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Museu,
Memória e
Cultura
Afro-brasileira

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M inh
da am
C
Museu,
Memória e
Cultura
Afro-brasileira

2018
Presidente da República Coordenação de Museologia Social e Educação
Michel Temer Juliana Vilar Ramalho Ramos

Ministro da Cultura Equipe técnica


Sérgio Sá Leitão Cinthia Maria Rodrigues Oliveira
Dalva Oliveira de Paula
Presidente Substituto do Danilo Alves de Brito
Instituto Brasileiro de Museus Joana Regattieri Adam
Marcos Mantoan Juliana Vilar Ramalho Ramos
Kim Rafael Lima Carvalho Teixeira de Albuquerque
Diretora do Departamento de Marcos Calebe Passos B. Barcellos
Processos Museais Maria das Graças Rocha Gonçalves Silva
Renata Bittencourt Marielle Costa Gonçalves
Mônica Padilha Fonseca
Diretora do Departamento de Difusão, Raquel Fuscaldi Martins Teixeira
Fomento e Economia dos Museus Renata da Silva Almendra
Eneida Braga Rocha de Lemos Sandro dos Santos Gomes
Thaís Rita Torres de Oliveira
Diretor do Departamento de Vitor Rogério Oliveira Rocha
Planejamento e Gestão Interna Vivian de Oliveira Cobucci
Denio Menezes da Silva
Pesquisa e elaboração do texto
Coordenador Geral de Maristela Simão
Sistemas de Informação Museal
Alexandre Cesar Avelino Feitosa Projeto gráfico e diagramação
Cesar Valente

Revisão
Bruno Aragão

I59 Instituto Brasileiro de Museus.


Museu, memória e cultura afro-brasileira. / pesquisa e elaboração
do texto Maristela dos Santos Simão – Brasília, DF: IBRAM, 2018.
88p. : il. ; 20,5 cm. – (Caminhos da Memória)

ISBN: 978-85-63078-60-5

1. Museu. 2. Cultura Afro-Brasileira. 3. Memória I. Institu-


to Brasileiro de Museus. II. Maristela dos Santos Simão. III. Título. Ficha elaborada pelo
Centro Nacional de
CDD 069 Estudos e Documentação
da Museologia
Sumário

Apresentação 5 PARTE 2 32
Museu, um convite à Proposta de conteúdos e atividades
experiência cidadã e multicultural 6
ŠŠOficina Museu, Memória e Cultura Afro-Brasileira
Apresentação 33
PARTE 1 8 Objetivo 34

Museu, Memória e Cultura Afro-brasileira Duração indicada 35


Público alvo 35
ŠŠAspectos Históricos, Políticos e Conceituais
Ementa 35
Políticas públicas para os museus e as políticas
públicas de promoção da igualdade racial 9 Proposta de Conteúdo Programático 36
Museu, memória e cultura afro-brasileira 23 Metodologia e avaliação 38
Proposta de Atividades 39
Indicação de filmes 65
Indicação de leituras 67

Referências Bibliográficas 79
Apresentação
Marcos Mantoan seminários e outras atividades
Presidente Substituto do Instituto formativas.
Brasileiro de Museus (Ibram)
Já experimentado com sucesso

T
ornada possível com em cursos presenciais e sob
o desenvolvimento gestão de equipe pedagógica
da plataforma de multidisciplinar, o ambiente
aprendizagem Saber virtual do Saber Museu enseja
Museu, a educação a distância a criação de biblioteca virtual e
representa excelente alternativa física que agregue a expressiva
encontrada pelo Ibram para produção de conhecimento
atender à grande demanda gerada para a consecução do
por formação e capacitação programa.
de profissionais atuantes no
campo museal brasileiro, eixo A série Caminhos da Memória
programático preconizado pela vem ao encontro desta proposta
Política Nacional de Museus. didática e multiplicadora. Neste
sentido, seu segundo volume
A criação da ferramenta virtual apresenta ao público o tema
permite, de forma contínua “Museu, memória e cultura
e ampliada, articular, coletar afro-brasileira”, abordando
e divulgar informações, não apenas aspectos históricos,
disponibilizar materiais políticos e conceituais, como
didáticos e realizar parcerias também propostas de conteúdos
que tornem possível a oferta e atividades para os interessados
sustentável de cursos, oficinas, no assunto. Boa leitura!

5
Museu, um convite à
experiência cidadã e multicultural

A
presente publicação constitui dos nas universidades brasileiras — um
uma grande contribuição para saber competente que, embora qualifi-
o desenvolvimento da área mu- cado, não pode se tornar a única voz a
seal em diferentes sentidos. Em ser ouvida na definição de uma ação de
primeiro lugar, ela é uma tradução para Estado que impacta na vida de milhões
a gestão do setor de um conjunto de es- de brasileiros. Isto representa uma sig-
tudos acadêmicos desenvolvidos por in- nificativa mudança de paradigma.
telectuais, muito deles vinculados à As-
sociação Brasileira de Pesquisadores Ne- Por último, mas não menos importan-
gros (ABPN), que há anos vem chaman- te, ele é um clássico movimento de ver-
do atenção para a necessidade de alar- ticalização da política pública, de modo
gamento das percepções acerca da me- a associar gestão de patrimônio e po-
mória e patrimônio, de modo a abarcar lítica de promoção de igualdade ra-
as experiências das populações de ori- cial, compromisso firmado pelo gover-
gem africana na diáspora. no brasileiro por meio do acolhimento
de diferentes documentos internacio-
Em segundo lugar, ele sistematiza ex- nais, entre eles a Declaração e Plano
periências exitosas desenvolvidas pelo de Ação da III Conferência Internacio-
próprio Instituto Brasileiro de Mu- nal sobre Racismo, Xenofobia e Intole-
seus (Ibram) no sentido de democra- râncias Correlatas (2001) e a Declara-
tizar a gestão das políticas de patrimô- ção Universal sobre Diversidade Cul-
nio e seus esforços para ampliar os ato- tural (2002). Tal entendimento está
res envolvidos nas definições destas po- presente, igualmente, na Constituição
líticas nos diferentes níveis da federa- Federal de 1988, que define a Cultura
ção, para além dos especialistas forja- como um direito fundamental.

6
Por meio deste pequeno livro, os dife-
rentes atores do campo poderão não
apenas atualizar-se quanto ao contex-
to histórico, mas compreender a obri-
gatoriedade de pensar a política de mu-
seus e outros espaços de memória de
modo a enfrentar o racismo institucio-
nal que continua invisibilizando ou fol-
clorizando a memória e a cultura afro-
-brasileira e africana, promovendo uma
ação museal que contribua para a pro-
dução de representações sobre o nos-
so país que se pareçam com seu povo.

Temos um roteiro de trabalho que dia-


loga com que há de melhor na produ-
ção e ação acadêmicas de diferentes re-
giões do mundo, um caminho, entre
muitos possíveis, à disposição de todos
aqueles que, no espírito da Constitui-
ção Cidadã de Ulisses Guimarães, que-
rem construir uma sociedade mais fra-
terna e igualitária.

Paulino de Jesus Francisco Cardoso

7
PARTE 1

Museu, Memória e
Cultura Afro-brasileira
Aspectos Históricos, Políticos e Conceituais
Políticas públicas para os
museus e as políticas públicas
de promoção da igualdade racial

N
os últimos anos o Brasil tem re- uma museologia mais preocupada com
pensado a relação do Estado com as questões da sociedade e que se desen-
a cultura e com as políticas pú- volve como ramo científico, muitos mu-
blicas para o setor, apesar de di- seus passam a redimensionar sua atua-
ficuldades recentes. O país tem seguido ção e buscar um protagonismo, em espe-
na direção da construção de um con- cial nas questões de identidade e perten-
ceito alargado de cultura e patrimônio, cimento. Também “os museus vêm ga-
que tire a temática das franjas da atua- nhando renovada importância na vida
ção governamental e permita o desen- cultural e social brasileira, como proces-
volvimento e a efetivação de políticas de sos socioculturais colocados a serviço da
Estado no setor, com apoio institucional democracia, da sociedade e como uma
e um plano abrangente de atuação. Um ferramenta de desenvolvimento social”
dos principais pontos neste sentido é a (IBRAM, 2010a).
superação da exclusividade de uma “alta
cultura” e da superação do apoio exclu- Assim, o que se tem assistido é a ascen-
sivo a obras e a manifestações artísticas são dos museus a instituições de impor-
consolidadas, em favor de um conceito tância nas discussões sobre cultura no
que agregue a valorização da diversida- Brasil. A ênfase na simples conservação
de e o suporte ao patrimônio cultural. e a velha imagem de um depósito de coi-
sas velhas, que tanto têm assombrado
Neste novo cenário os museus assu- as instituições museais, parecem estar
mem uma posição de maior destaque sendo substituídas, paulatinamente, por
e responsabilidade. Com a emersão de uma busca por museus dinâmicos e vi-

9
Museu Afro Brasil.
Exposição “Visões
de um poema
sujo”. (Divulgação)

10
brantes, que ocupem seu lugar nas dis- tituição está sujeita a seus interesses e
cussões sobre temas como patrimônio acepções, assim como estão os profis-
cultural, identidade e diversidade. sionais que ali desenvolvem suas ativi-
dades. Muitos museus estão, continua-
Tais discussões ganharam força, na dé- mente, legitimando ou deslegitimando,
cada de 1970, com o Movimento inti- valorizando ou depreciando diferentes
tulado Nova Museologia, que se solidi- identidades e culturas.
ficou com os documentos construídos
em Santiago (1972) e Quebec (1984), Neste sentido, pode-se dizer que o mu-
além de experiências museológicas que seu é um espaço político de disputas
estavam sendo desenvolvidas em luga- de representação, começando pelas re-
res como México, Suíça, Canadá, França presentações atribuídas aos objetos pe-
e Portugal. Esse movimento acabou por los próprios técnicos desses espaços cul-
causar grandes impactos tanto nas con- turais, pelos participantes ou não das
cepções teóricas como nas práticas de- comunidades onde se encontram inse-
senvolvidas no Brasil. O desafio que sur- ridos, pelos patrocinadores das expo-
gia era construir uma maneira de pen- sições e ainda pelos demais públicos
sar e desenvolver um fazer museológico que visitam essas instituições. Assim,
que abarcasse as dimensões populares e os museus tanto podem atuar hierar-
comunitárias, que levasse a uma nova quizando culturas e identidades, quan-
concepção de patrimônio, de sua pre- to contribuindo para colocar em circu-
servação e utilização, utilizando-se da lação representações alternativas so-
museologia como agente de mediação. bre diferentes grupos sociais, étnico-ra-
ciais e culturais, sobre suas memórias,
Nessa perspectiva, sempre convém lem- histórias e culturas (ZUBARAN; MA-
brar que os museus são lugares de me- CHADO, 2013, p. 1).
mória e de esquecimento, assim como
são lugares de poder e de silêncios. É Destacamos como marco para a conso-
preciso ter em mente que “os museus lidação de muitas ações hoje efetivas a
não são inocentes” (CHAGAS, 1998), Política Nacional de Museus, de 2003,
que não existem instituições museais que coroa um processo que buscava ele-
neutras, que apenas nos dariam vis- var a visão que se tinha dos museus
lumbres do passado, mas que toda ins- e da museologia, amarrando anseios e

11
ações. Ainda que tenha sido capitanea- buscavam transpor o objetivo maior
do pelo Estado e tenha tomado forma para as questões mais práticas, em-
em um cenário de desenvolvimento de bora ainda complexas e abrangentes,
políticas públicas, a participação da so- que a área encontrava no país. As-
ciedade, com ênfase para instituições sim chegou-se aos seguintes princí-
museológicas e indivíduos envolvidos pios (ver Tabela 1) que, junto ao ob-
na temática, foi fundamental na con- jetivo, orientam o plano.
cepção e execução do plano. Não se
trata, deste modo, apenas de uma ati- Deste modo, a Política Nacional de
vidade estatal, mas do reconhecimen- Museus de 2003, já na sua introdu-
to de anseios nacionais que há muito ção, ressalta o papel dos museus no
estavam sendo construídos. Essa pre- reconhecimento de um patrimônio
missa, da participação, deu base à me- cultural que valorize a diversidade
todologia usada para a formulação da e abarque as diferentes identidades
política. Após este processo foi defini- das populações ali representadas. São
do como objetivo geral do plano eles o local de representação do tan-
gível e do intangível, onde a dimen-
Promover a valorização, a preservação são cultural de processos diversos, e
e a fruição do patrimônio cultural bra- sua relação com outros elementos, é
sileiro, considerado como um dos dis- ponto principal. Desse modo, o re-
positivos de inclusão social e cidada- conhecimento do pertencimento de
nia, por meio do desenvolvimento e da diferentes populações a um mesmo
revitalização das instituições museoló- nível dentro de suas representações
gicas existentes e pelo fomento à cria- é sinal de respeito aos indivíduos de
ção de novos processos de produção e diferentes origens.
institucionalização de memórias cons-
titutivas da diversidade sócio, étnico Para cumprir esse papel, os museus de-
e cultural do país (MINISTÉRIO DA vem ser processos e estar a serviço da
CULTURA, 2003). sociedade e do seu desenvolvimento.
Comprometidos com a gestão democrá-
Essa máxima também orientou a tica e participativa, eles devem ser tam-
construção do plano, que se baseou bém unidades de investigação e inter-
em princípios definidos, os quais pretação, de mapeamento, documenta-

12
ção e preservação cultural, de comuni- Atualmente, passados quase 15 anos,
cação e exposição dos testemunhos do podemos fazer um balanço mais apro-
homem e da natureza, com os objetivos fundado da Política Nacional de Mu-
de propiciar a ampliação do campo das seus, apontando seus avanços, marcos,
possibilidades de construção identitária limites e mesmo retrocessos. A partir
e a percepção crítica acerca da realidade dos eixos temáticos analisados separa-
cultural brasileira (MINISTÉRIO DA damente podemos verificar que mui-
CULTURA, 2003, p. 8). to do que se pretendia em 2003 se efe-

Princípios norteadores da Política Nacional de Museus (2003)

1 Estabelecimento e
consolidação de políticas
públicas para os campos
3 Desenvolvimento de
práticas e políticas
5 Estímulo e apoio à
participação de museus
comunitários, ecomuseus,
educacionais orientadas para
do patrimônio cultural, da museus locais, museus
o respeito à diferença e à
memória social e dos museus, escolares e outros na Política
diversidade cultural do povo
visando à democratização das Nacional de Museus e nas
brasileiro.
instituições e do acesso aos ações de preservação e
bens culturais. gerenciamento do patrimônio
4 Reconhecimento e
garantia dos direitos das
cultural.

