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Os Castrati A Pratica Da Castracao para PDF
Os Castrati A Pratica Da Castracao para PDF
Kristina Augustin
Universidade Federal Fluminense (Brasil)
krisaugustin@uol.com.br
Resumo: O presente artigo tem como objetivo trazer a luz esclarecimentos sobre os castrati, cantores
castrados que influenciaram fortemente a história da música vocal européia entre os séculos XVI e XIX.
Apresenta uma visão holística da prática da castração com finalidade musical, a escolha e treinamento
dos meninos cantores, o resultado vocal alcançado, abordando o fim dessa prática quando o papa Leo
XIII a declarou ilegal em 1878.
Palavras chaves: castrato, canto, ópera, Música Antiga.
Summary: This communication is the first of a series of five articles. It aims to bring to light details of
the castrati, castrated singers that have strongly influenced the history of European vocal music from
the sixteenth and nineteenth century. It presents a holistic view of the practice of castration with a
musical purpose, the selection and training of choirboys, the result achieved vocal, approaching the end
of the practice of castration when Pope Leo XIII declared illegal in 1878.
Keywords: castrato, singing, opera, Early Music.
Introdução
1
Castrati, plural da palavra italiana castrato, nos referimos única e exclusivamente a membros de uma
coletividade masculina que foram castrados com objetivo da preservação da voz aguda infantil, visando uma
carreira musical. Castrato (i), evirato(i), capon, caponcillos, capado, niños, míseros, tiples, falsetistas, dessus
mués, sopranista, kastrat, são alguns dos vocábulos nas diversas línguas utilizados para para nomear os castrati.
Em portugues a palavra mais apropriada é castrado, mas no ambito da música é comumente utilizada a expresão
italiana castrato (i).
“Como julgar uma intervenção médica que influenciou toda a música ocidental
durante mais de dois séculos, quando nos sentimos tão longe das razões que prevaleciam na era
barroca?” (Barbier, 1993, p. 01). Aos olhos de uma sociedade do século XXI, a prática da
castração2 parece ser um procedimento terrível e desumano, mas surgiu e se estabeleceu desde
a antiguidade, constituindo um grupo de homens castrados e cultos, muitas vezes grandes
militares e filósofos que normalmente estavam a serviço do Estado ou da Igreja.
Essa intervenção cirúrgica, no menino entre oito a doze anos3, tinha como objetivo
inibir a produção do hormônio masculino, a testosterona, a fim de evitar a mudança de voz na
fase da puberdade, ou seja, a voz não baixava uma oitava ou ainda, como dizemos hoje: a voz
não engrossava (Barbier, 1993, p.13; Melicow, 1983, p.748). Essa cirurgia preservava a voz
aguda cuja extensão vocal corresponde hoje em pleno à das vozes femininas (soprano, meio-
soprano ou contralto).
2
Castração é um ato de mutilação sexual em que se incapacita o homem ou a mulher de reproduzir-se
sexualmente e suprime seu aporte de hormônios sexuais. Na Antiguidade, a castração em homens, consistia na
extirpação dos testículos.
3
Angus Heriot defendeu que a cirurgia deveria ser entre sete e nove anos, enquanto Scholz proclamou que deveria
ser entre oito e doze anos. Historiadores modernos alegam que nos séculos XVII e XVIII a idade da puberdade era
mais tardia, em torno dos dezessete anos de idade, devido a questões nutricionais, e por essa razão o menino
poderia ser castrado com uma idade mais avançada (Sowle 2006, p. 25).
Além desses aspectos físicos, nas instituições religiosas ou conservatórias musicais
os castrati conquistavam um alto nível técnico e maturidade musical devido a uma intensa e
longa formação musical que os distinguia dos outros músicos. Todos esses elementos reunidos
em um só corpo tornavam o cantor castrato um profissional extremamente bem preparado,
com uma voz rara e, por essa razão, tão requisitados pela Igreja ou pelo Estado.
