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organização interna entre os seus membros que culminou na criação de uma associação
de moradores (AMPAVA – Associação de Moradores e Pescadores da Vila
Autódromo), ela está localiza entre a Avenida Salvador Aliende ( uma importante via
que liga o bairro da Barra da Tijuca à região Norte de cidade), a lagoa de Jacarepaguá,
e o antigo autódromo Nelson Piquet – atual Parque Olímpico. Constituída por pessoas
vindas de diferentes lugares da cidade e do país, com maior ênfase da região nordeste, a
vila cresceu em um processo lento, desde os anos 70, e veio se configurando aos poucos
como um “bairro” – com padaria, mercado, açougue, praça, uma igreja católica – apesar
de que o lugar nunca foi conhecido como “bairro” pelos órgãos governamentares. A
construção da Vila é mérito dos seus próprios moradores, de acordo com as necessidade
internas fruto do convívio em comunidade.
A tônica do processo de constituição da Vila, da busca pela legitimação de seu
território, foram as ameaças constantes da sua própria aniquilação. O governo estadual
municipal e federal, em diferentes momentos da história, sempre declarou a
necessidade de remoção da comunidade – seja através de ameaças diretas ou de
discursos idelógicos, difundidos tanto pelos governantes locais quanto pela mídia,
incapazes de acolher as idiossincrasias do lugar. Um pequeno histórico sobre as
investidas contra a Vila Autódromo se faz necessário na busca de analisar e contrastar
dois modelos de projetos de cidade distintos e incompatíveis: de uma lado, o projeto do
governo apoiado pelos mais altos setores econômicos do mercado imobiliário dentro do
contexto dos megaeventos realizados na cidade, do outro, o plano popular da Vila
Autódromo. (falar sobre isso na introdução)
Em 1993, o então subprefeito da região da barra da tijuca Eduardo Paes, abriu
uma ação pública oferecida pelo município no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro,
sob a alegação que a Vila Autódromo causaria “ danos estéticos e ambientais” ao seu
entorno. Para além da esdrúxula alegação de um maleficio estético atribuída a uma
comunidade, ressalta-se que o processo demorou vinte e quatro anos em jurisdição, só
sendo arquivado no ano passado – quando a comunidade já havia sido quase
completamente aniquilada pelo próprio proponente do processo, Eduardo Paes , agora
então na condição de prefeito da cidade ( sobre a atual situação da Vila Autódromo,
abordarei no final do artigo.)
http://www4.tjrj.jus.br/consultaProcessoWebV2/consultaMov.do?v=2&numProcesso=1
993.001.078414-7&acessoIP=internet&tipoUsuario.
No ano seguinte , em 1994, em Genebra, uma liderança da Vila Autódromo
participou da 50ª reunião da Comissão de Direitos Humanos da ONU. O esforço era em
dar repercussão internacional a essas denúncias teve como estopim o assassinato de José
Alves de Souza, 38 conhecido como Tenório, presidente da Associação de Moradores
da Vila Autódromo. Tenório foi executado por quatro homens com dois tiros no rosto, e
era uma das principais lideranças contra a remoção na região (COSENTINO, 2015).
