Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Paulo Sob Investigacao A Historia Da Pes PDF
Paulo Sob Investigacao A Historia Da Pes PDF
html
Transoxiana 14
Agosto 2009
Index 14
ISSN 1666-7050
O fim do século primeiro, por sua vez, manifesta um segundo estágio na história da recepção
de Paulo. Duas menções distintas de leitura e interpretação do pensamento paulino são
proporcionadas. A primeira está no interior do cânon e em oposição a Paulo: é a menção do
tema da justificação em Tg 2.14-16, que “é simplesmente inconcebível sem a atividade de
Paulo precedendo-a”.8 A segunda, também presente no cânon, é a referência ao pensamento
paulino em 2 Pe 3.15s.9
Os pais apostólicos também foram influenciados pelo pensamento paulino.10 A carta à igreja
de Corinto enviada por Clemente Romano no limiar do primeiro século faz referências diretas
1 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
ao apóstolo que já havia dirigido cartas à essa comunidade,11 além de fazer alusões à maioria
das cartas paulinas.12 Nas suas cartas, Inácio faz referência e alusões às cartas paulinas.13 A
carta de Policarpo de Esmirna tem referências constantes a carta de Paulo aos Filipenses,
além de referências às fórmulas pístis próprias de Paulo em 3.2; 6.3; e 11.2.14
A existência de textos apócrifos que tem Paulo como personagem principal também é uma
evidência importante para a compreensão da recepção do texto paulino. Nos Acta Pauli, as
narrativas de colorido mítico e as temáticas gnósticas inserem mais o personagem Paulo do
que o pensamento paulino.15 Tal dado revela o fato de que Paulo foi lido e relido, a ponto de
tornar-se uma referência para grupos díspares e de diversos lugares, a ponto do apóstolo se
tornar o herói das narrativas, um milita Christi.16 A terceira Epístola aos Coríntios, por sua vez,
é uma reação ortodoxa diante das leituras místicas feitas pelos gnósticos das outras epístolas
paulinas. É também oposta aos Acti Pauli, já que rebate a compreensão de auto-batismo (no
texto apócrifo Tecla, discípula de Paulo, batiza a si mesma), de intervenção por poderes
mágicos e de sugestões de necessidade de iniciação.17
Textos da Igreja Antiga também fornecem evidências para que se compreenda a importância
das cartas paulinas desde o segundo século O cânon de Muratori, pertencente ao final do
segundo século, relaciona João e Paulo quanto ao ato de enviar cartas às comunidades,
enviando missivas para Corinto, Éfeso, Filipos, Colossos, na Galácia e para Roma. Já Cipriano
escreveu em meados do século III a obra Testimonia, em que afirma que Paulo escreveu para
sete igrejas, porque Deus fez o mundo em sete dias (I.20). Por sua vez, Vitorino escreveu no
início do século IV, em seu comentário ao Apocalipse, que Paulo escrever para Roma, Corinto,
para a Galácia, para Éfeso, Tessalônica, Filipos e Colossos. Dahl afirma que tais textos têm
mostrado uma combinação do argumento da catolicidade com a tradição judaica, expressa na
constante menção ao número 7 (sete).18 Tal combinação revela parcialmente que a razão para
a compilação e disseminação do texto paulino estava na aceitação da apostolicidade do
mesmo, fator que o tornava autoritativo no contexto da Igreja Antiga.
A dificuldade na compreensão dos textos paulinos, somado aos conflitos políticos entre grupos
de tendência gnóstica e os defensores da tradição mais antiga e da sucessão apostólica,
deram origem a divergências quanto à extensão do cânon e sobre a prevalência de tradições
no interior do mesmo. Destaca-se entre os grupos divergentes aquele ligado a Marcion, que no
século III propôs a adoção de um cânon anti-judaico, contendo apenas 10 epístolas de Paulo e
o evangelho de Lucas, excluídas deste as alusões ou citações ao Antigo Testamento. Harnack
afirma que o problema na interpretação de Paulo fez com que a adesão ao pensamento do
apóstolo por entusiastas das suas doutrinas místicas e de liberdade fosse rechaçada pelo
grupo cristão majoritário.19 Head também afirma que a escolha de epístolas de Paulo, feita
mediante a exclusão de parte das suas cartas, no caso, as pastorais, revelam certo
conhecimento de variações no interior da tradição paulina, bem como a existência de um
corpus paulinum na igreja de Roma.20
Irineu (Adversus Haeresis) e os textos de Nag Hammadi trouxeram à luz a reverência dos
gnósticos ao pensamento paulino, que foi relido segundo princípios místicos e espiritualizantes
na tradição manuscrita dos grupos divergentes, culminando na consideração de ser Paulo a
fonte primária da teologia gnóstica.21 O Evangelho de Filipe, texto gnóstico atribuído a
Valentiano, apresenta citações e alusões a Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Filipenses – ao
mesmo tempo em que rejeita as epístolas pastorais, provavelmente pela ausência em tais
documentos dos temas relacionados ao gnosticismo, e pela pressuposição em tais textos de
uma igreja institucionalizada, não mais marcadas por carismas, mas por ofícios.22 Alguns
grupos gnósticos tinham tradições que os ligavam diretamente ao apóstolo Paulo – por
exemplo Valentiano, que se dizia discípulo de Teudas, que havia sido discípulo do apóstolo.23
Irineu de Lião, em oposição aos gnósticos, refuta seus critérios interpretativos sugerindo uma
regra de fé ortodoxa (Adv. Haer. I.10.1), a partir da qual a interpretações equivocadas do
pensamento paulino são refutadas mediante o cerceamento da atribuição de sentidos elevados
2 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
No século IV, João Crisóstomo escreveu um comentário de Gálatas, além de vários sermões
sobre outras cartas de Paulo. Os princípios de interpretação de Crisóstomo são histórico-
gramaticais, com o objetivo de estabelecer aplicações éticas.26 No fim do século IV, Jerônimo,
o tradutor da Vulgata, não é diretamente influenciado pelo pensamento paulino, mas escreveu
sobre um comentário sobre Gálatas, provavelmente sob a influência de Orígenes. Jerônimo
aconselha a necessidade de se fazer leituras exegéticas, preservando a tradição interpretativa
da igreja.27
Agostinho, ao contrário de Jerônimo, foi fortemente influenciado pela teologia paulina. Além
disso, Agostinho via com bons olhos a análise alegórica, a utilizada por Ambrósio, seu mentor
e tutor.Mas Agostinho também considerava válidas as análises históricas e tipológicas. Os
critérios de interpretação de Agostinho, presentes na obra De Doctrina Christiana, são a chave
para entender sua leitura dos temas teológicos paulinos, além do fato que Agostinho não
conhece o grego, nem o hebraico.28 Dentre as interpretações mais importantes de Agostinho,
que constituem a chave do seu sistema teológico, está a sua leitura de Rm 5.12, a partir de
que afirma que “in quo omnes peccaverunt” (em que todos pecaram). A partir daqui, Agostinho
interpreta a questão do mal mediante leituras particulares, muitas vezes alegóricas e eclesiais,
com forte teor cristocêntrico.29 Tal configuração é fundamental para que a leitura de Agostinho
seja reassumida na Reforma e se afirme a justificação pela fé, pois seus comentários sobre
Rm 7.7-25 e Rm serão fundamentais para extração dos temas fundamentais da confissão
protestante: sola scriptura, solo christus, sola fides e sola gratia.
