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DESCARTE E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

1
SANTOS SILVA, Renan
2
DE JESUS MARIA, Lanara

RESUMO

Resíduos são inerentes às realizações da humanidade, especialmente


àquelas que são intimamente referentes às atividades da área de construção civil –
que por vezes trabalha com processo de demolição e um grande descarte de
diferentes tipos de produtos. Uma problemática evidenciada sobre os resíduos que
são resultantes das atividades da construção civil é referente a como corroborar e
colaborar de forma potencialmente benéfica em meio às realizações de coleta,
descarte ou tratamento dos resíduos, dentre outras realizações específicas, de
forma ambientalmente precisa e correta, ou seja, dimensionar um efetivo e eficaz
com planejamento de gestão de tais resíduos. De forma central, este estudo realizou
uma análise crítica e teórica a respeito do planejamento da gestão de resíduos no
âmbito da construção civil, pontuando e esclarecendo seus principais processos,
além de dimensionar a imprescindibilidade de proporcionar organizacionalmente tal
procedimento de gerenciamento, especialmente voltando compreensões para a área
de construção civil. Para o atendimento destes objetivos essenciais, foi conduzida
uma pesquisa de caráter descritivo fundamentado essencialmente em artigos
científicos, obras completas e demais produções científico-acadêmicas referentes à
literatura científica específica que se mostrem úteis e pertinentes à pesquisa em tela.

Palavras-chave: Gerenciamento. Resíduos. Processos. Planejamento. Construção


Civil.

ABSTRACT

Waste is inherent in the achievements of mankind, especially to those that are


closely related to the activities of the civil construction area - which sometimes works
with demolition process and a large disposal of different types of products. The great
problem evidenced on the residues that are the result of the civil construction
activities is about how to corroborate and collaborate in a potentially beneficial way
among the accomplishments of collection, disposal or treatment of waste, among
other specific achievements, in an environmentally accurate and correct manner,
That is, the central problem is to measure an effective and effective
wastemanagement plan. The main objective of this study was to carry out a critical
and theoretical analysis on the planning of waste management in the civil
construction sector, punctuating and clarifying its main processes, as well as
assessing the indispensability of providing such a management procedure in an
organizational way.
___________
1
Graduando do Curso de Engenharia Civil da FTC - Jequié, eng.renan.s@gmail.com;
2
Professora do Curso de Engenharia Civil da FTC - Jequié, Engenheira civil FTC, docência em ensino
superior englanaramaria@gmail.com;
2

Returning understandings to the area of civil construction. In order to meet these


essential objectives, a descriptive research was conducted, essentially based on
scientific articles, complete works and other scientific-academic productions referring
to specific scientific literature that prove useful and pertinent to screen research.

Keywords: Management. Waste. Processes. Planning. Construction.

INTRODUÇÃO

Conforme os postulados da contemporaneidade, não há possibilidades mais


em apartar a construção civil das suas consequências como impactos ambientais
mais imediatos, e desta forma as consequências socioeconômicas e políticas.
Percebe-se como considerável o impacto potencial da Engenharia Civil no
meio ambiente, consoante a Cerqueira (2007), não somente pelos pontos mais
diretamente prejudiciais e que dizem respeito à própria construção em si, como por
exemplo, a utilização de recursos naturais e a modificação nas estruturas de
paisagem, como também por outros elementos que só recentemente tem sido
enfatizado no entendimento da sociedade como um todo.
Como exemplos, podem-se citar desmatamentos, mobilidade de vastíssimas
quantidades de terra nas construções e alterações na forma como escoam os rios e
outros recursos hídricos. Ainda, a construção civil, por trabalhar com diversas
subáreas, como edificações e rodovias, ainda pode vir a, ainda que indiretamente
pois não há uma relação de causa-efeito óbvia, estimular a poluição advinda dos
gases dos automóveis.
É necessário que a produtividade demandada da construção civil não seja
negligenciada, mas também não se pode em nome da funcionalidade e do lucro
tornar-se irresponsável e negligente em relação ao meio ambiente, desconsiderando
pressupostos básicos como a reciclagem.
Esta lógica de pensamento de difícil solução e aplicação, contemplando a
produtividade responsável e também o desenvolvimento sustentável acompanhado
de um planejamento adequado, vem sendo progressivamente mais evidenciada,
considerando as políticas governamentais que tratam do assunto.
3

