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Leitura e Produção de Texto - Nohad Mouhanna Fernandes / Maria Alice de Mello Fernandes- UNIGRAN

Aula
03

MODALIDADES DE USO:
LÍNGUA ORAL E LÍNGUA
ESCRITA

Caro(a) aluno(a), quando falamos sobre o uso da linguagem


verbal, na aula 1, dissemos que a comunicação pode realizar-se por
meio da linguagem oral e da linguagem escrita, lembra-se?
Pois bem, nesta seção, vamos estudar a língua escrita e a língua
falada e observar que essas duas modalidades de comunicação têm cada
uma, suas características próprias.

Objetivos da aprendizagem

Ao término desta aula, você será capaz de:

 observar as diferenças entre falar e escrever;


 ser capaz de empregar a língua de forma adequada nas diversas
situações de comunicação.
 reconhecer a importância do domínio da norma escrita culta da
língua portuguesa em situações formais.
 saber utilizar os recursos próprios da escrita.

Seções de estudo:

SEÇÃO 1 - Especificidades da língua oral e da língua escrita


SEÇÃO 2 - Os desvios da norma culta

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SEÇÃO 1 - Especificidades da língua oral e da língua escrita

Para introduzir o assunto, leia a história abaixo. Embora ela seja fic cia, lembra-
nos do famoso ditado popular “quem conta um conto aumenta um ponto”.

COMUNICAÇÃO INTERNA

DE: DIRETORIA INDUSTRIAL


PARA: GERENTE DE DIVISÃO
Na próxima sexta-feira, aproximadamente às 17:00 horas, o cometa Halley, estará
visível nesta área. Trata-se de um evento que somente ocorre a cada 76 anos. Assim,
por favor, reúnam os funcionários no pá o da fábrica todos usando capacetes de
segurança, e explique o fenômeno a eles. Se es ver chovendo não podemos ver
nada. Nesse caso, reúnam os funcionários no refeitório e mostrarei a eles um filme
cien fico sobre o cometa.

DE: GERENTE DE DIVISÃO


PARA: GERENTE DE PRODUÇÃO
Por ordem do diretor industrial, na sexta-feira às 17 horas, o Cometa Halley vai aparecer
sobre a fábrica. Se chover, por favor, reúnam os funcionários, todos usando capacetes
de segurança, os encaminhem ao refeitório, onde o raro fenômeno terá lugar, o que
acontece a cada 76 anos.

DE: GERENTE DE PRODUÇÃO


PARA: CHEFIA DE PRODUÇÃO
A convite do diretor industrial, o cien sta Halley, de 76 anos, vai aparecer no
refeitório da fábrica, usando capacete de segurança para fazer uma demonstração
sobre fenômeno celeste. Se chover, o diretor industrial dará outra ordem, o que
ocorre a cada 76 anos.

DE: CHEFIA DE PRODUÇÃO


PARA: MESTRES
Na sexta-feira às 17:00 horas, o diretor industrial, pela primeira vez em 76 anos, vai
aparecer no refeitório da fábrica com o Sr. Halley. Todo mundo deve estar lá, pois vai
ser apresentado o problema da chuva na segurança. Se chover, o diretor industrial
levará a demonstração para o pá o da fábrica.

DE: MESTRES
PARA: FUNCIONÁRIOS
Todo mundo deve estar ves do com segurança no pá o da fábrica na próxima sexta-
feira às 17:00 horas. O diretor industrial e o Sr. Halley estarão lá para falar sobre os
fenômenos na chuva. Caso comece a chover mesmo é para ir ao refeitório na mesma
hora. O exercício será lá, o que acontece a cada 76 anos.

OS FUNCIONÁRIOS COMENTANDO ENTRE ELES


Na sexta-feira o chefão da diretoria industrial vai fazer 76 anos e convidou todo
mundo para uma festa às 17:00 horas no refeitório. Vai estar lá convidado pelo
chefão. Bil Halley e seus cometas. Todo mundo deve estar de capacete porque a
banda é muito louca e rock rola solto.

Autor: desconhecido Disponível em: <http://www.portalcmc.com.br/mkt_comuni12.htm>

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O texto é engraçado, não é? Você já vivenciou algum caso em que um


fato mudou ao passar de boca em boca? Da história acima reproduzida, tiramos a
lição de que se o comunicado tivesse sido feito por escrito, o resultado teria sido
diferente. Sim, porque, ao reproduzir algo dito por alguém, podemos nos esquecer
de relatar alguma informação, ou podemos acrescentar, mudar ou distorcer coisas
ouvidas etc. Assim, você já parou para imaginar que se não existisse a escrita, não
poderíamos registrar com fidelidade os fatos do passado?

