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Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul

18 de dezembro de 2017

3ª Seção Cível

Mandado de Segurança - Nº 1411842-89.2017.8.12.0000 - TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Relator – Exmo. Sr. Des. Vilson Bertelli
Impetrante : Renato Esteban Mas Lopes (Representado(a) por sua Mãe)
Mônica Verônica Mas Fernin
Advogado : Thatiana Ferreira Torres (OAB: 17131/MS)
Impetrado : Secretário(a) de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul
Proc. do Estado : Samara Magalhães de Carvalho (OAB: 12977/MS)
LitisPas : Estado de Mato Grosso do Sul
Proc. do Estado : Samara Magalhães de Carvalho (OAB: 12977/MS)

E M E N T A – MANDADO DE SEGURANÇA –
FORNECIMENTO DE PROCEDIMENTO MÉDICO – INADEQUAÇÃO DA VIA
ELEITA E ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADAS – DEVER DE ASSEGURAR
A SAÚDE PÚBLICA – ART. 196 E ART. 227, AMBOS DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL – EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS À VIDA, À SAÚDE E À DIGNIDADE
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE.
01. A presença de documentos necessários à prova do alegado
demonstra a prova pré-constituída e evidencia a desnecessidade da produção de outras
provas. Preliminar de inadequação da via eleita afastada.
02. Por ser responsável solidário, o Estado e seu respectivo
Secretário de Saúde são partes legítimas passivas para demanda cujo objeto é o
fornecimento de procedimento médico.
03. O Estado tem o dever de assegurar a saúde da pessoa, garantida
pela Constituição Federal, em seu art. 196, bem como também está assegurado à criança
e ao adolescente o direito à vida, à saúde, à dignidade, entre outros, no art. 227 da
Constituição Federal e art. 4º da Lei 8.069/90.
Ordem concedida.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juízes da 3ª


Seção Cível do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de julgamentos, por
unanimidade, rejeitar a preliminar e, no mérito, conceder a segurança, nos termos do
voto do Relator. Decisão com o parecer. Ausente, por férias, o Des. Eduardo Machado
Rocha.

Campo Grande, 18 de dezembro de 2017.

Des. Vilson Bertelli - Relator


Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
R E L A T Ó R I O
O Sr. Des. Vilson Bertelli.
Renato Esteban Mas Lopes impetra mandado de segurança
insurgindo-se contra ato do Secretário de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul.

Sustenta possuir 13 anos de idade e ser portador de ceratocone em


ambos os olhos, necessitando do procedimento de "crosslinking de colágeno" para
paralisar a doença, que tem caráter progressivo. Por isso, pretendeu a concessão de
liminar para a concessão do tratamento cirúrgico de "crosslinking de colágeno" em
ambos os olhos, conforme indicação médica.

A liminar foi concedida às fls. 29/31. Informações do impetrado às


fls. 41/61, sustentando a inadequação da via eleita, a ilegitimidade passiva do Secretário
de Saúde do Estado, ou a denegação da ordem.

A Procuradoria-Geral de Justiça emanou parecer às fls. 65/77,


opinando pela concessão da segurança. É o relatório. Inclua-se em pauta.

V O T O
O Sr. Des. Vilson Bertelli. (Relator)
I. Introdução

Renato Esteban Mas Lopes impetra mandado de segurança


insurgindo-se contra ato do Secretário de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul.

Sustenta possuir 13 anos de idade e ser portador de ceratocone em


ambos os olhos, necessitando do procedimento de "crosslinking de colágeno" para
paralisar a doença, que tem caráter progressivo. Por isso, pretendeu a concessão de
liminar para a concessão do tratamento cirúrgico de "crosslinking de colágeno" em
ambos os olhos, conforme indicação médica.

II. Fundamentação

2.1. Da inadequação da via eleita

O impetrado sustenta a inadequação da via eleita, sob o argumento


de ser necessária a produção de provas.