METODOLOGIA

O método de pesquisa utilizado foi o exploratório, utilizando técnicas de coleta


de dados qualitativas. Será realizada uma revisão bibligrafica que seguindo as
disposições de Gil (2007) seria um tipo de pesquisa com a intenção principal de
propiciar maior familiaridade do pesquisador com a temática da pesquisa, tornando
o assunto mais claro e explícito, e/ou a construir novas hipóteses, desenvolvendo
diferentes discussões acerca do assunto proposto. Os dados foram coletados em
artigos científicos, obras completas e demais produções científico-acadêmicas que
se mostrem úteis e pertinentes à pesquisa em tela.
Por fim o trabalho tem como objetivo realizar uma análise critica e teorica
atraves de uma revisão bibliografica, sobre o planejamento da gestao de residuos na
construção civil e comparar estudos cientificos e obras completasem busca de uma
solução prática, acerca da pesquisa proposta.

REFERENCIAL TEÓRICO

A preservação ambiental é hoje uma preocupação mundial conforme


Pongrácz (2012). A humanidade, através dos séculos, vem conquistando espaços
quase sempre em detrimento de uma contínua e crescente pressão sobre os
recursos naturais. A construção civil não é diferente. Apesar de seus reconhecidos
impactos socioeconômicos para o país, como alta geração de empregos, renda,
viabilização de moradias, infraestrutura, estradas entre outros, ela ainda carece de
uma firma política para a destinação de seus resíduos sólidos, principalmente nos
centros urbanos. Mas, felizmente, esta realidade começa a mudar.
Com a entrada em vigor da Resolução nº 307/2002 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (CONAMA), o setor da construção civil começa a integrar as
discussões a respeito do controle e da responsabilidade pela destinação de seus
resíduos sólidos.
A citada resolução define, portanto, responsabilidades e deveres, inclusive da
necessidade de cada município licenciar as áreas para disposição final, fiscalizar o
setor em todo o processo e programar o Plano Integrado de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil. Com isso, ela abre caminho para que os setores
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público e privado possam juntos, prover os meios adequados para o manejo e


disposição desses resíduos.
A posição do Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), no que se refere à produção de
resíduos sólidos da construção civil (RSCC), é inferior a de nações tais quais os
Estados Unidos, produtor de 136 milhões de toneladas/ano, do Japão, produtor de
99 milhões de toneladas/ano, da Alemanha, produtora de 79 milhões de
toneladas/ano, e da Itália, produtora de 35 milhões de toneladas ano, gerando cerca
de 31 milhões de toneladas por ano.
Apesar de a produção de resíduos brasileira não se encontrar no topo da
lista, o mercado que se ocupa do correto gerenciamento e descarte dos mesmos
expande-se rapidamente no país, movimentando bilhões de reais, principalmente
com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos.
Mesmo diante da afirmação de Pongrácz (2012), que não é mais possível
desvincular a engenharia civil das suas implicações ambientais imediatas, e
consequentemente suas implicações sociais, econômicas e políticas a curto, médio
e longo prazo. Instituições começam a se posicionar a respeito dos RSCC, e
passam a se manifestar.
Conforme se pode ver no Manual de Orientação da Caixa para o Manejo e
Gestão de Resíduos da Construção Civil (2015, p. 21), o projeto deve demonstrar
ser viável em sua execução, apresentando os elementos destinados à análise
técnica de engenharia, a saber: plantas, memorial descritivo, previsão de orçamento,
ROE (Relatório do Objetivo do Empreendimento) etc.
É possível ainda que seja necessária a demonstração da adequação do
projeto à conjuntura social, cultural, histórica e econômica da população residente na
área da atividade, demonstrando que a interligação engenharia civil e sociedade tem
se tornado cada vez mais importante à própria execução das construções na
atualidade.
A gestão de resíduos constitui o corpo de conhecimento unificado sobre os
resíduos e seu gerenciamento, um esforço para organizar diversas variáveis do
sistema como existe atualmente. Essa teoria é considerada lado a lado com outras
disciplinas relevantes.
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Segundo Burguer (2013) Há uma série de medidas para minimizar os


