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MINUTA DA MENSAGEM DE VETO

MENSAGEM
Nº /2020-GAG Brasília, de janeiro de 2020.

Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal,

Tenho a honra de dirigir-me a Vossa Excelência e a seus ilustres pares para


comunicar-lhes que, nos termos do art. 74, § 1º, da Lei Orgânica do Distrito Federal,
decidi vetar parcialmente, por inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse
público, o Projeto de Lei nº 645/2019, que “estima a receita e fixa a despesa do Distrito
Federal para o exercício financeiro de 2020”.
Ouvida, a Secretaria de Estado de Economia do Distrito Federal manifestou-se,
fundamentadamente, pelo veto aos dispositivos especificados no Anexo Único.
Submeto, pois, à elevada apreciação dos Senhores Membros da Câmara
Legislativa do Distrito Federal as razões que me levaram a vetar esses dispositivos,
ressaltando que a manutenção dos vetos é condição necessária para garantir a
governabilidade do Distrito Federal e a observância do ordenamento jurídico vigente.

Atenciosamente,

MARCUS VINICIUS BRITO


Governador em exercício

A Sua Excelência o Senhor


Deputado RAFAEL PRUDENTE
Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal
NESTA
ANEXO ÚNICO

Trata-se do Projeto de Lei nº 645, de 2019 (Projeto de Lei Orçamentária Anual de


2020 – PLOA/2020), de autoria do Poder Executivo, o qual “estima a receita e fixa a
despesa do Distrito Federal para o exercício financeiro de 2020”.
Referido Projeto de Lei foi submetido à apreciação da Câmara Legislativa do
Distrito Federal – CLDF por meio da Mensagem nº 236/2019-GAG, de 13 de setembro
de 2019, em cumprimento ao disposto no art. 150, § 3º, da Lei Orgânica do Distrito
Federal – LODF, e aprovado com emendas por essa Casa Legislativa, conforme pode ser
visto na Mensagem nº 540/2019-GP, de 30 de dezembro de 2019.
Foram apresentadas emendas tanto ao texto quanto a créditos orçamentários
consignados no PLOA/2020.
Haja vista que parte dessas emendas parlamentares são inconstitucionais e/ou
contrárias ao interesse público, vetam-se algumas programações orçamentárias, bem
como dispositivos inseridos no texto do Projeto de Lei em tela, nos termos do art. 74, §
1º, da Lei Orgânica do Distrito Federal – LODF.

1) VETOS A DISPOSITIVOS DO TEXTO DO PLOA/2020


1.1) Arts. 10, 11, 12, 13 e 14

“Art. 10º O demonstrativo da aplicação anual dos recursos na Manutenção e


Desenvolvimento do Ensino, nos termos do art. 212 da Constituição Federal e dos art.
70 e 71 da Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, não deve contabilizar:
despesas com previsão de ressarcimento; despesas com bibliotecas para além da
utilização pela Rede de Educação; despesas com eventos de inauguração; despesas
com juros e moras de fatura de água e esgoto/luz/telefonia/gás; Ações Indenizatórias;
despesas com Casas de Assistência Social.
Art. 11º Fica o Poder Executivo autorizado a conceder o reajuste dos
vencimentos das carreiras conforme as seguintes leis do ano de 2013: 5.106 de
03.05.2013,5.206, de 30.10.2013; 5.207, de 30.10.2013; 5.200, de 14.9.2013; 5.227, de
2.12.2013; 5.187, de 25.9.2013; 5.188, de 25.9.2013; 5.189, de 25.9.2013; 5.182, de
20.9.2013; 5.226, de 2.12.2013; 5.175, de 19.9.2013; 5.217, de 14.11.2013; 5.185, de
25.9.2013; 5.218, de 14.11.2013; 5.194, de 26.9.2013; 5.212, de 13.11.2013; 5.201, de
14.9.2013; 5.181, de 20.9.2013; 5.193, de 26.9.2013; 5.195, de 26.9.2013; 5.245, de
16.12.2013; 5.190, de 25.9.2013; 5.173, de 19.9.2013; 5.192, de 26.9.2013; 5.184, de
23.9.2013; 5.237, de 16.12.2013; 5.179, de 20.9.2013; 5.250, de 19.12.2013; 5.105, de
3.5.2013; 5.249, de 19.12.2013; 5.248, de 19.12.2013; 5.125, de 4 de julho de 2013; e
5.247, de 19.12.2013.
Art. 12º O Poder Executivo buscará implementar o Plano de Cargos, Carreiras e
Salários da Educação no exercício de 2020, a fim de atender a demanda da educação
básica no Distrito Federal.
Art. 13º O demonstrativo da aplicação anual dos recursos na manutenção e
desenvolvimento do ensino nos termos do art. 212 da Constituição Federal e dos art.
70 e 71 da Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, não deve contabilizar as
previsões de receitas correspondentes ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, que não
constituem receitas próprias do ente federativo, como o Valor Adicional Recebido –
FUNDEB e os Rendimentos de Valores Mobiliários de Outras Receitas Correntes –
FUNDEB.
Art. 14º O demonstrativo da aplicação anual dos recursos na manutenção e
desenvolvimento do ensino nos termos do art. 212 da Constituição Federal e dos art.
70 e 71 da Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, não deve contabilizar os
recursos destinados à contribuição previdenciárias suplementar.”

