Você está na página 1de 124

PROJETO EDUCAÇÃO ÉTNICO-CULTURAL:

RAÍZES AFRICANAS E INDÍGENAS


Ciclo de debates na escola

JUSTIFICATIVA:

Mesmo diante de uma percepção atual da real configuração social brasileira


no âmbito das suas diferenças fenotípicas, regionais, multiculturais assim como do
seu pluralismo religioso ainda ocorrem nesse mesmo meio social certas situações
envolvendo discussões de caráter preconceituosos, racistas, xenofóbicas e
intolerantes acerca da equidade de certas expressões tanto, culturais, raciais quanto
religiosos, como em particular acontece com as tradições Afro-descendentes e
nativas indígenas por questões muitas vezes do pouco conhecimento acerca do
processo histórico envolvendo as origens dessas culturas e religiões e da
importância delas para se compreender a formação da identidade do povo brasileiro
desde seu descobrimento e colonização até os tempos atuais.
Portanto, propondo ações articuladas entre os vários componentes
curriculares - história, geografia, artes, ensino religioso e língua portuguesa - e
partindo das habilidades inerentes ao currículo de cada disciplina, que vão desde o
pré-escolar, perpassando pelos anos iniciais (1º ao 5º anos) até o anos finais (do 6º
ao 9º anos) do ensino fundamental, o presente projeto de educação étnico-cultural:
raízes africanas e indígenas almeja, por meio de um trabalho a ser desenvolvido e
vivenciado dentro de cada unidade escolar do município de Caruaru, oferecer
contribuições significativas rumo a construção de uma consciência que perpassa
pelo desenvolvimento da sensibilidade de alteridade e respeito às diversas
manifestações e expressões tanto culturais e religiosas de âmbito afro-descendente
assim como das nativo-indígenas.
OBJETIVO GERAL

Tratar especificamente das questões étnicas dentro de cada contexto das


comunidades nativo-indígenas assim como africanas como forma de ressaltar os
aspectos culturais, sociais, linguísticos e religiosos que assinalam a identidade
desses povos enquanto tais, visando deste modo, um trato mais substancial dessas
identidades étnicas que se apresentam como inerentes ao modo de ser e existir das
religiões de matriz africana e nativo-indígenas no Brasil, tendo assim como proposta
última, a minimização e a desconstrução de qualquer pensamento, discussão ou
polêmica futura acerca de questões de cunho racistas, preconceituosas ou
discriminatórias.

METODOLOGIA

1. Orientações da SEDUC para os projetos contínuos a serem desenvolvidos em


cada unidade escolar:

Da necessária fundamentação teórica e áudio-visual que abalizarão às


ações propostas pelo projeto e que proporcionará uma compreensão dos
princípios e valores étnicos - cultura, religião, praticas e costumes - associadas
diretamente ao modo de vida das comunidades tribais africanas assim como
das nativas brasileiras e que porventura possuem presença marcante nas bases
que sustentam e possibilitam a existência das mais variadas manifestações
religiosas de caráter afro-descendente e indígena no Brasil.

2. Desenvolvimento das ações pedagógicas dentro da perspectiva do projeto


educação étnico-cultural: raízes africanas e indígenas dentro de cada unidade
escolar;
3. Vivência das ações desenvolvidas dentro de cada unidade escolar:

I. Cinema, teatro e dança


Para este módulo é proposto atividades de cunho teatral e de danças
características assim como da projeção de vídeos ou filmes que buscam
reforçar as ações propostas pelo projeto, pautadas numa compreensão das
culturas étnicas africanas e indígenas, as quais ocasionaram marcas indeléveis
na formação cultural do povo brasileiro.

II. Exposição da Estética negra e indígena


Neste contexto almeja-se fomentar o respeito e a valorização dos
aspectos estéticos que marcam a identidade étnica dos povos negros assim
como indígenas, ressaltando o caráter das produções do âmbito das artes e
vestuário.

III. Produção de texto étnico-cultural


Tal ação tem como base viabilizar o registro por escrito dos saberes e
compreensões acerca das perspectivas étnico-culturais debatidas, analisadas e
trabalhadas com os alunos pelos professores em sala de aula.

4. Novembro da cultura étnica negra e indígena:

Para este momento de culminância do projeto educação étnico-cultural:


raízes africanas e indígenas nas escolas, cada unidade de ensino terá sua
autonomia para melhor desenvolver esta atividade, a partir de suas
possibilidades e condições materiais e humanas.
Portanto, tal momento visa apresentar para a toda comunidade do
contexto escolar às ações desenvolvidas ao longo do ano letivo referentes ao
processo de compreenssão e conscientização, trabalhada no interior de cada
espaço escolar, acerca da identidade, da cultura e religiosidade presentes nas
raízes da formação do povo brasileiro oriundas dos povos negros africanos e
nativos indígenas.

AÇÕES PROPOSTAS PELA SEDUC POR CADA COMPONENTE CURRICULAR:

 Propor uma compreensão mais ampla do termo etnia e sua relação com as
comunidades africanas e indígenas a partir das seguintes habilidades inerentes
ao currículo municipal de Caruaru do componente curricular Ensino Religioso:

1. (EF01ER01CRU) Identificar, respeitar, acolher e reconhecer-se a partir das


semelhanças e diferenças entre o eu, o outro e o nós.

2. (EF01ER04CRU) Valorizar as diversas formas de viver e estar no mundo.

3. (EF02ER05CRU) Identificar, distinguir e respeitar símbolos religiosos de distintas


manifestações, tradições e instituições religiosas presentes nos espaços e
territórios sagrados e públicos.

4. EF03ER01CRU) Identificar e respeitar os diferentes espaços (simbólicos) e


territórios (construções físicas) religiosos de diferentes tradições e movimentos
religiosos.

5. (EF03ER03CRU) Conhecer e respeitar práticas celebrativas (cerimônias,


orações, festividades, peregrinações, entre outras) de diferentes tradições
religiosas.

6. (EF03ER05CRU) Reconhecer as indumentárias (roupas, acessórios, símbolos,


pinturas corporais, cores) utilizadas em diferentes manifestações e tradições
religiosas como parte integrante das Práticas celebrativas.
7. (EF04ER02CRU) Identificar as diferentes formas de ritos e suas funções em
diferentes manifestações, tradições religiosas.

8. (EF04ER04CRU) Entender que os ritos se diferenciam de acordo com a


expressão religiosa e que cada qual tem formas peculiares de expressão
(orações, cultos, gestos, cantos, dança, meditação, entre outros).

9. (EF04ER05CRU) Identificar e respeitar representações religiosas em diferentes


expressões artísticas (pinturas, arquitetura, esculturas, ícones, símbolos,
imagens, música e dança), reconhecendo-as como parte da identidade de
diferentes culturas e tradições religiosas.

10. (EF04ER07CRU) Reconhecer e respeitar as ideias de divindades de diferentes


manifestações e tradições mítico-religiosa.

11. (EF05ER03CRU) Reconhecer funções e mensagens religiosas contidas nos


mitos de criação (concepções de mundo, natureza, ser humano, divindades, vida
e morte).

12. (EF05ER04CRU) Reconhecer a importância da tradição oral para preservar


memórias e acontecimentos religiosos.

13. (EF05ER07CRU) Reconhecer, através da tradição oral, ensinamentos


relacionados a modos de ser e viver.

14. (EF06ER08CRU) Identificar a importância dos mitos, ritos, símbolos e textos na


estruturação das diferentes crenças, tradições, manifestações e movimentos
religiosos.

15. EF07ER01CRU) Desenvolver o respeito às práticas de comunicação com as


divindades em distintas manifestações e tradições religiosas.
16. (EF07ER05CRU) Buscar maneiras de promover a convivência ética e respeitosa
entre as religiões, expressões, manifestações religiosas e filosofias de vida.

17. (EF08ER01CRU) Perceber as influências das crenças e convicções (religiosas e


filosóficas) nas escolhas e atitudes pessoais e coletiva dos sujeitos.

18. (EF09ER01CRU) Conhecer princípios e orientações para o cuidado da vida nas


diversas tradições religiosas e filosofias de vida.

19. (EF09ER05CRU) Analisar as diferentes ideias de imortalidade elaboradas pelas


tradições religiosas (ancestralidade, reencarnação, transmigração, renascimento
e ressurreição).

 Propor uma análise das relações étnico-raciais e suas condicionantes espaciais,


contribuindo para a compreensão da dinâmica populacional e sua relação com o
espaço geográfico a partir das seguintes habilidades inerentes ao currículo
municipal de Caruaru do componente curricular Geografia:

1. (EF01GE06CRU) Discutir e elaborar, coletivamente as regras de convívio dos


diferentes espaços públicos, com o meio em que vive o aluno, com respeito a
diversidade de idade, religião, gênero e etnia, compreendendo a necessidade de
acordos para o bom convívio.

2. (EF03GE01CRU)Identificar e comparar aspectos culturais dos grupos sociais,


com destaque para os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, etc. de seus
lugares de vivência (moradia, escola, comunidade, bairro, etc.). seja na cidade,
seja no campo enfatizando principalmente o nosso município.
3. (EF04GE01CRU) Selecionar, em seus lugares de vivência e em suas histórias
familiares e/ou da comunidade, elementos de distintas culturas (indígenas, afro-
brasileiras, de outras regiões do país, latino-americanas, europeias, asiáticas,
etc.), valorizando o que é próprio em cada uma delas e sua contribuição para a
formação da cultura local, regional e brasileira, com ênfase às manifestações e
expressões populares, presentes no cotidiano vivido no município de Caruaru,
através da cultura dos festejos juninos, da feira livre, da arte do barro, etc.

4. (EF04GE06CRU) Identificar e descrever territórios étnico-culturais existentes no


Brasil, tais como: terras indígenas e de comunidades remanescentes de
quilombos, reconhecendo a legitimidade da demarcação desses territórios no
estado de Pernambuco e no município de Caruaru.

5. (EF05GE02CRU) Identificar diferenças étnico-raciais e étnico-culturais e


desigualdades sociais entre grupos em diferentes territórios, considerando o
acervo cultural de Caruaru e região.

6. (EF07GE03CRU)Examinar territorialidades dos povos indígenas originários e


quilombolas de Pernambuco, comparando com grupos sociais do campo e da
cidade de outras regiões brasileira (ribeirinhos, caiçaras, etc.)

7. (EF07GE04CRU) Analisar a distribuição territorial da população brasileira,


considerando a diversidade étnico-cultural (indígena, africana, europeia e
asiática), assim como aspectos de renda, sexo e idade nas regiões brasileiras
contrastando com as características populacionais de Caruaru no que se
relaciona com a qualidade de vida e distribuição no município.
8. (EF08GE06CRU) Analisar a atuação das organizações mundiais nos processos
de integração cultural e econômica nos contextos americano e africano,
reconhecendo em seus lugares de vivência, marcas desses processos, bem
como as influências na organização no município de Caruaru.

9. (EF08GE20CRU) Analisar características de países e grupos de países da


América e da África no que se referem aos aspectos populacionais, urbanos,
políticos e econômicos, e discutir as desigualdades sociais e econômicas e as
pressões sobre a natureza e suas riquezas (sua apropriação e valoração na
produção e circulação), o que resulta na espoliação desses povos;

10. (EF09GE03CRU) Identificar diferentes manifestações culturais de minorias


étnicas como forma de compreender a multiplicidade cultural na escala mundial,
defendendo o princípio do respeito às diferenças.

 Propor uma compreensão do processo histórico que aborda as origens do


pensamento racial no Brasil, surgida desde sua colonização/exploração europeia
do trabalho escravo indígena e principalmente dos negros a partir das seguintes
habilidades inerentes ao currículo municipal de Caruaru do componente
curricular História:

1. (EF05HI03CRU) Analisar o papel das culturas e das religiões na composição


identitária dos povos antigos.

2. (EF05HI04CRU) Associar a noção de cidadania com os princípios de respeito à


diversidade, à pluralidade e aos direitos humanos.

3. (EF06HI21CRU) Diferenciar escravidão, servidão e trabalho livre no mundo


antigo.
4. (EF07HI16CRU) Identificar a distribuição territorial da população brasileira em
diferentes épocas, considerando a diversidade étnico-racial e étnico-cultural
(indígena, africana, europeia e asiática).

5. (EF07HI19CRU) Discutir o conceito de escravidão moderna e suas distinções


em relação ao escravismo antigo e à servidão medieval.

6. (EF08HI14CRU) Discutir a noção da tutela dos grupos indígenas e a


participação dos negros na sociedade brasileira do final do período colonial,
identificando permanências na forma de preconceitos, estereótipos e violências
sobre as populações indígenas e negras no Brasil e nas Américas.

7. (EF08HI24CRU) Estabelecer relações causais entre as ideologias raciais e o


determinismo no contexto do imperialismo europeu e seus impactos na África e
na Ásia.

8. (EF09HI03CRU) Identificar os mecanismos de inserção dos negros na


sociedade brasileira pós-abolição e avaliar os seus resultados.

9. (EF09HI04CRU) Discutir a importância da participação da população negra na


formação econômica, política e social do Brasil.

10. (EF09HI09CRU) Relacionar as conquistas de direitos políticos, sociais e civis à


atuação demovimentos sociais.

11. (EF09HI18CRU) Relacionar a Carta dos Direitos Humanos ao processo de


afirmação dos direitos fundamentais e de defesa da dignidade humana,
valorizando as instituições voltadas para a defesa desses direitos e para a
identificação dos agentes responsáveis por sua violação.

12. (EF09HI23CRU) Identificar e relacionar as demandas indígenas e quilombolas


como forma de contestação ao modelo desenvolvimentista da ditadura.
13. (EF09HI25CRU) Identificar direitos civis, políticos e sociais expressos na
Constituição de 1988 e relacioná-los à noção de cidadania e ao pacto da
sociedade brasileira de combate a diversas formas de preconceito, como o
racismo.

14. (EF09HI28CRU) Discutir e analisar as causas da violência contra populações


marginalizadas(negros, indígenas, mulheres, homossexuais, camponeses,
pobres etc.) com vistas à tomada de consciência e à construção de uma cultura
de paz, empatia e respeito às pessoas.

15. EF09HI38CRU) Identificar e discutir as diversidades identitárias e seus


significados históricos no início do século XXI, combatendo qualquer forma de
preconceito e violência.
REFERÊNCIAS POR COMPONENTE CURRICULAR

ENSINO RELIGIOSO:

 SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS:

DESIGUALDADES DE GÊNERO, RAÇA E ETNIA

ANA PAULA COMIN DE CARVALHO (et tal.) -


EDITORA INTERSABERES
CURITIBA/2012

A obra aprofunda a discussão sobre as desigualdades de gênero,


raça e etnia. O tema é complexo e atual, e neste livro o leitor
encontra reflexões sobre crenças preconceituosas, ações
discriminatórias, rotulações pejorativas e condutas excludentes. Por
fim, são abordadas as formas de combate às desigualdades sociais.

contribuições do negro na formação do povo brasileiro:


https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/52774/R%20-%20E%20-
%20MARLENE%20GONGORA%20DOS%20SANTOS.pdf?sequence=1&isAllowed=
y

Relatório alerta para aumento dos casos de intolerância religiosa no Brasil


O Brasil teve 697 denúncias de intolerância religiosa entre 2011 e 2015, segundo
dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos compilados em relatório lançado
na semana passada (19) na capital fluminense. O estado do Rio de Janeiro lidera o
ranking com maior número de denúncias de casos de discriminação, que têm como
principal alvo as religiões afro-brasileiras.

O Brasil teve 697 denúncias de intolerância religiosa entre 2011 e 2015, segundo
dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos compilados em relatório lançado
na semana passada (19) na capital fluminense. O estado do Rio de Janeiro lidera o
ranking com maior número de denúncias de casos de discriminação, que têm como
principal alvo as religiões afro-brasileiras.

Lançado na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o relatório é fruto de uma


parceria entre Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), Centro de
Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) e Laboratório de História das
Experiências Religiosas (LHER) do Instituto de História da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ).

Enquanto em 2014 o número de denúncias de intolerância religiosa havia se


reduzido frente a 2013 — de 201 casos para 149 — esse volume voltou a subir em
2015, quando foram registradas 223 denúncias, apontou o relatório feito com base
no Disque 100. O Rio de Janeiro teve o maior número de casos (32), seguido por
Minas Gerais (29) e São Paulo (27).

“Os estudos indicam que o processo de registro das ocorrências e o processo de


resolução dos casos são longos, considerando a série de dificuldades na
interpretação da legislação pertinente”, disse o documento. “Fica a sensação de que
não adianta registrar o boletim de ocorrência, primeiro passo para iniciar o
processo”.

Rio de Janeiro
Os números do Centro de Promoção da Liberdade Religiosa & Direitos Humanos
(CEPLIR) referentes ao estado do Rio de Janeiro são ainda mais alarmantes.

Segundo o órgão, houve um total de 1.014 atendimentos referentes a denúncias de


intolerância religiosa entre julho de 2012 e setembro de 2015. Desse total, 71,15%
tinham como alvo as religiões afro-brasileiras, mais afetadas por esse tipo de
discriminação.

O CEPLIR aponta que somente entre setembro e dezembro de 2015 houve 66


atendimentos. Desse total 32% das denúncias referiam-se a discriminação contra
muçulmanos e 30% contra candomblecistas.

“Dados estes que nos revelam que a grande maioria dos casos de intolerância
religiosa são relacionados aos adeptos das religiões e religiosidades afro-brasileira”,
disse o documento.

“Esse significativo aumento de registro por parte dos mulçumanos pode estar
associado a ocorrência de fatos internacionais ligados as ações do Estado Islâmico,
o que no Brasil acabou por resultar em práticas e ações contra a comunidade
islâmica”, completou o relatório.

Fonte: https://nacoesunidas.org/relatorio-alerta-para-aumento-dos-casos-de-
intolerancia-religiosa-no-brasil/

DIVERSIDADE RELIGIOSA BRASILEIRA:


https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=9&cad=rja&ua
ct=8&ved=2ahUKEwiursy1z6fhAhUhwFkKHbS7COYQFjAIegQIBxAC&url=http%3A
%2F%2Fism.edu.br%2Fperiodicos%2Findex.php%2Fidentidade%2Farticle%2Fdown
load%2F2237%2F2133&usg=AOvVaw14uTbOYJGRPqorGOoabhGK

Raça versus etnia: diferenciar para melhor aplicar

Diego Junior da Silva Santos*, Nathália Barbosa Palomares*, David Normando**,


Cátia Cardoso Abdo Quintão***

Resumo
Frequentemente, estudos que utilizam populações são questionados quanto à
homogenei-dade de suas amostras em relação à raça e etnia. Esses
questionamentos procedem, pois a heterogeneidade amostral pode aumentar a
variabilidade dos resultados e mascará-los. Esses dois conceitos (raça e etnia)
são confundidos inúmeras vezes, mas existem diferenças sutis entre ambos: raça
engloba características fenotípicas, como a cor da pele, e etnia também
compreende fatores culturais, como a nacionalidade, afiliação tribal, religião,
língua e as tradições de um determinado grupo. A despeito da ampla utilização do
termo “raça”, cresce entre os geneticistas a definição de que raça é um conceito
social, muito mais que científico.

Palavras-chave: Etnia e saúde. Distribuição por raça ou etnia. Grupos étnicos.

INTRODUÇÃO

Embora a categorização de indivíduos em raça e etnia seja amplamente utilizada,


tanto em diagnóstico quanto na pesquisa científica, seus significados são
frequentemente confundidos ou mesmo desconhecidos no meio acadêmico.
O uso da raça como uma característica dis-tintiva nas populações ou indivíduos
que procu-ram por assistência médica é um costume bem aceito na área de saúde.
Apesar da origem dessa prática refletir atitudes preconceituosas do pas-sado, seu
uso atual tem sido defendido como um meio útil de aprimoramento de diagnóstico e
de esforços terapêuticos7.
A classificação de raça pode ser utilizada para verificar se estudos randomizados
foram bem-sucedidos. Também pode ser útil para os leitores como uma descrição
da população participante de um determinado estudo12. Na Ortodontia, a tentativa
de identificar o grupo racial em uma amostra tenta controlar a variação inerente às
características faciais específicas a determinados grupos raciais.
Este artigo tem como objetivo esclarecer:
1. A diferença conceitual entre raça e etnia.
2. As categorias raciais determinadas por alguns estudos.

HISTÓRICO do termo “RAÇA”

A primeira classificação racial dos homens foi a “Nouvelle division de la terre par
les différents espèces ou races qui lhabitent” (Nova divisão da terra pelas diferentes
espécies ou raças que a ha-bitam) de François Bernier, publicada em 168411.

Em 1790, o primeiro censo americano clas-sificou a população em homens


brancos livres, mulheres brancas livres e outras pessoas (nativos americanos e
escravos). Já o censo de 1890 classi-ficou a população utilizando termos como:
bran-co, preto, chinês, japonês e índios3.
Carolus Linnaeus (1758), criador da taxono-mia moderna e do termo Homo
sapiens, reco-nheceu quatro variedades do homem:
1) Americano (Homo sapiens americanus: vermelho, mau temperamento,
subjugável);
2) Europeu (europaeus: branco, sério, forte);
3) Asiático (Homo sapiens asiaticus: amare-lo, melancólico, ganancioso);
4) Africano (Homo sapiens afer: preto, im-passível, preguiçoso).

Linnaeus reconheceu também uma quin-ta raça sem definição geográfica, a


Monstruosa (Homo sapiens monstrosus), compreendida por uma diversidade de
tipos reais (por exemplo, Patagônios da América do Sul, Flatheads cana-denses) e
outros imaginados que não poderiam ser incluídos nas quatro categorias “normais”.
Segundo a visão discriminatória de Linnaeus, a classificação atribuiu a cada raça
características físicas e morais específicas11.

Em 1775, o sucessor de Linnaeus, J. F. Blu-menbach, reconheceu “quatro


variedades da hu-manidade”:
1) Europeu, Asiático do Leste, e parte de América do Norte;
2) Australiano;
3) Africano;
4) Restantes do novo mundo.

A visão de Blumenbach continuou a evo-luir e, em 1795, deu origem a cinco


variedades
— Caucasiano, Mongol, Etíope, Americano e Malaio —, diferindo do agrupamento
anterior, onde os esquimós passaram a ser classificados com os Asiáticos do
Leste11.
Em 1916, Marvin Harris descreveu a teoria da hipodescendência, útil na
classificação de um indivíduo produto do cruzamento de duas ra-ças diferentes.
Nessa teoria, a criança fruto des-te cruzamento pertenceria à raça biológica ou
socialmente inferior: “o cruzamento entre um branco e um índio é um índio; o
cruzamento entre um branco e um negro é um negro; o cru-zamento entre um
branco e um hindu é um hin-du; e o cruzamento entre alguém de raça euro-peia e
um judeu é um judeu”. Em alguns países, uma regra de 1/8 ou 1/16 foi estabelecida
a fim determinar a identidade racial apropriada de in-divíduos oriundos de mistura de
raças. Sob essas regras, se o indivíduo for, pelas linhas da descen-dência, 1/8 ou
somente 1/16 de negro (preto uniforme), o indivíduo é também negro11.

EXISTE DIFERENÇA ENTRE OS TERMOS “RAÇA” E “ETNIA”?