Vamos refletir sobre as especificidades de cada uma das


modalidades da língua.

1.1 Graus de formalidade


Costuma-se dizer que falamos de um modo e escrevemos de outro, ou
vice-versa. Mas atenção! Apesar de isso ser verdade, pode ocorrer de certos textos
escritos apresentarem traços da língua falada ou de certos textos orais serem
ordenados pela gramática que rege a modalidade escrita. Pensemos, por exemplo,
em uma carta familiar ou em um bilhete escrito para um amigo ou em um diário
pessoal: apesar de serem textos escritos, poderão conter muitos traços da oralidade,
já que caracterizam o uso da escrita coloquial; pensemos, também, em um discurso
acadêmico que, apesar de falado, aproximar-se-á da língua escrita, já que caracteriza
o uso formal da fala. Assim, ambas as modalidades possuem diferentes níveis
ou graus de formalidade: escrita formal, escrita informal, escrita pessoal, escrita
profissional, oral formal, oral informal, todas com diferenças bastante acentuadas
entre si quanto aos recursos que utilizam e à situação de uso (PEAD, 2012).
Esses graus de formalidade podem ser observados até mesmo em sua
comunicação. Será que quando você fala com sua/seu namorada(o), com uma
pessoa idosa ou com uma pessoa a quem vai solicitar um emprego usa o mesmo
nível de linguagem? Será que quando escreve um bilhete para sua mãe ou um
requerimento dirigido a uma autoridade para solicitar alguma coisa emprega o
mesmo grau de formalidade? É claro que não, não é?
Lembre-se então que não se deve associar língua falada à informalidade, nem
língua escrita à formalidade, porque tanto em uma quanto em outra modalidade se
verificam diferentes níveis ou graus de formalidade. É perfeitamente possível existir
textos muito formais na língua falada e textos completamente informais na língua
escrita. Segundo Koch (2003, p. 78): “O que se verifica, na verdade é que existem textos
escritos que se situam, no contínuo, mais próximo ao pólo da fala conversacional [...],
ao passo que existem textos falados que mais se aproximam do pólo da escrita formal.”

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No corredor de uma universidade, um eminente professor de direito


penal encontra um ex-aluno, agora seu colega. O professor diz-lhe:
- Que prazer encontrá-lo depois de tanto tempo!
- Como está, professor? É bom revê-lo – sorriu o ex-aluno
emocionado. - O senhor nem pode imaginar o quanto me foram úteis
os conhecimentos que adquiri em suas aulas.
- Você sempre foi um bom aluno. Tinha certeza de que se tornaria um
advogado notável!
Autor desconhecido Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/3293592/Lingua-
Portuguesa-Apostila-de-Portugues-Especifico>

1.2 Distinções entre a fala e a escrita


O estudo sobre as questões fundamentais da
oralidade e da escrita auxiliará você, caro aluno, a
reconhecer a importância do domínio da norma escrita
culta da língua portuguesa em situações formais. Sim,
porque o ensino da língua portuguesa implica no
desenvolvimento da competência comunicativa de
falantes, escritores, ouvintes e leitores que a usam, ou seja,
leva o usuário a ser capaz de refletir sobre o uso adequado da língua nas diversas
situações de interação social. Travaglia (1997, p. 17) ratifica essa afirmação dizendo
que “este desenvolvimento deve ser entendido como a progressiva capacidade de
realizar a adequação do ato verbal às situações de comunicação.” Em cada situação,
o indivíduo deve ter claro que há diferenças marcantes entre falar e escrever.
De acordo com Vanoye (2002, p. 36), “as duas línguas, escrita e falada,
não marcam, do mesmo modo, certos traços gramaticais.”

Vamos conferir as dis nções na organização dos textos falados e escritos,


analisando o texto abaixo:

Extraído de Prática de texto: língua portuguesa para


nossos estudantes. 4 ed., Petrópolis: Vozes, 1995, p.84

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Certamente você deve ter observado que a linguagem utilizada no texto


acima é própria da conversa espontânea, não é? Trata-se de uma transcrição da fala,
de um relato oral feito por um jovem escolarizado. É um texto cujas estruturas são
próprias da oralidade e que geram problemas de compreensão se forem utilizadas
em um texto escrito. Isso é óbvio, pois o texto escrito exige menor redundância e
maior clareza na organização e apresentação das ideias, certo?

