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A CIDADE PRÉ-INDUSTRIAl.

COMO CENTRO DE INFO çÃO -

E COMUNICA AO
Peter Burke

"w cIIé esl!Dl espace d'/njonnatkm Ou les Manuel Castells, por o.'Cmplo, aUlOr de
bablUlnls s'orga,,1senJ pour mle,V( saoolr, um eslUdo = te de sociologi:l wbana,
pou,. défalre le secrel /enu par te rol
fuIa da "ddade irúonnadonal" da déclda
el la IOOnarcble.
de 1980.2
"

(Fargc 1992,289)
CasleUs comrasla dramalicamenle
presen te e passad o. Mas nio devemos
esquecei que, na primeira (1SC da im­
ornou-se hoje lu�<ornum afirmar prensa, aproximadamente de 1450 a
.
que VIvemos em uma "sociedad e da 1800, de GUlenberg ao surgimenlO da
irúonnaÇio" ou em uma sociedade pós-in­ imprulS3 a Y.lpor, as cidades já eram
duslrial cuja Insc se deslocou, gr.tÇlS ao imporranles no processo de comunica­
surgimenlO da romunic:tÇio eletrônica, do ção. Inve=mente, as aLividades relacio­
"modo de produção" para o "modo de nadas com a comunicação (para nio cha­
irúonnação".1 Talvez seja de alguma utili­ má-las de "indúslCia da comunicação")
dade, nesta sociedade, eslUdar em peno­ foram fundamenrais para o crescimento
dos mais remolOS a irúonnação, suarolera, e a prosperidade de algumas cidades.
regislro, recuperação, disseminação e Nos primórdios da Europa moderna,
ocuh:unenlO. Talvez seja útil até mesmo os principais cenlrOS de infollllação e c0-
ver o pa=do, romo furem alguns soci6Io­ municação eram um punhado de grandes
gos, em termos de surgimenlO, predomi­ cidades, noradameme VenC2!l. Roma,
nância e declínio de difClCllleS sistem1S de Amsterdã, Paris e Londres. Por "grandes"
. .
comunlC::açao, OraJS, escnlOS ou unpressos. cidades entendo aquebs com popubção
. - .

E quando se aborda o paSSldo dessa ma­ de cem mil habiL-m1eS ou m'lÍS, um grupo
neira, há muilO que dizer sobre as cidades. que se expandiu de no máximo cinco na

Nota: ESI2 Ir:aduçio � de Fnncisco de:: Casll'O Aze\.'edo.

Estudos lli.slórlcos. Rio deJ:meLro. wl. 8, d° 16, 1995. p. 193-203.


194 ESTIIlOS HIITÓiKOI 1!!l/1I
-

Europa em 1500 para pelo JUenos 25 em mudanças da microgeografia da comuni­


1800, época em que Londres se aproxima­ cação oral e também do surgimento de
va da marca de um milbilo. novas instiruições que a sustentam e es­
Este ensaio especulativo in concen­ llUlUram.

uar.se nas cloro cidades mendonad1s. Naruralmente, houve também conti­


)lessaltlrá mais as tendências comuns do nuidades. A comunicação oral oficial, via
que as variações ou contrastes locais en­ proclamação ou púlpito, p ellllaneceu
tre cidades portuárias e capitais, cidades importante.3 Locais particulares eram co­
do norte e do sul, católicas e protestantes nhecidos como centros de comunicação.
elC. A escolha de grandes cidades nilo Já foi dito, por exemplo, que o "mais
significa que nilo tenham ocorrido mu­ importante veículo de persuasão" em­
danças expressivas na informação em ou­ pregado pelo governo inglês n o penodo
uns lugares. A razão p:ua focalizá-las eslá t adro da
simplesmente no fiuo de que nelas se el
��� � ;��� �!�� �!, 4
encontra um volume maior de informa­ As tavernas e barbearias continuaram
ção e uma v.uiedade mais ampla de ins­ a funcionar como centros de informação
tituições espceblizachs em sua difusão. locais para os homens, como o salão
O artigo divide-se em três partes, que mantido pelo poeta-harbeíro BurchieUo
tratam respectivamente da difusilo da in­ na Florença do século XV. As fontes pú­
formação no interior da cidade, da cid1de blicas desempenhavam as mesm:lS fun­
como sujeito de comunicação e da fun­ ções para as mulheres, enquanto as pra­
ção de mediação da cidade nos sistem:lS ças eram acessíveis a ambos os sexos.
inlemacionais de comunicações. Como o suq do Oriente Médio, os mer­
cados das principais cidades européias
também devem ser vistos como centros
de informação.5 Havia locais centrais
1. A eomunlea�ão no Inl.rlor oIa para o intercâmbio de notícias em todas
elolaol. as cidades importantes. E m Venel:), por
exemplo, havia o Ri.a110 para as notícias
O ponto de partida será uma espécie econômicas e a Piava San Marco para
de inventário dos recursos inform:\(:io­ notídas políticas.
nais urbanos, a começar pela palavra O crescimento das cidades européias
oral. As cidades há muito foram associa­ entre 1500 e 1800 criou condições excep­
chs com a capacidade de ler e escrever, cionais para a disseminação das noúcÕás
m:lS eu gostaria de lembrar que a comu­ orais. A medida que as COrles, que sempre
,