O termo raça tem uma variedade de defini-ções geralmente utilizadas para


descrever um grupo de pessoas que compartilham certas ca-racterísticas
morfológicas. A maioria dos auto-res tem conhecimento de que raça é um termo não
científico que somente pode ter significa-do biológico quando o ser se apresenta
homo-gêneo, estritamente puro; como em algumas espécies de animais domésticos.
Essas condições, no entanto, nunca são encontradas em se-
res humanos13. O genoma humano é composto de 25 mil
genes. As diferenças mais aparentes (cor da pele, textura
dos cabelos, formato do nariz) são determinadas por um grupo insigni-ficante de
genes. As diferenças entre um negro africano e um branco nórdico compreendem
apenas 0,005% do genoma humano. Há um amplo consenso entre antropólogos e
geneti-cistas humanos de que, do ponto de vista bio-lógico, raças humanas não
existem1.
Historicamente, a palavra etnia significa “gentio”, proveniente do adjetivo grego
ethni-kos. O adjetivo se deriva do substantivo ethnos, que significa gente ou nação
estrangeira. É um conceito polivalente, que constrói a identidade de um indivíduo
resumida em: parentesco, reli-gião, língua, território compartilhado e naciona-lidade,
além da aparência física4,9.

FIGURA 1 - Índia da etnia Xicrin, língua Kaiapó da família linguística Jê, habitante do
Rio Bacajá, afluente do Xingu-Pará. Uma das características culturais dessa etnia é
o dom da oratória entre os homens. Os cabelos são raspados na parte central e a
pintura é usada pelas mulheres e crianças.

No Brasil, os povos indígenas constituem uma identidade racial. Entretanto,


em razão das diferentes características socioculturais, os grupos são definidos por
etnia. Como exem-plos, no estado do Amazonas, aonde vivem mais de 80.000
índios, existem 65 etnias indí-genas5. Apesar do conceito de raça estar muitas
vezes associado ao de etnia, os termos não são sinônimos. Enquanto raça engloba
característi-cas fenotípicas, como a cor da pele, a etnia tam-bém compreende
fatores culturais, como a na-cionalidade, afiliação tribal, religião, língua e as
tradições de um determinado grupo (Fig. 1)8.

AS CATEGORIAS RACIAIS SÃO ATRIBUÍDAS CORRETAMENTE?

Uma das mais conhecidas classificações para se coletar dados sobre raça é a
do órgão norte-americano OMB (Office of Management and Budget) cuja diretriz n°
15, desenvolvida nos anos 70 do século passado, padroniza dados re-ferentes a
categorias raciais e étnicas3.
O censo norte-americano do ano 2.000 expan-diu as categorias raciais para
cinco: índios america-nos ou nativos do Alaska, brancos, pretos ou afro-americanos,
nativos havaianos, e asiáticos3.
No Brasil, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), o
censo demo-gráfico do ano 2.000 investigou a raça ou cor da população brasileira
através da autoclassificação em: branco, preto, pardo, indígena ou amarelo6. Há
muito na literatura a respeito de classificações raciais; no entanto, são contraditórias
entre si.
Uma recente pesquisa comparou a exatidão da classificação de raça e etnia
através do au-torrelato do indivíduo questionado e a impres-são do questionador. Os
resultados mostraram que a percepção do questionador quanto à raça do
entrevistado era mais precisa para pretos e brancos, enquanto em relação a outras
raças, em muitos casos, os questionadores tinham dúvidas a respeito da raça do
indivíduo e a classificavam como “desconhecida”. Assim, concluiu-se que a raça
e/ou etnia do indivíduo deveria ser obti-da por autorrelato e não a partir da opinião
do questionador, pois a classificação étnico-racial foi mais precisa através da
autoqualificação2. Mui-tos estudos na Ortodontia brasileira têm tentado definir a raça
através da cor da pele, sendo fre-quentemente utilizados os termos leucodermas,
xantodermas e melanodermas. A cor da pele não determina sequer a
ancestralidade. Isso é espe-cialmente verídico nas populações brasileiras, pelo seu
alto grau de miscigenação. Estudo sobre a genética da população brasileira revelou
que 27% dos negros de uma pequena cidade mineira apresentavam uma
ancestralidade genética pre-dominantemente não africana. Enquanto isso, 87% dos
brancos brasileiros apresentam pelo menos 10% de ancestralidade africana10.

CONCLUSÕES

Raça e etnia são dois conceitos relativos a âmbitos distintos. Raça refere-se ao
âmbito biológico; referindo-se a seres humanos, é um termo que foi utilizado
historicamente para identificar categorias huma-nas socialmente definidas. As
diferenças mais co-muns referem-se à cor de pele, tipo de cabelo, con-formação
facial e cranial, ancestralidade e genéti-ca. Portanto, a cor da pele, amplamente
utilizada como característica racial, constitui apenas uma das características que
compõem uma raça. Entre-tanto, apesar do uso frequente na Ortodontia, um
conceito crescente advoga que a cor da pele não determina a ancestralidade,
principalmente nas populações brasileiras, altamente miscigenadas.
Etnia refere-se ao âmbito cultural; um gru-po étnico é uma comunidade humana
definida por afinidades linguísticas, culturais e seme-lhanças genéticas. Essas
comunidades geral-mente reclamam para si uma estrutura social, política e um
território.

Referências
1. American Anthropological Association. Statement on Race [Internet]. Arlington: American
Anthropological Association; 1998. [acesso 2010 fev 12]. Disponível em: www.aaanet.org/
stmts/racepp.htm.

2. Baker DW, Cameron KA, Feinglass J, Thompson JA, Georgas P, Foster S, et al. A system for
rapidly and accurately collecting patients race and ethnicity. Am J Public Health. 2006
Mar;96(3):532-7.

3. Bussey-Jones J, Genao I, St. George DM, Corbie-Smith G. The meaning of race: use of race
in the clinical setting. J Lab Clin Med. 2005 Oct;146(4):205-9.
4. Dein S. Race, culture and ethnicity in minority research: a critical discussion. J Cult Divers.
2006 Summer;13(2):68-75.
5. Fundação Nacional do Índio. Grupos indígenas-Amazonas [Internet]. Brasília, DF: FUNAI;
2009. [acesso 2009 jul 31]. Disponível em: www.funai.gov.br/mapas/etnia/etn_am.htm.
6. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2000 [Internet].
[acesso 2009 jul 2009].
Disponível em: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/
censo2000/populacao/censo2000_populacao.pdf
7. Jay NC. The use of race and ethnicity in medicine: lessons from the African American heart
failure trial. J Law Med Ethics. 2006 Fall;34(3):552-4.
8. Lott J. Do United States racial/ethnic categories still fit? Popul Today. 1993 Jan;21(1):6-7.
9. Meteos P. A review of name-based ethnicity classification methods and their potential in
population studies. Popul Space Place. 2007;13:243-63.
10.Parra FC, Amado RC, Lambertucci JR, Rocha J, Antunes CM, Pena SDJ. Color and genomic
ancestry in Brazilians. Proc Natl Acad Sci USA. 2003 Jan 7;100(1):177-82.
11.Silva JC Jr, organizador. Raça e etnia [internet]. Amazonas: Afroamazonas; 2005. [acesso
2009 jun 15]. Disponível em: www.movimentoafro.amazonida.com/raca_e_etnia.htm.
12.Winker MA. Race and ethnicity in medical research: requirements meet reality. J Law Med
Ethics. 2006;34(3):520-5.
13.Witzig R. The medicalization of race: scientific legitimation of a flawed social construct. Ann
Intern Med.
1996;125(8):675-9.

 SUGESTÕES DE FILMES:

AMISTAD (1997) - cultura afro


O CORCUNDA DE NOTREDAME - intolerância religiosa
MISSISIPI EM CHAMAS - intolerância

 SUGESTÕES DE VÍDEOS:

A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL ESTÁ INTIMIMAMANTE LIGADA AO


RACISMO - TEMPO: 2:12:
https://www.youtube.com/watch?v=SsVL9564cGw

A PONTE (intolerância x flexibilidade) - TEMPO: 2:45:


https://www.youtube.com/watch?v=9vvV3O3Oqm0

TOLERÂNCIA - música de Jane Siqueira - TEMPO: 2:33


https://www.youtube.com/watch?v=XkxoX_r8pAE

TOLERANCIA Y RESPETO.WMV - TEMPO: 3:02:


https://www.youtube.com/watch?v=SGwEp4Sm3w8

CASAL DE BABALORIXÁ E EVANGÉLICA DÁ LIÇÃO DE TOLERÂNCIA


RELIGIOSA - TEMPO: 2:59:
https://www.youtube.com/watch?v=p5wQTdIbwRE
EDUAÇÃO E TOLERÂNCIA - TEMPO: 5:08
https://www.youtube.com/watch?v=uNhJiP5dgFU

PRECE DA TOLERANCIA (Autor Voltaire) - TEMPO: 2:27


https://www.youtube.com/watch?v=Tq77HQcmrkE

LÍNGUA PORTUGUESA:

 SUGESTÕES DE ATIVIDADES:

Projeto Educação Étnico-racial


Língua Portuguesa

Tópico 5: Produção Textual

 O professor deverá proporcionar aos discentes leituras que envolvam a temática,


incentivando-os, a partir de discussões e debates, a produzirem textos de
diferentes gêneros textuais.

 As produções textuais dos discentes poderão ser copiladas em coletâneas de


textos (tais coletâneas serão produzidas pelos alunos e professores), as quais
serão apresentadas à comunidade escolar numa Tarde de Autógrafos 1, no mês
da culminância.

 Para incentivar os debates e a produção textual sugerimos as leituras:

 Alguns autores da literatura afro-brasileira:

1
Sugestão
 Akins Kinter
 Antonieta
 Carolina Maria de Jesus
 Caverinha (Moçambique)
 Conceição Evaristo
 Cristiane Sobral ( poeta contemporânea)
 Cruz e Souza
 Elisa Lucinda
 Lima Barreto
 Luiz Gama
 Machado de Assis
 Maria Firmina dos Reis
 Noêmia de Sousa (Moçambique)
 Paulo Barreto ( João do Rio)
 Paulo Lins
 Preto Ghoz ( Sociedade de Código Barra)
 Solano Trindade
 Stela do Patrocínio

 Alguns poemas da literatura afro-brasileira:

 FAVELÁFRICA

Certa noite ouvi gritos, estridente e dolorosos


Os gritos eram de tamanha dor,e tortura
Que eu me aproximei, Daquela triste e bela mulher
negra, e perguntei o que havia

Ela cheia de dor magua e tristeza


Respondia:
Lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele
Não compreendendo eu perguntei ele quem? Ele quem?
Melancolicamente ela Abradava

O ensano genocida,carasco afanador de vidas vai levar meus


filhos inocentes por esses mares em tristes correntes
castigo sangue porões pelourinho chibata grilhões
Filho do odio parasita ospedeiro filho do mal
chakal condutor do pesadelo
Lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele, lá vem ele
E ainda sem compreeder novamente perguntei
Mas ele quem? Ele quem? Ele quem? Ele quem?

A mãe africa arduamente incansavelmente respondia


O chakal carniceiro abutre bandido do estrangeiro
Destruindo nossos filhos simplesmente por dinheiro
Ele é! O NAVIO NEGREIRO

Reflito e sinto pena, daquela preta ingênua


Que aceita ser chamada, de mulata ou morena
Valença, valença, valei-me meu grande Deus, de tanta inconsciência
Porque ela se esqueceu, do tapa na cara, a dor da chibata

O tronco a senzala
Na boca amordassa, da preta Anastácia
Chefe Ganga Zumba, Zumbi e Dandara
O racismo não passa, é tudo fachada
É jogada armada
É tapa na cara, da nossa raça
O corpo na vala, a rota que passa, polícia que mata
Mais um preto arrasta, o capitão lá da mata
Do branco a risada, racista piada

É mesmo uma praga,Pra mim isso basta,


tô pegando minhas facas
Minha língua é navalha, palavra que rasga
E fogo que se alastra, deflagra e conflagra
Mas não quero só fala, eu parto para prática

Olha lá no templo o irmão desiludido


Louco muito louco por um pouco de alívio
Sacaram de uma sacola era esmola era o dízimo
Fogueira fumaça carvão, forca fogo a inquisição

Católica religião, demagogia preconceito


Eu vejo o desrespeito simplismente eu não aceito
Miscigenação forçada, mãe África estuprada
Nunca descobridores, invasores só canalha
Torturaram minhas raízes e nos deram as marquises
Agora surgi o revide,o Gato Preto lhe agride

O guerreiro vai atacar, yalorixá yoruba


Keto e nação banto, nago povo africano
Nos roubaram a riqueza, a beleza a nobreza
A terra a natureza, desimaram a realeza

Arquitetura, estrutura, medicina e cultura


Diamantes agricultura, e todo poder de cura
Na minha religião,a inquisição e tortura
O ataque o massacre, o abate os combate

As brigas as intrigas na Serra da barriga


Negros combatentes luzitanos covardes
A trincheira tá armada a arena e palmares
Católica covarde, com o apoio do padre

Resultado do pecado, esticado lá na esquina


Pro negro só chacina, nos roubaram a auto estima
Ter cabelo crespo, e vergonha pra menina
So somos lembrado, no pesado ou na faxina

LUTHER KING, ZUMBI, MARIGHELA,malcon X,


E NELSON MANDELA
O POVO PRETO AVANTE NA GUERRA
SABOTAGE E JR ABUJAMAL E DONISETE

Eu quero a parte que nos cabe, eu quero a parte que nos cabe
eu quero a parte que nos cabe
e o reparo dos masagres

Dr Rui Barbosa de mente majestosa ação mediculosa


pra mim foi criminosa
Fogo nos documentos fogo em toda prova
fogo na minha vida fogo na minha história

Devastaram o império, saquiaram o minério


Era a peste branca, apoiada pelo clero
Mais eu quero, quero, e espero, sigo reto meu critério
Porque?
Chicote rasgou corpo, sangue rolou no rosto
O carrasco achou pouco, era sangue de um porco
Assim ele dezia,o chicote, chibata descia

O irmão traidor, me persegue no asfalto


Hoje quatro rodas, mas ontem cavalo
Hoje é polícia, ontem capitão do mato
Fato do meu passado, não me faço de rogado

Conheço, reconheço, muito bem todos esses fatos


Não me sinto derrotado, vou além conquisto espaço
o Preto não é aceito,é simplesmente tolerado
Quero a parte no meu prato, do bolo meu pedaço

Patroa muito boa, falsa como um dragrão


escraviza "Seu" João
Se gosta da Maria, de vassoura na mão
No tanque lava roupa, e a barriga no fogão
Uma falsa dialética de forma sintética

Ausência de ética, falando em estética


Negro marcado, intitulado plebeu
A África não vale, só padrão europeu
Diz que o branco é bonito,o feio aqui sou eu

O Professor me fale, dos meus líderes,meus martires


Chega de contrastes, ascenção sociedade
Quero a parte que me cabe educação e faculdade
Não quero as calçadas, eu preciso é de aulas
Trabalho informação, não um copo de cachaça
O tolo quer maconha, eu prefiro um diploma
Informado, doutorado, diplomado,e graduado
Igual a Milton Santos, foi lá no passado

Eu Parto pro debate, digo não à todas grades


Incentivo o ataque, agrupamento pro combate
Quero reparação, por todo massacre
E se eu sou oitenta, cota oitenta pra minha classe

E pra você ouvir, eu vou lhe repetir


Quero a parte que me cabe, quero a parte que me cabe
Eu quero a parte que me cabe e o reparo dos masacres

Eles querem guerra eu quero é paz


mas se quer eu quero é mais defender meus ancestrais
e por isso corro atras gato preto é sagaz
bola plano eficaz destruindo os capatais
porque?
Criaram novos termos, camuflando o preconceito
Fingindo encobrindo, o desastre que causou

Pretinho, moreninho, mulato homem de cor


Não aceito eu sou negro, eu sou afro-brasileiro
Herdeiros de Zumbi, eu também sou guerreiro
Cartola, Mandela, Portela, Marcos Garvei, Marighela

Revolta da Chibata a Revolta dos Malés


Desmontutu minha nação gege
Meu black, minhas tranças, Referencia pras crianças
Minhas tranças, o meu black, Referencia pros moleques
Candomblé, capoeira, feijoada caseira
Foi mãe africa quem criou
Besteira muita asneira, o livro já falou
Princesa Isabel,PUTA ,
nunca libertou.

( Gato preto; grupo a família)

De mãe

O cuidado de minha poesia


aprendi foi de mãe,
mulher de pôr reparo nas coisas,
e de assuntar a vida.

A brandura de minha fala


na violência de meus ditos
ganhei de mãe,
mulher prenhe de dizeres,
fecundados na boca do mundo.

Foi de mãe todo o meu tesouro


veio dela todo o meu ganho
mulher sapiência, yabá,
do fogo tirava água
do pranto criava consolo.

Foi de mãe esse meio riso


dado para esconder
alegria inteira
e essa fé desconfiada,
pois, quando se anda descalço
cada dedo olha a estrada.

Foi mãe que me descegou


para os cantos milagreiros da vida
apontando-me o fogo disfarçado
em cinzas e a agulha do
tempo movendo no palheiro.

Foi mãe que me fez sentir


as flores amassadas
debaixo das pedras
os corpos vazios
rente às calçadas
e me ensinou,
insisto, foi ela
a fazer da palavra
artifício
arte e ofício
do meu canto
da minha fala.

Conceição Evaristo, no livro “Poemas da recordação e outros movimentos”. Belo


Horizonte: Nandyala, 2008.

Do fogo que em mim arde

Sim, eu trago o fogo,


o outro,
não aquele que te apraz.
Ele queima sim,
é chama voraz
que derrete o bivo de teu pincel
incendiando até ás cinzas
O desejo-desenho que fazes de mim.
Sim, eu trago o fogo,
o outro,
aquele que me faz,
e que molda a dura pena
de minha escrita.
é este o fogo,
o meu, o que me arde
e cunha a minha face
na letra desenho
do auto-retrato meu.

Conceição Evaristo, no livro “Poemas da recordação e outros movimentos”. Belo


Horizonte: Nandyala, 2008.

As informações a seguir estão presentes nesse link:


https://atividadesparaprofessores.com.br/menina-bonita-do-laco-de-fita-sequencia-didatica/

Menina Bonita do Laço de Fita


Sequência Didática

Esse livro pode ser trabalhado em todas as séries especialmente no ensino infantil e
fundamental I. Além de envolver discussões que envolvem a autoestima, pode
combater preconceitos e estereótipos cristalizados na sala de aula.

Menina Bonita do Laço de Fita: Sequência Didática

Menina Bonita do Laço de Fita


Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem
negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com
laços de fita coloridas. Ela ficava parecendo uma princesa das terras da África, ou
uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso
sempre tremelicando.
O coelho achava a menina a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
– Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela…
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
– Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
– Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina…
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela. Ficou bem
negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou
branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
– Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
– Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda
fazendo xixi. Mas não ficou nada preto.
– Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
– Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir
sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo
feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
– Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e… Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada,
quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
– Artes de uma avó preta que ela tinha…
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar
mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios,
os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que
procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite,
que achava aquele coelho branco uma graça.

Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando
desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco,
branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha.
Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém
que perguntava:
– Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
– Conselhos da mãe da minha madrinha…

Livro de Ana Maria Machado

Análise do Texto – Para o Professor(a)

 Por meio desta obra pequena em sua extensão, mas vasta em sensibilidade,
podemos claramente perceber questões sociais como aceitabilidade,
discriminação, padrões de beleza, autoestima da criança negra, etc.
 Além de descontextualizar aspectos negativos, o livro nos mostra que com
persistência e com um objetivo, somos capazes de realizar coisas que muitas
vezes julgamos impossíveis e incapazes.
 A autora deixa transparecer a mensagem de que a cor da pele é resultante da
descendência familiar e que a beleza não está no ser “preto” ou “branco”, mas
sim na essência das pessoas, que merecem ser respeitadas mesmo com
suas diferenças.
 Estrutura da obra:
• Apresenta narrador em terceira pessoa;
•Tempo cronológico, segue uma ordem;
• O espaço é social (casa, rua);
 Apresenta características de fábula: tempo indeterminado, repetição,
predominância de personagens que desempenham funções no grupo ( mãe,
filha) e padrão espiritual (coelho sonhador), convivência natural do real com o
fantástico;
 Emprego de palavras e/ou expressões que valorizam e exaltam a imagem da
menina negra.

Análise das personagens

Menina Bonita: personagem que desempenha o papel de protagonista, representa o


modelo crítico e seu nível de personalidade é ego.
Coelho Branco: personagem secundária, seu nível de personalidade é id.
Mãe da menina: personagem secundária, seu nível de personalidade é ego.

SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA TRABALHAR COM O LIVRO MENINA


BONITA DO LAÇO DE FITA

PROJETO: LIVRO MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA


ÁREA DE CONHECIMENTO: Língua Portuguesa
OBJETO DE ESTUDO: Diversidade Étnico-Cultural Brasileira Ensino Infantil ao
Fundamental.
INTRODUÇÃO: Desenvolvimento do tema da diversidade, não somente com o
objetivo de apresentar aos alunos a riqueza da diversidade étnico-cultural brasileira,
contribuindo para que as crianças se apropriem de valores como o respeito a si
próprias e ao outro, mas também com o objetivo de elevar a autoestima do aluno
negro. A sugestão é que as atividades sejam desenvolvidas durante um período
mínimo de cinco dias, (lembrando que essa sugestão de aulas não poderá ocorrer
num dia só) no decorrer dos quais o professor irá:

1. Apresentar a história à classe, contando-a, sem mostrar o livro.

2. Pedir às crianças que deem um título (um nome) à história ouvida, escrevendo na
lousa as sugestões apresentadas.

3. Contar que quem escreveu a história foi Ana Maria Machado, uma escritora
brasileira que escreve livros para crianças, principalmente. Se o(a) professor(a) já
tiver lido para a classe outros livros da autora, relembrar o fato aos alunos, se
possível, mostrando-os.

4. Dizer o título do livro: “Menina bonita do laço de fita” e comparar com os nomes
apresentados pelos alunos na atividade perguntando a eles se gostaram mais do
nome escolhido por eles próprios ou o escolhido pela autora; mostrar às crianças
que nem sempre temos a mesma opinião sobre um mesmo fato ou situação e que o
importante é que aprendamos a respeitar todas as opiniões; comentar os nomes
escolhidos pelos alunos, na medida em que se afastam ou se aproximam do nome
original da história.

5. Mostrar a capa do livro aos alunos. “Ler” a imagem da capa com eles, fazendo
perguntas sobre a ilustração: a cor da pele da menina, do coelho, o cabelo da
menina (quem usa cabelo assim? é difícil fazer um penteado como esse? leva muito
tempo?). Destacar o olhar apaixonado, pensativo-sonhador do coelho. Pedir aos
alunos que mostrem o que mais na ilustração indica que o coelho está apaixonado.
Dizer o nome do ilustrador e falar sobre a importância da ilustração na leitura.

6. Ler o livro para os alunos, agora parando em cada página, mostrando as imagens
e destacando as palavras e expressões que valorizam a menina, que a retratam
como bela: “Era uma vez uma menina linda, linda. Os olhos dela pareciam duas
azeitonas, daquelas bem brilhantes. Os cabelos eram enroladinhos e bem negros,
feitos fiapos da noite. A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra
quando pula na chuva.”. Os adjetivos e comparações usados pela autora vão além
de aguçar a imaginação infantil (olhos = duas azeitonas daquelas bem brilhantes;
cabelos = fiapos da noite; pele = pelo da pantera negra quando pula na chuva); eles
evocam uma imagem positiva da menina, valorizando nela aspectos como cabelo e
cor de pele, que normalmente são “maquiados”, escondidos, quando a personagem
é negra. A beleza natural da menina ganha enfeites que reforçam seu encanto,
dando a ela ares de personagem de contos de fadas, pois: “Ainda por cima, a mãe
gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laço de fita colorida. Ela
ficava parecendo uma princesa das Terras da África, ou uma fada do Reino do
Luar”.

Esses dois trechos contribuem para que, ao imaginário infantil a menina seja
apresentada como uma bela princesa de contos de fadas, o que é extremamente
positivo e eleva a autoestima da criança, que se identificará com a heroína.
Perguntar aos alunos se eles têm uma ideia do porquê do coelho querer ter a cor de
pele da menina. Será que ele não está satisfeito com a própria cor? Comentar com
as crianças as respostas dadas.