Não lhe assiste razão. Estão presentes todos os documentos


necessários à prova do alegado, porque as provas para elucidar o caso apresentado estão
pré-constituídas, sendo desnecessária a realização de provas, por meio de perícia, por
exemplo.
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul

Em casos semelhantes, o Superior Tribunal de Justiça e este Egrégio


Tribunal de Justiça:

"ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE


SEGURANÇA. FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS.
LAUDO MÉDICO EMITIDO POR MÉDICO PARTICULAR. PROVA.
ADMISSIBILIDADE.
1. É admissível, em sede de mandado de segurança, prova
constituída por laudo médico elaborado por médico particular atestando a
necessidade do uso de determinado medicamento, para fins de
comprovação do direito líquido e certo capaz de impor ao Estado o seu
fornecimento gratuito.
2. Precedente: AgRg no Ag 1.194.807/MG, DJe 01/07/2010.
3. Agravo regimental não provido"
(AgRg no Ag 1107526/MG. Relator(a) Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES (1141) Órgão Julgador T2 - SEGUNDA
TURMA Data do Julgamento 18/11/2010 Data da Publicação/Fonte DJe
29/11/2010).

“E M E N T A - AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE


SEGURANÇA - DECISÃO QUE CONCEDEU A LIMINAR A FIM DE
DETERMINAR O FORNECIMENTO DO MEDICAMENTO PLEITEADO
NA INICIAL - PRELIMINARES DE CERCEAMENTO DE DEFESA E
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA - AFASTADAS - MÉRITO -
PRESENTES OS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA LIMINAR -
FAZENDA PÚBLICA ESTADUAL - FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTOS IMPRESCINDÍVEIS AO TRATAMENTO DE SAÚDE
DO AGRAVADO - DEVER DO ESTADO CONSAGRADO NO ARTIGO
196 DA CF - LAUDO MÉDICO - TEORIA DA RESERVA DO POSSÍVEL
CONJUGADA COM O MÍNIMO EXISTENCIAL - LIMINAR MANTIDA -
RECURSO DESPROVIDO. O fato simples narrado como causa de pedir
do mandado de segurança, qual seja, de que a impetrante encontra-se
grávida, com diagnóstico de "trombofilia do tipo deficiência de proteína S
Funcional associado a FAN reagente" e que necessita do medicamento
indicado pelo médico especialista, foi objeto de prova pré-constituída, não
havendo necessidade de dilação probatória no curso do processo, ficando
afastada a preliminar de inadequação da via eleita e cerceamento de
defesa, cuja argumentação repousa na alegada necessidade de dilação
probatória. Mantém-se a decisão que concedeu a liminar em mandado de
segurança, determinando o fornecimento do medicamento pleiteado na
inicial, porquanto restaram demonstrados os requisitos autorizadores de
sua concessão." (0832213-62.2013.8.12.0001 Agravo Regimental
Relator(a): Des. Oswaldo Rodrigues de Melo Comarca: Campo Grande
Órgão julgador: 2ª Seção Cível Data do julgamento: 14/10/2013 Data de
registro: 04/12/2013)

"AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA –


FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS – CONCESSÃO DE LIMINAR
– JUÍZO PRELIMINAR – DESNECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE
PROVA PERICIAL – CERCEAMENTO DE DEFESA AFASTADO –
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA REJEITADA – PRESENÇA DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A CONCESSÃO DA LIMINAR –
RECURSO IMPROVIDO.” (TJMS - Agravo Regimental em Mandado de
Segurança - N. 2010.033764-7/0001-00 – Capital - Terceira Seção Cível –
Rel. Des. Atapoã da Costa Feliz – j. Em 17.1.2011)

Por isso, afasto a preliminar suscitada.