Segundo o “Relatório de situações de violação do Direito à Moradia Digna no Estado
do Rio de Janeiro” de Maio de 2006, realizado por uma associação de várias
copeerativas comunitárias da cidade, o assassinato foi realizado por Marco Aurélio,
coordenador na capatazia da região de Jacarepaguá, na busca de impedir Tenório de
ocupar a região. http://www.cis.puc-rio.br/cis/cedes/PDF/06agosto/anexos/relatorio-
direito-a-moradia.pdf
Em 2002, ouve a confirmação do primeiro mega-evento na cidade do Rio, o
Pan-ameericano de 2007. O então prefeito da época César Maia afirma a respeito da
região da Vila autódromo: “Há um benefício que não se mede em obras: a imagem da
cidade. Outro benefício será a recuperação de centralidades esportivas que o Rio de
Janeiro havia perdido. Esses dois aspectos têm significado econômico, por exemplo, em
relação ao turismo. (...) o Complexo Esportivo do Autódromo vai gerar a construção de
hotéis e de centros comerciais, além de funcionar como um novo pólo de lazer e
entretenimento". Nota-se desde já um forte interesse econômico pela região da Vila
Autódromo, porém, a centralidade do discurso está vinculada a uma construção da
“imagem da cidade” que serve, não aos moradores locais, mais sim, aos grandes
investidores e aos turistas. (Fonte : http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/132/o-
pan-americano-de-2007-ira-trazer-beneficios-ao-rio-de-22692-1.aspx)
O discurso do então prefeito Cesar Maia replica aquilo que sempre se planejou
para a região da Barra da Tijuca/Jacarepagua desde o princípio do seu crescimento
urbanístico, no anos 70, quando outro evento de peso internacional – a Expo 72 -
estava sendo debatida no intuito de ser sediada na mesma região da barra da tijuca. A
tônica é o desejo de construção urbanista planejada e a formação de um lugar em que
possa servir de epicentro aos empreendimentos da cidade:
Através do histórico de ocupação da Barra da tijuca é possível entender a
estrutura da região, que até hoje concentra grandes glebas em domínio de
poucos proprietários. A urbanização planejada pelo Estado, que se dá a partir
de 1970 através do Plano Lucio Costa, e o investimento em infra estrutura de
acesso da inicio ao desenvolvimento da região com os primeiros grande
condomínios fechados. Neste período, aventou-se a realização da exposição
internacional de 1972 que pretendia acelerar a expansão do bairro, mas que
acabou não acontecendo. Os argumentos do beneficio de se realizar grandes
eventos da cidade seriam resgatados mais tarde no Pan-americano de 2007 e
nas Olimpíadas de 2016.
Para o Estado totalitário , a Vila Autódromo não pode obstruir este “fluxo da
história”, o papel do Prefeito é então, deslocar quaisquer tipos de resistência exercida a
este galopante fluxo utilizando-as à favor nas suas projeções. Trata-se de abolir a
liberdade de existir da comunidade em prol de um projeto dito “ maior”, uma ideologia
que se vende, seja pela propaganda ou pela força de um trator de demolição, como
sendo fundamental e necessária. Em última instancia, o falaciosos diálogo proposto pelo
governo é o seu esforço para legitimar uma lógica de dominação, uma lógica totalitária,
naturalizando-as.
Imporante Falar do CNH? Escritos nas portas das casas.
É importante enfatizar que esse marketing característico da falaciosa política do
Governo compreende a Cidade do Rio de Janeiro não como uma como uma questão de
gestão publica, mas sim, como uma mercadoria, um empreendimento que deve ser
gerido de acordo com as regras específicas do mercado. Sobre isso, Cosentino nos
esclarece:
“ A cidade administrada como empresa tem como principal característica a
mudança em sua forma de gestão. O poder Público passa de regulador a
parceiro e promotor da iniciativa privada, internalizando uma lógica
empresarial que se expressa através das parcerias públicos privadas – No
parque Olimpico e no Porto Maravilha os serviços públicos foram
diretamente privatizados, além de leis urbanísticas flexibilixadas.” FALATA
UMA CITAÇÃO SOBRE O MARKETIN
Vila Autódromo perde “corpo”, perde as suas referencias, a suas raízes , a sua
arquitetura e consequentemente, parte de sua história que só poderia ser encontrada nas
imperfeições de seus muros, na vivência de suas destruídas edificações. Partido deste
pensamento de Paola, o projeto “Rio cidade Olímpica” seria então o espetáculo, o marketing
que deseja atrair o mercado especulativo para aquele lugar, a privatização do publico – como já
dito anteriormente.
É frente deste processo de “Desencarnação” do espaço, que iniciativas como a produção
do plano Popular da Vila Autódromo devem estar na ponta da lança pois ele é um
proposta contundente que gera contrafluxos diante das investidas ideológicas do
Estado. Para além do projeto em si, o seu conteúdo, é importante ressaltar os
dispositivos utilizados para o seu desenvolvimento; as chamadas “oficinas”, são
propostas de ações participativas que propõem outros modos de relacionamento entre o
corpo e seu espaço, de vivencia, intensificam as trocas dentro de um “corpo-
comunitário” – é o preenchimento do corpo na contra-mão do seu esvaziamento.
