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Gestão de Riscos em Saúde e Segurança no Trabalho Rural

Gestão de Segurança, Saúde e Meio


Ambiente de Trabalho Rural
Neste curso serão apresentados os princípios gerais da Norma
Regulamentadora 31, que prevê a organização para prevenção
de acidentes no campo enquanto ambiente de trabalho. Além
de assuntos como higiene no trabalho, riscos químicos, físicos,
mecânicos e biológicos, mapas de riscos e planos de ação. O
objetivo é que você compreenda as regras e recomendações
para prevenir acidentes durante o expediente de trabalho.

Este curso tem

20 horas
Gestão de Riscos em Saúde e Segurança no Trabalho Rural

Gestão de Segurança, Saúde e Meio


Ambiente de Trabalho Rural

SENAR-GO 2015
Ficha técnica
2015. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO

Informações e Contato
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO Rua 87, nº 662,
Ed. Faeg,1º Andar – Setor Sul, Goiânia/GO, CEP:74.093-300 (62) 3412-2700 / 3412-
8701 – E-mail: senar@senargo.org.br -
http://www.senargo.org.br/ - http://ead.senargo.org.br/

Gestão de Riscos em Saúde e Segurança


no Trabalho Rural
Presidente do Conselho Deliberativo
José Mário Schreiner

Titulares do conselho Administrativo


Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e Tiago
Freitas de Mendonça.

Suplentes do conselho Administrativo


Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva, Bruno Heu-
ser Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de Faria.

Superintendente
Eurípedes Bassamurfo da Costa

Gestora
Rosilene Jaber Alves

Coordenação
Fernando Couto de Araújo

Consultor Técnico
Arthur Eduardo Alves de Toledo

IEA - instituto de estudos avançados s/s


Conteudista – Andres Brito

Tratamento de linguagem e revisão


IEA – instituto de estudos avançados s/s

Diagramação e projeto gráfico


IEA – instituto de estudos avançados s/s
Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Módulo 4
Estudo das condições de trabalho rural
Hora de dar início ao Módulo 4 − Estudo das condições de trabalho rural. Este tema tratará do
levantamento dos riscos laborais que você estudou no módulo anterior, da hierarquia das imple-
mentações das ações de segurança e saúde, e da identificação dos Atestados de Saúde Ocupa-
cionais (ASO).

Assim, o conteúdo foi dividido da seguinte forma:


• Aula 1: Realização de avaliações dos riscos laborais.

• Aula 2: A hierarquia das implementações das ações de segurança e saúde.

• Aula 3: Identificação dos Atestados de Saúde Ocupacional (ASO).

Módulo 4 - Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural // 65


Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Aula 1

Realização das condições de trabalho rural


Fazer o levantamento dos riscos laborais é uma etapa muito importante no programa de gestão
de riscos. Por isso, nesta aula, você verá as etapas para esse levantamento, além de descobrir
como proceder para realizar as avaliações ambientais.

Para dar início, é importante que você saiba que a avaliação pode ser de dois tipos:

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Avaliação qualitativa
É a forma mais simples de avaliação, em que apenas a percepção do avaliador será necessária
para identificar o risco existente no local de trabalho. É o tipo de avaliação que dispensa o uso de
equipamentos para medir os riscos ambientais.

Estudo de caso

Imagine a seguinte situação. O avaliador entra em um


ambiente com pouca ventilação, onde uma máquina
com motor de combustão interna está funcionando. Ele
perceberá o cheiro imediatamente, não é mesmo? Ou
seja, apenas com uso do olfato será possível identificar
aquele risco.

valiação quantitativa
Já na avaliação quantitativa é necessária a utilização de instrumentos e equipamentos destina-
dos à quantificação do risco, além do uso de metodologia cientifica.

Estudo de caso

Agora, pense no avaliador que entra em um ambiente


de trabalho onde existem vários ruídos. Neste caso,
não se sabe se aquele agente (ruído) está em quanti-
dade suficiente para causar danos à saúde. Será ne-
cessário medir esse ruído, e verificar se está acima
dos limites permitidos.