2 Valorização do patrimônio
cultural sob a guarda dos
comunidades organizadas
de participar, com técnicos 6 Incentivo a programas e
ações que viabilizem a
conservação, a preservação
museus, compreendendo- e gestores culturais, dos
os como unidades de valor processos de registro e a sustentabilidade do
estratégico nos diferentes e proteção legal e dos patrimônio cultural submetido
processos identitários, sejam procedimentos técnicos e a processo de musealização.

7
eles de caráter nacional, políticos de definição do Respeito ao patrimônio
regional ou local. patrimônio a ser musealizado. cultural das comunidades
indígenas e afrodescendentes,
de acordo com as suas
especificidades e diversidades.

Tabela 1: Princípios norteadores da Política Nacional de Museus (MINISTÉRIO DA CULTURA, 2003)

13
tivou, com destaque para imple- Ainda nessa perspectiva, Mario o direito de cidadania e de que-
mentações do Instituto Brasilei- Moutinho alerta sobre a necessi- rer mudar o mundo (MOUTI-
ro de Museus (Ibram/MinC) e dade de se repensar essa questão: NHO, 2004, p. 6).
do Sistema Brasileiro de Mu-
seus (SBM) e a aprovação do Es- A museologia, tal como pensada O Estatuto de Museus, de 2009,
tatuto Brasileiro de Museus, nesses importantes documentos também orienta sua organização
que consolida uma legislação pró- é grande demais para ser dei- a partir do reconhecimento do
pria para a área. xada apenas aos museus for- patrimônio, tendo como premis-
mais. Essa museologia faz par- sas a valorização da diversidade
Entretanto, pode-se afirmar que a te da “alfabetização para todos” cultural e a participação das dife-
vontade governamental de regu- do séc. XXI. Por isso a PNM no rentes comunidades. Mesmo tra-
lar e apoiar o setor não foi o único seu todo tem a qualidade de in- tando da Declaração de Interesse
motor dessas transformações. Ha- terpelar a sociedade brasilei- Público de acervos que, de algu-
via, já há algum tempo, uma ebuli- ra e a comunidade internacio- ma forma, representem “um va-
ção científica e cultural que apon- nal para a necessidade de en- lor cultural de destacada impor-
tava para novos caminhos no fazer veredarmos por novos rumos. tância para a Nação”, este inte-
museológico. Foi esse apoio e pres- E esses rumos passam pelo di- resse deve sempre respeitar “a di-
são por parte de diferentes atores reito de participação e de deci- versidade cultural, regional, étni-
da sociedade que não só permitiu são aberto a todos. E esses ru- ca e linguística do País” (BRASIL,
que se construísse uma legislação mos passam pela reorganiza- 2009b). Do mesmo modo que ou-
e um arcabouço institucional que ção dos Grandes Museus certa- tras políticas de governo, as di-
a apoiasse, mas que exigiu que as mente, mas também e, sobretu- recionadas aos museus têm que
diferentes esferas governamentais do, pelo reconhecimento dos pe- se subordinar a uma política de
agissem nessa direção. Ao anali- quenos museus, que nasceram e Estado, que reconhece a popula-
sar esta questão, o próprio Ibram nascem das consciências dos ci- ção do país como diversa e colo-
reconhece que um dos principais dadãos, da sua vontade de criar, ca essa diversidade como uma ca-
desafios está em fazer chegar aos de organizarem, de intervir no racterística a ser valorizada, ten-
pequenos e médios museus as po- lugar onde vivem e onde traba- do como alvo, sempre, a contínua
líticas da instituição, de modo a lham. São museus que manifes- e completa inclusão de todos os
dar capilaridade às iniciativas e tam a relação do dia-a-dia de cidadãos.
realmente democratizar o acesso cada um, com a memória, com
e a atuação do Instituto (IBRAM, o esquecimento, com o patrimó- Essas diretivas estão consolidadas,
2010a, p. 30). nio, com a vontade de assumir também, no Plano Nacional Seto-

14
rial de Museus, que buscou articular ini- torial para a Cultura Afro-brasileira, or-
ciativas e estabelecer metas e perspecti- ganizada a partir da Fundação Palmares.
vas para os dez anos seguintes a sua ela-
boração, em 2010. O Plano, assim, ar- Os museus, assim, deixam de ter sobre
ticulou-se a partir destas concepções, e seus ombros a responsabilidade de re-
também tem sua organização baseada presentar uma grande identidade na-
no reconhecimento da diversidade da cional, que não deixava frestas para
sociedade brasileira e da necessidade de outras interpretações, e podem se de-
sua valorização (IBRAM, 2010b). O Pla- dicar a temas mais específicos. Não se
no se insere em uma iniciativa maior, trata mais de ilustrar a Cultura Na-
o Plano Nacional de Cultura, que par- cional, com letras maiúsculas, mas
te destes mesmos princípios para atuar de versar sobre aspectos importan-
na cultura brasileira de forma ampla. E tes, embora de menor espectro, desta.
que, desde 2014, também está direciona- “De fato, com os aportes teóricos da
da para a construção de uma Política Se- Nova Museologia, passou-se da con-
Bumba-meu-boi.
Foto: Ita Kirsch (Divulgação) cepção de museu como elemento de
constituição da identidade nacional,
que se pretendia única, homogênea e
unívoca, para o museu como espaço
de afirmação de outros segmentos so-
ciais” (BRASIL. Câmara dos Depu-
tados, 2013, p. 14).

Assiste-se, assim, a um crescimento dos


museus comunitários, museus popula-
res, museus étnicos, ecomuseus e mu-
seus temáticos em detrimento de mu-
seus nacionais em várias partes do
mundo. No Brasil, exemplo mais con-
tundente desse novo processo museoló-
gico se deu com a criação do Museu da
Favela, na favela da Maré, cidade do
Rio de Janeiro, fruto da reivindicação

15
dos próprios moradores locais. mento de uma política pública de ral (Brasília-DF), São Pedro (Vi-
[...] É o museu, com uma nova direito à memória, com base nos tória-ES), Taquaril (Belo Horizon-
prática de memória cidadã, dan- já referidos Plano Nacional Seto- te-MG), Terra Firme (Belém-PA),
do visibilidade a grupos étnicos e rial de Museus e Plano Nacional Coque (Recife-PE), Sítio Cercado
comunidades tradicionais (BRA- de Cultura (IBRAM, 2015b). (Curitiba-PR), Complexo dos mor-
SIL. CÂMARA DOS DEPUTA- ros do Pavão Pavãozinho e Canta-
DOS, 2013, p. 14). O programa reúne um conjunto galo (Rio de Janeiro-RJ), Lomba do
de ações e iniciativas de reconhe- Pinheiro (Porto Alegre-RS) e Bra-
O alvo referencial destas polí- cimento e valorização da memória silândia (São Paulo-SP).
ticas são os Pontos de Memó- social, de modo que os processos
ria e os Pontos de Cultura, pro- museais protagonizados e desen- Atualmente, a partir dos editais
gramas que  reconhecem e esta- volvidos por povos, comunidades, de premiação Pontos de Memória,
belecem diálogo e ações com di- grupos e movimentos sociais, em de 2011, 2012 e 2014, o progra-
ferentes grupos sociais do Brasil seus diversos formatos e tipologias, ma vem ganhando novo panora-
que não  têm, tradicionalmente, sejam reconhecidos e valorizados ma de atuação. Foram identifica-
oportunidades de narrar e expor como parte integrante e indispen- das mais de 300 iniciativas e pro-
suas próprias histórias, memó- sável da memória social brasileira. postas, de diversas tipologias e lo-
rias e patrimônios nos museus. “Com metodologia participativa e calidades. Diante desse novo uni-
Nesse processo, destaca-se, desde dialógica, os Pontos trabalham a verso, o Ibram vem incentivando
2009, a parceria do IBRAM com o memória de forma viva e dinâmi- a formação de Redes Regionais e
Programa Mais Cultura e Cultu- ca, como resultado de interações Temáticas de Memória e Museo-
ra Viva, do Ministério da Cultura, sociais e processos comunicacio- logia social, por reconhecer que
o Programa Nacional de Seguran- nais, os quais elegem aspectos do essas organizações — autônomas,
ça com Cidadania (Pronasci), do passado de acordo com as identi- horizontais e de cunho participa-
Ministério da Justiça, e com a Or- dades e interesses dos componen- tivo — são capazes de mobilizar
ganização dos Estados Ibero–ame- tes do grupo” (IBRAM, 2015a). e promover o fortalecimento em
ricanos (OEI), que vem apoian- O início do programa deu-se em conjunto de experiências, promo-
do ações de memória em todo o 12 Pontos de Memória, conheci- vendo a comunicação e ação di-
país e no exterior, em comunida- dos como Pontos Pioneiros, espa- reta, a troca de saberes e conhe-
des populares, através do Progra- lhados por todo o território bra- cimentos e por, sobretudo, se tor-
ma Pontos de Memória. Esta ini- sileiro: Jacintinho (Maceió-AL), narem instâncias representativas
ciativa tem como objetivo princi- Beiru (Salvador-BA), Grande Bom de articulação com o poder públi-
pal contribuir para o desenvolvi- Jardim (Fortaleza-CE), Estrutu- co (COUTO, 2015).

16
Bumba-meu-boi
no Paço Alfândega,
Recife (PE). Foto:
Henrique Vicente

17
Pontos de Memória – Cultura Afro-Brasileira
Premiados 2011, 2012 e 2014
8

5 5 5
4
3
2
1 1 1 1 1

MA BA MG SP RJ CE RS GO MT PE ES PR

Gráfico 1: Pontos de Memória – Cultura Afro-Brasileira por estado (COUTO, 2015).

Pontos de Memória Centro-oeste


Cultura Afro-Brasileira Sul 5%
Premiados 8%
2011, 2012 e 2014 46%
Nordeste

41%
Sudeste

Gráfico 2: Pontos de Memória – Cultura Afro-Brasileira por região (COUTO, 2015).

18
Dentre os 160 Pontos de Memória clas- Destes, foram registrados 93 Pontos de
sificados nos editais de 2011, 2012 e Cultura que tratam em suas ações es-
2014, 37 foram identificadas como ini- pecificamente da temática da memória
ciativas que tem como recorte específi- e cultura afro-brasileira, identificados e
co a Memória e Cultura Afro-brasileira, cadastrados na base de dados da SCDC/
distribuídos por vários estados do Bra- MinC, também distribuídos por vários
sil, como apontado nos gráficos 1 e 2. estados do Brasil, conforme apontado
nos gráficos 3 e 4.
Nessa mesma perspectiva, os Pontos de
Cultura, iniciativa que vem desde 2004, Muito embora estas iniciativas pareçam
com o lançamento do Programa Arte, atuais, esforços individuais e dos mo-
Educação e Cidadania – Cultura Viva, vimentos negros podem ser percebidos
foram uma das principais ações do Mi- ainda no século XX. Uma das principais
nistério da Cultura. O foco do programa iniciativas neste sentido surge a partir
é proporcionar a parcelas da população de 1950, com os trabalhos de Abdias do
que tradicionalmente têm ficado de fora Nascimento. Dos trabalhos e discussões
o acesso a recursos públicos, através de do Teatro Experimental do Negro surge
iniciativas que já estejam sendo realizadas a ideia de criação de um Museu de Arte
em comunidades, grupos em situação de Negra. Durante 18 anos, entre 1950 e
vulnerabilidade social e áreas periféricas. 1968, Abdias do Nascimento foi cole-
tando obras de arte de diversos artis-
O programa destina recursos a institui- tas, culminando em uma exposição no
ções reconhecidas como “Pontos de Cul- Museu da Imagem e do Som do Rio de
tura” e permitiu, em seus anos de exis- Janeiro. Na oportunidade apresentou
tência, o reconhecimento de saberes e fa- o projeto de criação do Museu de Arte
zeres antes invisíveis ao poder público. Negra, descrito por ele em um artigo
Ao longo dos 12 anos em que o progra- publicado em 1968, na revista da gale-
ma tem se desenvolvido há o registro de ria de Arte Moderna, do Rio de Janeiro,
2.870 Pontos de Cultura espalhados por
todo o território brasileiro e alcançando Não é e não será o Museu de Arte Negra
os mais diversos segmentos da cultura do um órgão de acumulação ou depósito de
país, com inserção destacada na constru- um arquivo morto. Sob o critério da se-
ção da valorização da diversidade. leção estética, informado de Negritude,

19
Pontos de Cultura – Culturas Afro-Brasileiras

25
Por estado

15
12

7 7
5 5 4 4
2 2 2 2 1
RJ RS PE BA SP DF MG MA PA AL ES MT SE AC

Gráfico 3: Pontos de Cultura – Culturas Afro-Brasileiras por estado (SCDC/MINC, 2015).

