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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

CUIDADOS PALIATIVOS: ASPECTOS ÉTICOS,


SOCIAIS E PSICOLÓGICOS
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CUIDADOS PALIATIVOS: CONCEITO E PRINCÍPIOS

http://semiologiamedica.blogspot.com.br/2009/02/quadro-clinico-uma-pintura.html

O Cuidado Paliativo no Brasil teve seu início na década de 1980 e conhe-


ceu um crescimento significativo a partir do ano 2000, com a consolidação dos
serviços já existentes e pioneiros e a criação de outros não menos importantes.
Hoje já somos mais de 40 iniciativas em todo o Brasil. Ainda é pouco, levando-
se em consideração a extensão geográfica e as necessidades do nosso país.
Assim, será maior a nossa responsabilidade em firmarmos um compromisso
para, unidos num único propósito, ajudarmos a construir um futuro promissor
para os Cuidados Paliativos, a fim de que um dia, não muito distante todo cida-
dão brasileiro possa se beneficiar dessa boa prática.

Nas últimas décadas, assistimos ao envelhecimento progressivo da po-


pulação, assim como ao aumento da prevalência de câncer e outras doenças
crônicas. Em contrapartida, o avanço tecnológico alcançado principalmente a
partir da segunda metade do século XX, associado ao desenvolvimento da tera-
pêutica, fez com que muitas doenças mortais se transformassem em crônicas,
levando à longevidade de seus portadores. No entanto, apesar dos esforços dos
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pesquisadores e do conhecimento acumulado, a morte continua sendo uma cer-


teza e ameaça o ideal de cura e preservação da vida para o qual nós, profissio-
nais da saúde, somos treinados. Os pacientes fora de possibilidade de cura acu-
mulam-se nos hospitais, recebendo invariavelmente assistência inadequada,
quase sempre focada na tentativa de recuperação, utilizando métodos invasivos
e alta tecnologia.

Essas abordagens, quase sempre ignoram o sofrimento e são incapazes,


por falta de conhecimento adequado, de tratar os sintomas mais prevalentes,
sendo a dor o principal e mais dramático. Não se trata de cultivar uma postura
contrária à medicina tecnológica, mas questionar e refletir sobre a nossa conduta
diante da mortalidade humana, tentando o equilíbrio necessário entre conheci-
mento científico e humanismo para resgatar a dignidade da vida e a possibilidade
de se morrer em paz. Cada vez mais encontramos em nossos serviços pacientes
idosos, portadores de síndromes demenciais de variadas etiologias ou com gra-
ves sequelas neurológicas. Devemos enfrentar o desafio de nos conscientizar
do estado de abandono a que esses pacientes estão expostos, inverter o atual
panorama dos cuidados oferecidos e tentar implantar medidas concretas, como
criação de recursos específicos, melhoria dos cuidados oferecidos nos recursos
já existentes, formação de grupos de profissionais e educação da sociedade em
geral. Os Cuidados Paliativos despontam como alternativa para preencher essa
lacuna nos cuidados ativos aos pacientes.

https://papodehomem.com.br/cuidados-paliativos-para-morrermos-sem-tanto-sofrimento/
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O que são Cuidados Paliativos?

https://fisioemasso.wordpress.com/2015/11/21/cuidados-paliativos/

Os cuidados paliativos são um conjunto de práticas e discursos voltados


para o período final da vida de pacientes fora de possibilidades terapêuticas de
cura. Essa nova especialidade de saúde reflete a mudança de paradigma e de
conceitos sobre o corpo humano, o adoecimento e a morte. Os cuidados paliati-
vos não têm objetivo curativo nem buscam prolongar ou adiantar a morte do en-
fermo, visto que seu enfoque é o controle dos sinais e sintomas físicos e psico-
lógicos próprios do estágio avançado da doença incurá- vel e a melhora da qua-
lidade de vida.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em conceito definido


em 1990 e atualizado em 2002, "cuidados paliativos consistem na assistência
promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade
de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida,
por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação
impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e
espirituais".
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Aspectos éticos dos cuidados paliativos

http://santacasadevalinhos.com.br/portal/semana-especial-sobre-cuidados-paliativos/

As questões éticas envolvidas em cuidados paliativos baseiam-se no re-


conhecimento do fato de que o paciente incurável ou em fase terminal não é um
resíduo biológico por quem nada mais pode ser feito, um ser necessitado de
anestesia, cuja vida não deve ser prolongada desnecessariamente. Estamos
sempre diante de uma pessoa e, como tal, capaz até o momento final de relaci-
onamento, de tornar a vida uma experiência de crescimento e de plenitude.

Os profissionais devem, porém, reconhecer os limites da medicina e evitar


o excesso de tratamento, a chamada distanásia, ou o tratamento fútil e inútil. É
importante desafiar a ilusão de que existe somente uma forma de lidar com a dor
e o sofrimento: eliminando-os.

É necessário enfatizar que a chamada “dor total”, conceito cunhado por


Cicely Saunders, que se expressa no medo da morte, na ansiedade da separa-
ção, na solidão, no lidar com difíceis questões existenciais, o sentir-se um peso
para os outros como um dependente inútil, não pode ser tratada ou cuidada so-
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mente por meio do instrumental técnico-científico. No caso da “dor total”, a efi-


cácia dos analgésicos está relacionada com a possibilidade de incluir o trata-
mento médico, no contexto de relacionamentos humanos significativos, afetivos.

Seguindo os quatro princípios do respeito pela autonomia, beneficência,


não-maleficência e justiça, bem como em todas as outras áreas dos cuidados
médicos, os médicos e outros profissionais do cuidado devem respeitar a auto-
nomia do paciente, ao concordar com as prioridades e objetivos do cuidado com
os pacientes e cuidadores, não esconder a informação desejada pelo paciente e
respeitar os desejos do paciente de não ser tratado, quando o tratamento sim-
plesmente nada mais faz que prolongar o processo do morrer.

Os cuidadores devem cuidadosamente medir os benefícios e o ônus do


tratamento (beneficência) e avaliar os riscos e benefícios de cada decisão clínica
(não maleficência), para evitar o tratamento fútil e inútil, a distanásia, que não se
coaduna com os objetivos de prevenção, cura, cuidado, reabilitação e alívio da
dor. Deve-se observar que essa perspectiva da bioética norte-americana pode
ser insuficiente nesta área de cuidados de saúde. Uma ética do cuidado e das
virtudes apresenta-se como apropriada e necessária em cuidados paliativos.

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-02922015000200165
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A ética do cuidado enfatiza essencialmente a natureza vulnerável e de-


pendente dos seres humanos. Portanto, enfatiza que a ética não somente diz
respeito ao processo de decidir, mas também envolve a qualidade das relações,
tais como continuidade, abertura e confiança. A ética das virtudes critica o enfo-
que ético baseado nas decisões a partir do caráter, enfatizando a importância de
ações virtuosas.

Os pacientes com doenças avançadas ou em estado terminal têm funda-


mentalmente os mesmos direitos que os outros pacientes, tais como o direito de
receber cuidados médicos apropriados, apoio pessoal, direito de ser informados,
mas também o direito de recusar procedimentos diagnósticos e/ou tratamentos
quando estes simplesmente nada acrescentam diante da morte prevista.

A recusa de tratamento não deve influenciar a qualidade dos cuidados


paliativos. O mais importante é que os pacientes em cuidados paliativos têm o
direito ao grau máximo de respeito por sua dignidade, ao melhor analgésico de
dor disponível e ao alívio do sofrimento.

http://www.homefisio.com.br/Noticias/cuidados-paliativos-e-a-fisioterapia-home-care/

Embora a realidade de cada país tenha sempre suas peculiaridades soci-


opolíticas e culturais únicas, é enriquecedor considerar como fonte de inspiração
o que acontece e se faz em outros países. É nesse sentido que olhamos para o
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que a Associação Húngara de Hospices e Cuidados Paliativos preconiza em ter-


mos de princípios éticos em cuidados paliativos. Os membros da equipe de cui-
dados devem respeitar a autonomia dos pacientes, ao concordar com suas pri-
oridades e objetivos bem como conversar sobre as opções de tratamento.

Conjuntamente formular o plano de cuidados, sem nunca esconder a in-


formação que o paciente deseja receber, atendendo as suas necessidades de
informação sobre qualquer tratamento e respeitando a opção do paciente, se
este optar por abandonar o tratamento proposto. A equipe de cuidados deve
avaliar os benefícios e riscos do tratamento (beneficência), avaliar os riscos em
relação aos benefícios de cada decisão clínica (não-maleficência), compreender
que o paciente tem o direito ao mais alto nível de padrão de cuidado no contexto
dos recursos disponíveis e entender as decisões em contexto de alocação e uso
de recursos.

http://slideplayer.com.br/slide/361939/

Os direitos fundamentais dos pacientes que estão no final da vida são os


de: receber cuidados médicos necessários, ser respeitados em sua dignidade,
ser apoiados e cuidados em suas necessidades. Além do mais, os pacientes têm
direito ao alívio da dor e do sofrimento, a ser informados, à autodeterminação e
recusa de tratamentos.
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O paciente tem o direito de receber informações detalhadas a respeito de


seu estado de saúde. Inclui-se aqui qualquer avaliação médica, exames e inter-
venções propostas para considerar vantagens potenciais e riscos, bem como
decisão sobre tais exames e intervenções. Além disso, o paciente tem direito de
receber informações a respeito de qualquer procedimento e método alternativo,
bem como o processo de tratamento e os resultados esperados.

http://encontrocomsaude.blogspot.com.br/2016/10/8-de-outubro-dia-mundial-dos-cuidados.html

Os pacientes têm o direito de participar nas decisões relacionadas aos


seus cuidados de saúde, isto é, exame e tratamento proposto.

