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1 – INTRODUÇÃO
A água é um recurso natural essencial à existência e manutenção da vida, ao bem-estar
social e ao desenvolvimento socioeconômico. No Brasil, a promoção de seu uso sustentável vem
sendo pautada por discussões nos âmbitos local, regional e nacional, na perspectiva de se
estabelecerem ações articuladas e integradas que garantam a manutenção de sua disponibilidade em
condições adequadas para a presente e as futuras gerações.
O uso adequado da terra é o primeiro passo em direção à preservação do recurso natural
solo, e à agricultura correta e sustentável. Para isso, deve-se empregar cada parcela de terra de
acordo com a sua aptidão, capacidade de sustentação e produtividade econômica, de tal forma que
os recursos naturais sejam colocados à disposição do homem para seu melhor uso e benefício, ao
mesmo tempo em que são preservadas para gerações futuras. Os processos de degradação estão
associados a fatores edáficos, climáticos e antrópicos. A intensidade e a taxa de desenvolvimento
desses processos são ampliadas pelo uso e manejo inadequados da terra (desmatamento
indiscriminado, exploração acima da capacidade de suporte, uso intensivo de grades de discos no
preparo do solo etc.), que expondo o solo aos fatores intempéricos induzem à destruição gradativa
de suas propriedades físicas, químicas e biológicas. A irrigação é a pontada como uma das
principais causas da degradação do solo, fato que se dá por vários motivos, alguns deles são, uso
indiscriminado de água, uso da irrigação em solos que não tem capacidade adequada de receber a o
tipo de irrigação utilizada, entre outros. Com isso se faz necessário estudo voltado para classificação
do solo para uso na irrigação.
A classificação de solos de por si só não tem significado prático, contudo, nos mapas de
solos, se reveste de grande importância posto que faz a ligação entre a legenda (semântica) e o
corpo real existente na paisagem (tema) expresso pelos delineamentos contidos nos mapas. Assim,
um profissional ao fazer uso de um mapa de solos, está visualizando uma distribuição de volumes
reais que ocupam uma certa área na paisagem, cada um deles apresentando organização,
constituição e comportamento diferenciados, demandando portanto, usos e manejos
particularizados. O profissional usa portanto os mapas de solos porque esses lhe dão uma
visualização da distribuição dos solos na paisagem, e, em conjunto com outros elementos que
possam se fazer necessários, lhe municia de dados imprescindíveis para estabelecer a planificação
de seu trabalho e de uso do solo na referida área.
O objetivo deste trabalho é caracterizar os tipos de solos encontrado no município de Vitória
de Santo Antão-PE, pela Embrapa, para fins de uso na irrigação, com isso sugerindo as melhores
áreas para uso de irrigação para fins agrícola.
2 - ÁREA ESTUDO
Vitória de Santo Antão situa-se na meso-região Mata e na micro-região Vitória de Sto Antão
O núcleo urbano de Vitória de Santo Antão é o de maior porte demográfico e funcional dentre os
demais situados na bacia do Tapacurá, A expressão espacial desse crescimento é o grande número
de bairros populares e de baixa renda localizados ao norte da BR-232 e a sudeste da cidade - entre
o rio Tapacurá e a PE-045 (Figura 1).
Inserido no clima regional quente e úmido tipo As’ da classificação de Köppen, com
temperatura média de 26ºC, tem os meses de março a maio como os mais chuvosos. O rio Tapacurá,
no trecho considerado como área de influência direta do empreendimento, recebe pela margem
esquerda a contribuição dos riachos Gameleira e Jurubeba, enquanto que pela margem direita
desaguam os riachos Itapessirica, Natuba, Pacas e Bento Velho. Além disso, recebe pequenas
contribuições locais, de riachos que se formam a aproximadamente 1,5 km das margens do próprio
rio. O clima é do tipo Tropical Chuvoso com verão seco. O período chuvoso começa no
outono/inverno tendo início em dezembro/janeiro e término em setembro. A precipitação média
anual é de 1310 mm (CPRM, 2005). A vegetação é predominantemente do tipo Floresta
Subperenifólia, com partes de Floresta Hipoxerófila. A agricultura é desenvolvida principalmente
pelo plantio da cana de açúcar e pequeno produtores de hortaliças.
3 – PEDOLOGIA
Segundo EMBRAPA (2000) Classes de solos predominantes encontrados no município de
Vitoria de Santo Antão-PE, (figura 2).
I – Podzólicos Vermelho-Amarelos
Estes solos ocupam significativas áreas dentro do município onde constituem associações
diversas, inclusive com os Podzólicos Amarelos e Vermelho-Escuros, ocorrendo sob florestas
subperenifólia e subcaducifólia. Estão presentes com mais de 100 km² de área. São solos profundos
a muito profundos, raramente pouco profundos, desenvolvidos de granitos, granodioritos e diversos
tipos de gnaisse com ou sem influência dos sedimentos do Grupo Barreiras ou de outras coberturas
carentes de melhor estudo. São solos com argila de atividade baixa, em superfície, a textura mais
encontrada varia na faixa média e em subsuperfície, de média a argilosa. Bem a moderadamente
drenados, apresentam-se, por vezes, com horizonte Bt de coloração variegada, dificultando a sua
classificação taxonômica. Os tipos de horizontes superficiais A proeminente e A moderado são os
mais encontrados. Tais horizontes apresentam estrutura moderada pequena granular e em blocos
pequenos subangulares. A estrutura do horizonte Bt é fraca a moderada ou moderada a forte em
blocos angulares e subangulares, com ou sem presença de cerosidade. O relevo varia de suave
ondulado até o montanhoso. De acordo com estas características, estes solos apresentam baixa
fertilidade natural.