Pontos de Cultura
Culturas Afro-Brasileiras Centro-oeste
Por região 8% Norte
Nordeste 5%
28%

43%
16% Sudeste
Sul

Gráfico 4: Pontos de Cultura – Culturas Afro-Brasileiras por estado (SCDC/MINC, 2015).

20
mas, fundamentalmente sujeito às im- tal de 3.600 instituições, 31 museus
posições do humanismo, o MAN não com recorte específico sobre a cultura e
se limitará ao campo exclusivo das ar- memória africana e afro-brasileira. En-
tes plásticas. Será instrumento de pes- tre estas instituições podemos destacar:
quisas no amplo e vasto universo cul- Museu do Negro (Rio de Janeiro/RJ),
tural afro-brasileiro. Aberto a todas as Museu da Abolição (Recife/PE), Museu
colaborações, desdenhará, entretanto, a Afro-Brasileiro (Laranjeiras/SE), Museu
incompreensão surda e muda dos conse- Afro-Brasileiro da UFBA (Salvador/BA),
lhos de cultura, esterilizado na burocra- Museu Afro Brasil (São Paulo/SP).
cia, prematuramente fenecidos no seu
academismo original, ignorando que o Embora a busca por uma representa-
típico, o autêntico, os significativos e es- ção e uma valorização da arte africa-
pecíficos da arte brasileira vêm, indubi- na e afro-brasileira dentro destes espa-
tavelmente da emoção, da sensibilidade ços seja um objetivo já há muito tem-
do negro traduzidas em sua manifesta- po perseguido, ainda não foi possível
ção viva de arte, nos seus produtos cul- se desvencilhar totalmente do mito de
turais e estéticos densos de fascinação e uma democracia racial e da ideia de um
amor (NASCIMENTO, 2015). passado legítimo escravocrata e nega-
cionista. Esse cenário está muito bem
E, apesar de todos os esforços, o Museu expresso na maneira como é hierarqui-
de Arte Negra nunca saiu do papel, fi- zado o patrimônio cultural das diver-
cando o acervo sob a guarda de Abdias sas populações. Ainda que haja uma
do Nascimento, que continuou colecio- certa celebração, dentro do que o ima-
nando e, também sob a influência de ar- ginário nacional classifica como cul-
tistas próximos, dedicou-se à elabora- tura popular, de manifestações cultu-
ção de obras de sua autoria. Este acer- rais das populações percebidas como de
vo encontra-se atualmente no Institu- origem africana, tradicionalmente não
to de Pesquisas e Estudos Afro-Brasilei- recebem a mesma atenção e o mesmo
ros (IPEAFRO). Seguindo-se ao Museu prestígio das manifestações que reme-
de Arte Negra, outras iniciativas foram tem à Europa. Muitas vezes há, assim,
construídas dentro da temática. Atual- um perceptível desprestígio, que relega
mente encontram-se registrados no Ca- tais manifestações a palcos exclusivos,
dastro de Museus do Ibram, de um to- afastado das grandes sínteses nacionais.

21
“Em verdade, muitos deles são até hoje
expostos como troféus nos museus da
polícia, como acontece no Rio de Janei-
ro. Outros encontram-se expostos em
museus associados às irmandades cató-
licas” (SANTOS, 2004, p. 9).

Com essa mesma abordagem, Marcelo


Cunha alerta para a complexidade das
discussões sobre a temática:

Esta discussão deve ser conduzida atra-


vés da análise de que modo, ao longo
dos tempos, determinadas categorias e
Maracatu Rural em Serra Talhada, PE. No IX Encontro das Culturas Populares
ideias contribuíram para o processo de e Tradicionais, em novembro de 2015. Foto: ASCOM/MinC
preservação, distorção ou exclusão des-
tas culturas, refletindo-se sobre o Patri-
mônio e sua importância enquanto ele-
mento norteador de identidades e cons-
trução de imagens sobre nações e me-
mórias daí recorrentes, pensando ainda
nas imagens e conceitos como nortea-
dores das políticas patrimoniais. Nesse
contexto, devemos identificar quais são
os espaços de memórias relativos às cul-
turas africanas e afro-brasileiras entre
nós, quais as estratégias utilizadas até
então para a preservação ou mesmo a
negação das referências acerca da par-
ticipação do negro na formação da ‘cul-
Festa de São João de Caruaru, PE, em 2017. Apresentação do Boi Tira-Teima, do
tura nacional’, da ‘sociedade brasileira’, Mestre mamulengueiro Sebá. Foto: ASCOM/MinC
suas ideias, seus traços definidores e es-
senciais (CUNHA, 2003, p. 273–274).

22
Museu, memória
e cultura afro-brasileira

C
ertamente a sociedade brasilei- níveis teóricos, e não chegam necessa-
ra é constituída por diferentes riamente à base ou têm a oportunida-
grupos que a caracterizam, em de de serem aplicados, seja nas insti-
termos culturais, como uma das tuições especificas ou nos espaços mais
mais ricas do mundo. Entretanto, sua amplos para os quais as políticas foram
história é marcada por desigualdades e pensadas.
discriminações, especificamente quan-
do tratamos das populações de origem Pesquisadores, ativistas e educadores, as-
africana e indígena e outras chamadas sim, vêm pautando suas ações no sen-
minorias, impedindo, desta forma, seu tido de implementar políticas públicas
pleno desenvolvimento econômico, po- em busca de igualdade e respeito à di-
lítico, cultural e social. versidade. A luta antirracista se dá em
diversos cenários. É necessário perceber
Desde a virada do século, no entanto, que atitudes e comportamentos, em es-
como em outras questões já citadas, vale pecial nos meios de comunicação, es-
ressaltar que o Brasil tem concentrado paços culturais, museus e escolas, são
esforços no sentido de remediar esse potentes ferramentas para a propaga-
processo a partir da construção de polí- ção das ideias.
ticas públicas específicas para esses seg-
mentos, além de várias iniciativas que Nessa perspectiva, um aporte legal dá
contemplem os direitos dessas popula- base a essas políticas no que tange às po-
ções. Entretanto, pensar essas políticas, pulações de origem africana no Brasil: a
suas aplicações e implicações na socie- Lei 10.639/03, que torna obrigatório o
dade passa por diversos embates e de- ensino de história e cultura africana e
bates, com diversos interesses. Esses de- afro-brasileira em todas as unidades de
bates ainda, por vezes, ficam apenas em educação (BRASIL, 2003).

23
Dentro deste esforço, ganha destaque a apoio governamentais. Como resultado
aprovação do Estatuto da Igualdade Ra- temos, muitas vezes, dentro da museo-
cial, em julho de 2010, que tem como logia e dos museus nacionais, a presen-
objetivo “garantir à população negra a ça destas populações apenas no aspecto
efetivação da igualdade de oportunida- passivo e/ou negativo, como em situa-
des, a defesa dos direitos étnicos indivi- ções de submissão ou escravidão. A par-
duais, coletivos e difusos e o combate à tir dos movimentos sociais e das lutas
discriminação e às demais formas de in- pela igualdade, no entanto, a memória
tolerância étnica” (BRASIL, 2010). Para de populações de origem africana tem
Heloisa Buarque de Holanda, sido, ainda que a passos curtos, incor- Esse
porada à memória e história nacional,
cenário de
Um dos efeitos da chamada “democra- incluindo-se aqui o próprio movimento
cia racial brasileira” foi a folclorização por essas conquistas (FREITAS, 2005). invisibilização
das manifestações culturais afro-bra- e segregação,
sileiras, sua cristalização num passa- Esse processo de reconhecimento e valo- assim, é
do distante e a-histórico e o apagamen- rização da diversidade dentro das políti-
to de suas contribuições para a cultura cas de preservação do patrimônio é um
percebido
e história afro-brasileiras. Esse oculta- importante indicador da maneira com a diretamente
mento da diversidade étnico-racial bra- qual as questões de identidade são trata- no campo do
sileira impediu que a comunidade afro- das no país, passo fundamental e ines-
patrimônio
-brasileira tivesse acesso às suas memó- capável no caminho de construção de
rias, à sua história e ao seu patrimônio uma democracia cada vez mais robusta cultural
(ZUBARAN; SILVA, 2012, p. 132). e abrangente. Para Fonseca,

Esse cenário de invisibilização e segre- Reconhecer em que ponto essas políti-


gação, assim, é percebido diretamen- cas se encontram no Brasil é delinear
te no campo do patrimônio cultural. A um quadro claro dos avanços e lacu-
partir da abrangência destas práticas, nas que envolvem a questão da identi-
grande parte deste patrimônio acaba dade nacional, em especial no caso da
por se construir e se alicerçar em pro- cultura afro-brasileira. Hoje, quando
cessos desiguais, sendo muitas vezes ex- se firma entre nós o conceito ampliado
cluído dos registros e das iniciativas de de patrimônio, salta aos olhos como

24
Judith Jamison em
“Revelations”, de Alvin
Ailey. Museu Nacional de
História e Cultura Afro-
Americana. (Divulgação)

a imagem construída pela política de cesso de transformação, que deve ser


patrimônio conduzida pelo Estado por incentivado e aprofundado se quiser-
mais de sessenta anos no Brasil, ainda mos colocar em posição de igualdade
estaria longe de refletir a diversidade, as diversas origens da população brasi-
assim como as tensões e os conflitos leira. As políticas públicas de ação afir-
que caracterizam a produção cultural mativa, participação das comunidades
do Brasil, sobretudo a atual, mas tam- e alargamento da visão nacional de pa-
bém a do passado (CASTRIOTA; RE- trimônio cultural são passos de grande
SENDE, 2010, p. 199). importância nesse caminho de um Bra-
sil capaz de se reconhecer em suas ma-
É nesse viés que construímos o presen- nifestações, e que contemple e incenti-
te. Compreendemos que o cenário de ve a valorização da diversidade que foi,
reconhecimento e construção de polí- e continua sendo, marca principal de
ticas sobre o patrimônio sofre um pro- sua formação cultural, social e política.

25
No âmbito dos museus, as ações Durante muito suas manifestações culturais, quan-
afirmativas implicam o reconhe- tempo, essas do não ligadas diretamente à expe-
cimento do patrimônio cultural riência do cativeiro, desconsidera-
populações
afro-brasileiro e a construção de das e invisibilizadas, além de, quan-
novos projetos museais e expo- tiveram negado do possível, fisicamente destruídas
sitivos que respondam ao silên- o protagonismo ou legalmente proibidas.
cio e à exclusão com que a memó- histórico, entrando
ria e a história dos afrodescen- Não há, evidentemente, preocu-
dentes têm frequentemente sido
no passado da pações sobre o patrimônio e a cul-
tratadas nos museus brasileiros. nação apenas tura afro-brasileira ao longo pe-
De outro lado, a investigação das enquanto peças ríodo de que se estende ao longo
memórias, da história e da cul- do século XIX e início do século
subordinadas da
tura da comunidade negra não XX. Diante desse contexto histó-
são assuntos que dizem respei- empresa escravista. rico, podemos compreender as di-
to apenas às populações negras, mensões dos processos de negações
mas constituem-se em um tema que decorrem no futuro imediato,
que interessa a toda socieda- patrimônio. Durante muito tem- uma vez que, para considerar-se
de brasileira, na medida em que po, essas populações tiveram ne- a relevância de um bem patrimo-
contribuem na desconstrução de gado o protagonismo histórico, en- nial, temos que necessariamente
preconceitos e estereótipos étni- trando no passado da nação ape- elevar seu significado no passado,
co-raciais, no combate ao racis- nas enquanto peças subordinadas remetendo-o para o futuro. Nesse
mo e à discriminação étnico-ra- da empresa escravista. caldeirão de efervescência social,
cial (MACHADO, 2013, p. 11). os debates acerca dos conceitos
A grande mudança, que se deu já de raça e dos destinos da popula-
Se buscarmos uma gênese da ideia nos primeiros anos do século XXI, ção negra ex-escrava são centrais.
de patrimônio cultural no Brasil e foi o reconhecimento de seu prota- (NOGUEIRA; NASCIMENTO,
sua história de exclusão e inclusão, gonismo e a aceitação de que seu lu- 2012, p. 68).
ou busca por afirmação de identi- gar no passado era ocupado por in-
dades, iremos perceber que, em re- divíduos, sujeitos autônomos ainda
lação às populações de origem afri- que, por vezes, escravizados. Assim,
cana, sempre foi negado, ou pelo até meados do século XX, as popu-
menos invisibilizado, o direito ao lações de origem africana tinham

26
A principal inovação na questão do pa- mento da necessidade de garantir “a to-
trimônio foi uma ampliação no próprio dos o pleno exercício dos direitos cultu-
conceito, que superou a limitação da rais e acesso às fontes da cultura nacio-
“pedra e cal” e passou a abarcar con- nal”. É um passo fundamental no senti-
ceitos mais amplos. O reconhecimen- do de levar a identidade e a história na-
to da ideia de patrimônio imaterial, por cionais para além dos grandes vultos,
exemplo, deu condições a manifesta- buscando ampliá-las de modo que al-
ções não monumentais, e em especial cancem toda a população.
de grupos mais afastados do poder – po-
lítico e econômico – do Estado, de re- Mas talvez uma das grandes vitórias nes-
conhecer e registrar manifestações que sa caminhada seja o decreto 3.551/00,
reputassem importantes. que institui o registro de bens imateriais
do patrimônio cultural brasileiro. Esse
É através de mudanças legais que essas decreto leva o patrimônio para além das
novas interpretações vão se solidificar e fortalezas e palácios e permite que cada
ganhar alcance. Na própria Constitui- comunidade reconheça como importan-
ção Federal de 1988 já surge o reconheci- te em sua formação a manifestação que
reputar significativa. Como efeito deste
reconhecimento, também, ocorre uma
valorização dos sujeitos envolvidos na
construção, manutenção e reiteração no
tempo destas manifestações e de seus sa-
beres e fazeres. Para além das implica-
ções legais, o reconhecimento como pa-
trimônio atua na valorização, perante a
comunidade, dos indivíduos envolvidos
na manifestação, o que acaba por servir,
também, à preservação e difusão do pa-
trimônio cultural.

