival “no ombro, no
braço, na coxa, na nádega, na perna, no rosto, e finalmente mata-o com um ferimento
nas costas” (LÉVI-STRAUSS, 2004, p.72).
Após ter matado o rival, Baitogogo durante a noite, utiliza a corda do arco e
mata a própria mulher. O mito diz que Baitogogo foi ajudado por quatro tatus de
espécie diferente: um dele foi bokodori, o tatu-canastra, certamente o próprio emblema,
símbolo do sub-clã da mulher, o gerégo, o tatu-liso, enokuri, o tatu-bola-do-campo e o
okwaru, o tatu-peba. O mito diz: “ele cava uma cova sob a cama da mulher, enterra o
cadáver, tapa o buraco e o cobre com uma esteira, para que ninguém descubra sua obra”
(LÉVI-STRAUSS, 2004, p.72). “Ele cava”, os tatus fazem buracos na terra, é possível
que o relato esteja fazendo alusão à presença dos tatus na historia que certamente ajudou
Baitogogo a cavar a cova.
Baitogogo realiza os ritos fúnebres da sua mulher, enterra ela de uma forma
nova, como inaugurando um ritual fúnebre seguido até os nossos dias pelos Bororos –
cava uma cova sob a cama da mulher, ali ele a enterra, tapa o buraco e com uma esteira
o cobre. Baitagogo tem a intenção que ninguém descubra sua obra, podemos aludir que
o assassinato lhe traria represálias. Até porque sua vingança não passou pelo crivo da
aldeia, ele fez as escondidas e em nome próprio. Pergunto-me aqui se a presença dos
tatus que são animais muito presentes na cosmogonia bororo, não esteja simbolizando
ou mesmo presentificando que a vingança de Baitagogo tenha sido justa. O antropólogo
não entra nesse juízo, embora enaltece a presença da dualidade. Tem a descrição de um
rito, de uma ritualística, embora o mito não descreva nada mais além do que
procedimentos, não é difícil observar que trata-se de uma ritualística fúnebre. Quando
Lévi-Strauss (2004) situa em sua obra o título do mito ele diz que se trata também da
origem dos ritos funerários.
Sem saber do ocorrido o menino saiu em busca da mãe, ele não sabe que o pai a
matou e a enterrou sob sua própria cama. O matador (Baitagogo) não contou ao filho o
ocorrido com a mãe, deu a ele falsas pistas na sua busca. O mito relata que um certo dia
em que Baitagogo estava passeando com sua segunda esposa, o menino se transforma
em um passarinho para procurar a mãe. O menino então transformado em passarinho
deixa cair no ombro de Baitagogo um pouco de excremento que logo germina na forma
de uma grande árvore jatobá.
Baitagogo é o chefe principal do clã Tugarege, isso significa que ele é o chefe
principal de ambos os clãs, agora transformado em uma árvore jatobá, incomodado e
envergonhado com este fardo, ele deixa a aldeia e passa a ter uma vida errante. O relato
do mito informa que Baitagogo passa a condição de herói - é possível que o herói
distante da nossa lógica ocidental tenha a ver com sua bravura, coragem e com o fato
dele ser forte. É possível que a vingança da traição da esposa que levou a morte do rival
e também da mulher tenha consolidado o título de herói a Baitagogo, ou o fato dele ter
se tornado um jatobá e feito surgi água. O texto não menciona nenhuma participação do
clã nas questões relacionadas à morte do rival e da mulher, no entanto, eleva Baitagogo
a categoria de herói, que entre os Bororos segundo Lévi – Strauss (2004) tem a ver com
ser forte, ele informa: “As duas funções correspondem bem ao papel atribuído aos
heróis da metade Tugarege, isto é, aos fortes” (LÉVI-STRAUSS, 2004, p.73). O mito dá
entender que tanto o chefe dos Ecerae do norte quanto o chefe dos Tugarege do sul,
eram ambos da metade Tugarege. Baitagogo casou com uma mulher Bokodori do clã
Ecerae, como já explicado é uma cultura exogâmica e matrilinear, Baitogogo deixou o
sul da sua origem Tugarege e foi viver com a família da mulher Ecerae no norte, onde
manteve sua chefia. Na sociedade Bororo o sistema de chefia é passado do tio materno
para o sobrinho.
