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PROSPECÇÃO GEOFÍSICA

Professor Dr. Pedro A. Chira


Oliva

Campus Marabá - UFPA

Conteúdo
• Introdução.

• Método Gravimétrico.

• Método Magnetométrico.

• Método Potencial Espontâneo.

• Método de Eletrorresistividade.

• Método de Polarização Induzida.

• Método Eletromagnético.

• Método Radioativo.

• Método Sísmico.

• Métodos Geofísicos em Poço (Well Logging).

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INTRODUÇ
INTRODUÇÃO
A descoberta de depósitos de petróleo, carvão e minerais-minério é uma tarefa
extremamente difícil.

O estudo das rochas na superfície (afloramento) bem como de suas relações no


espaço e no tempo é de fundamental importância para compreender as rochas
na subsuperficie e para a localização de depósitos. Nem sempre isto permite
inferências seguras sobre a subsuperficie, notadamente sobre a subsuperficie
profunda (Figura). Também os afloramentos de rochas podem não estar
disponíveis (ex. Amazônia), em conseqüências de interperismo ali atuante.

GEOFÍ
GEOFÍSICA DE PROSPECÇ
PROSPECÇÃO (EXPLORAÇ
(EXPLORAÇÃO OU
APLICADA)
As rochas, diferem em uma ou mais de suas propriedades, provocando variações
nos campos físicos e na propagação de ondas que atuam sobre elas. Estas
variações, ao serem detectadas, podem fornecer informações, acerca dos
materiais que as provocaram.

Geofísica de Prospecção: Investigação de feições da subsuperfície de dimensões


relativamente pequenas ao alcance da exploração extrativa (profundidade < 5
km, ex. depósitos minerais e estruturas importantes para a acumulação dos
mesmos), a partir da observação de seus efeitos nos campos físicos e na
propagação de ondas.

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Propriedade da matéria Método de Investigação
utilizadas
Densidade Gravimétrico ou
Gravimetria
Susceptibilidade Magnético ou
magnética Magnetometria
Condutividade elétrica Elétricos e
Eletromagnéticos
Radioatividade Radiométrico ou
Radiometria
Elasticidade Sísmico ou Sísmica

Condutividade térmica Térmico ou Termometria

Luminescência Da Luminescência

1. Método Gravimé
Gravimétrico

Introdução
As massas estão sob o efeito da atração mútua, regido pela LEI DE
NEWTON da gravitação. Mudanças laterais na densidade da Terra
produzem variações locais no valor do campo gravitacional terrestre (CGT)
que, ainda sendo pequenas, podem frequentemente ser detectadas,
permitindo deduções sobre a subsuperfície.

GRAVIMETRIA: Estudo das diminutas perturbações locais do CGT, geradas


pela distribuição de massa no subsolo (rochas de diferentes densidades).
-MATERIAIS MAIS DENSOS contribuem mais fortemente para o CGT do
que os MENOS DENSOS, quando se considera o mesmo volume e a
mesma profundidade para ambos os tipos de materiais.

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- Se os materiais apresentam a MESMA DENSIDADE, a contribuição maior
é daqueles mais próximos da superfície, se os materiais ocupam IGUAL
VOLUME, ou, se os materiais ocorrem à MESMA PROFUNDIDADE,
daqueles que perfazem o maior volume.

2. Mé
Método Magné
Magnético

Introdução
A rocha magnetiza-se de acordo com a sua susceptibilidade magnética,
que depende da quantidade e do modo de distribuição dos minerais
magnéticos presentes.

A concentração de minerais magnéticos produz distorções locais no


CMT, que podem ser detectadas e fornecem informações sobre a
subsuperfície.

MAGNETOMETRIA: Estuda as variações locais do CMT, derivadas da


existência, na superfície, de rochas contendo minerais com forte
susceptibilidade magnética (ex. magnetita, ilmenita e pirrotita).

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Figura. Pluma de contaminação gerada por resíduos urbanos, mapeada por métodos
geofísicos (V. R. Elis)

No caso de estudos ambientais, o


interesse não é por rochas, mas sim por
restos de materiais ferrosos e tambores
enterrados, que também causam
anomalias magnéticas. Tambores
enterrados com substâncias perigosas
(inclusive radioativas) constituem um
problema ambiental em países
desenvolvidos. A existência de tambores
enterrados com substâncias tóxicas pode
ser detectada com ensaio magnético.
Normalmente esses tambores são
fabricados com materiais ferrosos, e uma
vez que são enterrados a alguma
profundidade (alguns poucos metros)
agem como fonte de anomalia magnética.