Antes dessas mudanças, algumas poucas


iniciativas alcançaram êxito em reconhe-
Ofício dos Mestres de Capoeira. Fototeca IPHAN. Foto: Eduardo Monteiro cer manifestações destas populações. São,

27
no entanto, exceções que confirmam a
regra, e as resistências ao seu reconheci-
mento ilustram bem os obstáculos exis-
tentes. No ano de 1986, dois anos antes
da Constituição, foi tombado o Terrei-
ro Casa Branca do Engenho Velho, im-
portante centro religioso considerado um
dos mais antigos do país. Mas, mesmo
com a sua inegável importância, a deci-
são sobre seu tombamento estava longe
de encontrar unanimidade. “O Conse-
lho encontrava-se bastante dividido. Vá-
rios de seus membros consideravam des-
proposital e equivocado tombar um pe- Exposição “Vozes que Pulsam:
Memória e cultura Afro-brasileira
daço de terra desprovido de construções Podemos entender o Patrimônio His- em Santa Catarina”. Museu
que justificassem, por sua monumenta- tórico como mais que um testemunho Histórico de Santa Catarina.
Foto: Márcio H. Martins/FCC
lidade ou valor artístico, tal iniciativa” do passado: é um retrato do presente,
(VELHO, 2006, p. 237). uma expressão das possibilidades po-
líticas dos diversos segmentos sociais,
Também em 1986, foi tombada a Ser- expressas em grande parte pela heran-
ra da Barriga, região onde se desenvol- ça cultural, dos bens que materializam
veu o Quilombo dos Palmares, outro lo- e documentam sua presença, sua mar-
cal de grande importância nas lutas an- ca no fazer histórico da sociedade [...]
tirracistas. Essas iniciativas se deram a Aqui, os enfoques que o patrimônio
partir da mobilização da população, em tem encontram com a memória e lhe
especial de movimentos negros, mas, dão sentido, na medida em que expõe
apesar de terem atingido seus objeti- no território o conflito das identida-
vos, apenas tornaram mais evidente a des que lutam para se firmar enquanto
necessidade de desenvolver novas in- mecanismos ideológicos, que objetivam
terpretações sobre a definição de patri- a disputa do poder e têm nos direitos
mônio cultural e a maneira que o país culturais um amparo legal (NOGUEI-
com eles se relacionava. RA; NASCIMENTO, 2012, p. 86).

28
As lutas pelo reconhecimento legal e so- “Museus, memória e cultura afro-brasi-
cial de direitos buscam, assim, reconhe- leira” para todos os museus participantes.
cer nas populações de origem africana A ação juntou 2.600 eventos em 884 mu-
e em suas manifestações culturais parte seus, incluindo os 30 museus do Ibram.
integrante e fundamental da identidade Muitos destes museus observaram, pela
brasileira. São, deste modo, um passo ne- primeira vez, manifestações da cultura
cessário para permitir iguais direitos a to- africana e afro-brasileira em seus acer-
dos os grupos sociais. Se trata, antes de vos, em um importante exercício de re-
tudo, de reconhecer a população brasilei- conhecimento da presença destas popu-
ra como um corpo mais diverso do que lações em suas comunidades.
tradicionalmente se tem feito, e de per-
ceber o papel que o Estado deve desem- Nesse cenário, o Ibram realizou em ca-
penhar neste processo. ráter experimental, em 2016, — a partir
da metodologia do Programa Pontos de
Ainda assim, analisanso as políticas de Memória e de experiências de iniciati-
Museus e de Promoção de Igualdade Ra- vas anteriores já oferecidas pelo Ibram,
cial, nos parece que ainda há pouca ar- com destaque para Oficina “Museu, Me-
ticulação. Como observamos nos vários mória e Cidadania” e da Oficina de In-
documentos analisados, a premissa bá- ventario Participativo — a Oficina “Mu-
sica de valorização da diversidade cultu- seu, Memória e Cultura Afro-Brasilei-
ral aparece como base em todos os do- ra”, realizada na sede do órgão, em Bra-
cumentos e propostas. Entretanto, quan- sília/DF, para Pontos de Memória que
do falamos de Museu, Memória e Cultu- têm como foco principal de suas ações a
ra Afro-brasileira, apenas em 2013 uma Cultura e Memória Afro-brasileira. Ou-
ação articulada de grande abrangência tra ação, também em caráter piloto, sur-
foi efetivada. giu de uma parceria com o Sistema Es-
tadual de Museus da Fundação Catari-
Assim, em 2013, essas políticas se encon- nense de Cultura (FCC) e com o Núcleo
traram durante a 7ª Primavera dos Mu- de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) da
seus. A iniciativa agregou atividades de Universidade do Estado de Santa Catari-
museus de todo o país entre os dias 23 na, culminando em um curso de aperfei-
e 29 de setembro e buscou levar o tema çoamento para profissionais que atuam

29
em museus, Pontos de Cultura e Pon- tância, com duração de quatro meses,
tos de Memória no estado de Santa Ca- e que também foram apresentados vir-
tarina, com caráter semipresencial, com tualmente na Plataforma do Programa
oficinas presencias e atividades a dis- Saber Museus.

Políticas de Museus e Promoção de Igualdade Racial


Ano Museus Promoção da Igualdade Racial
Política Nacional de Museus Política de Promoção da Igualdade Racial
2003 Criação do DEMU Criação da SEPPIR
1ª Semana de Museus Aprovação da Lei 10.639/03
Sistema Brasileiro de Museus 1ª Conferência Nacional de Promoção de Igualdade Racial
2004
1° Fórum de Museus 1ª Conferência Nacional de Promoção de Igualdade Racial
2006 Cadastro de Museus
2ª Conferência Nacional de Promoção de Igualdade Racial
2007 1ª Primavera de Museus
Cadastro de Comunidade Quilombolas (Fundação Palmares)
Criação do Estatuto de Museus
2009 Plano Nacional de Promoção de Igualdade Racial
Criação do Ibram
Plano Nacional de Cultura
Estatuto da Igualdade Racial
Plano Setorial de Museus
2010
Guia de Museus
Sistema de Promoção de Igualdade Racial
Pontos de Memória
2011 Museu em Números
2012 Lei de Cotas Tabela 2:
Políticas de
7ª Primavera de Museus: Museu, Memória e Cultura Afro Museus e
2013 Promoção
3ª Conferência Nacional de Promoção de Igualdade Racial de Igualdade
Racial
(SIMÃO,
2014 Plano Setorial de Cultura Afro – Fundação Palmares 2015)

30
No entanto, é bem verdade que essas Podemos apontar, assim, a importân-
iniciativas, pontuais, estão longe de cia de uma profunda articulação entre
trazer para dentro dos museus a dis- as políticas públicas para a área de cul-
cussão de forma permanente e críti- tura. As iniciativas tanto na área mu-
ca. Outras ações devem ser articula- seológica como na área de combate ao
das no plano da prática museológica. racismo e à discriminação podem con-
As preocupações com os museus e com tribuir para a construção de uma socie-
a promoção da igualdade podem e de- dade mais consciente de sua formação e
vem estar relacionadas a todos os níveis de sua trajetória, e de uma realidade de
da educação. Destacamos os cursos de inclusão e de valorização da diversidade.
graduação em Museologia, nos quais a
inclusão de disciplinas sobre cultura e Em um país da dimensão do Brasil, tan-
história africana e afro-brasileira, rela- to geograficamente como em população,
ções étnico-raciais e mesmo sobre ou- a construção de identidades que abar-
tros grupos que representem a diversi- quem diversas origens é fundamental.
dade cultural do Brasil, como indíge- Não há como pensarmos um futuro dig-
nas e ciganos, assim como relações de no e justo para o país que não inclua
gênero e temas como machismo, ho- o avanço constante no combate a estas
mofobia e outras formas correlatas de questões. A análise da situação em que
discriminação e preconceito, temas la- estamos e do caminho que percorremos
tentes na nossa sociedade, ainda não até ela deixa claro que muito se avançou,
são incluídas de forma sistêmica nos mas também que estamos muito lon-
nossos currículos. Parcerias com outras ge do final do caminho. Deste modo a
instituições, como Sistemas de Museus necessidade de construção destas políti-
estaduais e municipais, universidades, cas permanece premente e novos avan-
com os cursos de museologia, os Nú- ços dependem da avaliação das iniciati-
cleos de Estudos Afro-Brasileiros e ou- vas já executadas e do reconhecimento
tros que tratem da memória e do pa- da necessidade de um trabalho amplo,
trimônio podem contribuir para qua- contínuo e permanentemente reavalia-
lificar as discussões, efetivar políticas do, sempre com a participação efetiva
e potencializar ações. das comunidades envolvidas.

31
PARTE 2

Proposta de
conteúdos e atividades
Oficina Museu, Memória e Cultura Afro-Brasileira
Apresentação

O
Ibram, no âmbito do Programa processo de educação colaborativa que
Pontos de Memória e em parce- trate de questões sobre museu, memó-
ria com a Organização dos Es- ria, cultura e patrimônio afro-brasilei-
tados Ibero-americanos Para a ro a partir, principalmente, de questões
Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), contemporâneas.
desde 2009 implementa o Projeto De-
senvolvimento Institucional e Técnico- A proposta procura focar na função so-
-Operacional para a Ampliação e Con- cial dos museus e da museologia e sua
solidação de Projetos Relacionados à interface com a história e cultura afri-
Memória Social no Brasil. O projeto cana e de sua diáspora nas diversas ins-
tem como objetivo atualizar, aperfeiçoar tituições que tratam sobre o patrimônio
e apoiar metodologias e instrumentos afro-brasileiro, envolvendo e estimulan-
voltados para a ampliação e consolida- do iniciativas e o protagonismo social de
ção de ações relativas ao campo mu- atores que tratem da temática na ela-
seal para as comunidades que atuam boração e na gestão das políticas públi-
com memória social no país. Entre os cas, socializando e discutindo metodo-
resultados esperados estão a formula- logias, meios e insumos necessários para
ção de um plano de capacitação em rede pesquisar, registrar, preservar e difun-
que promova a construção de conheci- dir iniciativas culturais sobre patrimô-
mentos, de modo colaborativo, entre os nio afro-brasileiro. Pretende, também,
pontos, iniciativas e redes de memória discutir questões que tratem da memó-
e museologia social. ria enquanto elemento constitutivo do
patrimônio e da construção de represen-
É na perspectiva de aprimorar e conso- tações e de identidades sociais, além de
lidar o desempenho dessa atividade que compreender a importância da preserva-
se propõe uma metodologia sob o tema ção do patrimônio afro-brasileiro como
Museu, Memória e Cultura Afro-Brasi- estratégia de construção de políticas pú-
leira, tendo por objetivo promover um blicas de promoção da igualdade racial e

33
ações educativas de combate ao ra- Objetivo
cismo e a discriminações.
Promover o processo de
Assim, essa proposta de oficina está educação colaborativa referente
organizada em 3 unidades, com 5 às questões Museu, Memória
módulos que se completam nos ei- e Cultura Afro-Brasileira,
xos de discussão Museu, Memória, envolvendo e estimulando
Cultura, Patrimônio, Políticas Pú- iniciativas e o protagonismo
blicas e Afro-Brasileiros. Prevê en- social dos Pontos de Memória
contros presenciais, privilegiando que tratem da temática,
o processo colaborativo de ensino socializando e discutindo
e aprendizagem a partir de dinâ- metodologias, meios e insumos
micas de grupo que, além da inte- necessários para pesquisar,
ração, buscam a troca de experiên- registrar, preservar e difundir
cias a partir das socializações, arti- iniciativas culturais sobre
culadas a aulas expositivas dialoga- patrimônio afro-brasileiro, a
das. Deste modo, cada modulo te- fim de garantir a valorização da
mático propõe atividades em gru- cultura e do patrimônio afro-
po com os conceitos a serem dis- brasileiro na cultura nacional,
cutidos e indicação de leituras e ví- o respeito à diversidade e o
deos, que deverão ser organizados fortalecimento de ações e
previamente pelo mediador antes políticas educativas de combate
dos encontros. Quanto ao processo ao racismo e a discriminações.
avaliativo, propõe-se uma avalia-
ção diagnóstica, processual e par-
ticipativa, a fim de qualificar ain-
da mais as ações e as discussões
sobre Museu, Memória e Cultura
Afro-Brasileira.