1.2 Traços gramaticais


Quando analisamos um texto falado em termos gramaticais, percebemos
que, na língua falada, geralmente, empregam-se muitas onomatopeias (imitação
de sons) e exclamações; é abundante a repetição de palavras e frases; é grande
a ocorrência de anacolutos ou rupturas de construção: a frase desvia-se de
sua trajetória, o complemento esperado não aparece, a frase parte em outra
direção, é cortada; são muitas as frases inacabadas; aparecem formas contraídas
ou omissão de termos no interior das frases; empregam-se pouco - ou não se
empregam - certos tempos verbais (o mais-que-perfeito, por exemplo); as frases
são curtas, independentes – uso de orações coordenadas. Existe, ainda, maior
liberdade quanto às exigências de concordância verbal e nominal – essa ausência
de concordância é própria, principalmente, dos dialetos populares.

1.3 Elementos expressivos e a entoação da frase


Também, não podemos esquecer de que, quando
falamos, além das palavras, utilizamos outros elementos
expressivos como os gestos, os olhares, a expressão do
rosto, as pausas (intervalos significativos no decorrer do
discurso), a mímica e a entoação da frase. Pela entoação,
por exemplo, conseguimos distinguir uma frase afirmativa
de uma interrogativa, uma frase dita com seriedade de outra dita com ironia.
Temos exemplos bastante claros de enunciados que exploram a ironia
e cujos sentidos reais são o inverso do que eles aparentemente dizem. Vejamos
alguns exemplos: “- Grande amigo! usada quando se acaba de descobrir que
alguém tido como amigo foi capaz de algum ato desleal” (INFANTE, 2000, p.
342); “Que educação! , usada quando se vê alguém invadindo, com seu carro,
a faixa de pedestres.” (PASQUALE e ULISSES, 1999, p. 341).
Sendo assim, dentre os fatores que nos permitem depreender o sentido
efetivo do enunciado a entoação é um elemento importantíssimo da língua falada que
evoca a modalidade de intenção comunicativa do falante naquele contexto particular

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de interação. Por meio da entoação, do


modo como falamos, podemos provocar
diferentes efeitos de sentido. Pensemos:
numa frase simples como “É ele.”,
podemos indicar constatação, dúvida,
surpresa, indignação, decepção, etc. Na
língua escrita, os sinais de pontuação
podem agir como definidores do Disponível em: <grafar.blogspot.com/2007/08/
quadrinhos-chiqui...>
sentido das frases: “- É ele.”; “É ele?”;
“É ele!”; “É ele...”; etc.” (Infante, 2000, p. 342), conforme veremos adiante.

?
? E quando escrevemos? Contamos com todos esses recursos?

1.4 Recursos próprios da escrita


Quando escrevemos contamos apenas com as palavras e com recursos
próprios da escrita. Sendo assim, quando redigimos textos escritos, devemos ter
cuidado especial com a pontuação, a ortografia, a concordância, a colocação de
palavras, o uso de tempos verbais, a estrutura do texto, a divisão em parágrafos, a
coesão etc. Mas cuidado! De acordo com Durigan et al (1987):

a simples utilização de tais regras e de outros recursos da norma


culta não garante o sucesso de um texto escrito. Não basta, também,
saber que escrever é diferente de falar. É necessário preocupar-se
com a constituição de um discurso, entendido aqui como um ato de
linguagem que representa uma interação entre o produtor do texto e seu
receptor. Além disso, é preciso ter em mente a figura do interlocutor e
a finalidade para a qual o texto foi produzido.
(DURIGAN et al., 1987, p. 13-14, apud INFANTE, 2000, p. 341)

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Sendo assim, não podemos esquecer que a inserção do sujeito no mundo da


escrita, ou seja, o letramento do indivíduo e sua ampliação vai além de seu conhecimento
sobre a variedade culta da língua, pois, como acrescenta Britto (2004, p. 134):

Quanto maior o letramento, maiores serão, entre outras coisas, a


manipulação de textos escritos, a realização de leitura autônoma
(sem intervenção ou apoio de outra pessoa), a interação com
discursos menos contextualizados ou mais auto-referidos, a
convivência com domínios de raciocínio abstrato, a produção
de textos para registro, comunicação ou planejamento, enfim,
maiores serão a capacidade e as oportunidades do sujeito de
realizar tarefas que exijam monitoração, inferências diversas e
ajustamento constante. Neste sentido, o letramento, mais que
alfabetização ou o domínio das regras de escrita, é um estado ou
condição de quem se envolve em numerosas e variadas práticas
sociais de leitura e da escrita.