O mito segue dizendo que Baitagogo agora transformado em uma árvore jatobá
caminha errante no mato e toda vez que ele pára a fim de descansar, surge lagos e rios.
O mito nos diz que naquela época não havia água na Terra ainda. Enquanto vai surgindo
água a árvore vai diminuindo ate que desapareceu. Baitagogo ficou encantado com a
paisagem verdejante que criou, resolve não voltar mais a aldeia, abandonando a chefia
nas mãos do pai. O segundo chefe que mandava na sua ausência resolve acompanhá-lo,
é neste momento que a dupla chefia passa para o clã Ecerae. Bakororo e Itubore
transforma-se nos dois heróis culturais, um no oeste e outro no leste. Estes heróis
culturais parecem ser uma espécie de antepassado do clã que passou a ter a chefia, já
que eles estão situados justamente na “aldeia dos mortos”.
Os dois antigos chefes passam a viver errantes na mata em contato permanente
com a paisagem verdejante que fora criada. O mito fala que Baitagogo e o segundo
chefe estão em “exílio voluntário” de onde inventam e fabricam enfeites, vestimentas e
instrumentos. Quando Baitagogo e o segundo chefe, os dois antigos chefes do clã
Tugarege, vão visitar sua gente, eles levam os enfeites, as vestimentas e os instrumentos
fabricados.
O relato segue dizendo que os pais dos dois ex-chefe tornaram seus sucessores,
não é difícil entender isso. O segundo chefe possivelmente vivia no sul entre os
Tugarege, embora ele certamente seja do norte (Ecerae) casado com uma mulher do sul
(Tugarege) e Baitagogo que era um Tugarege do sul, casou com uma Ecerae indo morar
no norte mantendo sua liderança concedida pela linhagem materna de um tio. Quando
ambos desocuparam suas funções já que a liderança principal estava com os Tugarege
“havia um chefe principal chamado Birimoddo (...) e apelidado Baitagogo” (LÉVI-
STRAUSS, 2004, p.71). Quando Baitagogo deixa a chefia principal estando ele no norte
Ecerae, esta chefia passa ao seu pai que possivelmente era oriundo do clã Ecerrae
casado com uma mulher Tugarere, logo vivendo no sul.
A chefia principal de Baitagogo vinha do clã Tugarege, com a ida dos dois
chefes para a mata, a sucessão das duas chefias passa aos Ecerae. Os Ecerae passam
então a ter as duas chefia da seguinte forma: no norte pelo abandono da chefia principal
por parte de Baitagogo e no sul em função de casamento de um homem Ecerae com
uma mulher Tugarege, este homem é o segundo chefe. Até os dias de hoje a
organização social da sociedade Bororo segue o mesmo sistema acima descrito, ou seja,
a aldeia é dividida em duas partes os Ecerae e os Tugarege, cada uma dessas metades
possui seus sub-clã, as duas chefias que permanecem hereditárias continua nas mãos do
Ecerae, tal como determina os mitos.
Outra possibilidade de compreensão dessa perda da chefia por parte dos
Tugarege, tem a ver com o pai de Baitagogo, certamente como já foi dito ele é um
Ecerae, casou com uma mulher Tugarege indo morar com a família dela no sul. Quando
Baitagogo e seu companheiro desistem da chefia o relato diz que ela vai para os seus
pais. O companheiro de Baitagogo é um Ecerae e o pai de Baitagogo também é um
Ecerae. A lógica é obedecer à metade do homem para entender como funcionam os
processos no sistema Bororo. O homem que vai viver na aldeia da sua mulher
permanece com a sua outra metade originária.
No último parágrafo do mito o narrador concede mais informações acerca do
companheiro de Baitagogo. A primeira vez que Baitagogo e Araruio Borogo
apareceram na aldeia enfeitados, seus pais ficaram amedrontados no inicio depois os
receberam com cânticos rituais. Akario Bokodori (do clã da mulher que foi morta por
Baitagogo), pai de Araruio Borogo exigiu que os heróis desse a ele os enfeites. Os
heróis não eram somente Baitagogo e Akario Borogo havia uma corte com eles diz o
relato, ou seja, vários outros. O relato concluiu com um episodio enigmático: “Não
matou os que trouxeram muitos [enfeites], mas sim aqueles que tinham trazido poucos”.
