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Técnico – Apoio Técnico-Administrativo

Ética no Serviço Público

Profª Letícia Loureiro


Ética no Serviço Público

Professora Letícia Loureiro

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Edital

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO: 1 Ética e moral. 2 Ética, princípios e valores. 3 Ética e democracia:
exercício da cidadania. 4 Ética e função pública. 5 Ética no Setor Público. 5.1 Código de Ética
Profissional do Serviço Público (Decreto nº 1.171/1994).

BANCA: Cespe
CARGO: Técnico do MPU – Apoio Técnico-Administrativo – Administração

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Ética no Serviço Público

DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994

Aprova o Código de Ética Profissional do Servi- ANEXO


dor Público Civil do Poder Executivo Federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atri- Código de Ética Profissional do
buições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, Servidor Público Civil do Poder
e ainda tendo em vista o disposto no art. 37 da Executivo Federal
Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da
Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e nos
arts. 10, 11 e 12 da Lei nº 8.429, de 2 de junho CAPÍTULO I
de 1992,
Seção I
DECRETA: DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS
Art. 1º Fica aprovado o Código de Ética Profis- I – A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia
sional do Servidor Público Civil do Poder Execu- e a consciência dos princípios morais são
tivo Federal, que com este baixa. primados maiores que devem nortear o
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração servidor público, seja no exercício do car-
Pública Federal direta e indireta implementarão, go ou função, ou fora dele, já que refletirá
em sessenta dias, as providências necessárias à o exercício da vocação do próprio poder es-
plena vigência do Código de Ética, inclusive me- tatal. Seus atos, comportamentos e atitudes
diante a Constituição da respectiva Comissão de serão direcionados para a preservação da
Ética, integrada por três servidores ou emprega- honra e da tradição dos serviços públicos.
dos titulares de cargo efetivo ou emprego per- II – O servidor público não poderá jamais
manente. desprezar o elemento ético de sua conduta.
Parágrafo único. A constituição da Comis- Assim, não terá que decidir somente entre
são de Ética será comunicada à Secretaria o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o con-
da Administração Federal da Presidência da veniente e o inconveniente, o oportuno e
República, com a indicação dos respectivos o inoportuno, mas principalmente entre o
membros titulares e suplentes. honesto e o desonesto, consoante as regras
contidas no art. 37, caput, e § 4º, da Consti-
Art. 3º Este decreto entra em vigor na data de tuição Federal.
sua publicação.
III – A moralidade da Administração Públi-
Brasília, 22 de junho de 1994, 173º da Indepen- ca não se limita à distinção entre o bem e o
dência e 106º da República. mal, devendo ser acrescida da idéia de que
o fim é sempre o bem comum. O equilíbrio
ITAMAR FRANCO
entre a legalidade e a finalidade, na condu-
Romildo Canhim
ta do servidor público, é que poderá conso-
Este texto não substitui o publicado no DOU de lidar a moralidade do ato administrativo.
23.6.1994.