A Idade Média é marcada pela influência crescente da Vulgata Latina, concomitante à perda de
influência e disseminação dos textos hebraicos e gregos. Juntamente com a versão latina e
seus pressupostos jeronimonianos, as tradições dos pais também foram assumidas como
autoritativas, ao lado do próprio texto bíblico. O método hermenêutico de então era coerente
aos novos recursos, fontes e motivações: a análise literal, alegórica, moral e anagógica, com o
objetivo de promover os valores cristãos era somada à leitura dos pais latinos e de traduções
latinas de pais gregos como Orígenes e João Crisóstomo. Três pais em particular eram as
fontes majoritárias: Ambrósio, bispo de Milão; Jerônimo; e Agostinho. A autoridade dos
sacerdotes, a aceitação e disseminação do monasticismo e a dogmática presente nas decisões
conciliares completavam o panorama medieval que norteava a leitura e interpretação de
Paulo.30 O advento da escolástica representou a ascensão de uma nova autoridade
interpretativa: os escritos de Tomás de Aquino sobre Paulo, que ultrapassam 700 páginas,
unido à divulgação em círculos cada vez mais amplos da Catena, uma compilação de
interpretações patrísticas.31
Após Desiderius Erasmus, Martinho Lutero, bispo agostiniano e professor de exegese bíblica
3 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
O advento da Reforma com Lutero constitui um importante marco na análise das cartas
paulinas. A partir de Lutero, a teologia da Reforma Protestante contrapôs à leitura medieval da
pregação de Paulo as doutrinas paulinas da justificação pela fé, graça, eleição, glorificação,
pecado, redenção, suficiência do sacrifício de Cristo e liberdade.35 Quanto a Calvino, ainda
que ele não adotasse o pensamento paulino como principium canonitatis, assumiu a doutrina
da justificação pela fé na divergência contra o catolicismo romano.36
A análise liberal das epístolas paulinas começou ainda no século XIX, com as pesquisas de
Ferdinand Christian Baur. As obras principais de Baur sobre a tradição paulina são: Paulus der
apostel Jesu Christi, de 1845 (traduzida para o inglês com o título Paul, Apostle of Jesus
Christ, em 1876); The Church History of the First Three Centuries, de 1878; e Vorlesungen
über Neutestamentliche Theologie, de 1864. O autor, fundador da chamada Escola de
Tübingen, analisou os escritos paulinos sob o viés do historicismo supranaturalista, de
influência hegeliana. Na obra Paulus der Apostel Jesu Christi, Baur parte da premissa que
Paulo desenvolveu sua teologia na via contrária do cristianismo primitivo, ainda fortemente
vinculado ao judaísmo. Para Baur, ao se aproximar historicamente o texto paulino com os
aspectos conjunturais e contextuais do restante do cristianismo do primeiro século, ficam
claras as distinções entre ambos. Baur, influenciado por Hegel, partiu do princípio de que
havia uma contraposição de duas facções rivais no cristianismo primitivo: a primeira facção,
representada pelos petrinistas (judaizantes), antepunha-se aos paulinistas (gentílicos). Este é
o “partido de Cristo”, acusado pelos membros do partido de Pedro de não serem discípulos de
Jesus (1 Co 1.12).37
Para Baur, o conflito entre os grupos divergentes era intenso, de forma que houve tentativas
de mediação entre os partidos. Tais tentativas estão presentes em Tiago, 1 Pedro e 2 Pedro
(principalmente 2 Pe 3.15), culminando numa síntese final: a teologia joanina. Ainda assim, o
pensamento paulino perdurou, pois formulou o conceito de doutrina. Segundo Baur, “o
conceito paulino de doutrina é o momento mais significativo no desenvolvimento histórico do
cristianismo primitivo”.38
Outro tema tratado por Baur é o da autenticidade das epístolas paulinas. Para o autor, apenas
Romanos, Gálatas, 1 Coríntios e 2 Coríntios são autênticas, já que é possível perceber
claramente a distinção entre o cristianismo paulino e seus opositores. Quanto às pastorais,
Baur afirma na obra Die sogenannten Pastoralbriefe, de 1835, que tais cartas não são
autênticas quanto à sua autoria, pois representam a tentativa de afastamento da tradição
gnóstica. Tais cartas, ao se referirem aos falsos cristãos, estariam mencionando os gnósticos
dos tempos pós-apostólicos, ao mesmo tempo em que mantém a distância do cristianismo
judaizante caracterizado pela estreiteza. Por fim, Baur entende ser a epístola aos Romanos
uma epístola situacional, que enfatiza o fim do exclusivismo judaico. Logo, o centro da carta
está em Rm 9-11.39
As investigações de Baur sobre as cartas paulinas duraram até 1847, quando o autor passou a
se dedicar ao estudo dos evangelhos. Suas análises continuaram, porém, na escola de
interpretação que gravitava em torno do importante professor: a Escola de Tübingen. Eduard
Zeller, Karl Reinhold Köstlin, Albrecht Ritschl, Albert Schwegler, Karl Christian Planck, Adolf
Hilgenfeld e Gustav Volkmar continuaram a unir a pesquisa histórica dos conflitos e oposições
existentes no cristianismo do primeiro século e a interpretação de Paulo.40 Mas tais
4 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
A análise liberal de Paulo foi criticada por W. Wrede na obra Paul, de 1904. Segundo Wrede, a
dicotomia religião/teologia deve ser superada, pois a segunda é expressão adequada da
primeira. A respeito de Paulo, a teologia é uma cristologia, tendo por centro a redenção
executada pelo Cristo.49 Tal redenção e sua consumação são narradas em termos mitológicos
e judaicos, aplicados por Paulo a Jesus sem a consciência de que tais pressuposições
modificavam de forma significativa a figura histórica de Jesus.50 Para Wrede, a diferença entre
Jesus e Paulo é tão significativa que ele afirma: “daquilo que para Paulo é tudo, Jesus nada
sabe”.51
A transição do século XIX para o século XX marca uma mudança significativa na história da
pesquisa de Paulo: a análise liberal cede espaço à religionsgeschichtliche das epístolas
paulinas, trazendo consigo a pesquisa das verossimilhanças entre os temas paulinos e
aqueles que faziam parte das religiões pagãs do seu contexto. Os historiadores e filólogos F.
