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FONTE GLÓTICA: SÃO AS NOSSAS PREGAS VOCAIS QUE PRODUZEM O SOM

ESTUDO DA VOZ

A voz é produzida pelo trato vocal, a partir de um som básico gerado na laringe. A
laringe localiza-se no pescoço e é um tubo alongado, no interior do qual ficam as
pregas vocais. As pregas vocais são duas dobras, formadas por músculo e mucosa, em
posição horizontal dentro da laringe, ou seja, paralelas ao solo, como se estivessem
deitadas. As pregas vocais são conhecidas popularmente como cordas vocais.

Quando respiramos silenciosamente, as pregas vocais ficam abertas, ou seja, afastadas


entre si, para permitir a entrada e saída livres do ar. Assim sendo, na respiração a
interferência das pregas vocais deve ser mínima para garantir a entrada de oxigênio e
a saída de gás carbônico dos pulmões.

Durante a fonação, observe as pregas vocais fechando, para realizarem a vibração do


ar e transformá-lo no som da voz. Quando a voz é produzida, as pregas vocais devem
se aproximar e vibrar. Esse processo vibratório ocorre tão mais rapidamente quanto
mais agudo for o som. Para os homens adultos brasileiros, a frequência média da voz,
chamada de frequência fundamental, está ao redor de 113 Hz, enquanto que para as
mulheres esta frequência situa-se ao redor de 208 Hz.

O ar é essencial para a produção da voz, sendo o combustível energético da fonação.


Quando estamos respirando em silêncio, o ar deve entrar pelo nariz, para que possa
ser filtrado, aquecido e umidificado, chegando em melhores condições aos pulmões.
Porém, durante a conversação, a respiração é feita de modo oronasal, ou seja, o ar
entra pela boca durante a fala encadeada, e apenas nas pausas longas inspiramos pelo
nariz, caso contrário, o discurso ficaria muito interrompido.
Para produzir os diferentes sons de uma língua - vogais e consoantes - dispõe-se de
dois tipos de fonte de som: a fonte glótica e as fontes friccionais. A principal fonte de
som é a glótica, formada pela ativação da vibração das pregas vocais, que produz a
matéria prima principalmente para todas as vogais. Essa fonte é chamada de glótica,
pois se localiza na glote (parte do andar médio da laringe, limitado anteriormente pela
borda livre das pregas vocais, e posteriormente pelas apófises vocais das cartilagens
aritenoides).

As consoantes, por sua vez, são ruídos produzidos por um estreitamento parcial ou
total das cavidades acima da laringe, que se constituem nas chamadas fontes
friccionais, já que usam apenas a fricção do ar e não uma vibração repetida por
inúmeras vezes, como na fonte glótica.

A produção da voz não é a função principal da laringe. A tarefa mais importante desse
órgão é conduzir o ar e proteger os pulmões da entrada de substâncias indesejadas.
Quando engolimos de mau jeito ou quando aspiramos uma substância nociva pela
boca ou pelo nariz, as pregas vocais aproximam-se fortemente e selam a entrada da
laringe. A função de selamento da laringe é de extrema importância para nossa
sobrevivência.

A função de selamento é realizada não somente pela aproximação das pregas vocais,
mas também de outras estruturas auxiliares que estão acima destas, as chamadas
pregas vestibulares.

A função de respiração da laringe e a função de selamento foram desenvolvidas na


espécie humana ao longo de sua evolução, antes de a laringe passar a servir também
para a produção da voz, o que é chamado de função vocal. Portanto, não possuímos
um aparelho específico para produzir a voz. Usamos o ar da respiração como
combustível para o som; e, finalmente, articulamos os sons com os lábios, a língua e a
mandíbula, que são estruturas que fazem parte do aparelho digestivo e servem para
mastigar e deglutir os alimentos. Desta forma, a voz, essa expressão tão importante do
ser humano, empresta órgãos de outros aparelhos na sua produção e é uma função
superposta, de surgimento recente na escala de evolução filogenética dos animais.

O início do processo para a produção do som encontra-se nas zonas motoras do


cérebro. É o cérebro que comanda todo o processo de entrada e saída do ar, do
posicionamento e vibração das pregas vocais e da produção encadeada dos sons da
fala.

Para a produção da voz e da fala deve-se obedecer a uma série de atos coordenados
pelo cérebro:

• Para emitirmos a voz e a fala, nosso cérebro dispara o comando central, que chega a
nossa laringe e nos articuladores dos sons da fala por meio de nervos específicos.
• Inicialmente, precisamos inspirar o ar, ou seja, colocar o ar para dentro dos pulmões;
para tanto, as pregas vocais devem estar afastadas.
• Ao emitirmos a voz, as pregas vocais, aproximam-se entre si, com tensão adequada,
controlando e bloqueando a saída de ar dos pulmões.
• O ar coloca em vibração as pregas vocais, que realizam ciclos vibratórios que se
repetem rapidamente; quanto mais agudo o som, mais rapidamente esses ciclos se
repetem.
• As caixas de ressonância devem estar ajustadas para facilitar e amplificar a saída do
som pela boca.
• Dependendo do som da fala a ser emitido, os articuladores, ou seja, os lábios, a
língua, a mandíbula e os dentes, devem se posicionar de modo adequado.

