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ALGEBRA I
2007
.
Números Inteiros
Propriedades dos inteiros, Princípio de indução Aritmética em Z (Múltiplos
e divisores), Algoritmo da divisão, Congruências, Máximo divisor comum, Mí-
nimo múltiplo comum, Números primos, Teorema Fundamental da Aritmética,
Equações Diofantinas.
Sumário
1
SUMÁRIO 2
3 Indução Finita 76
3.1 Primeiro Princípio de Indução finita . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.2 Segundo Princípio de Indução Finita . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.3 EXERCÍCIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
SUMÁRIO 3
4 Divisibilidade 88
4.1 Congruência módulo n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.2 Aplicações de congruências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.3 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4.4 Sistemas numéricos de base b, onde b ≥ 2 . . . . . . . . . . . . 102
4.5 Critérios de divisibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.5.1 Máximo Divisor Comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
4.5.2 Mínimo Múltiplo Comum . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.6 EXERCÍCIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
Capítulo 1
Introdução à Lógica
Matemática
1.1.1 Proposição
Definição 1.1
Observação 1.1
Exemplo 1.1
1. São Proposições:
4
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 5
Negação
Exemplo 1.2
Conjunção
Exemplo 1.3
p : João é estudante.
q : Pedro é professor.
p ∧ q : João é estudante e Pedro é Professor.
Exemplo 1.4
p:2<3
q:3>5
p∧q : 2<3 e 3>5
Disjunção
Exemplo 1.5
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 7
p : João é estudante.
q : Pedro é professor.
p ∧ q : João é estudante ou Pedro é professor.
Exemplo 1.6
p : A = {x ∈ R | x ≤ 3}
q : A = {x ∈ R | x ≥ 5}
p ∧ q : A = {x ∈ R | x ≤ 3} ou A = {x ∈ R | x ≥ 5}
Observação 1.2
Não utilizamos o conectivo “ou” no sentido de exclusão: “ou ocorre isto ou ocorre
aquilo”. Assim, por exemplo “Gosto de pera ou gosto de maçã” é verdadeira
mesmo que a pessoa em questão goste das duas frutas.
Condicional (→)
Exemplo 1.7
p : Carlos estuda.
q : Carlos passará de ano.
p → q : Se Carlos estuda, então Carlos passará de ano.
Exemplo 1.8
p : Marta é rica.
q : Marta é feliz.
p → q : Se Marta é rica, então Marta é feliz.
Na proposição condicional, a proposição p é chamada de antecedente e a
proposição q é chamada de conseqüente, mas, sem que efetivamente q seja
conseqüência de p.
Exemplo 1.9
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 8
p: 2+3=1
q : A Terra é plana.
p → q : Se 2 + 3 = 1, então a Terra é plana.
Exemplo 1.10
p : João é magro.
q : Carlos é careca.
p → q : Se João é magro, então Carlos é careca.
Bicondicional (↔)
Exemplo 1.11
Exemplo 1.12
p : n é um número par.
q : n é divisível por 2.
p ↔ q : n é um número par se, e somente se n é divisível por 2.
Exemplo 1.13
p : A Terra é plana.
√
q : 2 é um número racional.
√
p ↔ q : 2 é um número racional se, e somente se a Terra é plana.
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 9
1.1.3 Tabelas-Verdade
Tabela-verdade é uma tabela onde figuram todos os possíveis valores lógicos das
proposições.
Para uma única proposição simples p, temos os valores lógicos possíveis V ou
F:
p
V
F
p q
V V
V F
F V
F F
Negação
p ∼p
V F
F V
Como fica a tabela verdade de uma proposição composta que surgiu de duas
outras através de conectivos? Vejamos.
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 10
Conjunção
p q p∧q
V V V
V F F
F V F
F F F
Disjunção
p q p∨q
V V V
V F V
F V V
F F F
Condicional
p q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V
Bicondicional
p q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V
Exemplos
Exemplo 1.14
(a) p∧ ∼ q
p q ∼q p∧ ∼ q
V V F F
V F V V
F V F F
F F V F
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 12
(b) (p∧ ∼ q) → (∼ p ∨ q)
p q ∼p ∼q p∧ ∼ q ∼ p∨q (p∧ ∼ q) → (∼ p ∨ q)
V V F F F V V
V F F V V F F
F V V F F V V
F F V V F V V
(c) (p → q) → p
p q p→q (p → q) → p
V V V V
V F F V
F V V F
F F V F
p q r ∼q ∼r p∧ ∼ q r∨ ∼ r (p∧ ∼ q) ∧ (r∨ ∼ r)
V V V F F F V F
V V F F V F V F
V F V V F V V V
V F F V V V V V
F V V F F F V F
F F V V F F V F
F V F F V F V F
F F F V V F V F
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 13
(b) (q → r) ↔ (∼ q ∨ r)
q r ∼q q→r ∼q∨r (q → r) ↔ (∼ q ∨ r)
V F F F F V
Exemplo 1.15
p ∼p p∨ ∼ p
V F V
F V V
Definição 1.3
Contradição é uma proposição composta cujo valor lógico é sempre falso, quais-
quer que sejam os valores lógicos das proposições que a compõe.
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 14
Exemplo 1.16
p ∼p p∧ ∼ p
V F F
F V F
Observação 1.3
Uma proposição composta que não é uma tautologia e não é uma contradição,
será chamada de indeterminação.
Exemplo 1.17
(a) ((p ∨ q) →∼ p) → (q ∧ p)
p q ∼p p∨q q ∧ p (p ∨ q) →∼ p ((p ∨ q) →∼ p) → (q ∧ p)
V V F V V F V
V F F V F F V
F V V V F V F
F F V F F V F
(b) ∼ (p ∨ q) ↔ (∼ p∧ ∼ q)
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 15
p q ∼p ∼q p∨q ∼ (p ∨ q) ∼ p∧ ∼ q ∼ (p ∨ q) ↔ (∼ p∧ ∼ q)
V V F F V F F V
V F F V V F F V
F V V F V F F V
F F V V F V V V
(c) ∼ (∼ (p ∧ q)) ↔ (∼ p∨ ∼ q)
Observação 1.4
Exemplo 1.18
p q p∧q (p ∧ q) → p
V V V V
V F F V
F V F V
F F F V
2. Mostraremos que (p ∧ q) ⇒ (p ∨ q)
p q p∧q p∨q (p ∧ q) → (p ∨ q)
V V V V V
V F F V V
F V F V V
F F F F V
Exemplo 1.19
p q p→q q→p (p → q) ∧ (q → p) p ↔ q
V V V V V V
V F F V F F
F V V F F F
F F V V V V
p ∼p ∼∼ p
V F V
F V F
q → p, ∼ p →∼ q, ∼ q →∼ p
Exemplo 1.20
p : T é equilátero.