Cumont,52 A. Dieterich53 e R. Reitzenstein54 foram influências importantes para a análise
comparativa dos atos sacramentais das religiões de mistério, o judaísmo e demais religiões
pagãs e o cristianismo. Em 1912, W. Heitmüller, em sua investigação sobre os grupos distintos
pertencentes ao cristianismo primitivo a partir da comparação entre religiões, afirmou existir
uma terceira expressão do cristianismo primitivo para além das propostas pela Escola de
Tübingen, as quais tinham certa aceitação até o início do século XX. Heitmüller defendia a
existência da comunidade primitiva palestinense, do cristianismo paulino propriamente dito e
do chamado “cristianismo helenista”.55 O cristianismo helenista, radicado em Antioquia,
evidenciaria a transição cultural e teológica que permitiria uma melhor caracterização da
transição paulina, representando a migração de um dos grupos (Paulo era fariseu) para o
outro pólo (“apóstolo dos gentios”). Entre um em outro, Paulo experienciou o cristianismo
helenista de Antioquia da Síria.
5 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
Albert Schweitzer é outro importante teólogo bíblico, cuja pesquisa mais relevante é sobre o
Jesus histórico, mas a esta segue uma importante contribuição sobre a interpretação de Paulo.
Após a conclusão da obra Von Reimarus zu Wrede, em 1906, Schweitzer passou a escrever a
respeito dos textos paulinos em oposição à pesquisa da religionsgechichtliche Schüle. O início
das análises de Schweitzer a respeito de Paulo se dá quando o autor começa a lecionar sobre
o ensino paulino a respeito do “estar em Cristo”.57 Em 1911, o autor publica a obra Geschichte
der Paulinischen Forschung von der Reformation bis auf die Gegenwart. A obra é uma
continuação da história da pesquisa crítica sobre a vida de Jesus exposta na obra de 1906,
agora sob o ponto de vista da fé das comunidades primitivas, que assimilaram assuntos da
teologia grega na mais antiga proclamação cristã.58
Schweitzer chama as categorias apropriadas da cultura grega de “misticismo”, e afirma que tal
adaptação da proclamação apocalíptica jesuânica para o contexto grego tornou possível a
sobrevivência do cristianismo em terras pagãs. Na obra Die Mystik des Apostels Paulus, de
1930, o autor afirma que tal procedimento feito por Paulo não apenas resguardou o
cristianismo, mas modificou as tradições mais antigas advindas da Palestina, tornando-as mais
assimiláveis para a utilização dos primeiros missionários cristãos.59
Bultmann passou a publicar a partir do final da década de 1920, obras sobre a relação entre o
kérygma de Jesus e Paulo. Em 1929, publicou The Significance of the Historical Jesus for the
Theology of Paul, artigo em que Bultmann afirma que Paulo reflete indiretamente a tradição
sobre o Jesus histórico, principalmente em sua ética, de forma que o ensino de Jesus,
importante na tradição sinótica, é irrelevante e praticamente inexistente em Paulo.62 No artigo,
o teólogo de Marburgo ainda afirmou que ambos, Jesus e Paulo, baseiam-se na lei: o primeiro,
na lei do amor; o segundo, na situação do homem como pecador diante de Deus. Por sua vez,
o artigo Jesus and Paul, publicado em 1936, continua a tratar da relação entre os dois
principais personagens do cristianismo na concepção bultmanniana, juntamente com João.
A principal obra de Bultmann é a Teologia do Novo Testamento, publicada entre 1948 e 1953
em dois volumes. Na obra, Bultmann analisa o kérygma, enfatizando principalmente o
pensamento e a teologia de Paulo, o que se vê pelo número de páginas dedicado ao tema.
Bultmann oferece em sua magna opus uma detalhada análise filológica, uma coerente análise
teológica e uma exposição a partir de questões a respeito da existência humana, tendo por
base a filosofia existencial de Heidegger.
