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Texto poético
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Seja como for, o texto poético é ficcional no sentido etimoló-
gico. Poderíamos, contudo, distinguir uma ficção poética, onde
predomina a tensão, desvelamento e velamento como poiesis, “Cada palavra é,
segundo sua essência,
e uma ficção-ilusão. O imaginar se funda no velar e é o contraponto do um poema.”
figurar. O contraponto indica a presença da tensão do limite e do ilimi- Guimarães Rosa em
tado, do discurso e da linguagem. Quando tal acontece teríamos o texto entrevista a Gunter
Lorenz.
poético.
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O verso: classificação
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REDAÇÃO
Sílaba
tônica
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Ca ju ei ro pe que ni no
Ca re ga di nho de flor
À som bra das tu as fo lhas
Vê nho can tar meu a mor
A com pa nha do so men te
Da bri as pe lo ru mor
Ca ju ei ro pe que ni no
Car re ga di nho de de flor
a 1ª, a 3ª, a 5ª e a 7ª
a 1ª, a 3ª e a 7ª
a 1ª, a 4ª e a 7ª
a 3ª, a 5ª e a 7ª
a 2ª, a 4ª e a 7ª
a 2ª, a 5ª e a 7ª
a 3ª e a 7ª
a 4ª e a 7ª
1 2 3 4 5 6 7
Crês ces te cres ce mos am bo
No sa a mi za de tam bém vo
E ras tu o meu em le
O meu a fe to teu bem te
Se tu so fri as eu tris
Cho ra va co mo nin guém
Ca ju ei ro pe que ni no
Por mim so fri as tam bém
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Provérbios:
Lé com lé, cré com cré, um sapato em cada pé.
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
Uni, duni, tê
Salamê, minguê
Um sorvete colored
O escolhido foi você!
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REDAÇÃO
O verso tradicional pode conter até 12 sílabas. Versos com uma sílaba
são muito raros. Os com duas sílabas são mais comuns. Observe os que se-
guem:
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Nas quadras e trovas populares, nas cantigas de roda e nos desafios, os versos
têm, em geral, sete sílabas, como os do poema Cajueiro Pequenino.
1 2 3 4 5 6 7
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Projeto
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REDAÇÃO
Verso avulso
Imagem
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De/re/pen/te/do/ri/so/fez-/se o/ pran/to
si/len/ci/o/so e/bran/co/co/mo a/bru/ma
e/das/bo/cas/u/ni/das/fez-/se a es/pu/ma
e/das/mãos/es/pal/ma/das/fez-/se o/pran/to
Observações:
A contagem das sílabas dos versos vai até a última sílaba tônica.
Quando duas (ou mais) vogais se encontram no fim de uma palavra e
no começo de outra, podendo ser pronunciadas numa única emissão
de voz, unem-se numa só sílaba.
As palavras rimam.
As sílabas tônicas repetem-se com intervalos regulares. Observe a
incidência da sílaba tônica na 6ª e na 10ª sílabas:
A sucessão de sílabas tônicas e átonas com intervalos regulares ca-
dencia o verso, tornando-o melodioso.
Os versos agrupam-se dentro de uma fórmula especial.
A reiteração mencionada, além de dar ritmo e melodia ao poema, é
uma maneira (insistente) de o poeta expressar como se deu a separa-
ção.
Há a utilização de figuras como a antítese, a comparação, a metáfora.
Antítese
Comparação
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REDAÇÃO
Metáfora
METÁFORAS DECODIFICAÇÃO
(linguagem artística) (linguagem comum)
O poema de Gil Dumont Vêneto tem rima e ritmo: é uma valsa. É român-
tico. É delicado. Expressa o amor. Com certeza, agrada à maioria dos jovens.
Mas não é poesia!
Não basta rimar para escrever poesia. Não basta ter ritmo para ser poe-
sia. Um texto não é poesia por ser romântico, por emocionar, por ser uma
declaração de amor.
Poesia é palavra, é linguagem, é invenção verbal, é originalidade. E no po-
ema “Amor” não há isso. Há só lugares-comuns. “Tanger de mansinho”, “ter-
nos versos”, “berço de rosas macias”, “sono formoso”, “ao som das cantigas
que a brisa cicia”, “ao som das espumas e das ondas do mar”, “música leve
do teu respirar”, etc. são exemplos de que não há invenção verbal, exemplos
de lugares-comuns, de expressões que, de tão repetidas, se tornaram gastas,
surradas, sem originalidade.
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que o poeta expressa sua alta preparação para receber a morte, que vem
para um “jantar”, um encontro a dois, e “Encontrará lavrado o campo, a casa
limpa, / A mesa posta, / Com cada coisa em seu lugar.” Ao concluirmos esta
seção, queremos sublinhar, uma vez mais, o seguinte: para escrever poesia,
é preciso ter cuidado especial com a forma, com a maneira de expressar, ex-
plorando com originalidade todos os recursos que o sistema linguístico ofe-
rece nos planos fônicos (rimas, ritmos, etc.), léxico (escolha das palavras),
sintático (combinação de palavras de forma inusitada, singular) e semântico
(emprego da linguagem figurada, etc.), revelando, assim, novas formas de
ver o mundo.
Poesia é isso: uma aventura de linguagem. A arte de dizer o comum de
forma incomum. O texto poético assim construído se torna intocável, isto
é, as palavras que o autor utilizou, as combinações que fez, os recursos que
empregou não podem ser alterados sob pena de comprometer a obra, des-
construí-la, despoetizá-la. Cabe lembrar, para encerrar, que um texto em
forma de prosa pode ser considerado poesia, se a função predominante for
a função poética, se nele estiver presente a linguagem poética. Trata-se de
um texto em prosa, em sua forma; poesia – em sua essência. Dito de outro
modo é prosa poética.
O poeta: um lutador
Que é o poeta?
Manuel Bandeira, um um homem
dos mais importantes que trabalha o poema
escritores da literatura
brasileira com o suor de seu rosto
um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.
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REDAÇÃO
A luta que o poeta trava com a palavra, a busca pela perfeição formal, a ân-
sia de almejar, alcançar a beleza a qualquer custo, e a impotência, a angústia
experimentada pelo poeta para a realização dessa tarefa - isso tudo está ex-
presso no poema clássico de Olavo Bilac, Inania verba (Fúteis palavras).
Inania verba
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Conclusão
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