É importante que o (a) professor (a) destaque que além de muito bonita, essa
heroína é também muito esperta e criativa, pois mesmo não sabendo responder às
perguntas do coelho, sempre tem uma solução para que ele se torne da cor
desejada: cair na tinta preta, tomar muito café, comer muita jabuticaba…

Antes de ler o trecho que fala da intervenção da mãe no diálogo entre a menina e o
coelho, perguntar se alguém lembra como era a mãe da garota.

Comparar o texto escrito (“uma mulata linda e risonha”) e a ilustração da mãe que é
a de uma linda moça, moderna, bem vestida e arrumada (enfeitada, pintada, cabelos
penteados), o que também contribui para que a classe forme uma imagem estética
positiva da mulher negra.
7. Aproveitar a descoberta do coelho (“a gente se parece sempre é com os pais, os
tios, os avós e até com os parentes tortos”) e perguntar aos alunos com quem eles
acham que se parecem. Essa atividade pode desdobrar-se em outras, por exemplo:

a) as crianças podem entrevistar os pais para saberem com quem se parecem e


apresentar os resultados da pesquisa oralmente (Por exemplo, dizendo frases como:
Minha mãe diz que meus olhos são parecidos com os dela, mas que meus cabelos e
minha boca se parecem com os da minha avó.);

b) os alunos podem levar fotografias de parentes (pais, avós, tios, irmãos, por
exemplo); atrás de cada foto deve constar o nome da criança que a trouxe; os
alunos dividem-se em grupos de quatro. As fotos de cada grupo são empilhadas,
com a frente para cima; os alunos tiram a sorte para ver quem começa jogando, o
primeiro pega a primeira foto e tenta adivinhar quem a trouxe, observando as
semelhanças entre as fotos e os colegas de grupo; se foi ele mesmo quem trouxe a
foto, deve embaralhar a pilha, para que a fotografia saia do primeiro lugar; enquanto
for acertando, o jogador continuará jogando. Ganhará o jogo quem tiver acertado
mais. Ao final, as crianças devem contar aos colegas de grupo quem são as
pessoas que estão nas fotos.

Terminada a brincadeira, o (a) professor(a) colocará para a turma a seguinte


questão:

 Somos parecidos com as pessoas da nossa família?


 O coelho branco estava certo em suas conclusões?

8. Pedir às crianças que desenhem:

a) a menina do laço de fita e a mãe;


b) o coelho e sua nova família;
c) suas famílias.

9. Organizar uma roda de conversas. Reler o trecho: “O coelho achava a menina a


pessoa mais linda que ele tinha visto em toda a vida. E pensava: – Ah, quando eu
casar quero ter uma filhinha pretinha e linda que nem ela.” Questionar: O que é ser
bonito? Como uma pessoa deve ser para ser bonita? Provavelmente surgirão
respostas diferentes umas das outras. Retomar o que foi dito na atividade nº 4 e
mostrar às crianças que nem sempre temos a mesma opinião sobre um assunto e
que isso é muito bom, pois o mundo seria muito aborrecido se todos pensassem do
mesmo jeito e se, por exemplo, só existisse um único modelo de beleza. Destacar
que o importante é respeitar as diferenças. Conversar com a classe sobre os
padrões de beleza existentes em “Menina bonita”.

10. Mostrar, num mapa-múndi, os cinco continentes – a América, a Europa, a Ásia, a


África e a Oceania, ressaltando que eles são divididos em países, cada um com
seus costumes e tradições, suas festas, músicas e danças, suas religiões e seu jeito
de ser, pois ninguém é igual a ninguém e é isso que dá graça à vida.

11. Conversar com as crianças sobre as “famílias” (povos) que formam o Brasil: os
índios, o negro, o colonizador europeu, os imigrantes italianos, japoneses, árabes,
judeus etc. Explicar que esses povos foram se cruzando, para formar a grande
família brasileira, que tem as características de suas origens. Lembrar aqui as
contribuições desses povos nas festas, na música, na culinária, nas histórias etc.

12. Retomar a atividade 10 e complementá-la, destacando a importância do respeito


à diversidade étnico-cultural que compõe o Brasil.

Essas são algumas sugestões, apenas.

Lembrete: O professor deve assumir uma postura de combate a todas as formas de


discriminação e preconceito, valorizando as diferentes etnias que constituem o Brasil
e que, de certa forma, estão representadas nas crianças que compõem uma sala de
aula na Educação.

Para finalizar, um destaque: para assumir o compromisso de trabalhar a diversidade


cultural e étnica na Educação Infantil ou Ensino Fundamental, o professor precisa ter
segurança quanto ao que será desenvolvido. Um caminho para isso é a reflexão
conjunta dos professores nas reuniões pedagógicas, procurando respostas a
indagações como:
 Sou preconceituoso?
 Já vivi situações de discriminação ou preconceito?
 E, tratando-se da etnia negra: O que sei sobre o continente africano?
 O que sei sobre as condições dos africanos escravizados no Brasil?
 O que sei sobre suas lutas de resistência, seus heróis, suas histórias?
 Conheço a história de Zumbi?
 Sei sobre a influência que os africanos escravizados tiveram na formação da
identidade brasileira, nas religiões, festas, cantigas, danças, culinária e,
principalmente, histórias que contribuem para ampliar o repertório e povoar o
imaginário das crianças com representações positivas do negro?

Essa sequência didática pode ser aplicada a outras obras que versam sobre a
temática.

Formadoras de Língua Portuguesa/ SEDUC:


Maria Sirleidy de Lima Cordeiro
Sílvia Jussara Barbosa dos Santos Domingos.
HISTÓRIA:

 SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS:

A HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA- LEIS 10639/09/01/03


E 11645/10/03/08

AS DIRETRIZES NACIONAIS PARA UMA EDUCAÇÃO DAS RELAÇOES ETNICO-


RACIAIS

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9.394/96 – foi


modificada em 2003 pela Lei 10.639/03, e trata da obrigatoriedade do ensino da
história e cultura afro-brasileira e africana no currículo para todos os sistemas e
modalidades de ensino do País. Além disso, a Lei torna a data de 20 de novembro –
o Dia da Consciência Negra – uma data comemorativa nas escolas. Estas
alterações da LDB são resultados de um longo processo, protagonizado por
organizações do movimento negro, que na história da política educacional brasileira,
apontaram a relevância de uma educação racialmente inclusiva. O texto atual da
LDB inaugura um novo momento da educação no Brasil e aprofunda o processo já
iniciado nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN/MEC, que previa o tema
transversal Pluralidade Cultural. Por um lado, isso contribuiu para que as
autoridades educacionais, nos três níveis de governo, e as instituições de ensino,
passassem a tomar iniciativas de um modo mais efetivo do que o verificado na
vigência do PCN. Por outro lado, deu maior respaldo para a continuidade das ações
das organizações da sociedade civil, particularmente as do movimento negro, já
engajadas, sistematicamente, no combate ao racismo na educação, há quase três
décadas. O Conselho Nacional de Educação – CNE emitiu, em março de 2004, o
Parecer CNE/CP 3/2004 e em junho, daquele mesmo ano, aprovou a Resolução Nº
1/2004 contendo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação dasRelações
Étnicas Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Por
esses dois documentos, professores/as e outros/as profissionais de educação,
pais/mães, alunos/as, conselhos estaduais, municipais, equipes gestoras em
educação e comunidade ficam sabendo do significado e do que se pretende com o
ensino da história e cultura afrobrasileira e africana e a educação das relações
étnicorraciais.

Identificar o perfil étnicorracial dos alunos e alunas da escola. Quantas pessoas são
negras, brancas, amarelas ou indígenas. No caso das crianças e adolescentes é
muito importante conhecer e ter atualizado os dados do perfil étnicorracial, etário e
de gênero dos alunos e alunas matriculados na rede em nossas escolas.
Promover e participar de eventos e mapeamentos culturais.
As datas do calendário afro-brasileiro são oportunidades para a escola refletir
e discutir sobre as questões étnico-raciais, entre elas:

21 de março – Dia Internacional pela Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação;
25 de maio – Dia da Libertação da África;
13 de maio – Dia Nacional de Luta contra o Racismo;
25 de julho – Dia da Mulher Negra Latino-Americana e do Caribe;
28 de setembro – Lei do Ventre Livre;
20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra.

LEI 10639, 09 DE MARÇO DE 2003


Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI No 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.

Mensagem de vetoAltera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que


estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo
oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-
Brasileira", e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e


eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o A Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar acrescida dos
seguintes arts. 26-A, 79-A e 79-B:
"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e
particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo


da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra
brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição
do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados


no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística
e de Literatura e História Brasileira.
§ 3o (VETADO)".
"Art. 79-A. (VETADO)"
"Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da
Consciência Negra’."
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 9 de janeiro de 2003; 182o da Independência e 115o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 11.645, DE 10 MARÇO DE 2008.

Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639,


de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática
“História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e
eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o O art. 26-A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar


com a seguinte redação:

“Art. 26-A.Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos


e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e
indígena.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos
da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir
desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos,
a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena
brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as
suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do
Brasil.

§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos


indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em
especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.” (NR)

Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 10 de março de 2008; 187o da Independência e 120o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA


Fernando Haddad
Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.3.2008.

Qual é a finalidade das Leis 10.639/03 e a 11.645/08?

LEI 10.639/03 E O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA,


AFRICANA E INDÍGENA

ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM

A Lei 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e


africana, ressalta a importância da cultura negra na formação da sociedade
brasileira.
O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana no Brasil sempre foi lembrado
nas aulas de História com o tema da escravidão negra africana. No presente texto
pretendemos esboçar uma reflexão acerca da Lei 10.639/03, alterada pela Lei
11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e
africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o
ensino médio.

Uma primeira reflexão que devemos fazer é sobre a palavra escravo, que foi sempre
atribuída a pessoas em determinadas condições de trabalho. Portanto, a palavra
escravo não existiria sem o significado do que é o trabalho e das condições para o
trabalho.

Quando nos referimos, em sala de aula, ao escravo africano, nos equivocamos, pois
ninguém é escravo – as pessoas foram e são escravizadas. O termo escravo, além
de naturalizar essa condição às pessoas, ou seja, trazer a ideia de que ser escravo
é uma condição inerente aos seres humanos, também possui um significado
preconceituoso e pejorativo, que foi sendo construído durante a história da
humanidade. Além disso, nessa mesma visão, o negro africano aparece na condição
de escravo submisso e passivo.

A Lei 10.639/03 propõe novas diretrizes curriculares para o estudo da história e


cultura afro-brasileira e africana. Por exemplo, os professores devem ressaltar em
sala de aula a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade
brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-
se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros
brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.

Com a Lei 10.639/03 também foi instituído o dia Nacional da Consciência Negra (20
de novembro), em homenagem ao dia da morte do líder quilombola negro Zumbi dos
Palmares. O dia da consciência negra é marcado pela luta contra o preconceito
racial no Brasil. Sendo assim, como trabalhar com essa temática em sala de aula?
Os livros didáticos já estão quase todos adaptados com o conteúdo da Lei
10.639/03, mas, como as ferramentas que os professores podem utilizar em sala de
aula são múltiplas, podemos recorrer às iconografias (imagens), como pinturas,
fotografias e produções cinematográficas.

Uma boa indicação de material didático para abordar esse conteúdo são os
materiais intitulados A Cor da Cultura, que variam entre livros animados, entrevistas,
artigos, notícias e documentários, disponíveis em http://www.acordacultura.org.br/–
material importante que ressalta a diversidade cultural da sociedade brasileira.

Outro importante material sobre a história da África, o qual os professores poderão


utilizar como suporte teórico para a compreensão da diversidade étnica que constitui
o continente africano, é a coleção História Geral da África, que tem
aproximadamente dez mil páginas, distribuídas em oito volumes. Criada e reeditada
por iniciativa da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO), a coleção aborda desde a pré-história do continente africano até os
anos 1980, e está disponível para download gratuito em
http://www.dominiopublico.gov.br.

O ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, após a aprovação da Lei


10.639/03, fez-se necessário para garantir uma ressignificação e valorização cultural
das matrizes africanas que formam a diversidade cultural brasileira. Portanto, os
professores exercem importante papel no processo da luta contra o preconceito e a
discriminação racial no Brasil.

Leandro Carvalho

Mestre em História
GEOGRAFIA:

 SUGESTÕES BIBLIOGRÁFICAS:

Orientações e Ações para a Educação Étnico-Racial

Os rituais pedagógicos escolares são procedimentos que realmente objetivem o


desenvolvimento de relações respeitosas entre os sujeitos do processo educativo,
contribuindo para a desconstrução de estereótipos e preconceitos para desfazer
equívocos históricos e culturais sobre negros e indígenas e para valorizar a
presença destes em diferentes cenários da vida brasileira.
A escola deseja se constituir democrática, respeitando a todos os segmentos da
sociedade, através de recursos adequados para o trato das questões étnico-raciais,
como o acervo da biblioteca compatível, folhetos, gravuras e outros materiais:
videoteca (com filmes que abordem a temática), brinquedoteca (com bonecos(as)
negros(as), jogos que valorizem a cultura e decoração multiétnica. Um espaço
privilegiado de inclusão, reconhecimento e combate as relações preconceituosas e
discriminatórias. O professor é o mediador do objeto da aprendizagem, no caso os
conteúdos da história e cultura afro-brasileira e africana, bem como a educação das
relações étnicos-raciais, sendo assim o aluno vive e convive em situação de
igualdade com pessoas de todas as etnias, vendo a história do seu povo resgatada
e respeitada.

Fundamentar a prática escolar diária direcionando-a para uma educação anti-


racista é um caminho que se tem a percorrer. Nesse caminhar, podemos identificar
alguns pontos básicos que poderão fazer parte das reflexões/ações no cotidiano
escolar, no sentido de tratar pedagogicamente a diversidade racial, visualizando com
dignidade o povo negro e toda a sociedade brasileira:

A) A questão racial como conteúdo multidisciplinar durante o ano letivo, como


proposta de trabalho incluído nos projetos e unidades de estudo ao longo do ano
letivo.

B) Reconhecer e valorizar as contribuições do povo negro (cultura afro-brasileira) ,


visualizá-la com consciência, enfatizando suas contribuições sociais, econômicas,
culturais, políticas, intelectuais, experiências, estratégias e valores. Banalizar a
cultura negra, estudando tão somente aspectos relativos a seus costumes,
alimentação, vestimenta ou rituais festivos sem contextualizá-la, é um procedimento
a ser evitado.

C) Abordar as situações de diversidade étnico-racial e a vida cotidiana nas salas de


aula. Tratar as questões raciais no ambiente escolar de forma simplificada em
algumas áreas, ou em uma disciplina, etapa determinada ou dia escolhido, não é a
melhor estratégia para levar os alunos aos posicionamentos de ação reflexiva e
crítica da realidade em que estão inseridos. Na contextualização das situações, eles
aprenderão conceitos, analisarão fatos e poderão se capacitar para intervir na sua
realidade para transformá-la.

D) Combater as posturas etnocêntricas para a desconstrução de estereótipos e


preconceitos atribuídos ao grupo negro. A aprendizagem de conceitos constitui
elemento fundamental de aprendizagem, por meio deles interpretamos e interagimos
com as realidades que nos cercam, o que pode valorizar bastante a fomentação de
uma problematização das práticas sociais para a sensibilização de um olhar crítico
diante da realidade .

E) Incorporar como conteúdo do currículo escolar a história e cultura do povo


indígena e negro, bem como a dos outros grupos sociais oprimidos e toda a
trajetória de luta, opressão e marginalização sofrida por eles. Os alunos
compreenderão melhor os porquês das condições de vida dessas populações e a
correlação entre estas e o racismo presente em nossa sociedade. As situações de
desigualdades deverão ser ponto de reflexão para todos e não somente para o
grupo discriminado, condição básica para o estabelecimento de relações humanas
mais fraternas e solidárias .

F) Recusar o uso de material pedagógico contendo imagens estereotipadas do


negro, como postura pedagógica voltada à desconstrução de atitudes
preconceituosas e discriminatórias, pautando a prática escolar no reconhecimento,
aceitação e respeito à diversidade racial, para o fortalecimento da auto-estima e do
orgulho ao pertencimento racial dos alunos. Deve a instituição de ensino promover o
nível de reflexão de seus educadores, instrumentalizando-os no sentido de fazer
uma leitura crítica do material didático, paradidático, ou qualquer produção escolar.

G) Construir coletivamente alternativas pedagógicas com suporte de recursos


didáticos adequados, uma empreitada para a comunidade escolar: direção,
coordenação, professores, bibliotecários, pessoal de apoio, grupos sociais e
instituições educacionais.

Referência:

BRASIL.MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria da Educação Continuada,


Alfabetização e Diversidade. Orientações e Ações para a Educação das Relações
Étnicos-Raciais, Brasília: SECAD, 2006.
A ÁFRICA ESTÁ EM NÓS - COLEÇÃO COLEÇÃO HISTÓRIA E CULTURA AFRO-
BRASILEIRA
ROBERTO BENJAMIN - EDITORA GRAFISET
JOÃO PESSOA - 2004
A história e a cultura dos povos africanos são, efetivamente, parte da
história do Brasil, tal como a história dos nossos indígenas e a dos
colonizadores europeus, esta última sempre privilegiada pela escola
brasileira. Conhecer nossas heranças, as origens dos nossos
costumes e tradições, é uma forma de nos conhecermos e sabermos
quem somos e de onde viemos. Pensando em você, escrevemos
este livro com informações sobre as semelhanças e diferenças entre
crianças de várias partes do mundo; conversamos a respeito dos
direitos e das responsabilidades das crianças e adultos, e, ainda,
sobre a nossa identidade de brasileiros. Divirta-se com os textos,
com os jogos e brincadeiras; explore mapas, fotografias e desenhos
e conheça melhor a nossa história, a sua história.

CADERNO DO TEMPO - PROFESSORAS E PROFESSORES INDÍGENAS DE


PERNAMBUCO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - SECAD/ CENTRO DE CULTURA


LUIZ FREIRE
BELO HORIZONTE-2006

O livro apresenta as comunidades indígenas do estado de


Pernambuco e sua identidade étnica e suas relações com a
educação e a concepção de escola.
Disponível para download em: http://cclf.org.br/wp-
content/uploads/publicacoes/caderno-do-tempo.pdf

CANÇÃO DOS POVOS AFRICANOS

FERNANDO PAIXÃO - EDITORA IMEPH


FORTALEZA - 2010
O livro narra uma história que pertence ao folclore africano. São
muitas as lendas, contos e canções criadas pelos povos africanos,
cujos conteúdos são belos e educativos.
Disponível em :
https://pt.slideshare.net/EdnaSantos3/cano-dos-povos-africanos
*Livro integrante do Projeto Juntos no Mundo Literário
DESIGUALDADES DE GÊNERO, RAÇA E ETNIA

ANA PAULA COMIN DE CARVALHO (et tal.) -


EDITORA INTERSABERES
CURITIBA/2012

A obra aprofunda a discussão sobre as desigualdades de gênero,


raça e etnia. O tema é complexo e atual, e neste livro o leitor
encontra reflexões sobre crenças preconceituosas, ações
discriminatórias, rotulações pejorativas e condutas excludentes. Por
fim, são abordadas as formas de combate às desigualdades sociais.

DIREITOS HUMANOS E PRÁTICAS DE RACISMO

IVAIR AUGUSTO ALVES DOS SANTOS/ EDIÇÕES


CÂMARA
BRASÍLIA - 2013
Ivair Augusto Alves dos Santos analisa a persistência de violação
dos direitos humanos sob o olhar das práticas e situações de
racismo envolvendo diversos grupos/segmentos da população
negra. Discute as dificuldades de reconhecimento, proteção e
promoção dos direitos humanos, em relação à população negra.

Disponível em:
http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/13516/direitos
_humanos_santos.pdf?sequence=2

ESTÓRIAS QUILOMBOLAS

GLÓRIA MOURA/ MEC-SECAD


BRASÍLIA - 2010
Estórias Quilombolas organiza um conjunto de narrativas coletadas
em quilombos de diversas regiões brasileiras, nos dias de hoje.

Disponível em:
http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/estorias_quilo
mbola_miolo.pdf

YOTÉ - O JOGO DA NOSSA HISTÓRIA


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - SECAD
BRASÍLIA - 2010
Yoté é um jogo de estratégia dos povos africanos. Ele pode ser
praticado por dois ou mais jogadores(as) e é encontrado em vários
países da África Ocidental, tais como Senegal, Guiné e Gâmbia.
Constitui-se em um material didático que busca resgatar a história
dos afro-brasileiros, demonstrando sua importante contribuição nos
diversos setores da nossa sociedade e se destina a todas as
crianças.
Disponível em:
http://etnicoracial.mec.gov.br/images/pdf/publicacoes/yote_professo
r_miolo.pdf

TEXTO - 01

O que afasta as crianças e adolescentes negros da escola?

Autor: Juliana Gonçalves

Além das vulnerabilidades sociais, a discriminação racial e falta de diálogo com o


repertório da cultura negra colaboram para a evasão escolar

Do sexo masculino, jovem, negro e pobre. Esse é o perfil típico de um adolescente


fora da escola. Pesquisas demonstram que uma das principais barreiras
socioculturais enfrentadas por meninas e meninos brasileiros é a discriminação
racial. Ao contabilizar todas as idades, fica nítida a desvantagem dos negros em
relação à população branca no acesso, mas, principalmente, na permanência na
escola.

Ao todo, estima-se que há mais de 3,8 milhões de brasileiros entre 4 e 17 anos que
não frequentam a sala de aula, segundo informações obtidas nos microdados do
Censo Demográfico de 2010 e compiladas em um recente estudo do Unicef (1).

Números como esse, colocam o Brasil no triste pódio da terceira maior taxa (24,3%)
de abandono escolar entre os 100 países com maior IDH. De acordo com dados
coletados no ano passado pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento), 1 a cada 4 alunos que inicia o ensino fundamental no Brasil
abandona a escola antes de completar a última série.

Não é de se estranhar que neste quadro de evasão os mais excluídos da escola são
aqueles historicamente excluídos de toda a sociedade. “A pobreza influencia muito
as taxas de evasão, e a população negra e indígena são os grupos mais
vilipendiados”, afirma Miriam Maria José dos Santos, Presidente do Conselho
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente – Conanda. Miriam enxerga que
há avanços neste quadro conquistados graças aos Programas de Governos que
estão ajudando a romper o ciclo da pobreza, porém, a melhora dos últimos dez anos
nem de longe interferiu drasticamente na realidade pautada em anos de omissão.

Trabalho infantil e violência

Dados do relatório “Crianças Fora da Escola 2012”, também da Unicef, apontam


que mais de um milhão de crianças e adolescentes, entre 6 e 14 anos, encontram-se
trabalhando no Brasil, dessas 34,60% são brancas e 64,78% negras. Nesse período
de vida, o trabalho infantil é uma das principais causas do abandono escolar.

As meninas negras ainda hoje são conduzidas a repetir um padrão que tem base no
sistema escravocrata do passado. Cedo, começam a trabalhar como faxineiras nas
casas de terceiros. De acordo com dados de 2013, divulgados da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), mais de 93% das crianças e dos adolescentes
envolvidos em trabalho doméstico no Brasil são meninas negras.

Além do trabalho infantil, a violência é outro pilar que sustenta as desigualdades


raciais na educação. Apontamentos do IPEA de 2013 dão conta de que a chance de
um adolescente negro ser assassinado é 3,7 vezes maior em comparação aos
brancos(2).

O perigo de uma escola não atrativa

A maior taxa de evasão escolar está na adolescência e, apesar da pobreza e


violência criarem cenários propícios para o abandono, nenhum desses aspectos foi
apontado pelos próprios estudantes como o principal causador. Entre os 15 e 17
anos, 40% dos estudantes deixam de estudar por considerarem a escola
desinteressante. Em segundo lugar, figura o trabalho precoce, com 27% (3).