q : T é isósceles.
p q p→q q→p ∼p ∼q ∼ p →∼ q ∼ q →∼ p
V V V V F F V V
V F F V F V V F
F V V F V F F V
F F V V V V V V
(p → q) ⇔ (∼ q →∼ p)
(q → p) ⇔ (∼ p →∼ q)
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 19
p ∼p ∼∼ p
V F V
F V F
Exemplo 1.21
Negação da conjunção
p q ∼p ∼q p∧q ∼ (p ∧ q) ∼ p∨ ∼ q
V V F F V F F
V F F V F V V
F V V F F V V
F F V V F V V
Exemplo 1.22
Sejam as proposições:
A negação da Disjunção
p q ∼p ∼q p∨q ∼ (p ∨ q) ∼ p∧ ∼ q
V V F F V F F
V F F V V F F
F V V F V F F
F F V V F V V
Exemplo 1.23
Negação da Condicional
p q p→q ∼q p∧ ∼ q ∼ (p∧ ∼ q)
V V V F F V
V F F V V F
F V V F F V
F F V V F V
Exemplo 1.24
Negação da Bicondicional
p q ∼q p↔q ∼ (p ↔ q) p ↔∼ q
V V F V F F
V F V F V V
F V F F V V
F F V V F F
1.1.8 EXERCÍCIOS
1. Dizer o valor lógico de cada sentença abaixo:
(a) 2 + 5 6= 6 ou 3 − 1 = 25;
(b) Se 2 + 4 = 8 então 2 + 6 = 9;
(c) Se x2 − 8x + 48 = 0 então x − 2 = 4;
√
(d) ∀ x ∈ R , −x2 ≤ 0 e ∀ x ∈ R , x2 = |x|;
(e) (x − y)2 ≥ 0 se, e somente se, todo triângulo equilátero é isósceles.
(f) Se 2 + 2 = 4, então não é verdade que 2 + 1 = 3 e 5 + 5 = 10;
(g) mdc(3, 6) = 1 ⇔ 8 é um número primo ;
√
(h) x = 2 ⇔ x=4 ;
(i) Se 0 ≤ x < 2 então x2 < 8 ;
(j) Se x < 0 então |x| = −x ;
7
(k) As retas de equações 3x − y = e 6x − 2y = 1 são paralelas ou são
2
perpendiculares ;
(l) Se a equação x3 + x2 − ax + 2a = 0 tem 1 como raiz então a = −1 ;
2x
(m) A reta de equação = 2y − 1 passa pelo ponto (-1,2) ou é paralela
3
2x − 1
à reta de equação = 2y ;
3
p 1 p 1
(n) Não existe número racional , q 6= 0 tal que < < .
q 13 q 12
2. Estude os valores lógicos das proposições seguintes, se o valor lógico é F,
dê as negações:
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 23
(a) p → q ;
1.1. LÓGICA PROPOSICIONAL 24
(b) q → p ;
(c) ∼ p → q ;
(d) p →∼ q ;
(e) ∼ q → p ;
(f) q →∼ p ;
(g) ∼ p →∼ q ;
(h) ∼ q →∼ p ;
(i) q∨ ∼ p .
(a) Se x = 3 então x2 = 9 ;
(b) Se x é um número inteiro, a equação 2x − 5 = 0 não tem solução ;
√
(c) Se x é im número real, a sentença x = x2 é uma identidade ;
1
(d) Se x > 0 é um número real, então 6 1 ;
x
(e) Se x > 0 e y > 0 então x < y .
2 2
(a) Se 2x + 4 = 0 então x2 − 8x + 12 = 0 ;
(b) Se x2 − 1 = 8 então 2x − 1 = 5 ;
√
(c) Se x + 2 = x − 4 então x + 2 = (x − 4)2 .
√ √ √
(e) 4x + 16 − x+1 = 9 − x se, e somente se 20x2 + 16x = 0 ;
9. Simplificar:
(a) ∼ (p ↔ ∼ q) ;
(b) ∼ (∼ p ↔ q) ;
(c) ∼ (∼ p → ∼ q).
p1 , p2 , . . . , pr ` q (1.1)
Exemplo 1.25
O argumento p , p → q ` q é válido.
De fato, supondo p e p → q verdadeiras, então q será também verdadeira
(conclusão). Lembrando que em uma condicional se a partida p é verdadeira para
que a condicional seja verdadeira devemos ter a chegada q também verdadeira.
Então podemos concluir que q é verdadeira.
Exemplo 1.26
p∧q ` p
Tendo p ∧ q verdadeiro, então , por definição de conjunção, p e q são ambas
verdadeiras, em particular p é verdadeiro, que é a nossa conclusão.
Exemplo 1.27
p∧q ` p∨q
Nós temos p ∧ q uma proposição verdadeira, ou seja p e q são ambas ver-
dadeiras. Assim, por exemplo, q é verdadeira. Daí, decorre da definição de
disjunção, que p ∨ q é verdadeira.
Exemplo 1.28
Já o argumento p ∨ q ` p ∧ q é um sofisma.
De fato, considerando p uma proposição falsa e q uma proposição verdadeira,
temos as premissas p ∨ q verdadeira enquanto que a conclusão p ∧ q é falsa.
A linha seguinte resume nossa argumentação:
1.2. ARGUMENTOS LÓGICOS 27
p q p∨q p∧q
F V V F
1.2.2 EXERCÍCIOS
1. Testar a validade dos argumentos seguintes e justificar:
(a) p → q , r → ∼ q ` (r → ∼ p);
1.2. ARGUMENTOS LÓGICOS 28
(b) t → r , t ∧ v, ∼ r ` s ;
(c) p → ∼ q, q → ∼ r, p ∨ ∼ r ` (∼ q ∨ ∼ r) ;
(d) q → ∼ p, ∼ (∼ p) ` q ;
(e) p ∨ (q → p) ` p ∨ ∼ q ;
(a) x 6= 0 então x = y ;
(b) x = y então x = z ;
(c) x 6= z .