A obtenção do consentimento informado do paciente é uma exigência an-


terior a qualquer intervenção médica. Caso o paciente sofra de uma doença con-
siderada incurável e terminal, que segundo o conhecimento médico atual prova-
velmente levará à morte num curto período de tempo, intervenções de suporte
de vida ou de salvamento de vida podem ser eticamente recusadas, deixando a
doença seguir seu caminho natural. O que se deseja evitar é a distanásia.

O paciente pode nomear outra pessoa para o exercício desse direito, em


caso de vir a se tornar incapaz. Essa declaração pode ser anulada a qualquer
momento, se o paciente assim o desejar. Não se deve esquecer que, quando os
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pacientes optam por interromper o tratamento, sua dor e sofrimento devem con-
tinuar sendo aliviados. Cada ato e decisão devem ser documentados de forma
escrita.

Muitas práticas paliativas baseiam-se em evidências históricas, e em mui-


tos casos sem a necessária fundamentação em métodos científicos. É claro que
o recrutamento de pacientes para um determinado estudo é difícil e exige muito
tempo em virtude da própria natureza dos cuidados paliativos. Além disso, exis-
tem determinadas características clínicas que complicam a pesquisa nesse
campo.

Os pacientes frequentemente são pessoas idosas sofrendo de alguma


condição que afeta muitos sistemas no corpo, e não somente um órgão, que é
comumente severa e acompanhada de muitos sintomas simultâneos. A doença
é progressiva, e seus sintomas mudam muito rapidamente, sobretudo nos está-
gios finais. O tempo de sobrevivência é limitado, e o uso de múltipla medicação
é frequente.

http://hospitalitatiba.com.br/hospital-para-cuidados-paliativos-em-campinas/

É necessária determinação política e social, com a finalidade de criar po-


líticas públicas e introduzir práticas voltadas para oferecer bem-estar e qualidade
de vida a esses pacientes, bem como para lhes proporcionar assistência integral
e digna, tanto quanto possível e até o fim da vida. Cuidar desses pacientes en-
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volve atos de responsabilidade, solidariedade e dedicação, além de competên-


cias e habilidades concernentes ao relacionamento interpessoal. É importante
que, em sua atuação, a equipe de saúde reconheça o indivíduo a quem prestará
assistência – quais são suas necessidades e limitações, possibilitando, assim,
adotar conduta humanística e sensível para com ele. Faz-se necessário, por-
tanto, pensar a assistência e o cuidado a partir da construção de novo significado
para esses termos, mais abrangente e integral, que permita superar o predomí-
nio da prática mecanizada e resgatar o valor da existência humana. Em um
mundo devotado ao cuidar, a atenção prestada ao indivíduo considera o modo
de agir, pensar, sentir e se expressar.

Na perspectiva da relação profissional-paciente-família, o foco do cuidado


não deve ser direcionado somente à pessoa em processo de terminalidade, mas
a todo o grupo familiar, já que a família também precisa ser cuidada, tendo em
vista seu papel de auxiliar nas atividades de cuidados ao paciente. Por esse mo-
tivo, podemos dizer que, nessa fase, o olhar da equipe de saúde deve se voltar
também para a família que se prepara para perder seu ente querido.

Princípios de Bioética e Cuidados Paliativos

http://www.ultimosacontecimentos.com.br/ultimas-noticias/religiosos-fazem-apelo-contra-a-lei-sobre-o-fim-da-vida.html
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A problemática acerca do fim da vida, que envolve sobretudo a definição


do tratamento de pacientes terminais e o processo de morte e morrer, implica
dilemas éticos e impasses de natureza jurídica, fazendo com que não só os pro-
fissionais de saúde, mas também os estudiosos de diversas áreas, e até mesmo
o público leigo, reflitam de forma crítica a respeito da conduta ética e juridica-
mente mais adequada ante a terminalidade da vida humana.

http://www.iztacala.unam.mx/rrivas/NOTAS/Notas1Introduccion/etiprincipios.html

A bioética é definida como reflexão de caráter transdisciplinar, focalizada


prioritariamente no fenômeno da vida humana ligado aos grandes avanços da
tecnologia, das ciências biomédicas e do cuidado para com a saúde de todas as
pessoas que dele precisem, independentemente da sua condição social.

O princípio do respeito à autonomia é o de maior relevância para a bioé-


tica, pressupondo que, para o exercício das moralidades, é necessária a exis-
tência da pessoa autônoma.

O princípio da beneficência é o que estabelece a obrigação moral de agir


para o benefício do outro. Na área das ciências biomédicas, diz respeito não só
ao ponto de vista técnico-assistencial, mas também ao aspecto ético. Já, de
acordo com o princípio da não maleficência, o profissional de saúde tem o dever
de, intencionalmente, não causar mal e/ou danos a seu paciente.
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O princípio da justiça defende o direito de todas as pessoas, tanto no que


se refere à sua condição de seres humanos, que merecem consideração e res-
peito, quanto no que concerne à obtenção igualitária de assistência e à luta pela
distribuição dos limitados recursos para a saúde e do máximo de benefícios para
a comunidade. Nesse contexto, o conceito de justiça fundamenta-se na premissa
de que as pessoas têm garantia de igualdade de direitos, entre eles os direitos
concernentes aos cuidados com sua saúde.

BENEFICÊNCIA Evitar submeter o paciente a intervenções cujo


sofrimento resultante seja muito maior do que o
benefício eventualmente conseguido.
NÃO-MALEFICÊNCIA Evitar intervenções que determinem desrespeito
à dignidade do paciente como pessoa.
AUTONOMIA O exercício do princípio da autonomia deve
ocorrer de uma maneira evolutiva e com a velo-
cidade adequada a cada caso, em razão da difi-
culdade e abrangência de tal decisão, mesmo
para aqueles que não estejam emocionalmente
envolvidos. Em nenhum momento, essa decisão
deve ser unilateral, muito pelo contrário, ela
deve ser consensual da equipe e da família
JUSTIÇA DISTRIBUITIVA - O princípio da justiça deve ser levado em conta
nas decisões clínicas, mas não deve prevalecer
sobre os demais princípios. Se há um consenso
de que um paciente, mesmo em estado crítico,
será beneficiado com um determinado tipo de
medicação ou procedimento, devem ser priori-
zados os princípios da beneficência, da não-ma-
leficência e da autonomia, sobre os da justiça
distributiva. - Cuidado Paliativo não é abandono
terapêutico!
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A despeito disso, o papel dos profissionais de saúde em cuidados palia-


tivos deve voltar-se para o alívio da dor e do sofrimento, mesmo que em deter-
minadas situações alguns procedimentos possam influir na duração da vida, seja
em seu abreviamento ou prolongamento.

A principal distinção ética observada nos cuidados paliativos se dá no


acompanhamento à pessoa em seu processo de finitude, com o objetivo de man-
ter sua dignidade e aliviar-lhe o sofrimento e a dor no fim da vida. Nessa pers-
pectiva bioética, voltada aos cuidados paliativos e aos pacientes fora de possibi-
lidades de cura, discutem-se a eutanásia, a distanásia e a ortotanásia.

Eutanásia

http://www.notapositiva.com/pt/trbestbs/filosofia/11_eutanasia_d.htm

A eutanásia traz à tona dois princípios que se chocam: por um lado, a


autonomia do paciente que quer cuidar de seu próprio processo de morte e, por
outro, o princípio da sacralidade da vida, postulada pelas principais religiões que
consideram como transgressão a disposição sobre o próprio corpo

A palavra “eutanásia” é de origem grega e significa boa morte (eu = boa


+ thanatos = morte). Foi empregada pela primeira vez no século XVII, por seu
suposto criador, o filósofo e político inglês Francis Bacon. Na prática, a eutanásia
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equivale à ação médica destinada a abreviar a vida de pessoas em estado de


grave sofrimento proveniente de doença incurável e sem perspectivas de me-
lhora, estando o paciente condenado à morte progressiva. O que nada mais é
do que promover o óbito mediante conduta capaz de empregar meio eficiente
para produzir a morte nesses pacientes, interrompendo lhe a vida.