Além disso, verifico uma profunda relação da construção do Plano Popular
com os modos de produção coletivas dentro do campo das artes cênicas*, em ambos os
casos, a horizontalidade no debate e o desejo de construção “outros” possíveis - outras
comunidades, outras convivências, outras narrativas, outras dramaturgias - é o que
propulsiona o encontro dos indivíduos. Trata-se também de um agir na materialidade
das coisas que se apresentam, operar a partir das adversidades concretas em um
trabalho ruminante, é uma interminável ação de experimentar: os encaixes, os
desencaixes, as fusões, as alquimias, os atritos, as diluições, as quebras.... é necessário
produzir “outros” possíveis mas são temporariamente viáveis, mas que, a qualquer
momento, possam ser colocados em cheque, pois estamos falando aqui de processos
políticos entre comuns, que não podem ser enrijecidos, ideologizáveis. É sempre um
recomeço, o trabalho de agir sobre a matéria não para, não cessa, não se interrompe; a
arte, assim como a política, nunca podem perder velocidade, nunca deve cessar o jorro
criativo. O horizonte sempre deve ser reconstruído e a esperança aqui, é que a vila
autódromo se expanda pelo mundo, se refaça e se multiplique.
Que a arte inspire a politica cada vez mais e trabalhem juntas.
Que venham milhares de Vilas Autodromos.
Governos fascistas, totalitarista - não passarão.
ensaio aberto sobre linhas
Mesmo com essa “presentificação da ausência”, experenciada por mim na visita a vila e tão
presente no discurso dos moradores, se faz necessário apontar estratégias de disputa politicas
em prol da continuidade da comunidade, compreender que as batalhas encampadas até o
presente momento devem aprofundar o enamento do coletivo – indo aí na contracorrente do
interesse do Estado em liquidar a rede de relações que foram lá estabelecidas. No bojo de
possibilidades que deve ser reafirmadas, destaco o projeto da Vila Autódromo como uma
referencia transformadora e identifico no processso de sua construção, no agir politico que
mobilizou os membros da comunidade na construção de um projeto em comum, fortes
correlações com os processos coletivos de produção artística dentro das artes cênicas.
As chamadas “oficinas” agem como um dispositivo de construção de universos
possíveis, é o exercício em dialogo daquilo que poderia ser,
ESPAÇO DESENCARNADOS
Ora, “Rio Cidade Olímpica” é um monólito? um projeto de cidade vazio pois não é
de ninguém, fruto da ambição .
É necessário agora investigar os possíveis mecanismos* abri aqui a chave para um outro
artigo
A cena - Asfalto de concreto, seu armando raviviando lembranças, o deslocamento na busca de
reavivar as referencias destruídas – atesta a consequência da imposição ideológica sob um
projeto de politica entre a comunidade, o vazio – falar da ação de produzir teias daquele espaço
remodelando a planta baixa de uma casa
Trata-se da contraposição entre ideologia e racionalidade politica, entre e vivencia Uma vila
autódromo destruída apenas para que os carros das elites possam estacionar seus caro.
buscav
O relato de Armando é também a sua busca em ter que reconhecer aquele novo espaço,
E no ato de caminhar na Vila na presença de Armando, é que liamos aquele espaço
através do trajeto.
Leitura da cidade e o corpo
O projeto olímpico impôs uma outra leitura de cidade ao corpo,
Dentro de uma cidade shopping-center. Onde tudo é setorizado de acordo com o
planejamento. “citação do mapa do rio olímpico”
Modos de se fazer politica em profunda sintonia com o fazer artístico..
O corpo de armando Lê o que não pode ver. Modo nostralgico de transitar,
evidenciações do vazio e a esperança de um futuro que surge quando plantamos uma
arvore na comunidade.
de estar na cidade, “estar” na rua, de transitar, de criar raiz. O concreto, sendo ele
pedrinhas homogeneizadas
a violência agindo no corpo, na sua vivencia. o concreto foi oque restou, como
afetivas, subjetivas e concretas com o meio com que habita.