Razões dos vetos


Previsto expressamente no § 8º do art. 165 da Constituição Federal1, o princípio
da exclusividade determina que a Lei Orçamentária Anual se abstenha de tratar de
tema que não se refira à previsão da receita e à fixação da despesa para o exercício a
que se refira.
O texto constitucional ressalva dessa proibição a autorização para abertura de
créditos suplementares e a contratação de operações de crédito, ainda que por
Antecipação de Receitas Orçamentárias – ARO, nos termos da lei.
Nesse contexto, os dispositivos relacionados, ao disporem sobre matéria que
extrapola o conteúdo estabelecido pela Constituição para a Lei Orçamentária Anual,
apresentam-se inconstitucionais, motivo pelo qual são opostos os vetos.

2) VETOS A PROGRAMAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS DO PLOA/2020


2.1) ORÇAMENTO DA POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL

1
LODF. Art. 165 (...)
§ 8º A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da
despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita, nos termos da lei.
Razões do veto
Essa programação foi inserida no orçamento da Polícia Civil do Distrito Federal
por meio da emenda nº 686, que cancelou R$ 15.000.000,00 da ação orçamentária
9117 (Contrapartida de Convênios e Operações de Crédito) do orçamento da Secretaria
de Estado de Economia do Distrito Federal – SEEC, e da emenda nº 687, que cancelou
R$ 3.000.000,00 da ação orçamentária 2455 (Manutenção do Equilíbrio Financeiro do
Sistema de Transporte Público Coletivo) do orçamento da Secretaria de Estado de
Transporte e Mobilidade do Distrito Federal – SEMOB.
A programação destinada à contrapartida de Convênios e de Operações de
Crédito teve sua dotação diminuída em 60% em relação ao PLOA/2020 enviado pelo
Poder Executivo, o que pode inviabilizar a consecução de políticas públicas de interesse
da população financiadas com recursos de tais instrumentos.
Em relação à programação destinada à Manutenção do Equilíbrio Financeiro do
Sistema de Transporte Público Coletivo (Tarifa Técnica), houve, considerando-se outras
emendas parlamentares, um decréscimo de R$ 34.255.383,00 em sua dotação em
relação ao valor alocado pelo Poder Executivo, restando a quantia de R$
225.545.638,00.
Esse corte pode prejudicar a política de subsídio do transporte público do
Distrito Federal, que tem como finalidade diminuir o valor pago pelo passageiro.
Diante do exposto, o dispositivo contraria o interesse público, motivo pelo qual
se opõe o veto.

2.2) ORÇAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO CRUZEIRO - RA XI E DA


SECRETARIA DE ESTADO DE JUSTIÇA E CIDADANIA DO DISTRITO FEDERAL
Razões dos vetos
Essas programações foram inseridas no orçamento por meio das emendas nº
414 e nº 488, as quais, juntas, cancelaram o montante de R$ 220.000,00 da Reserva
de Contingência.
Consoante o art. 150, § 15, da LODF2 e com base no valor da Receita Corrente
Líquida estimada no PLOA/2020, cada parlamentar poderia apresentar emendas
individuais até o valor de R$ R$ 19.804.636,00.
Foi verificado que o parlamentar Reginaldo Sardinha apresentou emendas
individuais no valor de R$ 20.024.636,00, deduzindo, portanto, R$ 220.000,00 a mais
da Reserva de Contingência.
Dessa forma, vetam-se os dispositivos com a finalidade de restabelecer o valor
da Reserva de Contingência.

3) NOTA
As emendas parlamentares nº 678, nº 679 e nº 682 deduziram, juntas, da ação
orçamentária 2455 (Manutenção do Equilíbrio Financeiro do Sistema de Transporte
Público Coletivo) do orçamento da SEMOB, a monta de R$ 14.039.170,00, acrescendo
este valor a subtítulos orçamentários já existentes no PLOA/2020 encaminhado à
CLDF.
As duas primeiras emendas acresceram o montante de R$ 11.239.170,00 no
Programa de Trabalho 03.122.8211.8502.0099 (Administração de Pessoal), Natureza
de Despesa 319011 (Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoal Civil), do orçamento da
Defensoria Pública do Distrito Federal, encaminhado à CLDF com o valor de R$
157.366.986,00.
A última acresceu a quantia de R$ 2.800.000,00 no Programa de Trabalho
01.122.8231.8517.0019 (Manutenção de Serviços Administrativos Gerais), Natureza
de Despesa de Despesa 449052 (Equipamentos e Material Permanente), do
orçamento do Tribunal de Contas do Distrito Federal, encaminhado à CLDF com o
valor de R$ 2.000.000,00.
Há de se atentar ao fato de que, caso houvesse oposição de veto a esses
acréscimos, o mesmo abrangeria toda a programação, e não somente o valor que foi
suplementado por meio de emenda parlamentar.
Isso significa afirmar que, caso houvesse interposição de veto ao valor
suplementado, os valores constantes inicialmente dessas programações também
seriam cancelados.
Sendo assim, sugere-se que a inclusão de recursos provenientes de emendas
parlamentares se deem em subtítulos novos, de modo a não prejudicar, na
circunstância de oposição de veto, a execução do orçamento das unidades

2
LODF. Art. 150 (...)§ 15. As emendas individuais dos Deputados Distritais ao projeto de lei orçamentária
anual são aprovadas até o limite de 2% da receita corrente líquida nele estimada.
contempladas com tais recursos e a não ocasionar a necessidade de apresentação de
diversas alterações na lei orçamentária já no início do exercício financeiro.

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