Bultmann assevera que há um ponto escatológico comum entre Jesus e Paulo: o apelo à
decisão. Porém a teologia paulina, em sua cristologia e eclesiologia, é condicionada pela
gnosis, assumindo por isso uma visão de mundo pessimista e uma tendência dualista que
abrange todo o cosmos.63 Tal visão dualista funde mito e apelo à decisão; funde narrativas de
caráter mítico e asseverações éticas.64 Sendo assim, o trabalho do intérprete moderno é
demitologizar os conteúdos do kérygma paulino, para obter assim acesso ao conteúdo que
serve à decisão e permite a vivência segundo a fé. As teses de Bultmann são muito
6 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
A Nova Perspectiva Sobre Paulo (NPP)81 é uma proposta de mudança na leitura dos textos
paulinos segundo os critérios tradicionais dos autores Protestantes, particularmente Lutero e
Calvino, que analisam a teologia paulina como expressão de uma soteriologia de natureza
forense. Tal leitura também privilegia os textos paulinos em detrimento aos demais textos
canônicos.82 E. P. Sanders foi o primeiro, na década de 1970, a chamar a atenção para o
pensamento judaico de Paulo, na obra Paul and the Palestinian Judaism.83
A soteriologia protestante tem ligações muito estreitas com a "teologia paulina" e a anteposição
desta com o judaísmo. Tal fissura explica a divisão, no protestantismo tradicional entre fé e
obras, lei e evangelho, judeus e gentios. Porém, tais dicotomias remontam à categorização do
judaísmo feita no período medieval tardio. Os Reformadores aceitaram acriticamente tais
categorizações e vincularam os conceitos negativos atribuídos aos judeus também aos
católico-romanos.84
7 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
e C. G. Montefiore. G. F. Moore demonstrou que as fontes citadas por Weber eram, em grande
parte, textos cristãos com teor anti-judaico, e que a religião de legalismo que Weber expôs não
corresponde ao judaísmo do primeiro século. Seu texto clássico, intitulado Judaism in the First
Centuries of the Christian Era: The Age of Tannaim, de 1927, representa uma importante crítica
ao consenso formado em torno de Weber. Quanto a Montefiore, o autor publicou a obra
Rabbinic Literature and Gospel Teachings em 1930, em que questionava a abrangência das
fontes citadas por Weber e a leitura que o mesmo fazia de tais fontes.87
A crítica a tais equívocos na leitura de Paulo continua a ser feita por E. P. Sanders na obra
Paul and Palestinian Judaism, de 1977. Na obra, Sanders identifica a exposição equivocada do
judaísmo nas obras que foram consultadas por expositores do pensamento paulino. E em sua
reconstituição do judaísmo palestinense, o autor afirma que este não era, no primeiro século,
uma religião de obras, feitas para a obtenção da aprovação por Deus e entrada no pacto. Para
comprovar tal idéia, recorre à literatura Tanaítica, aos Manuscritos do Mar Morto e aos Apócrifos
e Pseudepígrafos. Em suas conclusões, Sanders afirma que o judaísmo da época de Paulo
compreendia a salvação como eleição e pacto, resultado da escolha de Deus por Israel. A lei
observada pelos judeus era praticada para a manutenção da relação pactual com Deus, e não
para a entrada no pacto. Sendo assim, o tema da paulino da justificação é um tema extraído
da leitura judaica da Torá, e não oposto ao judaísmo da época.88 O nome dado por Sanders
relação entre a eleição e a obediência à lei é “nomismo pactual”, pois o centro de toda a vida
judaica consistia no pacto gracioso de Deus com o povo, sendo a lei o caminho de Deus com o
mesmo, a manifestação da relação pactual entre ambos.89
E. P. Sanders destaca que a idéia de justificação é própria da teologia judaica, não sendo
porém mero ato judicial. Com tais comentários, Sanders tece críticas ao Theologisches
Worterbuch zum Neuen Testament editado por Gerhard Kittel, afirmando que os conceitos de
"obras" e justificação da obra não encontram respaldo no pensamento de Paulo ou no
judaísmo com que Paulo dialoga. 90 Fazendo assim, Sanders objeta a interpretação
tradicional das obras da lei em Gálatas e Romanos, afirmando que tais foram mal
compreendidas.
Sanders teve por antecessor J. D. G. Dunn, que contribui porém à pesquisa afirmando que
Paulo compreendia a si mesmo como chamado (e não como convertido), de forma que assim
ele se diferenciava dos gentios que aderiram às comunidades paulinas (1 Ts 1.9-10). Quanto
às obras da lei, Dunn cita os textos de Qumran para afirmar que tal temática é própria do
judaísmo da época, sendo uma referência à circuncisão (Gl 2.3,7-9,12; 5.2), ao calendário
religioso (Gl 4.10) e à observância das leis alimentares (Gl 2.12-14). Assim, são demarcadores
de fronteiras entre judeus e pagãos.91 Dunn destaca que o contexto social e histórico são
insígnias do judaísmo, mas não percursos soteriológicos fechados. Sendo assim, Paulo
entenderia que tais podem ser abdicadas devido ao fato de que a tradição bíblica
veterotestamentária já prevê a redenção dos gentios.92
N. T. Wright é o terceiro autor de grande importância na NPP. Para ele, Paulo é o "patrono" de
uma fé judia, cujas "fronteiras" são abolidas devido aos desígnios divinos para os judeus – e
entre tais fronteiras, estão as obras da lei. Nisto, ele segue Stendhal, que afirmava serem os
gentios, após Jesus, considerados por Paulo “parte da comunidade messiânica”.93 A teoria
mais polêmica de Wright diz respeito ao seu pensamento sobre a justificação: para ele, a
justificação é o coração do evangelho, significando no pensamento do apóstolo um ato pactual
que reflete a crença em Deus (e não tanto a misericórdia divina). Assim, também há uma
dimensão escatológica no conceito, implicando no passado, presente e futuro daquele que
adere à comunidade messiânica.94
8 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
A NPP não ficou isenta de críticas também pelos grupos mais conservadores. É possível
afirmar, a partir da crítica de T. Eskola, que a idéia de "nomismo pactual" precisa de revisão,
para que não se torne um mero "nomismo legalista", de natureza sinergista e reducionista,
construída a partir da submissão da soteriologia à sociologia.97 Tal crítica foi amplificada por D.
A. Carson, P. O"Brien e M. A. Seifrid, que na obra Justification and Variegated Nomism
criticaram a reconstrução do contexto de Paulo pelos teóricos da NPP, além de analisarem
exegeticamente Rm 1.18-3.20; 5-11, a Epístola aos Gálatas, a antropologia paulina, a doutrina
da justificação e a doutrina da graça.98
M. F. Bird, por sua vez, demonstrou que o problema principal para Paulo não era o legalismo,
mas a aceitação dos gentios pelos judeus nas comunidades.99 O autor procura encontrar um
ponto de contato entre os chamados por ele "Reformados" e "Revisionistas", de forma a
permitir que os aspectos radicais da NPP sejam harmonizados com a radicalidade própria do
pensamento Reformado de Lutero e Calvino.100 Por sua vez, a análise de Romanos feita por
B. Byrne questiona a superficialidade do tratamento da questão do pecado humano pelos
teóricos da NPP, pois tal tratamento não corresponde à intensa exploração do tema da
alienação entre homem e Deus na maior parte de Romanos.101 Percebe-se pela seguinte
amostragem crítica que as premissas da NPP, ainda que eficientes para reconstituição do
testemunho paulino em seu contexto, precisa ser vislumbrada em conjunto com as críticas dos
autores supracitados, e cruzada com outros métodos que a fortaleçam.
Quanto à análise retórica, tal análise consiste num novo ponto de observação no já
multifacetado panorama dos estudos paulinos. Tal análise é recente, mas é levada a termo por
J. P. Sampley e P. Lampe na obra Paul and Rhetoric.108
Por fim, cabe mencionar a interessante escola nórdica, desconhecida pela maior parte dos
estudiosos do Novo Testamento. A publicação de Nordic Paul: Finnish Approaches to Pauline
Theology em Agosto de 2008 permitirá a um círculo mais amplo de leitores o acesso às
pesquisas nórdicas.109
9 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AEJMELAUS, Lars and MUSTAKALIO, Antti (ed.). Nordic Paul: Finnish Approaches to Pauline
Theology. Edinburgh: T and T Clark, 2008.