A eutanásia tem por finalidade levar à retirada da vida do indivíduo por


considerações tidas como humanísticas; todavia, é infração ética e conduta ile-
gal pela legislação brasileira. No mundo desenvolvido, o princípio da qualidade
de vida é usado para defender a noção de que a vida sem qualidade não vale a
pena ser vivida, e isso constitui justificativa para a prática da eutanásia. Assim
entendida, a eutanásia é vista como a morte piedosa e, pode ser classificada
como ativa, passiva ou de duplo efeito. Essas definições se configuram conforme
o ato e quanto ao consentimento do paciente. A eutanásia ativa é planejada entre
o paciente ou parente e o profissional de saúde. O ato se dá por ação deliberada
do médico.

http://pt.slideshare.net/jacquelinearaujo359/eutansia-14723063
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Na eutanásia passiva, a morte acontece por omissão proposital de não


iniciar a terapia médica de suporte vital ao paciente ou pela interrupção da tera-
pêutica existente, mesmo quando se constata que há benefícios para o trata-
mento da doença ou cuidado dos sintomas. E a eutanásia de duplo efeito ocorre
quando a morte é acelerada em decorrência de ação médica que não objetiva o
efeito letal, mas sim o alívio do sofrimento. Também é conhecida como eutanásia
ativa indireta. Há, ainda, a eutanásia voluntária, caso em que a vida do paciente
é abreviada conforme sua vontade, e a não voluntária, quando ocorre sem que
se conheça o desejo do paciente.

A respeito dessas últimas, a partir do princípio do consentimento, podem


ser encontradas justificativas morais para a eutanásia voluntária e, eventual-
mente, para a não voluntária, mas nunca para a involuntária, isto é, aquela rea-
lizada contra a vontade do paciente, pois nesse caso não se trataria de qualquer
forma de eutanásia, mas pura e simplesmente de assassinato. Quanto ao mé-
todo utilizado ou tipo de ação para sua prática, a eutanásia pode ser natural ou
provocada.

https://sites.google.com/site/eutanasia222/eutanasia-ativa-x-eutanasia-passiva

No primeiro caso não há sofrimento, já no segundo existe a interferência


da conduta humana envolvendo terceiros.
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É importante salientar que, quando a morte é provocada autonomamente,


é considerada suicídio, fato atípico no ordenamento jurídico brasileiro. No en-
tanto, acrescenta-se que, no caso da morte provocada de forma autônoma, o
desinteresse penal pelo tema não é absoluto de acordo com a legislação brasi-
leira, considerando os crimes de induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio,
previsto no artigo 122 do Código Penal 47.

Em casos como esse, fala-se em suicídio assistido, o qual, apesar de não


ter o mesmo significado, é o que mais se assemelha à tipificação de eutanásia.

No Brasil, de acordo com os Códigos de Ética Médica e de Enfermagem,


é proibido esse tipo de ação. Segundo o artigo 29 do Código de Ética dos Pro-
fissionais de Enfermagem, é vetada a promoção da eutanásia ou participação
em prática destinada a antecipar a morte do paciente.

O Código Penal em vigor no país não especifica o crime de eutanásia.


Todavia, o médico que abrevia a vida do seu paciente, ainda que movido por ato
de solidariedade, comete crime de homicídio simples, previsto no artigo 121 da
citada lei, estando o autor sujeito a pena de 6 a 20 anos de reclusão, por ter
ferido o princípio da inviolabilidade do direito à vida, assegurado pela Constitui-
ção da República. Recentemente, observa-se que o tema não se resume a casos
de pacientes terminais, porque é comum falar em aplicação desse procedimento
a casos de recém-nascidos portadores de anomalias congênitas, pacientes em
estado vegetativo irreversível e inválidos.
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Distanásia

http://pt.slideshare.net/mfirmida/uso-de-tecnologias-cuidados-paliativos-e-distanasia

Assim como “eutanásia”, a palavra “distanásia” também é formada por vo-


cábulos de origem grega (dis = dificuldade, privação + thanatos = morte), e de-
signa o prolongamento exagerado da vida quando não há possibilidade de cura
ou melhora do paciente, condição que gera agonia, dor e sofrimento, ao prorro-
gar o processo de morrer.

A distanásia, cultivada na sociedade ocidental, valoriza a salvação da vida


a qualquer custo, submetendo pacientes a terapias que não prolongam a vida,
mas, sim, o processo de morte. A distanásia prolonga o sofrimento da pessoa
sem que ela tenha expectativa de cura ou melhora em sua qualidade de vida.
Por conseguinte, é vista como tratamento fútil e sem benefícios para o paciente
terminal.
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http://es.slideshare.net/jdbonilla1/eutanasia-y-distanasia

O investimento na cura de paciente fora de possibilidades terapêuticas


pode ser considerado agressão à dignidade da pessoa, comprometendo a qua-
lidade de vida do enfermo e de sua família. Assim, a distanásia como prolonga-
mento artificial do processo de morte, resultando no sofrimento do paciente,
opõe-se à eutanásia, empregada para abreviar tal situação, pois se preocupa
com a qualidade de vida humana em sua fase final.

Na distanásia pouco importa as condições de humanização e dignidade


do paciente, uma vez que seu objetivo é o tratamento com foco nas realidades
tecnológicas existentes, o que caracteriza a chamada obstinação terapêutica (ou
“encarniçamento terapêutico”), como a prática é conhecida na Europa.

Nos Estados Unidos é mais comum a utilização do termo futilidade mé-


dica. Sendo a dignidade da pessoa humana o princípio norteador do ordena-
mento jurídico brasileiro, a distanásia é equiparada ao tratamento degradante e
desumano, mesmo que decorra de sentimento nobre do médico que pretende
prolongar a vida do paciente, e deve ser impedida por acarretar morte dolorosa
e sofrida.
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Embora a distanásia afete o estado físico e mental do paciente em decor-


rência de sua agonia prolongada, muitas vezes ele ainda está lúcido e senhor de
suas faculdades mentais. Nesse contexto, é possível compreender que não há
nenhuma obrigação de iniciar ou continuar uma intervenção terapêutica quando
o sofrimento e o esforço despendido não se aplicam aos benefícios reais. Pois o
importante é viver com dignidade e, quando chegar o momento, morrer também
com dignidade.

Ortotanásia

http://leitoresdojorgehessen.blogspot.com/2010/02/refletindo-sobre-ortotanasia.html

Diferentemente da eutanásia e da distanásia, há a possibilidade da morte


em seu ritmo e circunstâncias próprias. Essa prática não acelera nem posterga
a morte do indivíduo, mas lhe oferece momento natural de partida. Definindo a
morte como parte do ciclo da vida, assegurando ao paciente o direito de morrer
com dignidade. O termo “ortotanásia” também é formado por radicais gregos (or-
thos, certo, correto + thanatos, morte), e significa o não prolongamento artificial
do processo natural da morte.
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Sendo, portanto, considerada como boa morte ou morte desejável. San-


toro afirma que a ortotanásia é o comportamento médico que, diante da morte
iminente e não evitável, suspende a realização de ações que prolongam a vida
do paciente e que levariam ao tratamento inútil e ao sofrimento desnecessário.
Na ortotanásia passa-se a oferecer ao doente os cuidados paliativos adequados
para que venha a morrer com dignidade. Por isso, pode ser considerada como a
conduta correta perante morte, não a antecipando nem retardando, mas, sim,
aceitando que, uma vez iniciado o processo de morte, é preciso continuar a res-
peitar a dignidade do ser humano, não submetendo esse paciente a sofrimento
inútil.

http://pt.slideshare.net/leticiarmaia/a-ticia-sobre-a-eutansia-distansia-e-a-ortotansia

A prática da ortotanásia respeita o tempo de sobrevida do paciente que


se encontra em fase terminal, de modo que são eliminados os métodos que man-
têm artificialmente a vida, permitindo que ela siga seu curso natural. Tal conduta
é considerada atípica no ordenamento jurídico penal brasileiro, tendo em vista
que corresponde à promoção de atitude lícita, já que não tem como objetivo
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abreviar a vida do paciente, mas formalizar situação irreversível de morte ence-


fálica. Ademais, a ortotanásia encontrará campo de atuação quando estiver di-
ante de quadro de distanásia. Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), a
ortotanásia é a abordagem apropriada diante de paciente que está em fase final
de vida.

http://www.isaudebahia.com.br/noticias/detalhe/noticia/ortotanasia-ate-quando-se-deve-prolongar-a-vida/

A Resolução CFM 1.805/2006 58 autoriza ao médico limitar ou suspen-


der procedimentos ou tratamentos que posterguem a vida de paciente em fase
terminal de doença incurável, respeitada a vontade da pessoa e de seu repre-
sentante legal, podendo ser facultada aos médicos a sua realização mediante o
consentimento da família. É importante destacar que, antes da criação da reso-
lução que autoriza a prática da ortotanásia, o médico assumia a função de ga-
rantidor da não ocorrência da morte, porque, se ele só optasse por usar o trata-
mento paliativo e não o de manutenção da vida mesmo que o paciente fosse
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terminal, poderia responder por homicídio doloso por omissão, ainda que o pa-
ciente em posse de suas faculdades mentais autorizasse a interrupção do trata-
mento.