Outros apontamentos contidos no estudo da Unicef, com base em questionários


respondidos pelos dirigentes municipais de educação de todo o Brasil, revelam que
nesta mesma faixa etária, 653,1 mil adolescentes brancos não estudavam, ante 1
milhão de negros.

O índice alto de evasão desse público pode ser explicado parcialmente por um
sistema educativo que não contempla a cultura e a identidade dos estudantes
negros. “Essa escola não atrativa ao estudante em termos de conteúdo, de
recreação e de profissionais que não dialogam com a realidade precisa mudar”,
considera a presidente da Conanda, ao destacar, por exemplo, a necessidade de
pais, alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteúdo da LDB alterada pela Lei
10639/03 que versa sobre a inclusão da história e cultura negra dentro da sala de
aula.

Conselheiros Tutelares devem estar atentos ao recorte étnico-racial

O ECA deixa nítido que a escola tem a responsabilidade de reter o aluno porque
dispõe de ferramentas para localizá-lo e trazê- lo de volta. “Para isso gestores e
professores precisam realizar uma vigilância positiva, manter dialogo constante com
a família e não esperar a evasão para agir”, conta Miriam. A escola já é obrigada a
acionar o Conselho Tutelar em caso de faltas constantes e injustificadas. “A
sociedade pode ajudar por meio do Disque 100, denunciando anonimamente
crianças e jovens que não estão frequentando a escola”, sugere.

Com relação ao recorte étnico-racial, Miriam afirma que a maioria dos conselheiros
tutelares não está encaminhando demandas para os conselhos de direitos da
Secretaria de Educação que demostrem falhas nas políticas públicas direcionadas a
negros e indígenas, ou seja, muitos não estão atentos ao recorte étnico-racial
presentes nos dados de evasão.

“Quando os dados exemplificam que há exclusão de um público especifico do


ambiente escolar, isso significa que a escola não está dialogando com esse público
e o conselheiro tutelar deve levar essa percepção à Secretaria de Educação”,
declara. Infelizmente, os conselhos tutelares não estão cumprindo esse papel ou por
falta de formações que orientem neste sentido ou pela infraestrutura precária de
trabalho que enfrentam.

Referências

(1)"O enfrentamento da Exclusão Escolar no Brasil", estudo do Unicef (Fundo das Nações
Unidas para a Infância) e da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

(2)Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) “Participação, Democracia e


Racismo?”de 2013.

(3)Pesquisa “Motivos da Evasão Escolar” - desenvolvida com base nos Suplementos da PNAD
2009.

Disponível em: https://ceert.org.br/noticias/crianca-adolescente/4808/o-que-afasta-as-criancas-e-


adolescentes-negros-da-escola (Acesso em 19/03/2019)
TEXTO - 02

Discurso de Nelson Mandela. Pretória, 10 de maio de 1994.

Hoje, através da nossa presença aqui e das celebrações que têm lugar noutras
partes do nosso país e do mundo, conferimos glória e esperança à liberdade recém-
conquistada.
Da experiência de um extraordinário desastre humano que durou demais, deve
nascer uma sociedade da qual toda a humanidade se orgulhará. (...)
Esta união espiritual e física que partilhamos com esta pátria comum explica a
profunda dor que trazíamos no nosso coração quando víamos o nosso país
despedaçar-se num terrível conflito, quando o víamos desprezado, proscrito e
isolado pelos povos do mundo, precisamente por se ter tornado a sede universal da
perniciosa ideologia e prática do racismo e da opressão racial. (...)
Chegou o momento de sarar as feridas.
Chegou o momento de transpor os abismos que nos dividem.
Chegou o momento de construir.
Conseguimos finalmente a nossa emancipação política. Comprometemo-nos a
libertar todo o nosso povo do continuado cativeiro da pobreza, das privações, do
sofrimento, da discriminação sexual e de quaisquer outras.
Conseguimos dar os últimos passos em direção à liberdade em condições de paz
relativa. Comprometemo-nos a construir uma paz completa, justa e duradoura. (...)
Assumimos o compromisso de construir uma sociedade na qual todos os sul-
africanos, quer sejam negros ou brancos, possam caminhar de cabeça erguida, sem
receios no coração, certos do seu inalienável direito a dignidade humana: uma
nação arco-íris, em paz consigo própria e com o mundo. (...)
Que haja justiça para todos.
Que haja paz para todos.
Que haja trabalho, pão, água e sal para todos. (...)
Nunca, nunca e nunca mais voltará esta maravilhosa terra, a experimentar a
opressão de uns sobre os outros, nem a sofrer a humilhação de ser a escória do
mundo.
Que reine a liberdade.
O sol nunca se porá sobre um tão glorioso feito humano.
Que Deus abençoe a África!

Disponível em: <http://www2.assis.unesp.br/darwinnobrasil/humanev2.htm>.

Livros paradidáticos

 Histórias africanas para contar e recontar (Rogério Andrade);


 Liberdade – O sonho dos Palmares (Jussara Rocha Koury);
 Lendas Negras (Júlio Emílio Bráz/Salmo Dauso);
 Os Príncipes do Destino (Reginaldo Prandi);
 O Papagaio que não gostava de mentiras;
 Contos e Lendasafrobrasileiras – A Criação (Reginaldo Prandi);
 O Rosto africano da esperança (Albert Tévédjré);
 Calabar (Chico Buarque e Ruy Guerra);
 Raízes do Brasil (Sergio Buarque de Holanda);
 Carnavais, malandros e heróis(Roberto da Matta);
 Negrinha (Monteiro Lobato);
 Urupês (Monteiro Lobato);
 História e cultura africana e afrobrasileira (Nei Lopes);
 Justiça dos escravos (Esther Peixoto Mello);
 Tumbu (Marconi Leal);
 Lendas brasileiras (Rachel de Queiroz);
 Nó na garganta (Mirna Pinsky);
 Capitão Mouro (Georges Bourdoukan);
 Maneiras de carregar os bebês (BobbieNeats);
 Menina bonita do laço de fita (Ana Maria Machado);
 Volta ao mundo dos contos nas asas de um pássaro (Catherine Gendrin);
 O machado, a abelha e o rio(Werimehe e Kanátyo Pataxó);
 Panorama do segundo império (Nelson Werneck Sodré);
 Os Tambores de São Luís;
 Escravos de Jó (Elita Ferreira);
 O príncipe corajoso e outras histórias da Etiópia;
 Sabe quem sou?
 Jongo;
 O presente de aniversário do Marajá;
 Influências, olhar a África e ver o Brasil;
 Rodas e bailes de sons encantados;
 O mundo do trabalho;
 O menino e o jacaré;
 Capoeira;
 Animais da savana;
 Os gêmeos do tambor;
 Zé Lanceiro e Catirina;
 A semente que veio da África;
 Seis pequenos contos africanos;
 A África meu pequeno Chaká;
 A vida em sociedade;
 Berimbau;
 A Escrava Isaura;
 Do outro lado tem segredos;
 Brincadeiras;
 Iauaretê;
 O jogo da parlenda;
 Contando, cantando e encantando;
 Rimas da floresta;
 O urso que queria ser pai;
 Amazonas no coração da floresta;
 De olho na Amazônia;
 Baile do menino Deus;
 Uálace e João Victor;
 Sundjata – Príncipe Leão (Rogério Andrade Barbosa – Editora Ediouro);
 Cultura afro-descendente no Recife (Ivaldo Marciano de França – Editora
Bagaço);
 A África explicada aos filhos (Alberto da Costa e Silva – Editora Agir);
 Os chifres da hiena (MamadouDiablo – Editora de Corda);
 O segredo das tranças (Rogério Andrade Barbosa – Editora Scipione);
 Mãe África (Celso Sisto – EditoraPaulus);
 Eleguá (Carolina Cunha – Editora SM);
 Agbalá um lugar continente (Marilda Castanha – Editora Cosacnaif);
 Os três presentes mágicos africanos(Rogério Andrade Barbosa – Editora
Record);
 Sikulume e outros contos (Júlio Emílio Braz);
 Leite de peito (Geni Guimarães – Maza Edições);
 A luta de cada um, Luís Gama (Myrian Fraga – Editora Callis);
 O fantasma do tarrafal (Jeans Yves Loude – Alis Editora);
 O tesouro do quilombo (Ângelo Machado – Lacerda Editores);
 O negro na chibata (Fernando Granato – Editora Objetiva);
 Justiça dos escravos (Esther Peixoto M. Gonçalves – Letras e Letras);
 O negro em versos (Luís Carlos do Nascimento – Editora Moderna);
 Para conhecer Chica da Silva (Keila Grinberg – Zahar);
 O rei preto de Ouro Preto (Sylvia Orthof – Global Editora);
 Jogo duro (Lia Zats – Dimensão);
 Noná descobre o céu José Roberto Torero - Objetiva);
 O0 caçador de histórias (YaguarêYamã – Editora Martins Fonseca);
 A linguagem dos pássaros (Ciça Fittipaldi – Melhoramentos);
 Como nasceram as estradas (Clarice Lispector – Rocco);
 Apenas um curumim (Werner Zotz – Letras Brasileiras);
 Meu vô Apolinário (Daniel Murdusucu – Studio Nobel);
 Um estranho sonho de futuro (Daniel Murdusucu – FTD);
 Um índio chamado esperança (Luís Galdino – Nova Alexandria);
 Amazonas Amazônia (Jucy Neiva – Expressão e Cultura);
 Amazonas no coração encantado da floresta (Thiago de Mello – COSACNAIF);
 Catando piolhos, contando histórias (Daniel Mundurucu – Brinque Book);
 O casamento entre o céu e a Terra (Leonardo Boff – Salamandra);
 Ali e os camelos (Roberto Benjamin, J. B. Neto e Alzir Alves);
 O Mansa Musa (Roberto Benjamin);
 Influências – Olhar a África e ver o Brasil (Companhia editora nacional);
 As tranças de Bintou (Silvana A. Diouf);
 Pretinha, Eu? (Júlio Emílio Braz – EditoraScpione);
 Felicidade não tem cor (Júlio Emílio Braz – Editora Moderna, Coleção Girassol);
 O cabelo de Lelê (Valéria Belém – Companhia Editora Nacional);
 Os três presentes mágicos (Rogério Andrade Barbosa – Record, Editora
Melhoramentos).

 SUGESTÕES DE JOGOS:
ESCRAVOS DE JÓ

É uma brincadeira de roda guiada por uma cantiga bem conhecida, cuja letra
pode mudar de região para região. Para brincar, é preciso no mínimo duas pessoas.
Todos têm suas pedrinhas e no começo elas são transferidas entre os participantes,
seguindo a sequência da roda. Depois, quando os versos dizem “Tira, põe, deixa
ficar!”, todas seguem a orientação da música.
No verso “Guerreiros com guerreiros”, a transferência das pedrinhas é
retomada, até chegar ao trecho “zigue, zigue, zá!”, quando os participantes
movimentam as pedras que estão em mãos para um lado e para o outro, sem
entregá las a ninguém. O jogador que erra o movimento é eliminado da brincadeira,
até que surja um único vencedor.

HISTÓRIA DA BOLA DE GUDE


A origem exata dos jogos com bolas de gude não é clara, mas os relatos e
registros históricos, arqueológicos e culturais sugerem que o hábito é muito antigo.
As primeiras notícias são do ano 3.000 a.C.: bolinhas foram encontradas em
túmulos egípcios dessa época, segundo o pesquisador Roberto Azoubel. O Museu
Britânico tem em seu acervo bolinhas da Ilha de Creta (Grécia) datadas de 2.000
a.C., feitas de materiais diversos. Também há registros da brincadeira no Império
Romano, inclusive entre adultos, segundo o historiador Câmara Cascudo, autor do
livro “Dicionário do Folclore Brasileiro”.

JOGO DA BUGALHA
Uma coisa interessante. Cristina Von, em seu livro 'A história do brinquedo',
afirma que o jogo tem origens pré-históricas e seria jogado, por reis e nobres, com
pedras preciosas!

Outra coisa para se pensar: se era jogado com ossos e sendo um jogo onde as
peças são, de alguma forma, lançadas, sua origem é a mesma dos dados e do
jogo de búzios! Ou seja, mais uma vez, acredito, temos aqui as artes divinatórias
dando origem a um jogo popular.
(Esse jogo é conhecido também por 5 maria )
brincadeiras tradicionalmente africanas como o jogo de caça ao tesouro,
pegador, cavalo-de-pau, etc.
SENET (EGITO)
Para dar início às atividades, o professor poderá trabalhar com Senet, um jogo
de tabuleiro milenar, cujos os registros datam desde o Egito Antigo. Seu tabuleiro e
suas peças eram feitos originalmente de madeiras. Você poderá construir um
modelo alternativo com o tabuleiro em EVA e as peças com pequenos tocos de
madeira.

1 2 3 4

5 6 7 8
9 10 11 12

13 14 15 16

As peças:

De um cabo de vassoura corte 4 pedaços de 5cm e pinte os de duas diferentes


(serão as peças 2 para cada jogador) e 2 pedaços de 8cm ( que serão os dados,
esses deverão ser partidos ao meio no diâmetro e pintada de preto a face reta).

O jogo é praticado por duas pessoas onde cada jogador utiliza duas peças. O
objetivo desse jogo é percorrer com as peças por toda a extensão do tabuleiro. No
entanto, só pode andar com uma peça por vez. O jogador que conseguir levar
ambas as peças até o último quadrante vence o jogo.

Os dados egípcios são quatro metades de cubos de madeira com a face reta
pintada de preto. Quando o jogador lança os dados, o número de faces pretas
voltadas para cima indicam o número de casas que ele deverá andar com sua peça.
No entanto, se nenhuma face preta ficar voltada para cima ele poderá andar 5
casas. Se o jogador cair no quadrante 5 ele poderá jogar novamente. No quadrante
10 ele perderá sua vez de jogar, deixando o adversário jogar duas vez consecutivas.
Se o jogador cair no quadrante 14 ele voltará com sua peça para o início do jogo; no
quadrante 1. Antes de jogar os dados o jogador deverá indicar qual peça ele irá
mover. Se o jogador ultrapassar o último quadrante ele volta o número de casas que
extrapolaram o 16º quadrante.
Sugestões de variações para o jogo:

– Modificar o tabuleiro aumentando o número de quadrantes ou fazendo-o em


formatos diferentes.

Regras Senet (30 quadrados)

As pretas começam. Você só pode andar com uma peça se ela for cair em
uma casa vazia ou em um inimigo que esteja isolado (você não pode cair em um
inimigo se há outro inimigo adjacente a casa em que ele está).

Se você cair em um inimigo isolado, ele deve voltar para casa que você estava
antes se não for possível executar nenhum movimento para frente você deve
executar um movimento para trás.

Se num movimento para trás você cair em um inimigo isolado ele volta para a
casa que você estava antes(ou seja para frente); se você cair na casa da
humilhação você só poderá mover suas peças se conseguir pôr aquela peça na
casa do renascimento (para cair na casa do renascimento ela deve estar vazia (sem
peões seus e do inimigo). Neste caso não se pode comer uma peça do inimigo que
esteja na casa do renascimento e você deve esperar ele sair); se cair na casa dos
três "trunks", você só pode se mover tirando 2 para sair do tabuleiro (no caso de ser
a última peça e você não ter como movê-la pre frente você deve voltar à casa da
humilhação).

Se você estiver na casa da beleza e capturar alguém isolado nas 3 últimas


casas do jogo ele não volta à casa da beleza e sim à casa da humilhação.
Somente se a casa da humilhação já estiver ocupada é que ela volta à casa da
beleza se você sai da casa da beleza e captura alguém na casa da humilhação você
passa a ficar na casa da humilhação se você tirar 1,4 ou 6 jogue outra vez.

Se você cair:

Na casa 15 (casa do renascimento)

Na casa 26 (casa da beleza) você joga de novo (não se pode passar da casa da
beleza sem cair nela) Na casa 27 (casa da humilhação/água) você deve
recomeçar na casa do renascimento

casa 28 (casa dos


três trunks)
casa 29
casa 30

Os Dados:

No jogo Senet os 4 dados são em forma de tábuas, assim como eram no antigo
Egito, 4 lados são em cores pretas, e 4 lados de cores brancas e seus respectivos
significados estão logo abaixo:

Se houver 1 cor branca para cima, o resultado será 1;


Se houver 2 cores brancas para cima, o resultado será 2;

Se houver 3 cores brancas para cima, o resultado será 3;

Se houver 4 cores brancas para cima, o resultado será 4;

Se houver 4 cores pretas para cima, o resultado será 6;

O Tabuleiro

Primeiramente deve-se situar os peões em suas casas de partida (1 á 10), na


seguinte posição: casa 1;preto, casa 2; branco, casa 3;preto, casa;4 branco...até o
10. O Objetivo do jogo é tentar retirar os peões das casas de partida (1á 10) e
introduzi-los no início da partida, casa 11 e retirá-los do tabuleiro o mais rapidamente
possível ao término da terceira linha chamada de "Chegada". Joga-se os dados de
Senat, aquele jogador que obtiver 4 ou 6 primeiro terá o direito de começar á partida
e automaticamente estará definido como o portador dos peões pretos. E avançará
independentemente do número obtido no dado da casa 10 para á 11. Após esta
jogada inicial o jogador continuará jogando e andando com seus peões conforme o
número obtido nos dados, no entanto caso este jogador obtiver nos dados 2 ou 3,
ele andará e passará á vez de jogar para seu adversário.

Os peões poderão independentemente de sua cor, saltarem por cima de seus


adversários. O segundo jogador conforme for o número obtido nos dados irá retirar
seu peão branco da casa 9 e andar e até mesmo caso desejar após andar com o
peão da casa 9 poderá andar com os seus demais peões, mas caso obtenha nos
dados 2 ou 3, após ter percorrido seu número irá passar á vez de jogar ao seu
adversário. O mais interessante é que se um peão cai em uma casa ocupada por
outro peão adversário, o peão adversário atacado é obrigado á recuar para á casa
antes ocupada pelo peão atacante.
Dois peões da mesma cor jamais poderão ocupar á mesma casa, no entanto
poderá ocupar uma casa anterior, formando uma barreira contra o adversário, e
quando esta barreira é formada por 2 peões ou mais, o adversário não poderá
atacar e nem mesmo pular por cima, porém esta barreira não impede o andar das
peças que á compõem. Cada vez que o adversário se deparar com esta barreira,
terá de recuar uma casa e este peão que irá recuar não poderá ocupar uma casa
ocupada por outro peão, independentemente de sua cor e no caso de
impossibilidade de jogar passará á sua vez. Caso um peão caia na casa 27, terá de
recuar para á casa 1 para recomeçar, já ás casas 26, 28, 29 e 30, são refúgios onde
os peões que ali estiverem não poderão ser atacados.
Quando um jogador conseguir avançar com os seus peões para á última linha
e obtiver o número exato no dado, poderá retirar suas peças do tabuleiro na medida
em que forem chegando á casa 30, mas se um peão for atacado e enviado para á
primeira ou Segunda linha, os peões da mesma cor deverão esperar o regresso do
peão atacado para á terceira linha, para somente então poderem continuar saindo.
O jogador que retirar todas ás suas peças do tabuleiro primeiro será o vencedor da
partida.

Pontuação:

O jogo Senet poderá ser jogado várias vezes, utilizando se assim da seguinte
pontuação; 5 pontos por cada partida ganha, 1 ponto por cada peão adversário que
se encontrar na Terceira linha, 2 pontos por cada peão adversário que se encontrar
na Segunda linha, 3 pontos por cada peão adversário que se encontrar na primeira
linha.

BEZETTE (Zanzibar)

O Bezette, é um jogo originado das ilhas de


Zanzibar, que ficam situadas no Oceano Índico,
próximo à costa da Tanzânia.
Corte um pedaço de cabo de vassoura (25cm) ele
será pregado na base de madeira que é um cubo de
madeira de 3cm x 3cm x 1cm. Você precisará de 3
dados tradicionais e de 30 argolas de madeira que
possam ser utilizados vestindo esse cabo.

Como jogar:

Jogo para qualquer número de jogadores.

As 30 argolas são distribuídas entre os participantes, que devem encaixá las


em um bastão preso a uma base de madeira, colocada no centro da mesa.

O jogador, na sua vez, lança os 3 dados ao mesmo tempo:

3. Se obtiver nos dados 6,5,4, ele se livra de todas as suas argolas, menos uma,
encaixando as no bastão. Ele fez a bezette.
4. Se tirar uma, duas ou três vezes o 1 nos dados, ele coloca no bastão uma,
duas ou três argolas.

5. Se tirar uma, duas ou três vezes o 6 nos dados, ele dá ao seu vizinho à
direita, uma, duas ou três argolas.
Qualquer outro resultado nos dados não tem valor e a vez passa ao jogador
seguinte. O vencedor é aquele que primeiro se livra de todas as suas argolas.

É evidente que as argolas têm aqui o papel de fichas. Mas os criadores deste jogo
inocente quiseram, sem dúvida, excluir qualquer relação com dinheiro.

 SUGESTÕES ÁUDIO-VISUAIS:
SUGESTÕES DE FILMES - PROJETO EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL

EDUCAÇÃO INFANTIL

1. Desenho Bino e Fino (animação)

Cada vez mais popular, Bino & Fino fala sobre dois irmãos gêmeos
que vivem na África subsaariana e ao lado da amiga, a borboleta
Zeena, a cada dia descobrem aspectos diferentes sobre o mundo, vida
e a história do continente. Com isso, os criadores pretendem
preencher uma lacuna na programação infantil da televisão brasileira,
ainda reprodutora de um estilo de vida formado nos Estados Unidos e
Europa, e que pouco dialoga com a realidade de uma população com
mais de 50% de negros. Bino & Fino oferece aos pais e professores
uma nova possibilidade para o ensino de uma educação global
concentrada em África.
https://www.youtube.com/watch?v=ZXE2mkAq_FQ

ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS INICIAIS

1. Kiriku e a Feiticeira - Michel Ocelot.| França, 1998

A animação francesa de 1998, ambientada na África Ocidental, conta a


história de Kiriku, um menino minúsculo, cujo tamanho não alcança nem
o joelho de um adulto, e que tem como desafio enfrentar a poderosa
feiticeira Karabá, que secou a fonte d’água de sua aldeia. Kiriku enfrenta
perigos e passa por muitas aventuras, provando que o seu tamanho, não
só não é um problema, como é a sua melhor arma para enfrentar a
feiticeira.
https://www.youtube.com/watch?v=TgRu8WLzLX0

2. KIRIKU E OS ANIMAIS - Michel Ocelot/2005


Sentado no trono de sua caverna azul, o avô de Kirikou relembra histórias
da infância do herói e conta como salvou sua pequena aldeia na África da
fome, da sede, da doença e das investidas da malvada bruxa Karaba,
usando sua astúcia e valentia.
https://www.youtube.com/watch?v=rTYv3-sqhuA

3. KIRIKU: OS HOMENS E AS MULHERES - Michel Ocelot/2012

O Homem Sábio da Montanha Proibida conta histórias do seu neto, o


heróico Kiriku, que desde a infância demonstrou coragem, inteligência e
agilidade para salvar sua aldeia de grandes perigos.
https://www.youtube.com/watch?v=WoblEGQkkXg

4.. INAMI - TF-1/2008


Um pequeno índio vive com sua família na tribo dos Bellacaibos, na
Amazônia. Diferente dos garotos da cidade, Inami vive cercado pela
natureza selvagem da Amazônia, um ambiente sem computadores,
celulares, televisão ou qualquer tecnologia. (Série de desenho animado)
https://www.youtube.com/watch?v=KalWGA2rgrY&list=PLMovRMEzz
2gQAjTWFQd8ScPHHYMTqBk5s

ENSINO FUNDAMENTAL - ANOS FINAIS

1. PANTERA NEGRA (Ryan Coogler | EUA, 2018)

Lançado em fevereiro de 2018, o filme Pantera Negra, da


Marvel, permite uma série de reflexões sobre o continente africano.
Baseado nas histórias em quadrinhos da Marvel, boa parte da trama se
passa em uma nação fictícia do continente africano chamada Wakanda.
Mesmo assim, o filme traz uma série de elementos relacionados à
cultura, às potencialidades e à história que podem dar algumas
dimensões sobre do continente africano.
2. INVICTUS (Clint Eastwood | EUA, 2009)

O filme traz alguns episódios da trajetória de Nelson Mandela à frente


da presidência da África do Sul, quando o país ainda vivia um
apartheid racial, dividido também economicamente. O filme mostra
como a primeira copa de rúgbi realizada no país ajudou a unir a
população.