nicação oral predominou nos primór­ foram centros de fofocas, se estabeleciam


dios da cidade moderna. Pode-se pensar ors(:Cfltemente nas capitais - Londres,

que, mesmo sendo verdadeira, esta afir­ Paris (Versalhes inclusive), Mact,i, Viena
mação nâo é histodcamenle relevanle, elC. - as infOl1l1aÇÕ<S políticas passavam a
no sentido de que boatos e fofocas são serca.na1jzadas para as cidades com major
impermeáveis à história, pois podem ser rapidez do que no paSS-1do .
encontrados em todos os lugares e em Esta foi tahez a razão da importância
todos os lempos, enquanto os historia­ dos upânicos morais", nos quais temores
dores se interessam pela mudança ao coletivos se cristalizavam sob a forma de
longo do tempo em sociedades especifi­ boalOS, como o da "conspiração papal"
cas. Mas o ponto que eu gOSL'lria para assassinar O rei Carlos n (1678) ou
enfuizar é que os boatos e as fofocas de que se raptavam crianças em Paris
mudam ao longo do lempo em rarlo das (1750). É provável que histórias desse
A OOADE Pi!·INDUST1Lll 195

tipO aenham sido contldas com úeqüên­ do Oriente Médio e, mais imediatamen­
da, mas raramente foramamplificadas de te, da IonJa, que foi o pon to de encontro
maneira tão r.ípida como eram �
ora, de mercadores no final da idade Méd"
pelas redes de uma grande cidade. na Espanha.
Uma mud10ça mais visível neste pe­ Outro fenômeno importante do pe­
riodo foi o aparecimento de v.irios espe­ .
riodo foi o to dos cafés. Não
cialistlS em tipos pactio11aIe; de comuni.­ se tratava, evidentemente, de uma in\lCO"
cação oral. EnIlC eles se incluíam OS cor­ ção européia, mas da adaptação ao modo
retores de bolsas de wlores; os guias de vida ocidental de uma instituição que
profissionais ou cIceron/, que mostra­ se difundiu no Oriente Médio no século
Y.UD Roma, VeoeZ1I ou Paris aos visitan tes; XV1.9 Essa adaptação parece ter-se inicia­
os cantores de baladas (e vendedores de do em VeneM, mas logo espalhou-se pela
baladas) que perambulavam pela cidade Europa inteira. O primeiro café de que se
ou se concentravam em dete rminados teu. noúeia em londres abriu em 1651,
locais, como o Poot-Neuf em Paris; e os e o primeiro de Paris em 1672. Em 1700,
"mensageiros" das ruas que anundav.un porém, o número desses estabelecimen­
serviços dandestinos de casamento na tos em Londres já beirava OS três mil.
Londres do século XVIII 7
O café de Covent Garden, freqüenta­
A emergência desses grupos profissio­
do pelo poeta inglês John Oryden e seus
nais eSI:í associada ao surgimento de vá­
colcgns intelectuais (os w/ts, como se
rias novas instituições de comunicação
chamavam na época), era uma espécie de
oral. Os historiadores da cultura pensa­
rão naturalmente no surgimento de aca­
salão para homens, e observação St'iIle·
Ihante cal><! em relação a alguns dos du­
demias, circulas literários e salens. Algu­
bes londrinos do século XVIII, como o
mas dessas reuniões (ea1iz;Jvarn-se eUl
que uniu o Or. Johnson com Reynolds,
tavemas - na Paris do século xvn, por
Goldsmith, Sheridan e outros. Esses gru­
exemplo, Saint-Aman e outros poetas
pos proporcionavam um uespaço" ou
boêmios encontravam--se na "Pomme de
uesfera" para discussões políticas, rumo
Pin". Outras aconteciam em casas parti­
foi sugerido por Jürgen Habermas num
culares, como os famosos salens pari­
estudo dás<ico sobre O tema e, no con­
sienses olg;1nizados por grandes dames,
texto da Paris do século XVIII, por Arleue
como a ntarquesa de RambouilJet, cujo
Farge, que atribui mais ênfuse que Haber-
circu lo incluía o poeta Malherbe, o dra­ . - Ií' 10
mas à partlCipaçao po loca popuI ar.
.