Sendo assim, contando com o respaldo técnico do CFM, a Câmara dos


Deputados, por meio de sua Comissão de Seguridade Social e Família, aprovou
no dia 8 de dezembro de 2010 uma proposta que regulamenta a prática da orto-
tanásia, assegurando ainda todos os cuidados básicos e paliativos cabíveis. Tal
proposta é um substitutivo do deputado José Linhares ao Projeto de Lei do Se-
nado 6.715 de 2009 60, que previa apenas a discriminalização da conduta. Com
a finalidade de oferecer conforto e aliviar a angústia intolerável do paciente, me-
dicações sedativas também podem ser utilizadas.

http://marcelomin.photoshelter.com/image/I0000EPcqxVoIIU0

Na sedação paliativa, a finalidade é aliviar o sofrimento utilizando fárma-


cos sedativos recomendados apenas para controle dos sintomas. Não há evi-
dência de que a sedação paliativa, administrada de forma adequada, acelere a
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morte. Contudo, é importante que o nível de consciência do paciente seja redu-


zido apenas o suficiente para o alívio dos sintomas.

A dor é uma das razões mais comuns de incapacidade e sofrimento nos


pacientes terminais. Em algum momento da evolução de sua doença, cerca de
80% dos pacientes experimentarão dor.

Na experiência dolorosa, os aspectos sensitivos, emocionais e sociais são


indissociáveis e devem ser igualmente investigados, e o preparo adequado da
equipe é condição fundamental para o controle da dor e sintomas prevalentes
em pacientes sob cuidados paliativos.

https://www.tuasaude.com/distanasia/
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Eutanásia Distanásia Ortotanásia


Eu = boa + thanatos = dis = dificuldade, privação orthos, certo, correto +
morte. + thanatos = morte thanatos, morte.

Prolongamento exage- Morte natural


Antecipar a morte rado da vida
Não acelera nem posterga
Quando se tem uma do- Quando não há possibili- a morte do indivíduo, mas
ença que não tem cura. dade de cura ou melhora do lhe oferece momento natu-
paciente ral de partida

Não acelerar nem adiar a morte. Enfatiza-se dessa forma que Cuidado
Paliativo nada tem a ver com eutanásia, como muitos ainda querem entender.
Essa relação ainda causa decisões equivocadas quanto à realização de inter-
venções desnecessárias e enorme dificuldade em prognosticar paciente porta-
dor de doença progressiva e incurável e definir a linha tênue e delicada do fazer
e do não-fazer.

Um diagnóstico objetivo e bem embasado, o conhecimento da história na-


tural da doença, um acompanhamento ativo, acolhedor e respeitoso e uma rela-
ção empática com o paciente e seus familiares nos ajudarão nas decisões.
Dessa forma, erraremos menos e nos sentiremos mais seguros.
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Aspectos sociais

http://www.prolarhomecare.com.br/hospice.html

Suporte a paciente e família na fase final da doença Paralelamente a toda


a angústia gerada pela incerteza e por outros sentimentos que existem quando
se tem um familiar gravemente enfermo, com uma doença irreversível e em fase
final, há outras questões que também trazem preocupações. São demandas de
ordem prática que exigem providências, orientações e encaminhamentos, a fim
de contribuir para a organização da família frente à difícil situação que se avizi-
nha. Faz parte também desse trabalho a preocupação com provisão de recursos
financeiros que deem conta de suprir as necessidades do paciente nessa fase e
garantir futuramente a manutenção de seus familiares.

Na prática diária, o profissional precisa ter discernimento para decidir o


melhor momento de tomar providências e também percepção de que algumas
propostas evidenciam, às vezes contundentemente, a fase em que o paciente
se encontra. Isso pode ser muito problemático nos casos em que a família não
está preparada para a ocorrência da morte, muitas vezes voltando-se contra a
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equipe que assiste o paciente. Se não houver habilidade para condução, ou seja,
percepção de que se deve tratar de cada assunto a seu tempo, as medidas que
poderiam ser de grande auxílio e benefício poderão trazer mais transtornos. Um
exemplo disso é a possibilidade de propiciar a quebra da confiança, truncando a
relação entre profissionais, paciente e familiares.

Evidentemente, a percepção desse “tempo” que norteará as ações só


pode ocorrer quando há participação efetiva dos profissionais envolvidos, agindo
conjuntamente e sinalizando o momento adequado para cada abordagem. Op-
tou-se por dividir o foco da atenção em dois momentos para melhor organizar
ações e intervenções. A identificação desses momentos depende do estágio de
evolução da doença. Primeiro momento: regularização de documentos, afasta-
mento do trabalho e benefícios O primeiro momento é quando o paciente tem o
seu quadro agravado e necessita afastar-se do trabalho (esteja ele parcialmente
dependente de cuidados e/ou sem perspectiva de recuperação).

https://drauziovarella.com.br/envelhecimento/como-prevenir-as-ulceras-de-pressao/

A reorganização da família vai requerer um aporte financeiro para o en-


frentamento, pois, além de cuidados, serão necessários aquisição de medica-
mentos, material para curativos ou fraldas; dieta ou suplemento industrializado
para alimentação e contratação de uma pessoa para auxiliar nos cuidados. Há,
às vezes, necessidade de adquirir ou alugar cama hospitalar, cadeira de rodas
e de banho, aparelho para inalação, aspirador e outros equipamentos, a fim de
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propiciar mais conforto ao paciente. Dependendo da evolução da doença, esse


período pode ser curto, mas nem por isso menos dispendioso, daí a necessidade
imprescindível de orientações que permitam à família lançar mão de todas as
alternativas possíveis para amenizar essas preocupações.

É importante orientar paciente e família quanto à necessidade de a docu-


mentação pessoal do paciente estar corretamente regularizada. Caso haja al-
guma pendência quanto à exatidão de dados ou divergência entre documentos,
deve-se providenciar a retificação. Isso evita futuros problemas com a concessão
de benefícios, inventário etc. Deve-se atentar para a mudança do estado civil na
documentação, pois é comum casar-se e não providenciar essa alteração, assim
como se separar e não averbar os termos do divórcio na certidão de casamento,
inclusive com a determinação de pensão alimentícia.

É importante também regularização de estado civil, celebração de casa-


mento ou declaração de união estável em cartório. Para a comprovação da con-
dição de companheira, por exemplo, a previdência exige três provas plenas.

É necessária a orientação sobre a existência dessas provas e sobre como


reunir os documentos comprobatórios referentes à convivência sob o mesmo
teto: conta bancária conjunta, beneficiário em seguro de vida ou seguro saúde,
bens adquiridos conjuntamente, comprovante de residência no mesmo ende-
reço, filhos em comum e declaração firmada em cartório ou pelo próprio paciente
a respeito da vida em comum.

Caso o paciente já não tenha mais condição, em função de comprometi-


mentos cognitivos, poderá ser interditado, nomeando-se um curador. Isso visa
evitar transtornos com, por exemplo, recebimento do benefício previdenciário e
permite movimentar a conta bancária, evitando-se dificuldades com a própria
manutenção dos cuidados e o sustento da família. Lembramos que a realização
de procuração é um procedimento simples, pois requer somente que a pessoa
manifeste a sua vontade, podendo ir ao cartório ou o tabelião ir até sua casa ou
ao hospital para lavrar o documento.
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Outro procedimento possível é a curatela, que exige tempo um pouco


maior e é feito no judiciário, com a assessoria de um advogado. Para filhos me-
nores de pacientes viúvos ou solteiros, já com a ausência de um dos pais, é
recomendável pensar em quem será o responsável por eles quando o paciente
falecer. Se for possível, o paciente poderá manifestar essa vontade para facilitar
o processo de tutela.

https://www.tjdft.jus.br/login_form

Auxílio-doença

O paciente que contribui para a Previdência Social, filiado ao RGPS, es-


tando incapaz para o trabalho por mais de 15 dias, tem direito de solicitar auxílio-
doença após 12 contribuições. Essa carência pode ser dispensada se o paciente
for portador de alguma das seguintes doenças: - doença profissional; - esclerose
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múltipla; - neoplasia maligna; - tuberculose ativa; - hanseníase; - distúrbio men-


tal; - cegueira; - paralisia irreversível e incapacitante; - cardiopatia grave; - do-
ença de Parkinson; - espondiloartrose anquilosante (artrose aguda nas vérte-
bras); - nefropatia grave; - doença de Paget (inflamação deformante dos ossos)
em estágio avançado; - AIDS; - contaminação por radiação (com base em con-
clusão da medicina especializada); - hepatopatia grave. Dispensa-se a carência,
mas permanece a obrigatoriedade de estar vinculado à previdência. Poderá
ainda pedir benefício o paciente que estiver em período de graça, ou seja, tempo
durante o qual o segurado está sem contribuir, mas que mantém a qualidade de
segurado por ter contribuído por menos de 10 anos, durante 12 meses, e para
os que contribuíram por mais de 10 anos, 24 meses.

Em ambos os casos, acrescentam-se mais 12 meses ao período de graça,


se houve o registro do desemprego no Ministério do Trabalho. Esse registro nor-
malmente se dá pela solicitação do seguro-desemprego.