34
Duração indicada museológicas que tratem a
temática Afro-Brasileira.
„„ Três encontros presenciais, para
discussão das Unidades I, II e III. „„Agentes culturais e gestores
Totalizando 5 módulos temáticos públicos e privados que tratem
complementares. do patrimônio e de iniciativas de
caráter museológico na região.
„„ Encontros com pelo menos
quinze dias de intervalo, Ementa
possibilitando que as atividades
propostas possam ser melhor Debater questões relacionadas a museu,
trabalhadas. museologia, memória, cidadania, cultu-
ra e patrimônio a partir de questões con-
„„ Dois dias para cada Unidade de temporâneas, focando na função social
ensino, totalizando 60 horas. dos museus e da museologia e sua inter-
face com história e cultura africanas e
„„Cada encontro poderá ser de sua diáspora nas diversas instituições
realizado em instituições que tratam o patrimônio afro-brasileiro.
diferentes, propiciando trocas Discutir questões que tratem da memó-
de experiências entre os ria enquanto elemento constitutivo do
participantes, ficando cada patrimônio e na construção de repre-
instituição responsável pela sentações e de identidades sociais. Com-
apresentação e organização de preender a importância da preservação
uma visita pela comunidade. do patrimônio afro-brasileiro como es-
tratégia de construção de políticas pú-
Público-alvo blicas de promoção da igualdade racial
e outras políticas de combate ao racis-
„„ Pontos de Memória e Pontos mo e à discriminação.
de Cultura e outras instituições

“Afrikanska kulturföremål”
(Artefatos Africanos)
Desenho de Gustav Mützel, 1876.

35
Proposta de
Conteúdo Programático
UNIDADE I
Módulo I Módulo II
Museu, Memória e Inventário Participativo
Cidadania
ŠŠ Tipos de inventário e inventário
ŠŠ Conceitos de memória, lembrança, participativo.
história. ŠŠ Técnicas e metodologias de pesquisa,
ŠŠ Conceitos de cultura, diversidade registro e divulgação.
cultural e patrimônio, em suas ŠŠ Referencias patrimoniais e
várias dimensões: natural, material, categorias de registro e análise.
imaterial, histórico, artístico e ŠŠ Metodologia de Inventário
cultural. Participativo apresentadas pelo
ŠŠ Definição de museu, museologia, Ibram e Iphan.
museologia social, cidadania. ŠŠ Propostas e exemplos de
ŠŠ Marcos referenciais da museologia e Inventários Participativos.
legislação de museus brasileiros.
ŠŠ Pontos de Memória e Pontos de
Cultura e outros processos de
caráter participativo e museológico.

36
UNIDADE II UNIDADE III
Módulo III Quilombos, religiões de Módulo V
Memória, História matriz africana, capoeira, Expografia, narrativas
irmandades e confrarias,
e Cultura Africana e representação
congadas, reizados, samba
e Afro-brasileira de roda, escolas de samba, ŠŠ Museologia, Museografia,
ŠŠ Conceitos: identidade, culinária e outras expressões e Expografia.
diáspora africana, raça, manifestações culturais locais. ŠŠ Análise de discurso, narrativas
racismo, relações étnico- expográficas e representação.
raciais, afrodescendência, Módulo IV ŠŠ Técnicas expositivas e recursos
diversidade, multiculturalismo. Políticas Públicas e expográficos, como suporte,
ŠŠ Introdução à História da forma, cor, som, iluminação,
População Negra no
África: aspectos geográficos, textura, imagem, texto e outras
políticos, sociais, religiosos,
Brasil representações cenográficas.
históricos, culturais e ŠŠ Políticas públicas para a ŠŠ Projeto expográfico:
artísticos. Questões sobre a população Afro-brasileira. Concepção, planejamento,
diáspora e seus reflexos nas ŠŠ Museus Afros/Pontos de execução.
sociedades ocidentais. Memória e Cultura/Redes. ŠŠ Exposições sobre a temática
ŠŠ Introdução à História e ŠŠ Editais de fomento específicos Cultura e Memória Africana e
Cultura Afro-brasileira: para o segmento. Afro-brasileira.
colonização europeia, cativeiro, ŠŠ Propostas de plano de ação
identidades, solidariedades, e cronograma de trabalho
religiosidades e resistências. para ser desenvolvidos na
ŠŠ Lugares de Memória/Cultura instituição.
e Patrimônio Afro-brasileiro:

37
Metodologia e avaliação
Encontro presencial privilegiando o pro- „„Leitura de texto, utilização de
cesso colaborativo de ensino-aprendiza- imagens e vídeos.
gem a partir de dinâmicas de grupo, que
além da interação busquem a troca de „„Visitas, identificação e registro
experiências a partir das socializações, por meio de fichas de inventário
articuladas a aulas expositivas dialoga- do patrimônio cultural local.
das. Avaliação diagnóstica, processual e
participativa. „„Elaboração de plano de trabalho.

„„Rodas de conversas para „„Avaliação constante, individual e


construção coletiva dos coletiva, dos participantes.
conceitos e metodologias que
serão utilizados durante a Tratando-se de processo de educação co-
oficina. laborativa, é sabido que a metodologia
poderá e deverá sofrer acréscimos ou al-
„„Uso de dinâmicas de grupo terações, a fim de que a oficina se aproxi-
que proporcionem a interação me ao máximo possível da realidade vi-
e troca de experiência entre os venciada pelos participantes e dos pac-
participantes. tos estabelecidos ao longo do processo.

„„Aula expositiva dialógica


presencial, com
apresentação sintética de todo o
conteúdo a ser debatido.

38
Proposta de Atividades

UNIDADE I

Módulo I
Museu, Memória e Cidadania

„„Apresentação do grupo e da „„Discussão de conceitos: Museu, Material de


proposta de trabalho. Museologia, Museologia Social, referência e apoio
Cidadania.
Material produzido pelo
„„Apresentação da Plataforma Ibram/Programa
Programa Saber Museus/Ibram. „„Pontos de Memória e Pontos Pontos de Memória:
de Cultura e outros processos Documentos técnicos
„„Discussão de conceitos como de caráter participativo e produzidos pela Consultoria
Museu, Memória e Cidadania
memória, lembrança, história. museológico. na Diversidade Cultural –
2013/2014.
„„Discussão sobre cultura, Ponte para o próximo encontro Autor: Inês Gouveia / Ibram
diversidade cultural e patrimônio Elaborar uma breve biografia de uma
Material produzido
em suas várias dimensões: personalidade negra da comunidade pelo Museu da Pessoa
natural, material, imaterial, (escrita ou em vídeo) e SENAC/SP:
histórico, artístico e cultural. “Memória social: uma
metodologia que conta
histórias de vida e o
desenvolvimento local”. São
Paulo: Museu da Pessoa:
Senac São Paulo, 2008.
Autor: Immaculada Lopez

39
Dinâmica de grupo 1
Construir linha do tempo O que é memória?
individual e coletiva A memória pressupõe registro – ainda
que tal registro seja realizado em nosso
1. Distribuir, entre os participantes próprio corpo. Ela é, por excelência,
do grupo, papel, canetas coloridas e seletiva. Reúne as experiências, os saberes,
imagens (podem ser revistas, jornais e as sensações, as emoções, os sentimentos
xerox de fotografias antigas). que, por um motivo ou outro, escolhemos
para guardar. “A memória é essencial
2. Pedir para que cada pessoa faça a um grupo porque está atrelada à
a linha do tempo de sua história a construção de sua identidade. Ela é o
partir de um grupo de questões, com resultado de um trabalho de organização
a possibilidade de usar as cores, as e de seleção do que é importante para o
imagens e desenhos para ilustrar a sentimento de unidade, de continuidade
produção. e de experiência, isto é, de identidade”
(LOPES,2008,p. 33).
3. Da linha individual, pode-se partir
para a construção da linha do tempo O que é história?
coletiva. Formar grupos de três a Toda história é sempre uma narrativa
cinco participantes. organizada por alguém em determinado
tempo e implica uma seleção. Essa
4. Cada cronologia produzida pode construção ocorre, invariavelmente, no
ser socializada e entendida como um presente, por um ou mais autores. “Uma
novo “documento”, que merece ser história é uma narração, verdadeira ou
preservado como fonte da história falsa, com base na ‘realidade histórica’
do grupo. Portanto vale a pena ou puramente imaginária – pode ser
identificá-lo, imaginando que outras uma narração histórica ou uma fábula”
pessoas poderão consultá-lo. (LOPES,2008,p. 33).

40
O que é história de vida? O que é memória coletiva?
Podemos definir história de vida É o conjunto de registros eleitos
como a narrativa construída a pelo grupo como significativos, que
partir do que cada um guarda estabelece sua identidade, seu jeito
seletivamente em sua memória. Ela de ser e viver o mundo e decorre
corresponde a como organizamos dos seus parâmetros históricos
e traduzimos para o outro parte e culturais. A possibilidade de
daquilo que vivemos e conhecemos compartilhar dessa memória
(LOPES,2008,p. 37). é que dá a cada um o senso
de pertencimento. Trata-se de
O que é memória individual? uma relação criativa e dinâmica
Cada pessoa carrega dentro de entre o indivíduo e o grupo
si suas vivências, impressões, (LOPES,2008,p. 32).
acompanhadas de suas
aprendizagens. Não guarda tudo,
pois a memória é sempre seletiva.
Indicação de leitura
Vale ressaltar que os critérios ŠŠ “Guilherme Augusto Araújo Ferreira”, de Mem
do que é significativo ou não Fox.
resultam do espaço e do tempo em ŠŠ “Funes, o memorioso”, de Jorge Luis Borges.
que se vive. A história de cada um ŠŠ “O queijo e os vermes”, de Carlo Ginzburg.
ŠŠ “Sobre História”, de Eric Hobsbawn.
contém a história de um tempo,
dos grupos a que pertence e das Dicas de filmes e videos
pessoas com quem se relaciona ŠŠ “Depois da Vida” (Hirokazu Koreeda, 1998)
ŠŠ “A Inventariante” (Patricia Francisco, 2010)
(LOPES,2008,p. 32).
ŠŠ “Chimamanda Adichie: o perigo de uma única
história” (Adichie, 2009)
ŠŠ “Uma vida iluminada” (Liev Schreiber, 2005)
ŠŠ “Cinema Paradiso” (Giuseppe Tornatore, 1988)
ŠŠ “Meia noite em Paris” (Woody Allen, 2011)

41
Cultura
Reafirmando que a cultura deve
Dinâmica de grupo 2 ser considerada como o conjunto
dos traços distintivos espirituais e
Construir mural materiais, intelectuais e afetivos que
de conceitos e expressões caracterizam uma sociedade ou um
grupo social e que abrange, além
1. Distribuir, entre os das artes e das letras, os modos de
participantes do grupo, pequenos vida, as maneiras de viver juntos, os
retângulos de cartolina colorida e sistemas de valores, as tradições e as
canetas coloridas. crenças (UNESCO, 2002, p. 1).

2. Pedir para que cada pessoa Patrimônio


escreva no retângulo conceito O conceito de patrimônio não
ou expressões que associem a existe isolado. Só existe em relação
patrimônio cultural. a alguma coisa. Podemos dizer
que patrimônio é o conjunto de
3. Colar os papéis na parede ou bens materiais e/ou imateriais que
outro lugar visível, formando um contam a história de um povo e sua
painel de conceitos para iniciar a relação com o meio ambiente. É o
discussão. legado que herdamos do passado
e que transmitimos a gerações
4. Cada participante pode futuras. O patrimônio pode ser
socializar o conceito escolhido classificado em histórico, cultural e
e no decorrer da discussão pode ambiental (CCSH/UFSM, 2016).
incluir outros no mural.
Patrimônio Histórico
É o conjunto de bens que contam
a história de uma geração através
de sua arquitetura, vestes,
acessórios, mobílias, utensílios,

42
armas, ferramentas, meios e acabam interagindo e de criatividade, a diversidade
de transportes, obras de arte, interferindo no seu cotidiano cultural é, para o gênero
documentos (CCSH/UFSM, (CCSH/UFSM, 2016). humano, tão necessária como
2016). a diversidade biológica para
Patrimônio a natureza. Nesse sentido,
Patrimônio Cultural Material e Imaterial constitui o patrimônio comum
É o conjunto de bens materiais Podemos dizer que patrimônio da humanidade e deve ser
e/ou imateriais, que contam material são os aspectos mais reconhecida e consolidada
a história de um povo através concretos da vida humana, em benefício das gerações
de seus costumes, comidas e que fornecem informações presentes e futuras (UNESCO,
típicas, religiões, lendas, sobre as pessoas. Cultura 2002, p. 2).
cantos, danças, linguagem material é o mesmo que
superstições, rituais, festas. O objeto ou artefato. Podem ser Cidadania
patrimônio cultural de uma tombados. A cidadania é o conjunto
nação, de uma região ou de Patrimônio imaterial é o de direitos e deveres civis,
uma comunidade é composto conjunto de manifestações políticos e sociais que
de todas as expressões populares de um povo, cada cidadão deve exercer.
materiais e espirituais que transmitido oral ou Exercer a cidadania significa
lhe constituem, incluindo textualmente, recriado e conscientizar-se de seus
o meio ambiente natural — modificado ao longo do tempo. direitos e deveres para lutar
Declaração de Caracas, 1992 Pode ser registrado (CCSH/ para que a justiça possa ser
(CCSH/UFSM, 2016). UFSM, 2016). colocada em prática. No
Brasil, os direitos e deveres do
Patrimônio Diversidade Cultural cidadão são estabelecidos pela
Ambiental ou Natural A cultura adquire formas Constituição da República
É a inter-relação do homem diversas através do tempo e Federativa do Brasil, de 1988.
com seus semelhantes e tudo do espaço. Essa diversidade se
o que o envolve, como o manifesta na originalidade e
meio ambiente, fauna, flora, na pluralidade de identidades
ar, minerais, rios, oceanos, que caracterizam os grupos e
manguezais, e tudo o que eles as sociedades que compõem
contêm. Esses elementos estão a humanidade. Fonte de
em contato com o homem intercâmbios, de inovação e