resíduos e os seus malefícios, entre as quais devem ser citadas: A prevenção da
criação de resíduos na fonte; - Redução dos resíduos pela aplicação de tecnologias
de produção mais eficientes; - Melhoria orientada pela fonte de qualidade de
resíduos, por exemplo, substituição de substâncias perigosas ou reutilização de
produtos ou de suas partes; - Desmonte de produtos complexos e reutilização de
seus componentes; - Reciclagem interna de resíduos de produção; - Reciclagem
externa.
A prevenção da criação de resíduos é a prioridade da gestão de resíduos,
que corresponde também ao seu principal objetivo: conservação de recursos. A
inclinação para minimizar os resíduos requer o compromisso das firmas em
aumentar a proporção de não resíduos que resultam do processo.
Os RSCC são produzidos principalmente em processos de demolição e
construção, nos mais variados tipos de obras, e suas possíveis técnicas de
tratamento podem abranger as diferentes etapas do seu ciclo de vida. É de extrema
importância que, no momento de sua produção, o resíduo sofra um processo de
coleta seletiva, para que um tipo de resíduo não se misture a outro, dificultando seu
correto processamento e descarte.
Após a coleta, os resíduos serão tratados e recondicionados ao estado de
matéria prima, o que geralmente ocorre em uma usina de reciclagem ou mesmo na
fonte em que foram gerados. Em seguida, já em uma terceira etapa, o material
processado torna a ser material de fabricação de produtos necessários à construção
civil, como cimento, tijolos, dentre outros.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO

É sabido que o impacto potencial da Construção Civil no meio ambiente é


consideravelmente alto, não apenas pelos aspectos mais evidentes e inerentes à
própria atividade, como o uso de recursos naturais e a promoção de alterações
paisagísticas, mas também por outros aspectos que apenas nas últimas décadas
temos visto evidenciarem-se como relevantes no entendimento da comunidade
científica e de toda a sociedade, como a geração de resíduos.
Na esteira da contemporaneidade, como Pongrácz (2012), não é mais
possível desvincular a engenharia civil das suas implicações ambientais imediatas, e
consequentemente suas implicações sociais, econômicas e políticas a curto, médio
e longo prazo.
É preciso que a produtividade esperada da construção civil não se perca ao
ponto de prejudicar seus resultados funcionais e tampouco se faça de maneira
irresponsável e desconsiderando aspectos fundamentais como a gestão responsável
de resíduos.
Esta equação de difícil equilíbrio (produtividade responsável como um
resultado da consideração simultânea dos requisitos da sustentabilidade e do
planejamento técnico) tem sido posta cada vez mais em evidência, se forem
observadas as últimas iniciativas públicas e privadas acerca do tema.
Como exemplo, devem ser citados aqui o Comitê de Meio Ambiente do
Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (2005) e os
eventos por ele realizados, contando ainda com o Conselho Nacional do Meio
Ambiente – CONAMA – e com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil -
CBIC.
Conforme se pode ver no Manual de Orientação da Caixa para o Manejo e
Gestão de Resíduos da Construção Civil (2015, p. 21), o projeto deve demonstrar
ser viável em sua execução, apresentando os elementos destinados à análise
técnica de engenharia, a saber: plantas, memorial descritivo, previsão de orçamento,
ROE (Relatório do Objetivo do Empreendimento) etc.
É possível ainda que seja necessária a demonstração da adequação do
projeto à conjuntura social, cultural, histórica e econômica da população residente na
área da atividade, demonstrando que a interligação engenharia civil e sociedade tem
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se tornado cada vez mais importante à própria execução das construções na