maturgo Picue Comeille, o morn1isula


Rochefoucauld e a rom.1Ocista Também não se pode esquecer a co­
Madeleine de Scudéry.8 O êxito dessas municação visual. Basta pensar, por
instituições deveu-se ao aumento da con­ exemplo, nas pinturas das igrejas calóli­
centração de talentos literários na cidade, cas, que ainda eram "a bíblia dos p0-
trazidos pelo crescimento utoono e pela bres"; ou na sinalização das lojas, que
transformação das cidades em lugares da possibilil3vamaos 31lalf,betos se orienta­
moda habitldos pela nob ..,,,, pelo me­ rem na selva urbana; ou nas pinturas dos
nos durante parte do ano. edificios públicos it:1lianos, como as c0-
Outra instituição nova que contribuiu nhecidas pttture Infamant/, que retrata­
para tipos particulares de comunicação vam traidores ou fulidos e p:ueciarn de­
oral foi a bolsa de wlores - em Antuérpia sempenhar o duplo papel de instrumen­
(antiga bolsa em 1515, nova bolsa em tos de opróbrio e de meio de difundir
1531), Amsterdã, Londres etc. -, que se informação (como os modemos cana:res
desenvolveu a partir da tradição do suq "procura_se'').11
196

As cidades também eram importantes mas também das bibliolecas Sapien:m,


como leatros de comunicação multinú­ �? "l}
elica, do CoU io Romano, dos Agos­
dia, especialmente de rituais, religiosos tinJaOos e outras.
ou ávicos (procissões, entrad3s reais Para o restante da população a1L"lbeti­
ele.), e das atividades relacionadas com lada, folhear livros nas bancas dos livrei­
esses rituais (fogueiras, fonteS jonando ros era wvez a maneira m1is eficaz de
vinho eoc.). A principal mudança desse conseguir as informações que desejava.
periodo, e c ertamente de grande impor­ Algumas das grandes cidades, de Ve n<"I
lância, foi a substilUição das ruas, praças a Amsterdã, contavam com noúveis con­
e igrejas como principais locais de repre­ centrações de livreiros. Em geral, dispu­
sentações dramáuclS por conslIUções nham de um quarteirão onde viviam os
em geral proj etadas especificamente imp ressores e onde a informação impres­
para esta finalidade, permanenteS e c0- sa era mais rapidamente colOClda à dis­
bertas. Entre elas eslão os teatros comer­ posição do público do que em qualquer
ciais de Londres e Madri do final do outro lugar - em Londres, o adro da
século XVI, os teatros líricos da Veneza catedral de SL Paul, o Tcmple B:or e o
do século XVII, as salas de concerlO e os Royal Exchange; em Paris, o Palais-Royal,
circos da Paris do século XVIII ele. as Tuileries, o Luxembourg, o Arsenal e
O surgimento dessas instiluições, há o claustro dos agostinianos.
muito estudadas pelos historiadores do Os jornais eram naturalmente produ­
espeúculo mas não pelos historiadores zidos nas cidades e colocados à disposi­
urbanos, certamente estava relacionado ção de seus babitantes enquanto as nOIÍ­
com o aumento de tamanho de certas cias eslavam ainda frescas. Roma teve
cidades, que permitiu que atores, canto- seus avvisi a partir do século XVL A
les e outros arustas pe('l]l3ll ecesscrn no Gamtte de I'.tris d�ta do início do século

mesmo lugar e ainda assim pudessem XVIL Amsterdâ tomou-se um centro de


represen tar para públicos diferenteS t0- produção de jornais a partir do início do
das as noites. Em Londres, por exemplo, século XVII, nâo apenas para seus cida­
sabe-se que 27 espeúculos foram repre­ dãos, mas rambém para exportaçi"oo. lon­
sentados em 1600 e 24 em 1700, o que dres começou mais tarde, mas depois da
dava aos aficcionados a oportunidade de prescrição da lei de licenciamento assu­
as<istirem a dois noros espeláculos por miu a liderança e, por volL� de 1712, tinha
mês. pelo menos 20 jornais concorrentes - em
Todavia, a maioria das mensagens des­ geral, uma única folha que saía uma vez
tinadas aos olhos apresentava-se na for­ por semana.
ma escrita ou impressa. Os doutos sen­ As tavernas e, em grnu maior, os cafés,
I.Í:lm que era cada vez mais importante umbém eram centros informais de co­
viver nas grandes cidades para poderem municação multinúdia, no sentido de
realizar pesquisas sérias, pois era impos.­ que podemos encontrar a cultura im­
sível alguém reunir condições para com­ e a cultura oral interagindo nesses
prar todos OS livros que eram agora pu­ meios. Carlazes com as letras dos balados
blicados, mesmo a respeito de um único eram afixados nas paredes du uvernas
tema. As bibliote0ls públõeas ou semipú­ para ajudar os fregueses a se lembrarem
blicas eram fonteS de informação con­ delas - o karaokê do século XVIL Jornais
centradas em cidades como Roma, Vene­ podiam ser vendidos nos cafés. O Eve­
Zi, F1Olença, Paris e Londres. No século nlng Post, por exemplo, fund�do em
XVII Roma, por exemplo, orgulhava-se 1706, podia ser comprado em cafés lon­
não apenas da Biblioteca do Vaticano, drinos como o WiU's, em Covent Garden,
A (IDADE pil·INDUSTilAl. 197

e o Tom's, ao lado do Temp1e Bar. Os doge I.eonaroo Loredan a6""d o no início


próprios cafés assinavam jornais, inclusi­ do século XVI o desenh o do doge e de
-