Você, como produtor de texto, deverá assegurar a eficácia da comunicação


escrita, que, de forma diferente da comunicação falada, não ocorre em presença
do interlocutor e sim em sua ausência. Como consequência, o leitor só poderá
dispor das informações que o texto oferece e, por isso, estas devem ser claramente
apresentadas para evitar ambiguidades ou problemas de entendimento. O texto
escrito tem de suprir, portanto, a ausência da situação, fornecendo o maior número
possível de pistas para esclarecer o seu sentido, a sua intenção.

1.5 A questão do planejamento

As características formais do texto falado ou do texto


escrito estão relacionadas com a questão do planejamento.
O texto falado, em geral, é criado no próprio momento da
conversação, isto é, não possui rascunho, ao contrário do
texto escrito, que pode ser planejado, revisto rascunhado,
há um tempo para a sua elaboração.
Quando falamos, vamos construindo o texto no ato de interação
com o nosso interlocutor. Nesse caso, emissor e receptor podem interromper,
acrescentar fatos ou mudar o rumo da conversa. De acordo com a reação de nosso
interlocutor, repe mos a informação, mudamos o tom, reformulamos a explicação.
Por isso, o texto oral é pon lhado de pausas, interrupções, retomadas, correções.
(PEAD, 2012)

Nesse sentido, conforme Kato (1995, p. 20), “as diferenças formais


normalmente observadas entre a fala e a escrita nada mais são do que diferenças
acarretadas pelas condições de produção e de uso da linguagem.” Ainda em relação
à forma, “a escrita é apenas uma tentativa imperfeita de reprodução gráfica dos
sons da língua” (ANDRADE e HENRIQUES, 1999, p. 33).

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SEÇÃO 2 - Norma linguística e argumentação

Para que os nossos textos sejam precisos e claros, sabemos que, ao


lado dos princípios da Linguística Textual, há a necessidade de escrever de
acordo as normas ortográficas da língua portuguesa, visto que elas servem para
sistematizar e uniformizar a escrita, a fim de que possamos ler os textos escritos
com facilidade. Apesar de isso ser o ideal, não é raro encontrar textos escritos
que demonstram as dificuldades de seu autor quanto à grafia das palavras.
Assim, acreditamos que a prática permanente da leitura e da produção
de textos, aliada ao interesse em conhecer algumas regras ortográficas regulares
e irregulares e a consultar constantemente o dicionário, podem amenizar as
dúvidas relativas ao emprego correto de certas letras e palavras. Também, as
questões ortográficas relativas à Língua Portuguesa ficam bem mais fáceis de
serem acompanhadas quando se aprende a relação existente entre os sons e as
letras no nosso sistema de escrita de base alfabética.
Feitas essas considerações, vamos, a seguir, entrar em contato com
alguns aspectos relevantes tanto para produzir textos escritos em situações
formais quanto para entendê-los. Platão e Fiorin (2002, p. 220) dizem que
“assim como o uso adequado de certo tipo de linguagem pode funcionar para
impor respeito, o uso inadequado pode ter efeito contrário, isto é, expor o
falante ao ridículo.” Se é assim, é útil descrever alguns desvios de norma culta
mais comuns cometidos por muitas pessoas.
Platão e Fiorin (2002) dizem que os desvios da norma culta mais
comumente cometidos podem ser classificados em quatro grandes níveis: da
ortografia, da sintaxe, da morfologia e do léxico. Vamos estudá-los!

2.1 Ortografia
Ortografia - do grego: ortho = correto + graphia = escrita (SAVIOLI,
1995, p. 120) é a parte da gramática que define como as palavras devem ser
escritas para que sejam consideradas corretas. A escrita do português é de
base alfabética, ou seja, utilizamos grafemas para representar os fonemas.