atualidade.
A construção civil é um dos principais ramos que contribuem para o
desenvolvimento das nações, provendo a infraestrutura necessária e as estruturas
físicas para atividades como comércio e serviços. A industria gera uma oferta de
empregos e injeta dinheiro na economia nacional através da criação de
oportunidades de investimentos locais e estrangeiros, segundo Agung (2009).
Contudo, apesar dessas contribuições, a construção civil também tem sido
estreitamente conectada a problemas ambientes como o aquecimento global,
poluição e degradação, conforme Jones e Greenwood (op. cit.).
A geração de resíduos da construção e o uso insustentável de recursos
naturais não renováveis como materiais de construção também estão ligados aos
impactos ambientais adversos dessa indústria. Globalmente, é estimado que até
30% dos resíduos descartados são originados de atividades de construção e
demolição, como afirma Fishbein (2008).
Segundo Begum (2009), em vários países, os resíduos de construção são
os de número mais elevado e, apesar de iniciativas de políticas do governo para
lidar com essa questão, a gestão sustentável de recursos e resíduos permanece
uma prioridade baixa para a maioria das construtoras.
É importante, desta forma, explorar a perspectiva das construtoras em
relação a gestão de resíduos e a sustentabilidade de recursos e, em particular, a
aplicação de uma rede de gestão mais estruturada, baseado na abordagem do plano
de gestão de resíduos no local.
Um planejamento do gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil
cria uma rede que pode ajudar as construtoras ou administradores de projeto a
prever e documentar a quantidade e o tipo de resíduos de construção que serão
provavelmente produzidos em um projeto, assim como auxiliar no estabelecimento
de ações de gestão apropriadas que reduzam a quantidade de resíduos descartados
no aterro.
Esse planejamento pretende melhorar a eficiência de recursos materiais
pela implementação de reuso, recuperação e reciclagem e minimizar questões como
descarte ilegal com a documentação apropriada de processos de remoção de
resíduos, conforme Defra (2009).
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Em vários países desenvolvidos, como os Estados Unidos, a Inglaterra e a


Austrália, o planejamento de gestão de resíduos de construção tem ganhado
popularidade como uma ferramenta importante para minimizar os impactos adversos
da construção em relação não somente ao ambiente, mas também à economia das
nações.

Quadro 1. Políticas e diretrizes da gestão de resíduos

Políticas tradicionais Novas diretrizes de


gerenciamento

Circunstâncias da política Piora na poluição devido Mudança de clima, matéria


aos resíduos prima e exaustão de
combustível fóssil

Objetivo Melhorar as condições de Construir uma sociedade de


vida reciclagem de recursos

Estratégia de implementação - Redução - Consumo e produção


efetivos
– Reciclagem
- Reciclagem do material
- Tratamento e descarte
- Coleta de energia

- Tratamento avançado

Objetivo principal Volume-taxa do sistema de Avaliação de reciclabilidade


coleta de lixo, política de de recursos, certificação de
responsabilidade de produção qualidade do produto
estendido e locais de reciclado, tratamento em larga
tratamento escala

Conceito básico Resíduo Recurso (reciclável/natural)

Fonte: adaptado de Defra (2009)

É importante utilizar um conjunto de padrões para a construção sustentável,


incorporando práticas para a gestão efetiva de resíduos nas atividades de
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construção. Os projetos de construção tornam-se mais adequados quando aderem a