9. Admitindo p ∨ q e ∼ r ∨ ∼ q, verifique ∼ p → ∼ r.
1.3. SENTENÇAS ABERTAS 29
Exemplo 1.29
(a) x + 1 > 8
(b) x + 5 = 9
(c) x + 7 < 5
(d) x é primo.
(e) x é um múltiplo de 3.
(f) x2 − 5x + 6 = 0.
V = {x | x ∈ A e s(x) é verdadeira} ⊂ A
1.3. SENTENÇAS ABERTAS 30
Exemplo 1.30
(b) s(x) : x + 5 = 9, A = N
V = {x | x ∈ N e x + 5 = 9} = {4}
(f) s(x) : x2 − 5x + 6 = 0, A = N
V = {x | x ∈ N e x2 − 5 + 6 = 0} = {2, 3}
Observação 1.5
(a) s(x) é verdadeira para todo x ∈ A, neste caso, diremos que s(x)
exprime uma condição universal. (V = A)
(b) s(x) é verdadeira para algum x ∈ A, neste caso, diremos que s(x)
exprime uma condição possível. (V ⊂ A)
(c) s(x) é falsa para todo x ∈ A, neste caso, diremos que s(x) exprime
uma condição impossível. (V = ∅)
1.4. QUANTIFICADORES 31
Exemplo 1.31
x + y = 10, onde A = R × R
x2 + 2y + 3z = 18, onde A = R3
1.4 Quantificadores
Vimos que uma sentença aberta carece de valor lógico V ou F. Mas podemos
transformar uma sentença aberta em proposição utilizando quantificadores.
Exemplo 1.32
(b) s(x) : x2 ≤ 9
1.4. QUANTIFICADORES 32
∃ x ∈ R, x2 ≤ 9 (V)
V = {x | x ∈ R e x2 ≤ 9} = [−3, 3] ⊂ A
(c) x2 ≥ 4
∃ x ∈ R, x2 ≥ 4 (V)
V = {x | x ∈ R e x2 ≥ 4} = (−∞, −2) ∪ (2, ∞) ⊂ A
Observação 1.6
Exemplo 1.33
(b) s(x) : x2 ≥ 0, A = R
∀ x ∈ R, x2 ≥ 0 (V)
V = {x | x ∈ R e x2 ≥ 0} = R
1
1. s(x) : ≤ 1, A = R
x
1
∀ x ∈ R, ≤ 1 (F)
x
1
V = {x | x ∈ R e ≤ 1} = (−∞, 0) ∪ (1, ∞) = R/[0, 1]
x
1.4. QUANTIFICADORES 33
Exemplo 1.34
a : ∀ x ∈ N, ∃ y ∈ N | 2x + y = 6
b : ∀ x ∈ N | ∀ y ∈ N, 2x + y = 6
c : ∃ x ∈ N | ∀ y ∈ N, 2x + y = 6
d : ∃ x ∈ N | ∃ y ∈ N, 2x + y = 6
Exemplo 1.35
e são falsas,
∃ x ∈ [0, 1] | ∀ y ∈ [0, 1], x2 + y 2 = 1
• A negação do quantificador ∀ é o ∃.
• A negação do quantificador ∃ é o ∀.
1.4.5 EXERCÍCIOS
1. Coloque V (ou F) para a proposição verdadeira (ou falsa) sendo x ∈
{0, 1, 2, 3, 4, 5}.
(a) ∀ x, x + 2 > 4;
1.4. QUANTIFICADORES 35
(b) ∃ x | 3x − 1 = 14;
(c) ∃ x | x2 − 1 = 3;
(d) ∀ x, x − 5 < 1;
(e) ∼ [∃ | x, x − 2 > 6];
(f) ∼ [∀ x, x + 4 < 2].
(a) x + 4 = 8;
(b) x2 − 5x + 6 = 0;
(c) 5x + 4 = 4;
(d) −x2 + 8x = 0;
(e) x2 − 8x < 0;
(f) 2x > 12.
(a) ∃ x ∈ N , ∃ y ∈ R | x + y = 3
(b) ∀ x ∈ N , ∃ y ∈ R | x + 2y = 3
(c) ∃ x ∈ N , ∃ y ∈ R | 3x − y = 5
(d) ∼ [∀ x ∈ N , ∃ y ∈ R | x2 + y 2 = 25]
(e) ∃ x ∈ R , ∃ y ∈ N | x + y = 3
(f) ∃ x ∈ R | ∀ y ∈ N , x + 2y = 3
(g) ∃ x ∈ R | ∀ y ∈ N , 3x − y = 5
(h) ∼ [∃ x ∈ R | ∀ y ∈ N , x2 + y 2 = 25]
(a) ∀ x ∈ A , ∃ y ∈ B | 2x + y = 9
1.4. QUANTIFICADORES 36
(b) ∃ x ∈ A | ∀ y ∈ B , 2x + y = 9
(c) ∀ x ∈ A , ∀ y ∈ B , 2x + y = 9
(d) ∃ y ∈ B | ∀ x ∈ A , 2x + y = 9
(e) ∀ y ∈ B , ∃ x ∈ A | 2x + y = 9
(f) ∃ y ∈ B , ∃ x ∈ A | 2x + y = 9
5. Negue as posições:
p
(e) ∃ x ∈ R+ , ∃ y ∈ R+ | (xy)2 6= |x||y|;
(f) ∀ x ∈ R , ∀ y ∈ R , xy 6= 0;
(g) ∃ x ∈ R | ∀ y ∈ R , x2 = y 2.
(a) −x2 + 5x − 6 = 0 em A = Z;
(b) 2x − 3y = 6 em A = R;
(c) −x2 + 2x + 2 < 0 em A = R;
(d) |x + y| ≤ |x| + |y| em A = R × R;
x+y
(e) −y+x
= −1 em A = R × R;
1
(f) ≤ 1 em A = Z∗ ;
x
√ √ √
(g) x + y = x + y em A = R+ × R+ ;
x2 y 3
(h) y2
= x2 y em A = Z∗ × Z∗ .
OBS:
Exemplo 1.36
(i) Uma condição necessária e suficiente para um número a ser positivo é que
−a seja negativo.
x
(ii) Seja x um número inteiro. Uma condição necessária e suficiente para
2
ser um número inteiro é que x seja par.
Se |x| ≤ k então −k ≤ x ≤ k e
Se −k ≤ x ≤ k então |x| ≤ k.