Sobre isso Lévi-Strauss (2004) diz: “voltemos ao episódio do massacre, de que é
responsável um certo Akario Bokodori” (LÉVI-STRAUSS, 2004, p.74). Acredito que a
citação explica o enigma, descontente com os heróis que trouxeram poucos enfeites,
Akario Bokodori chefe principal do clã, ele um Ecere os matou.

Considerações finais

Castro (2014) entende que é necessária uma consideração mais atenta das
dimensões intensivas das ontologias amazônicas e ameríndias. Ele refere aos processos
de alteração diferencial que tem a ver com esboçar uma teoria amazônica do virtual. O
mito, as histórias, que as diversas populações indígenas contam é material salutar para
verificar e elaborar essa teoria indígena do virtual, que se trata de saber o que se pensa
quando se é indígena. Todo ethos indígena está consolidado no mito, nas historias que
vão sendo contadas de geração a geração.
O relato mítico que disponibilizamos acima dá noticia de vários aspectos da
sociedade bororo, o relato não está atrelado tão somente a origem da água, dos enfeites
e dos rituais fúnebres, ele tem a ver também com a organização social do sistema bororo
como um todo. O mito também refere-se como os clãs são disponibilizados na aldeia e
como os conflitos de certa forma são estabelecidos a partir de um entendimento que o
mito disponibiliza.
O mundo Bororo é povoado de seres, de espíritos e os animais participam da
vida dos homens. Os animais sempre entram na história para trazer alguma notícia, que
não é apenas alegórica, há um fundamento nisso. Os quatro tatus que aparecem no mito
relatado acima para ajudar Baitogogo a enterrar a mulher, possuem dimensões entre os
humanos e os espíritos. Castro (2014) ao relatar a participação efetiva dos animais na
vida dos homens entre os Yawalapiti vai dizer que: “Homens, animais e espíritos são os
polos principais de uma macrotaxonomia...” (CASTRO, 2014, p.30). Por taxonomia
entende-se, a ciência ou a técnica que lida com a descrição e/ou a classificação das
coisas. A taxonomia dos povos Bororos presente em muitos mitos não separa a vida dos
humanos da vida dos animas, não há uma categorização disso. Ou seja, os animais
participam da vida dos homens.
Castro (2014) referindo-se aos Yawalapiti vai afirmar que os bichos são seres
que hesitam entre os humanos e os espíritos. Para os Bororos os animais também
participam da vida dos homens nessa dimensão que varia entre os humanos e os
espíritos, vejam bem: “Auxiliado por quatro tatus de espécies diferentes (...) -, ele cava
uma cova sob a cama da mulher, enterra o cadáver, tapa o buraco e o cobre com uma
esteira, para que ninguém descubra sua obra” (LÉVI-STRAUSS, 2004, p.72). Há uma
dimensão neste relato que coloca os animais, aqui no caso o tatu numa relação entre
humano, espírito (morto) e animal. Trata-se de animais que aparecem na cena para
socorrer/ajudar os humanos de alguma forma.
O mito elucida sobre a origem da água, é interessante notar que Baitagogo foi
transformado em uma árvore, outro elemento tal como os animais que surge no mito de
forma plena, ganhando vida própria, as pessoas tornam árvores. Baitagogo transformou-
se em uma árvore jatobá e à medida que ele parava para descansar rios e lagos se
formava. A água elemento feminino em várias culturas, surge aí como elemento-forma
da mulher que foi morta pelo marido. É como se a mulher morta, enterrada as
escondidas, se transformasse em rio, lagos a partir do descanso do marido. Nas
andanças do pai está o desejo do filho que quer encontrar a sua mãe, mas o pai é
encantado pela beleza verdejante que os rios e lagos causaram na natureza. A água
encanta, ela pode ser metáfora da condição da mulher morta, aprisiona o marido na
floresta, o faz desistir de tudo, ele não quer mais saber da vida, que viver na mata
encantado pela passagem que a água trouxe para a mata.
