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AÇÃO URGENTE
APÓS TER COLEGA ASSASSINADO, LÍDER COMUNITÁRIO CORRE RISCO
DE VIDA
Flaviano Pinto Neto, líder da comunidade do Charco, no estado do Maranhão, foi
morto a tiros em 30 de outubro. Manoel Santana da Costa, outro líder da
comunidade, juntamente com mais de vinte outros membros, vem recebendo uma
série de ameaças de morte e agora teme por sua vida. No momento, Manoel
Santana da Costa encontra-se escondido e busca proteção policial.
A comunidade vem sofrendo ameaças devido a sua luta para ter suas terras reconhecidas
oficialmente como quilombo, contra os interesses dos poderosos fazendeiros locais. Apesar da
comunidade já existir há quase 200 anos, os moradores vêm sendo ameaçados com ordens de
despejo. Atualmente, a comunidade passa por processo administrativo e está em vias de obter o
reconhecimento oficial como comunidade quilombola, o que lhes daria garantia da posse da terra.
Manoel Santana da Costa, também conhecido como Manoel do Charco, é o tesoureiro e diretor do
sindicato dos trabalhadores rurais. Manoel, que teme por sua vida, encontra-se escondido e já pediu
proteção policial para si e outros membros da comunidade à Secretaria Estadual de Segurança
Pública. Embora o Programa Nacional de Defensores dos Direitos Humanos ainda não esteja
presente no Maranhão, Manoel poderia ser incluído no Programa através da sede nacional em
Brasília.
Em agosto de 2009, Manoel recebeu um telefonema anônimo perguntando se tinha medo de morrer
queimado (“tu não tem medo de morrer queimado?”) Poucos dias depois, o prédio da associação
comunitária foi incendiado. No mesmo ano, quando Manoel estava no Fórum da Comarca de São
Vicente Félix, reunindo informações sobre a situação da disputa de terras, ele recebeu outro
telefonema anônimo com a mesma pergunta.
AÇÃO URGENTE
APÓS TER COLEGA ASSASSINADO, LÍDER COMUNITÁRIO CORRE RISCO
DE VIDA
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Quilombos são assentamentos afro-brasileiros, estabelecidos no final do século XVI, em
áreas rurais afastadas do Brasil por escravos foragidos e alforriados que se opunham à
escravidão. A Constituição Brasileira de 1988 (Artigos 215 e 216) reconhece o direito das
comunidades afrodescendentes sobre as terras historicamente ocupadas pelos quilombos.
Em particular, o artigo 68 das Disposições Transitórias afirma que “aos remanescentes das
comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a
propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos”.
Em 2003, um novo decreto (n º 4887), promulgado pelo Presidente, fez várias alterações no
processo de titulação e tirou-o da competência da Fundação Cultural Palmares (FCP) –
subordinada ao Ministério da Cultura – e transferiu-o para Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (INCRA), no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Sob este
novo procedimento, o FCP tem apenas autoridade para emitir certificação de auto-
identificação aos quilombos, o que é um pré-requisito para iniciar o processo de titulação
nos termos do Decreto n º 4887.
Em outubro de 2009, o INCRA publicou a Instrução Normativa No. 57/2009 que estabelece
as várias etapas do procedimento administrativo para dar às comunidades remanescentes
de quilombos o título para suas terras, ou seja, identificação, reconhecimento, delimitação,
demarcação, a retirada dos ocupantes ilegais, emissão de título e registro das terras.
famílias, vem lutando há mais de 60 anos pelo seu direito à terra e tem sido
constantemente ameaçada com várias ordens de despejo. Em 2009, a comunidade iniciou
o processo administrativo para ter suas terras reconhecidas como remanescentes de
quilombo.