O paciente pode estar há a algum tempo sem emprego, sem contribuição


e com seu período de graça esgotado, porém, se a doença teve início quando
ele ainda se encontrava na condição de segurado, existe possibilidade de solici-
tar auxílio-doença retroativo. Evidentemente haverá exigências de documenta-
ção da época, como relatórios médicos, declaração de internação hospitalar,
exames etc. Quando isso ocorre, o auxílio é somente da data do início da do-
ença, o que possibilita a concessão do benefício, porém sem retroação do paga-
mento.
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http://www.empregoenoticia.com.br/auxilio-doenca-como-solicitar/

É sempre bom reforçar que o pedido do auxílio-doença deve ser feito den-
tro de 30 dias da data do afastamento. Se isso não ocorreu, o início do auxílio-
doença é considerado a partir da data do protocolo. Daí a importância de o pro-
fissional ter esse conhecimento e reforçar ao paciente ou a seus familiares sobre
a necessidade de solicitar, a quem presta assistência, relatórios tanto para os
empregadores, visando ao abono dos primeiros 15 dias, como para a perícia da
Previdência Social.

Se há dúvidas sobre a concessão do benefício, deve-se procurar uma


agência do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Não é necessário inter-
mediário e o próprio paciente ou familiar pode agendar a perícia pelo telefone
135. É importante ter em mãos cédula de identidade, cadastro de pessoa física
(CPF), PIS, carteira profissional, carnês, comprovante de endereço e anotações
corretas do dia, local e horário da perícia. Quando do comparecimento à perícia,
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acrescentar aos documentos os relatórios médicos, com validade por 30 dias, e


os resultados de exames.

http://sintapirj.blogspot.com.br/2011/10/o-que-e-pericia-medica.html

• Se o paciente estiver internado ou sem condições de comparecer à agência do


INSS, pode-se solicitar perícia hospitalar ou domiciliar;

• o auxílio-doença é um benefício temporário(8), devendo o segurado submeter-


se periodicamente à perícia e, em todas elas, comprovar doença e tratamento
por meio de relatórios médicos e exames.
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Aposentadoria por invalidez

O auxílio-doença se converte em aposentadoria por invalidez quando a


perícia médica da previdência(8) conclui que a doença é irreversível, com inca-
pacidade definitiva. Isso pode ser imediato, dependendo do estado do paciente,
ou posterior a um período com o benefício de auxílio-doença. Pode ainda ser
constatado que o paciente é também dependente para as atividades diárias, con-
cedendo a aposentadoria já acrescida de 25% correspondente ao benefício de
assistência permanente.

Esse benefício só cabe aos aposentados por invalidez e poderá ser soli-
citado quando o paciente, que já se encontrava por algum tempo aposentado,
tem seu estado de saúde agravado, tornando-se dependente dos cuidados de
terceiros.

https://luizmuller.com/2016/07/14/governo-temer-ira-cortar-auxilio-doenca-e-aposentadoria-por-invalidez/

Este benefício também cabe aos idosos maiores de 65 anos, em igual


condição econômica, ou seja, renda per capita menor que 1/4 do salário mínimo.
É importante lembrar que esse benefício não se transforma em pensão, sendo
extinto com o falecimento do paciente.
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Segundo momento: reorganização familiar após o óbito

http://www.semprequestione.com/2015/06/sim-existe-vida-apos-morte-afirma-cientista.html

Em um segundo momento, após o falecimento do paciente e depois de


um período normalmente difícil, a família procura novamente se reorganizar,
agora em um novo formato, revendo todos os aspectos, inclusive o financeiro,
pois a preocupação real passa a ser a manutenção da família.

O conforto e a atenção dados aos familiares passa por essa compreensão


e há de se achar uma forma de ajudá-los efetivamente. Uma abordagem cuida-
dosa, respeitando o período de luto, mas não se excedendo nesse tempo, pro-
cura orientar sobre providências a serem tomadas, principalmente aquelas nas
quais os prazos se expiram: pensão, inventário, documentação do financiamento
da casa própria e seguro de vida.

É preciso inventariar as fontes dos recursos possíveis, identificando as


alternativas que redundarão em renda, de forma a normalizar o mais breve pos-
sível a rotina e o cotidiano da família. Seguro de vida em grupo ou individual
Cabe às pessoas que o paciente designou como beneficiárias. Se entre elas
houver menores, o valor do prêmio que lhes cabe deverá ser depositado em
caderneta de poupança e só poderá ser retirado com alvará judicial, sob asses-
soria de um advogado. O menor pode ser representado por um dos pais, um
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tutor natural ou, na falta desse, um tutor nomeado. Pensão por morte é o bene-
fício pago aos dependentes habilitados após a morte do paciente, que mantinha
sua qualidade de segurado como contribuinte da Previdência Social.

• Os dependentes habilitados são aqueles considerados pela Previdência Social:


cônjuge, companheira(o) e filhos menores de 21 anos, não emancipados ou in-
válidos. Esses são chamados de preferenciais e têm sua dependência econô-
mica presumida. Há, porém, exigência de comprovação da condição de compa-
nheira(o), o que já foi mencionado anteriormente. Cabe aqui lembrar que a ex-
esposa tem direito à pensão por morte, desde que conste o direito à pensão
alimentícia na averbação da separação em certidão de casamento.

Em tal situação, a pensão é rateada entre a ex-esposa e a companheira,


assim como filhos de outras uniões, desde que menores ou inválidos.

http://certidaoinss.com/inss/solicitar-pensao-por-morte-inss/

O prazo para ser requerida a pensão é de 30 dias, depois do qual o início


do benefício passa a ser a partir da data do protocolo, por isso a importância de
agendar pelo telefone 135 da Previdência Social o mais rápido possível, sendo
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a forma mais simples de contato, inclusive para tirar dúvidas. É preciso compa-
recer no dia, na hora e no local onde deverá ser entregue a documentação ne-
cessária para a concessão da pensão. Os filhos menores serão representados
por mãe ou pai, tutores naturais ou quem detiver guarda e tutela posteriormente.

A Legislação é ampla e não seria possível colocá-la na íntegra, mesmo


porque a intenção não é substituir os profissionais que dela têm competência,
como os advogados, que devem sempre ser solicitados quando a situação exigir.
A intenção, na verdade, é contribuir para que o assunto seja conhecido, possibi-
litar que o profissional que atende ao paciente e à família nessa condição reco-
nheça quando e como encaminhar tais questões de forma adequada, evitando
perda de tempo precioso para as resoluções que dizem respeito à manutenção
da família.

http://www.gpsconcursos.com.br/2015/05/pensao-por-morte-auxilio-doenca-resumo-mp-664.html
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ASPECTOS PSICOLÓGICOS

http://slideplayer.com.br/slide/3316191/

Assistência ao luto

“Se perdem gestos, cartas de amor, malas, parentes.


Se perdem vozes, cidades, países, amigos. Romances
perdidos, objetos perdidos, histórias se perdem. Se
perde o que fomos e o que queríamos ser. Se perde o
momento. Mas não existe perda, existe movimento.”
Bruna Lombardi (2006).

Para que se possa dar assistência adequada aos pacientes terminais, é


necessário compreender as reações e comportamentos que tanto os pacientes
quanto os familiares podem apresentar diante da proximidade da morte. O paci-
ente poderá reagir de várias maneiras em relação à sua doença e à terminali-
dade de sua vida. Poderá aceitar ou negar; poderá ter o conhecimento de que
está morrendo, mas emocionalmente se sentir incapaz de aceitar; ou poderá
aceitá-la, mas não conseguir verbalizar a situação. O diagnóstico de uma doença
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potencialmente terminal é fator de desestruturação psicológica, fazendo com que


pacientes e familiares passem por algumas fases emocionais características.
Sem necessariamente constituir um processo linear, de sequência rigorosa, já
que nem todos os pacientes o vivenciam da mesma forma, os estágios sistema-
tizados permitem acompanhar o processo de morrer dos pacientes terminais,
minorando seu sofrimento.

https://pt.dreamstime.com/fotos-de-stock-famlia-triste-image5465743

Primeiro estágio: negação e isolamento-

A negação é mecanismo de defesa temporário diante da morte. Ocorre com mais


frequência no início da doença, e em pacientes e familiares que são prematura-
mente informados acerca do seu diagnóstico. A intensidade e duração desse
estágio dependem da capacidade do enfermo, e das outras pessoas que convi-
vem com ele, de lidar com essa dor. Em geral, a negação não persiste por muito
tempo. No entanto, alguns pacientes podem jamais ultrapassar esse estágio,
indo de médico em médico, até encontrar alguém que o apoie em sua posição.
O mais sensato seria falar sobre a morte com pacientes e familiares antes que
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ela ocorra de fato e desde que o queiram, até porque é mais fácil para a família
discutir esses assuntos em tempos de relativa saúde e bem-estar do paciente.
Ademais, adiar esse tipo de conversa não beneficia o doente em nenhum as-
pecto.

Segundo estágio: raiva

Esse estágio pode estar relacionado à impotência e à falta de controle sobre a


própria vida. É muito difícil lidar com o paciente nessa fase: faz exigências, se
revolta, solicita atenção contínua, faz críticas e tem explosões comportamentais
caso não seja atendido ou se sinta incompreendido e desrespeitado. É impor-
tante que, nesse estágio, haja compreensão dos demais sobre a angústia trans-
formada em raiva no paciente que teve de interromper as atividades da sua vida
por causa da doença. Os pacientes nesse estágio são difíceis de tratar. Geral-
mente se revoltam contra Deus, o destino ou alguém próximo. Uma pergunta
comum é “Por que eu? Por que isso está acontecendo logo comigo?”. Desse
modo, o manejo de pacientes que se encontram nessa fase envolve a compre-
ensão de que a raiva expressada não pode ser encarada como algo pessoal.