Figura. Pluma de contaminação gerada por


resíduos urbanos, mapeada por métodos
geofísicos (V. R. Elis)

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Relações entre a Gravimetria e Magnetometria
-Campos físicos estão sempre presentes, com isso a subsuperfície não
necessita ser excitada para que se obtenha uma medida do campo físico.
-Obedecem à Teoria do Potencial e guardam semelhanças entre si.

3. Mé
Métodos Elé
Elétricos e Eletromagné
Eletromagnéticos

Introdução

O fluxo da corrente elétrica na superfície é governada primordialmente pela


condutividade elétrica das rochas ali presentes. A corrente elétrica pode ser
continua ou alternada (fenômenos puramente galvânicos ou indutivos), que
refletem a distribuição da condutividade da subsuperfície e a distribuição dos
materiais nela presentes.

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Métodos Elé
Elétricos
Fenômenos puramente galvânicos e utilizam corrente continua ou
alternada, mas de freqüência muito baixa (<10Hz), para que o fenômeno de
indução possa ser desprezado. A corrente pode ser introduzida no terreno a
través de otros eletrodos, trazendo informações sobre a superfície.

Métodos
-Potencial Espontâneo (SP): usa correntes naturais que podem aparecer
(ex. nas imediações de concentrações de minerais condutivos),
-Eletrorresistividade: correntes geradas artificialmente são aplicadas ao
terreno.
-Polarização Induzida (IP): igual que a Eletrorresistividade, mas a diferença
de potencial é medida após de cessada a corrente ou fazendo-se variar a
sua freqüência.

Resistividade

Potencial Espontâneo

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Métodos Eletromagné
Eletromagnéticos (EM)
Tem como base o fenômeno da indução. Uma corrente de baixa freqüência,
que pode circular numa bobina, inicia o processo de excitação da
subsuperfície a través do fenômeno de indução; condutores elétricos,
presentes no subsolo, provocam distorsões no CEM, detectáveis por meio de
uma outra bobina, que fornecem informações sobre os condutores que as
provocaram.
Podem fazer uso de fontes naturais, englobar efeitos galvânicos, etc.
Métodos mais usados: Slingram, VLF, Input e Magnetotelúrico.

4. Método Radiomé
Radiométrico

Introdução
Alguns isótopos de vários elementos desintegram-se espontaneamente
emitindo partículas e radiação EM que podem ser detectadas e permitir a
localização do material que as produziu. Este fenômeno é a radioatividade,
não é propriedade física, mas uma propriedade do núcleo atômico.

RADIOMETRIA: Estuda a distribuição de material radioativo nos materiais


terrestres, levando em consideração, a radiação EM emitida quando de sua
desintegração.

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Radioativo

5. Método Sí
Sísmico

Introdução

Rochas com diferentes elasticidades permitem a propagação de ondas com


velocidades diferentes e onde sua energia pode ser refletida ou refratada.
Conhecendo-se o tempo de trânsito das ondas em diferentes pontos bem
como a distância entre esses pontos, pode-se deduzir as velocidades de
propagação das ondas e a posição das interfaces que separam os meios
com diferentes valores de elasticidade.

SÍSMICA: Baseia-se na medição, em vários pontos, do tempo de trânsito


das ondas elásticas induzidas artificialmente, em geral nas imediações da
superfície do terreno.

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Técnicas
-Sísmica de Reflexão: ondas refletidas.
-Sísmica de Refração: ondas refratadas.

Reflexão

Refração

6. Método Té
Térmico

Introdução
A propagação do calor na Terra de origem interna (desintegrações
radioativas ou processos químicos e físicos de menor expressão) ou de
origem externa (energia radiante do Sol), depende da condutividade
térmica das rochas.
rochas

MÉTODO TÉRMICO: investiga, a través da medição de temperatura,


diferenças na propagação de calor, cuja origem remonta à existência, na
subsuperfície, de rochas com diferentes valores de condutividade térmica ou
de fontes de calor anômalo, o que permite a identificação e a delimitação de
ambas.

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7. Mé
Método de Luminescência

Introdução
Alguns minerais emitem luz independente de sua incandescência que é
produzida de diversas maneiras e é utilizada para identificar minerais que
exibem esta propriedade (luminescência ou fenômeno de natureza
eletromagnética).

MÉTODO DA LUMINESCÊNCIA: Detecção de emissão de luz por


minerais após a sua exposiç
exposição à luz ultravioleta (tipo de luminescência
conhecida como fluorescência) e é um método de extensão do método de
identificação dos minerais como o auxílio da lâmpada ultravioleta.

8. Perfilagem de Poç
Poço

Introdução

Usados principalmente na prospecção de petróleo e de água subterrânea.