43
Museu Museologia
“Consideram-se museus, para os Disciplina que tem por objeto o
efeitos desta Lei, as instituições estudo de uma relação específica do
sem fins lucrativos que conservam, homem com a realidade, ou seja, do
investigam, comunicam, homem/sujeito que conhece com os
interpretam e expõem, para fins objetos/testemunhos da realidade,
de preservação, estudo, pesquisa, no espaço/cenário museu, que
educação, contemplação e turismo, pode ser institucionalizado ou
conjuntos e coleções de valor não. Nas últimas décadas, com
histórico, artístico, científico, a renovação das experiências
técnico ou de qualquer outra no campo da Museologia, o
natureza cultural, abertas ao entendimento corrente de que
público, a serviço da sociedade e se trata da ciência dos museus,
de seu desenvolvimento” (BRASIL, que se ocupa das finalidades e
2009b). da organização da instituição
museológica, cede lugar a novos
Pontos de Memória conceitos além do descrito acima,
O Programa Pontos de Memória tais como estudo da implementação
tem como objetivo apoiar ações de ações de preservação da herança
e iniciativas de reconhecimento cultural e natural ou estudo dos
e valorização da memória social. objetos museológicos (CHAGAS;
Com metodologia participativa e NASCIMENTO JR., 2009, p. 31).
dialógica, os pontos trabalham a
memória de forma viva e dinâmica,
como resultado de interações sociais Indicação de filmes e
e processos comunicacionais, os videos
quais elegem aspectos do passado ŠŠ “Não há tempo para o amor,
de acordo com as identidades e Charlie Brown” (Bill Melendez,
interesses dos componentes do 1973)
ŠŠ “Uma noite no museu”
grupo (IBRAM, 2016). (Shawn Levy, 2006)
ŠŠ “Mister Bean, o filme” (Mel
Smith, 1997)
ŠŠ “Museologia do Afeto”
(MINOM, 2013)

44
Módulo II
Inventário Participativo

Socialização „„Metodologia Inventário


Breve biografia de uma personalidade Participativo apresentada pelo
negra da comunidade. Ibram e Iphan.

„„ Discussão sobre os diversos „„Propostas e exemplos de


tipos de inventário e inventário Inventários Participativos.
participativo.
Ponte para o próximo encontro
„„Apresentação de técnicas e Elencar o que considera patrimônios
metodologias de pesquisa, afro-brasileiros na comunidade.
registro e divulgação.

Material de referência e apoio


Material produzido pelo Ibram/Programa Pontos de Memória:
Documentos técnicos Consultoria Inventário Participativo – 2013/2016
Autor: João Paulo Viera Neto / Ibram
Livro “Pontos de Memória: metodologia e práticas em museologia social”
- Ibram/OEI, Brasília: Phábrica, 2016.

Material produzido pelo Iphan


Educação Patrimonial: inventários participativos: manual de aplicação/
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; texto, Sônia Regina
Rampim Florêncio et al. Brasília (DF), 2016.

45
Inventários participativos
São instrumentos de estímulo
para que os próprios grupos e
Dinâmica de grupo 3 comunidades locais possam,
em primeira pessoa, assumir
Mapeamento e registro de a identificação, a seleção e o
patrimônios culturais da localidade registro das referências culturais
significativas para suas memórias e
Indicação de leitura
Parte 1 histórias sociais em seus processos ŠŠ “As Raízes do Futuro” de
de musealização (IBRAM, 2016). Hugues de Varine.
1. Formar grupos de 3 a 5 pessoas ŠŠ “Estratégias museológicas
participativas no concelho
Referências Culturais de Peniche”, de Raquel
2. Distribuir, para cada grupo, o “... são edificações e são paisagens Janeirinho.
mapa da localidade impresso em naturais. São também as artes, os ŠŠ “El Patrimonio
tamanho A2, canetas coloridas e ofícios, as formas de expressão e Cultural Inmaterial y la
Sociomuseología: estudio
papel os modos de fazer. São as festas sobre inventários”, de Lorena
e os lugares a que a memória e Sancho Querol.
3. Pedir que cada pessoa do grupo a vida social atribuem sentido
identifique com um número no mapa diferenciado: são as consideradas
Dicas de filmes
lugares e patrimônios que conhece. mais belas, são as mais lembradas, ŠŠ “Narradores de Javé” (Eliane
as mais queridas. São fatos, Caffé, 2003)
4. Eleger uma pessoa do grupo para atividades e objetos que mobilizam ŠŠ “Saberes e fazeres do
Quilombo de Alto Alegre, CE”
que, em folha de papel, faça uma a gente mais próxima e que (LabInventário, 2015)
legenda dos pontos escolhidos. reaproximam os que estão longe, ŠŠ Iphan – 16 documentários
para que se reviva o sentimento premiados na segunda
5. Cada grupo pode socializar o mapa de participar e de pertencer a um edição do “Edital de apoio à
produção de documentários
para iniciar a discussão. grupo, de possuir um lugar. Em etnográficos sobre o
suma, referências são objetos, patrimônio cultural imaterial
práticas e lugares apropriados brasileiro” (Etnodoc 2009)
ŠŠ Canal E Cultura – Ponto de
pela cultura na construção de
Memória da Estrutural (2013)
sentidos de identidade, são o que ŠŠ TVE RS – Museu de Percurso
popularmente se chama de raiz de do Negro (2015)
uma cultura”(IPHAN, 2011,p. 5).

46
Lugares
Dinâmica de grupo 3 No território em que será feita a
pesquisa, alguns lugares podem
Parte 2 possuir significados especiais
para a comunidade porque neles
1. Após apresentação da coisas importantes acontecem ou
metodologia, distribuir para já aconteceram. Podem se tornar
cada grupo fichas de inventário, referências lugares como: uma feira,
das categorias lugares, objetos, uma casa, uma paisagem, uma praça,
celebrações, formas de expressão e um bosque, um sítio arqueológico,
saberes. um centro histórico, uma rua, um rio,
uma ruína de construção antiga etc.
2. Pedir que o grupo, a partir do (IPHAN, 2011, p. 14).
levantamento feito na atividade
anterior com mapa, preencha as Objetos
fichas com os dados disponíveis Os objetos fazem parte da memória
nesse momento. e da história de uma comunidade.
Alguns são importantes pela função que
3. Fazer uma caminhada de desempenham ou desempenharam: seja
reconhecimento na localidade, uma função decorativa (luminárias,
recolhendo material fotográfico esculturas, vasos de flores etc.); seja
e outros dados que possam uma função utilitária (cadeiras, mesas,
complementar as fichas e o mapa. ferramentas, moedas etc.); seja uma
função simbólica (objetos religiosos/
4. Elaborar um mapa de fichas no sagrados, bandeiras, trajes utilizados
grande grupo, com informações em rituais etc.). Podem ser importantes
compartilhadas pelos pequenos pelo papel social ou político de seus
grupos. proprietários ou ainda pelo valor
artístico dos objetos (no caso das
obras de arte popular e erudita, como
pinturas, esculturas, desenhos, músicas
etc.) (IPHAN, 2011, p. 15).

47
Exposição “Vozes que Pulsam:
Memória e cultura Afro-brasileira
em Santa Catarina”. Museu
Histórico de Santa Catarina.
Irmandade de Nossa Senhora
do Rosário e São Benedito dos
Homens Pretos de Florianópolis.

Celebrações
São eventos coletivos em que se candomblé; podem ser de caráter
comemora ou rememora algum cívico, como as comemorações
acontecimento. Geralmente são das datas importantes da pátria
organizadas com antecedência e ou da cidade; ou relacionadas
envolvem muitas pessoas, às vezes aos ciclos produtivos, como as
diferentes grupos da sociedade. Em “festas do milho”, da “uva”, do
geral, as celebrações se repetem “peixe”; podem ser formas de
a cada ano, ou de tempos em marcar momentos especiais da
tempos, e são passadas de geração vida de uma pessoa junto à sua
para geração. Podem ter significado comunidade, como acontece nos
religioso, como as festas dos rituais de passagem para a vida
santos padroeiros das cidades ou adulta de alguns povos indígenas
as festividades dos terreiros de ou nas festas de casamento. Enfim,

48
são inúmeras as motivações de Saberes
uma comunidade para se organizar São formas próprias de produzir
e celebrar (IPHAN, 2011, p. 16). algum bem ou realizar algum
serviço, como a receita de uma
Formas de expressão comida típica ou uma técnica
São as diferentes maneiras pelas especial utilizada para tocar ou
quais uma comunidade demonstra produzir um instrumento musical.
e comunica sua cultura: música, Podem ter sentidos práticos
dança, literatura, causos, pinturas, ou rituais, sendo que, às vezes,
esculturas etc. Um mesmo bem reúnem as duas dimensões. É o
cultural entendido como forma de caso das práticas relacionadas à
expressão pode envolver várias dessas cura, presentes nas benzeduras
linguagens. Pode ser uma encenação ou pajelanças. Envolvem o
típica que envolva música, dança e conhecimento de técnicas e
teatro. Um exemplo são as diferentes matérias-primas, que dizem
encenações com a figura do boi em muito sobre o meio ambiente e o
todo o Brasil. Podem ter diferentes modo como as pessoas interagem
sentidos: religiosos, como uma folia com ele. Um exemplo é o dos
de reis ou uma procissão. Podem ofícios tradicionais de pescador,
comunicar protestos sociais, como quebradeira de coco babaçu,
o hip-hop; podem fazer parte dos catadores de açaí, garimpeiro,
períodos de trabalho, como os seringueiro; ou a maneira de
cantos de mutirão; e outras maneiras construir uma casa de taipa, adobe
de comunicação, como os modos de ou madeira, como nas palafitas etc.
falar: as línguas indígenas, dialetos, (IPHAN, 2011, p. 18).
sotaques e termos típicos, como
gírias (IPHAN, 2011, p. 17).

49
Maria Teresinha Agostinho, Provedora da Irmandade de Nossa Senhora do
Rosário e São Benedito dos Homens Pretos de Florianópolis (SC). Exposição
“Vozes que Pulsam: Memória e cultura Afro-brasileira em Santa Catarina”.
Museu Histórico de Santa Catarina. Foto: Soninha Vill

50
UNIDADE II

Módulo III
Memória, História e Cultura Africana e Afro-brasileira

Socialização „„ Introdução à História e Cultura


Apresentar lista dos patrimônios que Afro-brasileira: colonização
considera afro-brasileiros. europeia, cativeiro, identidades,
solidariedades, religiosidades e
„„ Discutir conceitos: identidade, resistências.
diáspora africana, raça,
racismo, relações étnico-raciais, „„ Lugares de Memória/Cultura
afrodescendência, diversidade, e Patrimônio Afro-brasileiro:
multiculturalismo, políticas de quilombos, religiões de matriz
promoção de igualdade racial. africana, capoeira, irmandades
e confrarias, congadas, reizados,
„„ Introdução à História da África: samba de roda, escolas de samba,
aspectos geográficos, políticos, culinária e outras expressões e
sociais, religiosos, históricos, manifestações culturais locais.
culturais e artísticos. Questões
sobre a diáspora e seus reflexos Ponte para próximo encontro
nas sociedades ocidentais. Elencar políticas na sua comunidade
que contemplem especificamente a
população negra e que podem ser
implementadas.

51
Ofício das Baianas de Acarajé.
Fototeca Iphan.
Foto: Luiz Antônio Duailibi/Iphan

Material de referência e apoio


Material produzido pelo Ibram/Programa Pontos Material produzido pelo Projeto a Cor da Cultura
de Memória A Cor da Cultura é um projeto educativo de
Documentos técnicos Consultoria Memória Afro- valorização da cultura afro-brasileira. O projeto teve
brasileira (2016) seu início em 2004 e, desde então, tem realizado
Autora: Maristela Simão / Ibram produtos audiovisuais, ações culturais e coletivas
que visam práticas positivas, valorizando a história
Material produzido pelo NEAB/UDESC e deste segmento sob um ponto de vista afirmativo.
Programa UNIAFRO /MEC
“Formação de Professores: promoção e difusão de Material produzido pelo Projeto Afreaka
conteúdos sobre história e cultura afro-brasileira e O Afreaka é um projeto de mídia alternativa,
africana”. Florianópolis: DIOESC, 2014. educação e produção cultural que traz um lado
pouco conhecido do continente africano no Brasil.
Material produzido em parceria MinC, UFG e Fundado pela jornalista Flora Pereira e pelo designer
UFPE Natan Aquino, teve início em 2012.
Tainacan. Acervo da Cultura Afro-Brasileira (afro.
culturadigital.br)

52
Raça
Equivocadamente muitos se
utilizam do termo em seu sentido
biológico, questão há muito tempo
discutida e comprovada como não
existente (apenas raça humana).
Dinâmica de grupo 4 Neste sentido é importante
compreendê-la enquanto “uma
Tecendo discussões a partir de construção sociológica e político-
obras cinematográficas ideológica, pois embora não exista
cientificamente, a raça persiste no
1. Selecionar filmes que tratem imaginário coletivo e na cabeça
temas sobre racismo, raça, dos racistas e, consequentemente,
xenofobia e outras formas de continua a fazer vítimas em nossas
discriminação e preconceitos. sociedades” (MUNANGA, 2010,
p. 192).
2. Distribuir, para o grupo,
“sinopse adaptada” dos filmes Racismo
e documentários que serão Doutrina que afirma não só a
apresentados. existência das raças, mas também a
superioridade natural e, portanto,
3. Exibir trechos dos filmes e hereditária, de umas sobre as outras.
documentários selecionados A atitude racista, por sua vez, é
previamente pelo mediador. aquela que atribui qualidades aos
indivíduos ou grupos conforme o
4. Organizar discussão e debate seu suposto pertencimento biológico
sobre as impressões do filme e as a uma dessas diferentes raças e,
questões mencionadas. portanto, conforme as suas supostas
qualidades ou defeitos inatos e
hereditários. Assim, o racismo não
é apenas uma reação ao outro, mas
uma forma de subordinação do
outro (SPM, 2009, p. 35).