3. HOTEL RUANDA (Terry George| África do Sul, Reino Unido, Itália, 2004)
Em 1994, um conflito político em Ruanda matou, em menos de 100
dias, quase um milhão de ruandeses. Diante da infinidade de
pessoas desamparadas no país, Paul Rusesabagina, gerente do
Hotel des Milles Collines, na capital do país, decide receber 1.200
desabrigados pelo conflito.

4. REDENÇÃO - 2011 / Marc Foster

Estrelado por Gerard Butler, o filme narra a verídica história de um


pastor que abdica do conforto de sua vida nos EUA para se dedicar as
crianças órfãs do Sudão.
O filme relata as atrocidades cometidas pelo exército rebelde durante a
guerra civil do Sudão, e traz mais uma vez a realidade vivida pelas
crianças convocadas para formar uma milícia infantil e as dificuldades
de manutenção de ONG's.
4. AMISTAD - 1997/Steven Spielberg
Uma representação épica de uma batalha sobre um navio cheio de
escravos que se revoltam contra seus captadores em alto mar e
ancoram em solo americano. Inicialmente, o argumento nas cortes
era sobre o problema da propriedade e posse. Gradualmente, os
advogados de defesa entendem que a humanidade dos homens vira
mercadoria através da escravidão.

6. AS FILHAS DO VENTO - 2004/ Joel Zito Araújo

O filme aborda temas pertinentes ás mulheres de qualquer parte do


mundo, mas em uma pequena cidade do interior do Brasil. Em uma
brilhante peça ficcional, de cunho político e social, o diretor
substitui os tradicionais papéis estereotipados (comumente
interpretados por atores negros e atrizes negras nas telenovelas
brasileiras), por uma rica e multifacetada construção de personagens,
mesmo quando habilmente emprega diversos recursos da
dramaturgia da novela para se comunicar com grandes audiências.

7. GANGA ZUMBA - REI DOS PALMARES - 1964/ Cacá Diegues


O filme começa num engenho de cana-de-açúcar, no nordeste
brasileiro, entre os séculos XVI e XVII. Inspirados pelo Quilombo
de Palmares, uma comunidade de negros fugidos da escravidão
situados na Serra da Barriga, alguns escravos tramam fugir para lá.
Entre eles, se encontra o jovem Ganga Zumba, futuro líder daquela
república revolucionária, a primeira de toda a América.

SUGESTÕES DE VÍDEOS, FILMES E DOCUMENTÁRIOS

 Amistad
Direção: Steven Spielberg. Drama, EUA. 1897. (154 min)
Baseado em uma história real, o filme conta a viagem de escravos africanos que se
apoderam de um navio onde estavam aprisionados e tentam retornar à terra natal.
Conhecedores da orientação lunar para navegação conseguiram prevalecer.
Infelizmente, o navio é capturado e eles são levados para os EUA, onde aguardam
um julgamento por crime e assassinato que termina por questionar o sistema judicial
americano. Mas, para aqueles homens e mulheres sob julgamento, a sua luta maior
é pelo direito do ser humano à liberdade.

 As filhas do Vento
Direção: Joel Zito Araújo. Drama. Brasil. 2004 (85 min.), DVD, color.

O filme aborda temas pertinentes ás mulheres de qualquer parte do mundo, mas em


uma pequena cidade do interior do Brasil. Em uma brilhante peça ficcional, de cunho
político e social, o diretor substitui os tradicionais papéis estereotipados (comumente
interpretados por atores negros e atrizes negras nas telenovelas brasileiras), por
uma rica e multifacetada construção de personagens, mesmo quando habilmente
emprega diversos recursos da dramaturgia da novela para se comunicar com
grandes audiências.

 Ganga Zumba:
Direção: Cacá Diegues. Drama. 1964. (92 min.), VHS, color

O filme começa num engenho de cana-de-açúcar, no nordeste brasileiro, entre os


séculos XVI e XVII. Inspirados pelo Quilombo de Palmares, uma comunidade de
negros fugidos da escravidão situados na Serra da Barriga, alguns escravos tramam
fugir para lá. Entre eles, se encontra o jovem Ganga Zumba, futuro líder daquela
república revolucionária, a primeira de toda a América.

 Hotel Ruanda
Direção: George Terry. Cine biografia. EUA. 2004. (122min.),DVD, color.
Ruanda é um país localizado na porção sul do continente (África Meridional ou
Subsaariana).
O filme aborda a história real de um gerente de hotel, que abrigou centenas de
pessoas refugiadas, durante os conflitos ocorridos entre as etnias hutu e tutsi noano
de 1994.

 Atlântico Negro - Na Rota dos Orixás


Direção: Renato Barbieri. Itaú Cultural, 1988. (52 min.), VHS, color

Apresenta a grande influência africana na religiosidade brasileira. Mostra a origem


das raízes da cultura jêje-nagô em terreiros de Salvador, que virou candomblé, e do
Maranhão, onde a mesma influência gerou o Tambor de Minas. Um dos momentos
mais impressionantes deste documentário é o encontro de descendentes de
escravos baianos que moram em Benin, um país africano desconhecido para a
maioria do brasileiros, mantendo tradições do século passado.

 O Jardineiro Fiel
Direção: Fernando Meireles. Suspense. EUA. 2005 (125min.),DVD, color

Retrata o cenário de horror mascarado de diplomacia inglesa, no qual pretensos


“deuses” brincam com vidas humanas no continente africano. O filme mostra quea
vida dos africanos não vale nada para o mundo ocidental, são feitos cobaias da
indústria famaceutica. Trocam suas vidas por uma “ajuda”. Medicamentos para
AIDS, tuberculose e doenças que assolam o mundo são testados neles, sem um
mínimode humanidade e ética O filme é permeado por uma história de amor, mas o
grande tema é o que a indústria farmacêutica faz com essa população.

 Quanto Vale ou é Por Quilo?


Direção: Sérgio Bianchi. Drama. Brasil, 2005. (88min), DVD, color
O filme alerta para questões que parecem ter ficado no passado, mas que ainda
existem atualmente, como a luta pelos direitos democráticos, a discriminação contra
negros e pobres, o desrespeito, a lavagem de dinheiro, a corrupção, dentre outros.
O que mudou foi a roupagem, o opressor é o mesmo. Sendo assim, este é um
excelente filme para ser trabalhado em sala de aula, possibilitará o desenvolvimento
crítico e reflexivo dos alunos.

 Quilombo
Direção: Cacá de Diegues. Aventura. Brasil. 1984 (119 min), VHS. color

No período escravocrata, os africanos trazidos pelos portugueses para o trabalho


escravo nas plantações de cana-de-açúcar, que não suportavam os maus tratos dos
senhores, quando possível fugiam para o interior do país e se organizavam em
comunidades.
A mais famosa foi o Quilombo dos Palmares, cuja história é contada nesse filme.
Nesse Quilombo não havia somente negros fugitivos, a eles se juntaram também os
índios e os brancos que eram perseguidos ou estavam insatisfeitos coma vida que
levavam.

 Uma Onda no Ar
Direção: Helvécio Ratton. Drama. Brasil, 2002. (92min.), DVD, color.

Quatro jovens amigos que vivem em uma favela de Belo Horizonte tem um sonho:
criar uma rádio que dê voz às pessoas do local onde vivem. Eles conseguem realiza
reste sonho. Nasce a Rádio Favela, que conquista os moradores locais, por dar voz
aos excluídos, mesmo operando na ilegalidade. O filme retrata também a
vulnerabilidade social de sujeitos que mesmo marginalizados são protagonistas de
uma “revolução” em comunicação.

 Vista a Minha Pele


Direção: Joel Zito Araújo. Ficção, 2003 (15min), VHS, color.
Nessa história invertida que se passa com adolescentes na faixa etária de 12 a
16anos, os negros pertencem a grupos sociais e culturais dominantes e os brancos
foram escravizados e são estereotipados. Os países pobres são Alemanha e
Inglaterra,enquanto os países ricos são, por exemplo, África do Sul e Moçambique.
O vídeo serve de material básico para discussão sobre discriminação, racismo e
preconceito em sala de aula e na sociedade em geral.

 A Espera de um Milagre
sinopse:

Em 1935, no corredor da morte de uma prisão sulista. Paul Edgecomb (Tom Hanks)
é o chefe de guarda da prisão, que tem John Coffey (Michael Clarke Duncan) como
um de seus prisioneiros. Aos poucos, desenvolve-se entre eles uma relação
incomum, baseada na descoberta de que o prisioneiro possui um dom mágico que é,
ao mesmo tempo, misterioso e milagroso.

 Meu Mestre, Minha Vida


sinopse:

Meu Mestre, Minha Vida 1989 Dublado Em Nova Jersey, uma escola com sérios
problemas de violência e tráfico de drogas. Usando métodos pouco ortodoxos,
algumas vezes violentos, ele transforma os alunos, inclusive conseguindo que sejam
aprovados no exame do final do ano realizado pelo governo estadual. Arrogante e
autoritário, o professor Joe Clark (Morgan Freeman) é convidado por seu amigo
Frank Napier (Robert Guiullaume) a assumir o cargo de diretor na problemática
escola em Paterson, New Jersey, de onde ele havia sido demitido. Com seus
métodos nada ortodoxos, Joe se propõe a fazer uma verdadeira revolução no
colégio marcado pelo consumo de drogas, disputas entre gangues e considerado o
pior da região. Com isso, ele ao mesmo tempo coleciona admiradores e também
muitos inimigos.

 Duelo de Titãs
Sinopse:
Herman Boone (Denzel Washington) é um técnico de futebol americano contratado
para trabalhar no comando de um time universitário dividido pelo racismo, os Titans.
Inicialmente, Boone sofre preconceitos raciais por parte dos demais técnicos e até
mesmo por jogadores do seu time, mas aos poucos ele conquista o respeito de
todos e torna-se um grande exemplo para o time e também para a pequena cidade
em que vive.

 Fresh – Inocência Perdida


Sinopse:
Desiludido pelas dificuldades da vida, Michael (Sean Nelson), um garoto negro de 12
anos, inteligente, apelidado de Fresh, trafica drogas, por intermédio do traficante
Esteban (Giancarlo Esposito), para sobreviver e ajudar a família. Lutando da única
maneira que sabe fazer, Fresh desafia as desigualdades indo adiante em crimes
locais e num perigoso jogo de sobrevivência! Esporadicamente Fresh se encontra
com o pai Sam (Samuel L. Jackson), que se tornou mendigo. Sam ensina o filho a
jogar xadrez e mais, a encarar a vida como um tabuleiro, no qual as peças devem
ser movimentadas após muito raciocínio. Ao longo da história, Fresh, que não usa
drogas, tenta salvar sua irmã Nichole (N’Bushe Wright), dependente química que
namora um traficante poderoso. Como num jogo, ele esquematiza seu golpe de
mestre e com um xeque mate consegue se vingar. Com uma extraordinária
performance de Samuel L. Jackson (PulpFiction) e dirigido por BoazYakin (Duelo de
Titãs), o filme é eletrizante, é pura emoção para o seu entretenimento.

 Ao Mestre com Carinho


Sinopse:

Um jovem professor enfrenta alunos indisciplinados, neste filme Clássico que refletiu
alguns dos problemas e medos dos adolescentes dos anos 60. Sidney Poitier tem
uma de suas melhores atuações como Mark Thackeray, um engenheiro
desempregado que resolve dar aulas em Londres, no bairro operário de East End. A
classe, liderada por Denham (Christian Roberts) Pamela (Judy Geeson) e Barbara
(Lulu, que também canta a canção título) estão determinados a destruir Thackeray
como fizeram com seu predecessor, ao quebrar-lhe o espírito. Mas Thackeray
acostumado à hostilidade enfrenta o desafio tratando os alunos como jovens adultos
que breve estarão se sustentando por conta própria. Quando recebe um convite
para voltar a engenharia, Thackeray deve decidir se pretende continuar.

 Ao Mestre Com Carinho 2


Sinopse:

Depois de lecionar durante 30 anos em Londres, Mark Thackeray (Sidney Poitier) se


aposenta e volta para Chicago. Lá, o desafio de ensinar garotos em uma escola
pequena mostra que ele não deve abrir mão de sua profissão.

 Voltando a Viver
Sinopse:

Antwone Fisher (Derek Luke) é um jovem marinheiro de temperamento explosivo,


que constantemente arruma confusão na Marinha. Enviado ao psiquiatra Jerome
Davenport (Denzel Washington), Antwone inicialmente se mostra relutante mas aos
poucos revela ao médico seu passado problemático. Com o tempo Antwone e o dr.
Davenport iniciam uma relação de amizade, ao mesmo tempo em que o marinheiro
se apaixona pela jovem Cheryl (Joy Bryant).

 Homens de Honra
Sinopse:

O roteirista Scott Marshall Smith escreveu Homens de Honra baseado em fatos reais
que ocorreram com o mergulhador Carl Brashear quando ele fazia parte da Marinha
americana, mas o intimidador personagem interpretado pelo ator Robert DeNiro
(Billy Sunday) foi totalmente uma criação fictícia que reúne personalidades de vários
homens que Brashear conheceu durante a carreira militar. O filme teve início em
1994 e, devido ao seu tema, passou por um processo longo e incomum. A história foi
submetida ao Departamento de Defesa, depois encaminhada ao Pentágono e,
finalmente, chegou às mãos do secretário de Defesa para aprovação. Com a
cooperação da Marinha garantida, os realizadores encontraram na base Columbia
River, em Washington, o lugar perfeito para as gravações. Todos os atores da
produção passaram por treinamento de mergulho. As cenas no fundo do mar foram
feitas num tanque com mais de um milhão de litros, construído num hangar de
aviões em Long Beach. Carl Brashear (Cuba Gooding Jr) não deixa nada atrapalhar
o seu caminho. Filho de um agricultor de Kentucky, Carl deixa a casa dos pais em
busca de uma vida melhor. Ingressa na Marinha e deseja tornar-se mergulhador de
elite da divisão de buscas e resgates. BiIIySunday (RobertDeNiro), oficial da Marinha
e instrutor de treinamento, não quer, entretanto, saber de CarI e nem das ambições
dele. Submete-o às piores provas de resistência na tentativa de fazê-lofracassar e
desistir. Com a convivência, nasce um respeito mútuo que os levará a lutar juntos
para defenderem a honra e protegerem suas vidas.

 Adivinhe Quem Vem para Jantar


sinopse:

Em São Francisco, Matt Drayton (Spencer Tracy) e Christina Drayton (Katharine


Hepburn), um conceituado casal, se choca ao saber que Joey Drayton (Katharine
Houghton), sua filha, está noiva de John Prentice (Sidney Poitier), um negro. A partir
de então dão início à uma tentativa de encontrar algo desabonador no pretendente,
mas só descobrem qualidades morais e profissionais acima da média.

 Mississipi Em Chamas
Sinopse:

Estrelado por Gene Hackman, vencedor de dois prêmios Oscar®, e por Willem
Dafoe, indicado ao Oscar®, Mississipi em Chamas "classifica-se como um dos
retratos mais poderosos e pungentes sobre conflitos raciais jamais produzidos"
(Variety). Indicado a seis prêmios Oscar®, e vencedor na categoria Melhor
Fotografia, este filme de alta carga emocional "capta vividamente um capítulo crucial
da História dos Estados Unidos" (Time)! Três ativistas que defendem direitos civis
dirigem por uma desolada estrada, quando inquietantes faróis se aproximam
rapidamente. Tentando acalmar um ao outro, eles não tinham como saber que em
alguns minutos desapareceriam na noite e seriam motivo de uma das mais
explosivas investigações de assassinato da História. Surgem o ultracorreto Ward
(Dafoe) e o aparentemente tolerante Anderson (Hackman). Será que estes dois
agentes do FBI, tão filosoficamente opostos, podem superar suas diferenças e
desvendar os apavorantes segredos de uma comunidade dominada pela
KuKluxKlan, antes que a cidade seja dominada pelo racismo?

 Tempo de Matar
Sinopse:

Uma garota negra de apenas 9 anos de idade é estuprada por dois racistas brancos
completamente bêbados. Em um ato desesperado de ódio e vingança, seu pai mata
os homens a tiros. Agora. Carl Lee Hailey (Samuel L. Jackson) irá a julgamento pelo
assassinato de dois cidadãos brancos. É assim que a lei pretende tratar o caso.
Para defendê-lo, Hailey conta com o corajoso Jakebrigance (Matthew Mc
Conaughey) e a idealista Ellen Roark (Sandra Bullock), dois jovens advogados em
busca da verdade. E poucos dias, o julgamento transforma-se em uma verdadeira
batalha racial, onde a vida de todas as pessoas envolvidas com o caso está
correndo perigo. O destino de um homem injustiçado está nas mãos de Jake e o
tempo está se esgotando. A violenta batalha pode explodir a qualquer momento.

 Quilombo
sinopse:

Em torno de 1650, um grupo de escravos se rebela num engenho de Pernambuco e


ruma ao Quilombo dos Palmares, onde uma nação de ex-escravos fugidos resiste
ao cerco colonial. Entre eles, está Ganga Zumba, príncipe africano e futuro líder de
Palmares, durante muitos anos. Mais tarde, seu herdeiro e afilhado, Zumbi,
contestará as ideias conciliatórias de Ganga Zumba, enfrentando o maior exército
jamais visto na história colonial brasileira.

 Ganga Zumba
Sinopse:

O filme começa num engenho de cana-de-açúcar, no nordeste brasileiro, entre os


séculos XVI e XVII. Inspirados pelo Quilombo dos Palmares, uma comunidade de
negros fugidos da escravidão, situada na Serra da Barriga, alguns escravos tramam
a fuga para lá. Entre eles, se encontra o jovem Ganga Zumba, futuro líder daquela
república revolucionária, a primeira de toda a América.

 Capitães da Areia
Sinopse:

Pedro Bala (Jean Luís Amorim), Professor (Robério Lima), Gato (Paulo Abade), Sem
Pernas (Israel Gouvêa) e Boa Vida (Jordan Mateus) são adolescentes abandonados
por suas famílias, que crescem nas ruas de Salvador e vivem em comunidade no
Trapiche junto com outros jovens de idade semelhante. Eles praticam uma série de
assaltos, o que faz com que sejam constantemente perseguidos pela polícia. Um dia
Professor conhece Dora (Ana Graciela) e seu irmão Zé Fuinha (Felipe Duarte), que
também vivem nas ruas. Ele os leva até o Trapiche, o que desencadeia a excitação
dos demais garotos, que não estão acostumados à presença de uma mulher no
local. Pedro consegue acalmar a situação e permite que Dora e o irmão fiquem por
algum tempo. Só que, aos poucos, nasce o afeto entre o líder dos Capitães da Areia
e a jovem que acabou de integrar o bando.

 Besouro
Sinopse:

O Filme o besouro é um inseto que, por suas características, não deveria voar, mas
voa. E Besouro também é o nome do maior capoeirista de todos os tempos. Um
menino que, ao se identificar com o inseto que desafia as leis da Física, desafia ele
mesmo as leis cruéis do preconceito e da opressão. Um mito, um super-herói. O
filme Besouro, que conta a sua história, é um épico em que fantasia e registro
histórico se misturam no cenário deslumbrante do Recôncavo Baiano dos anos 20.
Inspirado em fatos reais, Besouro será um filme de aventura, paixão, misticismo e
coragem sobre este personagem real que se tornou lenda. Queremos que ele seja,
para a capoeira, o que filmes chineses contemporâneos como Herói e O Tigre e o
Dragão são para as artes marciais orientais: um espetáculo de aventura, onde a
paixão, o misticismo e a emoção têm papel central.

 Cordão de Ouro
sinopse:

Em Eldorado, onde as técnicas mais avançadas da engenharia contemporânea


estão à serviço das formas mais primitivas de exploração do trabalho humano, Jorge
(Mestre Nestor Capoeira), escravo de uma mina de selênio da Companhia
Progresso de Eldorado, do poderoso empresário Pedro Cem (Jofre Soares),
consegue escapar do jugo valendo-se de sua perícia no jogo de capoeira.
Perseguido pelo helicóptero dos Capitães do Mato da Companhia, Jorge é salvo de
seus perseguidores pelo Caboclo Cachoeira (Antonio Carnera), emissário do reino
mágico de Aruanda, para onde o leva à chamado do orixá Ogum (Mestre Camisa),
que conhece sua fama e quer jogar capoeira com ele. Recompensando sua
coragem e habilidade demonstradas no jogo, Ogum presenteia Jorge com um
cordão de ouro que o protegerá enquanto ele tiver coragem de olhar dentro dos
olhos dos seus inimigos. De volta à Eldorado, com a missão de libertar seu povo,
Jorge une-se aos guerreiros de UluAuacá, a Cidade Verde, iniciando seu líder
(Antônio Pitanga) e seus soldados verdes na magia da capoeira. Porém Jorge
termina sendo capturado pelos Capitães do Mato e, num leilão de escravos, é
arrematado por Dandara (Zezé Mota), que o leva para a propriedade onde vive com
seu amante e senhor, Pedro Cem.
Depois de conquistar o coração de Dandara, Jorge lidera os escravos da fazenda
numa rebelião que derruba Pedro Cem e, com a missão cumprida, retorna ao mundo
feliz de Aruanda, a Morada do Bem, para voltar a jogar capoeira com Seu Ogum, ao
som do berimbau do lendário Mestre Leopoldina.
Título Original: Cordão De Ouro

 Diamantes de Sangue
Sinopse:
No país africano Serra Leoa, na década de 90, o filme acompanha a história de
Danny Archer (Leonardo Di Caprio), um mercenário sul-africano, e o pescador
Solomon Vandy (Djimon Hounsou). Apesar de terem nascido no mesmo continente,
têm histórias completamente diferentes, mas seus destinos são unidos por conta da
busca por um raro diamante cor-de-rosa. Com a ajuda de Maddy Bowen (Jennifer
Connelly), uma jornalista norte-americana, eles embarcam numa perigosa jornada
em meio ao instável território.

 ZULU
Sinopse :

É uma das maiores aventuras épicas de coragem diante de inacreditáveis


obstáculos. Baseado em fatos reais, conta a espantosa história de 100 soldados
britânicos, que se ergueram contra 4.000 dos mais poderosos guerreiros das nações
zulus, para defender RorkesDrift, em 1879. Esplendidamente fotografado em
Technirama, poucos filmes conseguiram captar a tensão e o terror do combate,
quando ondas e mais ondas de guerreiros invadem o estreito forte. Filmado em
deslumbrante cenário sul-africano, ZULU é um filme de ação e um adequado tributo
a alguns dos mais magníficos atos de heroísmo na história da guerra. O papel de
Michael Caine, como o arrogante e corajoso tenente Bromhead, trouxe-lhe fama
internacional e há ainda poderosas interpretações de outros grandes atores
ingleses, incluindo Stanley Baker e Jack Hawkins.