A mulher morta no mito e enterrada as escondidas pelo marido ocasiona não
somente o surgimento da água, sua morte, elabora um rito fúnebre presente até os dias
de hoje na sociedade bororo. Ela também encanta homens que vão viver como herói na
mata e vão trabalhar na produção de enfeites, instrumentos e vestimentas para sua gente.
A mulher fertiliza a vida na aldeia, ela torna acontecimento da vida. A mulher perde a
vida, mas continua produzindo acontecimento e vida para os seus. A mulher como mito
fundador da água, dos enfeites, instrumentos e vestimentas (artefatos) e do ritual
fúnebre de passagem.
O mito Bororo pode soar apavorante dentro da nossa cultura ocidental
influenciada pelas tradições judaicas-cristãs, ele fala de estupro e assassinato. Por hora
não sabemos bem se o entendimento de estupro presente no mito bororo tenha o mesmo
sentido da nossa cultura, minha hipótese é que não tem. O relato deixa a gente imaginar
que pode ter sido consensual, e isso possivelmente pode ser a justificativa que levou
Baitagogo matar sua mulher e o seu rival. O mito notifica um feminicídio, longe de
mim, projetar os dilemas do nosso mundo atual numa cultura que distancia
profundamente da nossa, mas entendo que o mito produz um diálogo com nossa
realidade e ele pode dizer alguma coisa a ela.
Lévi-Strauss em sua “Mitológicas” volume 1 “O cru e cozido”, livro obrigatório
para antropólogos e aprendizes, uma vez que ele concede status de conhecimento ao
mito, pode fornecer uma série de contribuições que possibilita a gente pensar melhor os
dilemas da cultura e como as sociedades em vários contextos e épocas elaboram mitos
para explicar as coisas. Na verdade Lévi-Strauss está o tempo todo pensando outras
formas de tornar universal um conhecimento que escapa do cânone europeu. Cabe ao
antropólogo / etnógrafo examinar a beleza do mito, é exatamente este exercício que
acredito que Lévi-Strauss está com maestria realizando nos quatro volumes da obra
“Mitológicas”. Não é a antropologia que consegue explicar o mito para Lévi-Strauss, é
o mito que explica a antropologia. Lévi-Strauss vai participar desse pressuposto ao
afirmar que seus livros se escreviam através dele, ou mesmo, se existia algum autor ali
não era ele, e sim o próprio texto. Em “Mitológicas” é como se o mito fosse artefatos
sem autor, eles se escreve por si só.
O mito como objeto de estudo da antropologia está cada vez mais em desuso
como dizemos anteriormente, neste momento que a antropologia se cerca de uma série
e/ou de múltiplas antropologias, o mito está relegado ao esquecimento. Podemos ver
antropologias cada vez mais propensas a dominar objetos, a empreendê-los, defini-los,
descrevê-los em nome de certezas que nem sempre são sustentadas. Há também uma
ausência de crítica, uma crítica da antropologia, um estudo crítico que coloca a própria
antropologia em questão. Este exercício de crítica da antropologia desbancaria a
possibilidade de totalidade dela. O perigo da totalidade é que ela se encarrega de
engessar, estagnar as coisas. Neste sentido me pergunto: é o fim da antropologia? Ou,
trata-se da exigência de um retorno? Uma atualização? Não estaria a antropologia
atualizando o tempo todo? Sei que os mitos de ontem e de hoje, de culturas antigas e
das culturas atuais, mesmo que os antropólogos não queiram, estão aí e continuam
desafiando a antropologia. Talvez seja porque o mito esteja para a antropologia como
objeto fundador, ou como, objeto causa da sua própria existência.
Enquanto estudava o mito acima, pensava no sentido que tinha pra mim o mito
escolhido de tantos outros que eu tinha em mãos. É claro que pensei no tempo e na
impossibilidade neste momento de realizar um estudo mais profundo dos mitos
comentados e disponibilizados por Lévi-Struss em sua obra. A priori quis me sentir
provocado, lançar a mim mesmo um pequeno desafio de me envolver com Lévi-Strauss,
um autor a muito tempo do meu grande interesse. Possuo uma relação muito boa com os
teóricos franceses, embora eu esteja perguntando o tempo todo a eles o que essa
possível universalidade seja a de Jacques Lacan, a de Foucault, a de Lévi-Strauss entre
outros, diz a cultura brasileira na peculiaridade da sua própria existência, e/ou, do seu
jeito de ser tão distante da realidade europeia.