ve alguns de Paris e Amsterdã, e podiam seu filho com um balão de fala em que se
ficar com aré cinco exemplares do lon­ !.ia: "Pouco impona, desde que eu conli­
don Gamtte. Foi extre mamente apro­ nue engordando, eu e meu filho Loieo­
priado que o jornal do iluminismo mila­ zo." Na Itália, OS grafites políticos eram
nês, iniciado em 1764 e associad o aos lão comuns nas grandes cidades (e tão
nomes de Beccaria e dos innão s Vem. Íteqüentemente registrados em periódi­
tivesse se chamado 11 Caffo . . cos e cronirns) que se poderia >'irtual­
Apc5'lr do problema óbvio de medição, J6
mente b asear umabis ria política dessas
é difieil resistir à impressão de que a quan­ cidades nessa foo te!
tidade de mensagens escritaS ou imp,es Ou tras cidad es tinham os seus equiw­
sas nas ck1ad es aumentou no período, lentes da Pi3la Pasquino. E m Paris pelo
,

tomando o ambiente UIDanO ainda mais menos por um curto periodo, o pedestal
'inóspito para os analE1he tos que antes. da estátua de Luís XIV na Place des Vic­
(Um ocidental perdido em Tóquio talvez lOires foi o lugar preferido dos grafiteiros
esteja em condição de imagin ar OS efeitos subversivos, até que as autoridad es cer­
da consciência de que mensagens impo r­ casse m a eslitua com uma gude. Em
tantes estão sendo comunkad3s, combi­ Londres, a porta de SI. Paul foi o local
nada com a total incapacidade de deco<li­ favorito para a aftx'3çi.o de "denúncias",
ficá-Ias.) As nOlÍcias 06ciais mullÍplicavam­ notldamente critirns à Igreja, desde a
se nas esquinas cIas n!3S ou nas portaS cIas época dos lolardos até a Reforma; em
igrejas. Em Londres, a partir de cerca de 1555, por exemplo, um contemporâneo
1600, cart.1?eS coJOCldos nas n13sanuncia­ descrevia IIdenúncias... vituperando ... o
vam peças teatrais. Os nomes cIas ruas sacramento". Comenlirios políticos, Cl)­
passaram a ser escritos com freqüência mo ataques ao cardeal Wolsey, eram pre­
cada vez maior nas pared es. Os números gados no mesmo locaI.15 Boletins infor­
das casas tomaram.se Clda vez mais c0- malhos manuscritos, mais diretoS em
muns em Paris, Londres e em outros luga­ seus comen tários que os impressos,
res, especia1men te no século XVIII. 13 eram veodidos em determin ados locais,
como certos cafés de Paris no século
As cidades podiam cootar ainda com
XVIII E, registre-se uma vez mais, nas
locais particulares tradicionalmente, em­
grandes cidades bavia locais onde era
bora não oficialmente, associados à c0-
possível encontrar livros proibidos.
municação clandestina. Em Londres, por
exemplo, um dos locais preferidos para
convers.1S confidenciais era o "Paul's
WaIk", ou seja, a nave lateral da antiga 2. A cidade como sujeito
caledral de St Paul. l'-.llõl comunicaçõe s da comunlca�ão
escritaS, o local mais famoso foi segura­
mente a praça de Roma boje conhecida Na descrição do "surgimento". da "di­
como phWJ Pasquino, onde comentá­ fusão" e do "aumento" dos diferentes
rios mordaze s contra o governo eram tipos de informoção. é muito fícll adow
colados em uma eslitua clássica mutila­ O que se pode chamar de 10m "triunfuljs.
da. Mas essas "pasquinadas" tinham seus la" e passar a impressão de que tudo
paralelos em oulras cidades. Ri:úto. o caminh ou da melhor forma possível e de
centro comercial de VeJôeza. era o lugar que a comuoIClÇ30 se tomou semp re
. -

favorilO para comenLÍri' os mais eficiente com o passar do tempo.


veren tes, como O conhecido ataque ao Talvez seja mais realista discutir eSÇls
198 mooos HISIÓIKOS -l99In1
-