 Um Sonho Possível
sinopse:

Michael Oher (Quinton Aaron) era um jovem negro, filho de uma mãe viciada e não
tinha onde morar. Com boa vocação para os esportes, um dia ele foi avistado pela
família de Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock), andando em direção ao estádio da
escola para poder dormir longe da chuva. Ao ser convidado para passar uma noite
na casa dos milionários, Michael não tinha idéia que aquele dia iria mudar para
sempre a sua vida, tornando-se mais tarde um astro do futebol americano.

 Malcolm X
sinopse:

Biografia do famoso líder afro-americano (Denzel Washington) que teve o pai, um


pastor, assassinado pela KluKluxKlan e sua mãe internada por insanidade. Ele foi
um malandro de rua e enquanto esteve preso descobriu o islamismo. Malcolm faz
sua conversão religiosa como um discípulo messiânico de Elijah Mohammed (Al
Freeman Jr.). Ele se torna um fervoroso orador do movimento e se casa com Betty
Shabazz (Angela Bassett). Malcolm X ora uma doutrina de ódio contra o homem
branco até que, anos mais tarde, quando fez uma peregrinação à Meca abranda
suas convicções. Foi nesta época que se converteu ao original islamismo e se
tornou um "Sunni Muslim", mudando o nome para El-HajjMalikAl-Shabazz, mas o
esforço de quebrar o rígido dogma da Nação Islã teve trágicos resultados.

Onde encontrar estes filmes e outros? Sugerimos:

> Em locadoras comerciais e alternativas.


> No Portal Curtas da Petrobrás www.portacurtas.com.br
> Centro de Referência Audiovisual – CRAV –
http://www.pbh.gov.br/cultura/crav/aacrav.htm
> Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva – CEDEFES
www.cedefes.org.br/new/index.php

DVDS DA TV ESCOLA/BIBLIOTECAS
 Pluralidade cultural nº 6, vol. II;
 Escola educação nº 27, vol. I;
 Um salto para o futuro nº49 e 50, volumes I e II;
Um salto para o futuro números 21,23 ao 27, vol. II/III.

ARTES:

Teatro do Oprimido: Consciência Negra


COMPONENTE CURRICULAR DE ARTE

Professores: Francisco de Assis Gouveia

José Gilberto Bezerra de Brito

Caruaru

2019

SUMÁRIO

1 Informações Gerais ............................................ 03


. ...

2 O Teatro do Oprimido ............................................ 04


. ...

3 Ensino Fundamental (1º ao 5º ano): ............................................ 05


. Situações Didáticas ...

4 Ensino Fundamental (6º ao 9º ano): ............................................ 06


. Situações Didáticas ...

5 Conteúdo: Consciência Negra ............................................ 08


. ...

6 Recursos Didáticos 21
.
1. INFORMAÇÕES GERAIS

Ação:
Teatro do Oprimido: Consciência Negra

Objetivo:
Trabalhar a Consciência Negra com foco na história e conjetura político-sócio e
cultural do Negro no Brasil, através dos jogos, técnicas do Teatro do Oprimido,
desenvolvido por Augusto Boal, com realização de Esquetes e Espetáculos
Teatrais.

Período:
Abril a Novembro de 2019.

Público Alvo:
Estudantes da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e
Adultos (EJA) da Rede Municipal de Ensino de Caruaru.
2. O TEATRO DE OPRIMIDO

“Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade: é aquele
que a transforma.” (Augusto Boal)

Teatro do Oprimido desenvolvido por Augusto Boal, será o mote que


permeará toda essa proposta, dialogando de forma interdisciplinar com o tema
Consciência Negra , objetivando conscientizar nossos estudantes sobre a
importância de desenvolvermos princípios de alteridade e do respeito para sabermos
conviver com as diferenças, em harmonia. Como também, desenvolvermos atitude
reflexiva, crítica e solidária para construção de uma sociedade mais sensível,
saudável, digna e humana, proporcionando uma melhor qualidade de vida e
garantindo o futuro das próximas gerações.

Teatro do Oprimido é um Método que sistematiza Exercícios, Jogos e


Técnicas Teatrais elaboradas pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal(1931-2009).
Os seus principais objetivos são a democratização dos meios de produção teatral, o
acesso das camadas sociais menos favorecidas e a transformação da realidade
através do diálogo e do Teatro. O Teatro do Oprimido parte do princípio de que a
linguagem Teatral é a linguagem humana que é usada por todas as pessoas no
cotidiano. Sendo assim, todos podem desenvolvê-la e fazer Teatro. Desta forma, o
método cria condições práticas para que o oprimido se aproprie dos meios de
produzir Teatro e assim amplie suas possibilidades de expressão, estabelecendo
uma comunicação direta, ativa e propositiva entre espectadores e atores. As
técnicas de Boal ganharam mundo, sendo suas obras traduzidas em mais de 20
idiomas e aplicadas por populações oprimidas nas mais diversas comunidades. A
Lei nº 13.560, de 21 de dezembro de 2017, instituiu o dia 16 de março, como "Dia
Nacional do Teatro do Oprimido", em homenagem à data de nascimento de seu
criador, o teatrólogo: Augusto Boal.
Na sala de aula, nos confrontamos com diversas realidades e preconceitos
que geram variados tipos de bullying, referentes ao preconceito étnico-racial e outras
diferenças e diversidades. Para construção de uma sociedade democrática e
solidária é necessário que esses temas sejam desvendados, refletidos, esclarecidos
e conscientizados em sala de aula. Nessa direção, O Teatro do Oprimido, tornar-se-
á um veículo para reflexão, conscientização, organização e debate dos
problemas.Possibilitando, com suas técnicas, a formação de sujeitos sociais em
defesa dos direitos e cidadania para dentro dos espaços da Escola e Comunidade
Escolar.
Nossa proposta é que o Professor de Arte utilize de planejamentos e ações
interdisciplinares entre o Componente Curricular de Arte-Teatro e os outros
Componentes Curriculares dos anos em suas especificidades, Para melhor
efetivação, elaboramos dois quadros: Quadro I – 1º ao 5º ano do Ensino
Fundamental I (Anos Iniciais) / Quadro II - 6ª ao 9º ano do Ensino Fundamental II
(Anos Finais), com o objetivo de fundamentar e contribuir com desenvolvimento e
qualificação do Ensino de Arte na Rede Municipal de Ensino de Caruaru. Os
referidos quadros possuem uma relação de Competências, Habilidades e Situações
Didáticas que poderão ser desenvolvidos durante o tempo do referido projeto de
Abril a Novembro de 2019.

3. ENSINO FUNDAMENTAL (1º AO 5º ANO)


SITUAÇÕES DIDÁTICAS

 Estudo da biografia e obra de Augusto Boal, contextualizando sua


vida e produção literária.

 Estudo sobre o Teatro do Oprimido, compreendendo sua


fundamentação, método e prática.

 Aplicação de Exercícios, Jogos e Técnicas do Teatro do Oprimido

 Exibição de vídeos sobre os temas: Preconceito étnico-racial.

 Improvisação de Cenas Teatrais a partir da produção literária para


Infância, utilizando acervo da biblioteca da Instituição de Ensino,
identificando títulos que abordem os tema Preconceito étnico-racial.

 Identificação, Reflexão e Conscientização da Diversidade Cultural,


Étnica, Religiosa e de Gênero dentro da Sala de Aula. Com
realização de rodas de diálogos.

 Pesquisa de Campo: Identificação da Classe Oprimida e da Classe


Opressora dentro da Comunidade Escolar.
 Planejamento e Execução de Projetos que viabilizem Ações de
Consciência Negra dentro de Escola e Comunidade Escolar.

 Criação de Personagens a partir do estudo realizado de


identificação de Líderes Comunitários, Classe Oprimida e Classe
Opressora da Comunidade Escolar, para prática de Exercícios e
Jogos do Teatro do Oprimido.

 Aplicação de Exercícios, Jogos e Técnicas do Teatro do Oprimido


trabalhando o tema: Preconceito étnico-racial , dialogando com
situações de Bullying identificadas, na escola e comunidade escolar.

 Criação de Esquetes Teatrais a partir do tema Bullying,


trabalhando situações que envolvam a Diversidade Cultural, Étnica,
Religiosa e de Gênero.

 Pesquisa e Criação dos elementos técnicos constituintes do


Teatro: Cenário, Figurino, Maquiagem, Iluminação para os Esquetes
Teatrais desenvolvidos durante o projeto.
.
 Criação de Diário de Bordo.

4. ENSINO FUNDAMENTAL (6º AO 9º ANO)


SITUAÇÕES DIDÁTICAS

 Estudo da biografia e obra de Augusto Boal, contextualizando sua


vida e produção literária.

 Estudo sobre o Teatro do Oprimido, compreendendo sua


fundamentação, método e prática.

 Realização de Seminários em equipes sobre o Teatro do Oprimido


e seu idealizador, Augusto Boal.

 Contextualização do Teatro do Oprimido no tempo e espaço em


comparação com outros Movimentos Teatrais e Métodos
desenvolvidos na trajetória do Teatro no Brasil e no Mundo.

 Identificação de Grupos e Artistas brasileiros e mundiais que


desenvolvem a prática do Teatro do Oprimido.

 Aplicação de Exercícios, Jogos e Técnicas do Teatro do Oprimido.

 Exibição de vídeos sobre os tema: Preconceito étnico-racial e


Consciência Negra .Com realização de debates em sala de aula e
construção de texto dissertativo argumentativo após a exibição dos
vídeos.

 Exibição de vídeos sobre o tema: Bullying na Sala de Aula. Com


realização de debates em sala de aula e construção de texto
dissertativo argumentativo após a exibição dos vídeos.

 Improvisação de Cenas Teatrais a partir da produção literária para


Juventude, utilizando acervo da biblioteca da Instituição de Ensino,
identificando títulos que abordem os temas: Preconceito étnico-racial
e Consciência Negra.

 Produção de Textos Dramatúrgicos a partir de Livros Literários


para Juventude, presentes no acervo da biblioteca da Instituição de
Ensino, identificando títulos que abordem os temas: Preconceito
étnico-racial e Consciência Negra.

 Pesquisa de Livros com Obras Dramatúrgicas e outros títulos


relacionados à Linguagem do Teatro, na biblioteca da Instituição de
Ensino.

 Identificação, Reflexão e Conscientização da Diversidade Cultural,


Étnica, Religiosa e de Gênero dentro da Sala de Aula. Com
realização de rodas de diálogos.

 Pesquisa de Campo: Identificação dos diversos líderes nos


âmbitos político e sociocultural presentes na Comunidade Escolar,
município de Caruaru, estado de Pernambuco, Brasil e Mundo.
Elaborando um estudo reflexivo/crítico de suas principais influências
e ações na sociedade.

 Pesquisa de Campo: Identificação das diversas Classes Oprimida


e Opressora, nos âmbitos político e sociocultural, presentes na
Comunidade Escolar, município de Caruaru, estado de Pernambuco,
Brasil e Mundo. Elaborando um estudo reflexivo/crítico das relações
existentes entre as duas classes.

 Pesquisa de Campo: Identificação dos Artistas Negros moradores


da Comunidade Escolar; com realização de Entrevistas; Palestras e
Homenagens.

 Criação de Personagens a partir do estudo realizado de


identificação de Líderes Negros Comunitários, Classe Oprimida e
Classe Opressora da Comunidade Escolar, município de Caruaru,
do estado de Pernambuco, Brasil e Mundo, para prática de
Exercícios e Jogos do Teatro do Oprimido.

 Aplicação de Exercícios, Jogos e Técnicas do Teatro do Oprimido


trabalhando os temas: Preconceito étnico-racial e Consciência
Negra, dialogando com situações de Bullying estudadas.

 Criação de Esquetes Teatrais a partir do temas: Preconceito


étnico-racial e Consciência Negra, trabalhando situações que
envolvam a Diversidade Cultural, Étnica, Religiosa e de Gênero,
estudadas.

 Pesquisa e Criação dos elementos técnicos constituintes do


Teatro: Cenário, Figurino, Maquiagem, Iluminação para os Esquetes
Teatrais desenvolvidos durante o referido projeto.

 Criação de Diário de Bordo.

5. CONTEÚDO: CONSCIÊNCIA NEGRA

Durante os 358 anos de escravidão, de 1530 a 1888, cerca de 5,5 milhões de


negros foram sequestrados do seu meio natural, da África para serem escravizados
no Brasil. Destes, 4,8 milhões chegaram vivos em nossas terras. Nesse período, a
condição de vida dos negros era muito precária, pois viviam em senzalas, em
lugares insalubres, trabalhavam durante o dia e sem remuneração, a alimentação
era precária, e a desobediência, era reprimida com bastante violência.
Hoje a situação dos negros melhorou, as condições de vida dessa população
não se iguala à da população não negra, que ainda apresenta índices sociais mais
favoráveis do que as demais etnias no nosso país. Através das pesquisas feitas pelo
IBGE, os negros e pardos representam a maioria da população brasileira – cerca de
54% da população total do país, que já superou a quantia de 204 milhões de
pessoas.

Lei Afonso Arinos completa 61 anos


Sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas, em julho de 1951, a Lei 1.390
também conhecida como Lei Afonso Arinos, foi o primeiro código brasileiro a incluir
entre as contravenções penais a prática de atos resultantes de preconceitos de raça
ou de cor.
A legislação prevê a igualdade de tratamento e direitos iguais independente da cor
da pele. Por exemplo, nenhum estabelecimento comercial pode deixar de atender
um cliente ou maltratá-lo pelo preconceito de cor, sendo o agressor e o responsável
pelo estabelecimento passível de processo de contravenção.
Em caso de preconceito racial praticado por um funcionário público, a pena prevista
nesta lei é a perda do cargo para o funcionário e dirigente da repartição. Em caso de
reincidências, o juiz pode autorizar o embargo ao estabelecimento público e privado.
Afonso Arinos – Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990) foi jurista, político,
historiador, professor, ensaísta e crítico brasileiro. Ele se destacou pela criação da
Lei contra discriminação racial e ocupou a cadeira de nº 25 da Academia Brasileira
de Letras.
Historicamente, Afonso Arinos foi reconhecido como um grande intelectual e um dos
parlamentares republicanos mais importantes do país. Atuou politicamente, a partir
de meados do século XX, sendo um dos fundadores e líderes da União Democrática
Nacional, a UDN.
Outras leis de defesa contra a prática da discriminação
Lei do Ventre Livre _ Também conhecida como “Lei Rio Branco” foi uma lei
abolicionista, promulgada em 28 de setembro de 1871 (assinada pela Princesa
Isabel). Esta lei considerava livre todos os filhos de mulher escravas nascidos a
partir da data da lei. Como seus pais continuariam escravos (a abolição total da
escravidão só ocorreu em 1888 com a Lei Áurea), a lei estabelecia duas
possibilidades para as crianças que nasciam livres. Poderiam ficar aos cuidados dos
senhores até os 21 anos de idade ou entregues ao governo. O primeiro caso foi o
mais comum e beneficiaria os senhores que poderiam usar a mão-de-obra destes
“livres” até os 21 anos de idade. A Lei do Ventre Livre tinha por objetivo principal
possibilitar a transição, lenta e gradual, no Brasil do sistema de escravidão para o de
mão de obra livre. Vale lembrar que o Brasil, desde meados do século XIX, vinha
sofrendo fortes pressões da Inglaterra para abolir a escravidão.
Lei dos Sexagenários – A Lei n.º 3.270, também conhecida como Lei dos
Sexagenários ou Lei Saraiva-Cotejipe, foi promulgada a 28 de setembro de 1885 e
garantia liberdade aos escravos com mais de 60 anos de idade. Mesmo tendo pouco
efeito prático, pois libertava somente escravos que, por sua idade, eram menos
valorizados, houve grande resistência por parte dos senhores de escravos e de seus
representantes na Assembleia Nacional.
Lei 7.437 / 85 (Lei Caó) – Inclui entre as contravenções penais a prática de atos
resultantes de preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil, dando nova
redação à Lei nº 1.390, de 3 de julho de 1951 – Lei Afonso Arinos. A legislação que
classifica o racismo como crime inanfiançável com pena de até cinco anos de prisão
e multa.
Constituição Federal de 1988 – Prevê em seu Art. 5º inciso XLII que ” Todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” – “a prática do racismo
constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
da lei”.
Lei 7.716 / 89 – Promulgada pelo presidente José Sarney, a lei possui o intuito de
dar aplicabilidade à legislação brasileira, e define os crimes resultantes de
preconceito de raça ou de cor.
Lei 12.228 de 2010 – Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a
garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa
dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às
demais formas de intolerância étnica.
5 brasileiros negros famosos que foram retratados como brancos
Principalmente no início do século XX, pessoas negras que atingiam muito sucesso
eram retratadas como brancas

Por ANDRÉ NOGUEIRA, do Aventuras na História

Montagem AH
Foi muito comum no Brasil que pessoas negras de grande sucesso em suas áreas, quando
se tornassem populares, ficassem conhecidas por imagens que sugerissem que fossem
brancas. Principalmente no início do século XX, em que o racismo científico, o pós-abolição e
a máquina fotográfica em preto-e-branco compunham as inovações das sociedades urbanas
no Brasil, foi muito comum a divulgação de autores, escritores, artistas e políticos
afrodescendentes como pessoas brancas.

Dadas as limitações do retrato em preto-e-branco, era fácil o clareamento das imagens, que
passavam uma ideia de ”branquitude” incompatível com a realidade.

Conheça 5 casos em que isso aconteceu ao longo dos anos:

5. Maria Firmina dos Reis

Imagem retirado do site Aventuras na História


Maria Firmina dos Reis foi uma importante escritora maranhense,
relevante pelo marco de ser a primeira autora a publicar um romance no
Brasil: Úrsula, lançado em 1859. Mas sua carreira, não se resumindo a
isso, envolveu produções na área de música, poesia, antologias, reportagens para a
imprensa local e conteúdo político. Firmina era engajada no movimento pela abolição da
escravatura, chegando a escrever um “Hino à Abolição“. Também foi importante na criação
de uma espécie de escola comunitária em que ela se dedicava a ensinar membros da
comunidade sem condições de pagar por educação, dada a defasagem gigante que tinha a
educação pública na época.

4. Nilo Peçanha

Imagem retirado do site Aventuras na História


O primeiro marco atingido por Peçanha é o de ser o primeiro presidente não
branco do Brasil. Assumindo o cargo com a morte do presidente Afonso
Pena, Nilo Peçanha governou pouco tempo mas com muita conturbação,
principalmente com o Partido Republicano Conservador, além das
consequências políticas de seu apoio a Hermes da Fonseca. Antes da
presidência, passou pelo senado, pela constituinte de 1890 e ainda foi presidente da
província do Rio de Janeiro. Usualmente, Nilo é tido como “mestiço”, porém mesmo em vida,
por razões políticas, negava sua ascendência negra e seus traços africanos, mesmo que
confirmasse sua origem humilde.

3. Padre José Maurício

Imagem retirado do site Aventuras na História


Famoso clérigo católico, José Maurício tem a grande maioria de sua
produção ainda na colônia brasileira. Mais uma vez, trata-se de um homem
de origens africanas, tratado como “mulato” e retratado como branco. O
padre ficou famoso por sua produção musical como professor de música e
compositor de música sacra. Atinge o ápice de sua carreira em 1798, quando recebe licença
para pregar e parte para uma vida de missionarismo como mestre de capela de uma catedral
do Rio de Janeiro, se tornando responsável pela composição musical das missas. Atuou
como organista, pregador e compositor.

2. Lima Barreto

Imagem retirado do site Aventuras na História


Afonso Henriques de Lima Barreto foi um famoso escritor brasileiro e neto de pessoas
escravizadas, vindo de uma situação que beirava à miséria. Começou sua carreira com a
produção de contos curtos e seu ingresso no jornal Fon-Fon, em 1907. O jornal não durou
muito tempo e Lima Barreto se dedicou à produção de um romance nacional, ao mesmo
tempo referencial e satírico. Daí nasceu, em 1911, seu famoso O Triste Fim de Policarpo
Quaresma, sua principal obra, escrita em formato de folhetim. Atuou também como poeta,
contista, cronista e ainda teve considerável ação política contra a estrutura racista e
escravista do Rio de Janeiro, criticando com força nos jornais fluminenses posições
conformistas. Ao mesmo tempo, foi um homem conflitivo: alcoólatra, passou diversas vezes
pelo Hospital dos Alienados (hospício), além de criar conflitos na tentativa de ingressar na
Academia Brasileira de Letras.

1. Machado de Assis

Imagem retirado do site Aventuras na História


Uma das maiores referências da arte nacional, Machado de Assis é
bastante famoso e talvez um dos mais relevantes literatos da língua
portuguesa. Famoso pela sua obra satírica, extremamente irônica e irreverente, o olhar do
escritor é sempre focado na exposição dos podres da sociedade escravista, mas de uma
maneira pouco óbvia, a ponto de ser taxado de conformista à época. Homem negro que viveu
a vida toda no Rio de Janeiro, apostou na cultura e no ‘versamento’ como forma de ascensão
social, a ponto de se tornar funcionário público e diretor de bibliotecas, conhecido por toda a
cidade. Autodidata (incluindo línguas), Machado passou pelo romantismo, mas também
inaugurou a literatura realista brasileira com Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881),
inspirado em Balzac. Até hoje, Machado de Assis é uma das maiores referências da literatura
lusófona, e é merecido. O exemplo de Machado é clássico de grande artista de gênio singular
que era negro e foi embranquecido pela fotografia que o divulgava, sendo referência principal
para este assunto polêmico. ( Portal Geledés - https://www.geledes.org.br )
ALGUMA VEZ UM NEGRO INVENTOU ALGO?

A resposta inevitável deve ser não, nunca, sempre e quando você acredite
na 'história oficial'. No entanto, os fatos contam uma história diferente. Um homem
negro, por exemplo, inventou esses semáforos sem os que o mundo não pode andar
e o pai da medicina não foi Hipócrates, mas Imotep, um multifacético gênio negro
que viveu dois mil anos antes do médico grego. É que os europeus ainda se negam
a reconhecer que o mundo não estava à espera na escuridão para que levassem a
luz. A história da África já era antiga quando a Europa começou a andar.Um mestre
de ensino secundário da Gana, que visitou recentemente Londres, não
pode acreditar que um homem negro tivesse inventado os semáforos. "O
que?!", perguntou com absoluta incredulidade. "Como pode um homem negro ter
inventado os semáforos?!"
Bem, você pode imaginar a classe de educação que este mestre de ensino
secundário ensinou e continua a ensinar a seus estudantes, não por malícia, mas
por pura ignorância. Que tipo de educação recebem os africanos?
Todos pensam, igual que este professor ganês, que os negros 'não podem' inventar
nada, mas que compram as invenções dos outros.
Um novo livro de texto, Cientistas e inventores negros, publicado
recentemente em Londres por BIS Publications, descarta totalmente a ideia que as
pessoas negras não têm criatividade. Escrito em conjunto por Ava Henry y Michael
Williams (ambos diretores da filial de Londres da BIS Publications), o livro está
pensado para ser usado por crianças de entre 7 e 16 anos. "Nós esperamos que os
pais e mestres ajudem as crianças nesta tarefa de conhecimento e
descoberta", dizem os autores. As pessoas negras estão encontrando cada vez mais
difícil entender por que, inclusive na era da abertura e liberalismo caracterizada pela
Internet, continuam a negar o reconhecimento devido a inventores e cientistas
negros. E isto acontece apesar de que há documentação que prova que várias
invenções importantes para o mundo têm sido obra da criatividade dos negros.