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Etapas da avaliação ambiental


A etapa de avaliação é uma fase de levantamento de pontos importantes para a realização efi-
ciente do programa. Nessa fase, é preciso determinar um responsável pelo programa, os objeti-
vos e as metas, um responsável pelo levantamento de riscos, fazer um inventário de máquinas,
equipamentos e implementos, realizar um levantamento do número de empregados com suas
funções e locais de trabalho, além da elaboração de um cronograma. Veja como funciona cada
uma dessas etapas:

Escolha dos responsáveis pelo programa e pelo levantamento


O responsável pelo programa deve pertencer à gerência da propriedade ou ter um cargo de con-
fiança, pois a sua atuação será fundamental para a eficiência do programa. Essa pessoa será
responsável pela liberação dos recursos necessários para o desenvolvimento do programa.

A escolha do responsável pelo levantamento dos


riscos segue um critério mais técnico, pois a pes-
soa escolhida deverá ser capaz de identificar os
riscos e suas fontes geradoras. Normalmente,
contrata-se uma empresa especializada ou de
um profissional da área de segurança (Técnico
de Segurança do Trabalho ou Engenheiro de
Segurança do Trabalho) para que eles façam o
levantamento, pois muitas vezes, esse levanta-
mento exige experiência na percepção dos ris-
cos, e demanda aparelhos para as medições dos
níveis de exposição.

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Objetivos
Cada propriedade terá seus objetivos e suas me-
tas próprias, mas de maneira geral, os objetivos
serão os de cumprir as normas de segurança do
trabalho, e tornar os ambientes de trabalho mais
seguros, prevenindo a ocorrência de doenças
ocupacionais, aumento da produtividade, melho-
ria da saúde e da qualidade de vida.

O programa não visa somente ao atendimento ou


ao cumprimento legal, mas sim à ação preventi-
va, antecipando, reconhecendo e controlando os
riscos ambientais existentes, ou os que possam
vir a ocorrer no ambiente de trabalho, levando
em consideração a proteção do meio ambiente
e dos recursos naturais, e a saúde e integridade
física dos trabalhadores.

Metas
As metas serão traçadas de acordo com os ob-
jetivos estipulados pela gerência da propriedade.
Basicamente, as metas serão as definições do
que será realizado em cada etapa do programa,
ou seja, as ações. As etapas para a realização
das avaliações de risco são: antecipação, reco-
nhecimento e avaliação. Para cada etapa serão
traçadas metas específicas.

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Inventário
O inventário é um documento que relaciona os
itens encontrados na propriedade para fins de
identificação, classificação e análise. Essas in-
formações devem subsidiar as ações de gestão,
afinal só é possível realizar um controle do que
é conhecido. Assim, essa etapa ajuda a controlar
melhor os registros e as avaliações, e será fun-
damental na etapa de definição das medidas de
controle.

No inventário de máquinas é necessário colo-


car as seguintes informações: tipo, fabricante,
modelo e ano de fabricação. Se for uma
máquina estacionária, é necessário adicionar a
sua localização na propriedade.

Máquina que se mantém fixa em um posto de trabalho, ou seja, transportável para uso em bancada
ou em outra superfície estável em que possa ser fixada.

Número de trabalhadores, funções


e locais de trabalho
Essas informações são necessárias para avaliar
os riscos e a exposição dos trabalhadores nos
ambientes de trabalho. Ajudam a determinar as
prioridades de ação, pois quanto mais pessoas
envolvidas em um mesmo risco, maior a neces-
sidade de intervenção e controle.

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Cronograma
Consiste no estabelecimento de prazos de exe-
cução do programa, com base na antecipação e/
ou reconhecimento, dos riscos ambientais ava-
liados. A primeira etapa do cronograma deverá
ser a avaliação dos riscos qualitativos e quan-
titativos. Na sequência, o cronograma trará as
demais ações determinadas pelos objetivos e
metas. Duas etapas necessariamente deverão
estar no cronograma, as etapas de implementa-
ção das medidas de controle e o monitoramento.