mudanças eUl tetlnOS de necessidades, Renaudol, mais conhecido como editor


rumo respostas � runfusão prorocada do jornal oficial, a Ca'e/te, criou em Paris
pelo crescimento das grandes cidades. o charnado Bureau desAdd resses no ini­
Todo turista sabe que, q1l30to maior a cio do século xvn. A idéia do bureau era
ddade, maior a necessidade de um guia, colocar ern rontalO pessoas, rumo cria­
seja sob a forma de uma pessoa ou de um dos e pauócs, que não conheciam a exi.s­
livro. No início da Europa moderlia, ha­ lência uns dos OUICOS.18
via uma demanda de cfcelOn{, rumo nos Estl versão do século xvn das páginas
casos de Roma, Ven eM e Paris e tlmbém
, amarelas não duraria muilO lempo, mas
de livros-guia, rumo os de A1bertini para a idéia foi relOmad. no final do século
Roma (1510), de g.'nsoYino para Veneza pelo boticário Nicolas de B1egny, que
(1561) e de Bocch i para F101Cl1ça (1591) apresenlOu as informações na forma im­
e os guias posleriores de Paris, Amslerdã, pressa, destl vez com o titulo de Le livre
Londres ele. commodedesaddresse.deParis (1692).
No século xvm esses livros-guia pas­
, B1egny parece ler sido prudenle em pu­
saram a ao(SCentlr à descrição das igre­ blicar estl obra de referência sob o pseu­
jas e das obras de arte algumas informa­ dônimo de Abrabam du Pradel, porque
ções ptátiClS, do tipo como negociarcom ela foi logo suprimida devido às queDms
os condutores de cabriolés ou quais ruas de invasão de priY.lcidade por pane de
deviam ser evitadas i noite.16 Essa infor. algumas pessoas inJluenles cujos endere­
m1ção desatua1izava·se rapidamente, de ços haviam sido listldos.19
modo que não chega a ser sutpresa cons­ Mas a demanda por esse tipo de infor­
talar que, a partir de 1722, um guia de maçío persistiu, e no século xvm o pro­
Madri para estrangeiros começasse a ser jelo foi uma vez mais ravivado. O caY.l­
publicado anualmenle. leiro de Mouchy, mois conhecido como
Os venezianos produziram até mesmo dislrlbuidor de boletins informativos ma­
guias especialÍ7:1dos do mundo das cor­ nuscrilOS, também organiwu, por valia
lesãs O Tarl.ffa delk pUltane (Veneza, de 1750, um bureau d'addresses na rua
cerca de 1535) era um diálogo em verso $ainI Honoré. Informações sobre as ali­
com os nomes, endereços, atr3 �
, crí­ vidades de b:rer em Paris eram colocados
licas e preços de no conesãs.1 Foi se­ � disposição do público no século xvm
guido pelo catllog o de 1570 com 210 em periódicos como AjJIcbes de Paris,
. .
nomes, e posterJOilllente por urutaçoes joumaJ des Spec/acks e Caúmdrler des
. -

que lratav.un das alraÇÕes de Amslerdã e Lotsirs.


Londres. Nem sempre é daro se esses Em Londres, a idéia de fornecer infor­
guias se destinaY.lm aos visitllllCS ou aos mações práticas aos habilallles da cidade
nativos, ou se de fulO a inlCnção dos foi concreliztda em meados do século
aulOres era oferecer informações práti­ xvn por $amuei llanlib, cujo O.f!lce of
cas ou pornografia, ou ambas as coisas. Addross ou Agency for Universal Lear­
Pelo menos nos casos venezianos, as in­ n{ng lenlava combinar os serviços pdti­
formações fornecidas parecem ler sido cos oferecidos por Renaudol com um
genumas. projelO mois ambicioso de coleta e difu­
-

Alé mesmo os nativos das grandes ci­ são de conhecimen10 sobre IOdos os as­
dades sentiam a necessidade cada vez sunlOS.20 Um eslrangeiro como I-1arllib
maior de orientação e informação sobre tinha r:IZÔeS para ser particul:umenle
div ersas fo rmas de b:rer ou sobre onde conscienle da necessid:!de de oricotaç:ío
enconuar cenos bens e serviços. Para em uma grande cidade. Seu projelO,
alender a estl necessid"lde, Théophrasle como o de Renaudol, leve vida CUrt.1,
l ODlDE PR!.IMOWllll. 199

mas, também como Renaudo� """ imi­ bém deveríam ser vistos como pane da
tadores. São exemplos oOffrce ofPubl1ck tendência de comercedização da infor-
Advice em Londres (1657), que manti­ maçao.
-

nha a publicação seman al Publ/ck Adui­ Alguns desses fenômenos parecem


ser,além de oferecer mediação pessoal; ser conseqüência do etCscimenlO da p0-
ou a central de inteligência estabel ecida pulação urbana, OUUQS reOetem a ten­
porum certo T. MaybeweUJ Londres, por dência econômica e soci:tl descrita por J.
""ha de 1680, no The Pea Hen, eru frente H. Plurnb como "a comercedização do
a Somerset House, que se dedicava ao Ia?er". Essa tendência é visívell3.OlO no
regisuo de imigran tes. As agências de carnaval de Venea ou nas touradas de
emprego ou "escritórios de regisuo" Madri do século xvm quanlO nas lutas
para criados tomaram-se cada vez mais de boxe ou nos concertos públicos de
t
comuns na Londres do século xvm.2 Londres.23
Difercfl teiucilte do que aconteceu em
Paris, em Londres, por ""ha de 1650, os
anúncios tomaram-se parle regular e 3. A cloIaolo como m.oIlaolora.
substlncial de certos jornais. Eles incluíam Vonoza o Amsterolã
a descrição de objetos perdidos e de bens
colocados à """da (alé mesmo tinta de
Naturalmente, as cidades não são ape­
carv:io) ou a ofena de serviços (mêdicos
nas cenlrOs de informação sobre elas pl'Ó­
ch:uiaL�es, por exemplo). Anúncios de li­
peias, mas locais onde se coletam e trans­
vros - infonnação sobre infonnação -
mitelll infonnações vindas de ouuos lo­
eram freqüentes, aparecendo, por exem­
CIis e sobre outros 1 0C'3is. Essas informa�
plo, toda semana nas �as do 1be City
çõcs podiam ser de gr.mde valor, e no
Mercury a partir de 1675.22
início da Europa moderna havia pessoas
A iniciativa de lL-utIib também se tra­ dispostas a tudo para obtê-Ias, como
duziu na publicação de várias ob ra s orga­ aqueles quauo nobres da Vena:! do sé­
niz:\(las por editores, como a Colleclion culo XV que ch egaram ao ponlO de des­
of lhe names of lhe merchanls livlng In telhar pane do paLicio do Ooge para
and aboul lhe ctly of London (1677); A ouvir um relalÓrio confidencial oriundo
r.ew review of Landon, de R Burrage de Istambul. N a bolsa de valores, as últi-
mas noúcias das lndias Orien'aís, por
,