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IV – A remuneração do servidor público é dano moral. Da mesma forma, causar dano
custeada pelos tributos pagos direta ou in- a qualquer bem pertencente ao patrimô-
diretamente por todos, até por ele próprio, nio público, deteriorando-o, por descuido
e por isso se exige, como contrapartida, que ou má vontade, não constitui apenas uma
a moralidade administrativa se integre no ofensa ao equipamento e às instalações ou
Direito, como elemento indissociável de sua ao Estado, mas a todos os homens de boa
aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, vontade que dedicaram sua inteligência,
como conseqüência, em fator de legalidade. seu tempo, suas esperanças e seus esforços
para construí-los.
V – O trabalho desenvolvido pelo servidor
público perante a comunidade deve ser en- X – Deixar o servidor público qualquer pes-
tendido como acréscimo ao seu próprio soa à espera de solução que compete ao se-
bem-estar, já que, como cidadão, integrante tor em que exerça suas funções, permitindo
da sociedade, o êxito desse trabalho pode a formação de longas filas, ou qualquer ou-
ser considerado como seu maior patrimônio. tra espécie de atraso na prestação do ser-
viço, não caracteriza apenas atitude contra
VI – A função pública deve ser tida como a ética ou ato de desumanidade, mas prin-
exercício profissional e, portanto, se integra cipalmente grave dano moral aos usuários
na vida particular de cada servidor público. dos serviços públicos.
Assim, os fatos e atos verificados na condu-
ta do dia-a-dia em sua vida privada poderão XI – O servidor deve prestar toda a sua aten-
acrescer ou diminuir o seu bom conceito na ção às ordens legais de seus superiores, ve-
vida funcional. lando atentamente por seu cumprimento,
e, assim, evitando a conduta negligente. Os
VII – Salvo os casos de segurança nacional, repetidos erros, o descaso e o acúmulo de
investigações policiais ou interesse superior desvios tornam-se, às vezes, difíceis de cor-
do Estado e da Administração Pública, a se- rigir e caracterizam até mesmo imprudência
rem preservados em processo previamente no desempenho da função pública.
declarado sigiloso, nos termos da lei, a pu-
blicidade de qualquer ato administrativo XII – Toda ausência injustificada do servidor
constitui requisito de eficácia e moralidade, de seu local de trabalho é fator de desmo-
ensejando sua omissão comprometimen- ralização do serviço público, o que quase
to ético contra o bem comum, imputável a sempre conduz à desordem nas relações
quem a negar. humanas.
VIII – Toda pessoa tem direito à verdade. O XIII – O servidor que trabalha em harmonia
servidor não pode omiti-la ou falseá-la, ain- com a estrutura organizacional, respeitando
da que contrária aos interesses da própria seus colegas e cada concidadão, colabora
pessoa interessada ou da Administração e de todos pode receber colaboração, pois
Pública. Nenhum Estado pode crescer ou sua atividade pública é a grande oportuni-
estabilizar-se sobre o poder corruptivo do dade para o crescimento e o engrandeci-
hábito do erro, da opressão ou da mentira, mento da Nação.
que sempre aniquilam até mesmo a digni-
dade humana quanto mais a de uma Nação. Seção II
DOS PRINCIPAIS DEVERES
IX – A cortesia, a boa vontade, o cuidado e
o tempo dedicados ao serviço público ca- DO SERVIDOR PÚBLICO
racterizam o esforço pela disciplina. Tratar
XIV – São deveres fundamentais do servidor
mal uma pessoa que paga seus tributos di-
público:
reta ou indiretamente significa causar-lhe

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a) desempenhar, a tempo, as atribuições do rência de ações imorais, ilegais ou aéticas e


cargo, função ou emprego público de que denunciá-las;
seja titular;
j) zelar, no exercício do direito de greve, pe-
b) exercer suas atribuições com rapidez, las exigências específicas da defesa da vida
perfeição e rendimento, pondo fim ou pro- e da segurança coletiva;
curando prioritariamente resolver situações
procrastinatórias, principalmente diante de l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na
filas ou de qualquer outra espécie de atra- certeza de que sua ausência provoca danos
so na prestação dos serviços pelo setor em ao trabalho ordenado, refletindo negativa-
que exerça suas atribuições, com o fim de mente em todo o sistema;
evitar dano moral ao usuário; m) comunicar imediatamente a seus supe-
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstran- riores todo e qualquer ato ou fato contrário
do toda a integridade do seu caráter, esco- ao interesse público, exigindo as providên-
lhendo sempre, quando estiver diante de cias cabíveis;
duas opções, a melhor e a mais vantajosa n) manter limpo e em perfeita ordem o lo-
para o bem comum; cal de trabalho, seguindo os métodos mais
d) jamais retardar qualquer prestação de adequados à sua organização e distribuição;
contas, condição essencial da gestão dos o) participar dos movimentos e estudos que
bens, direitos e serviços da coletividade a se relacionem com a melhoria do exercício
seu cargo; de suas funções, tendo por escopo a realiza-
e) tratar cuidadosamente os usuários dos ção do bem comum;
serviços aperfeiçoando o processo de co- p) apresentar-se ao trabalho com vestimen-
municação e contato com o público; tas adequadas ao exercício da função;
f) ter consciência de que seu trabalho é re- q) manter-se atualizado com as instruções,
gido por princípios éticos que se materiali- as normas de serviço e a legislação perti-
zam na adequada prestação dos serviços nentes ao órgão onde exerce suas funções;
públicos;
r) cumprir, de acordo com as normas do ser-
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilida- viço e as instruções superiores, as tarefas de
de e atenção, respeitando a capacidade e as seu cargo ou função, tanto quanto possível,
limitações individuais de todos os usuários com critério, segurança e rapidez, manten-
do serviço público, sem qualquer espécie do tudo sempre em boa ordem.
de preconceito ou distinção de raça, sexo,
nacionalidade, cor, idade, religião, cunho s) facilitar a fiscalização de todos atos ou
político e posição social, abstendo-se, dessa serviços por quem de direito;
forma, de causar-lhes dano moral;
t) exercer com estrita moderação as prerro-
h) ter respeito à hierarquia, porém sem ne- gativas funcionais que lhe sejam atribuídas,
nhum temor de representar contra qual- abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos
quer comprometimento indevido da estru- legítimos interesses dos usuários do serviço
tura em que se funda o Poder Estatal; público e dos jurisdicionados administrativos;