]
pela cidade foi transformada – falar mais disso e chegar a deriva
O corpo que lê.
Operando na via destes dois projetos, compreendendo a cidade como escrita, é possível
pensar em dois modos incompatíveis de estar na cidade, de produção subjetiva, de se
deslocar pela cidade . a cidade como um discurso a ser lido pelo corpo que vive nela,
que transita que acolhe. Qual o discurso no concreto que a cidade promve?
Uma cidade que não aceita o corpo, uma cidade shoppig-center. Néo-neo neo liberal, o
corpo que existe no astral/
Dou outro lado, uma cidade que cria, o modo de criação está na mesma medida a
produção de um metodologia artística de sala de ensaio – o que me faz pensar em
aproximações. Falar sobre o “Império?” . necessidade da praça pública.
Per
A questão é que apesar da entrega dessas novas casas, a memória daquele lugar
impregnada
Esvaziamento do espaço, o estar da cidade, esrtar na urbe, modo de relação entre corpo
e a cidade. De um lado, o esvaziemento, construção do corpo mercadoria. Do outro a
horizontalidade
, de acordo com moradores, a família tinha influencia d, toda a comunidade havia sido
destruída.
Em 2016 todas as casas da vila – com excessão de uma dentre as xxx existentes –
foram destruídas, alguns moradores ( poucos), que se recusaram definitivamente em sair
daquele lugar, tiveram novas casas construídas dentro de um perímetro restrito
Quando uma entidade internacional premeia uma comunidade pelo seu modo arrojado
de organização e combate politico, o estado totalitário ou se apropria deste fato
agregando a si o mérito e transformando- o em publicidade, auto-promoção; ou, ele
aniquila definitivamente a inovação para que o exemplo não possa se difundir , para
que as contradição de seu projeto autoritário não sejam questionadas, em suma, para que
as resistências dentro do seu projeto de poder não se potencializem.
A vila não representa apenas um obstáculo físico para
zz
Hanna Arent, fala de um mundo de relações humanas Ela afirma que este
mundo:
surgiu através da força ou do vigor individual dos indivíduos, mas sim através do estar junto de muitos
indivíduos fazendo com que surgisse o poder e , na verdade, um poder diante do qual a maior força do
individuo se tornar impotência.
que , já não conseguindo sustentar as suas contradições, faz minguar a potencia política
inovadora de uma comunidade pois esta é uma ameaça aos seus modos conservadores
de gerir a maquina publica.
Oí
é formado a partir da “coisa-politica”, da construção entre os indivíduos que é maior
do que a individualidadades, mas que, a força, pode liquida-lo em definitivo “.”
O que Arrente fala das relações internacionais, do surgimento da Bomba Atômica e a
possibilidade concreta de aniquilação total de um povo, pode-se aplicar a relação entre
a vila autódromo e o governo.
, guerra ao outro ( onde não importa se gasta-se dinheiro, o que importa é aniquilar o
outro)
https://www.youtube.com/watch?time_continue=190&v=_kFUV50q1ek
rabalho de campo,
e um “sensível” possível ,
e construído a
Vila autódromo está no mais novo lugar aonde o mercado escolheu para ser
valorizado e o Governo está totalmente atrelado a este mercado
a produção
.
para
O Estado age
Os governantes não proveem acesso a terra urbanizada a população de baixa resnda e,
pelo contrario, atual no sentido de garantir a concentação fundiária. Isso faz com que os
pobres sejam empurrados par os espaços não desejados pelo mercado ou que não
deveriam se ocupados,
O rio como uma Marca “O que desejamos é que as pessoas aproveitem a marca da
cidade, que tem um potencial enorme. A gente sabe que o carioca tem muito orgulho de
ser do Rio, de usar a marca da cidade”.
Afirmar o rio como uma marca produz consensos.
como as áreas sujeitas a inundações, encostas ou de prteção ambiental.