Estudo de caso

As metas devem ser específicas, ter um responsável e ser sempre acompanhadas de


datas. Então, vamos imaginar que estamos na fase de reconhecimento, e precisa-
mos definir a nossa meta para aquele período.
Considerando todas as necessidades, observe
o exemplo a seguir:

Meta: fazer o levantamento dos riscos laborais


por meio da contratação de empresa.

Responsável: empresa terceirizada para a re-


alização do levantamento dos riscos laborais.

Data da contratação: janeiro de 2015.

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É importante lembrar que a avaliação dos riscos servirá de base para a implementação de outro
programa, o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Esse programa é
posto em andamento pelo profissional médico, familiarizado com os princípios das patologias
ocupacionais e suas causas, bem como com o ambiente, as condições de trabalho e os riscos
a que está ou será exposto cada trabalhador. O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização
obrigatória dos exames médicos. Vamos tratar desse assunto na terceira aula deste módulo.

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Aula 2

Hierarquia das implementações das ações de


segurança e saúde
As ações de segurança devem seguir uma hierarquia, com ordem de prioridade e medidas a se-
rem adotadas para evitar acidentes. Veja o que diz a NR-31 a seguir.

Os empregadores rurais ou equiparados devem implementar ações de segurança e saúde


que visem à prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho na unidade de
produção rural, atendendo à seguinte ordem de prioridade:

a) eliminação de riscos através da substituição ou adequação dos processos


produtivos, máquinas e equipamentos;

b) adoção de medidas de proteção coletiva para controle dos riscos na fonte;

c) adoção de medidas de proteção pessoal.

Agora, veja como cada uma dessas etapas acontece.

a) Eliminação de risco
Assim que o risco é identificado, a primeira atitude a se tomar é eliminá-lo. A eliminação pode
ocorrer de várias formas, com a substituição de um processo, de um material ou mesmo utilizan-
do uma medida de engenharia.

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Estudo de caso

Um bom exemplo é quando se utiliza uma pessoa para verificar os carrinhos da planta-
deira, e esse funcionário permanece na plataforma da plantadeira enquanto ela se des-
loca na realização do serviço. Nesse caso, a utilização de sensores no processo de
plantio seria uma forma de eliminar o risco atra-
vés da substituição.

Outra alternativa seria a adoção de medidas ad-


ministrativas complementares como, por exem-
plo, treinamentos, adoção de boas práticas, alte-
ração de procedimentos e redução da exposição
aos agentes químicos. Por exemplo: o trabalha-
dor realiza a tarefa de aplicação de produtos fi-
tossanitários apenas pela manhã, no restante do

b) Adoção de medidas de proteção coletiva


Algumas medidas de engenharia são suficientes para obter modificações nas construções e ins-
talações físicas da propriedade e também alterações no arranjo físico. Nesse último caso, vamos
considerá-lo como a posição dos recursos utilizados dentro de um ambiente, ou seja, a relação
entre as edificações e as máquinas e equipamentos, os materiais e as pessoas que trabalham
naquele local. Um bom arranjo físico proporciona maior conforto para os trabalhadores, permite
que os ambientes sejam melhor utilizados, e influencia na melhoria dos ambientes quanto à ilu-
minação, à ventilação, à limpeza e à manutenção.

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Outra medida de engenharia é a neutralização do risco. Quando não é possível eliminar determi-
nado risco definitivamente, ou mesmo temporariamente, devido a uma impossibilidade técnica,
busca-se a neutralização daquele risco, que pode ser feita de diversas formas, como você verá
a seguir.

Enclausuramento do risco

Por exemplo, colocar o compressor de ar em uma sala fechada e separada dos trabalhadores
de uma oficina, de maneira que o ruído não os atinja.