1.6. TEOREMAS E DEMONSTRAÇÕES 39
P ⇒ Q ou P ⇔ Q.
Exemplo 1.37
Teorema 1.2 Se dois números inteiros são pares então sua soma é par.
m n m+n
2 2 4
2 4 6
4 6 10
10 8 18
Será que o Teorema que acabamos de demonstrar poderia ser escrito na forma
de equivalência: “Dois números inteiros são pares se, e somente se, a soma dos
dois é um número par.”
Para validar esta afirmação deveríamos provar a recíproca do Teorema 1.2
de exemplo 1.37: todas as vezes em que dois números inteiros somados for par
então tais números são pares, isto é
Demonstração:
Sejam r, s ∈ Q, verificaremos que r + s ∈ Q.
Como
1.6. TEOREMAS E DEMONSTRAÇÕES 41
nm o
Q= | m, n ∈ Q , n 6= 0 ,
n
m
temos que existem m, n, p, q ∈ Z com n 6= 0 e q 6= 0 tais que r = e
n
p
s= .
q
Daí,
mq + np
r+s= ,
nq
e chamando x = mq + np e y = nq, verificamos que r + s = x/y, com
x, y ∈ Z e y 6= 0. Ou seja, r + s ∈ Q
Teorema 1.4 Se dois números inteiros são ímpares, então seu produto é um
número ímpar.
Corolário 1.1 Se dois números inteiros são ímpares então seu produto não é
um múltiplo de 4.
Fazendo jus ao nome Corolário, este resultado tem de fato uma demonstração
imediata a partir do Teorema 1.4.
1.6. TEOREMAS E DEMONSTRAÇÕES 42
Demonstração:
Dados dois números inteiros ímpares, digamos m e n, então o produto m · n
é ímpar pelo Teorema 1.4. Portanto m · n não pode ser múltiplo de 4 já que um
número múltiplo de 4 também é múltiplo de 2, logo par.
Quando se estuda uma teoria matemática é muito comum deparar com uma
proposição antecedido da palavra Lema. Isto ocorre porque, para demonstrar
um teorema, as vezes, utilizam-se várias afirmações auxiliares. Então, para não
“carregar” a demonstração, é comum enunciar estes resultados auxiliares sob a
forma de Lemas.
1.6.2 Contra-exemplos
As vezes, demonstrar que proposições são falsas requer menos trabalho que provar
a veracidade de proposições verdadeiras. Isto ocorre devido a equivalência lógica
∼ (p → q) ≡ ∼ q ∧ p verificada anteriormente. Desta forma, para provar que
1.6. TEOREMAS E DEMONSTRAÇÕES 43
Exemplo 1.38
m, n ∈ N, m + n par ⇒ m, n pares
| {z } | {z }
p q
∀ m, n ∈ N, m + n par ⇒ m, n pares
e verificamos que
f (0) = 41, f (1) = 43, f (2) = 47, f (3) = 53, f (4) = 61, f (5) = 71
1.6. TEOREMAS E DEMONSTRAÇÕES 45
p → q ≡ (p∧ ∼ q) → f (1.3)
p q f ∼q p∧ ∼ q p∧ ∼ q → f p→q
V V F F F V V
V F F V V F F
F V F F F V V
F F F V F V V
Demonstração:
√
Suponhamos por absurdo que 3 é um número racional, 2 um número irra-
√
cional, mas que 3 + 2 seja um número racional. Vamos obter a partir daí uma
contradição.
1.6. TEOREMAS E DEMONSTRAÇÕES 46
√ √
Ora, temos 3 +2 = r, onde r é um número racional o que dá 2 = r − 3.
√
Portanto o número 2 pode ser escrito como a soma dos números racionais r
e −3, e assim trata-se também de um número racional(conforme Teorema 1.7).
√
Uma contradição porque 2 é irracional.
Exemplo 1.39
p √ √
Demonstrar que 4 + 2 3 = 1 + 3.
Demonstração:
Temos que:
q q
√ √ √ √
4 + 2 3 = 1 + 3 ⇔ ( 4 + 2 3)2 = (1 + 3)2
√ √
⇔ 4+2 3= 1+2 3+3
√ √
⇔ 4+2 3= 4+2 3
⇔ 0=0
Exemplo 1.40
1.6. TEOREMAS E DEMONSTRAÇÕES 47
n n+1
Demonstrar que: ∀ n ∈ N, <
n+1 n+2
Temos que:
n n+1
< ⇔ n(n + 2) < (n + 1)2
n+1 n+2
⇔ n2 + 2n < n2 + 2n + 1
⇔ 0<1
1.6.6 EXERCÍCIOS
1. Verificar se as proposições a seguir são falsas ou verdadeiras e utilize al-
gum método para demonstrar. Lembre que, em muitos casos um contra-
exemplo é suficiente para demonstrar a falsidade de uma proposição.
49
2.1. CONJUNTO UNIVERSO E CONJUNTO VAZIO 50
Observação 2.1
(3) Também para todo conjunto B sempre temos ∅ ⊆ B. Isto ocorre porque
a condicional 2.1 é verdadeira já que x ∈ ∅ sempre é falso.
Demonstração:
Observação 2.2
B = {x ∈ A | x satisfaz P } .
Exemplo 2.1
A\B ={x∈A|x∈
/ B} .
Observação 2.3
Demonstração:
(i) Suponhamos A ⊆ B e mostraremos que B { ⊆ A{. Dado x ∈ B {, como
B { = U \ B = {x ∈ U | x ∈
/ B} temos x ∈
/ B. Em relação a A temos duas
possibilidades para x: x ∈ A ou x ∈
/ A. Se x ∈ A como A ⊆ B teríamos x ∈ B,
o que é impossível já que tínhamos x ∈ / A, isto é x ∈ A{.
/ B. Portanto x ∈
Provamos portanto que ∀ x ∈ B { então x ∈ A{, o que dá B { ⊆ A{.
(ii)Provaremos inicialmente que (A{){ ⊆ A. Se x ∈ (A{){, então x ∈
/ A{.
Existem duas possibilidades para x: x ∈ A ou x ∈ A{. Como x ∈ A{ contraria
/ A{, podemos concluir que x ∈ A. Assim (A{){ ⊆ A.
o fato de que x ∈
Provemos agora que A ⊆ (A{){. Seja x ∈ A, então certamente x ∈
/ A{, de
modo que x ∈ (A{){. Portanto A ⊆ (A{){. Está concluído a demonstração de
que A = (A{){.