AMIOT, F. Les idées maîtresses de saint Paul. Paris: Lectio Divina, 1959. p. 24.
APPLEBAUM, S. The Legal Status of the Jewish Communities in the Diaspora. In: SAFRAI, S.
and STERN, M. [Ed.]. The Jewish People in the First Century. Philadelphia: Fortress Press,
1976. p. 420-463.
ARNOLD, Clinton E. Powers of Darkness: Principalities and Powers in Paul's Letters. Downers
Grove: Inter-Varsity, 1992.
BARCLAY, John M. G. Jews in the Mediterranean Diaspora from Alexander to Trajan (323 BCE
– 117 CE). Los Angeles: The University of California Press, 1996.
BAUCKHAM, R.. The Acts of Paul as a Sequel to Acts. In: WINTER, B. W. and CLARKE, A. D.
The Book of Acts in Its Ancient Literary Setting. Grands Rapids: Eerdmans, 1993. pp. 105-152.
____________. Paulus, der Apostel Jesu Christi: Sein Leben und Wirken, seine Briefe und
seine Lehre. Ein Beitrag zu einer Geschichte des Urchristenthums. Zweite Auflage. Nach dem
Tode des Verfassers besorgt von Eduard Zeller. Leipzig: L. W. Reisland, 1866; 1867.
____________. über Zweck und Veranlassung des Römerbriefs. In: Tübinger Zeitschrift für
Theologie, 9, 1836.
BORNKAMM, G. Das Ende des Gesetzes: Paulusstudien. München: Kaiser Verlag, 1952. p.
139-156.
BOUSSET, W. Kyrios Christus: Geschichte des Christusglaubens von den Anfängen des
Christentums bis Irenaeus. Göttingen: de Gruyter, 1913.
BROWN, P. Sorcery, Demons and the Rise of Christianity: From Late Antiquity into the Middle
Ages. In: DOUGLAS, M. Witchcraft Confessions and Accusations. Londres: Tavistock, 1970.
____________. The Body and Society: Men, Women and Sexual Renunciation in Early
Christianity. New York: Columbia University Press, 1981.
10 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
BULTMANN, R. Der Stil der paulinischen Predigt und die kynisch-stoische Diatribe. Göttingen:
Vandenhoeck and Ruprecht, 1910.
____________. Kerygma and Mith: a Theological Debate. New York: Harper and Row, 1953. p.
19-21.
____________. The Significance of the Historical Jesus for the Theology of Paul. In: Faith and
Understanding. London: SCM, 1969. p. 220-246.
____________. Zur Geschichte der Paulus-Forschung. In: ThR N.F., 1, 1929. p. 26-59.
CAMPBELL, D. A. The DIAQHKH from Durham: Professor Dunn"s The Theology of Paul the
Apostle. JSNT 72 (1998). p. 91-111.
CAMPBELL, W. S. Paul and the Creation of Christian Identity. Edinburgh: T and T Clark
International, 2008.
____________. Paul's Gospel in an Intercultural Context: Jew and Gentile in the Letter to the
Romans. Frankfurt: Peter Lang, 1991.
CAMPBELL, W. S. The New Perspective on Paul: Review Article. ExpT 114.11 (2003). p.
383-86.
CAMPENHAUSEN, H. Von. Policarpo von Smyrna und die Pastoralbriefe. In: Aus der Frühzeit
des Christentums. Tübingen: J. C. B. Mohr, 1963. p. 197-199.
CARR, Wesley. Angels and Principalities. Cambridge: Cambridge University Press, 1981.
CLEMENTE, Stromata.
CROSSAN, J. D. and REED, J. L. In Search of Paul. How Jesus's Apostle Opposed Rome's
Empire with God's Kingdom. New York: Harper and Collins, 2004.
DAHL, N. A. The Particularity of the Pauline Epistles as a Problem in the Ancient Church. In:
CULLMANN, O. (ed.) Neotestamentica et Patristica. Leiden: Brill, 1962.
DAVIES, A. P. The First Christian: A Study of St. Paul and Christians Origins. New York: Farrar,
Straus and Cudahy, 1957.
11 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
DODD, C. H. The Mind of Paul: (1) Psychological Approach; (2) Change and Development. In:
Bulletin of the John Rayland Library, 17, 1933. p. 91-105; 18, 1934. p. 69-110.
DUNN, J. D. G. The New Perspective on Paul. In: Bulletin of the John Ryland"s Library, 65,
1983. p. 95 -122.
FITZMYER, J. A. The Gospel According Luke . 2 vol. Garden City: Doubleday, 1981-1985.
FUCHS, E. Die Freiheit des Glaubens, Römer 5-8 ausgelegt. München: Kaiser, 1949. p. 18-21.
____________. The Interpretation of Cultures: Selected Essays. New York: Basic, 1973.
GUNKEL, H. Die Wirkungen des heiligen Geistes nach der populären Anschauung der
apostoloschen Zeit und nach der Lehre des Apostels Paulus . Göttingen: Vandenhoeck and
Ruprecht: 1888.
HAGNER, D. A. The Use of the Old and New Testaments in Clement of Rome. Leiden: E. J.
Brill, 1973.
HARNACK, A. Marcion and the Marcionite Churches. In: History of Dogma. London: Williams
and Norgate, 1894-1899.
HARRIS, H. The Tübingen School: A Historical and Theological Investigation of the School of F.
C. Baur. Oxford: Oxford University Press, 1975.
HEAD, P. M. The Foreign God and the Sudden Christ: Theology and Christology in Marcion"s
Gospel Redaction. In: Tyndale Bulletin, 44, 1993. p. 307-321.
HEITMÜLLER, W. Zum Problem Paulus und Jesus. In: Zeitschrift für Neutestamentliche
Wissenschaft und die Kunde der älteren Kirche, 13, 191. p. 320-337.
HENGEL, M. Judaism and Hellenism: Studies in their Encounter in Palestine during the Early
Hellenistic Period (trans. John Bowden). Philadelphia: Fortress, 1974.
12 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
HOLSTEN, K. Das Evangelium des Paulus. Vol. I-II. Berlin: Reimer, 1880, 1898.
____________. The Message and the Kingdom: How Jesus and Paul Ignited and Transformed
the Ancient World. New York: Putnam, 2003.
HORSLEY, R. A. (Org.) Paulo e o império: religião e poder na sociedade imperial romana . São
Paulo: Paulus, 2004. p. 77-91.
