Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PRÁTICAS PARA
A CONSERVAÇÃO
DOS CHARCOS
TEMPORÁRIOS
MEDITERRÂNICOS
FICHA TÉCNICA
Impressão: milideias.pt
ISBN: 978-989-8550-65-1
Depósito Legal: 446866/18
Edição: Universidade de Évora (2018)
Tiragem: 5.000 exemplares
PRÁTICAS PARA
de profundidade, isolados de corpos de
água permanentes e não conectados a
linhas de água. Chamam-se temporários
A CONSERVAÇÃO porque passam por um ciclo periódico
de inundação e seca, e têm uma flora e
DOS CHARCOS fauna características adaptadas a essa
alternância.
A singularidade deste habitat está as- O Projeto LIFE Charcos pretende reduzir
sociada à diversidade e peculiaridade dos a tendência de declínio que se tem verifi-
organismos que alberga. Algumas das es- cado nos Charcos Temporários e promover a
pécies que aqui ocorrem, nomeadamente recuperação de charcos em estado de con-
espécies de flora e alguns crustáceos de servação desfavorável.
água doce, têm uma área de distribuição
muito reduzida.
FARO
VILA DO BISPO
4
Os Charcos Temporários Mediterrâni- trientes e baixo teor de matéria orgânica) e
cos localizam-se em depressões pouco transparentes. O QUE SÃO
profundas e apresentam uma alternância OS CHARCOS
sazonal entre uma fase seca e uma fase O hidroperíodo, também denominado
inundada. período de inundação, é o período do ano TEMPORÁRIOS
em que se verifica a presença de água nos MEDITERRÂNICOS
A pouca profundidade deste tipo de Charcos Temporários. Este pode variar de
charcos, geralmente inferior aos 50cm, ano para ano, em função das condições cli-
permite que a luz do sol chegue até ao máticas.
fundo e que seja colonizado em toda a sua
extensão por vários tipos de plantas. A evolução e extensão do hidroperíodo
são de extrema importância para a diver-
Os charcos bem conservados têm sidade e manutenção das comunidades de
águas oligotróficas (águas com poucos nu- plantas e animais destes habitats.
IN U N
D
FAS E
A DA
CPC
SE
SE
C
FA
CPC
5
Nos Charcos Temporários Mediterrânicos a água das primeiras
O QUE SÃO chuvas do ano hidrológico acumula-se devido à existência de uma
CHARCOS camada de solo menos permeável, favorecendo a sua retenção.
1ª FASE DE ENCHIMENTO
Charco desconectado do nível freático (enchimento efémero)
2ª FASE DE ENCHIMENTO
Charco conectado ao nível freático (hidroperíodo mais prolongado)
6
Constituem
um dos mais notáveis
e singulares habitats
de água doce
na Europa
Albergam
uma biodiversidade
elevada e específica,
Contribuem com espécies
para de fauna e flora
a diversificação raras
da paisagem e ameaçadas
e bem-estar
humano Porque é que
os Charcos
Temporários
Mediterrânicos
são
importantes? Aumentam
Constituem a conectividade
uma reserva local com outros habitats
de água doce, de água doce
importante
no contexto atual
de alterações
Constituem
climáticas
um património
da cultura europeia
reflexo da relação
Hyla meridionalis entre o ser humano
(Rela-meridional)
e o ambiente
natural
CPC
7
A dinâmica da água ao longo do
BIODIVERSIDADE tempo condiciona a composição
DOS CHARCOS e zonação dos seres vivos
TEMPORÁRIOS nos charcos!
MEDITERRÂNICOS
No início da primavera surgem plantas
aquáticas flutuantes, com folhas e flores à
superfície.
RC
LGS
Ranunculus peltatus
PRINCIPAIS AMEAÇAS
PRÁTICAS AGRÍCOLAS E PECUÁRIAS MAIS INTENSIVAS
Desconhecimento sobre a
importância do habitat.
Lavouras nos charcos.
Florestação e atividades
Irrigação de culturas.
silvícolas.
Elevado encabeçamento
Alterações climáticas. pecuário.