Objetivo principal:

- determinação da profundidade e

- estimativa do volume da jazida de hidrocarboneto ou do aquífero.

Ferramentas: Sensores acoplados a sofisticados aparelhos eletrônicos. Eles


são introduzidos poço adentro, registrando, a cada profundidade, as diversas
informações relativas às características físicas das rochas e dos fluidos em
seus interstícios (poros).

As ferramentas utilizam diversas características e propriedades das rochas,


que podem ser elé
elétricas,
tricas nucleares ou acú
acústicas.
sticas

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•S. nucleares,
nucleares detecta-se a intensidade de radioatividade das rochas e dos
fluidos em seus poros, podendo-se inferir a composição mineralógica das
mesmas.

•S. acú
acústicas,
sticas ultra-sons são emitidos em uma ponta da ferramenta a
intervalos regulares e detectados em sensores na outra ponta. O tempo que
o sinal sonoro levou para percorrer esta distância fixa e conhecida (chamado
de tempo de trânsito) através da parede do poço (ou seja, pela rocha) é
medido e gravado no perfil.

O geofí
geofísico,
sico mais tarde, compara estes tempos de trânsito com os
tempos determinados em laboratório para rochas de composições
conhecidas, inferindo, desta maneira, as composições mineralógicas das
rochas atravessadas pelo poço e determinando suas profundidades.

Perfilagem de Poços

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APLICAÇÕES

•Prospecção de bens minerais,


-combustíveis fósseis,
-minerais-minério,
-água subterrânea,
•Prospecção Geotérmica,
•Construção Civil,
•Procura de materiais produzidos pelo homem,
•Proteção ambiental.

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ETAPAS DA PROSPECÇÃO GEOFÍSICA

-Estudos geofísicos preliminares,


-Preparação da área e da estratégia de medição,
-Medidas de campo,
-Apresentação dos dados,
-Tratamento dos dados e
-Interpretação dos resultados.

Estudos Geofísicos Preliminares


Os métodos geofísicos são utilizados segundo uma padronização, feita com
base em práticas passadas e outros fatores.
-Ex. rochas acamadas SÍSMICA
-Em áreas pequenas, resultados satisfatórios, mais rápidos e menos
dispendiosos ELETRORRESISTIVIDADE

Numa 1ª. etapa para que se possa efetuar a seleção do conjunto de


métodos geofísicos que poderá produzir os melhores resultados, são
estudados diferentes aspectos do problema:
-caracterização geológico-geofísica do alvo,
-propriedades físicas dos materiais,
-razão sinal/ruído e
-condições operacionais.

Caracterização geológico-geofísica do alvo


É a compreensão global do seu significado físico-geológico no ambiente em
que se encontra. Envolve o reconhecimento de relações espacial e temporal
do alvo com o meio, bem como a descrição de ambos quando à constituição e
origem e das condições ambientais.
A caracterização geológico-geofísica do alvo pode ser levantada a partir da
pesquisa bibliográfica, acompanhada da troca de idéias com membros da
equipe de Geologia, e deve incorporar todo o conjunto de informações
pertinentes que se torna disponível, com o avanço da campanha de
prospecção.

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Propriedades Físicas dos Materiais
Na prospecção geofísica, informações sobre a subsuperfície são procuradas nas
variações experimentadas por campos físicos ou ondas, provocadas por
descontinuidades nas PROPRIEDADES FÍSICAS dos materiais do terreno.

O critério básico para a seleção do conjunto de métodos geofísicos a ser


aplicado a uma certa área é a existência de CONTRASTE NAS
PROPRIEDADES FÍSICAS DA SUBSUPERFÍCIE.

O contraste nas propriedades físicas pode se referir:


-material sob investigação e à sua encaixante,
-material de ocorrência associada àquele sob investigação e à sua encaixante,
-as interferências de estruturas favoráveis à acumulação do material buscado,

Quando maior o contraste na propriedade considerada, mais clara será a


definição da interface geológica que o provocou.

O contraste nas propriedades físicas dos materiais da área pode ser avaliado de
modo objetivo quando essas propriedades são medidas.

As propriedades físicas dos materiais podem ser medidas IN SITU (resultados


mais realísticos, ex. em poços, paredes de furos de sondagem, afloramentos de
rocha, minas e outras exposições litológicas) ou em LABORATÓRIO (amostras
de picagem, de sondagem (testemunho)).