requerimentos sustentáveis.
Entre estas redes, temos, para construção e desenvolvimento sustentáveis,
o sistema de avaliação inglês, Building Research Establishment's Environmental
Assessment Method (BREEAM), o Green Mark em Cingapura, o Green Star na
Austrália e muitos outros.
Recursos sustentáveis e gestão de resíduos são destacados em todas
essas redes, encorajando a adoção de uma forma de planejamento de gestão de
resíduos sólidos de construção para guiar o processo desde o design até a
desativação do desenvolvimento.
Em muitos países, esses sistemas são voluntários. Entretanto, no fim da
década de 2000, tornou-se obrigatório para projetos britânicos de alto valor,
conforme dados do Building Research Establishment (BRE, 2009). Essa abordagem
é hoje apoiada e incentivada com foco em conscientização e distribuição de
informação para designers, engenheiros, construtores e outros profissionais da
indústria de construção.
Tipicamente, esse tipo de planejamento requer informação básica sobre o
tipo, escala e valor do projeto, identificação dos responsáveis envolvidos nos
estágios do projeto (empreiteira principal, engenheiro, cliente, designer,
responsáveis envolvidos para a gestão de resíduos etc.), um cronograma proposto e
um programa de trabalho.
Os indicadores de performance para minimizar os resíduos e para a
recuperação e reciclagem de materiais por unidade de área, ou outros alvos
relevantes devem ser estabelecidos durante o estágio inicial. No estágio seguinte, a
série de prevenção e redução de resíduos e ações de gestão e recuperação de
resíduos que serão realizadas durante o design.

Quadro 2. Etapas do plano de gerenciamento de resíduos

Estágio do projeto Ações

Estabelecimento do projeto  Determinar os detalhes do projeto

Design do conceito  Documentar ações de prevenção de resíduos


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Design dos detalhes  Prever os resíduos

Pré construção  Especificar portadores de resíduos

 Planejar destino dos resíduos

 Documentar ações de gestão e recuperação dos


resíduos

Construção  Determinar o crescimento real de atividades de


redução, recuperação e gestão de resíduos

 Realizar o treinamento, monitoramento e


documentação

Pós construção  Comparar atividades de gestão de resíduos reais


contra a previsão

 Avaliar desempenho

 Sugerir melhoras para o próximo projeto

Fonte: adaptado de Begum (2009)

Estima-se que cerca de 25% de todos os resíduos sólidos municipais das


grandes cidades são provenientes da construção civil, segundo Jones (2013). Além
da questão do volume, como apontam Piasecki, Ray e Golden (2010) e Yost (2015),
a natureza tóxica de alguns desses materiais, como os adesivos e solventes, está
levando a um aumento na regulação do descarte de resíduos da construção civil,
com algumas autoridades banindo a construção civil de aterros e desenvolvendo
locais separados para tais materiais.
Adicionalmente, pesquisadores que examinaram a questão concluíram que a
regulamentação dos resíduos da construção civil será ainda mais rigorosa no futuro.
Um aspecto difícil da questão de resíduos da construção é que, com algumas
notáveis exceções, uns esforços coordenados para auxiliar a indústria de construção
no desenvolvimento de alternativas viáveis a aterros não são numerosos.
Governos federais, estaduais e locais não assumem um papel ativo da
redução de descarte nos aterros ou no impedimento de descartes ilegais de
materiais através do encorajamento da reciclagem e da conversão.
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Uma melhor compreensão da composição dos resíduos da construção pode