(1722); Ibe direclory, or lisl ofprincipal


Iroders /n Landon, de J. Brown (1732; exemplo, tinham o poder de fuzer subir
observe-se o uso do no"" termo d/recla­ ou descer rapid,roente os preços de bens
ry); 1be d/reclOry, de H. Kem (1736); A e ações. Sabe-se que alguns espeo.d,d o­

complele gulde lo ali persons wbo bave res do periodo espalhavam boatos exata­
any /rode or concem w/lb lhe c{ly of mente com este propósito.24
London (1740); New complete gulde, de Quando chegam a meados do século
Baldwin (1768); 1be Landon register of XV, com a entrada de Gutcnberg em cena,
mercbants and Iraders (1775); Mer­ OS hislOri�dores da cultura geralmente
cbanls and Irodesman 'sgeneral d/recla­ desviam seu interesse do manuscrito para
ry, de Wakefleld (1789). O direlÓrio co­ o impresso. No entlnto, é óbvio que a
mecci.l.l foi adaptado para o mundo soci:tl leitura e a escrita de manuscritos não de­
por P. Boyle, com Tbefasbiorulble courl saparece ram com a in"""ção da imprensa.
galde, or lhe loum v/slt direclory (1792). Seria mais exalO aflnnar que os manuscri­
Esses diretórios há muito vêm sendo es­ lOS perderam algumas de suas funções. No
tudarlos pelos especiali!;tas em história início da era moderna, as cidades eram
econômica e social da cidade, mas 1:101- cenuos de romun.iclção manuscrita, em

-
200 mUDOS HISTÓ�(OS -lm/16

particular de leirura e escrita de cartas. Boa 15-17 mil ediif>cs, e o grande número de
parte do comércio intemaáonal estava Iipogtafi.'1S (cerca de 500) era uma d-.s
nas mãos de uma di.1spora de funílias de alr.lÇÕeS da cidade para Arelino e outros
mercadores, rom seus escritórios princi­ escritores profissionais da época (que in­
pais em .f1olcnça, Gênova, Lucca ou Nu· ?",
uodllziam uma nova prof15S.io: oSfXJli �
remberg, e fiIbis em Anruérpia, Londres, fi, que não dependirun de patrões).2 Os
Lyon, Sevilha, Istambul etc. Uma das ativi­ livros eram impressos para exportação e
dades mais importantes das filiais era en­ para o rnelCldo in temo, muitas li.KS em
viar noticias para as sedes, possibilitando línguas que não o baBano, como grego.
assim a criação de um tipo de ''ba.nro de hebrnjco, árabe, aoota e armênio, o que
d1dos" disponível para a matriz d� firma era possível graças às subculturas de imi­
fumiliar.25 grantes estlbelecidos na cidade.
Urna .cz mais,
na esfera da ciência Poder-se-ia di7ff que era lógico que
havia redes que atendiam aos interesses Veneza se tomasse um centro de impres.­
dos eruditos, como as de Marin Mersen­ são, pois já era um centro para outrOs
ne em l'dris, de Samuel Hartlib e Henry tipos de comunicação, por ser u m porto
Oldenburg em Londres etc., redes essas inlemacional e a capital do que ainda era
que depen diam das funções dessas cida­ em parte um império marí timo. Como
des como centros do crescente sistema uma espécie de corretor entre o Oriente
postal. Na área politiea, VeneZ:l tomou-se e o Ocidente, Veneza constituía-se em
um centro importante de informações, um cen tro de informações sobre o Orien­
por lcr sido uma das primeir.ls potências te, especialmenle o lmpério Otom:m o.
a adotar o sistema de embaixadores resi­ Os venezianos vi.'ljav.un para AlexandcL'l,
dentes. A principal função desses embai­