Para que falemos sobre o sistema ortográfico da língua Portuguesa, é


importante saber que, antes de o Novo Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa entrar em vigor, o nosso alfabeto possuía vinte e três letras;
agora, possui vinte e seis, pois as letras k, w, y foram acrescidas a ele.
Cada uma das letras do alfabeto da língua portuguesa possui uma forma
minúscula e outra maiúscula, conforme o quadro a seguir:

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a A (á) j J (jota) s S (esse)


b B (bê) k K (capa ou cá) t T (tê)
c C (cê) l L (ele) u U (u)
d D (dê) m M (eme) v V (vê)
e E (é) n N (ene) w W (dáblio)
f F (efe) o O (ó) x X (xis)
g G (gê ou guê) p P (pê) y Y (ípsilon)
h H (agá) q Q (quê) z Z (zê)
i I (i) r R (erre)
Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: rr
(erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (gê/
guê-u) e qu (quê-u).
As letras k, w e y - incorporadas em nosso alfabeto-, são usadas nos
seguintes casos: a) Em nomes próprios (antropônimos) originários de
outras línguas e seus derivados, como em Franklin, frankliniano; Kant,
kanƟsmo; Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano;
Taylor, taylorista; b) Em topónimos/topônimos originários de outras
línguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, kuwaiƟano; Malawi, malawiano;
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de
medida de uso internacional: TWA, KLM; K-potássio (de kalium), W-oeste
(West); kg-quilograma, km- quilômetro, kW-kilowaƩ, yd-jarda (yard);
WaƩ (UOL Educação, 2012).

A respeito dessas letras, Evanildo Bechara (2009, p. 17) ensina-nos, ainda,


que o k será uma consoante, tal como o c antes das vogais a, o, u e o dígrafo qu de
quero. O w será uma vogal ou semivogal pronunciado como /u/ em palavras de origem
inglesa (watt-hora, whisky, show). Será consoante como /v/ em palavras de origem
alemã (Walter, Wagner). O y é um som vocálico pronunciado como /i/ com função de
vogal ou semivogal (yen (=unidade monetária, e moeda, do Japão), Paraty).
Feitas essas notas introdutórias sobre o alfabeto português, podemos,
então, levá-lo a refletir sobre as principais dificuldades ortográficas da língua
portuguesa. De acordo com os autores Platão e Fiorin (2002), o nosso sistema
ortográfico possui convenções rígidas de caráter uniformizador quanto ao modo
de se grafar as palavras. Assim, não podemos escrever pelo ouvido, e sim, pelas
prescrições e convenções do sistema.
Observe alguns desvios, citados por esses autores, que acontecem nesse nível.

2.2 No uso da acentuação gráfica:


Ontem ele pode fazer, em vez de: Ontem ele pôde fazer;
Específicamente, em vez de: especificamente;
Esses negócios não nos convém, em vez de: Esses negócios não nos convêm.

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2.3 No uso de sinais de pontuação


Nesta mesma unidade, dissemos que, quando redigimos textos escritos,
devemos ter cuidado especial com a pontuação. Você se lembra? Ótimo! Os sinais
de pontuação são recursos próprios da escrita e, além de outras funções, servem
para transcrever certas características da língua falada. A pontuação tem uma função
lógica; ela recorta o discurso em grupos de palavras e evita, desse modo, os erros de
interpretação. Nesse sentido, ela é essencial à boa compreensão das mensagens escritas.
A variação no uso de sinais de pontuação provoca diferentes sentidos.
Como ilustração, veja os exemplos a seguir:

a) Este aluno disse o professor é um incompetente.


Este aluno disse: “O professor é um incompetente”.
“Este aluno”, disse o professor, “é um incompetente”.

b) Não podem atirar!


Não, podem atirar!
c) Levar uma pedra para Europa uma andorinha não faz verão.
Levar uma pedra para Europa uma andorinha não faz, verão. (verão,
aqui, é a forma de futuro do verbo ver.)

d) Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe do fazendeiro era também


o pai do bezerro.
Um fazendeiro tinha um bezerro e a mãe; do fazendeiro era também
o pai do bezerro.

Um velho muito rico faleceu e deixou em testamento a seguinte frase:

“Deixo os meus bens a meu irmão não aos ricos nada aos pobres.”
Como todos estavam interessados na herança, cada um pontuou a frase de
forma a obtê-la. Veja como:
Irmão: Deixo os meus bens a meu irmão, não aos ricos, nada aos pobres.

Percebeu a importância do uso dos sinais de pontuação nos textos


escritos? Que bom! Você pode, em muitos casos, confiar na sua intuição para
usá-los, mas não deixe de pesquisar as regras para o emprego da pontuação,
consultando boas gramáticas de língua portuguesa. Veja uma das regras: “Todos
esses casos estarrecedores, demonstram a gravidade da situação.”, a vírgula não
poderia ser usada, pois não se pode separar o sujeito de seu predicado.

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Para aprimorar o seu conhecimento sobre o uso dos sinais de pontuação,


é essencial que você faça da pesquisa um hábito! Sugiro, então, que
comece acessando o site: <h p://intervox.nce.ufrj.br/~edpaes/pontua.
htm> Acesso em: 20 mar. 2012. Também, leia o conteúdo sobre o assunto
disponível na ferramenta Arquivo.