ser obtida examinando suas características e classificações. Esses resíduos podem
ser classificados de acordo com suas três fontes: novas construções, reformas e
demolições. Embora os tipos de resíduos gerados nessas três áreas sejam
semelhantes, as quantidades produzidas são diferentes.
Esses resíduos podem ser classificados de acordo com suas três fontes:
novas construções, reformas e demolições. Embora os tipos de resíduos gerados
nessas três áreas sejam semelhantes, as quantidades produzidas são diferentes.
Os resíduos podem ser ainda classificados em materiais que podem ser
reciclados, resíduos perigosos ou materiais estáveis. Mas esse sistema de
classificação pode não ser tão direto e claro quanto parece. A placa de reboco, por
exemplo, pode ser tanto reciclável como potencialmente perigosa.
O perigo potencial se amplia por causa do sulfeto de hidrogênio que é produzido
quando o material se decompõe sob condições anaeróbicas, segundo Burger
(2013). Isso levou alguns países a banirem resíduos desta substância em aterros
municipais, conforme Musick (2012)
Um fator complicador para a análise dessa questão é a caracterização do
resíduo. Em algumas áreas, os resíduos de construção são caracterizados pelo
peso, em outras, pelo volume. Em ambos os esquemas de caracterização, a maior
parte dos materiais tem potencial de reciclagem, como a madeira, por exemplo.
A questão da redução e reciclagem dos resíduos da construção e demolição
são importantes por seus efeitos tanto no ambiente quanto no custo dos imóveis.
Aspectos ambientais são claros: espaço nos aterros está se tornando cada vez mais
limitado; aterros lotados poluem o ar, a terra e a água; e o descarte ilegal de
resíduos tem crescido.
Em relação aos preços dos imóveis, segundo Yost (op. cit.), construtores
pagam duas vezes mais por materiais que podem ser reciclados mas acabam em
aterros; o pagamento é feito quando os materiais são comprados e as taxas são
avaliadas quanto os materiais são descartados. Esses custos são passados aos
compradores em formas de preços mais altos.
A principal desvantagem para a geração de grandes quantidades de resíduos
está relacionada a preocupações ambientais. Os espaços nos aterros têm se
tornado mais caros e menos disponíveis e a presença de resíduos pode, sob certas
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condições, resultar na produção de gás de sulfeto de hidrogênio, que apresenta


sério risco a saúde humana.
Na verdade, alguns aterros já se recusam a aceitar certos tipos de resíduos
de construção. Esses fatores mostram a importância de identificar métodos
alternativos para lidar com esses materiais.
A reciclagem parece a alternativa mais lógica. Algumas empresas atualmente
processam placas de gesso em novas instalações, mas muitas que investigaram a
possibilidade concluíram que embora tecnicamente possível, o custo baixo do gesso
cru torna esse procedimento inviável economicamente.
Uma alternativa examinada é a incineração, mas a preocupação em relação a
poluição do ar associada com essa abordagem torna-a indesejável. Um estudo de
descarte de gesso no oceano foi conduzido pelo governo canadense, e a conclusão,
segundo Burger (op. cit.), é de que devido à presença natural no oceano de
materiais encontrados no gesso, esse método de descarte poderia ser benigno ao
ambiente. Contudo, o ponto de vista analítico da sociedade acerca do descarte de
resíduos sólidos no oceano limita a utilidade dessa opção.
Uma alternativa favorável aos resíduos de construção é usá-los como
emenda do solo. Conforme Burger (op. cit.), aplicar resíduos de parede seca
pulverizada ao solo teve um efeito benéfico e não prejudicial e um impacto positivo
na produção de milho.
O gesso tem uma composição de cerca de 80% de sulfato de cálcio para 20%
de água; esse cálcio e enxofre disponíveis enriquecem o solo sem a adição de
metais pesados ao ambiente.
Uma recomendação desse projeto foi de que um estudo semelhante devia ser
conduzido em uma ampla gama de tipos de solo para desenvolver uma base de
dados sobre os efeitos dos resíduos em diferentes solos.
De modo geral, descrevem-se os passos principais e fundamentais de gestão de
resíduos da mesma forma, independente de qual seja a sua proveniência ou a
natureza. Especial em países em desenvolvimento, o mau aproveitamento e
gerenciamento de resíduos prejudica sensivelmente o meio ambiente e, em sentido
amplo, a qualidade de vida de todas as pessoas.
É lícito, contudo, notar que nem todos os resíduos sólidos passam
necessariamente pelos mesmos passos. Embora muitos métodos de tratamento e
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descarte demandem coleta dos resíduos, como no caso da construção civil, é