2.5. OPERAÇÃO COM CONJUNTOS:
UNIÃO E INTERSECÇÃO 54
A ∪ B = {x ∈ U | x ∈ A ou x ∈ B} ,
A ∩ B = {x ∈ U | x ∈ A e x ∈ B} ,
Demonstração:
(i) Para provarmos que A ⊆ A ∪ B consideremos x ∈ A, então é verdadeira
a afirmação x ∈ A ou x ∈ B, o que mostra termos x ∈ A ∪ B. Portanto,
A ⊆ A ∪ B. Analogamente B ⊆ A ∪ B.
(ii) Verifiquemos que A ⊇ A ∩ B, ou seja, A ∩ B ⊆ A.
2.5. OPERAÇÃO COM CONJUNTOS:
UNIÃO E INTERSECÇÃO 55
Demonstração:
Seja x ∈ (A ∪ B) ∪ C então x ∈ A ∪ B ou x ∈ C. Estudemos as duas
possibilidades: Se x ∈ A ∪ B então x ∈ A ou x ∈ B. Se x ∈ A então
x ∈ A ∪ (B ∪ C) e caso x ∈ B temos x ∈ B ∪ C e também se verifica que
2.5. OPERAÇÃO COM CONJUNTOS:
UNIÃO E INTERSECÇÃO 56
A ∩ (B ∪ C) ⊆ (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)
(i) (A ∪ B){ = A{ ∩ B {;
(ii) (A ∩ B){ = A{ ∪ B {.
Demonstração:
Exemplo 2.2
∞
\
(ii) (−i, i) = (−1, 1);
i=1
∞
\
(iii) (−1/i, 1/i) = {0}
i=1
Observação 2.1
Exemplo 2.3
2.7. A CARDINALIDADE DE UM CONJUNTO 59
(iii) Seja A = {a, b} então ℘(A) = {φ, {a} , {b} , A} tem 4 elementos.
Teorema 2.1 Seja A um conjunto com n elementos então ℘(A) tem 2n ele-
mentos.
Figura 2.1:
Demonstração:
|A ∪ B| = m + n = |A| + |B|
A ∪ B = (A \ (A ∩ B)) ∪ (B \ (A ∩ B)) ∪ A ∩ B.
|A ∪ B| = |A \ (A ∩ B) ∪ (B \ (A ∩ B)| + |A ∩ B|
= |A \ (A ∩ B)| + |B \ (A ∩ B)| + |A ∩ B|
2.7. A CARDINALIDADE DE UM CONJUNTO 61
Observação 2.2
Exemplo 2.4
Aplicações
a) Quantos são os alunos desta escola que gostam de estudar uma destas
duas disciplinas?
b) Quantos gostam de estudar Matemática mas não de física?
Exemplo 2.5
2.7. A CARDINALIDADE DE UM CONJUNTO 62
|S ∪ F ∪ G| = |S| + |F | + |G| − |S ∩ F | − |S ∩ G| − |F ∩ G| + |S ∩ F ∩ G|
= 470 + 420 + 315 − 110 − 220 − 140 + 75 = 810.
Logo resolvemos também o item (a), porque a família que não assina jornal
pertence ao conjunto (S ∪ F ∪ G){ = U \ (S ∪ F ∪ G), e então o número destas
famílias é, de acordo com o item (b) da proposição anterior, (S ∪ F ∪ G){ =
|U| − |S ∪ F ∪ G| = 1000 − 810 = 190.
(c) Levando os dados num diagrama de Venn (Figura 2.2) temos:
E portanto o número de famílias que assina somente um dos jornais é:
215 + 30 + 45 = 490.
2.8. PRODUTO CARTESIANO DE CONJUNTOS 63
S S S
? F 245 F F
245
35 35 35
? ? 215
75 75 75
65 65 65
145 145 145
? ?
G G 30 G
U U U
Figura 2.2:
Exemplo 2.6
|A × B| = |A| · |B|
DA = {(x, x) | x ∈ A} .
Este nome é devido à representação gráfica de DA .
Exemplo 2.7
1) A = {x ∈ R | 1 ≤ x ≤ 3} e B = {2 ≤ x ≤ 4} (Figura 2.3(a)).
y
y
4
4 D
3
B AxB 2 CxD
2 1 D
x x
1 A 3 -1 C 2
(a) (b)
y
y
5
5
4 H
ExF 3
3
1 1
x x
-1 1 G 2
(c) (d)
y
I x I = I²
4
0
x
-1 4
-1
(e)
Figura 2.3:
2.10. ALGUMAS PROPRIEDADES DO
PRODUTO CARTESIANO 66
(I) A × B = φ ⇔ A = φ ou B = φ;
(II) A × B = B × A ⇔ A = φ ou B = φ ou A = B;
(III) A ⊆ B ⇒ A × C ⊆ B × C e C × A ⊆ C × B;
(i) A × (B ∪ C) = (A × B) ∪ (A × C)
(ii) (A ∪ B) × C = (A × C) ∪ (B × C)
(i) A × (B ∩ C) = (A × B) ∩ (A × C)
(ii) (A ∩ B) × C = (A × C) ∩ (B × C)
Demonstração:
Faremos a demonstração de algumas das propriedades, sendo as demais a
cargo do leitor.
A = φ ou B = φ ⇒ A × B = φ.
Definição 2.4
Notação: A1 × A2 × . . . × An ou
n
Y
Ai .
i=1
A1 : Primeiro fator;
A2 : segundo fator,
..
.
An : n-ésimo fator.
-1
0 -1
y
-1
Figura 2.4:
2.12. SIMPLIFICAÇÃO DE EXPRESSÕES 69
2) (A ∪ B) ∩ B { = B { ∩ (A ∪ B) = (B { ∩ A) ∪ (B { ∪ B) = (B { ∩ A) ∪ U =
A ∩ B {.
Portanto, A ∪ B ∩ B { = A ∩ B {.
2.13 EXERCÍCIOS
Em todos os problemas, os conjuntos considerados são partes (subconjuntos) de
um mesmo conjunto universo U.