53
Discriminação racial Mito da Democracia Racial
ou étnico-racial Este mito é atribuído ao sociólogo
Toda distinção, exclusão, restrição Gilberto Freyre que, entre as
ou preferência baseada em raça, décadas de 1930 e 1950, escreveu
cor, descendência ou origem Casa-Grande & Senzala, grande
nacional ou étnica que obra sobre as relações raciais
tenha por objeto anular ou no Brasil. Nela, partindo do
restringir o reconhecimento, princípio positivo de romper
gozo ou exercício, em com as abordagens racistas da
igualdade de condições, de sociedade e da história brasileira
direitos humanos e liberdades contra os negros, Freyre trouxe
fundamentais nos campos à tona as relações que existiam
político, econômico, social, entre senhores/sinhás e escravos/
cultural ou em qualquer outro as, assim como os modos de vida
campo da vida pública ou da elite e do povo. Ao realizar
privada (BRASIL, 2010). tais análises, o autor acabou
por produzir a imagem de uma
Eurocentrismo sociedade harmônica e integrada
O eurocentrismo é uma afetiva e sexualmente, mas de
forma de reduzir a diversidade fato artificial. Seu pensamento
cultural a apenas uma exerceu, porém, grande influência
perspectiva paradigmática que vê a sobre a literatura e os pensadores
Dicas de filmes Europa como a origem única dos subsequentes, a ponto de
ŠŠ “Vênus Negra” (Abdellatif
Kechiche, 2010)
significados, o centro de gravidade aprendermos, por meio deste
ŠŠ “12 anos de escravidão” (Steve do mundo, o paradigma a partir mito, que o Brasil é um país
McQueen, 2013) do qual o resto do planeta deve ser onde não existe preconceito ou
ŠŠ “Quase Deuses” (Joseph medido e comparado (SPM, 2009, discriminação de raça ou de
Sargent, 2004)
ŠŠ “A boa mentira” (Philippe p. 204). cor e no qual as diferenças são
Falardeau, 2014) absorvidas de forma cordial e
ŠŠ “Preciosa” (Lee Daniels, 2009) harmoniosa (SPM, 2009, p. 204).
ŠŠ “Raça” (Joel Zito Araújo, 2013)
ŠŠ “Gray Bull” (Eddy Bell, 2014)
ŠŠ “Estrelas além do tempo”
(Theodore Melfi, 2016)

54
Continente Africano
Dinâmica de grupo 5
Esse continente é demasiadamente
Construindo representações grande para ser descrito. É um verdadeiro
“Máscaras Africanas” oceano. Um planeta diferente, composto
de várias nações, um cosmo múltiplo.
1. Selecionar e exibir filmes sobre Somente por comodidade simplificamos e
diversidade cultural africana e dizemos “África”.
imagens de “máscaras africanas”. (Kapuscinski, 2002)

2. Propor discussão e debate sobre “Nos filmes, nas histórias em


as impressões do filme e as questões quadrinhos, nos seriados de tevê
mencionadas. e nos romances, a África é sempre
um continente misterioso e mágico,
3. Distribuir para o grupo papel onde são possíveis todas as aventuras.
micro ondulado colorido, canetas, A imagem que nos transmitem
tesoura, cola, pincel e adereços diariamente os jornais e os noticiários
(sementes, contas, penas, etc). Caso de rádio e televisão é outra: a de uma
tenha habilidade em modelagem parte do mundo assolada por secas,
em argila, o material utilizado pode fomes, epidemias, guerras e tiranos.
ser argila, distribuído em pequenos Uma visão não desmente a outra, e
pedaços ao grupo com material ambas são incompletas. Se uma região
para modelagem, espátulas, água e da África for atacada por nuvens de
jornais. gafanhotos que devoram todas as
plantações, e nela há fome, nas outras
4. Pedir que cada participante, a a colheita se fez normalmente [...] Se
partir da discussão, escolha uma em determinado lugar há uma feroz
máscara, de acordo com o contexto luta armada, noutros as crianças
e a reproduza. vão regularmente à escola, de roupas
limpas e sapatos lustrados”
5. Cada participante pode (SILVA, 2008, p. 11).
apresentar a máscara que produziu.

55
A África vive uma tripla condição continente. Ambos sugerem que o
restritiva: prisioneira de um passado ‘ser africano’ não deriva da história,
inventado por outros, amarrada a mas da genética. E no lugar da
um presente imposto pelo exterior cultura tomou posse a biologia
e, ainda, refém de metas que lhe (COUTO, 2005, p. 11).
foram construídas por instituições
internacionais que comandam a “As Máscaras nas comunidades
economia. A esses mal-entendidos africanas, geralmente estão ligadas
se somou outra armadilha: a a rituais religiosos, de guerra, de
assimilação da identidade por razões fertilidade da terra e até mesmo de
de raça. Alguns africanos morderam entretenimento, elas são criadas
essa isca. A afirmação afrocentrista para serem vistas em movimento”
Dicas de filmes sofre, afinal, do mesmo erro básico (FERREIRA, 2004, p. 4).
ŠŠ “Como as histórias se do racismo branco: acreditar que
espalharam pelo mundo” os africanos são uma coisa simples, “As máscaras isoladas não fazem
(A Cor da Cultura, 2004)
uma categoria uniforme, capaz sentido, pois se vivificam a partir de
ŠŠ “África no currículo escolar”
(A Cor da Cultura, 2004) de ser reduzida a uma cor de pele. um conjunto maior de expressões:
ŠŠ “Tradições de Dogon” – Dança Ambos os racismos partilham do mascarado/dançarino, figurino,
das Máscaras (Afreaka, 2014) mesmo equívoco básico. Ambos dança, música, público e cerimônia.
ŠŠ “Kirikou e a Feiticeira”
se entreajudaram numa ação Todos estes elementos juntos
(Michel Ocelot, 1998)
ŠŠ “Distrito 9” redutora e simplificadora da enorme compõem uma performance”
(Neill Blomkamp, 2009) diversidade e complexidade do (SANTOS, [s.d.], p. 19).

Oficina de Máscaras
Africanas. Curso de
Capacitação “Museu,
Memória e Cultura
Afro-Brasileira” em
Santa Catarina. Foto:
Angelo R. Biléssimo

56
Bonecas Abayomí.
Matintah Pereira.
(Divulgação)

Dinâmica de grupo 6
Construindo relações “Abayomis”

1. Selecionar e exibir trechos de


filmes sobre a diáspora africana e
imagens de bonecas “Abayomi”.

2. Propor discussão e debate sobre


as impressões do filme e as questões Diáspora
mencionadas.
A experiência da escravidão, dos fluxos e
3. Distribuir para o grupo pedaços das trocas interculturais atlânticas, defende
de tecido colorido (preto: pode ser Paul Gilroy, deve ser parte integrante dos
algodão, malha e colorido: qualquer estudos das culturas e identidades formadas
tecido), tesoura e adereços. na América. Essa visão seria uma perspectiva
transnacional e intercultural, produzida através
4. Pedir que cada participante, a da diáspora.
partir da apresentação da técnica de (GILROY, 2001)
confecção, faça algumas bonecas de
pano “Abayomi”. O conceito de diáspora, apesar de sua
origem, não é aqui empregado dentro de
uma ideia de um retorno redentor de uma
dispersão. Ela representa, sim, um processo
de reconstrução de um pertencimento,
uma redefinição cultural e histórica, além
da ideia de transformação, mudança e
deslocamento. As identidades, nesse
contexto, são criadas, junto ao elo que liga
o sujeito ao seu local de origem. Não são,

57
portanto, fixas. Segundo Stuart dizer encontro precioso:
Hall, dependem de um “conjunto abay = encontro e omi = precioso).
de posições de identidade” (HALL, No Brasil, além de nome
2006, p. 34), variando conforme a próprio, designa bonecas de
pessoa, o momento e o contexto. pano artesanais, muito simples,
Se tornam assim mais políticas a partir de sobras de pano
que antropológicas, mais escolha reaproveitadas, feitas apenas
que destino. Diz ainda o autor com nós, sem o uso de cola ou
que: “cada uma dessas histórias de costura e com mínimo uso de
identidade está inscrita nas posições ferramentas, de tamanho variando
que assumimos e com as quais nos de 2 cm a 1,50 m, sempre negras,
identificamos. Temos de viver esse representando personagens de
conjunto de posições de identidade circo, da mitologia, orixás, figuras
com todas as suas especificidades” do cotidiano, contos de fada
(HALL, 2006, p. 433). e manifestações folclóricas e
culturais.
Essas identidades criadas ou
reinventadas não podem ser O fenômeno da diáspora africana:
Dicas de filmes entendidas como assimilação, pois africanos e afrodescendentes que
ŠŠ “Besouro” (João Daniel
Tikhomiroff, 2009)
são resultado de processos históricos foram espalhados pelo mundo
ŠŠ “Falares luso-brasileiros no que não ocorrem em mão única. contra sua vontade, retirados
Benin e no Togo” (LABHOI, Ao mesmo tempo são resultado de de suas aldeias, cidades, de suas
2013) uma relação desigual, pois inserida famílias e de sua terra natal; não
ŠŠ “Agudas: Ex-escravos do Brasil
levam hábitos e costumes em relações de poder, dependência carregavam consigo nada além
do país para a África” (Globo e subordinação, marca sempre de si próprios – seus corpos,
Cidadania, 2014) presente do colonialismo (SIMÃO, suas tradições, suas memórias.
2015, p 38). Atualmente, culturas de matriz
africana se fazem presentes em
A palavra Abayomi tem origem diferentes sociedades do mundo
iorubá e costuma ser uma boneca (SOUZA, 2014, p. 11).
negra, significando aquele que traz,
felicidade ou alegria. (Abayomi quer

58
Considerar os mais diversos elementos
presentes nas práticas, como
Dinâmica de grupo 7 alimentação, vestuário, oralidade,
gestualidade, sonoridade, odores ou
Identificando Manifestações/ sabores, permite decifrar a diversidade
Expressões Culturais Afro- e a complexidade da realidade histórica
Brasileiras da população afro-brasileira e alegar
participação igualitária da população
1. Selecionar imagens sobre negra na vida nacional.
Manifestações/Expressões culturais
Afro-Brasileiras. O patrimônio cultural da população
negra é composto de bens materiais e
2. Apresentar as imagens em slides imateriais, que são expressões dessas
sem identificar de antemão o nome comunidades, nos mais diferentes
da manifestação. aspectos: objetos, costumes, canções,
rituais, encontrados na religião, na
3. Propor que o grupo faça culinária, nos modos de tecer e de Dicas de Filmes:
ŠŠ “Recife Frio” (Kleber
reconhecimento e se discuta vestir (BORGES, 2010, p. 1).
Mendonça Filho, 2010)
características de cada manifestação. ŠŠ “Mojubá – Episódio 1 –
“Seria uma viagem perdida à África Origens” (Programa a Cor
4. Pedir que cada participante, a se se fosse buscar lá as origens puras da Cultura, 2004)
ŠŠ “Mojubá – Episódio 2 – Fé”
partir da apresentação e discussão, das religiões de matriz africana, ou (Programa a Cor da Cultura,
relate se já participou ou participa dos ritmos, danças e brincadeiras 2004)
de alguma manifestação e qual que atualmente existem na cultura ŠŠ “Mojubá – Episódio 6 –
importância dela para ele e para a popular brasileira. O candomblé, a Quilombos” (Programa a
Cor da Cultura, 2004)
cultura brasileira. capoeira, a congada e o maracatu são ŠŠ “Mojubá – Episódio 7 –
manifestações culturais nascidas no Comunidades e Festas”
Brasil, e têm fortes marcas da história (Programa a Cor da Cultura,
2004)
da escravidão no país, da mistura de
ŠŠ “Mojubá – Episódio 11 –
povos africanos que ocorreu aqui e das Tradição Oral” (Programa a
relações que criaram entre si e com a Cor da Cultura, 2004)
sociedade local.