Sinalização

Essa medida deve ser utilizada quando não há alternativas aplicáveis para a eliminação ou
neutralização do risco, portanto, deve ser utilizada em caráter provisório até que as medidas
definitivas sejam postas em prática. As sinalizações servem para alertar acerca de riscos ou
perigos. Essas medidas são consideradas medidas de controle coletivas, também chama-
das de EPC – Equipamento de Proteção Coletiva.

Podemos concluir que as medidas e os equipamentos de proteção coletiva têm como objetivo
proteger muitos trabalhadores ao mesmo tempo, e otimizar as proteções nos ambientes de tra-
balho contribuindo para o aumento da produtividade.

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

c) Adoção de medidas de proteção pessoal

Quando as medidas de proteção coletiva forem tecnicamente


comprovadas inviáveis, ou quando não oferecerem completa Dispositivo ou produto de
uso individual do trabalhador,
proteção contra os riscos decorrentes do trabalho, será então
destinado à proteção contra
necessário adotar medidas de proteção individual, ou seja, o riscos suscetíveis de ameaçar
uso do Equipamento de Proteção Individual (EPI). sua segurança e saúde no
trabalho.
O equipamento de proteção individual só poderá ser utilizado
com a indicação do Certificado de Aprovação (CA), que é
um número impresso no equipamento ou em sua embalagem. Esse certificado tem período de
validade, e é expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde do
trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.

Cabe lembrar que todo EPI deverá apresentar, em caracteres permanentes e bem visíveis, o
nome comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA, ou, no caso de
EPI importado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA.

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Cabe ao trabalhador rural usar os equipamentos de proteção individual de maneira correta e


apropriada a cada função.

+ Saiba mais

As maiores reclamações do uso de EPIs estão relacionadas ao desconforto que o equipamento


causa. Por isso, devem ser fornecidos EPIs de tamanho adequado a cada trabalhador, além
de instruções sobre o seu uso correto. Para a utilização de EPIs que causem desconforto
térmico e exijam maior esforço físico, os trabalhos podem ser organizados, quando possível,
no período da manhã ou no final da tarde.

É importante lembrar também que além de seguir a hierarquia das ações de segurança e saú-
de, devem ser elaborados procedimentos de trabalho e segurança específicos e padronizados.
Esses procedimentos devem conter a descrição detalhada de cada tarefa, mas não devem ser
considerados a única medida de proteção, mas sim um complemento às outras medidas.

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Aula 3

Identificação dos Atestados de Saúde


Ocupacional (ASO)
Você sabe quando surgiram os primeiros atestados de saúde ocupacional? O médico e filósofo
Bernardino Ramazzini foi pioneiro na medicina ocupacional. Ele deu início, no século XVII, a
suas avaliações enumerando os riscos à saúde aos quais os trabalhadores estavam suscetíveis
em mais de 50 ocupações. As observações deram origem ao seu famoso livro As Doenças dos
Trabalhadores, e demonstraram claramente a relação entre as doenças de um grupo de pessoas
e as suas atividades laborais. Esses conceitos foram aprimorados e, hoje, a preocupação e a pre-
servação da saúde dos trabalhadores, além do caráter social, se tornou também uma obrigação.

A principal função do ASO, Atestado de Saúde Ocupacional, é identificar se o candidato à vaga


está apto ao trabalho e pode desempenhar a função pretendida. Outro objetivo é minimizar com-
plicações futuras que poderão surgir no decorrer do contrato de trabalho. É um dever do em-
pregador exigir o ASO, bem como um direito e dever do empregado se submeter aos exames
admissionais. Sem ele, o empregado rural não pode iniciar o trabalho.
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Exigência legal do ASO


Agora que você já conheceu um pouco sobre o surgimento e a importância dos atestados de
saúde ocupacional, veja a exigência legal aos empregadores, de acordo com a NR-31.