2.4 No uso das letras ao grafar as palavras


É importante que você saiba que nem sempre se escreve como se fala.
Na língua falada, o significante é formado por fonemas (sons), e na língua escrita,
por signos gráficos ou grafemas (as letras do Alfabeto). Em alguns casos, a
língua escrita oferece diferentes alternativas para representar o mesmo som. Por
exemplo: pronuncie em voz alta as palavras “discussão” e “atenção”. Percebeu
que o som da sílaba final de ambas as palavras é idêntico? Entretanto, uma
palavra é escrita com SS e a outra com Ç. Perceba, ainda, as letras diferentes para
representar o mesmo fonema nas palavras ginástica, jiló / casa, exílio, cozinha).
Temos, também, alguns casos em que um fonema pode ser representado por um
grupo de duas letras (dígrafos) – como em (barra, assar, machado, mulher, unha,
piscina, desça, exceção, guerra, leque). E, ainda, há casos em que a mesma letra
representa fonemas diferentes (como a letra g, em galeria e ginástica; a letra x,
em exame (som de z), texto (som de s), enxame (som de x), oxítona (som de ks).
Assim, além de ter atenção especial aos casos demonstrados acima,
devemos evitar desvios do tipo: pessoas pretenciosas, em vez de:pessoas
pretensiosas; ele possue, em vez de: ele possui; boeiro em vez de bueiro;
excessão, em vez de exceção.

2.5 No uso do acento indicador da crase


Eu fiz referências à elas, em vez de a elas; Ninguém estava pronto à falar,
em vez de: a falar; Fui dormir as duas da manhã, em vez de: às duas da manhã.

2.6 No nível da sintaxe


A sintaxe consiste nas regras de combinação das palavras ou frases da
língua. Entre os erros mais comuns nesse domínio, podemos apontar os seguintes
desvios: na sintaxe de concordância, na sintaxe de regência, na sintaxe de
colocação, na sintaxe dos pronomes.

- Concordância: Não faltou, durante aquele ruidoso episódio,


demissões e dispensas (o correto seria: Não faltaram, pois o sujeito demissões
e dispensas está no plural);
- Regência: Ele nunca aspirou o cargo que ocupa (o correto seria
aspirou ao cargo, pois o verbo aspirar, quando significa almejar, é transitivo
indireto e exige a preposição a).

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- Colocação: na frase Nunca vi-te, a posição do pronome prejudica a


sonoridade da frase. O certo seria Nunca te vi.

Constitui ainda erro de colocação construir uma frase como esta: Uma
equipe estrangeira pode vencer o torneio Governador do Estado, de basquete.
Neste caso, a frase ganha maior clareza se se trocar a posição das palavras: Uma
equipe estrangeira pode vencer o torneio de basquete Governador do Estado.

- Pronomes: não é correto, por exemplo, dizer: Vou pôr ele a par do
assunto, em vez de: Vou pô-lo a par do assunto.

3. No nível da morfologia
Na morfologia, as falhas mais comuns localizam-se, principalmente: na conjugação
verbal, na flexão de substantivos e adjetivos e nas palavras invariáveis. Observe:

- conjugação verbal: a) A polícia interviu com violência na briga (em


vez: de A polícia interveio com violência na briga); b) Se obtermos o material
necessário, anotaremos tudo o que vocês proporem no dia em que nos vermos
novamente (em vez de: Se obtivermos o material necessário, anotaremos tudo o
que vocês propuserem no dia em que nos virmos novamente ).

- flexão de substantivos e adjetivos: a) Os guarda-noturnos não saíram


às ruas na noite passada (em vez de: Os guardas-noturno não saíram às ruas na
noite passada); b) Tinha olhos verdes-claros (em vez de:Tinha olhos verde-claros)

- palavras invariáveis: a) Havia menas condições (em vez de: Havia


menos condições); b) Lia estava meia atrapalhada com o trabalho (em vez de:
Lia estava meio atrapalhada com o trabalho); c) Fazem três anos que não a vejo
(em vez de: Faz três anos que não a vejo.).

4. No nível do léxico
Outro requisito indispensável ao bom uso da linguagem escrita refere-se ao
uso adequado do vocabulário. Muitas vezes, a escolha inadequada de uma palavra
compromete a compreensão ou a estética do texto. Para facilitar a tarefa de escolha
da palavra adequada a um determinado contexto, são indispensáveis algumas noções
semânticas, como o estudo de denotação e conotação, já efetuado na Aula 1, além de
noções sobre paronímia, homonímia e polissemia, que serão vistas a seguir.