HOVHANESSIAN, V. Third Corinthians: Reclaimnig Paul for Christian Orthodoxy. New York:
Lang, 2000.
JASPERT, B. (ed.) Karl Barth - Rudolf Bultmann Letters 1922-1966. Grand Rapids: Eerdmans,
1981.
KABISCH, R. Die Eschatologie des Paulus in ihren Zusammenhängen mit dem Gesamtbegriff
des Paulinismus. Göttingen : Vandenhoeck and Ruprecht , 1893.
KÄSEMANN, E. Kritische analyse von Phil 2.5-11. In: Exegetische Versuche und Besinnungen,
I, 1960. p. 69-71.
KIM, Y. S. Christ's Body in Corinth: The Politics of a Metaphor. Minneapolis: Fortress Press,
2008.
KOESTER, H. Gnomai Diaphoroi: The Origin and Nature of Diversification in the History of
Early Christianity. In: Harvard Theological Review, 58. p. 279-319.
LEWIS, M. W. H. The Official Priests of Rome under the Julio-Claudians: A Study of the
Nobility from 44 B. C. to 68 A.D. Roma: American Academy in Rome, 1955.
LINDEMANN, A. Paul in the Writings of the Apostolic Fathers. In: BABCOCK, W. S. Paul and
the Legacies of Paul. Dallas: Southern Methodist University Press, 1990. p. 25-45.
LITTLE, D. Politics in Augustan Poetry. In: Aufstieg und Niedergang der römischen Welt,
13 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
2.30.1. p. 260-271.
LÜDEMANN, H. Die Anthropologie des Apostels Paulus und ihre Stellung innerhalb seiner
Heilslehre. Kiel: Universitätsverlag, 1872.
LUTHER, M. Lectures on Galatians, 1519, Capítulos 1-6. In: PELIKAN, J. Luther's Works. Saint
Louis: Concordia, 1955-1976; 55 vols; vol. 27, pp. 151-410.
LUTHER, M. Opera .
LUTTIKHUIZEN, G. The Apocryphal Correspondence with the Corinthians and the Acts of Paul.
In: BREMMER, J. N. (ed.) The Apocryphal Acts of Paul and Thecla. Kampen: Kok Pharos,
1996. p. 75-91.
MARGERIE, Bertrand de. An Introduction to the History of Exegesis. Vol. 3: Saint Augustine.
Petersham: St. Bede"s Publications, 1995.
MEEKS, W. A. (ed.) The Writings of Saint Paul . New York: W. W. Norton and Co., 1972.
____________. Os primeiros cristãos urbanos: o mundo social do apóstolo Paulo . São Paulo:
Paulinas, 1992.
MITCHELL, M. M. The Heavenly Trumpet: John Chrysostom and the Art of Pauline
Interpretation. Tübingen: Mohr Siebeck, 2000.
MURPHY-O'CONNOR, J. Paul the Letter-Writer: His World, His Options, His Skills.
Collegeville: Liturgical Press, 1995.
____________. Paul: A Critical Life. New York: Oxford University Press, 1996.
____________. St. Paul"s Corinth: Texts and Archeology, Good News Studies Wilmington:
Michael Glazier, 1983.
____________. St. Paul's Ephesus: Texts and Archaeology. Collegeville: Liturgical Press, 2008.
NORRIS, R. A. 'Irenaeus' Use of Paul in His Polemic Against the Gnostics. In: BABCOCK, W.
S.(ed.). Paul and the Legacies of Paul. Dallas: Southern Methodist University Press, 1990. p.
79-98.
OGDEN, D. Magic, Witchcraft, and Ghosts in the Greek and Roman Worlds: a Sourcebook .
Oxford: Oxford University Press, 2002.
OVERMAN, J. Andrew and GREEN, William Scott. “Judaism (Greco-Roman Period)”, ABD .
New York: Doubleday, 1992, 3:1037-1054.
PAGELS, E. The Gnostic Paul: Gnostic Exegesis of the Pauline Letters. Philadelphia: Fortress
14 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
Press, 1975.
SAMPLEY, J. P. and LAMPE, P. (ed.). Paul and Rhetoric . Edinburgh: T and T Clark
International, 2008.
SCHATKIN, M. A. Influence of Origen upon St. Jerome's Commentary on Galatians. In: Vig.
Chr., 24, 1970. p. 49-58.
SCHOEPS, H.–J. Paulus. Die Theologie des Apostels im Lichte der jüdischen
Religionsgeschichtliche . Tübingen: Mohr, 1959.
____________. Geschichte der Paulinischen Forschung von der Reformation bis auf die
Gegenwart. Tübingen: Mohr, 1911.
____________. My Life and Thought: An Autobiogrpahy [from Aus Meinem Leben und Denken
(Leipzig: Felix Meiner, 1931). London: George Allen and Unwin Ltd., 1933. p. 142.
SHAW, D. D. Der Bandit. In: GIARDINA, A. (ed.). Der Mensch der römischen Antike. Frankfurt:
Campus Verlag, 1991.
15 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
Press, 1991.
VAN FLETEREN, Frederic. Augustine's Principles of Biblical Exegesis. In: August. Stud. 27, 2,
1996. p. 107-128.
____________. História da literatura cristã primitiva. Santo André: Academia Cristã, 2005.
WESTERHOLM, S. Perspectives Old and New on Paul. Grand Rapids: Eerdmans, 2004. p. 3.
WILLIAMS, D. J. Paul's Metaphors. Their Context and Character . Peabody: Henrickson, 1999.
WRIGHT, N. T. What Saint Paul Really Said. Was Paul of Tarsus the Read Founder of
Christianity? Grand Rapids: Eerdmans, 1997.
Notas
5 As epístolas pastorais são as duas cartas a Timóteo e a carta a Tito. Tal designação foi feita
pela primeira vez por D. N. Bardot a Tito, no ano de 1703; e por P. Anton na obra Exegetische
Abhandlungen der Past. Pauli (1753/1755). Ver: KÜMMEL, W. G. Introdução ao Novo
Testamento. São Paulo: Paulinas, 1982. p. 481.