1. Verificar: Se A ⊆ B então A ∪ C ⊆ B ∪ C e A ∩ C ⊆ B ∩ C.
a) A ⊆ B
b) A ∩ B = A
c) A ∪ B = B
d) A ∩ B { = φ
e) B { ⊆ A{
Observação 2.4
(a) A ∪ (B ∩ A) = A = A ∩ (B ∪ A)
(b) A ∩ (A{ ∪ B) = A ∩ B
(c) A ∪ (A{ ∩ B) = A ∪ B
(d) A ∪ (B ∩ (A ∪ C)) = A ∪ (B ∩ C)
(e) A ∩ (B ∪ (C ∪ D)) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) ∪ (A ∩ D)
(f) A \ B = A ∩ B {
(g) (A \ C) ∩ (B \ C) = (A ∩ B) \ C
(a) ℘(φ)
(b) ℘(℘(φ))
(c) ℘(℘(℘(φ)))
(d) ℘({a, b, c})
(a) φ ∈ φ
(b) φ ∈ {φ}
(c) {φ} ∈ φ
(d) {φ} ∈ {φ}
(e) φ ⊆ φ
(f) φ ⊆ {φ}
(g) {φ} ⊆ φ
(h) φ ⊆ {{φ}}
2.13. EXERCÍCIOS 71
8. Mostrar que:
(a) Se A ∩ B = A ∩ C e A ∪ B = A ∪ C então B = C.
(b) Se A ⊆ C então A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ C.
9. Provar que:
(a) (A × C) ∩ (B × D) = (A ∩ B) × (C ∩ D).
(b) (A × C) ∪ (B × D) ⊆ (A ∪ B) × (C ∪ D).
(i) 3 ∈ B?
(ii) Se 4 ∈ B então 4 ∈ A? Justifique.
Suponha que A ∪ B = {a, b, c, d, e, f, g, h} e A ∩ B = φ. Se A \ B =
{a, b, c, d}.
Encontre A.
15. Dado o sistema da inequaçãos abaixo, determine para quais números in-
teiros ele se verifica.
3x−72
≤5
x+7
5x + 18 > 3
Observação 2.5
(a) 4 ∈ A1 ?
(b) 0 ∈ A3 ?
(c) 1/2 ∈ A2 ?
(d) 3 ∈ A4 ?
(e) 14 ∈ A4 ?
A = {x | x ∈ N e 2 < x ≤ 8}
B = {y | y ∈ Z e 3y 2 − 9y ≥ 0};
C = {z ∈ R; | z 3 − 9z 2 − 18z = 0};
D = {w ∈ Q; | 2w 2 − 7w + 3 = 0}.
Calcular:
(a) A ∪ B e A ∩ B
2.13. EXERCÍCIOS 74
(b) A ∩ (B ∪ C)
(c) A − C
(d) B − C
(e) B − D
(a) X = {(0, 0), (1, 2), (2, 4), (3, 6), (4, 8), . . .}
(b) Y = {(0, 0), (1, −1), (2, −4), (3, −9), . . .}
(c) Z = {. . . , (−15, −3), (−10, −2), (−5, −1), (0, 0), (5, 1), (10, 2), (15, 3), . . .}
(d) W = {(0, 1), (1, 4), (2, 7), (3, 10), (4, 13), . . .}
(a) A = {x ∈ R | (x + 1)5 ≥ 0}
(b) B = {x ∈ R | (3x + 1)20 ≤ 0}
(c) C = {x ∈ R | x − 2 | − 1 > 3}
(d) D = {x ∈ R | x + 3 < | x + 2 | }
1
(e) E = x ∈ R | x+3 <2
(f) F = x ∈ R | x22x−4 − x+2
1
−2<0
(a) R = {(x, y) ∈ R2 | y 2 = x}
(b) S = (x, y) ∈ R2 | y = −x 2
+1
(c) T = {(x, y) ∈ R2 | x − y = 1}
1
28. Definamos o conjunto A da seguinte forma, A = {x ∈ R | x − 2
∈ Q}.
Pede-se:
Indução Finita
Vamos estudar propriedades P que dizem respeito aos números naturais e para
tanto vamos utilizar a notação P (n), n ∈ N.
Exemplo 3.1
(b) P (n) : n − 2 ∈ N;
P (n) : 2n > n.
Porém, a experiência mostra que mesmo P (n) verdadeira para uma infinidade
de valores de n, não assegura P (n) verdadeira para todo n. Uma decepção bem
conhecida nesta direção ocorre com a proposição:
76
3.1. PRIMEIRO PRINCÍPIO DE INDUÇÃO FINITA 77
Temos P (n) verdadeira para 0 ≤ n ≤ 40, mas para n = 41 é falsa visto que:
n2 + n + 41 = 41 · 43
∀ n, P (n) ?
Exemplo 3.2
k(k + 1)
1 + 2 +...+ k =
2
Devemos mostrar que P (k + 1) é verdadeiro, ou seja, que:
(k + 1)(k + 2)
1 + 2 + . . . + (k + 1) =
2
Mas,
1 + 2 + . . . + (k + 1) = (1 + 2 + . . . + k) + (k + 1)
k(k + 1)
= + (k + 1)
2
k (k + 1)(k + 2)
= (k + 1) 1 + =
2 2
3.1. PRIMEIRO PRINCÍPIO DE INDUÇÃO FINITA 79
Cumpridas as etapas (i) e (ii), está provado, pelo princípio de indução finita
que
n(n + 1)
1 + 2 +...+ n = , ∀n≥1
2
Observemos que acabamos de provar uma fórmula para a soma dos n primeiros
números inteiros naturais.
Consideremos agora o seguinte problema:
Exemplo 3.3
Encontrar uma expressão para a soma dos n primeiros números inteiros pos-
itivos ímpares. Provar a validade da expressão encontrada.
Solução: Observemos que
A pequena tabela acima nos induz a imaginar que vale a seguinte fórmula:
y − y0 = m(x − x0 ) ⇔ y − 1 = 2(x − 1)
⇔ y = 2x − 2 + 1
⇔ y = 2x − 1
onde x = n, logo y = 2n − 1
3.1. PRIMEIRO PRINCÍPIO DE INDUÇÃO FINITA 80
Exemplo 3.4
Ak+1 = A
| · A ·{zA . . . A} = A
k
| · A ·{zA . . . A} ·A = A · A
(k+1) vezes k vezes
! ! !
1 k 1 1 1 k+1
= . =
0 1 0 1 0 1
Exemplo 3.5
|a + a +
{z. . . + a} = |a + a +
{z. . . + a} +a = k · a + a = (k + 1) · a
(k+1) vezes k vezes
Exemplo 3.6
Como desejamos obter 2k+1 > k + 1 vamos checar quando 2k > k + 1, que vale
sempre quando 2k − k > 1, isto é, k > 1. Lembrando que k ≥ 2, podemos
então escrever 2k > k + 1 e como 2k+1 > 2k, teremos 2k+1 > k + 1.