2.2. Da ilegitimidade passiva do Secretário de Saúde do Estado

O impetrado afirma a atribuição do Município de Campo Grande no


fornecimento do tratamento pleiteado, motivo pelo qual seria parte passiva ilegítima.
Todavia, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça entende que todos os entes
federativos (União, Estado, Distrito Federal e Município) são solidariamente
responsáveis pelas ações e serviços que visem à promoção, à proteção e à recuperação
da saúde das pessoas necessitadas:

"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO AGRAVO


REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO FORNECIMENTO
DE MEDICAMENTOS RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES
FEDERATIVOS LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. 1. Esta Corte
em reiterados precedentes tem reconhecido a responsabilidade solidária
do entes federativos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios no
que concerne à garantia do direito à saúde e à obrigação de fornecer
medicamentos a pacientes portadores de doenças consideradas graves. 2.
Agravo regimental não provido. (STJ. AgRg no Ag 961677/SC. Rel. Min.
Eliana Calmon. Data do Julgamento: 20/05/2008).

ADMINISTRATIVO. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS).


FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA DOS ENTES FEDERATIVOS. RECURSO QUE NÃO
LOGRA INFIRMAR OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. 1.
Sendo o Sistema Único de Saúde (SUS) composto pela União, Estados-
Membros, Distrito Federal e Municípios, impõe-se o reconhecimento da
responsabilidade solidária dos aludidos entes federativos, de modo que
qualquer um deles tem legitimidade para figurar no pólo passivo das
demandas que objetivam assegurar o acesso à medicação para pessoas
desprovidas de recursos financeiros. 2. Mantém-se na íntegra a decisão
agravada quando não infirmados seus fundamentos. 3. Agravo regimental
improvido." (STJ. AgRg no Ag 886974/SC. Rel. Min. João Otávio de
Noronha. Data do Julgamento: 29/10/2007).

"PROCESSO CIVIL - ADMINISTRATIVO - RECURSO ESPECIAL -


FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO - UNIÃO - LEGITIMIDADE
PASSIVA - TUTELA ANTECIPADA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA -
POSSIBILIDADE.- SÚMULA 729/STF E PRECEDENTES DESTA
CORTE. - “É obrigação do Estado (União, Estados-membros, Distrito
Federal e Municípios) assegurar às pessoas desprovidas de recursos
financeiros o acesso à medicação ou congênere necessário à cura,
controle ou abrandamento de suas enfermidades, sobretudo as mais
graves. Sendo o SUS composto pela União, Estados-membros e
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Municípios, é de reconhecer-se, em função da solidariedade, a
legitimidade passiva de qualquer deles no pólo passivo da demanda”
(RESP 719716/SC, Min. Relator Castro Meira). - É possível a antecipação
de tutela contra a Fazenda Pública, Súmula 729/STF e jurisprudência
deste eg. Tribunal. - Recurso especial não conhecido."(STJ. Resp. 516359.
Rel. Min. Francisco Peçanha Martins. Data do Julgamento:
19/12/2005).

Dessa forma, ainda que, quanto ao aspecto administrativo, a


Constituição Federal tenha atribuído competência comum entre Estados, Municípios e
União (art. 23, II), é necessária cooperação entre a atuação dos entes federados.

Desse modo, o fato de um ente da Federação ser responsável perante


a população por um determinado procedimento não tem como consequência que
somente a ele caiba o custeio. É necessário o equilíbrio entre os entes federativos em
atendimento à cooperação, conforme preceitua o parágrafo único do art. 23 da
Constituição Federal.

Por isso, afasto a alegação de ilegitimidade passiva.

2.3. Do Mérito

A Constituição Federal, em seus artigos 196 e 227, inibe a omissão


do ente público, assim considerado a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, os
quais devem garantir o efetivo tratamento médico à pessoa necessitada, inclusive com o
fornecimento de medicamentos, cirurgias e insumos de forma gratuita. Essa medida
deve ser imediata, em face, quase sempre, das consequências que podem acarretar o não-
cumprimento desse dever, por parte dos referidos entes.

Demonstrada a necessidade do fornecimento do procedimento, sua


concessão é medida que se impõe, à luz do dever constitucional do Estado de tutelar a
saúde dos cidadãos, ainda que em situações excepcionais.