No passado
Escrevendo sobre as invenções e as descobertas africanas, Count C. Volney,
o renomado historiador francês, escreveu: "Pessoas agora esquecidas descobriram,
enquanto outros eram ainda bárbaros, os elementos das artes e da ciência.”
Uma raça de homens agora rejeitada pela sociedade por sua pele escura e
seu cabelo enroscado cimentou no estudo das leis da natureza esses sistemas civis
e religiosos que ainda governam o universo".Ao que o Dr. John Henrik Clarke, um
historiador afro-americano, acrescenta: "Primeiro, as distorções devem ser
admitidas. O fato lamentável é que a maioria do que nós chamamos agora de
história mundial é só a história do primeiro e segundo florescimento da Europa. Os
europeus ainda não reconhecem que o mundo não estava à espera deles na
escuridão para que trouxessem luz. “A História da África já era antiga quando a
Europa nasceu".
O Dr. Clarke é apoiado pelo estudioso e explorador alemão Leo Frobenius,
que escreveu em sua principal obra, Und Afrika Sprach, publicada em 1910: "Nessa
porção do globo, o anglo-saxão Henry Morton Stanley lhes deu nome de 'escuros' e
'escuríssimos'...
Mas antes das invasões estrangeiras, “os africanos não viviam em grupos
pequenos, mas em comunidades de 20 mil ou 30 mil habitantes, cujas estradas
estavam escoltadas por esplêndidas avenidas de palmeiras, plantadas a intervalos
regulares e de uma maneira ordenada". O trabalho de Frobenius inclusive foi
melhorado por Thomas Hodgkins, um historiador britânico que escreveu
depois: "Quando as pessoas falam, como ainda algumas vezes o fazem, sobre a
África do sul do Saara como um continente sem história, o que eles realmente dizem
é que essa porção da África tem uma história da que nós, os ocidentais, somos
deploravelmente ignorantes..”.Devemos admitir que ainda somos vítimas de uma
mentalidade colonial: encontramos difícil de compreender que “os africanos
possuíssem sua própria civilização durante muitos séculos antes de que os
europeus, começando pelos portugueses ao final do século XV, concebessem a
ideia de tentar vender-lhes a nossa".
A maioria dos historiadores aceita agora que os antigos impérios africanos da
Gana, Mali e Songhay* tinham desenvolvido sociedades científicas.
Em Uma História do Desenvolvimento Intelectual da Europa, publicada em
1864, J. W. Draper “escreveu sobre o desenvolvimento social e artístico
imensamente superior dos mouros (os negros), que bem poderiam ter visto com
arrogante desprezo as moradas dos governantes da Alemanha, França e Inglaterra,
que naquele tempo apenas eram melhores do que seus estábulos".
Recentemente, o jornalista britânico de TV Jon Snow, que se fez de um nome
como jornalista na África na década de 1970, ficou assombrado ao encontrar numa
biblioteca em Tombuctu (Mali), pilhas de livros fechados "faz mais de 500
anos" (suas próprias palavras em câmera).
"Nós (os europeus) gostamos de pensar que foi nossa cultura a que levou os
livros a África, mas aqui em minhas mãos está a evidência que demonstra o
contrário. Eles nos deram os livros", disse Snow, enquanto revisava um deles. Os
documentos demonstram que as primeiras universidades da Europa foram fundadas
muito depois da Universidade de Sankore, em Tombuctu, cujos professores eram
todos africanos.

O Antigo Egito

Até no antigo Egito, que era essencialmente um império negro cuja grande
glória tem se atribuído com malícia aos árabes, os negros foram os que iniciaram o
caminho das ciências.
Sir J. G. Wilkinson admitiu em seu livro Os Antigos Egípcios (1854) "que os
antigos egípcios possuíram um considerável conhecimento da química e do uso do
óxidos metálicos, como ficou evidenciado nas cores aplicadas a suas peças de vidro
e porcelana; e eles, inclusive, estavam familiarizados com os efeitos dos ácidos
sobre as cores eram capazes de lograr matizes nas tinturas das telas utilizando
métodos semelhantes aos que nós empregamos em nossos trabalhos sobre o
algodão".
Em seu livro Antigo Egito: a Luz do Mundo (1907), Gerald Massy admitiu
que Imotep, o multifacético gênio negro, foi o verdadeiro "pai da medicina" e não,
como se sustenta de forma errada, o médico grego Hipócrates. Imotep era um antigo
egípcio que viveu aproximadamente em 2300 antes de Cristo.
Os documentos mostram que tanto a Grécia quanto a Roma tomaram seus
conhecimentos de medicina dele. Ele era venerado em Roma como o "Príncipe da
Paz na forma de um homem negro". Também foi um arquiteto adiantado a seu
tempo e serviu como primeiro ministro do rei Zoser.
Hipócrates, o chamado 'pai da medicina', viveu dois mil anos depois
de Imotep. No entanto, ainda o juramento tomado aos médicos da era moderna
observa um código de ética médica baseado em Hipócrates e não em Imotep.
Esta rejeição ou falta de reconhecimento das invenções e descobertas dos
negros a razão pela que pessoas como o professor ganês podem dizer que os
negros não inventaram nada. Invenções tais como o papel, a elaboração de sapatos,
as bebidas alcoólicas, os cosméticos, as bibliotecas, a arquitetura e muito mais têm
sido obra de pessoas negras muito antes do florescimento da Europa.
Arthur Weigall (Personalidades da Antiguidade, publicado em 1928) admite
que Akenaton, o monarca negro do antigo Egito, foi a primeira pessoa em predicar a
crença num Deus todo-poderoso, todo amor.
"Nos primeiros anos de seu reinado -escreve Weigall- quando ainda era um
rapaz, Akenaton promulgou uma doutrina que estava em seu aspecto exterior um
culto dedooder invisível e intangível, chamado Aton. Fazia-se visível para a
humanidade na luz do sul, geradora de vida, mas em seu significado mais profundo,
simplesmente era a crença num único Deus, todo-poderoso, pai de todas as
criaturas viventes e por quem todas as coisas tinham sua razão de ser".
Sobre Akenaton, J. A. Rogers (Os grandes homens de cor do mundo)
escreveu: "Séculos antes do rei David, ele escreveu salmos tão bonitos como
aqueles do monarca judeu. Trezentos anos antes de Mohamed (chamado em
Ocidente Maomé), ele ensinou a doutrina de um só Deus. Três mil anos antes de
Darwin, ele se deu conta da unidade que atravessa todas as coisas vivas".
Quando Akenaton predicava sua crença num só Deus todo-poderoso, era
considerado um herético. Assim, a crença moderna num Deus onipotente, tão cara
para cristão, judeus e muçulmanos, na verdade é uma consequência do pensamento
de Akenaton, cujas origens são muito anteriores à era judaico-cristã.
Na era romana, um homem negro, agora esquecido, Tiro (nascido para o 103
antes de Cristo) foi o inventor da escrita taquigráfica. Vários historiadores
têm lembrado de Tiro como o secretário de Marco Túlio Cicerão. Cicerão amava
ditar suas cartas a Tiro, que as escrevia em método taquigráfico. Quantos séculos
passaram desde o ano 63 antes de Cristo até 1837 de nossa era, quando o inglês
Isaac Pitman 'inventou' sua taquigrafia?
Outro historiador, Charles Rollin, conta que os egípcios, a raiz das inundações
provocadas pelo Nilo, estavam obrigadas a medir frequentemente seu país e para
esse propósito idealizaram um método que deu origem à geometria. Esse método
passou do Egito para a Grécia, e se crê que foi Thales de Mileto quem o levou numa
de suas viagens.
E se algo faltava para assombro do mestre ganês, Esopo, que viveu no s. VI
antes de Cristo, também era negro. Segundo Planudes o Grande, no s. XIV, um frei
a quem devemos a forma atual das fábulas de Esopo, o descreveu "com lábios
grossos e pele negra". A influência de Esopo no pensamento e a moral ocidental é
profunda. Platão, Sócrates, Aristófanes, Shakespeare, La Fontaine e outros grandes
pensadores se inspiraram em sua sabedoria.

A Era Moderna

Sem dúvida, a invenção de um negro mais visível da era moderna são os


semáforos. Garret Morgan, um afro-americano (nascido em Kentucky, EUA, em 4 de
março de 1877), inventou o sistema automático de sinais de trânsito em 1923, e
depois vendeu os direitos à corporação General Electric por 40 mil dólares. Morgan,
o sétimo de 11 irmãos, só tinham uma educação escolar elementar, mas era
extremadamente inteligente. Começou sua vida de trabalhador como técnico de
máquinas de coser e rapidamente inventou um sistema para aperfeiçoar as
máquinas, que vendeu em 1901 em menos de 50 dólares.
Morgan também inventou a primeira máscara de gás em 1912, pela que
obteve uma patente do governo norte-americano. Seguidamente criou uma
companhia para fabricar as máscaras. O negócio inicialmente foi bom, sobretudo
durante a I Guerra Mundial, mas quando seus clientes descobriram que ele era
negro, as vendagens começaram a diminuir.
Morgan tentou enganar seus clientes racistas inventando um creme que se
aplicava para alisar o cabelo e passar por índio da reserva Walpole, no Canadá.
Morreu em 1963, aos 86 anos. Outro dos grandes inventores negros foi Elijah
McCoy. Tinha nascido em 2 de maio de 1843 em Colchester, Ontario, Canadá. Seus
pais tinham escapado da escravidão da América do Sul e foram morar no Canadá
com suas 12 crianças.
Sendo jovem Elijah foi bom para a mecânica. Depois de estudar em Edimburgo
(Escócia), regressou ao Canadá, mas não podia encontrar trabalho. Terminou nos
Estados Unidos, onde conseguiu emprego como operário ferroviário em Detroit,
Michigan. Era o encarregado de engordurar as maquinarias.
McCoy decidiu desenvolver um sistema para engordurar que não fizesse
parar o funcionamento das máquinas e em 1872 inventou um sistema de
gotejamento para máquinas de vapor que permitiu engordurá-las durante a
marcha. Em 1929, quando McCoy morreu, tinha mais de 50 patentes a seu nome,
inclusive, uma mesa de ferro e um rociador de grama. Seu dispositivo para
engordurar as máquinas de vapor cimentou a revolução industrial do s. XX. De volta
a casa na África, o cientista ganês, Raphael E.
Armattoe (1913-1953), candidato ao Prêmio Nobel de Medicina em 1948,
encontrou a cura para a doença do verme da água da Guiné com sua
droga Abochi na década de 1940. Ele também fez uma extensa investigação sobre
as diferentes espécies de ervas e raízes africanas de uso medicinal.

Os inventores negros dos Estados Unidos

Só nos Estados Unidos, milhares de inventores e cientistas negros têm


contribuído enormemente ao desenvolvimento nacional, além do mundial, sem
nenhum reconhecimento. Esta é uma pequena mostra de inventores negros
dos Estados Unidos na era moderna: Em medicina, Charles R. Drew foi o pioneiro
no desenvolvimento do banco de sangue. Em 1940, seu trabalho com o plasma e
armazenagem abriu o caminho para o desenvolvimento dos bancos de sangue nos
Estados Unidos. Em 1935, o Dr. William Hinton publicou o primeiro manual médico
escrito por um afro-americano, baseado em sua investigação da sífilis. O físico
Lloyd Quarteman jogou um papel transcendental na equipe científica norte-
americana que desenvolveu o primeiro reator nuclear na década de 1930 e iniciou a
era atômica no mundo. Outro físico, Roberto E. Shurney, desenvolveu os
pneumáticos de malha de arame para o robô da Apolo XV que tocou a superfície da
lua em 1972. George Washington Carver, um gênio agrícola, desenvolveu novos
métodos de cultivo que salvaram a economia do sul dos Estados Unidos na década
de 1920. Em 1927 fez imensas melhoras ao processo de fabricação de pinturas e
corantes. Também investigou amplamente a terra e as doenças das plantas e
desenvolveu 325 produtos derivados do amendoim, entre eles tintas, alimentos e
produtos cosméticos.
Jan Ernst Matzeliger (1852-1889) inventou a 'máquina sem fim' que impactou
grandemente na indústria dos sapatos do mundo. Obteve uma patente do governo
em 1883. Após vendeu os direitos à
firma ConsolidatedHandMethodLastingMachineCo. Quando morreu, em 1889, tinha
outras 37 patentes a seu nome. Foi honrado pelos Estados Unidos em 1992 com um
selo de correios com seu retrato.
O Dr. Ernest E. Just (1883-1941) estudou a fertilização e a estrutura celular do
ovo antes da I Guerra Mundial. Ele deu ao mundo a primeira visão da arquitetura
humana ao explicar como trabalham as células.
Granville T. Woods (1856-1910) inventou um novo transmissor do telefone
que revolucionou a qualidade e distância à que podia viajar o som. A companhia de
telefones Bell comprou a patente de Woods, cujo trabalho mais memorável
foi a melhora que logrou para os trens. Primeiramente, ele inventou o "sistema de
telegrafia ferroviário", que permitiu enviar mensagens de trem a trem, mas em 1888
melhorou seu invento com um sistema que permitiu eletrificar os trens. Mais? A lista
é inesgotável. Vejamos alguns outros inventores negros.
Richard Spikes desenvolveu a caixa de câmbios automáticos para os
automóveis em 1932. George Carruthers, um astro-físico da NASA, desenvolveu a
câmera remota ultravioleta que se usou na missão da Apolo XVI e que permitiu ao
mundo ter uma visão das crateras da lua na década de 1960. Sua combinação de
telescópio e câmera é ainda usada nas missões dos transbordadores. Em 1986,
a Dra. Patricia E. Bath, uma oftalmologista, inventou um dispositivo laser que tem se
usado desde então na cirurgia de cataratas.
Em 1989 o Dr. Philip Emeagwali, um imigrante nigeriano nos Estados Unidos,
realizou o cálculo de computador mais rápido do mundo, uma assombrosa operação
de 3,1 bilhões de cálculos por segundo. Seu aporte tem mudado a maneira de
estudar o aquecimento global e as condições do tempo e também tem ajudado a
determinar como o petróleo flui sob a terra. O Dr. Daniel Hale Williams foi primeiro
em realizar, em 1893, uma operação de coração num homem. O químico Percy L.
Julian, "um dos maiores cientistas do s. XX", segundo a revista Ébano, abriu o
caminho para o desenvolvimento do tratamento do mal de Alzheimer e do glaucoma
com seus experimentos em 1933.
"Sua investigação na síntese da fisostigmina, uma droga para tratar o
glaucoma, determinou que melhora a memória dos pacientes do mal de Alzheimer e
serviu como antídoto do gás nervoso", segundo Ébano. Benjamim Banniker foi o
primeiro inventor afro-americano notável. Ele fez o primeiro relógio nos Estados
Unidos e experimentou em astrologia. Depois, foi assistente do francês La Flan, que
planejou a cidade de Washington.
Quando La Flan deixou o país desencantado com os norte-
americanos, Banniker recordou os planos e virou o verdadeiro responsável do
desenho da cidade, uma das poucas dos Estados Unidos com ruas suficientemente
amplas como para permitir o passo de dez automóveis ao mesmo tempo.
*Os songhay foram um povo negro-africano da beira do rio Níger meio,
mistura entre tuareg e fulbe. No s. VII ou VIII criaram um império com capital
em Kukya e depois em Gao (1010). Controlavam as rotas das caravanas do
Saara central, que levavam a Tumbuctu o ouro do Sudão e regressavam com
sal das salinas de Tombuctu, no norte do Saara. Em 1591 o império foi
destruído pelos marroquinos.

Foram os protestos de pessoas comuns que começaram a botar o


assunto na roda.
Foram os protestos de pessoas como Rosa Parks, uma senhora que se
recusou a dar lugar a um branco em um ônibus, e Charles Houston, um advogado
que resolveu comprar a briga contra as leis segregacionistas. Houston, aliás, foi o
responsável pela primeira vitória dos negros rumo à igualdade. Em 1954, ele
conseguiu provar na Suprema Corte americana que escolas separadas faziam mal
ao desenvolvimento e à auto-estima das crianças. Para isso, citou um estudo que foi
feito com 16 estudantes negros dos estados do sul. A cada uma das crianças foram
mostradas duas bonecas: uma branca e uma negra. Dez das crianças disseram que
gostavam mais da boneca branca e 11 responderam que a negra era feia. Quando
perguntados com qual das duas eles se pareciam, 7 alunos responderam a branca,
e os outros não conseguiam admitir que eram parecidos com a boneca rejeitada.
“Segregação faz um grupo de pessoas acreditar que é inferior”, disse alguns anos
depois o psicólogo que conduziu o estudo, Kenneth Clark.

Professor: José Laércio Ramos


E-mail: laercioze@gmail.com
Fone: 9409-6155

Cultura Afro e Indígena

A Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003 altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de


1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no
currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura
Afro-Brasileira”.
Assim, o art. 26-A da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com
a seguinte redação:
“Art. 26-A.  Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio,
públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira
e indígena”.
Na disciplina de Matemática, abordar conteúdos mediante a ideia de inseri-los numa
perspectiva que contemple a História e Cultura Africana, Afro-Brasileira e Indígena,
encontra certas dificuldades devido o pouco material que fundamenta essas
abordagens e dada a especificidade de cada conteúdo. No entanto, as tendências
em  Educação Matemática presentes nas Diretrizes Curriculares do Estado
possibilitam várias abordagens da História e Cultura Africana, Afro-brasileira e
Indígena no encaminhamento de conteúdos matemáticos, e também por meio de
brincadeiras e jogos ensinados e praticados entre comunidades ou descendentes de
africanos ou indígenas.
Uma das sugestões foi o jogo  Shisima, um jogo de três alinhados, jogado pelas
crianças da parte ocidental do Quênia. Na língua tiriki, a palavra shisima quer dizer
“extensão de água”; eles chamam as peças de imbalavali ou pulgas-d’água.
As pulgas-d’água movimentam-se tão rapidamente na água que é difícil acompanhá-
las com o olhar.
Além da investigação sobre o jogo (histórico, regras,…),  com a construção do
tabuleiro é possível explorar conceitos matemáticos de geometria (raio, diâmetro,
círculo, circunferência,…), frações, medidas.

A Situação dos Negros (Afrodescendentes) no Brasil

Segunda edição do relatório anual das Desigualdades Raciais no Brasil. Foi


publicado no dia 19 de abril, pelo LASER – Laboratório de Análises Econômicas,
Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais, órgão da Universidade do
Rio de Janeiro (UFRJ), dados alarmantes sobre as condições de vida dos
afrodescendentes brasileiros através de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios). Segundo a pesquisa, afrodescendentes tem menos acesso
à Previdência social e consequentemente menor esperança de sobrevida no país.
Nos dados referentes a 2008, 44,7% dos autodeclarados preto ou pardos não
estavam protegidos pela Previdência Social. Entre os autodeclarados brancos, esse
índice caiu para 34,5% (mulheres são mais afetadas do que os homens). Em todo o
país, a expectativa de vida dos afrodescendentes de ambos os sexos era 67,3 anos.
Entre os autodeclarados brancos, esse número subiu para 73,13% anos.
Os dados do relatório apontam programas governamentais de transferências de
rendimento, como o Bolsa Família, como os principais responsáveis pela redução
nas desigualdades sociais, sendo 24% das famílias chefiadas por afro-
brasileiros (7,3 milhões) cadastradas no programa do governo federal.
Em relação ao analfabetismo, segundo o relatório, existe um atraso no país no
processo de alfabetização de crianças e jovens afrodescendentes. Ao longo de
todas as faixas da população em idade escolar, a taxa de analfabetismo registrada
entre pretos e pardos é maior do que o dobro da apresentada pelos brancos.
Números do relatório apontam que, em 2008, 6,8 milhões de pessoas em todo o
país que frequentavam ou tinham frequentado a escola permaneciam analfabetos,
sendo os afrodescendentes 71,6% do total. Nem metade das crianças pretas e
pardas, entre os 11 e os 14 anos, estudavam na série esperada, e 84,5% das
crianças afrodescendentes de até 3 anos não frequentavam creches.

Educação de Relações Étnico-Raciais

O Pelourinho era o centro administrativo e político da cidade alta, lá


estavam localizadas as principais instituições. Segundo Carlos, no pelourinho
só viviam pessoas ricas, e o local só servia para castigar escravos na frente
dos outros como forma de exemplo.
A palavra pelourinho se refere a uma coluna de pedra, localizada
normalmente ao centro de uma praça, onde criminosos eram expostos e
castigados. No Brasil Colônia, era, principalmente, usado para castigar
escravos.  
Marli afirma que o famoso bairro de Salvador era um local requintado,
“As pessoas que moravam lá eram os senhores e as senhoras da alta
sociedade da antiga capital do país”. Ela ainda acrescenta que, como as
punições aconteciam no largo do pelourinho, as pessoas que moravam nas
redondezas se incomodavam com o barulho que os escravos faziam durante
as punições, por isso o local de castigo acabou mudando de lugar várias
vezes.
As principais ideologias da
época eram dominação, diferença e exclusão. Segundo Marli, a regra para os
escravos era a obediência que vinha do porão e da senzala. Outra ideia muito
forte na época era a de que o tráfico negreiro tirava os escravos
do paganismo e trazia a salvação. Foi nesse período que o
jesuíta Jorge Bence escreveu o livro “Economia cristã dos escravos”, uma
espécie de manual para instruir os senhores em relação ao tratamento que
deveria ser dado aos escravos.  
Com base nisso, ele também desenvolveu a lei dos 3 “pês”, Pano (
para vestir), pão (para comer e aguentar o trabalho) e pau (para andar na
linha). Essa era uma mensagem cristã para não matar o escravo e não deixar
ao relento, isso tudo para “cuidar” da principal mercadoria, o escravo. Marli
acrescenta que ter um escravo era estar ao lado de quem dominava e as
maiores preocupações de um escravo alforriado era comprar um sapato, já
que eles não podiam usar calçados e depois comprar um escravo.
Quanto à punição dos escravos, ambos os historiadores foram bem
claros, os castigos eram brutais. Os tipos de penitência mais comuns
eram mãos cortadas, chibatadas, troncos, argolas, gargalheiras, correntes nos
pés e até mesmo permanecer durante horas fazendo a mesma atividade.
Tudo dependia do bom senso e da moral do senhor. Para conter o excesso de
castigo, a partir do século 17, um conjunto normativo de leis foi formado por
Portugal. Nessas ordens régias, os senhores eram “obrigados” a ter província
e cautela com os escravos, o que segundo Carlos Francisco, não acontecia.
“Os senhores tinham noção dos castigos, mais eles tinham que dar exemplo
para os escravos rebeldes. As leis existiam, mas não eram cumpridas de
forma integral”.
De acordo com Carlos, existem alguns casos de africanos que
entraram na justiça contra os seus senhores, porque eles acreditavam que os
castigos estavam passando dos limites. O mais famoso é o de 1890, da
escrava Úrsula (do Congo) contra a sua senhora Ana Cavalcanti. Os casos
eram analisados pela corte portuguesa e o julgamento dependia do bom
senso do rei. Neste caso a escrava saiu vitoriosa, Dom Pedro II determinou
que a escrava fosse vendida a outro senhor.
Para Marli Geralda, a memória do negro em Salvador tem pouco a ver
com a do centro histórico, lugar onde hoje se obtém muito lucro com turistas.
“Lá [o pelourinho] o negro foi a vítima, eles não tem do que se lembrar”, diz.
Ela acredita que as heranças da cultura africana estão presentes nos lugares
mais inusitados. Principais lugares que marcaram a história e que não estão
presentes no circuito do turismo:
# Praia do chega nego: Atualmente localizado no Jardim dos
Namorados, o principal lugar de tráfico e contrabando de escravos, dessa
forma o desembarque acontecia e não era preciso pagar impostos.
# Terreiro de Bogum: Localizado no bairro Engenho Velho da
Federação, onde grupos de escravos fizeram um quilombo. É o terreiro mais
autêntico atual, que preserva a religião Efón e Vodu.  
# Irmandade de Nossa Senhora dos Homens Pretos: Fica localizada no
centro histórico da cidade alta. A organização foi criada no século 18 para
escravos e ex-escravos se dizerem católicos, assim eles estariam “salvos” do
paganismo. A única igreja a fazer o ritual católico com liturgia africana.  
# Sociedade Protetora dos Desvalidos: Situada no Largo do São
Francisco. A sociedade foi criada por negros alforriados, que tinham como
principal função arrecadar donativos para ajudar na alforria de outros
escravos.  
# Feira de São Joaquim: Acontecia na cidade baixa. Feira muito
popular e tradicional de Salvador, também recebia o nome de Feira de água
dos meninos, já que ela era realizada na orla, e a praia era um local para
banho e fazer excrementos.