Está provado portanto que 2n > n para todo n ≥ 2. Uma vez que tal
proposição vale também para n = 0 e n = 1 podemos afirmar que 2n > n é
verdadeira para todo n ∈ N.
Exemplo 3.7
Observação 3.1
O item (ii) acima pode ser verificado de outra forma. Escrevendo a proposição
P (n) como 2n−1 < n!, vamos verificar que:
Basta provarmos que 2k! < (k+1)! pois se assim o for, vamos ter 2k < (k+1)!
como procuramos.
Mas, 2k! < (k + 1)! ⇔ 2k! < (k + 1) · k! ⇔ 2 < k + 1 ⇔ k > 1, e
como k ≥ 3 sempre vale 2k! < (k + 1)!
Portanto, P (k + 1) verdadeira.
3.2. SEGUNDO PRINCÍPIO DE INDUÇÃO FINITA 84
Exemplo 3.8
Exemplo 3.9
Assim sucessivamente...
Se observarmos bem, nossos números un aparentam seguir a seguinte fórmula.
u n = 2n + 1
3.3 EXERCÍCIOS
1. Para que valores de n ∈ N a afirmação dada é verdadeira?
Justifique sua resposta por indução finita.
a) 3n < n!
b) an > 1 (a > 1)
c) n2 > n + 1
d) n! > n2
2
e) 13 + 23 + . . . + n3 = n(n+1)
2
f) 1 − 12 1 − 13 · 1 − n1 = n1
g) 4n − 3 ≥ n2
1 1 1 1 n
h) + + + ...+ =
1·2 2·3 3·4 n(n + 1) n+1
Divisibilidade
Definição 4.1 Dado a , um número inteiro, os múltiplos de a são os números
0, ±a, ±2a, ±3a, . . . , em geral ka, onde k é qualquer número Z.
a · Z = {ax | x ∈ Z} .
Exemplo 4.1
m + n = ka + la = (k + l)a
88
89
Exemplo 4.2
Demonstração:
Corolário 4.1 .
(i) Se a | b e a | c então a | (b + c)
(ii) Se a | b então a | b · d ∀ d ∈ Z
Observação 4.1
bq1 +r1 = bq2 +r2 ⇔ bq1 −bq2 = r2 −r1 ⇔ b(q1 −q2 ) = r2 −r1 ⇔ r2 −r1 = b(q1 −q2 )
Exemplo 4.3
(i) a = 19 e b = 5
É fácil ver que 19 = 3(5) + 4, isto é, q = 3 e r = 4
(ii) a = 5 e b = 19
Neste caso devemos ter 5 = 0(19) + 5, ou seja, quociente q = 0 e o resto
o próprio a, logo r = 5.
(iii) a = −13 e b = 4
Aplicaremos primeiramente o algoritmo da divisão para 13 e 4.
Temos,
13 = 3(4) + 1 ⇒ −13 = −3(4) − 1 ⇒ −13 = −3(4) − 4 + |4 {z
− 1} ⇒
3
⇒ −13 = (−3 − 1)4 + 3 ⇒ −13 = −4(4) + 3.
Assim o quociente da divisão de −13 por 4 é q = −4 e o resto r = 3 < 4.
(iv) a = −17 e b = 7
Temos,
17 = 2(7) + 3 ⇒ −17 = −2(7) − 3 ⇒ −17 = −2(7) − 7 + |7 {z
− 3} ⇒
4
⇒ −17 = (−2 − 1)(7) + 4 ⇒ −17 = −3(7) + 4
Logo, neste caso, q = −3 e r = 4.
a = 2k + 0 b = 2k + 1
Percebemos que na verdade números pares são aqueles que deixam resto zero,
quando divididos por 2, e números ímpares, os que deixam resto 1.
Assim podemos dizer que todos os números pares são congruentes entre si,
o mesmo vale para os números ímpares. Veremos também que se quisermos
podemos classificar os números inteiros em várias categorias, não apenas em par
ou ímpar. A definição seguinte nos dá a ferramenta necessária para isto.
Exemplo 4.4
(v) É fácil conferir também que −11 ≡ −3 (mod 4) já que 1 é o mesmo resto
em ambas as divisões por 4 de −11 e −3.
Seria desejável ter um critério prático para estabelecer quando dois inteiros
a e b são congruentes módulo n.
Felizmente tal critério existe e será apresentado na seguinte proposição:
a ≡ b (mod n) ⇔ n | (b − a).
b = q1 n + r + qn ⇒ b = (q1 + q)n + r
Observação 4.2
Exemplo 4.5
Demonstração:
(ii) Suponhamos que a ≡ b (mod n), pela proposição anterior isto significa
que n | (b − a). Daí n | −(b − a), ou seja, n | (−b + a) que é o mesmo
que n | (a − b) e novamente pela proposição anterior podemos afirmar que
b ≡ a (mod n). Logo a ≡ b (mod n) ⇒ b ≡ a (mod n) como desejado.
(i) a + c ≡ (b + d)(mod m)
(ii) ac ≡ bd(mod m)
an ≡ bn (mod m) e na ≡ nb (mod m)
⇒a
| · a{z. . . a} ≡ (b| · b{z. . . }b)mod m
n vezes n vezes
⇒a
| + a{z . . . + }b mod m
. . . + a} ≡ b| + b{z
n vezes n vezes
Daí,
⇒ an ≡ bn mod m
⇒ na ≡ nb mod m
Mas 133 · 3 = 132 · (13 · 3) = (169)(39) e desde que 169 ≡ 16 (mod 17) e
39 ≡ 5 (mod 17) temos que 133 · 3 ≡ (16)(5) (mod 17), isto é
313 ≡ 80 (mod 17). Como 80 ≡ 12 (mod 17) teremos finalmente
313 ≡ 12 (mod 17). Esta seqüencia de cálculos pode ser assim resumida,
onde o símbolo ≡ indica congruência módulo 17.
Como são em números finito, podemos testar estas possibilidades caso a caso.
