Você está na página 1de 1

Home Naufrágios no Brasil Naufrágios no Mundo Arqueologia Subaquática Resgate de Tesouros Mergulho em Naufrágios Vídeos Loja

SUBMARINOS ALEMÃES NAUFRAGADOS NO BRASIL

Muito já foi e será escrito sobre a 2a. Guerra Mundial no Atlântico Sul, este artigo é um breve histórico sobre os submarinos alemães que foram
naufragados ao largo de nossa costa.

Dos 1.168 submarinos alemães que combateram durante a 2a. Guerra Mundial pouco mais de 150 foram os que singraram nossas águas e alguns aqui
permanecem até hoje.

Os motivos:

Tendo o Canal de Suez bloqueado para suas embarcações e com a necessidade de ir buscar no Oriente matérias primas vitais tal como a borracha e o
estanho, que vinham da Malásia, durante a 2a. Grande Guerra alemães e italianos utilizaram o Oceano Atlântico como via para manter sua indústria
armamentista.

Inicialmente foram seus cruzadores e grandes navios de carga que realizaram a longa viagem pelo Atlântico e Índico. Como o risco de perda de
embarcações com grande potencial bélico, se tornou elevado devido aos bloqueios realizados pelos aliados, passaram a utilizar submarinos e os
furadores de bloqueio, embarcações armadas e disfarçadas em mercantes, neutros ou aliados.

Para tentar frear este afluxo de matéria prima ao Eixo fortaleceu-se a “Cintura do Atlântico”. A Cintura do Atlântico é o trecho mais estreito entre a América
do Sul e a África, mais precisamente a linha reta que vai de Natal à Dacar com uma extensão de 1.700 milhas. Para que isso ocorresse deveriam ser
instaladas bases no Brasil fato que se iniciou em meados de junho de 1941 quando da chegada da “Task-Force 3” e da liberação dos portos de Recife e
Salvador para uso da marinha americana..

Da mesma forma que os Aliados, o Eixo desejava interromper o envio de matérias primas para os Estados Unidos e o envio de suprimentos para a Grã
Bretanha, iniciando assim o ataque à embarcações mercantes que navegassem pelo Atlântico.

O início das hostilidades:

O Brasil vem a romper relações com o Pacto Tripartido (Alemanha, Itália e Japão) apenas em 28 de Janeiro de 1942, o que o colocou, segundo as
palavras do Embaixador da Alemanha Sr. Pruefer, “em estado de guerra latente” com o Eixo.

Neste momento navios brasileiros passam a ser atacados ao largo da costa americana e no Caribe , os primeiros foram: O Cabedelo que desaparece
depois de partir dos Estados Unidos em 14.02.1942; Buarque e Olinda (em 14 e 18.02.42, respectivamente); Arabutan (07.03.42); Cairú (08.03.42);
Parnaíba (01.05.42).O primeiro ataque efetuado em águas nacionais foi o do Comandante Lira realizado pelo submarino italiano Barbarigo que, no
entanto, não o conseguiu afundar. Devido a estes e outros ataques contra nossa marinha mercante, o Brasil vem a romper relações com o Eixo em
31.08.42.

Os submarinos:

Muitas foram as evoluções por que passaram os submarinos para que fossem construídos modelos que pudessem ficar longos períodos patrulhando os
mares em busca de alvos sem a necessidade de retornar às bases na Europa para reabastecer combustível e armamentos.

Os modelos que mais estiveram presentes em nossas costas foram:

TIPO Deslocamento Velocidade Medidas Armas Tripulação

( toneladas ) ( nós ) (C / B / A em m.)

1.120 sup 18,3 sup 22 T

IX C 1.232 sub 7,3 sub 76,76 / 6,76 / 9,40 44 M 48 - 56

1.540 total

769 sup 17,7 sup 14 T

VII C 871 sub 7,6 sub 67,10 / 6,20 / 9,60 26 M 44 - 52

1.070 total

1.610 sup 20,8 sup 24 T

IX D2 1.611 sub 6,9 sub 87,58 / 7,50 / 10,20 44 M 55 - 63

2.150 total

Legenda:

sup = na superfície sub = submerso

C = comprimento B = boca A = altura

T = torpedos M = minas

Para ver ilustrações dos pos que foram afundados no Brasil, CLIQUE AQUI.