59
Na África, são encontradas
algumas de suas bases, mas
nunca sua forma original.
Certamente, todas essas
manifestações têm profundas
raízes africanas, mas
são “africanamente brasileiras”.
Portanto, deve-se ter consciência
de que aqui se vai ao encontro
da história da África, e que
nela serão encontrados muitos
conhecimentos para se entender Casa de Devoção Negrinho do Pastoreio. Santa Cecília (SC). Foto: Angelo R. Biléssimo
melhor a história do Brasil – e
do mundo –, mas não todas as
chaves para se compreender a Sobretudo no mundo Pode-se desmistificar a ideia
diversidade cultural brasileira” contemporâneo, em que a de folclore presente no senso
(SOUZA, 2014, p. 13). modernidade está repleta de comum e, igualmente, mostrar
significados positivos, o folclore como é complexa e sofisticada
Acostumou-se a ver as e o popular se identificam não a cultura negra brasileira. São
manifestações culturais de poucas vezes com o atraso – matrizes culturais que trazem
matriz africana, no Brasil, algo curioso, exótico, mas de saberes, técnicas e toda uma
reduzidas ao campo chamado menor valor. Logo, se não se engenharia mental para ser
de folclore. O conceito de problematiza a inserção da elaborada e se expressar. Além
folclore, que remete às tradições cultura africana nesse registro, disso, assim como as pessoas, ela
e práticas culturais populares, corre-se o risco de não se criar está em permanente mudança e
não tem em si nenhum aspecto uma identidade, nem estimular o não é nada óbvia. Assim, pode-
que o desqualifique, mas o olhar orgulho de se pertencer a ela. se estar atribuindo um caráter
que foi estabelecido sobre o restrito à história africana se ela
que se chama de manifestações ficar limitada às manifestações
folclóricas, sim. culturais mais aparentes
(SOUZA, 2014, p. 13).

60
Módulo IV
Políticas Públicas e População Negra no Brasil

„„Discutir políticas públicas para a Plano Setorial para a


população Afro-brasileira e sua Cultura Afro-brasileira
articulação com outras políticas
públicas no Brasil. Na construção do Plano Seto-
rial para a Cultura Afro-brasi-
„„Museus/Pontos de Memória e leira estão envolvidos: o Con-
Pontos Cultura Temática Afro- selho Nacional de Política Cul-
Brasileira/Redes Temáticas. tural (CNPC), o Colegiado Se-
torial de Cultura Afro-brasilei-
„„Apresentar editais de fomento ra (eleitos em 2013), a Fun-
específicos para o segmento. dação Cultural Palmares (FCP-
Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim. Fototeca
-MinC), a Secretaria de Políti- IPHAN. Foto: Marcelo Reis/IPHAN.
„„Elaborar uma proposta de cas de Promoção da Igualdade
Plano de Ação e cronograma Racial da Presidência da Repú- tada nos museus brasileiros.
de trabalho que possam ser blica (SEPPIR/PR) e a Secreta- De outro lado, a investigação
desenvolvidos na instituição. ria de Cidadania e Diversidade das memórias, da história e da
Cultural (SCDC-MinC). cultura da comunidade negra
Estatuto da Igualdade Racial não são assuntos que dizem
Lei nº 12.288, de 20 de julho 2010. No âmbito dos museus, as respeito apenas às populações
ações afirmativas implicam o negras, mas constituem-se em
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da reconhecimento do patrimô- um tema que interessa a toda
Igualdade Racial, destinado a garan- nio cultural afro-brasileiro e sociedade brasileira, na medi-
tir à população negra a efetivação da a construção de novos proje- da em que contribuem na des-
igualdade de oportunidades, a defesa tos museais e expositivos, que construção de preconceitos e
dos direitos étnicos individuais, coleti- respondam ao silêncio e à ex- estereótipos étnico-raciais, no
vos e difusos e o combate à discrimi- clusão com que a memória e a combate ao racismo e à discri-
nação e às demais formas de intolerân- história dos afrodescendentes minação étnico-racial (L. M.
cia étnica. têm frequentemente sido tra- R. Machado, 2013, p. 11).

61
Itens essenciais para elaborar um projeto
Dinâmica de grupo 8 Sinopse
Síntese do projeto;
Permite breve visão do conjunto
Motivos que justificam a realização do projeto, em
Justificativa
Exercício elaboração plano de ação/ relação à trajetória e ao contexto do grupo
elaboração de projeto: “Ideia vira Projeto” Histórico
Descrição da origem da ideia, das ações já
desenvolvidas e dos resultados já alcançados
Apresentação do grupo e/ou organização responsável
1. A partir das discussões e dos materiais Quem somos
pela iniciativa
produzidos nas dinâmicas de grupo ao longo
Frutos concretos do projeto — do número de
da oficina, propor a elaboração de um plano Resultados
participantes envolvidos aos produtos previstos
de ação. Objetivos O que se almeja alcançar
Descrição das principais ações e atividades necessárias
2. Apresentar algumas ideias e planos de Ações para a realização dos objetivos e a obtenção dos
resultados
ação como exemplo e sensibilização para
Organização das ações que podem ser divididas em
importância de planejamento de ações Etapas
etapas com objetivos e resultados específicos
futuras. Distribuição das etapas do trabalho e suas principais
Cronograma atividades ao longo do prazo de duração previsto para
o projeto
3. Distribuir para cada participante uma
Recursos humanos previstos para desenvolvimento do
proposta de roteiro e propor que cada pessoa, Equipe projeto (número de profissionais, perfil, carga horária de
em linhas gerais, preencha os campos e depois trabalho e funções previstas)
socialize com o grupo. Previsão detalhada dos custos do projeto (pode ser
Orçamento completado com um levantamento de outros recursos
necessários: equipamentos, espaço, etc.)
4. Recuperar as atividades feitas pelos
Fonte: Lopez, 2008
participantes, que foram descritas como
“Ponte para o próximo encontro”, e propor
sua compilação.

5. Apresentar um roteiro básico de projeto


cultural e propor o preenchimento em linhas
gerais a partir das atividades que foram
compiladas.

6. Socializar as propostas com o grupo.

62
UNIDADE III

Módulo V Dinâmica de grupo 9


Exercício expográfico 5. Definir com o grupo a
Expografia, narrativas e organização da exposição
representação 1. A partir das discussões (módulos, agrupamentos,
e materiais produzidos nas outros).
dinâmicas de grupo ao
„„Discussão sobre Museologia, longo da oficina, propor 6. Selecionar com o grupo os
Museografia e Expografia. a montagem de uma objetos que serão expostos
“exposição didática”. (materiais produzidos ao
„„Discussão sobre importância da longo da oficina).
análise de discurso, narrativas 2. Apresentar imagens em
expográficas e representação. slides de algumas exposições 7. Formar grupos de
temporárias, de longa 5 pessoas que ficarão
„„Apresentação de técnicas duração, itinerantes e outras responsáveis por organizar os
expositivas e recursos que tenham a ver com o módulos de apresentação.
expográficos, como suporte, tema e algumas técnicas
forma, cor, som, iluminação, básicas de expografia. 8. Socializar cada proposta
textura, imagem, texto e outras e fechar coletivamente a
representações cenográficas. 3. Definir com o grupo proposta de exposição.
o tema da exposição, o
„„Dicas de elaboração de projeto discurso e a narrativa que se 9. Montar a exposição no
expográfico: concepção, pretende expor. espaço da sala onde foram
planejamento, execução. realizadas as oficinas.
4. Definir com o grupo o
„„Exposições sobre a temática título da exposição. 10. Discussão e avaliação do
cultura e memória africana e processo.
afro-brasileira.
Dinâmica 1 Dinâmica 2 Dinâmica 3
Construir linha do tempo Construir mural de Mapeamento e registro
individual e coletiva conceitos e expressões de patrimônios culturais
da comunidade
63
Exposições 4. Traduzem discursos e mais refratária de ignorância,
narrativas por meio de a ideia pré-concebida, o
1. São parte de um sistema de intermediações sensoriais, preconceito, o estereótipo
comunicação, com lógica e como imagens, sons, cheiros, cultural. Expor é tomar e
sentido próprios. Pretendem sensações. Expor é, ainda, calcular o risco de desorientar-
desempenhar um papel para escolher o que ocultar, optar se — no sentido etimológico:
representar e comunicar entre o que lembrar e o que perder a orientação, perturbar
histórias, tradições, novidades, esquecer. A exposição, deste a harmonia, o evidente e o
conhecimentos, modos de modo, traduz anseios, medos, consenso, constitutivo do
fazer e viver. questionamentos, afirmações, lugar comum (do banal)”
perguntas e respostas, propondo (MOUTINHO, 1994, p. 4).
2. Muitas vezes podem ser soluções por meio de uma
o primeiro contato dos discussão pública e coletiva. Material de
visitantes/espectadores com Expor é também, e sobretudo, referência e apoio
determinado assunto, questões propor (CUNHA, 2010). Material produzido pelo Ibram/
da vida, de particularidades, do Programa Pontos de Memória
“Caminhos da memória: para
passado, das artes, da ciência 5. Exposições devem ser
fazer uma exposição” / pesquisa e
e de muitas outras áreas do instrumentos para a produção, elaboração do texto Katia Bordinhão,
conhecimento humano. reprodução e difusão de Lúcia Valente e Maristela dos Santos
conhecimentos. É o espaço Simão – Brasília, DF: Ibram, 2017.
3. Resultam de uma soma para a circulação de ideias, e,
Indicação de Leitura
de esforços, coletivos e deste modo, profundamente ŠŠ CUNHA, Marcelo Bernardo. “A
individuais, de conteúdo ideológica e essencialmente exposição museológica como
teórico e conceitual, política. E o espaço para estratégia comunicacional: o
tratamento museológico da
transformados na revelar e tornar público herança patrimonial”. Revista
materialidade das cores, posicionamentos. Magistro, Unigranrio, Rio de
das texturas, na qualidade e Janeiro, RJ, 2010.
ŠŠ CURY, Marília Xavier. “Exposição:
quantidade dos objetos, do 6. “Expor é ou deveria ser,
concepção, montagem e
local, da iluminação. trabalhar contra a ignorância, avaliação”. São Paulo: Annablume,
especialmente contra a forma 2005.

Dinâmica 4 Dinâmica 5 Dinâmica 6 Dinâmica 7 Dinâmica 8


Tecendo discussões Construindo Construindo relações Identificando Exercício elaboração
a partir de obras representações “Abayomis” manifestações – plano de ação/elaboração
cinematográficas “Máscaras Africanas” Expressões culturais de projeto: “Ideia vira
64 afro-brasileiras Projeto”
Indicação de filmes
Módulo I – Museu, Memória e Cidadania
Filme Diretor/Ano
“Uma vida iluminada” Liev Schreiber, 2005
“Cinema Paradiso” Giuseppe Tornatore, 1988
“Depois da Vida” Hirokazu Koreeda, 1998
“Meia noite em Paris” Woody Allen, 2011
“Chimamanda Adichie: o perigo de uma única história” Adichie, 2009
“Não há tempo para o amor, Charlie Brown” Bill Melendez, 1973
“Uma noite no museu” Shawn Levy, 2006
“Mister Bean, o filme” Mel Smith, 1997
“Museologia do Afeto” MINOM, 2013

MÓDULO II – Inventário Participativo


Filme Diretor/Ano
“A inventariante” Patrícia Francisco, 2010
“Narradores de Javé” Eliane Caffé, 2003
“Saberes e fazeres do Quilombo de Alto Alegre, CE” LabInventário, 2015
Iphan – 16 documentários premiados na segunda
edição do "Edital de apoio à produção de
Etnodoc, 2009
documentários etnográficos sobre o patrimônio cultural
imaterial brasileiro"
“Ponto de Memória da Estrutural” Canal E Cultura, 2013
“Museu de Percurso do Negro” TVE RS, 2015

MÓDULO III – Memória, História e Cultura Africana e Afro-brasileira


Filme Diretor/Ano
“Venus Negra” Abdellatif Kechiche, 2010
“12 anos de escravidão” Steve McQueen, 2013
“Mãos talentosas” Thomas Carter, 2009
“Estrelas além do tempo” Theodore Melfi, 2016

65
“A boa mentira” Philippe Falardeau, 2014
“Preciosa” Lee Daniels, 2009
“Raça” Joel Zito Araújo, 2013
“Como as histórias se espalharam pelo mundo” Programa A Cor da Cultura, 2004
“África no currículo escolar” A Cor da Cultura, 2004
“Tradições do Dogon” – Dança das Máscaras Afreaka, 2014
“Kirikou e a Feiticeira” Michel Ocelot, 1998
“Distrito 9” Neill Blomkamp, 2009
“Besouro” João Daniel Tikhomiroff, 2009
“Falares Luso-brasileiros no Benim e no Togo” LABHOI, 2013
“Agudás: ex-escravos do Brasil levam hábitos e
Globo Cidadania, 2014
costumes do país para África”
“Recife Frio” Kleber Mendonça Filho, 2010
“Mojubá – Episódio 1 – Origens” Programa A Cor da Cultura, 2004
“Mojubá – Episódio 2 – Fé” Programa A Cor da Cultura, 2004
“Mojubá – Episódio 6 – Quilombos” Programa A Cor da Cultura, 2004
“Mojubá – Episódio 7 – Comunidades e Festas” Programa A Cor da Cultura, 2004
“Mojubá – Episódio 11 – Tradição Oral” Programa A Cor da Cultura, 2004

MÓDULO IV – Políticas Públicas e População Negra no Brasil


Filme Diretor/Ano
“Por uma infância sem racismo” UNICEF, 2010
“A negação do Brasil” Joel Zito Araújo, 2001
“As filhas do vento” Joel Zito Araújo, 2005
“Nota 10: Corpo” Programa A Cor da Cultura, 2004
“Nota 10: Igualdade de tratamento e oportunidades” Programa A Cor da Cultura, 2004
“Que horas ela volta?” Anna Muylaert, 2015

Filmes Sites de referências


Programa A Cor da Cultura http://www.acordacultura.org.br/
Programa Afreaka http://www.afreaka.com.br/
CurtaDoc http://curtadoc.tv/
Etnodoc-IPHAN http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/206

66
Indicação de leituras
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