i) resistir a todas as pressões de superiores u) abster-se, de forma absoluta, de exercer


hierárquicos, de contratantes, interessados sua função, poder ou autoridade com finali-
e outros que visem obter quaisquer favores, dade estranha ao interesse público, mesmo
benesses ou vantagens indevidas em decor- que observando as formalidades legais e não
cometendo qualquer violação expressa à lei;

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v) divulgar e informar a todos os integrantes i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que
da sua classe sobre a existência deste Códi- necessite do atendimento em serviços pú-
go de Ética, estimulando o seu integral cum- blicos;
primento.
j) desviar servidor público para atendimen-
Seção III to a interesse particular;
DAS VEDAÇÕES AO l) retirar da repartição pública, sem estar le-
SERVIDOR PÚBLICO galmente autorizado, qualquer documento,
livro ou bem pertencente ao patrimônio pú-
XV – E vedado ao servidor público; blico;
a) o uso do cargo ou função, facilidades, m) fazer uso de informações privilegiadas
amizades, tempo, posição e influências, obtidas no âmbito interno de seu serviço,
para obter qualquer favorecimento, para si em benefício próprio, de parentes, de ami-
ou para outrem; gos ou de terceiros;
b) prejudicar deliberadamente a reputação n) apresentar-se embriagado no serviço ou
de outros servidores ou de cidadãos que fora dele habitualmente;
deles dependam;
o) dar o seu concurso a qualquer instituição
c) ser, em função de seu espírito de solida- que atente contra a moral, a honestidade
riedade, conivente com erro ou infração a ou a dignidade da pessoa humana;
este Código de Ética ou ao Código de Ética
de sua profissão; p) exercer atividade profissional aética ou
ligar o seu nome a empreendimentos de
d) usar de artifícios para procrastinar ou cunho duvidoso.
dificultar o exercício regular de direito por
qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
ou material;
CAPÍTULO II
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e
científicos ao seu alcance ou do seu conhe- DAS COMISSÕES DE ÉTICA
cimento para atendimento do seu mister; XVI – Em todos os órgãos e entidades da
f) permitir que perseguições, simpatias, an- Administração Pública Federal direta, indi-
tipatias, caprichos, paixões ou interesses reta autárquica e fundacional, ou em qual-
de ordem pessoal interfiram no trato com quer órgão ou entidade que exerça atribui-
o público, com os jurisdicionados adminis- ções delegadas pelo poder público, deverá
trativos ou com colegas hierarquicamente ser criada uma Comissão de Ética, encarre-
superiores ou inferiores; gada de orientar e aconselhar sobre a éti-
ca profissional do servidor, no tratamento
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou com as pessoas e com o patrimônio público,
receber qualquer tipo de ajuda financeira, competindo-lhe conhecer concretamente
gratificação, prêmio, comissão, doação ou de imputação ou de procedimento suscep-
vantagem de qualquer espécie, para si, fa- tível de censura.
miliares ou qualquer pessoa, para o cum-
primento da sua missão ou para influenciar XVII -- Cada Comissão de Ética, integrada
outro servidor para o mesmo fim; por três servidores públicos e respectivos
suplentes, poderá instaurar, de ofício, pro-
h) alterar ou deturpar o teor de documen- cesso sobre ato, fato ou conduta que con-
tos que deva encaminhar para providências; siderar passível de infringência a princípio