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CONCEITO
 Parônimas são palavras parecidas na grafia ou na pronúncia, mas com
significados diferentes. Elas são verdadeiras armadilhas para o usuário mais
distraído, já que o risco de usar um parônimo pelo outro é muito grande,
especialmente se o aprendizado dessas palavras só se der pelo ouvido.

Veja alguns exemplos que podem causar dificuldades:

 Comprimento: extensão; cumprimento: saudação. “Receba nossos


cumprimentos pelo sucesso alcançado.”
 Ratificar: confirmar; retificar: corrigir. “O autor retificou alguns erros
que cometera na edição anterior de seu livro.”
 Tráfico: comércio ilegal; tráfego: trânsito. “O tráfego congestionado
não permitiu que chegássemos a tempo ao aeroporto.”

CONCEITO
 Homônimas são palavras que têm a mesma pronúncia (às vezes a
mesma grafia), mas significados diferentes.

Observe:
 Acento: sinal gráfico; assento: lugar em que se senta. “Quantos
assentos tem este ônibus?”
 Consertar: corrigir, reparar; concerto: ajustar, combinar. “O concerto
sinfônico foi maravilhoso.”
 Acender: pôr fogo; ascender: subir. “Para ascender ao cargo desejado,
era capaz de qualquer sacrifício.”
 Viajem: verbo; viagem: substantivo. “Pode ser que eles viajem amanhã.”

CONCEITO
 Polissêmicas são palavras que apresentam um único significante que
remete a vários significados. Nos dicionários, os termos que apresentam
polissemia, ao contrário dos homônimos, apresentam-se num único
verbete. Geralmente, os diferentes significados que a palavra polissêmica
assume não apresentam problemas de entendimento porque o próprio
contexto elucida a significação.

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“Coloquei ponto ao final das frases.”


“Encontrei-o naquele ponto da praia.”
“Os funcionários não assinaram o ponto.”
“Joana não dá nó sem ponto.”
“A professora revisou o ponto.”

Estude sobre os problemas gerais da norma culta no site <www.


grama caonline.com.br>
Não se esqueça: a riqueza vocabular permite que você expresse o seu
pensamento de maneira mais clara, fiel e precisa.

Para concluir, convém ressaltar o que dizem Platão e Fiorin (2002, p. 235)
sobre os erros linguís cos:

“erros lingüísƟcos são embaraçosos, sobretudo pelo Ɵpo de preconceito


que incide sobre eles. Na verdade, cometer erros pode ser um mau
sintoma. Há certo Ɵpo de erro considerado grave, comprometedor para
quem o comete. Quem escreve vossê por você, fazer-mos por fazermos,
fize-se por fizesse dá mostras de estar enquadrado num estágio de semi-
analfabeƟzação” (Platão e Fiorin, 2002, p. 235).

Fique atento! Você pode estar se perguntando sobre o que é preciso


fazer para não cometer incorreções na escrita. Quer uma sugestão? Saiba
que, para um bom desempenho da escrita, a leitura é muito importante.
Quem lê bastante, “vê” muitas vezes as palavras escritas e memoriza
com menor esforço a grafia delas. A par r da leitura de bons textos, nós
nos familiarizamos com convenções, regras e normas da escrita. Para a
ampliação do vocabulário, não se pode negar o valor da leitura, ela é a
responsável pela ampliação do vocabulário. Entretanto, ao lado da leitura
deve estar a prá ca constante da escrita, pois o sen do das palavras só
é apreendido quando estas passam a fazer parte do nosso vocabulário
a vo, ou seja, quando efe vamente passamos a empregá-las em nosso
prá ca. Também, devemos ter o hábito de consultar o dicionário quando
vermos dúvida quanto à grafia de palavras.
Sendo assim, tenha ânimo, caro aluno. Leia bastante, escreva bastante!