Razão Sinal/Ruído
As medidas geofísicas englobam efeitos de feições de interesse (SINAL (S)) e
efeitos indesejáveis (RUÍDOS (R)).
-Uma razão S/R BAIXA pode tornar proibitiva a aplicação da Geofísica, pois as
medidas se mostrarão como uma amálgama de efeitos indistinguíveis.
-Nas regiões tropicais, essa razão é raramente ALTA, em se tratando de alguns
métodos geofísicos (Elétricos e Eletromagnéticos).
OS ruídos podem ser: instrumentais, operacionais, do terreno, parasitários
(produzidos por ventos, campos naturais (tempestades magnéticas, correntes
telúricas, etc)) e obras humanas.

Condições operacionais
A seleção do conjunto de métodos geofísicos a ser utilizado na área sob estudo e
do modo de aplicação de cada método depende:
-contribuição para resolver o PROBLEMA DE PROSPECÇÃO,
-características da região,
-pessoal, equipamentos e medidas de segurança necessários.

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Medidas de campo
Devem ser obtidas o mais rápido e o mais preciso possível.
Devem exprimir variações de alguma grandeza física, como uma função da
DISTÂNCIA ou DO TEMPO.

-DOMÍNIO DO ESPAÇO medidas feitas em termos das variações com a


distância
-DOMÍNIO DO TEMPO medidas feitas em termos das variações temporais
-MEDIDAS DISCRETAS realizadas em pontos ou tempos pré-definidos (
levantamentos terrestres)
-MEDIDAS CONTINUAS medidas registradas continuamente ao longo de todo
um conjunto de perfis ou intervalos de tempo
-DOMÍNIO DA FREQUENCIA - medidas envolvendo a variação da freqüência
(equivalentes às medidas no DOMÍNIO DO TEMPO)

Registro das medidas


-Digital: usada para o registro da série de números que representam as medidas
DISCRETAS,
-Analógica: registro do fluxo contínuo da quantidade que constitui o sinal contínuo

Registro digital dos levantamentos terrestres conduzidos a pé é feito em folha de


papel padrão com linhas e colunas impressas, chamada CADERNETA DE
CAMPO (Figura)

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-MEDIDAS DIGITAIS E ANALÓGICAS levantamentos terrestres conduzidos
sobre o terreno com o auxílio de veículos, ao longo de furos de sondagem,
levantamentos aéreos e marinhos.

-Medidas analógicas registradas em fita ou disco magnético ou em papel

APRESENTAÇÃO DOS DADOS


Construção de perfis e mapas

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Tratamento (Redução ou Processamento) dos Dados

-É NECESSÁRIO para torná-los mais apropriados para a interpretação.

-Na etapa de tratamento de dados, as medidas de campo são, comumente,


referidas como dados de entrada (INPUT) e o resultado do processamento, como
dados de saída (OUTPUT).

-Operações de tratamento: discretização, transformação de domínio (modificam a


apresentação das medidas de campo), correção, filtragem e empilhamento
(melhoram a qualidade dos dados)

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Interpretação
A interpretação geofísica é o procedimento que permite a obtenção de
informação geológica a partir de medidas geofísicas.
Na interpretação 2 conceitos são importantes: ANOMALIA e MODELO.

Existem as interpretações: qualitativa e quantitativa.


Qualitativa exige pouca informação a priori, porém permite obterem-se
resultados menos completos.
Quantitativa é muito mais dependente de informação a priori, mas fornece os
resultados mais completos, sujeitos à veracidade de toda a informação a priori.

A interpretação tem sempre uma certa dose de SUBJETIVIDADE e o seu


sucesso depende enormemente da experiência do intérprete.

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Anomalias: Quando os EFEITOS A SEREM INTERPRETADOS mostram um
desvio significativo do EFEITO PADRÃO ESPERADO.

-Matematicamente, uma ANOMALIA A é:


Ai = Mi – Ei =
M=efeito medido (bruto ou tratado),
E=efeito esperado (bruto ou esperado, de acordo com M),
=desvio significativo mínimo entre M e E
i=diversos pontos de medidas no espaço, no tempo ou na freqüência

-Diferentes tipos de anomalia podem ser obtidos com um mesmo método.

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Modelo
Uma vez que as formas de ondas geofísicas
tenham sido processadas para maximizar o
sinal, este conteúdo deve ser extraído para
interpretação geológica.
Estratégias: Imageamento e Modelagem.

Imageamento: As próprias formas de onda


medidas são apresentadas de modo a simular
uma imagem da estrutura geológica.

Modelagem: O geofísico escolhe um tipo


particular de modelo estrutural de subsuperfície,
o qual é usado para prever as formas das ondas
reais registradas. A qualidade do ajuste
depende da razão s/n das formas de onda e da
escolha inicial do modelo usado.
Os resultados de MODELAGEM são, em geral,
apresentados como seções que cruzam a
estrutura investigada.

A MODELAGEM é parte essencial da maioria


dos modelos geofísicos

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