Terceiro estágio: barganha

Nessa fase, geralmente o paciente tenta negociar com Deus de maneira implícita
ou até mesmo com os médicos, entrando em algum tipo de acordo que adie seu
desfecho inevitável. Os pacientes acreditam que, por serem obedientes, alegres
e não questionadores, o médico fará com que melhorem. Normalmente, a pes-
soa que se encontra nesse estágio realiza promessas em sigilo, contando com
a possibilidade de ser recompensada por seu bom comportamento. Em geral, o
paciente se mantém sereno, reflexivo e dócil.

Quarto estágio: depressão

Essa fase surge quando o paciente se encontra em fase terminal e tem consci-
ência da sua debilidade física; portanto, não pode mais negar sua doença. Nessa
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etapa, o indivíduo é muitas vezes forçado a submeter-se a mais uma hospitali-


zação ou a outra cirurgia. Aqui a depressão assume quadro clínico característico:
desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro etc. As tentativas anteriores não
deram certo: negar não adiantou; revoltar-se e fazer barganhas, também não.
Dessa forma, deve-se deixá-lo à vontade para externar seu pesar e assim aceitar
a situação mais facilmente. O paciente está prestes a perder tudo e todos os que
amam, por isso é importante que passe os momentos finais junto de seus fami-
liares e entes queridos.

Quinto estágio: aceitação

No último estágio, os pacientes que viveram a doença e receberam apoio podem


chegar a essa fase aceitando o processo. Na maioria das vezes, o paciente ma-
nifesta grande tranquilidade e pode permanecer em silêncio. Já não experimenta
o desespero nem rejeita sua realidade. Esse é o momento em que os familiares
mais precisarão de amparo, ajuda e compreensão, devendo a equipe responsá-
vel ter ciência do estágio pelo qual o paciente está passando. É importante co-
nhecer os principais fatores implicados no processo do adoecer e morrer. Não
se pode desistir do tratamento do paciente, porque, ao sentir-se abandonado ou
sem assistência, ele se entrega e desiste também. O paciente se sentirá confor-
tado em saber que não foi esquecido, mesmo quando não houver mais nada a
se fazer por ele. Nesse momento, os cuidados paliativos vão ao encontro das
necessidades do paciente terminal, uma vez que podem, isso sim, minimizar a
dor e o sofrimento, e ao mesmo tempo atender às suas necessidades básicas
de higiene, nutrição e conforto, ajudando-o a manter sua dignidade como pes-
soa.
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http://www.sobrerelacionamento.com.br/como-lidar-com-perda-de-alguem-querido/

PERDAS POR DOENÇA E MORTE E SEUS DESDOBRAMENTOS


NO COTIDIANO DE PACIENTES

http://psicologorigoni.com.br/como-lidar-com-as-perdas-emocionais/

Ao longo do ciclo vital nos deparamos com inúmeras perdas. A definição


de perda nos dicionários populares refere-se à privação de algo que possuíamos.
Podemos passar por perdas, saindo ilesos da vivência, no entanto algumas de-
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las nos são caras e significativas, mobilizando sentimentos conflitantes e doloro-


sos. Quando falamos em perdas não nos referimos necessariamente à morte,
mas perdas psíquicas, físicas, materiais, entre outras.

Existem vários tipos de experiências que envolvem perdas, como a sepa-


ração entre as pessoas vivas, a doença como parte da pessoa que morre, o
próprio desenvolvimento humano como formas de evolução e morte, a morte
psíquica, as amputações, a perda de uma casa, entre outras tantas possibilida-
des.

Desde o nascimento somos treinados por meio da vivência de perdas e


mortes simbólicas a nos aproximarmos da noção de finitude. No entanto, o con-
dicionamento pelo não-perder é imperativo: não podemos perder a hora, o con-
trole da nossa rotina e não admitimos sequer deixar de ganhar uma competição.
Sabemos da vulnerabilidade humana e que existe adoecimento e fragilidade,
mas no íntimo vivemos com a ilusão de que isso só ocorre a nossa distância.
Contudo, somos forçados a olhar para o que temíamos quando nós, algum fami-
liar ou um amigo querido adoece. No caso do acometimento por uma doença
que ameace a continuidade da vida, não perdemos só a saúde e a ilusão de
imortalidade/onipotência, mas também papéis anteriormente exercidos nos con-
textos profissional, social, afetivo e econômico.

As perdas e suas elaborações fazem parte do cotidiano, já que ocorrem


em todos os momentos do desenvolvimento humano e, embora sejam experiên-
cias universais, são vividas de forma particular por cada indivíduo. Neste texto,
especificamente, será abordada a atenção às situações de perdas por doença e
morte e seus desdobramentos no cotidiano de pacientes, familiares e profissio-
nais da saúde. Adoecimento e morte anunciada.
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http://construindosentidos.blogspot.com.br/2011/06/adoecimento-e-perda-da-autonomia.html

A partir do diagnóstico de uma doença potencialmente mortal seguido


pela evolução da enfermidade, paciente e família deparam-se com rupturas, li-
mitações e privações. A rotina anteriormente vivida é alterada, e situações pouco
familiares, como exames, medicações e procedimentos, ganham espaço. Ao
longo das hospitalizações e dos tratamentos, os membros que assumem os cui-
dados principais do doente necessitam conciliar papéis antigos ao novo papel de
cuidador, vivenciando, portanto, não só sentimentos geradores de sofrimento
frente às perdas relacionadas com o ente querido, como também às suas pró-
prias. Os arranjos familiares dos séculos XX e XXI sugerem escassez na rede
de suporte familiar/social, uma vez que as famílias tornaram-se menos numero-
sas, as residências ficaram menores e as mulheres e os jovens passaram a tra-
balhar fora de casa.

Como consequência, a situação comum é que apenas um componente da


família assuma o cuidado principal, acarretando intensas sobrecargas física e
emocional. Sentimentos ambíguos podem permear a vivência, ou seja, além de
compaixão, solidariedade e pesar, os familiares podem também sentir raiva e
desejo de breve retorno à sua rotina de atividades. Com a piora clínica do doente,
a ambiguidade de sentimentos pode tornar-se ainda mais evidente.
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O aumento das reais possibilidades de sofrimento e dor do paciente pode


suscitar, em muitos familiares, o desejo de que tal sofrimento se finde ou, em
oposição a isso, o apego a uma ilusão fervorosa de cura e melhora, mesmo que
isso fuja totalmente das possibilidades viáveis. Diante da ambiguidade, posturas
de superproteção ou afastamento podem surgir. Uma reação que ocorre na fa-
mília quando da perda de um de seus elementos é com relação ao seu movi-
mento, que pode ser de aproximação (centrípeto) ou de afastamento (centrífugo)
entre seus membros.

http://www.sonoticiaboa.com.br/2013/08/25/enfermeiro-alivia-dor-e-anima-pacientes-cantando-qanjo-que-
veio-do-ceuq/

Com a evolução da doença, caso o doente apresente-se debilitado física


e emocionalmente, pode haver a necessidade de os familiares assumirem a res-
ponsabilidade pela tomada de decisões e fazer valer a autonomia do paciente
pelo que compartilharam de sua biografia até o momento atual. Essa é uma das
mais árduas tarefas para o sistema familiar que compreende um de seus mem-
bros gravemente enfermo. Decidir por alguém, mesmo que tal decisão esteja
pautada no desejo do paciente, reforça ao familiar uma representação de falta
do ente querido.
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Há uma representação de “morte em vida”. Nesses casos, o luto anteci-


patório, que será definido em breve neste texto, é vivenciado. Pacientes afási-
cos, comatosos, demenciados, grandes sequelados neurológicos, extrema-
mente debilitados pela doença e incapacitados de exprimir decisões, entram na
caracterização da perda ambígua, uma vez que estão vivos, mas psicológica e
socialmente ausentes. Tal ausência pode desencadear a antecipação do pro-
cesso de luto.

https://www.capixabao.com/noticia/13196/gastronomia/cuidados-paliativos-para-diminuir-dor-de-pacientes-
terminais-deveriam-virar-politica-publica/

O familiar vivencia um estranhamento de si e do ente amado. O ato de


cuidar visando ao conforto e à qualidade de vida, de acordo com o que permitir
a situação, estreita e intimiza o contato com o doente. Isso possibilita ressignifi-
cações desse vínculo e faz, muitas vezes, com que as experiências sejam as
mais intensas em comparação às de toda vida.
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Porém, as alterações físicas, a evolução da doença e a possibilidade de


morte representam um choque de realidade ao familiar que, ora está intimamente
e intensamente próximo ao doente, ora tem que iniciar a aceitação de que essa
pessoa em algum momento não estará mais com ele. Inicia-se o que muitos au-
tores chamam de vivência ou elaboração do luto antecipatório, que consiste na
vivência de conjunto de sentimentos relacionados com a dor, da notícia da exis-
tência de uma doença em estágio avançado ou da perda iminente de algum
membro do sistema familiar. Pode-se ter tal experiência nas esferas cognitiva,
emocional e comportamental.

https://psicologianapraticablog.wordpress.com/2016/03/27/entendendo-o-processo-de-luto-como-lidar-com-a-
perda/

O processo de luto é iniciado a partir do momento em que é recebido o


diagnóstico de uma doença potencialmente mortal, pelas perdas concretas ou
simbólicas que essa doença possa trazer para a pessoa e sua família. A ameaça
de morte ou separação pode, por si própria, iniciar uma reação de luto. Pesqui-
sadores sugerem que as intervenções realizadas durante o luto antecipatório
podem prevenir o desenvolvimento de problemas no luto pós-morte. Aos profis-
sionais de saúde que acompanharem o paciente na fase final de vida, portanto,
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durante a vivência do luto antecipatório, é importante levar em consideração a


intensidade do valor afetivo do mesmo para cada familiar.