II - Podzólicos Amarelos
Os solos desta classe apresentam as características gerais da classe dos Podzólicos mas
foram individualizados, em um nível hierárquico imediatamente abaixo, por critério de cor. Assim o
horizonte de acumulação de argila, B textural (Bt), apresenta tipicamente coloração amarelada,
onde os teores de ferro geralmente são baixos. Geralmente são solos com argila de atividade baixa e
não solódicos. A sua amplitude de variação se faz, principalmente, segundo o material originário, o
clima e sua posição na paisagem. No Estado de Pernambuco tem-se os seguintes casos: Podzólicos
Amarelos desenvolvidos de sedimentos do Grupo Barreiras, na Zona Úmida Costeira; Podzólicos
Amarelos desenvolvidos de rochas do Pré- Cambriano em áreas úmidas incluindo os “Brejos de
Altitude”; Podzólicos Amarelos desenvolvidos de rochas do Pré-Cambriano em áreas secas.
3 - METODOLOGIA
3.1 – CLASSIFICAÇÃO DAS TERRAS PARA FINS DE IRRIGAÇÃO
A seleção de terras para irrigação compreende uma análise criteriosa dos fatores físicos e
econômicos, sendo utilizados sistemas de classificação de solos, e deve inicialmente identificar as
áreas de terras que tem produtividade adequada para garantir consideração daquela área para o
desenvolvimento da irrigação LIMA (1994), para esse estudo levaremos em conta apenas os fatores
físicos, tais como: solo (profundidade efetiva, textura e fertilidade); topografia (declividade);
drenagem (boa drenagem ou má drenagem)
3.1 - Graus de aptidão:
-Solo
Profundidade efetiva
1 : maior que 120 cm - Alto.
2 : compreendida entre 120 e 80 cm - Médio.
3 : compreendida entre <80 cm - Baixo.
Textura
1 : Média (franco-arenosa, franca, franco-argilo-arenosa, franco-argilosa). - Alto
2 : Argilo-arenosa ou argilosa. Friável - Médio.
3 : Arenosa, siltosa, argilosa - Firme – Baixo.
Fertilidade
É avaliada através da disponibilidade de nutrientes, acidez, bases trocáveis, saturação de bases e
alumínio.
1 : Boa - Alto
2 : Regular - Médio
3: Baixa – Baixo
- Topografia
1 : plana: declividade inferior a 2%, sem micro-relevo - Alto.
2 : ondulada: declividade entre 5 e 10%; ou menor que 5%, com pendentes curtos - Médio
3 : forte ondulada: declividade entre >20%; ou entre >10%, com pendentes curtos - Baixo
- Drenagem
Refere-se às dificuldades de descarga das águas de drenagem superficial, para os cursos de água
naturais que é o requerimento de drenagem superficial e subsuperficial.
1 : livres ou pequenas - Alto.
2 : médias - Médio.
4 : sem possibilidades de escoamento – Baixo.
Foi atribuídos faixas de valores para cada fator encontrado, logo em seguido se fez a média
com a seguinte escala, tabela 1. É importante que ressaltar que esses valores não têm fins
estatísticos, foram usados apenas com o intuito de se obter as médias para a classificação da aptidão
: Alto 1-0,7
Médio 0,69-0,31
Baixo 0,3-0
Alto: Oferece todas condições de apontadas neste estudo para o uso do solo para irrigação;
Médio: Os fatores estudados já oferecem alguma limitação para o uso do solo, porém com potêncial
a ser explorado;
Baixo: Solo não indicado para o uso de irrigação, as condições estudas são desfavoráveis.
4 – RESULTADOS
Para os solos Podzólicos Vermelho Amarelos, Podzólicos Amarelos e Latossolos Amarelos,
se constatou as melhores condições para o uso de irrigação, apesar de ter seu grau de aptidão como
médio, são bastantes utilizados no estado para fins agrícola irrigados.
Já os solos Bruno não Cálcico e Planossolos e Solonetz Solodizados eles foram devidamente
classificados, são de aptidão média, porém deve-se ter cuidados no manejo da irrigação visto que
são solos de pouca profundidade e suscetíveis a erosões.
Gleissolos e solos Litólicos não se recomenda o uso de irrigação sobre essas unidades
pedológicas. Já que são de baixa fertilidade, a topografia é inapropriada tem restrição de drenagem
e profundidade, prejudicando o sistema radicular de muitas culturas. Figura 2 segue mapa com
classificação do grau de aptidão para o uso do solo com fins na irrigação.
Figura 2: Grau de aptidão dos principais solos encontrados na cidade de Vitória de Santo
Antão-PE.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
CPRM - Serviço Geológico do Brasil - Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água
subterrânea. Diagnóstico do município de Vitória de Santo Antônio, estado de Pernambuco.
Organizado [por] João de Castro Mascarenhas, Breno Augusto Beltrão, Luiz Carlos de Souza
Junior, Manoel Julio da Trindade G. Galvã o, Simeones Neri Pereira, Jorge Luiz Fortunato de
Miranda. Recife: CPRM/PRODEEM, 2005.
REZENDE, J.O. Solos coesos dos tabuleiros costeiros: limitações agrícolas e manejo. Salvador:
SEAGRE-SPA, 2000, 117p. il. (Série Estudo Agrícolas, 11).