6 Tais evidências são consideradas suficientes para que autores conservadores, como J.
Schmid e Winkenhauser considerem as epístolas não-paulinas. Ver: VIELHAUER, P. História
da literatura cristã primitiva. Santo André: Academia Cristã, 2005. p. 247. As primeiras dúvidas
quanto à autoria paulina das pastorais foram lançadas por J. E. C. Schmidt, endossadas por
F. Schleiermacher e expostas ordenadamente por H. J. Holtzmann na obra Die Past, kritisch
und exegetisch bearbeit de 1880. Desde então, elas são constantemente tratadas ao menos
como epístolas que representam uma mentalidade mais tardia, dotadas de particularidades
que a aproximam de cartas do segundo século como a carta de Policarpo de Esmirna aos
Filipenses. Ver: CAMPENHAUSEN, H. Von. Policarpo von Smyrna und die Pastoralbriefe. In:
Aus der Frühzeit des Christentums. Tübingen: J. C. B. Mohr, 1963. p. 197-199.
7 Afirma-se isso sem contudo afirmar que as cartas de Paulo estavam disseminadas nas
comunidades cristãs. O autor de Atos em nenhum momento utiliza as epístolas paulinas, o
que ao menos pressupõe que o conjunto das cartas de Paulo ainda não tinha circulação
corrente nas comunidades primitivas. Sobre isso, ver: BORNKAMM, G. Paulo: vida e obra.
Petrópolis: Vozes, 1992. p. 22.
16 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
10 LINDEMANN, A. Paul in the Writings of the Apostolic Fathers. In: BABCOCK, W. S. Paul
and the Legacies of Paul. Dallas: Southern Methodist University Press, 1990. p. 25-45.
12 Segundo Hagner, o autor da carta aos coríntios conhece Romanos, 1 Coríntios, Gálatas,
Efésios, Filipenses, 1 Timóteo, revelando que o corpus paulinum já era conhecido no final do
primeiro século. Ver: HAGNER, D. A. The Use of the Old and New Testaments in Clement of
Rome. Leiden: E. J. Brill, 1973. p. 237.
14 Fórmulas pístis são aquelas que se referem ao “evento salvífico fundamental que é o
conteúdo da 'fé', como, aliás, todas as três estão associadas aos termos técnicos pisteu/ein
/pi/stij”(idem, p. 43).
15 BAUCKHAM, R.. The Acts of Paul as a Sequel to Acts. In: WINTER, B. W. and CLARKE, A.
D. The Book of Acts in Its Ancient Literary Setting. Grands Rapids: Eerdmans, 1993. pp.
105-152.
16 VIELHAUER, P. História da literatura cristã primitiva. Santo André: Academia Cristã, 2005. p.
729.
17 Para uma análise do texto como reação aos escritos gnósticos, ver: HOVHANESSIAN, V.
Third Corinthians: Reclaimnig Paul for Christian Orthodoxy. New York: Lang, 2000. Já para a
análise da obra em suas relações com os Atos de Paulo, ver: LUTTIKHUIZEN, G. The
Apocryphal Correspondence with the Corinthians and the Acts of Paul. In: BREMMER, J. N.
(ed.) The Apocryphal Acts of Paul and Thecla. Kampen: Kok Pharos, 1996. p. 75-91.
18 DAHL, N. A. The Particularity of the Pauline Epistles as a Problem in the Ancient Church. In:
CULLMANN, O. (ed.) Neotestamentica et Patristica. Leiden: Brill, 1962.
19 HARNACK, A. Marcion and the Marcionite Churches. In: History of Dogma. London:
Williams and Norgate, 1894-1899. Vol. 1, p. 89.
20 HEAD, P. M. The Foreign God and the Sudden Christ: Theology and Christology in
Marcion"s Gospel Redaction. In: Tyndale Bulletin, 44, 1993. p. 307-321.
22 PAGELS, E. The Gnostic Paul: Gnostic Exegesis of the Pauline Letters. Philadelphia:
Fortress Press, 1975. p. 1-12.
24 NORRIS, R. A. 'Irenaeus' Use of Paul in His Polemic Against the Gnostics. In: BABCOCK,
17 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
W. S.(ed.). Paul and the Legacies of Paul. Dallas: Southern Methodist University Press, 1990.
p. 79-98.
26 MITCHELL, M. M. The Heavenly Trumpet: John Chrysostom and the Art of Pauline
Interpretation. Tübingen: Mohr Siebeck, 2000. p. 24.
27 SCHATKIN, M. A. Influence of Origen upon St. Jerome's Commentary on Galatians. In: Vig.
Chr., 24, 1970. p. 49-58.
28 MARGERIE, Bertrand de. An Introduction to the History of Exegesis. Vol. 3: Saint Augustine.
Petersham: St. Bede"s Publications, 1995. p. 12.
29 Para a análise dos critérios interpretativos de Agostinho, ver: VAN FLETEREN, Frederic.
Augustine's Principles of Biblical Exegesis. In: August. Stud. 27, 2, 1996. p. 107-128.
34 LUTHER, M. Lectures on Galatians, 1519, Capítulos 1-6. In: PELIKAN, J. Luther's Works.
Saint Louis: Concordia, 1955-1976; 55 vols; vol. 27, pp. 151-410.
39 BAUR, F. C. über Zweck und Veranlassung des Römerbriefs. In: Tübinger Zeitschrift für
Theologie, 9, 1836.
40 Para mais informações sobre a Escola de Tübingen, ver: HARRIS, H. The Tübingen School:
A Historical and Theological Investigation of the School of F. C. Baur. Oxford: Oxford University
Press, 1975.
41 Paul the Apostle of Jesus Christ, His Life and Work, His Epistles and His Doctrine. A
Contribution to a Critical History of Primitive Christianity. 2 Vol. London: A. Menzies, 1873 [rev.
1876] and 1875.
42 HOLSTEN, K. Das Evangelium des Paulus. Vol. I-II. Berlin: Reimer, 1880, 1898. A análise
racionalista e psicológica de Holsten foi também aplicada no relacionamento entre os temas da
18 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
teologia de Paulo e a sua conversão no artigo Das Christusvision des Paulus und die Genesis
des paulinischen Evangeliums, publicado em ZWT em 1861 e republicado no livro Zum
Evangelium des Paulus und des Petrus. Rostock: Stiller, 1868.
43 LÜDEMANN, H. Die Anthropologie des Apostels Paulus und ihre Stellung innerhalb seiner
Heilslehre. Kiel: Universitätsverlag, 1872.
55 HEITMÜLLER, W. Zum Problem Paulus und Jesus. In: Zeitschrift für Neutestamentliche
Wissenschaft und die Kunde der älteren Kirche, 13, 191. p. 320-337.
56 BOUSSET, W. Kyrios Christus: Geschichte des Christusglaubens von den Anfängen des
Christentums bis Irenaeus. Göttingen: de Gruyter, 1913. p. 75-104.
