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A poucos dias, ouvi de um homem simples: “quem dá as costas a Deus,

caminha na sombra”. É uma imagem bem exata, se entendermos Deus


como um foco de luz; e a sombra como as fronteiras de minhas
limitações. Mas mesmos minhas limitações dão testemunho de um foco
de luz ilimitado.

Em outras palavras: minhas frustações dão testemunho dos ideais que


me animam. Algumas pessoas dizem que a fórmula da felicidade é
eliminar todas as expectativas, de modo a que nada mais possa causar
decepção. Não é difícil perceber a lógica que anima esse sumo um tanto
mórbido da vida: a decepção e o sofrimento atrelado a ela têm sua raiz
em uma expectativa que se nutriu e não se realizou. Solução: eliminemos
todas as expectativas, de modo a eliminar toda a possibilidade de
sofrimento.

Parece uma solução razoável, mas será possível? Será possível arrancar
do homem todo o lastro de expectativa? Não será constitutivo do homem
que espere algo do futuro? Não será condição fundamental de sua saúde
interior que esteja voltado a algo que ainda não foi concretizado em sua
vida? Algo que ainda não é?

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