possível perceber-se o descarte irresponsável de resíduos em locais abertos, muitas
vezes queimando-os, impossibilitando a coleta, no caso de resíduos domésticos.
O modo de gerenciamento também está contemplado pela demonstração,
elencando o simples descarte, o uso de aterros, a incineração dos resíduos, o
tratamento biológico e, por fim, a reciclagem.
A figura abaixo demonstra o ciclo de produção e destino dos resíduos nos mais
diversos campos da existência: proveniente de residências da zona rural e da zona
urbana, colégios, prédios e edificações comerciais, instituições comerciais e
governamentais, minas de exploração e, é claro, indústrias e processos construtivos.
O modo de gerenciamento também está contemplado pela demonstração,
elencando o simples descarte, o uso de aterros, a incineração dos resíduos, o
tratamento biológico e, por fim, a reciclagem.

Figura 1: Produção, evolução e tratamentos possíveis dados aos


resíduos

Fonte: Burger (2013).


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A vida dos resíduos consiste em muitos passos. O primeiro é, sem dúvida, a


geração. Assim que o resíduo é gerado, é necessário lidar com ele de algum modo.
A figura acima sumariza os diferentes passos de gestão de resíduos.
A coleta de resíduos é o primeiro passo para a gestão. A eficiência é
geralmente baixa em países em desenvolvimento, como o Brasil, na maioria dos
quais somente os resíduos de áreas urbanas é coletado. Áreas rurais raramente são
incluídas em qualquer esquema de coleta e os gerenciamentos especializados,
como o da construção civil, ainda não estão amplamente aceitos.
Entretanto, isso não exclui as possibilidades de coletas alternativas em
pequena escala. Os métodos de coleta variam de um local para outro. Alguns
exemplos são:
(a) coleta de casa a casa: o resíduo é coletado diretamente de casas individuais;
(b) coletas comunitárias: os geradores de resíduos organizam um ponto de coleta na
vizinhança. O resíduo sólido é então coletado municipalmente de acordo com uma
agenda;
(c) coleta na calçada: em dias específicos definidos por autoridades locais o resíduo
sólido é coletado na vizinhança. Os indivíduos que vivem no local dispõem os
resíduos diretamente do lado de fora de suas casas.
Inicialmente, sobre as compreensões de Ruben et al. (1996) e pontuando
indicadores teóricos a respeito da inter-relação de teorias de gestão de processos
ligadas a ciência da Administração e ainda relacionadas com demais conceitos já
apresentados a respeito da gestão de resíduos, tem-se:

O aumento da importância, ou a "descoberta" dos resíduos não se


dá num processo dissociado do sociohistórico. É mister lembrar que é num
contexto de pós-modernidade que a crise do paradigma fundador da teoria
das organizações se apresenta e se amplia. A produção teórica, em
qualquer campo, é também um empreendimento social, portanto sujeito aos
cenários político e histórico das sociedades que a promovem.

Destaca-se que não é uma perspectiva fácil a de desenvolver as correlações


existentes entre as teorias gerais e mais essenciais da administração para com os
pressupostos necessários ao gerenciamento de resíduos sólidos.
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A exemplo, tem-se o fato de que a teoria da abordagem da administração