Alepo, Tana, Pérsia, India e e até mesmo


xadores era coletar as informações que para]ava.
julgavam úteis para seu governo. Com­ Essa função comunicativa declinou no
plelada sua missão, os embaixadores de­ século XVII por várias razões, duas das
viam descrever o ESLWO em que tinham quais chamam mais a atenção. Em pri­
vivido em relatórios deL-.J.hados, as cha­ meiro lugar, a tolerância venezian a para
m.�das relazionl, que eram lidas em voz com oulras culturas e religiões, a atitude
alta no Senado e depois guar<lad'lS nos prática do '\fim e deixe viver" dos merca­
arquivos estalais. dores, foi abalada pelo difus"o d'l Con­
€onrudo, no final do século XVI já era tra-Reforma.
possível comprar c6pias de alguns desses Em 1540, a Inquisição estabeleceu-se
relatórios confidenciais. O mercado da em Veo= e em 1549 prodllziu-se um
informação c1andeslina incluía tamb ém IndexvenC'lian o. Os livreiros começara m
uma demanda de cópias m.'lOuscriL'IS de a ser interrogados sob a acus:,,;ão de
26
livros proib'd
1 os.
contraban dear livros heréticos ou inde­
Há muito mais o que dizer sobre as centes do estrangeiro. TIpógr.lfos como
cidades mais impon.�ntes como centros Gabriel Giolilo lr.tnsferirdm seus investi­
de comunicação impressa, de maneira mentos para a puhlicação de livros devo­
que é melhor limiL.... esle relato a dois ciooais em italiano, destinados a u m mer­
exemplos, Veneza c Amsterdã. cado geograficamen te mais linli tado.
Por mlta de 1500, tinham sido impres­ Como resultado, Veoez:' tomou-se gra­
sos mais livros em Venen do que em dualmente menos metropoliL'lna e OL'\is
qualquer outra cidade da Europa apro­ -
provinda!, embora tenha permanecido
ximadamente, 4.500 ediif>cs. No século como import.'mte centro de infO rtnaç1o
28
XVI, a produção cresceu para cerca de na Europa do leste até 1700.
A (IDADE rU·I!DUlTIIAl 201

Em segundo lugar, a descobena do nas em francês, aJeutio e inglês, mas tam­


novO mundo enfraqueceu inevitavd­ bém em árabe, bebraico e até: mesmo em
menre a importância de Venf"llI como annên io e georgi:mo, tt:ndo sido esL"lS
centro de informação e centro comercL'lI, duas últimas fonres tipográficas enL11ha­
porque deslocou o centro de gravidade das pelo impussor bún�Mild6s Kis. Os
da Europa mais para o ocidente, na dite· imprcSSOies de Amsrerdã.endiam bíblias
ção doAdilntico. O fluxo internacional da na Inglarerra mois barato do que as produ­
informação depende datamenre das r0- zidos Iocalmenre. Um dos principais livr6
cas comercbis. E� portlnto, a "fCZ de ros de Amsterdã, )an Janssooius, abriu
outra ciebde, oom localização mais fim-­ filiais em Frankfurt, Bedim, lcipzig, Dan­
rávd, assumir o papel de centro europeu zig, Copenhagen e Estocolmo. Assim,
da infonnação e comunicação. O /iunoso Amsterdã pôde ser e foi descrita como um
moddo de Braudcl da seqüência das ci­ UentrepOSto inteleClllal", ruja riqueza de­
dades comerciais européias pode ser pendia em grau considerável da venda de
aplicado :I informação, que era e conti­ informações.A tese que ·.em sendo afirma­
nua sendo um bem comercializávd. Nes­ da ao longo desrepaper é de que todas as
sa função, e também na do comércio grandes cidades européias podem ser es­
internacional em geral, Veneza foi suce· IUdad:ts de maneira proficua a partir desre
dida por Antuérpia e esta por Amsrer­ enfoque.32
dã.29 Para concluir, algumas observações e
Como a Vene", do século XVI, a Ams­ comparações gerais. Algum."lS cidades do
terdã do século XVII era um abrigo segu­ período resremunbaram e estimuL= o
ro para os imigrantes, espech1meote os surgirnentoda cultura política e da esfera
refugiados, entre os quais calvinistaS in­ pública anres do século xvm. o que foi
gleses e franceses, judeus espanhóis e destacado por Habermas. Amsterdã foi
portugueses, europeus do lesre ele. En­ um centro importanre de produç'".lO
tre 1650 e 1700, Amsrerdã tomou-se o consumo de panfletos políticos no sécu­
m,úor centro europeu de produção de lo XVII Londres desempenhou um papel
.