A prática da castração
Dentre tantos mitos vale lembrar o mito de Isis e Osíris que aborda a questão da
emasculação4 dos irmãos Set e Osíris.5 Nos dois exemplos, os dois deuses perdem os seus
respectivos órgãos sexuais. Osíris perdeu o pénis que foi recomposto com caules vegetais e deu
vida a uma criança ressaltando a forte ligação entre a emasculação e aspectos de fertilidade e
da vida. Já Set, ao invés de ser morto, foi castrado. Nesse caso subtende-se que a emasculação
estava associada à ideia de controle das forças de destruição (Scholz 2001, p.39).
4
Emasculação é o ato de extirpação de todo o órgão sexual masculino. O indivíduo perde a capacidade de cópula
e de reprodução, como era o caso dos Eunucos, guardiões dos Harens.
5
Set, invejoso do poder do irmão, resolveu eliminá-lo durante um banquete e aprisionou-o num sarcófago que
lançou ao Nilo. Ísis parte à procura do marido consegue encontrá-lo, mas Set, furioso, decide esquartejar o corpo
do irmão. Ísis consegue reunir todas as partes, com excepção do pénis, que fora devorado por um peixe. Para
suprir a falta deste, Ísis criou um falo artificial com caules vegetais e graças a um “ar mágico” Ísis une-se
sexualmente a Osíris dando a luz ao deus Hórus.
comercialização de eunucos como, por exemplo, a venda de cerca de 500 jovens castrados para
os Persas para servirem como escravos (Scholz 2001, p.73).
O culto deu grande proeminência ao terceiro dia da festa, chamado Dies Sanguinis.
Cantos e lamúrias misturavam-se e, num frenesi religioso, os jovens se feriam com facas e
alguns se castravam frente à imagem da Deusa. Outros corriam sangrando pelas ruas e
atiravam os órgãos em alguma casa por onde passam. Depois desse ato de automutilação, os
seguidores de Cibele se tornavam Galli ou sacerdotes-eunucos do culto (Ringrose, 2007, p.
499; Scholz 2001, p.99).
A grande vantagem dos eunucos era sua incapacidade de procriar, o que significava
que nunca seriam impulsionados por ambições a favor de seus filhos. Isolados de
suas famílias, que nunca poderia entrar no palácio, eles se voltavam [dedicavam] ao
imperador como a família que nunca teriam. Por estas razões, eles pareciam mais
confiáveis em assuntos de Estado [...] 7 (Abbott 1999, apud Sowle 2006, p.8).
7
“The great advantage of eunuchs was their inability to procreate, which meant they would never be driven by
ambitions for their children. Isolated from their human families, who could never enter the palace, they could turn
to the emperor as the family they would never have. For these reasons, they seemed more trustworthy in affairs of
state…...”
A tradição da utilização das vozes masculinas no cerimonial religioso nos remete
ao primórdio da história da própria Igreja e do desenvolvimento da música religiosa que
inicialmente não se utilizava dos instrumentos, contava exclusivamente com as vozes
masculinas como solistas e o coro. A cidade de Constantinopla tornou-se um centro de
referência da liturgia vocal no oriente, principalmente pela qualidade de seus solistas. De
acordo com o musicólogo Kenneth Levy, existe hoje cerca de 1.200 a 1.500 manuscritos com
notação musical do repertório sacro em Bizâncio8, produzidos entre os séculos X e XIV
(Dubowchik, 2002, p. 277). Através do estudo desse material e da própria notação bizantina,
confirmou-se que o número de cantores castrados, em geral monges, deveria ter sido grande.
As partituras revelam o uso dos modos autênticos e plagais, assim como solos ricamente
ornamentados na região do que hoje designamos de soprano coloratura9 e que somente um
castrato teria capacidade de cantar (Moran 2002, p. 109; Scholz 2001, p.273).