A saúde encontra-se entre os direitos primordiais - constitutivos do


alvo prioritário das políticas de Governo - por se tratar de um direito vital dos
indivíduos, sem o qual é impossível gozar do mais supremo valor constitucional que é a
dignidade da pessoa.

De conformidade com o Preâmbulo da Constituição Federal, o


Estado tem o dever de assegurar o bem-estar da sociedade, sendo evidente que a saúde
pública encontra-se embutida no conceito vago e indeterminado de bem-estar.

A dignidade da pessoa constitui fundamento da República Federativa


do Brasil (art. 1°, inc. III, da CF) e, segundo Alexandre de Moraes1, "afasta a idéia de
predomínio das concepções transpessoalistas de Estado e Nação, em detrimento da
liberdade individual".

1 Constituição do Brasil Interpretada. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 1926.


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Ademais, o art. 196 da Carta Constitucional garante que: "A saúde é
direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação".

Está presente a verossimilhança da alegação, bem como o perigo de


dano na hipótese em julgamento. Conforme os documentos juntados aos autos de
processo, o impetrante conta com 13 anos de idade, portador de ceratocone em ambos os
olhos, nos quais apresenta acuidade visual de 20/50 com melhora com uso de óculos
(30% da visão central).

Devido ao caráter progressivo da doença e a progressão evidenciada


foi indicado o procedimento de "crosslinking do colágeno" para paralisar a doença.
Desse modo, mesmo sem risco imediato para a vida do imeptrante, o risco de maiores
danos à saúde é iminente, pois há chance de perda completa da visão no caso de não
realização do procedimento pretendido.

Nesse contexto, o desamparo do Poder Público em relação aos


pacientes do SUS não deve ser corroborado no âmbito do Poder Judiciário. Destaque-se
o fato de que o parecer do Núcleo de Apoio Técnico é meramente opinativo, e tem
apenas a atribuição de auxiliar os magistrados nas demandas em que sejam requeridos
medicamento ou tratamentos do Estado, ou seja, é um órgão meramente consultivo.

Outrossim, assegurando constitucionalmente o direito à criança e ao


adolescente para a vida, a saúde, a dignidade, entre outros, o art. 227 da Constituição
Federal também prevê o dever do Estado promover esses direitos, mediante programas
de assistência integral:

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à


criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde
da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de
entidades não governamentais, mediante políticas específicas e
obedecendo aos seguintes preceitos:
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à
saúde na assistência materno-infantil;
II - criação de programas de prevenção e atendimento
especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial
ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem
portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a
convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a
eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de
discriminação.

III. Dispositivo
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul

Ante o exposto, com o parecer, julgo procedente o pedido e concedo


a segurança, ratificando a liminar, para determinar a realização do procedimento
"crosslinking de colágeno" em ambos os olhos para Renato Esteban Mas Lopes,
conforme indicação médica, com disponibilização de vaga em clínica médica da rede
pública ou com o custeio do tratamento na rede particular de saúde, no prazo de 72
horas, sob pena de bloqueio de valores suficientes e de configuração do crime de
desobediência.

Sem honorários, porque incabíveis à espécie (Súmula 512 do STF e


105 do STJ).

D E C I S Ã O
Como consta na ata, a decisão foi a seguinte:

POR UNANIMIDADE, REJEITARAM A PRELIMINAR E, NO


MÉRITO, CONCEDERAM A SEGURANÇA, NOS TERMOS DO VOTO DO
RELATOR. DECISÃO COM O PARECER. AUSENTE, POR FÉRIAS, O DES.
EDUARDO MACHADO ROCHA.

Presidência do Exmo. Sr. Des. Marcos José de Brito Rodrigues


Relator, o Exmo. Sr. Des. Vilson Bertelli.
Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Des. Vilson Bertelli,
Desª. Tânia Garcia de Freitas Borges, Des. Marcos José de Brito Rodrigues e Des.
Amaury da Silva Kuklinski.

Campo Grande, 18 de dezembro de 2017.

rpa

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