Esse dado auxilia na compreensão das reações psíquicas e comporta-


mentais e no entendimento de que há um tempo interno para aceitação e elabo-
ração da perda, peculiar a cada membro da família. Na mesma proporção, é
necessário que também seja dada atenção aos profissionais de saúde envolvi-
dos nos cuidados ao paciente, uma vez que juntamente vivenciam o luto anteci-
patório.

Processo do luto

https://conselhoterapia.wordpress.com/2015/10/14/processo-de-luto-5-fases/

Para o profissional que trabalha em contextos de perdas e morte, é im-


prescindível o conhecimento a respeito da definição de luto e das reações co-
muns suscitadas por ele, uma vez que esse evento causará muitas mudanças
de comportamento nos familiares e no próprio doente. O luto é um conjunto de
reações a uma perda significativa e nenhum é igual ao outro, pois não existem
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relações significativas idênticas. A perda de uma pessoa amada é psicologica-


mente traumática na mesma medida em que sofrer uma queimadura grave é
fisiologicamente traumático.

http://www.fasdapsicanalise.com.br/o-processo-de-luto-complicado/

O luto representa uma saída do estado de saúde e bem-estar e, assim


como a cura é necessária no campo fisiológico, um período de tempo é neces-
sário para que o enlutado retorne ao estado similar de equilíbrio. As categorias
no processo de luto normal, dividindo-as em:

• sentimentos — tristeza, raiva, culpa, ansiedade, solidão, fadiga, desamparo,


choque, anseio, emancipação, alívio e estarrecimento;

• sensações físicas — vazio no estômago, aperto no peito, nó na garganta,


hipersensibilidade ao barulho, sensação de despersonalização, falta de ar (res-
piração curta), fraqueza muscular, falta de energia e boca seca;

• cognições — descrença, confusão, preocupação, sensação de presença e


alucinações;
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• comportamentos — distúrbios de sono, distúrbios do apetite, comportamento


aéreo, isolamento social, sonhos com a pessoa que morreu, evitar lembranças
do falecido, procurar e chamar pela pessoa, suspiros, hiperatividade, choro, vi-
sitar lugares e carregar objetos que lembrem o falecido.

Seguindo a linha de sintomas físicos e psíquicos, vale destacar a neces-


sidade de cautela quanto ao diagnóstico de depressão da pessoa enlutada. Tris-
teza não é depressão.

Depressão reativa é esperada, mas a intensidade e a duração, se exacer-


badas, podem indicar patologia. A medicação pode inibir ou adiar reações ne-
cessárias para a resolução do processo de luto. Para fins didáticos, apresenta-
mos as fases do luto uma vez que o conhecimento dessas fases fornece bases
para lidar produtivamente com os recursos disponíveis, respeitando as defesas
necessárias a cada uma das fases.

É fundamental ressaltar que as fases não ocorrem de maneira rígida e


não constituem regra necessária no processo de luto, uma vez que existem a
individualidade e a subjetividade do enlutado;

• entorpecimento — reação inicial à perda por morte, em que ocorre choque,


entorpecimento e descrença. A duração pode ser de poucas horas ou de muitos
dias. A pessoa recentemente enlutada se sente aturdida, atordoada, desampa-
rada, imobilizada e perdida. Há também possíveis evidências de sintomas so-
máticos, como respiração curta e suspirante, rigidez no pescoço e sensação de
vazio no estômago. A negação inicial da perda pode ser uma forma de defesa
contra um evento de tão difícil aceitação, estando também presente nessa fase
a tentativa de automaticamente continuar vivendo como antes;

• anseio e protesto — fase de emoções fortes, com muito sofrimento psicoló-


gico e agitação física. À medida que se desenvolve a consciência da perda, há
muito anseio de reencontrar a pessoa morta, com crises de profunda dor e es-
pasmos incontroláveis de choro. Apesar da consciência da perda irreversível, o
desejo de recuperar a pessoa às vezes é insuperável. Há momentos em que o
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indivíduo tem a viva sensação da presença do falecido. Aquilo que não tem re-
lação com o morto tem pouco significado.

A pessoa se mostra afastada e introvertida. Também é comum que o en-


lutado sinta muita raiva, às vezes dirigida contra si mesmo, na forma de acusa-
ções com sentimento de culpa por pequenas omissões e cuidados que possam
ter acontecido. Às vezes a culpa é dirigida contra outras pessoas, principalmente
aquelas que oferecerem ajuda e consolo ao enlutado; que também pode dirigir
a raiva ao próprio morto por tê-lo abandonado. A pessoa enlutada vivencia inqui-
etude, como em busca do morto (principal característica dessa fase) e mostra-
se obsessivamente preocupada com lembranças, pensamentos e objetos do fa-
lecido. Ocorrem também sentimentos contrários ou incompatíveis, como espe-
rança e desapontamento;

• desespero — nessa fase o enlutado deixa de procurar pela pessoa perdida e


reconhece a imutabilidade da perda. O enlutado dúvida de que qualquer coisa
que valha a pena na vida possa ser preservada, assim podem surgir apatia e
depressão. O processo de superação é lento e doloroso. É comum que ocorram
afastamento das pessoas e das atividades, falta de interesse e inabilidade para
se concentrar em funções rotineiras ou para iniciar atividades. Os sintomas so-
máticos persistem, incluindo falta de sono, perdas de apetite, peso e distúrbios
gastrointestinais;

• recuperação e restituição — a depressão e a desesperança começam a se


entrelaçar, com frequência cada vez maior, a sentimentos mais positivos e me-
nos devastadores. A pessoa enlutada pode aceitar as mudanças em si e na si-
tuação. Vem daí uma nova identidade, que lhe permite desistir da ideia de recu-
perar a pessoa morta. Dá-se o retorno da independência e da iniciativa. Mesmo
com o processo de recuperação ainda em andamento, é comum a volta de sin-
tomas que haviam cedido, particularmente em datas que ativam lembranças,
como dias de nascimento, morte e casamento.

A descrição das fases permite, inclusive, a identificação de alterações


não-adaptativas frente ao processo de luto, ao que é chamado luto complicado,
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sendo muito útil o encaminhamento ao profissional especializado para acompa-


nhamentos médico e psicológico. Vale ressaltar novamente que o luto é um pro-
cesso individual e subjetivo e que não existe uma regra rígida quando pensamos
nas fases e no enfrentamento do mesmo.

O campo da saúde mental ainda prioriza a atenção individual nos proces-


sos de luto, não valorizando o impacto da perda na família como um sistema
interacional. No entanto, entende-se que para haver um prognóstico favorável
ao enfrentamento individual, é necessário que se levem em consideração os pro-
cessos familiares que acompanham os efeitos imediatos e a longo prazo da
morte e as cadeias transgeracionais.

https://perdasmorteeluto.wordpress.com/sobre-o-processo-de-luto/

O processo de luto está terminado quando uma pessoa completa a fase final do
luto de restituição, em que uma pessoa pode reinvestir suas emoções na vida e
no viver. O luto está terminado quando suas respectivas tarefas são completa-
das. Completa ainda com o fato de que uma pessoa, ao ser capaz de pensar em
quem faleceu sem dor, está dando um sinal de reação de luto terminado. Existe
sempre uma sensação de tristeza quando se pensa em alguém que se amou e
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se perdeu, mas é um tipo diferente de tristeza, sem a presença de manifestações


físicas, como o choro intenso.

O recolhimento é um movimento essencial para a reorganização dos sentimen-


tos que se confundem diante de uma perda significativa. É necessário um tempo
para organizar um espaço para a dor, como também outros espaços para signi-
ficar e re-significar essa perda. Reflexões sobre que parte do enlutado foi ferida
e perdida junto com a pessoa que morreu e sobre os caminhos possíveis de
trilhar sem a pessoa amada revelam que a morte gera uma crise nos sistemas
individual e familiar, sendo necessária uma reorganização. “Não existe amor sem
perda. E não existe a superação da perda sem alguma experiência de luto. Não
ser capaz de vivenciá-la é ser incapaz de entrar no grande ciclo da vida humana
de morte e renascimento – ser incapaz, isto é, de viver novamente.”