57 SCHWEITZER, A. My Life and Thought: An Autobiogrpahy [from Aus Meinem Leben und
Denken (Leipzig: Felix Meiner, 1931). London: George Allen and Unwin Ltd., 1933. p. 142.
58 SCHWEITZER, A. Geschichte der Paulinischen Forschung von der Reformation bis auf die
Gegenwart. Tübingen: Mohr, 1911.p. v.
60 BULTMANN, R. Der Stil der paulinischen Predigt und die kynisch-stoische Diatribe.
Göttingen: Vandenhoeck and Ruprecht, 1 910. p. 107.
61 JASPERT, B. (ed.) Karl Barth - Rudolf Bultmann Letters 1922-1966. Grand Rapids:
Eerdmans, 1981.
62 BULTMANN, R. The Significance of the Historical Jesus for the Theology of Paul. In: Faith
19 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
64 BULTMANN, R. Kerygma and Mith: a Theological Debate . New York: Harper and Row,
1953. p. 19-21.
65 KÄSEMANN, E. Kritische analyse von Phil 2.5-11. In: Exegetische Versuche und
Besinnungen, I, 1960. p. 69-71.
67 FUCHS, E. Die Freiheit des Glaubens, Römer 5-8 ausgelegt. München: Kaiser, 1949. p.
18-21.
68 BORNKAMM, G. Das Ende des Gesetzes: Paulusstudien. München: Kaiser Verlag, 1952. p.
139-156.
74 DODD, C. H. The Mind of Paul: (1) Psychological Approach; (2) Change and Development.
In: Bulletin of the John Rayland Library , 17, 1933. p. 91-105; 18, 1934. p. 69-110.
76 DAVIES, A. P. The First Christian: A Study of St. Paul and Christians Origins. New York:
Farrar, Straus and Cudahy, 1957.
78 SCHOEPS, H.–J. Paulus. Die Theologie des Apostels im Lichte der jüdischen
Religionsgeschichtliche . Tübingen: Mohr, 1959.
79 AMIOT, F. Les idées maîtresses de saint Paul. Paris: Lectio Divina, 1959. p. 24.
80 As três etapas podem ser encontradas em: CERFAUX, L. O cristão na teologia de Paulo.
São Paulo: Teológica, 2003. p. 20-22.
81 A expressão “Nova Perspectiva Sobre Paulo” (New Perspective on Paul) foi criada por J.
Dunn. Ver: DUNN, J. D. G. The New Perspective on Paul. In: Bulletin of the John Ryland"s
Library, 65, 1983. p. 95 -122.
82 WESTERHOLM, S. Perspectives Old and New on Paul. Grand Rapids: Eerdmans, 2004. p.
3.
20 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
84 STENDAHL, K. The Apostle Paul and the Introspective Conscience of the West. In: MEEKS,
W. A. (ed.). The Writings of St. Paul. New York: W. W. Norton and Company, 1972, p. 426.
89 Idem. Judaism: Practice and belief 63 BCE-66 CE. London: SCM, 1992. p. 262.
90 SANDERS, E. P. Paul, the Law and the Jewish People. Philadelphia: Fortress, 1983.
91 DUNN , J D G, Jesus, Paul and the Law: Studies in Mark and Galatians. London: SCM,
1990. p. 27.
93 STENDAHL, K. The Apostle Paul and the Introspective Conscience of the West. In:
STENDAHL, K. Paul Among Jews and Gentiles and Other Essays. London: SCM, 1976. p 86.
94 WRIGHT, N. T. hat Saint Paul Really Said . Oxford: Lion, 1997. p. 119.
95 Na obra CAMPBELL, W. S. The New Perspective on Paul: Review Article. ExpT 114.11
(2003). p. 383-86, Campbell resenhou os artigos de Seyoon Kim [Paul and the New
Perspective], Michael B. Thompson [The New Perspective on Paul] e Simon J. Gathercole
[Where is the Boasting?]), o autor ainda escreveu o importante artigo: CAMPBELL, D. A. The
DIAQHKH from Durham: Professor Dunn"s The Theology of Paul the Apostle. JSNT 72 (1998).
p. 91-111 e a obra CAMPBELL, W. S. Paul's Gospel in an Intercultural Context: Jew and
Gentile in the Letter to the Romans. Frankfurt: Peter Lang, 1991. Nos seus textos, Campbell
refuta as intervenções em favor dos antigos consensos sobre Paulo.
96 CAMPBELL, W. S. Paul and the Creation of Christian Identity. Edinburgh: T and T Clark
International, 2008.
98 CARSON, D. A.; O"BRIEN, P.; and SEIFRID, M. A. (ed.). Justification and Variegated
Nomism. Grand Rapids: Baker, 2004.
99 BIRD, M. F. When the Dust Finally Settles: Reaching a Post New Perspective Perspective.
In: Criswell Theological Review 2.2, 2005. p. 57-69.
100 BIRD, M. F. Justification as Forensic Declaration and Covenant Membership: A Via Media
between Reformed and Revisionist Readings of Paul. In: Tyndale Bulletin 57.1, 2006. p.
109-130.
21 de 22 14-set-2011 11:33
Kibuuka -Paulo sob investigação - Transoxiana 14, 2009 http://www.transoxiana.org/14/kibuuka_paulo_investigacao.html
102 MURPHY-O'CONNOR, J. St. Paul"s Corinth: Texts and Archeology , Good News Studies
Wilmington: Michael Glazier, 1983.
103 Idem. St. Paul's Ephesus: Texts and Archaeology. Collegeville: Liturgical Press, 2008.
104 Idem . Paul: A Critical Life. New York: Oxford University Press, 1996.
105 MURPHY-O'CONNOR, J. Paul the Letter-Writer: His World, His Options, His Skills.
Collegeville: Liturgical Press, 1995.
107 KIM, Y. S. Christ's Body in Corinth: The Politics of a Metaphor. Minneapolis: Fortress
Press, 2008.
108 SAMPLEY, J. P. and LAMPE, P. (ed.). Paul and Rhetoric . Edinburgh: T and T Clark
International, 2008.
109 AEJMELAUS, Lars and MUSTAKALIO, Antti (ed.). Nordic Paul: Finnish Approaches to
Pauline Theology . Edinburgh: T and T Clark, 2008.
© The Author(s) -- Los artículos son propiedad de sus autores. (Ley 11.723 de la
Republica Argentina)
22 de 22 14-set-2011 11:33