Foram também auxiliados no reabastecimento pelas Milchkuw (“Vacas Leiteiras” submarinos adaptados ao transporte de combustível e armamentos) e
pelas embarcações mercantes armadas e disfarçadas.

Nossas defesas:

Além do sistema de “comboios”, do armamento colocado nos navios mercantes, foi criada a Força do Atlântico Sul, com sede em Recife, bases de apoio
em Natal e Fernando de Noronha, além de outras bases costeiras. Os patrulhamentos aéreos começaram a ser mais efetivos no final de Dezembro de
1942, com grupos de 6 a 8 aviões americanos e da FAB partindo de nossas bases e a varredura naval foi reforçada com a presença de embarcações
americanas.

Estes patrulhamentos aliados à decifração de códigos permitiu que resultados fossem rapidamente colhidos. Vários foram os submarinos afundados no
Atlântico Sul mas aqui estão relacionados os que se encontram mais próximo às nossas costas.

NOME TIPO LOCAL DE CONSTRUÇÃO COMANDANTE SUCESSOS DATA DO


NAUFRÁGIO
NAVIOS/ TON.

U-164 IXC Seebeck yard, Bremen Cap. De Corveta 3 / 8.133 06.01.43

Otto Fexhner
U-128 IXC AG Weser, Bremen Tenente Comandante 12 / 83.639 17.05.43

Hermann Steinert
U-590 VIIC Blohm & Voss, Hamburg Tenente de Marinha 1 / 5.228 09.07.43

Werner Krüer
U-513 IXC Deutsche Werft, Hamburg Tenente Comandante 6 / 29.940 19.07.43

FriedrichGuggenberger
U-662 VIIC Howaldtswerke, Hamburg Tenente de Marinha 3 / 18.094 21.07.43

Heinz-Eberhard Müller
U-598 VIIC Blohm & Voss, Hamburg Tenente Comandante 2 / 9.295 23.07.43

Gottfried Holtorf
U-199 IXD2 AG Weser, Bremen Tenente Comandante 14 / 87.388 31.07.43

Hans-Werner Kraus
U-591 VIIC Blohm & Voss, Hamburg Tenente de Marinha 5 / 23.960 31.07.43

Raimar Ziesmer
U-161 IXC Seebeck yard, Bremen Tenente Comandante 19 / 100.054 27.09.43

Albercht Achilles
65 / 365.731

Posições de Latitude e Longitude aproximadas, de acordo com relatórios da Marinha Americana.

A quantidade de submarinos afundados aqui apresentada pode ser considerada pequena mas este grupo de 9 submarinos conseguiu afundar uma
quantidade expressiva de embarcações, fora as que apenas avariaram sem conseguir naufragá-las.

Ao ver o Quadro 2 podemos notar que, no conjunto, afundaram 65 embarcações, com uma tonelagem total de 365.731, o que representa, se comparado
com as embarcações brasileiras perdidas ( 33 / 138.970 ), quase o dobro de navios e mais que o dobro de sua tonelagem bruta.

Destes submarinos, até o momento, desconheço algum que tenha sido encontrado, apesar de boatos de que o U - 199 esteja recebendo a visita de
alguns mergulhadores e de que mais dois não registrados como afundados em combate tenham sido identificados. O U-199 e o U-513 são os que
apresentam maiores possibilidades de serem encontrados, seja pela distância da costa bem como pela profundidade em que possivelmente se
encontram.

Para saber mais:

Duarte, P.Q. - Dias de Guerra no Atlântico Sul - BIBLIEX - RJ - Jun/Jul 1968.

Saldanha da Gama, A.O. - A Marinha do Brasil na 2a. Guerra Mundial - CAPEMI - RJ - 1982.

Saldanha da Gama, A.O / Martins, H.L.. - A Marinha do Brasil na 2a. Guerra Mundial in “História Naval Brasileira” - Quinto volume - Tomo II - SDGM - RJ - 1985.

A Marinha Brasileira e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) in “Subsídios para a História Marítima do Brasil” - Vol XII - SDGM - Imprensa Naval - 1953.

Morison, S.E. - History of U.S. Naval Operations in World War II - Vol. X - Little, Brown and Co. - Boston - 1957.

Você também pode gostar