pública explica, essencialmente, que existem relações e articulações necessárias
que devem ser estabelecidas entre o poder público e a sociedade para a efetivação
pratica e real do gerenciamento dos resíduos sólidos em meio a toda sociedade
(RIBEIRO, PEREIRA, 2014).
Ademais, em conformidade com as perspectivas pontuadas por Pereira e
Silva (2014), é necessário destacar que cada uma das teorias clássicas da
administração possui características que condizem, diretamente, mesmo que não de
maneira premeditada, com a busca pelo desenvolvimento sustentável, a saber é
necessário pontuar e depreender, a exemplo, que:
>> Teoria Clássica da Administração, desenvolvida por Fayol: destaca-se que
esta era baseada na preocupação com a estrutura das organizações e não as
tarefas, ademais, buscavam por prelecionar direções a respeito da busca da ordem
e da disciplina em meio à organização, sendo esta perspectiva essenciais para o
desenvolvimento sustentável, sobretudo, quando esta perspectiva se encontre
aplicada sobre o gerenciamento de resíduos sólidos;
>> Processos referentes à Organização Racional do Trabalho, desenvolvida
por Taylor: visava, essencialmente, a melhoria da eficiência na execução das tarefas
organizacionais, a correlação possível desta teoria com os pressupostos inerentes à
gestão dos recursos sólidos de organizações de diversos tipos, se coloca sobre suas
características essenciais, como por exemplo: a supervisão (todas as tarefas
deveriam, necessariamente, ser supervisionadas); a padronização (deveria haver
padrão em todas as áreas organizacionais e sobre todas e cada uma das atividades
a serem desenvolvidas); melhores condições do local de trabalho (diz respeito à
dimensão social necessária em meio aos pressupostos de sustentabilidade), dentre
outros dimensionamentos possíveis.
Ademais, ainda é imprescindível e necessário desenvolver o entendimento de
que o gerenciamento de resíduos sólidos em meio à construção civil é diretamente
correlacionado com os chamados sistemas de qualidade, a exemplo do selo ISO
14000.
Assim, em conformidade com De Cicco (1994), cabe destacar que ISO 1400
constitui-se enquanto sendo uma série de normas que determinam as diretrizes
essenciais e garantidoras de que uma determinada empresa (pública ou privada)
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pratique a gestão ambiental sobre o dimensionamento dos cuidados com o


gerenciamento da produção, tratamento e descarte de resíduos sólidos.
Além disso, objetiva-se dimensionar que as anteriormente referidas normas
são conhecidas pelo Sistema de Gestão Ambiental (SGA), sendo este definido e
disseminado como prática necessária às organizações pela ISO (International
Organization for Standardization) (DE CICCO, 1994).
Desta maneira, compreende-se que as organizações da atualidade buscam,
cada vez mais, por adotar o SGA e, com base nesta perspectiva, Mazzer e
Cavalcanti (2004) determinam que o referido sistema é de extrema importância pois
permite que a empresa adotante possa controlar de forma permanente os efeitos
ambientais de todo o seu processo de produção, desde a escolha da matéria-prima
até o destino final do produto e dos resíduos líquidos, sólidos e gasosos, levando-a,
assim, a operar da maneira mais sustentável possível.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho, foi propiciado à corporação uma nova forma de encarar
seus processos construtivos, no que se refere ao gerenciamento de resíduos sólidos
da construção civil. Considerando que muitas vezes as empresas não apresentam
uma estratégia de minimização de resíduos, é aconselhável a implementação de
políticas de reaproveitamento.
As empresas poderiam usufruir da mobilização de seus colaboradores,
oferecendo melhorias não apenas ao meio ambiente, como à sociedade como um
todo, a partir de seus âmbitos econômico e social. O reaproveitamento dos resíduos
apresenta benefícios diretos e indiretos ao meio ambiente.
Seria benéfico a comercialização dos resíduos como forma, inclusive, de trazer
benefícios aos colaboradores, que estariam mais inclinados a assumir estas novas
exigências da atualidade, reciclando, reaproveitando e exercendo seu papel
integrado à sociedade.
A utilização destas estratégias alternativas de gestão ambientalmente
consciente será benéfica em diversos sentidos para as construtoras: em primeiro
lugar, poderá fortalecer a corporação frente à concorrência, sendo reconhecida em
seu poder de autossuficiência; em segundo, haverá contribuição para o recebimento
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de certificados de qualidade; em terceiro, no âmbito econômico e financeiro, haverá


economia a partir da redução de material de construção total que será comprado.
18

REFERÊNCIAS

BEGUM, Rawshan; ARA, Chamhuri; SIWAR, Joy Jacqueline; PEREIRA, Abdul


JAAFAR, Hamid. Attitude and behaviour factors in waste management in the
construction industry, 2009. [Tradução Livre].

BURGER, M.E. Potential of Pulverized Construction Drywall Waste as a Soil


Amendment. University of New York Press: 2013. [Tradução Livre].

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