8
O imperador Constantino, ao se converter ao Cristianismo, transferiu a capital do Império Romano, de Roma
para Constantinopla (330 d.C). A base da Igreja do Oriente foram os mosteiros e seus monges, promotores de
espiritualidade, conselheiros populares e defensores da ortodoxia. Embora fossem subordinados à autoridade do
patriarca de Constantinopla, os mosteiros eram centros religiosos autossuficientes, organizados em grandes
latifúndios.
9
Soprano coloratura - voz feminina leve e aguda, capaz de cantar trechos rápidos e muito ornamentados.
10
Maiores informações consultar o artigo Moran, Neil. “Byzantine castrati Plainsong and Medieval Music” (vol.
11, pp. 99-112). Cambridge: Cambridge University Press,2002
referindo a opção pela total renuncia sexual, ou melhor, a castidade (Frosch 2006, p.595). Em
linhas gerais, homens e crianças foram castrados segundo quatro grandes vertentes: questões
judiciais (punição), recomendações médicas, motivação religiosa e motivação musical.
No âmbito judicial, a castração como forma de castigo talvez seja a mais antiga.
Foi praticada principalmente no contexto de vingança e punição para o adultério ou um grande
crime que transgredisse a ordem social. Era ainda utilizada para humilhar e torturar prisioneiros
capturados em guerra ou como demonstração de poder (Barbier 1993, p. 07; Frosch 2006, p.
595; Ringrose 2007, p.497).
As vozes dos castrati poderiam ter sido aproveitadas no âmbito da música mais
cedo, mas as pesquisas levam a crer esse tipo de voz, aguda derivada de um corpo masculino,
não tinha um especial significado nos séculos anteriores. Na Idade Média, a monodia litúrgica
e a polifonia medieval não constituíam um repertório para as qualidades vocais dos castrati, a
extensão vocal requisitada era pequena, normalmente uma oitava, e os cantores masculinos
possuíam a técnica e extensão necessária para a execução desse repertório. Portanto, não havia
um repertório vocal que justificasse a presença e necessidade das vozes agudas dos cantores
castrados.
11
É um homem adulto que canta na região do falseto. É uma técnica vocal por meio da qual o cantor emite, de
modo controlado (não natural, por isso "falso"), sons mais agudos na região ou tessitura das vozes femininas. A
partir do século XX, essa técnica vocal masculina ficou mais conhecida como Contratenor.
século XV, o novo estilo musical que surgia demandava um nível mais elevado técnico e de
maturidade musical (Frosch, 2006, p. 596; Sowle, 2006, p. 9).
12
Na segunda metade do século XVI o início de um período de grandes dificuldades financeiras para a Itália:
cobrança do governo espanhol, vários anos de más colheitas, epidemias de peste, abalos vulcânicos e guerras que
deixou centenas de milhares de famílias famintas e crianças órfãs, estimulando o número de castrações pré-
púberes (Barbier, 1993, p. 32; Feldman 2007, p.12).
A prática da castração foi reconhecida oficialmente pela medicina acadêmica, mas
a cirurgia em si, na maioria das vezes, não era realizada pelos médicos da época, raros e caros,
e sim pelos barbeiros-cirurgiões. Esses barbeiros, além do ofício de cortar cabelos e fazer
barba, também atuavam como médicos da população local. Eram homens sem formação
acadêmica e quase sempre trabalhavam de forma empírica curando feridas, extirpando dentes e
membros ou ainda preparando unguentos (Gerbino, 2004, p. 349). A operação com finalidade
musical parece ter sido relativamente segura, até mesmo porque era uma prática rotineira na
época e a recuperação levava cerca de treze dias13 (Rosselli, 1998, p. 151-152).
13
A castração total ou emasculação representava a retirada de todo o aparelho sexual masculino. Essa cirurgia
provocava uma lesão muito grande e o número de mortes era maior ainda. Na cirurgia com finalidade musical não
era necessário retirar o pênis, os testículos poderiam ser removidos ou cordão espermático ser cortado.