livros. O centro do centro era a úpografia semcUtanre na década de 1640, quando


da fumilia Blacuw, uma das alCaçôes tu­ as instilUições ICadicionais de censura
ristiClS da cidade, mencionada Ctll guias ruíram, e novamenre na Crise da Exclu­
do século XVII para visitanres, que teciam são (cerca de 1679-81), na qual os meios
comentirios sobre as 15 máquinas im­ de comunicação foram de grande impor­
prcssoras - nove para texto e seis para tância (procissões, petições, panfletos
i1uSlCaçôeS, uma \'eZ que os atbs eram a etc.). Na França, naturalmente, o final do
especiaUdade da firma. Amsrerdã tam­ século xvm foi um grande momento,
bérnfoi descrita como o "primeiro centro antes e depois da Revolução. Na década
joma1istico da Europa ocidental".30 de 1770, o novo jornal Annales PoliU­
ques vendia 20 mil exemplares. Nos últi­
Boa p:u1e {lessa produção destinava-se
mos seis meses de 1789 foram fund"ldos
a mercados externos. Os foUtetos noticio­
250 jornais, a maioria deles em Paris.33
sos impressos, por exemplo, eram produ­
zidosem inglês, francês e alemão, enquan­ Uma das questões mais dificeis e inre­
to as �7l'\aS man IlseritaS também eram de ressan res com respeito aos primórdios
inreresse para os governos eslr.lngeiros, daEuropa moderna é se, e até que ponto,
como o francês.31Aproveitando as subcul­ esta parre do mundo deve ser vista como
IUras da cidade, como já tinham feito os parre de uma unidade maior. Braudel,
>enezianos, os tipógrafos de Amsterdã pu­ por cxcmplo, apontou semelhanças en­
blicavam livros para -
não apc- tre rendências da população daEuropa e
202 ESTIIlOS HIUÓ,,"OS - Imll'
-

da Ásia.34 Para colocar as ICndências da das ou não? As tendências paralelas na


infonnação eu. um quadro mais amplo e demografia apon 13das por Braudel p0-
que pemúta comparn.ções, devemos nos dem serexplicadas por mudanças na eco­
\'Oltar para as cidades do Japão Tokuga­ lO8i. global. No entanto, as aendências
wa, ou o Japão que vai do início do século paralelas na culwra parecem mais miste­
XVII a meados do século XIX. riosas Pode-se excluir a nl'licação com
Mutat/s mutand/s - casas de chá no base em conexões, dado que o final do
lugar de cafés e leatros de bonecos (joru­ século xvn foi um período em que a
ri) no lug;Jr de alores humanos - as prin­ comunicação entre a Europa e oJapão foi
.
cipais tendências cullUtais e sociais na te limilllda a um pequeno gru-
Europa e no Japão parecem ser extrema­ po de holandf.,,"s na ilha de Desb ima. A
mente semclhanleS. Nos séculos xvn e explicação pelos efeitos da rápida uma­
XVIII, três cidades japonesas em particu­ nizaç:io na rultura soa mais convincente,
lar cresceram de maneira muíto .-ápida: a mas acaneta o perigo de reducionismo.

velha capiL'II., Kyoto; o centro comercial Mas que outras explicações restam?
Osaka; e a nova capiL'II. Edo, depois Tó­
quio. Ao mesmo tempo, essas cidades
desenvolveram novas formas de cultura
e comunicaçío. Entre elas, uma das mais
impOrt:lntes foi o kana·zosbl, o equiva­
lente das brochuras populares ociden­ Notas
tais. Esses livros eram impressos, não em
ClJ"3.cteres chineses. mas em cursivo silá­ 1. M:Irk Posta, 1be mode of /nfonnaJ/on
(G:unbridge, 1990).
bico, mais simples e acessível a um nú­
mero muito maior de pessoas. Pode� 2. Manuel Cas",Us, 1be Informal/on alc/Jy
a valiar o êxilO comercial dessa lileratura (Londres, 1989).
popular pelo frito de que em 1626 exis­ 3. MicbCle Fogel, Les cénlmonfes de I'In­
liam pelo menos 50 livrarias em Osw. fonnaJ/on dans la Frana du 100 au 18e
Os guias dessas !rés cidades prolifera­ sfede (Paris, 1989).
vam, incluindo os espeÜ,li?;ldos em tem­ 4. Milbr M3c1we, Tbe PauJ's Oms ser�

plos, lojas, atores e (como em Veneza) mons (foconlO. 1958), p. 20.

cortes:ís. 5. Ver Clilfocd Geenz. "Suq", CiD Clilfocd


Gccnz. Hildred Geeilz C uurencc Rosen
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urbana eram os quaraeirões do prn:zer das
c/ely (G:unbridge, 1979).
três grandes cidwes - Shimabara, Shima­
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machie Yoshiw:tra. Muitos dos kana-zos­
de la fouJe (Paris, 1988; tr:Id. ingl. 1be rules of
bl descreviam este umundo flutuante",
rebeU/on. Cambridge 1991).
como eram cham.wos os quarteirões d o
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prazer, e seus habitantes constituíam os
menJ poIémtque (liUe c Paris, 1978), p. 191,
motivos principais do novo gênero de
203; sobrc Londres, u,.yena: SlOne, Road lo
enL'll.bes dioorce (Oxford, 1990).
do mundo flutuante", hoje obras de arte
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famosas, destinavam-se originalmenLe a
cles in Paris 1610-60", Publlcallons of lhe
fornecer informações - eram canazes Modem Longuage AssocIaI/on, v. 53 (1938),
que anUnciaY.lffi alOres e cortesãs.35 p. 730-80; Caro! Lougee, Leparadls desfom­
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l UIlADE pil·IllDUSTRLIL 203

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