O universal de Lacan, de Lévi-Straus e de outros a meu ver não se trata da
cultura de um determinado homem, de um determinado povo, mas sim do sujeito, das
sociedades que diz (-em) alguma coisa. Poderia dizer da universalidade do ser humano,
eles estão em todas as partes. Universalidade esta que é direcionada, conduzida,
construída pelo dito, ou pelos mitos que cada um é capaz de dizer sobre si mesmo, sobre
outros, sobre as coisas etc. Penso que Lévi-Strauss, foi buscar os mitos de um povo
indígena da América Latina /Brasil para colocar em questão a sua própria incerteza, de
que o universal não é a universalidade e que aquilo que os Bororos dizem de si, outros
povos dizem de uma outra maneira praticamente as mesmas coisas – é esse o universal
de Lévi-Strauss.
No mito acima a mulher é vista traindo o seu marido, essa condição ocasiona um
posicionamento do marido, a morte do rival e da mulher. Vingança, honra, ciúme,
revolta? Possivelmente tudo isso junto. Isso não difere do que acontece em nossa
cultura, sobretudo no que se referem aos dilemas enfrentando pelas mulheres. O mito de
ontem, de hoje e de sempre, seja lá de que lugar ele venha, na concepção de Lévi-
Strauss, está dialogando com outros mitos, mais outros e mais outros.
A atualidade do mito Bororo fornece notícias de um tempo que parece estar
distante do nosso, mas o mito é atemporal, ele não tem tempo e nem obedece à
cronologia e a linearidade. O mito é um acontecimento conhecimento, sua função é
produzir saber, é ilustrar a realidade e possibilitar um grupo pensar sobre sua existência
no mundo. O mito também quer passar alguma coisa, um ensinamento que fica por
gerações, a explicação de um rito ou de um costume.
O valor documental do mito também é exato, o mito disponibilizado neste artigo
comprova e se mantém vivo na memorial do povo Bororo. O momento que os Ecerae
passam a ter a chefia das aldeias está registrado no mito que comentamos neste artigo.
Os Ecerae até os nossos dias mantém a liderança/chefia entre os Bororos, assim como, a
sociedade é organizada tal como o mito compartilhado aqui descreve. Ele mantém vivo
na memoria dos mais velhos e é transmitido aos mais novos para que eles informem aos
que virão como a vida Bororo foi sendo organizada. Então o mito também tem a função
de perpetuar os costumes e de manter o sistema integrado. O mito é fonte documental,
narrativa que alicerça a vida em todos os sentidos.
A eloquência do mito estar justamente na sua capacidade de funcionar, de dizer
algo às pessoas, as coisas, a natureza, de ilustrar situação e possibilitar avanço. O mito
não está estagnado, ele pode servi a um grupo e trazer um conhecimento acerca de algo,
mas ele também pode deslocar para um outro lugar e ali tomar outra função, agregar,
obtendo outra dimensão e proporção. O mito é eloquente também porque ele não
obedece às temporalidades e as lógicas impostas. Ele está da mesma forma para o dito e
o não dito, porque há no mito coisas que se dizem por si só, ele ocupa do explicável e
do inexplicável, do possível e do impossível. Para entender isso melhor, basta
observarmos na nossa cultura atual como as pessoas mantêm seus mitos e como elas
contam as coisas aos outros com a finalidade única de manter sua identidade, sua
pessoalidade, suas crenças e suas maneiras de encarrar e lidar com as coisas.
Bibliografia

CASTRO, Eduardo Viveiro. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de


antropologia. São Paulo: Cosac Naify, 2014.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O cru e o cozido. (Mitológicas 1). São Paulo: Cosac Naify,
2004.
PERRONE-MOISÉS, Beatriz. Traduzir as Mitológicas in “O cru e o cozido”
(Mitológicas 1). São Paulo: Cosac Naify, 2004.
WILCKEN, Patrick. Claude Lévi-Strauss – o poeta no laboratório. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2011.

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