Observou-se também que certos eunucos, se bem que tenham sido admitidos com
boa voz, tornam-se depois, pela mudança da idade ou por doença, incapazes de
cantar. Considerando que já estão no Conservatório, a caridade exige que não sejam
abandonados; encarregamos por isso os mestres-de-capela do Conservatório de fazer
todo o possível para orientá-los no canto, pondo-os para cantar em voz de contralto,
que ele (os mestres) usem de todos os meios para ensiná-los a tocar um instrumento
em que consigam êxito e possam assim prover as suas próprias necessidades
(Arquivo da Igreja San Pietro a Majella14, setembro de 1766 apud Barbier, 1993, p.
47)
Esses orfanatos tinham como objetivo principal acolher e educar órfãos e crianças
deserdadas. No século XVII, pouco a pouco, foram se transformando em orfanatos católicos
com ensino de música, cujos professores, em sua maioria, eram padres. Posteriormente, essas
escolas de ensino musical tornaram-se conservatórios, do verbo conservare, cujo objectivo
principal era conservar, transmitir e aperfeiçoar a tradição musical (Barbier, 1993, p.33;
Feldman, 2007, p.19).
O surgimento da ópera na Itália abriu mais uma área de atuação para os castrati
que trabalhavam na Capela Papal. As casas de ópera espalharam-se por várias cidades italianas
onde esses cantores eram aclamados. De um modo geral, entre quinze e vinte anos de idade, os
castrati estavam preparados para uma carreira como cantor. Das dez vozes solistas numa
determinada ópera, sete papeis/personagens eram compostos para cantores castrados, dois por
vozes de tenores e somente um para baixo. Os castrati, de um modo geral, iniciavam a sua
carreira na ópera, encenando e cantando papeis femininos (Barbier, 1993, p. 73; Sowle, 2006,
p.29).
15
De acordo com as convenções sociais da época era muito raro uma mulher atuar profissionalmente como
musicista ou cantora: o casamento ou o convento eram o destino das mulheres. Mesmo aquelas que pertenciam a
uma instituição de caridade voltada exclusivamente para o ensino da música como os Ospedali de Veneza, eram
desestimuladas a seguirem uma carreira profissional. Muitos dos talentos revelados no Ospedali desapareciam
trancafiados nos salões privados ou nos muros dos claustros (Barbier, 1993, p. 49).
Com o diferencial vocal e o físico que lhes proporcionavam vantagens em cena, os
castrati foram proclamados grandes estrelas do canto, considerados as primeiras prima donna.
Esses cantores não estavam limitados somente aos papéis femininos, nos palcos europeus
representavam também, personagens míticos, deuses, heróis ou reis.
Dois dos mais importantes tratados de canto dos séculos XVIII e XIX foram
escritos por cantores castrados: Opinione de’cantori antichi e moderni, o sieno Osservazione
sopra il canto figurato (1723) de Pier Francesco Tosi (1647-1732) e Riflessioni pratiche sul
canto figurato (1840) escrito por Giambattista Mancini (1714-1800). O tratado de Tosi foi
mais difundido e teve maior circulação graças às traduções integrais para o inglês (1742) e para
o alemão (1757) (Pacheco, 2006, p.28).
Tanto Tosi como Mancini descrevem que a técnica vocal dos castrati tal como a
dos restantes cantores, mesclava dois registros: a voz de peito e a voz de cabeça. 16 Ambos os
autores sugeriram o uso da voz de cabeça para o aumento da extensão vocal do cantor, em
direção à região mais aguda da voz. A passagem de um registro para o outro deveria ser
uniforme, imperceptível para o ouvinte. Na leitura atenta das indicações de Tosi, observa-se
que o autor afirmou que a voz natural de um castrato soprano terminava na região entre Dó4
ou Ré4. Essas seriam então as notas de passagem da voz de peito para a voz de cabeça (Tosi,
1743, cap. I, parágrafo 21). Pode-se então concluir que os castrati faziam a mudança em torno
dessa nota, utilizando muito mais a voz de peito ou voz plena.