31.5.1.3.1 O empregador rural ou equiparado deve garantir a realização de exames médi-


cos, obedecendo aos prazos e periodicidade previstos nas alíneas abaixo:
a) exame médico admissional, que deve ser realizado antes que o trabalhador assuma
suas atividades;

b) exame médico periódico, que deve ser realizado anualmente, salvo o disposto em
acordo ou convenção coletiva de trabalho, resguardado o critério médico;

c) exame médico de retorno ao trabalho, que deve ser realizado no primeiro dia de
retorno à atividade do trabalhador ausente por período superior a 30 dias devido a
qualquer doença ou acidente;

d) exame médico de mudança de função, que deve ser realizado antes da data do início
do exercício na nova função, desde que haja a exposição do trabalhador a risco es-
pecífico diferente daquele a que estava exposto;

e) exame médico demissional, que deve ser realizado até a data da homologação, des-
de que o último exame médico ocupacional tenha sido realizado há mais de 90 dias,
salvo o disposto em acordo ou convenção coletiva de trabalho, resguardado o critério
médico.

a) Exame admissional
O exame admissional deve ser realizado antes que o trabalhador seja contratado para garan-
tir que ele conseguirá desenvolver suas atividades. Uma vez percebido que o trabalhador está
inapto, podem ocorrer duas situações: a dispensa ou contratação para outra função. O atestado
comprova também que, ao sair do antigo emprego, o trabalhador não contraiu nenhum tipo de
doença ou problema relacionado ao trabalho. Esses exames farão parte do histórico laboral do
trabalhador.

Módulo 4 - Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural // 79


Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

O exame admissional deve compreender a avaliação clínica que inclui a anamnese, e os exames
físico e mental. Em alguns casos, devido à função desempenhada, serão necessários exames
complementares, como audiometria, radiografias, eletrocardiograma e acuidade visual. Esses
exames estão fundamentados em critérios médicos, e dependem da exposição aos agentes de
risco e da função do trabalhador.

Anamnese: Conjunto de informações colhidas junto ao próprio doente, ou por meio de outras
pessoas, sobre seus antecedentes, sua história e os detalhes de uma doença.

b) Exame médico periódico


Exige que o trabalhador rural passe por exames com regularidade e determina o período padrão
de um ano. Lembrando que, dependendo do risco a que o trabalhador estiver exposto, e dos cri-
térios médicos, esses intervalos podem ser menores do que um ano.

c) Exame médico de retorno ao trabalho


Prevê que quando o trabalhador ficar afastado por período superior a 30 dias por doença ou aci-
dente do trabalho, o trabalhador passe novamente por exame para que se tenha certeza de que
ele consegue realizar suas antigas funções.

d) exame médico de mudança de função


Sempre que ocorrer alteração de atividade, posto de trabalho ou setor que implique a exposição
do trabalhador a risco diferente a que ele estava exposto, deverá ser feito novo ASO. Por exem-
plo, o trabalhador que é contratado para atuar na função de trabalhador agropecuário polivalente
e, agora, irá trabalhar como operador de máquinas e implementos agrícolas.

e) exame médico de mudança de função


É o exame demissional que deve ser realizado até a data da homologação da demissão.

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

A NR-31 exige também itens relacionados ao ASO que constam na tabela abaixo.

Os exames médicos compreendem a avaliação clínica, e exames com-


31.5.1.3.2 plementares, quando necessários, em função dos riscos a que o traba-
lhador estiver exposto.

Para cada exame médico, deve ser emitido um Atestado de Saúde Ocu-
pacional (ASO), em duas vias, contendo no mínimo:
a) nome completo do trabalhador, o número de sua identidade e sua
função;

b) os riscos ocupacionais a que está exposto;

31.5.1.3.3 c) indicação dos procedimentos médicos a que foi submetido e a data


em que foram realizados;

d) definição de apto ou inapto para a função específica que o traba-


lhador vai exercer, exerce ou exerceu;

e) data, nome, número de inscrição no Conselho Regional de Medici-


na e assinatura do médico que realizou o exame.