Trato Vocal

Após a produção, pelas pregas vocais, do som fundamental com seus


harmônicos, este é moldado pelo trato vocal que compreende as cavidades
faríngea, oral e nasal. Todas as estruturas existentes nestas cavidades têm a
sua participação, mais ou menos importante, na produção sonora.
As dimensões e a forma do trato vocal variam de indivíduo a indivíduo e,
também, durante a fonação, quando a modificação poderá ser reflexa,
automatizada ou produzida voluntariamente. Por exemplo: durante a deglutição
há uma alteração reflexa, ou seja, não aprendida; durante a fala da língua
materna as modificações são aprendidas e automatizadas; a alteração
voluntária sempre pode ser produzida desde que não existam lesões sérias.

Curiosidade

Quando falamos, escutamos a nossa voz através de duas vias: a via aérea
pela qual ondas sonoras caminham pelo ar e pela via óssea, pela vibração
craniana justificando a diferença de nossa voz quando a escutamos no
gravador, sendo a mesma que chega aos receptores.

Para melhor sentir a "audição óssea", tape os ouvidos e emita um som


qualquer prolongando de boca fechada.

Para dar ênfase a voz transmitida pelo ar, coloque suas mãos por detrás das
orelhas em concha e fale, empurrando até os pavilhões para frente.

Projeção vocal

É necessário saber lançar para o público a voz emitida para que alcance o
núcleo sonoro adequado, de acordo com o espaço.

A projeção é proporcionada pelas vogais, sendo muito importante a emissão


correta com abertura adequada da cavidade bucal.

Para uma boa projeção vocal é necessário:

» condições de correta respiração;

» ressonância adequada;

» consciência de postura da língua em repouso;

» deglutição;

» domínio do espaço pessoal, parcial e global.

O espaço sonoro é de propriedade de quem nos ouve. A percepção visual tem


grande importância para a colocação vocal no espaço.

O espaço é o lugar onde nos encontramos e que pode ser aberto ou fechado.
Qualquer que seja a sua extensão, é aquele que está em volta do corpo e que
constitui o seu ambiente.
» Espaço pessoal – espaço ocupado por nós da pele para dentro e vice-
versa.

» Espaço parcial – é ocupado pelo corpo sem se deslocar.

» Espaço global – o espaço é o todo, o indefinido.

Com os pés no chão não feche e nem abra muito as pernas (postura normal).

2o Coluna reta procure ficar relaxado.

3o Envolver o público com o olhar de forma natural.

4o Nunca cante com a cabeça para cima ou para baixo e sim na altura do pescoço.
Lembre-se: a voz não irá se prolongar ou ficar mais aguda se você levantar ou
abaixar a cabeça ''a pressão está no abdômen e não nas cordas vocais''.

É essencial eliminar as tensões antes de cantar e é isso que faremos


primeiramente. O relaxamento evita que você sobrecarregue o seu corpo com
tensões e desgastes desnecessários. E, no caso do(a) cantor(a), o seu
instrumento é o próprio corpo!

Exercício para relaxamento

1. Com os olhos fechados, comece a massagear a cabeça com as pontas dos dedos
(lavar a cabeça), ao mesmo tempo vá eliminando todo e qualquer pensamento.
2. Alternando a palma da mão e a ponta dos dedos massageie todo o rosto (amassar
o rosto).
3. Movimente a cabeça para um lado e para outro (direita e esquerda) como se
quisesse encostar a cabeça nos ombros (não mexa os ombros), alterne o
movimento passando a movimentar a cabeça para frente e para trás, por último
faça movimentos de rotação com a cabeça.
4. Com os ombros soltos ao longo do corpo, faça movimentos de rotação dos
ombros, para frente e para trás.
5. Alongar o corpo em todas as direções.
6. Em pé procure alcançar o teto com as mãos. Tente sentir a musculatura se
alongando, especialmente a dos braços e as laterais do tronco.
7. Com as pernas e os pés soltos, dê chutinhos no ar. Como aquecemos a nossa voz
é de imensa importância o desaquecimento vocal. Deve ser feito após o canto ou
qualquer espécie do uso da voz. O desaquecimento serve para colocar
(posicionar) as cordas vocais na linha média, pois após o esforço, elas estão
separadas.
8. Glissando (rrrr), iniciar nos tons agudos e terminar nos tons graves durante uns
três minutos; bocejo 15x; ressonância: (hum - suave); trabalho de lábios faz vibrar
por fora das cordas vocais (dó - ré - mi - ré - dó).

O controle da respiração é fundamental para quem quer cantar. Será que você
está aproveitando toda a sua capacidade respiratória?
Na inspiração, o tórax se alarga e o diafragma, contraído, fica em uma posição
baixa. Isto permite que o ar entre naturalmente em nosso corpo. Quando a
musculatura relaxa, encolhendo o tórax e elevando o diafragma, o ar sai
(expiração)

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