Tal procedimento pode ser útil na solução de alguns problemas da Teoria dos
números inteiros. Vejamos os exemplos:
Exemplo 4.6
4.3 Exercícios
1. Mostrar que para todo a ∈ R, a 6= ±1 vale
an − 1 = (a − 1)(1 + a + a2 + . . . + an−1 ) de duas formas:
(a) 9 | (10n − 1)
(b) 3 | (10n − 7n )
(c) 13 | (92n − 42n )
(i) a = 59, b = 6
(ii) a = −71, b = 5
(iii) a = −48, b = −7
(a) x ≡ 2 (mod 3)
(b) x ≡ 7 (mod 3)
(c) 3x + 2 ≡ 0 (mod 7)
(d) x ≡ −1(mod 6)
10. Determinar:
80
(a) O último algarismo do número (2)5 .
(b) O resto da divisão de 520 por 7.
(c) O resto da divisão de 10135 por 7.
(d) O resto da divisão de 364 por 31.
13. É possível encontrar dois números inteiros, ambos divisíveis por 7, tais que
a divisão de um pelo outro deixe resto 39? Por que?
14. Seja m um número inteiro cujo resto da divisão por 6 e 5. Mostre que o
resto da divisão de m por 3 é 2.
α2 − β 2
17. Dados α, β ∈ R com α 6= β, suponhamos que u1 = e
α−β
α3 − β 3
u2 = e uk = (α + β)uk−1 − αβuk−2 para todo número natural
α−β
αn+1 − β n+1
K > 2. Provar que un = .
α−β
Além disso, os números ai são únicos com esta propriedade e são chamados
os algarismos de a.
Ocorre, que o papel desempenhado pelo 10 em nosso sistema numérico é
meramente uma questão opcional. Propriedades semelhantes às ilustradas acima
valem se 10 for trocado por um número inteiro b ≥ 2. Ou seja vale a seguinte
proposição:
O que a proposição acima afirma é que todo número inteiro admite uma
representação na base b (representação b-ádica). A demonstração da proposição
acima utiliza o algoritmo da divisão. Ao invés de demonstrá-la vamos nos con-
tentar em ver como esta representação funciona na prática:
7 = 3 · 2 + 1 ⇒ 7 = (2 · 1 + 1)2 + 1 ⇒ 7 = 1 · 22 + 1 · 2 + 1
4.5. CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE 103
a0 = a − a1 10 − a2 102 − . . . − an 10n
= 2r − a1 10 − a2 102 − . . . − an 10n
= 2(r − 5a1 − 5a2 10 − . . . − 5an 10n−1 )
4.5. CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE 104
Exemplo 4.7
Observação 4.3
Observação 4.4
Notemos que o Teorema de Bezout nada afirma sobre a unicidade dos elementos
r e s. De fato, eles não são necessariamente únicos como vemos no seguinte
exemplo:
Exemplo 4.8
Definição 4.5 Um número inteiro p é dito primo se D(p) = {−p, −1, 1, p}, ou
seja os únicos números divisores de p são os divisores triviais ±1 e ±p.
Neste caso dizemos que “a é primo com b” ou ainda que “b é primo com a”.
Exemplo 4.9
4.5. CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE 107
Corolário 4.4 Dois números inteiros a e b são primos entre si se, e somente se
existem r, s ∈ Z tais que ar + bs = 1.
(i) d > 0
(ii) d | a e d | b
(iii) Para todo inteiro d0 com d0 | a e d0 | b tem-se d0 | d.
4.5. CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE 109
Exemplo 4.10
Exemplo 4.11
3 = 33 − 6 · 5 = 33 − (72 − 33 · 2)5
= 11(33) − 5(72) = 11(105 − 72) − 5(72)
= 11(105) + (−11 − 5)(72) = (11)(105) + (−16)(72)
4.5. CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE 111
Exemplo 4.12
Demonstração: (Proposição)
De a | c e b | c e sendo inteiros k e q tais que c = ka e c = qb. Por outro
lado, como mdc(a, b) = 1, segue do Teorema de Bezout que existem x, y ∈ Z
tais que ax + by = 1.
Então c = c(ax+by) = cax+cby = (qba)x+(kab)y ou seja c = ab(qx+ky).
Como qx + ky ∈ Z, pode-se afirmar ab | c.
Demonstração: (Teorema)
Para simplificar suponhamos d = mdc(a, b) e m = mmc(a, b), portanto nossa
tarefa consiste em provar que ab = md.
4.5. CRITÉRIOS DE DIVISIBILIDADE 112
ab = rd (4.5)
a = a1 d e b = b1 d (4.6)
r = a1 b1 d (4.7)
Podemos escrever esta igualdade como r = (a1 d)b1 = ab1 como também
r = (b1 d)a1 = ba1 , mostrando que r é múltiplo de ambos, a e b. Pela definição
de m ser o mmc(a, b) devemos ter m ≤ r.
Para mostrarmos que r ≤ m será verificado que r | m.
Temos d | m já que d | a e a | m, logo
m = kd, k ∈ Z (4.8)
Demonstração:
(⇒) Suponhamos que m = mmc(a, b), então (i) e (ii) fazem parte da
definição de m. Para verificarmos (iii), consideremos m0 ∈ Z tal que a | m0
e b | m0 . Seja r o resto da divisão de m0 por m, então m0 = qm + r onde q ∈ Z
e 0 ≤ r < m. Temos r = m0 −qm. Como a | m0 e a | m então a | r e da mesma
forma b | r, ou seja r é um múltiplo comum de a e b. Logo, pela definição de
m ser o mmc(a, b) a condição 0 ≤ r < m, só poderá valer se r = 0. Portanto
m | m0 , ou seja vale (iii).
(⇐) Agora, vamos supor que m é um inteiro satisfazendo as condições (i),
(ii) e (iii) do Teorema e vamos verificar que m = mmc(a, b).
É claro que a | mmc(a, b) e b | mmc(a, b), logo da condição (iii) fazendo
m0 = mmc(a, b) vemos que m | mmc(a, b). Em particular segue que
m ≤ mmc(a, b). Mas, m é um múltiplo comum de a e b e não poderia ser menor
que mmc(a, b) já que mmc(a, b), por definição, é o menor destes múltiplos. Logo
a única possibilidade é m = mmc(a, b).
4.6 EXERCÍCIOS
1. Mostrar que o número 111...11
| {z } é divisível por 3.
300 vezes
4. Prove que:
“Em todo sistema de numeração de base b o número 121 é um quadrado
perfeito”, enquanto “1331 é um cubo perfeito”.