16
Na voz de peito ocorre o abaixamento da laringe e as cordas vocais vibram lentamente ressoando na região
torácica, no peito. Isso acontece quando se emite som grave. Na voz de cabeça, a laringe sobe, as pregas vocais se
alongam e vibram ligeiramente produzindo um som agudo que ressoa no crânio. Disponível em
http://pt.scribd.com/doc/52743604/9/Passagens-e-registros-vocais Acesso 14 mar. 2013.
Na escrita dos compositores da época observa-se a presença de longas frases
musicais repleto de meslimas e grandes cadências com uma só respiração. Essas cadências, o
cantor tinha plena liberdade para ornamentá-las de acordo com sua técnica vocal e gosto
musical: era o momento de mostrar toda a sua capacidade técnica e musical (Sowle 2006,
p.35). Os castrati eram capazes de realizar essas proezas vocais com longas frases melódicas,
devido a grande caixa torácica que se desenvolvia muito ao contrário da laringe, que
permanecia pequena. Em outras palavras, eles tinham um armazenamento de ar grande para
uma saída pequena de ar. Unindo esses aspectos fisiológicos com os estudos intensos
realizados durante muitos anos, esses cantores conquistavam uma capacidade respiratória
muito grande e, hoje em dia, é muito difícil encontrar um cantor que possua essa mesma
habilidade respiratória para efeitos de comparação efetiva.
Não era raro o compositor escrever a mesma ária para vozes diferentes. Uma
determinada ária que foi composta para um tenor ou baixo poderia ser transcrita, pelo próprio
compositor, para um castrato, como por exemplo, o Messiah de Händel. O compositor reviu e
recompôs essa obra algumas vezes durante sua vida, cada vez para um grupo diferente de
cantores e músicos. As primeiras performances (1742) foram realizadas sem o solista castrato.
Na versão de 1750, Händel contratou o famoso castrato Gaetano Guadagni e adaptou a ária But
Who may abide the Day of his coming, da primeira parte do oratório originalmente composto
para baixo solo, para a voz de Guadagni (Bergeron 1996, p.176).
Nessa adaptação da ária para o castrato, a ária foi aumentada duas vezes em
tamanho, ganhou elaborados compassos repletos de ornamentos e longas notas de sustentação.
Através da escrita musical podemos então ter uma ideia aproximada do domínio técnico,
agilidade, controle respiratório que um determinado cantor castrato teria tido.
Temos um registro vocal desse cantor fruto de experiências realizadas entre 1902 e
1904 pela Gramophone Company, realizado pelos irmãos Fred e William Gaisberg, na
primeira gravação da seção londrina da empresa (Bergeron 1996, p.174). Numa viagem a
Roma destinada a gravar o tenor Caruso, Fred e William Gaisberg, os irmãos decidiram,
entretanto, aproveitar a oportunidade para fazer gravação das palavras do papa Leão XIII.
Tendo sido proibidos devido à idade avançada do papa, os dois técnicos se contentaram em
gravar o coro papal (Bergeron 1996, p.174; Cappelletto 1995, p.XVII), em que descobriram a
voz de Alessandro Moreschi.
17
Disco: The last Castrato Alessandro Moreschi, complete Vatican recordings. Gravado entre os anos de 1902 e
1904. Pearl "Opal" 9823.
Não se deve associar a voz de Moreschi como às vozes dos castrati do passado.
Como Desmond Shawe Taylor se referiu no apêndice ao livro de Angus Heriot, "com uma
técnica mais segura e um estilo menos viciado pelo gosto sentimental da época, poderia ter
agradado a um público moderno. Mas tenho certeza que é muito, muito distante de um
Farinelli. É surpreendente, mas nunca perfeito"
Conclusão
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