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ou norma ético-profissional, podendo ainda XXI – As decisões da Comissão de Ética, na


conhecer de consultas, denúncias ou repre- análise de qualquer fato ou ato submetido à
sentações formuladas contra o servidor pú- sua apreciação ou por ela levantado, serão
blico, a repartição ou o setor em que haja resumidas em ementa e, com a omissão dos
ocorrido a falta, cuja análise e deliberação nomes dos interessados, divulgadas no pró-
forem recomendáveis para atender ou res- prio órgão, bem como remetidas às demais
guardar o exercício do cargo ou função Comissões de Ética, criadas com o fito de
pública, desde que formuladas por autori- formação da consciência ética na prestação
dade, servidor, jurisdicionados administrati- de serviços públicos. Uma cópia completa
vos, qualquer cidadão que se identifique ou de todo o expediente deverá ser remetida à
quaisquer entidades associativas regular- Secretaria da Administração Federal da Pre-
mente constituídas. (Revogado pelo Decre- sidência da República. (Revogado pelo De-
to nº 6.029, de 2007) creto nº 6.029, de 2007)
XVIII – À Comissão de Ética incumbe forne- XXII – A pena aplicável ao servidor público
cer, aos organismos encarregados da execu- pela Comissão de Ética é a de censura e sua
ção do quadro de carreira dos servidores, fundamentação constará do respectivo pa-
os registros sobre sua conduta ética, para o recer, assinado por todos os seus integran-
efeito de instruir e fundamentar promoções tes, com ciência do faltoso.
e para todos os demais procedimentos pró-
prios da carreira do servidor público. XXIII – A Comissão de Ética não poderá se
eximir de fundamentar o julgamento da fal-
XIX – Os procedimentos a serem adotados ta de ética do servidor público ou do pres-
pela Comissão de Ética, para a apuração de tador de serviços contratado, alegando a
fato ou ato que, em princípio, se apresen- falta de previsão neste Código, cabendo-
te contrário à ética, em conformidade com -lhe recorrer à analogia, aos costumes e aos
este Código, terão o rito sumário, ouvidos princípios éticos e morais conhecidos em
apenas o queixoso e o servidor, ou apenas outras profissões; (Revogado pelo Decreto
este, se a apuração decorrer de conheci- nº 6.029, de 2007)
mento de ofício, cabendo sempre recurso
ao respectivo Ministro de Estado. (Revoga- XXIV – Para fins de apuração do compro-
do pelo Decreto nº 6.029, de 2007) metimento ético, entende-se por servidor
público todo aquele que, por força de lei,
XX – Dada a eventual gravidade da condu- contrato ou de qualquer ato jurídico, preste
ta do servidor ou sua reincidência, poderá serviços de natureza permanente, temporá-
a Comissão de Ética encaminhar a sua deci- ria ou excepcional, ainda que sem retribui-
são e respectivo expediente para a Comis- ção financeira, desde que ligado direta ou
são Permanente de Processo Disciplinar do indiretamente a qualquer órgão do poder
respectivo órgão, se houver, e, cumulativa- estatal, como as autarquias, as fundações
mente, se for o caso, à entidade em que, públicas, as entidades paraestatais, as em-
por exercício profissional, o servidor público presas públicas e as sociedades de econo-
esteja inscrito, para as providências disci- mia mista, ou em qualquer setor onde pre-
plinares cabíveis. O retardamento dos pro- valeça o interesse do Estado.
cedimentos aqui prescritos implicará com-
prometimento ético da própria Comissão, XXV – Em cada órgão do Poder Executivo
cabendo à Comissão de Ética do órgão hie- Federal em que qualquer cidadão houver
rarquicamente superior o seu conhecimen- de tomar posse ou ser investido em fun-
to e providências. (Revogado pelo Decreto ção pública, deverá ser prestado, perante a
nº 6.029, de 2007) respectiva Comissão de Ética, um compro-
misso solene de acatamento e observância

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das regras estabelecidas por este Código
de Ética e de todos os princípios éticos e
morais estabelecidos pela tradição e pelos
bons costumes. (Revogado pelo Decreto nº
6.029, de 2007)

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