Você está na página 1de 3

O termo caipira (do tupi Ka'apir ou Kaa - pira, que significa "cortador de mato"), é o

nome que os indígenas guaianás do interior do estado de São Paulo, no Brasil, deram
aos colonizadores brancos, caboclos, mulatos e negros.

É também uma designação genérica dada, no país, aos habitantes das regiões situadas
principalmente no interior do sudeste e centro-oeste do país. Entende-se por "interior",
todos os municípios que não pertencem às grandes regiões metropolitanas nem ao litoral
onde existe o caiçara. O termo caipira teve sua origem e costuma ser utilizado com mais
freqüência no estado de São Paulo. Seu congênere em Minas Gerais é capiau (palavra
que também significa cortador de mato), na região Nordeste, matuto, e no Sul, colono.

Índice
 1 Origens
 2 Cultura caipira
o 2.1 Música caipira
o 2.2 Contos ou causos do caipira
 3 Os vários tipos de caipira
 4 O caipira na cultura brasileira
o 4.1 O Programa Revelando São Paulo
 5 Notas
 6 Bibliografia
 7 Ver também
 8 Ligações externas

Origens
O núcleo original do caipira foi formado pela região do Médio Tietê, estão entre as
primeiras vilas fundadas no Estado de São Paulo, durante o Brasil colonial, e de onde
partiram algumas das importantes bandeiras no desbravamento do interior brasileiro. Os
bandeirantes partiam da Vila de São Paulo de Piratininga e desta região do Médio Tietê,
nas chamadas "monções", embarcando em canoas, no atual município de Porto Feliz,
para desbravarem o interior do Brasil.

No quadrilátero formado pelas cidades de Campinas, Piracicaba, Botucatu e Sorocaba,


no médio rio Tietê, ainda se preservam a cultura e o sotaque caipiras. Nesta região, o
caipira sofreu muitas transformações, influenciado que foi pela maciça imigração
italiana para as fazendas de café.

Na região norte paulista (de Campinas a Igarapava) povoada posteriormente, no início


do século XIX, a presença de migrantes de Minas Gerais foi grande dando outra
característica à região. Já o Oeste de São Paulo, de colonização recente (início do século
XX), já surgiu com a presença italiana, japonesa, mineira e nordestina, também
formando uma cultura bem diferente das regiões mais antigas de São Paulo.
A CULTURA CAIPIRA

É preciso pensar no caipira


como um homem que manteve
a herança portuguesa nas
suas antigas formas

A cultura caipira não é e nunca foi um reino separado, uma espécie de cultura
primitiva independente, como a dos índios. Ela representa a adaptação do
colonizador ao Brasil e portanto, veio na maior parte de fora, sendo sob diversos
aspectos sobrevivência do modo de ser, pensar e agir do português antigo.

Quando um caipira diz "pregunta", "a mó que", "despois", "vassuncê", "tchão


(chão)", "dgente (gente)" não está estragando por ignorância a língua portuguesa;
mas apenas conservando antigos modos de falar que se transformaram na mãe-
pátria e aqui.

Até o famoso "erre retroflexo", o "erre de Itur" ou "Tieter", que se pensou devido
a influência do índio, viu-se depois que pode ter vindo de certas regiões de
Portugal. Como veio o desafio, a fogueira de São João, o compadrio, a dança de
São Gonçalo, a Festa do Divino, a maioria das crendices, esconjuros, hábitos e
concepções.

É preciso pensar no caipira como um homem que manteve a herança portuguesa


nas suas formas antigas. Mas é preciso também pensar na transformação que ele
sofreu aqui, fazendo do velho homem rural brasileiro o que ele é. "Tabareu",
"matuto", "capiau", "caipira", o que mais haja, ele é produto e ao mesmo tempo
agente muito ativo de um grande processo de diferenciação cultural própria. Na
extensa gama dos tipos sertanejos brasileiros, poderia ser considerado "caipira" o
rural tradicional do sudoeste e porções do oeste, fruto de uma adaptação da
herança fortemente misturada com a indígena, às condições físicas e sociais do
Novo-Mundo.

Nessa linha de formação social e cultural, o caipira se define como um homem


rústico de evolução muito lenta, tendo por fórmula de equilíbrio a fusão intensa da
cultura portuguesa com a aborígene e conservando a fala, os usos, as técnicas, os
cantos, as lendas que a cultura da cidade ia destruindo, alterando essencialmente
ou caricaturando.

Em compensação, no quadro de sua cultura o caipira pode ser extraordinário. É


capaz, por exemplo, de sentir e conhecer a fundo o mundo natural, usando-o com
uma sabedoria e eficácia que nenhum de nós possui.

O nosso caipira, do ancestral português herdou com a língua e a religião a maioria


dos costumes e crenças; do ancestral índio herdou a familiaridade com o mato, o
faro na caça, a arte das ervas, o ritmo do bate-pé (que noutros lugares chama-se
cateretê), a caudalosa eloqüência do cururu.
O cururu e a dança da Santa Cruz são dois exemplos muito bons de encontro de
culturas.
Parece terem sido elaborados sob influência dos jesuítas, que aproveitaram as
danças indígenas e o gosto do Índio pelo discurso e o desafio para enxertar a
doutrina cristã. Nada mais caipira que o cururu e a dança de Santa Cruz, que só
existem em áreas de forte impregnação originária dos antigos piratininganos. E
nada mais misturado de elementos portugueses e indígenas como tanta coisa que
observamos nas catiras, nas histórias, nas técnicas do homem rural pobre e isolado
de velha origem paulista. Na primeira metade do século, o caipira ainda era
espoliado e miserável na maioria dos casos, porque com a passar do tempo e do
progresso, quem permaneceu caipira foi a parte da velha população rural sujeita
às formas mais drásticas de expropriação econômica, confinada, e quase compelida
a ser o que fôra, quando a lei do mundo a levaria a querer uma vida mais aberta e
farta, teoricamente possível.

Você também pode gostar