Retomando a Conversa Inicial

Para encerrar a Aula 3, convido você a recordar o que


estudamos aqui:

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Leitura e Produção de Texto - Nohad Mouhanna Fernandes / Maria Alice de Mello Fernandes - UNIGRAN

 SEÇÃO 1 - Especificidades da língua oral e da língua escrita


Na Seção 1, tivemos a oportunidade de conhecer as especificidades de
cada uma das modalidades de nossa língua-língua oral e língua escrita e vimos
que essas modalidades possuem diferentes níveis ou graus de formalidade, que
elas não marcam, do mesmo modo, certos traços gramaticais e que a questão do
planejamento e da execução dos textos orais e escritos são diferentes.
 SEÇÃO 2 - Norma linguística e argumentação
Na seção 2, apresentamos alguns aspectos relevantes tanto para produzir
textos escritos em situações formais quanto para entendê-los. Estudamos os
principais desvios da norma culta cometidos por muitas pessoas e os classificamos
em quatro grandes níveis: da ortografia, da sintaxe, da morfologia e do léxico.
No nível da ortografia, refletimos sobre as principais dificuldades ortográficas
da língua portuguesa, tais como: uso da acentuação gráfica, uso de sinais de pontuação,
no uso das letras ao grafar as palavras, no uso do acento indicador da crase
No nível da sintaxe, observamos os seguintes desvios: na sintaxe
de concordância, na sintaxe de regência, na sintaxe de colocação, na
sintaxe dos pronomes.
No nível da morfologia, aprendemos que as falhas mais comuns
localizam-se, principalmente: na conjugação verbal, na flexão de substantivos
e adjetivos e nas palavras invariáveis.
No nível do léxico, destacamos o uso adequado do vocabulário, o qual
depende de conhecimentos relativos à semântica, como o estudo de denotação e
conotação, além de noções sobre paronímia, homonímia e polissemia.

Sugestões de Leituras, Sites e Vídeos:

Leituras

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2009.
PLATÃO, S. F. & FIORIN, J. L. Para entender o texto: leitura e redação. 16. ed.
São Paulo: Ática, 2002.
VANOYE, F. Usos da linguagem: problemas e técnicas na produção oral e escrita.
11. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

Sites

www.navedapalavra.com.br/resenhas/alinguagemesuasvariacoes.htm - 122k -
http://intervox.nce.ufrj.br/~edpaes/pontua.htm
http://www.vicenteeflavia.pro.br/reda2.htm

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Leitura e Produção de Texto - Nohad Mouhanna Fernandes / Maria Alice de Mello Fernandes- UNIGRAN

www.gramaticaonline.com.br
www.portaldasletras.com.br/tira-dúvidas
http://carvalholetras.blogspot.com.br/2010/11/lingua-usos-culto-coloquial-e-
popular.html
GUIA PRÁTICO DA NOVA ORTOGRAFIA. Disponível em: <http://michaelis.
uol.com.br/moderno/portugues/index.php?typePag=novaortografia&languageTe
xt=portugues-portugues>. Acesso em: 10 agosto. 2009.
INDIANI, M. Thereza, PINILLA, Aparecida, RIGONI, Cristina. PEAD-
Português – Ensino a distância – UFRJ. Disponível em: <http://acd.ufrj.br/~pead/
index.html.>. Acesso em: 22 jun. 2008.
http://pt.scribd.com/doc/3293592/Lingua-Portuguesa-Apostila-de-Portugues-
Especifico
PEAD. O planejamento e a distinção entre as modalidades oral e escrita.
Disponível em: <http://acd.ufrj.br/~pead/tema03/planejamento.html>. Acesso
em: 23 abr. 2012.
UOL Educação, Íntegra do Acordo Ortográfico. Disponível em: <http://download.
uol.com.br/educacao/UOL_Educacao_Integra_do_Acordo_Ortografico.pdf>
Acesso em: 22 abr. 2012.

Vídeo

YOU TUBE Norma Culta x coloquial. Disponível em: < http://www.youtube.


com/watch?v=OVAKA9hGGBY&feature=related >. Acesso em: 12 maio 2012.
YOU TUBE Problemas na Comunicação. Disponível em: <http://www.youtube.
com/watch?v=h_qNU4RwlvU> Acesso em: 12 maio 2012.
YOU TUBE A importância da linguagem oral e escrita. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=_HoVsuAVqUs> Acesso em: 12 de maio
YOU TUBE. Uso dos porquês. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch
?v=fkY4RqPWlUg&feature=related> Acesso em: 12 de maio
YOU TUBE Uso do porque (Paródia) Disponível em: http://www.youtube.
com/watch?v=w3Zd5NSDT6w&feature=related> Acesso em: 12 de maio
YOU TUBE Pontuação. Disponível em: < http://www.youtube.com/watc
h?v=qvKsIvmQUqg&feature=related> Acesso em: 29 abr. 2012.

OBS: Não esqueçam! Em caso de dúvidas, acessem as ferramentas “fórum” ou


“quadro de avisos”.

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