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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

JUÍZO DE DIREITO DA 23ª VARA CÍVEL – SEÇÃO B - DA COMARCA DE RECIFE - PE


Fórum do Recife – Rua Dês. Guerra Barreto, 200 – Ilha do Leite - Recife – PE
CEP: 50080-900

Processo nº 0061627-31.2019.8.17.8201

DECISÃO COM FORÇA DE MANDADO


Vistos, etc.

JOELMA ALVES METODIO ajuizou ação em face da AGENCIA LUCK


VIAGENS E TURISMO LTDA, SOCIETE AIR FRANCE e GOL LINHAS AEREAS
INTELIGENTES S.A, todos devidamente qualificados.
buscando a condenação da demandada na obrigação de fazer consistente
na emissão de bilhetes aéreos Recife-Florianópolis-Recife (ida em 03/11/2017 e volta
em 09/11/2017).
Afirma a autora, em resumo, que:
a) no último dia 15/09/2017, comprou bilhetes de ida e volta, no site da
Latam, com destino a Florianópolis, com ida marcada para 03/11/2017 e volta, para
09/11/2017;
b) optou por realizar o pagamento por meio de boleto bancário;

c) após a finalização da compra dos bilhetes, gerou boleto por meio do


sistema da demandada, efetuando o pagamento do boleto no mesmo dia da compra;
d) apesar de ter recebido a confirmação do pedido por e-mail, não recebeu
o bilhete eletrônico;
e) passados alguns dias, entrou em contato com a demandada, por
telefone, tendo a atendente informado que a informação de pagamento do boleto não
constava do sistema.
f) após informar à atendente que realizara o pagamento e estava com o
comprovante em mãos, foi orientado a entrar em contato com o seu banco;
g) dirigiu-se ao Banco do Brasil, onde tem conta, e foi informado de que o
valor do boleto foi repassado para a conta indicada no boleto;
h) voltou a entrar em contato com a demandada, mas, todavia, até a data
do ajuizamento da presente ação, não recebeu o bilhete.

Pede que, em sede de tutela provisória de urgência, a companhia aérea


demandada seja compelida a emitir bilhetes aéreos, de ida e volta, nos vôos

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indicados nos documentos que colaciona, sob pena de multa.


Junta documentos.
É o que importa relatar.
Decido.

O instituto da tutela provisória, disciplinado nos arts. 294 e seguintes do


CPC/2015, pode fundamentar-se em urgência ou evidência, sendo certo ainda que a
tutela de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter
antecedente ou incidental.

As tutelas de urgência satisfativas se diferenciam das cautelares,


porquanto estas não conferem eficácia imediata ao direito afirmado, mas sim
assegura a futura satisfação deste, adiantando-se o direito à cautela, ou seja, antecipa
os efeitos da tutela definitiva de natureza cautelar.

Por sua vez, a tutela de evidência, conforme lecionam Fredie Didier Júnior,
Rafael Alexandria de Oliveira e Paula Sarno Braga (2015, págs. 561/643), constitui
uma técnica processual que dispensa a demonstração da urgência ou perigo ante o
elevado grau da probabilidade das alegações – hipóteses do art. 311 do CPC, e que,
por esta razão, não justificaria a espera de um juízo exauriente.

Na hipótese dos autos, a demora no tramite do processo de cognição pode


vir a causar dano irreparável ao direito da parte autora, que por isto pleiteia a tutela
provisória de urgência antecipada.

Ao adquirir a passagem aérea, a parte autora passa a ter a legítima


expectativa de ser transportada no dia e condições aprazadas.

In casu, o impedimento do embarque foi fato diretamente responsável pelo


transtorno da parte autora não poder embarcar para o seu destino em transporte
aéreo, saindo da cidade do Recife/Brasil com destino final Lyon/França, com a perda
de um dia de viagem, restando demonstrado o nexo causal entre a conduta da ré e o
prejuízo suportado pelos suplicantes, caracterizando a falha na prestação do serviço.

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No caso em análise, houve ofensa ao princípio da confiança que gera o


dever da suplicada em arcar com os custos correspondentes às passagens aéreas e
demais gastos extras que a parte autora tenha que arcar, por não ter embarcado no
voo XXXXXXX.

Diante de todo o narrado, restam comprovados os elementos que


evidenciam a probabilidade do direito e o perigo de dano na sua não concessão na
forma requerida.

Nesse contexto tenho como evidenciada a probabilidade do direito da


parte autora, bem como ao resultado útil ao processo.

Diante do exposto, e com fundamento nos artigos 294, parágrafo único c/c
300, §§ 2º e 3º, do NCPC, concedo a tutela provisória de urgência antecipada, para,
via de consequência, adotar as seguintes medidas:
1) Compelir a suplicada a reacomodar a autora no voo JJ 3839,
que decola amanhã, dia 19/10/2017, às 06h22min, com destino
ao Rio de Janeiro, sem custos adicionais.
2) Compelir a empresa ré na prestação de assistência material
(hospedagem, translado e alimentação) à parte autora até que
seja disponibilizado dois assentos em um voo com destino a
Lyon/França.

3) Compelir a suplicada a emitir as passagens de ida e volta, no


voo que comprou, percurso Recife-Florianópolis-Recife,
imediatamente, contado do recebimento da intimação da
presente decisão;
4) Estipulo multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), por
cada dia de atraso no descumprimento da medida, limitada a
R$ 15.000,00 (quinze mil reais), sem prejuízo da
responsabilização penal, por crime de desobediência.

Intime-se a parte demandada, com urgência, da presente decisão. A

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intimação deverá ser realizada por servidor lotado no Juizado do Aeroporto.

Recife, 13 de dezembro de 2019.

MARIA VALÉRIA SILVA SANTOS DE MELO


Juíza de Direito Plantonista

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