9
PROTEÇÃO LEGAL - Convenção de Ramsar (Nações Unidas)
Habitat prioritário Anexo I
DOS CHARCOS da Diretiva Habitats –
- Diretiva Habitats (União Europeia)
TEMPORÁRIOS “Charcos Temporários Mediterrânicos”
MEDITERRÂNICOS - Diretiva Quadro da Água (União Europeia)
(3170*)
JP LPN LGS
10
LQ PC LQS
12
Para os Charcos Temporários se manterem LIMITE MÁXIMO DE ENCHIMENTO
13
BOAS PRÁTICAS
A vegetação dos Charcos Tem-
SABER porários Mediterrânicos en- NA CINTURA CENTRAL
IG
3 Ju
nc
us
cap
itatus
14
Plantas que permitem reconher um
Charco Temporário Mediterrânico
em bom estado de conservação:
Eryngium corniculatum
Isoetes setaceum
Triops vicentinus
RC
(Camarão-girino)
16
Não intervencionar a área do charco
CPC CB LPN
BOAS PRÁTICAS
O gado elimina espécies que competem com a flora típica dos
PECUÁRIAS charcos e cria micro-depressões no solo, indispensáveis para a
(PASTOREIO) germinação e desenvolvimento de algumas espécies. O abando-
no das práticas de pastoreio tradicionais (extensivas) permite a
colonização dos Charcos Temporários Mediterrânicos por plantas
terrestres tolerantes ao encharcamento e pode levar à sua con-
versão em ambientes exclusivamente terrestres.
Juncus emmanuelis
IG
Efetuar o pastoreio na altura certa, quando já não há água
e as plantas já acabaram o seu ciclo, tendo já produzido se-
mente.
charco charco
LS LPN
pastoreio sobrepastoreio
19
BOAS PRÁTICAS
Alterações na hidrologia podem pro- É essencial que as condições
HIDROLÓGICAS vocar a alteração do tempo de perma- de encharcamento temporário
nência e altura da coluna de água dos
no charco se mantenham.
charcos.
CPC
Coenagrion sp. IG
20
A irrigação das culturas modifica o regime hidroló-
gico natural, fator abiótico determinante para todos os
grupos de seres vivos dos Charcos Temporários Medi-
terrânicos.
desaparecem espécies
surgem espécies
características dos Charcos
exclusivamente aquáticas.
Temporários.
21
BOAS PRÁTICAS
As plantas invasoras afetam particularmente as co-
OUTRAS munidades de plantas dos Charcos Temporários Medi-
terrânicos não só porque competem por luz, espaço e
nutrientes, como também os descaracterizam, unifor-
mizando e diminuindo a variedade de espécies de plan-
tas presentes. Exemplos de plantas invasoras:
LPN LPN
Ar Ac
cto ac
the ia s
ca calendula p .
A fragmentação
leva a uma maior fragilidade dos charcos.
LPN
pedras
troncos
caminho caminho
Lobelia urens IG
BOAS PRÁTICAS
24
RESUMO
ATIVIDADES:
ADEQUADAS
• Manutenção do pastoreio tradicional (extensivo) preferencialmente
por ovinos e caprinos na altura do verão
• Controlo de espécies invasoras (remoção de acácias e chorão)
• Construção de barreiras para evitar o acesso de veículos aos charcos
• Remoção de lixo e resíduos na área do charco
• Ações de monitorização, conservação da natureza e sensibilização
ambiental
CONDICIONADAS
• Sementeira ou plantação na área envolvente ao charco
• Implementação de infraestruturas na área envolvente ao charco
• Acesso de veículos aos charcos temporários e sua envolvente
INADEQUADAS
• Alteração da morfologia do solo e coberto vegetal em todo o
complexo de charcos temporários (afundar ou colmatar os charcos)
• Drenagem dos charcos temporários e da sua envolvente
• Sementeira dentro dos charcos temporários
• Colheita / captura de espécies da flora e da fauna
• Introdução de espécies invasoras (por ex. acácia, chorão)
• Construção de caminhos, aceiros e estradas na área dos charcos
temporários IG
25
BOAS PRÁTICAS
A conservação dos charcos temporários
COMO AGIR depende da gestão das atividades hu-
E QUEM manas no local e em seu redor. Estas ações devem ser aconselhadas,
CONTACTAR acompanhadas e por vezes alvo de
As atividades de restauro devem ser
parecer por entidades especializadas.
apenas efetuadas quando o habitat
está degradado e com aconselhamento
técnico apropriado.
26
LPN
Beneficiários associados: Natura 2000 – A Natureza da Europa para ti! Este projeto foi im-
Universidade de Évora plementado na Rede Natura 2000 Europeia. Todos os 28 países
Universidade do Algarve na União Europeia estão a trabalhar em conjunto na Rede Natura
Câmara Municipal de Odemira 2000 de modo a proteger a herança natural da Europa, diversa e
Associação Beneficiários do Mira rica, para o benefício de todos.
27
Contacto da Coordenação do Projeto:
LPN - Liga para a Protecção da Natureza
Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho
LIFE12NAT/PT/997 - contibuição
financeira do Programa LIFE da
União Europeia