A primeira via do ASO deverá ficar arquivada no estabelecimento, à dis-


31.5.1.3.4 posição da fiscalização, e a segunda será obrigatoriamente entregue ao
trabalhador, mediante recibo na primeira via.

+ Saiba mais

Por determinação da lei, os empregados com mais de um ano de registro obrigatoriamente


têm que homologar a rescisão contratual, o que pode ser feito no sindicato da categoria, ou
em órgão do Ministério do Trabalho e Emprego.

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Recapitulando
Você acaba de finalizar mais um módulo do programa de gestão de ricos em saúde e segurança
do trabalho rural. Neste módulo, você teve a oportunidade de conhecer a hierarquia das imple-
mentações das ações de segurança e saúde, e saber um pouco mais sobre a importância do
Atestado de Saúde Ocupacional. No próximo módulo, iremos tratar da caracterização e estudo
dos acidentes de trabalho. Vamos lá?

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Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

Módulo 4: Atividade de aprendizagem

1. Na etapa de avaliação dos riscos laborais, temos dois tipos de avaliações a serem realizadas:
a qualitativa e a quantitativa. De acordo com o conteúdo apresentado neste módulo, assinale
a alternativa correta a respeito das avaliações qualitativas e quantitativas.

a) As duas avaliações são realizadas com a utilização de instrumentos e equipamen-


tos destinados à quantificação do risco e de metodologia científica.

b) A avaliação qualitativa é a forma mais simples de avaliação, em que apenas a per-


cepção do avaliador será necessária para identificar o risco existente no local de
trabalho. É o tipo de avaliação em que não necessitamos de equipamentos para
medir os riscos ambientais.

c) Somente um avaliador com muitos anos de experiência poderá realizar a avalia-


ção qualitativa, pois esse tipo de avaliação demanda muitos anos de treino.

d) Apenas a percepção do avaliador é suficiente para realizar a avaliação quanti-


tativa, pois para esse tipo de avaliação não são necessários equipamentos para
medir os riscos ambientais.

2. De acordo com a NR-31, é necessário seguir uma ordem de prioridade na implementação


das ações de segurança. Considerando os conteúdos apresentados neste módulo, assinale a
alternativa que melhor define essa prioridade.

a) A ordem de prioridade é a eliminação de riscos, a adoção de medidas de proteção


coletiva para controle dos riscos na fonte, e a adoção de medidas de proteção
pessoal.

b) A adoção de medidas de proteção pessoal é a primeira na ordem de prioridade,


está relacionada ao fornecimento dos EPIs, e se não for seguida ocasiona seve-
ras punições.

c) A ordem de prioridade a ser seguida depende de fatores financeiros que, por sua
vez, podem modificar a ordem de prioridade indicada pela NR-31.

Módulo 4 - Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural // 83


Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

d) De acordo com a NR-31, a ordem de prioridade a ser seguida é a adoção de medi-


das de proteção pessoal, a adoção de medidas de proteção coletiva para controle
dos riscos na fonte e a eliminação de riscos.

3. Uma das obrigações dos empregadores em relação à segurança e à saúde dos empregados
está relacionada com a realização de exames médicos e está prevista na norma. De acordo
com os conteúdos apresentados na aula sobre ASO, assinale a alternativa que relaciona o
exame com a sua correta definição.

a) Exame médico de mudança de função: deve ser realizado antes da data do início
do exercício na nova função, desde que haja a exposição do trabalhador a risco
específico diferente daquele a que estava exposto.

b) Exame médico de retorno ao trabalho: deve ser realizado no primeiro dia do retor-
no à atividade do trabalhador ausente após o período de 30 dias de férias.

c) Exame médico admissional: deve ser realizado depois que o trabalhador assuma
suas atividades.

d) Exame médico periódico: deve ser realizado de três em três anos, salvo o dispos-
to em acordo ou convenção coletiva de trabalho, resguardado o critério médico.

Módulo 4 - Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural // 84

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