6. RECURSOS DIDÁTICOS
A indicação dos Recursos Didáticos abaixo é direcionada ao Professor e contribuirá
para o planejamento e desenvolvimento das Situações Didáticas supracitadas nos
Quadros.

Indicação de Livros
BOAL, Augusto. Jogos para Atores e não Atores. São Paulo: Civilização Brasileira,
2009.
BOAL, Augusto. O Arco-íris do desejo: Método Boal de Teatro e Terapia. São Paulo:
Civilização Brasileira, 1996.
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras Poéticas Políticas. São Paulo: Cosac
Naify, 2014.
BOAL. Augusto. Estética do Oprimido. São Paulo: Garamond, 2009.
BRANCO, Angela. Diversidade e Cultura de Paz na Escola: Contribuições da
Perspectiva Sociocultural. São Paulo: Mediação Editora, 2012.
CAMAROTTI, M. A linguagem no teatro infantil. Recife: Universitária da UFPE, 2002.
CAMAROTTI, Marco. Diário de um corpo a corpo pedagógico e outros elementos de
arte-educação. Recife: Universitária da UFPE, 1999.
EISNER, E. EducatingArtistic Vision. New York: Mac-millan, 1972.
JAPIASSU, R. Metodologia do ensino de Teatro. Campinas: Papirus, 2001.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1991.
NEIRA, Marcos Garcia. Educação e Diversidade Cultural no Brasil. 2ed. São Paulo:
Junqueira& Marin, 2014.
RAMOS, Rossana. Na Minha Escola Todo Mundo é Igual. São Paulo: Cortez, 2004.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying: Mentes Perigosas nas Escolas. 2ed. São
Paulo, Principium, 2015.

Indicação de links para sites da web

Sobre Augusto Boal:


http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa4332/augusto-boal
http://www.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/augusto-boal/augusto-boal-
uma-trajetoria-revivida/
https://educacao.uol.com.br/biografias/augusto-boal.htm
https://institutoaugustoboal.org/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Boal

Sobre o Teatro do Oprimido:


http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo616/teatro-do-oprimido
https://oprima.wordpress.com/about/
https://www.infoescola.com/artes-cenicas/teatro-do-oprimido/

Sobre Consciência Negra

Livros Paradidáticos

 Histórias africanas para contar e recontar (Rogério Andrade);


 Liberdade – O sonho dos Palmares (Jussara Rocha Koury);
 Lendas Negras (Júlio Emílio Bráz/Salmo Dauso);
 Os Príncipes do Destino (Reginaldo Prandi);
 O Papagaio que não gostava de mentiras;
 Contos e Lendas afrobrasileiras – A Criação (Reginaldo Prandi);
 O Rosto africano da esperança (Albert Tévédjré);
 Calabar (Chico Buarque e Ruy Guerra);
 Raízes do Brasil (Sergio Buarque de Holanda);
 Carnavais, malandros e heróis(Roberto da Matta);
 Negrinha (Monteiro Lobato);
 Urupês (Monteiro Lobato);
 História e cultura africana e afrobrasileira (Nei Lopes);
 Justiça dos escravos (Esther Peixoto Mello);
 Tumbu (Marconi Leal);
 Lendas brasileiras (Rachel de Queiroz);
 Nó na garganta (Mirna Pinsky);
 Capitão Mouro (Georges Bourdoukan);
 Maneiras de carregar os bebês (BobbieNeats);
 Menina bonita do laço de fita (Ana Maria Machado);
 Volta ao mundo dos contos nas asas de um pássaro (Catherine Gendrin);
 O machado, a abelha e o rio(Werimehe e Kanátyo Pataxó);
 Panorama do segundo impéri (Nelson Werneck Sodré);
 Os Tambores de São Luís;
 Escravos de Jó (Elita Ferreira);
 O príncipe corajoso e outras histórias da Etiópia;
 Sabe quem sou?
 Jongo;
 O presente de aniversário do Marajá;
 Influências, olhar a África e ver o Brasil;
 Rodas e bailes de sons encantados;
 O mundo do trabalho;
 O menino e o jacaré;
 Capoeira;
 Animais da savana;
 Os gêmeos do tambor;
 Zé Lanceiro e Catirina;
 A semente que veio da África;
 Seis pequenos contos africanos;
 A África meu pequeno Chaká;
 A vida em sociedade;
 Berimbau;
 A Escrava Isaura;
 Do outro lado tem segredos;
 Brincadeiras;
 Iauaretê;
 O jogo da parlenda;
 Contando, cantando e encantando;
 Rimas da floresta;
 O urso que queria ser pai;
 Amazonas no coração da floresta;
 De olho na Amazônia;
 Baile do menino Deus;
 Uálace e João Victor;
 Sundjata – Príncipe Leão (Rogério Andrade Barbosa – Editora Ediouro);
 Cultura afro-descendente no Recife (Ivaldo Marciano de França – Editora
Bagaço);
 A África explicada aos filhos (Alberto da Costa e Silva – Editora Agir);
 Os chifres da hiena (MamadouDiablo – Editora de Corda);
 O segredo das tranças (Rogério Andrade Barbosa – Editora Scipione);
 Mãe África (Celso Sisto – EditoraPaulus);
 Eleguá (Carolina Cunha – Editora SM);
 Agbalá um lugar continente (Marilda Castanha – Editora Cosacnaif);
 Os três presentes mágicos africanos(Rogério Andrade Barbosa – Editora
Record);
 Sikulume e outros contos (Júlio Emílio Braz);
 Leite de peito (Geni Guimarães – Maza Edições);
 A luta de cada um, Luís Gama (Myrian Fraga – Editora Callis);
 O fantasma do tarrafal (Jeans Yves Loude – Alis Editora);
 O tesouro do quilombo (Ângelo Machado – Lacerda Editores);
 O negro na chibata (Fernando Granato – Editora Objetiva);
 Justiça dos escravos (Esther Peixoto M. Gonçalves – Letras e Letras);
 O negro em versos (Luís Carlos do Nascimento – Editora Moderna);
 Para conhecer Chica da Silva (Keila Grinberg – Zahar);
 O rei preto de Ouro Preto (Sylvia Orthof – Global Editora);
 Jogo duro (Lia Zats – Dimensão);
 Noná descobre o céu José Roberto Torero - Objetiva);
 O0 caçador de histórias (YaguarêYamã – Editora Martins Fonseca);
 A linguagem dos pássaros (Ciça Fittipaldi – Melhoramentos);
 Como nasceram as estradas (Clarice Lispector – Rocco);
 Apenas um curumim (Werner Zotz – Letras Brasileiras);
 Meu vô Apolinário (Daniel Murdusucu – Studio Nobel);
 Um estranho sonho de futuro (Daniel Murdusucu – FTD);
 Um índio chamado esperança (Luís Galdino – Nova Alexandria);
 Amazonas Amazônia (Jucy Neiva – Expressão e Cultura);
 Amazonas no coração encantado da floresta (Thiago de Mello – COSACNAIF);
 Catando piolhos, contando histórias (Daniel Mundurucu – Brinque Book);
 O casamento entre o céu e a Terra (Leonardo Boff – Salamandra);
 Ali e os camelos (Roberto Benjamin, J. B. Neto e Alzir Alves);
 O Mansa Musa (Roberto Benjamin);
 Influências – Olhar a África e ver o Brasil (Companhia editora nacional);
 As tranças de Bintou (Silvana A. Diouf);
 Pretinha, Eu? (Júlio Emílio Braz – EditoraScpione);
 Felicidade não tem cor (Júlio Emílio Braz – Editora Moderna, Coleção Girassol);
 O cabelo de Lelê (Valéria Belém – Companhia Editora Nacional);
 Os três presentes mágicos (Rogério Andrade Barbosa – Record, Editora
Melhoramentos).

DVDS DA TV ESCOLA/BIBLIOTECAS

 Pluralidade cultural nº 6, vol. II;


 Escola educação nº 27, vol. I;
 Um salto para o futuro nº49 e 50, volumes I e II;
 Um salto para o futuro números 21,23 ao 27, vol. II/III.

VÍDEOS

Atlântico negro–Na rota dos orixás (Brasil, 1989). Direção: Renato Barbieri;
Roteiro: Renato Barbieri e Victor Leonardi.
Documentário – Viagem no espaço e no tempo em busca das origens africanas da
cultura brasileira, terra de origem dos orixás e vodus: O Benin (África), onde estão
as raízes da cultura Jeje- Nagô.
Feiticeiros da palavra – (Brasil, 2001). Direção: Rubens Xavier; Argumento: Paulo
Dias; Roteiro: Paulo Dias e Renato Xavier.
Documentário – Opõe em foco a prática do jongo na comunidade que vive no bairro
do Tamandaré, na periferia de Guaratinguetá – SP, tendo como base a pesquisa
desenvolvida desde 1993 pela a Associação Cultural Cachoeira.

Ganga Zumba – (Brasil, 1963). Direção e Roteiro: Carlos Diegues. Elenco: Eliezer
Gomes, Luiza Maranhão, Antônio Pitanga, Jorge Coutinho e Tereza Raquel.

Ficção – No início do séc. XIX alguns negros fugiram dos senhores portugueses e
fundaram uma nova sociedade, como Quilombo dos Palmares, o mais conhecido,
Ganga Zumba, neto do Rei de Palmares, Zumbi, vai tomando contato com a história
das lutas e dos problemas de seu povo.

Orí – (Brasil, 1998). Direção: Raquel Gerber. Textos e narração: Beatriz Nascimento.
Documentário – Sobre um panorama de um documento – História sobre os
movimentos negros no Brasil (anos 70/80), Orí conta a história de uma mulher –
Beatriz Nascimento, historiadora e militante, que busca sua identidade através da
pesquisa história dos “Quilombos” como estabelecimentos guerreiros e de
resistência cultural da África do séc. XV ao Brasil do séc. XX. Esta pesquisa revela a
história dos povos Bantus na América e sem herói civilizador Zumbi dos Palmares...

Quilombo – (Brasil, 1984). Direção e Roteiro: Carlos Diegues (baseado nas obras de
Palmares, a Guerra dos Escravos, de Décio Freitas e Ganga Zumba, João Felício
dos Santos). Elenco: Antônio Pompeu, Zezé Mota, Tony Tornado, Vera Fischer,
Antônio Pitanga, Maurício do Vale, Daniel Filho, João Nogueira, Jorge Coutinho,
Grande Otelo e Jofre Soares.
Ficção – Em torno de 1650, um grupo de escravos se rebela num engenho de
Pernambuco e ruma ao Quilombo dos Palmares onde uma nação de ex-escravos
fugidos resiste ao cerco colonial. Entre eles está Ganga Zumba, príncipe africano e
futuro líder de Palmares, durante muitos anos. Mais tarde, seu herdeiro e afilhado,
Zumbi, contestará as idéias conciliatórias de Ganga Zumba, enfrentando o maior
exército jamais visto na história colonial brasileira...

Além de trabalhador, Negro (Brasil, 1989). Direção, Roteiro e Edição: Daniel Brasil.
Documentário – Uma reconstituição do trabalhador negro na cidade de São Paulo, a
participação política e sindical. Fotos, jornais e filmes da época ilustram depoimentos
de estudiosos, militantes e sindicalistas; uma cobertura que vai da frente negra de
1930
até os dias de hoje...

Marcha Zumbi dos Palmares contra o racismo, pela cidadania e vida – 1695-1995
(Brasil, 1995). Direção e Roteiro de Edna Cristina.
Documentário – Depoimentos, imagens e reportagens sobre o movimento negro no
Brasil pós 1970 e sobre a marcha Zumbi dos Palmares contra o racismo, pela
cidadania e a vida – 1695-1995, realizada em Brasília, no dia 20 de novembro de
1995, em comemoração dos 300 anos da morte de Zumbi de Palmares. Realização:
Ipê Vídeos Produção e Comunicação...

Quando crioulo dança? Vídeo (Brasil). Direção de Dilma Leões. Ministério de


Educação e do Desporto – Secretaria de Educação Fundamental.
Documentários – Depoimentos, imagens e reportagens sobre o movimento negro no
Brasil...

A Batalha de Argel (La Battaglia diAlgeri). Itália/Argélia, 1965, Dirigido por


GilloPontecorvo.

Entre dois Amores (Out of África), EUA, 1958, Dirigido por Sydney Pollack, Universal
Pictures.

Hotel Ruanda (Hotel Rwanda), Canadá/Reino Unido/Itália/África do Sul, 2004,


dirigido por Terry George.
Kiriku e a Feiticeira1& 2 (KirikuetlaSorcière), França/Bélgica/Luxemburgo, 1998,
Dirigido por Michel Ocelot.

Malcon X (Malcon X), EUA, 1992, Dirigido por Spike Lee.

Sarafina, o som da liberdade (Sarafina), EUA, 1993, Dirigido por DarrelRoodt.

Moçambique: a Saga da Rainha Ginga (Brasil, 1989). Direção: Glória Moura.


Pesquisa: Norton Correa. Roteiro: AbdonBucar.
Documentário – Auto popular encenado na comunidade de Aguapés, em Osório, no
Rio Grande do Sul, que conta a história da Rainha Ginga de Angola, por ocasião da
festa de Nossa Senhora do Rosário e da comemoração do dia 13 de maio. Sua
organização assemelha-se à Congada, Cacumbi e ao Ticumbi, festividades
existentes em outros estados brasileiros...

O Rap do Pequeno Príncipe (Brasil, 2000). Direção: Paulo Caldas e Marcelo Luna.
Roteiro: Paulo Caldas, Marcelo Luna e Fred Jordão.
Documentário – Um mergulho no cotidiano de uma grande cidade brasileira, Recife.
Conta-se a história de dois jovens: um músico e um matador que num momento
tiveram suas vidas entrelaçadas, mas que optaram por armas diferentes. Misturando
ritmo, imagem e poesia-som, o filme revela o que pensa e como pensa uma parte do
movimento hip hop brasileiro...

Religião e Cultura Popular (Brasil, 1995). Direção e texto: Sérgio Ferretti.


Documentário – Este vídeo faz parte da pesquisa sobre festas da cultura popular na
religião afro brasileira no Maranhão, coordenada pelo professor Sérgio Ferretti, com
a colaboração da professora Mundicarmo Ferretti. Documentário sobre as festas do
Divino, Tambor de Crioula e Bumba Meu Boi oferecidas em homenagem as
entidades cultuadas nos terreiros de Tambor de Minas e Maranhão...

Raça, Ritmo e Poesia (Brasil, 1994). Direção: Miro Nales.


Documentário – A partir de depoimentos de Rappers da cidade de São Paulo, narra
o trabalho por estes jovens negros que agem contra a realidade da periferia da
cidade com consciência, ritmo e poesia...

Vista a Minha Pele (Brasil). Direção de Joel Zito Araújo.


Documentário – Destinado a discussão sobre o racismo e preconceito racial. A parte
ficcional baseado em uma história invertida: Os negros compõem a classe
dominante enquanto os brancos figuram como ex-escravos. É uma divertida paródia
da realidade brasileira, que oferece material útil para a reflexão sobre racismo e
preconceito em sala de aula. A segunda parte do vídeo apresenta depoimentos de
professores e pesquisadores em relações raciais enfocando as implicações entre
educação e racismo...

Retrato do Vale (Brasil, 2002). Direção, Roteiro e imagens: Luís Barganin.


Documentário – São testemunhos do passado e do presente que refletem a origem
e a formação da cultura brasileira. Duas senhoras, uma negra e outra branca, falam
de suas vidas. Suas memórias remontam ao passado colonial do Brasil e se
misturam aos fatos históricos da região que nasceram o Vale do Paraíba, São
Paulo.O cenário é
formado pelas grandes fazendas de café, as casas, as capelas, as técnicas
construtivas artesanais do séc. XIX, próprias da economia do café e regime
escravista...

Abolição (Brasil, 1987/1988). Direção e roteiro: ZozimoBubul.


Documentário – Cem anos após a assinatura da Lei Áurea, que aboliu (pelo menos
em lei) o regime escravo no Brasil, pairam no ar inúmeras interrogações sobre o que
foi feito do negro durante esse tempo em que o pouco ou nada se falou esse tema...

Aruanda (Brasil, 1960). Direção, argumento e roteiro: Linduarte Noronha.


Documentário – Os quilombos marcaram época na história econômica do nordeste
canavieiro. Olho d’água da Serra do Talhado, em Santana do Sabugi (PB), surgiu
em meados do séc. passado, quando o ex-escravo e madeireiro Zé Bento partiu
com a família à procura da terra de ninguém.Com o tempo, Talhado transformou-se
num Quilombo pacífico, com uma pequena população presa num ciclo econômico
trágico e sem perspectivas, variando do plantio de algodão a cerâmica primitivas,
vendidas na feira ao pé da serra...

Eu Mulher Negra (Brasil, 1994). Direção e roteiro: Joel Zito Araújo.


Documentário – Este vídeo é parte de um compromisso de solidariedade que integra
o projeto e o resgate da cidadania da população brasileira. É parte desta resistência
e a ela pertence. São imagens e vozes que falam por si, tendo como eixo a saúde
reprodutiva da mulher negra. Traz uma novidade: o enfoque das doenças
denominadas raciais/étnicas (como
A (hipertensão arterial, a anemia falciforme, os miomas...) e a abordagem das
repercussões destas doenças na saúde reprodutiva...

Paixão e Guerra no sertão de Canudos (Brasil, 1993). Direção de Antônio Olavo.


Documentário – Aborda a história de Canudos, um dos grandes acontecimentos
populares na América Latina. Conta a história sociopolítica de Canudos e do Beato
cearense Antônio Conselheiro que, em 1893, se estabeleceu nessa cidade,
conseguindo reunir em torno de si um crescente número de seguidores, tornando-se
um líder que mexeu com o poder das elites, da igreja e do governo republicano
recém-implantado no Brasil...

Amistad (Costa de Cuba, 1839)


Drama – dezenas de escravos se libertam das correntes e assumem o comando do
navio negreiro La Amistad. Eles sonham retornar para a África, mas desconhecem
navegação e vêm obrigados a confiar em dois tripulantes sobreviventes, que os
enganam e fazem com que, após dois meses, sejam capturados por um navio
americano, quando desordenadamente navegaram até a costa de Cannecticut...

Meu Nome é Rádio( Anderson Carolina do Sul, 1976 )


Drama – Na escola secundária T. L. Hanna Harold Jones ( Ed Harris ) é o treinador
local de futebol americano, que fica tão envolvido em preparar o time que raramente
passa algum tempo com sua filha, Mary Helen (Sarah Drew), ou sua esposa Linda (
DebraWinger ). Jones conhece um jovem “lento”, James Robert Kennedy ( Cuba
Gooding Jr. ), mas Jones nem ninguém sabia o nome dele...

As filhas do Vento
Drama – numa pequena cidade em Minas Gerais as irmãs Maria Aparecida “Cida”
(Taís Araújo) e Maria da Ajuda “Ju” (Thalma de Freitas) têm objetivos bem distintos.
A primeira quer se tornar atriz e para isto é imperativo que deixe o lugarejo, já a
segunda só pensa em namorar. Vivem com Zé das bicicletas ( Milton Gonçalves ), o
pai delas, que foi abandonado pela mulher e é muito rigoroso com o comportamento
das filhas...

Voltando a viver
Drama – Antwoner Fisher (Derek Luke) é um jovem marinheiro de temperamento
explosivo, que constantemente arruma confusão na marinha. Enviado ao psiquiatra
Jerome Davenport
(Denzel Washington), Antwoner inicialmente se mostra relutante mas aos poucos
revela ao médico seu passado problemático. Com o tempo antwoner e o dr.
Davenport iniciam uma relação de amizade, ao mesmo tempo em que o marinheiro
se apaixona pela bela jovem Cheryl
(Joy Bryant)...

Duelo de Titãs.
Homem de Honra.
Hurricane.
Tempo de Glória.
Voltando a Viver.
A última Céia.
Diamante de Sangue

SITES
WWW.emplas.sp.gov.br
WWW.casadasafricas.org.br
WWW.casadaculturadamulhernegra.org.br
WWW.afirma.inf.br
WWW.cidan.org.br
WWW.portalafro.com.br
WWW.fgv.br/cpdoc
Www.museudapessoa.net
WWW.ufmg.br/literafro
WWW.observatorioafrobrasileiro.org
WWW.politicasdacor.net
WWW.geledes.com.br
WWW.acmun.com.br
WWW.portalceap.org.br
WWW.afrobrasil.palmares.gov.br
WWW.falapreta.org.br
WWW.mestredidi.org
WWW.mulheresnegras.org
WWW.arquivonacional.gov.br
WWW.belezanegra.com
WWW.segal1945.hpg.com.br
WWW.escravidaoonline.kit.net
WWW.sobalivros.hpg.com.br
WWW.palmares.gov.br
www.culturanegra.com.br

LIVROS
Os livros a seguir ajudarão na compreensão mais aprofundada sobre o estudo
das matrizes populacionais formadoras do Brasil de hoje como povo, país e nação,
explicando as razões históricas que levaram o colonizador português a buscar mão-
de-obra escravizada no continente africano e os meios pelos quais os africanos
foram trazidos para o Brasil, m através do tráfico negreiro. Descreve as origens
regionais, étnicas ou culturais dos africanos escravizados no Brasil, assim como
suas contribuições no país.
Nasce um povo (MicheBergmann): estudo antropológico na população brasileira:
como surgiu, composição racial, evolução futura. 2º edição Petrópolis: Vozes.
A experiência africana (Roland Oliver): da pré-história aos dias atuais. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor.
A revolta dos colonizados (Carlos Serrano e KabengueleMunanga): o processo de
descolonização e as independências da África e da Ásia. 3º ed. São Paulo: Atual.
A enxada e a lança (Alberto da Costa e Silva – Rio de Janeiro: Nova Fronteira; São
Paulo: Edusp): a África antes dos portugueses.
A manilha e o lubambo (Alberto da Costa e Silva – Rio de Janeiro: Nova
Fronteira/Fundação Biblioteca Nacional): a África e a escravidão, de 1500 a 1700.
Tear africano: contos afro-descendentes (Henrique Cunha Junior – São Paulo, Selo
Negro, 2004): reúne contos escritos durante dez anos de militância do autor no
movimento negro. Apresenta o povo negro como personagem sábio e digno na
construção da sociedade brasileira da humanidade.
O livro Amkoullel, o menino fula (Amadou HampâtéBâ – São Paulo, Palas Athenas:
Casa das Áfricas, 2003) relata o período que do nascimento do autor à sua
juventude, ganhando importância no Brasil por este ser um país de grande presença
afro-descendente, mas com escassa produção bibliográfica em Português sobre a
África negra. O autor nasceu em 1900 em Bandiagara, região das savanas da África
do Oeste, no atual Mali. Possui uma ampla inserção científica e política na luta para
que a tradição oral africana seja reconhecida como fonte legítima de conhecimento
histórico.
Os livros abaixo ajudarão a um aprofundamento da história africana, no
estudo da relação com a escravidão e discussões atuais sobre os processos de
construção política da identidade negra no Brasil.
As civilizações da África (Christian Maucler e Henri Moniot – ed. Lello& Irmão).
Antropologia da escravidão: o ventre de ferro e dinheiro (Claude Meillasoux – Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor).
Negritude: usos e sentidos (KabengueleMunanga – 2ª ed. São Paulo: Brasiliense).

Você também pode gostar