O PSICÓLOGO NA EQUIPE DE CUIDADOS

PALIATIVOS

http://mundodapsi.com/a-atuacao-do-psicologo-no-contexto-hospitalar/
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Para se definir a prática dos cuidados paliativos é fundamental que se


tenha uma abordagem multidisciplinar que produza uma assistência harmônica,
onde o foco é amenizar e controlar os sintomas de ordem física, psicológica,
social e espiritual e não de buscar a cura de determinada doença. Trata-se de
oferecer ao paciente qualidade de vida, enquanto vida houver.

É responsabilidade de uma equipe multidisciplinar composta por médicos,


enfermeiros, psicólogos, entre outros profissionais da área de saúde proporcio-
nar esse cuidado; capacitados para lidar com os medos, angústias e sofrimentos
do paciente e da família, agindo com respeito frente à realidade da finitude hu-
mana e às necessidades do doente.

A equipe multiprofissional deve unir esforços para oferecer um cuidado o


mais abrangente possível, utilizando todos os recursos diagnósticos necessários
para a melhor compreensão e manejo dos sintomas e tendo sempre em foco que
a melhora da qualidade de vida pode influenciar positivamente no modo como o
paciente lida com as questões relacionadas ao processo de adoecer.

http://www.amib.org.br/detalhe/noticia/formacao-do-psicologo-intensivista-sera-tema-central-de-simposio
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Como parte dessa equipe que atua na área de Cuidados Paliativos, a con-
tribuição do profissional de Psicologia se define a partir de uma visão da doença
como pertencente ao campo da mente e das vivências e expressões da mesma,
pelo corpo. Atuando nessa área, o psicólogo também necessita manter o equilí-
brio nas suas relações com os outros profissionais e encontrar vias de comuni-
cação que permitam a troca e o conhecimento, a partir de diferentes saberes.

Tomando como referência os princípios que regem a filosofia dos Cuida-


dos Paliativos, poderiam ser considerados mais diretamente como norteadores
da prática do psicólogo: a promoção do controle da dor e de outros sintomas
estressantes; o trabalhar a questão da morte como um processo natural; o ofe-
recimento de um sistema de suporte à família, que possibilite a exata compreen-
são do processo da doença em todas as fases; oferecer um sistema de suporte
que permita ao paciente viver tão ativamente quanto possível, na busca cons-
tante para manter sua autonomia; integrar o aspecto clínico com os aspectos
psicológico, familiar, social e espiritual ao trabalho; unir esforços de uma equipe
multidisciplinar para oferecer o cuidado mais abrangente possível; ter sempre
em foco que a melhora da qualidade de vida pode influenciar positivamente no
tempo que resta ao doente e que o cuidado deve ser iniciado precocemente.
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http://www.institutocriap.com/formacao/pos-graduacao-cuidados-continuados-cuidados-paliativos/

O psicólogo deve estar atento em detectar os conteúdos envolvidos na


queixa, no sintoma e na patologia, permitindo assim uma atenção integral e a
identificação de desordens psíquicas que geram sofrimento, estresse e também
aos mecanismos de defesa negativos que costumam surgir; isso favorece a re-
organização da vivência de doença e o uso de recursos adaptativos no sentido
de manter o paciente participativo no processo de tratamento.

A psicologia é uma das profissões da saúde cuja inclusão em equipes de


acompanhamento de pacientes com câncer é regulamentada por lei. A Portaria
nº 3.535 do Ministério da Saúde, publicada no Diário Oficial da União em 14 de
outubro de 1998, determina que toda equipe responsável pelo tratamento de
pessoas com câncer tenha, entre seus profissionais, um psicólogo.
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http://amarilliscasimiro.zip.net/arch2012-01-01_2012-01-07.html

Mesmo com todas as discussões e esclarecimentos a respeito da doença,


o câncer ainda remete, em grande parte das pessoas, a ideia de morte; ter esse
diagnóstico significa muitas vezes estar condenado à morte; percepção que está
relacionada à grande dificuldade as pessoas sentem em aderir ao tratamento e
de lutar para garantir uma melhor qualidade de vida ao mesmo tempo em que
convivem com a doença.

Dar assistência a esse paciente envolve, sobretudo, integrar as várias di-


mensões do ser, isto inclui também o aspecto espiritual. Estudos mostram que
as questões referentes à espiritualidade representam para o paciente oncoló-
gico, em sua maioria, uma fonte de conforto, fé em Deus e suporte para enfren-
tamento da doença, apresentando-se como fator de contribuição na adesão ao
tratamento. Portanto, para o psicólogo é fundamental perceber o fenômeno reli-
gioso como um recurso que possibilite buscar alternativas para reforçar o suporte
emocional do paciente, proporcionando entre outras coisas, sentido à vida e ao
sofrimento humano presente no processo de adoecimento.
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Trabalhar a questão da morte como um processo natural, requer que se


tenha estabelecido entre o paciente e o psicólogo um vínculo de confiança, pois
as fantasias acerca deste tema e do desejo de imortalidade é o ponto primordial
para a ressignificação da intensa experiência que é o processo de terminalidade
da vida, que a partir do diagnóstico da doença se torna ainda mais presente; por
isso o fazer psicológico na perspectiva dos cuidados paliativos solicita do profis-
sional especial atenção a linguagem simbólica e ao não dito.

Além da intervenção técnica, também devem estar presentes no trabalho


do psicólogo a empatia e a escuta acolhedora verbal e não-verbal, permitindo
que o paciente possa confrontar com seus conteúdos internos, suas angústias e
sentimentos em geral, para que a partir daí inicie o processo de aceitação, ela-
boração e superação no que diz respeito ao adoecimento. A escuta permite ao
psicólogo identificar as reais demandas do paciente.

https://www.youtube.com/watch?v=HtYaoLFqKp8

A questão da boa comunicação, ou seja, a comunicação interpessoal en-


volve compreensão, percepção e transmissão de mensagens, por meio da lin-
guagem verbal e não-verbal. O psicólogo neste contexto atua para alargar o ca-
nal de comunicação entre o paciente, seus familiares e a equipe multidisciplinar,
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para que se permita: identificar as necessidades do paciente e da família, vi-


sando aumentar seu bem-estar; conhecer os temores e anseios do paciente,
buscando oferecer medidas de apoio pautadas em seus valores culturais e espi-
rituais; mediar oportunidades para que sejam tratados assuntos pendentes como
despedidas, agradecimentos e reconciliações; facilitar a relação entre profissio-
nal de saúde, paciente e familiares.

http://www.mulherconsciente.com.br/cancer-de-mama/cuidadores/

O oferecimento de um sistema de suporte à família que facilite a compre-


ensão do processo da doença em todas as fases visa diminuir o impacto que os
sintomas psicológicos do doente causam a mesma. Uma boa comunicação com
a equipe de saúde e o máximo de informações sobre o tratamento e os cuidados
específicos ao paciente, são aspectos inclusos nesse sistema de suporte à fa-
mília oferecido pelo psicólogo, visto que a falta de informações sobre a condição
do paciente é um dos fatores que causa maior estresse e desencadeia a ansie-
dade familiar.

A autonomia individual é um dos valores centrais na fundamentação dos


cuidados paliativos na busca de um modelo bioético. Por conseguinte, é funda-
mental que nos cuidados destinados ao paciente oncológico, o psicólogo pro-
mova junto à equipe e aos familiares o respeito aos direitos desse paciente de
fazer suas próprias escolhas, oferecendo informações claras sobre a doença e
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sua evolução e respeitando seus limites de compreensão e tolerância emocional;


o que favorece a competência do mesmo para o exercício de sua autonomia
para fazer as escolhas necessárias a sua vida e ao seu tratamento, mantendo
assim sua dignidade.

http://www.residenciaprimaveras.com.br/servicos/equipe-multidisciplinar

Portanto, decisões fundamentais devem ser discutidas com o doente ou


seu representante legal, sendo respeitada sua vontade. O princípio da autono-
mia evita os abusos potenciais de um julgamento unilateral, por isso trabalha-se
com o desejo do paciente em primeiro lugar, não com a vontade do médico,
deixando para traz o modelo médico paternalista.

O psicólogo que integra uma equipe de Cuidados Paliativos precisa de


formação profissional na área, na busca de estratégias para ajudar o paciente
no enfrentamento e elaboração das experiências emocionais intensas vivencia-
das na fase de terminalidade da vida. Tendo cuidado para não ocupar o lugar de
mais um elemento invasivo no processo de tratamento, mas de facilitador no
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processo de integração do paciente, da família e da equipe multidisciplinar, man-


tendo como foco o doente (não a doença) e a melhora na qualidade de vida do
paciente (não o prolongamento infrutífero do seu sofrimento).

Um dos objetivos primordiais do atendimento psicológico é mostrar ao pa-


ciente que o momento vivido pode ser compartilhado, estimulando e buscando
seus recursos internos, para assim atenuar sentimentos como de solidão e der-
rota, e trabalhar com ele o sofrimento psíquico (que inclui ansiedade, depressão,
perda da dignidade e seus medos), num compartilhar de cumplicidade e favore-
cendo a ressignificação desta experiência que é o adoecer.
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