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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

SÉRGIO LUIZ NIDECK

SOFTWARE LIVRE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA:


A DIFÍCIL ADAPTAÇÃO DOS USUÁRIOS

Palhoça
2012
SÉRGIO LUIZ NIDECK

SOFTWARE LIVRE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA:

A DIFÍCIL ADAPTAÇÃO DOS USUÁRIOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso


Superior de TECNOLOGIA EM GESTÃO DA
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, da Universidade
do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para
obtenção do título de Tecnólogo.

Orientador: Prof. Alexandre Henrique Paes

Palhoça

2012
SÉRGIO LUIZ NIDECK

SOFTWARE LIVRE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA:

A DIFÍCIL ADAPTAÇÃO DOS USUÁRIOS

Este trabalho de pesquisa na modalidade de Estudo de


Caso foi julgado adequado à obtenção do grau de
Tecnólogo em Gestão da Tecnologia da Informação e
aprovada em sua forma final pelo Curso Superior de
TECNOLOGIA EM GESTÃO DA TECNOLOGIA DA
INFORMAÇÃO da Universidade do Sul de Santa
Catarina.

Palhoça, 29 de maio de 2012.

________________________________________
Professor e orientador Alexandre Henrique Paes
Universidade do Sul de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS

A elaboração de um trabalho de pesquisa demanda muito tempo e dedicação do


pesquisador. Quando esse trabalho tem que ser realizado concomitantemente com nossas
atividades de rotina, a administração desse tempo nem sempre ocorre de maneira equitativa.
Constantemente temos que negligenciar momentos que seriam dedicados ao convívio com
nossa família em prol do trabalho diário. Assim, conciliar a confecção de um TCC com as
atividades normais, requer muito mais a compreensão e resignação de nossos familiares, do
que o nosso próprio esforço e dedicação. Por isso, não poderia deixar de reconhecer a
contribuição, mesmo que involuntária, de minha esposa e filhos, que com sua compreensão e
apoio permitiram-me concluir este trabalho.
Gostaria, ainda, de registrar meus agradecimentos a todos os integrantes dos
Destacamentos subordinados ao CINDACTA IV, os quais dispuseram-se a colaborar com este
trabalho de pesquisa, dedicando parte de seu tempo ao preenchimento dos formulários que
lhes foram enviados. Suas respostas e comentários foram a base de toda a pesquisa realizada,
fornecendo-me as informações necessárias a uma avaliação aprofundada e coerente da
realidade nos diversos setores de trabalho.
Este trabalho, que representa a concretização
de um sonho e a conclusão de um objetivo, é
dedicado aos meus familiares. Minha avó
Joana, minha mãe Almerinda, minha tia e
madrinha Elza, minha tia/mãe Hélia (Leléia),
todas já vivendo em outro plano, e meu tio/pai
Jones (Nininho), todos integrantes de meu
núcleo familiar até os 27 anos e responsáveis
por forjar meu caráter com valores e princípios
que me acompanham até hoje. Minha querida
esposa Marcia, pelo amor e companheirismo
nesses 24 anos de vida conjugal e meus filhos
Jones (21) e Jeferson (18), principal motivação
para enfrentar este desafio.
RESUMO

Este Relatório de Pesquisa, apresentado na forma de Estudo de Caso Explicativo,


tem por objetivo avaliar o processo de implantação de software livre na Administração
Pública Federal, mais precisamente no âmbito do Comando da Aeronáutica, nas organizações
subordinadas ao CINDACTA IV, que compõem um universo de quase trinta destacamentos
espalhados por toda a Amazônia Legal brasileira, cobrindo os estados do Acre, Amapá,
Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Nesta avaliação buscar-se-á identificar o nível de conhecimento dos usuários,
classificando-os em grupos, como o planejamento da migração abordou as atividades voltadas
para a mudança da cultura organizacional, as principais deficiências da fase de convencimento
, as dificuldades enfrentadas pelos usuários na execução de suas atividades de rotina e
apresentar as inconsistências existentes entre o nível em que os usuários se encontram e o que
deveriam possuir para o desempenho de suas funções.
Através de formulários de entrevista enviado aos servidores dos diversas
organizações envolvidas, observação direta de usuários no desempenho de suas atividades,
consulta a manuais e legislações afetas a área e manuseio de sistemas corporativos utilizados,
foram obtidos as informações necessárias a confecção deste relatório.
Após a análise dos resultados, e atingimento dos objetivos previstos, é feita a
apresentação da proposta de solução para a situação problema com os resultados esperados e
sua viabilidade de implantação.

Palavras-chave: tecnologia; software livre; Governo Federal; Forças Armadas


migração; treinamento; usuário.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................... 8
2 TEMA................................................................................................................................... 9
3 OBJETIVOS........................................................................................................................11
3.1 OBJETIVO GERAL...........................................................................................................11
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................................11
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................................x
4.1 CAMPOS DE ESTUDO.....................................................................................................x
4.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS.................................................................x
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA REALIDADE OBSERVADA..............................x
6 PROPOSTA DE SOLUÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA.........................................x
6.1 Proposta de melhoria para a realidade estudada.................................................................x
6.2 Resultados esperados..........................................................................................................x
6.3 Viabilidade da proposta......................................................................................................x
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................................x
REFERÊNCIAS......................................................................................................................x
8

1 INTRODUÇÃO

Há muito que o software livre deixou de estar restrito aos ditos " hackers", ou seja,
usuários avançados que se dedicavam a auxiliar o desenvolvimento de novos aplicativos e até
mesmo do próprio sistema. Com o passar do tempo, o Linux provou ser um sistema estável,
seguro e, sobretudo, amigável para o usuário. As distribuições existentes hoje em dia
(Ubuntu/Fedora/Curumim) foram desenvolvidas justamente para tornar a interface mais
amigável para os usuários comuns e assim permitir que o Linux fizesse frente aos softwares
proprietários. As empresas, principalmente os bancos, percebendo a estabilidade e segurança
do sistema, passaram a usar Linux em seus servidores impulsionando a sua disseminação.
Nestes tempos de inclusão digital e globalização, o nosso governo não podia
deixar de aderir a essa tendência que já provara ser eficaz. Assim, em 2004, o governo criou o
Instituto de Tecnologia da Informação, subordinado diretamente a Casa Civil da Presidência
da República, composto por uma Câmara Técnica de Implementação de Software Livre e uma
Câmara Técnica de Inclusão Digital, para dar planejar, coordenar e gerenciar o processo de
migração no âmbito do Governo Federal.
Entretanto, apesar de todo o planejamento envolvido, o processo de migração não
foi bem sucedido em todos os órgãos públicos. A não observância das regras básicas para uma
migração bem sucedida não foram seguidas, ocasionando vários problemas. Os maiores
prejudicados nesse processo foram usuários que, relegados a um segundo plano, não
receberam a atenção merecida e necessária.
Assim, este trabalho, focado na adaptação do usuário frente a um processo de
migração realizado com várias deficiências, se propõe a identificar o nível de conhecimento
atual dos usuários, se houve algum tipo de atividade voltada para a mudança da cultura
organizacional e para o esclarecimento dos usuários e quais as discrepâncias existentes entre a
qualificação que eles possuem e a que deveriam possuir.
Após a abordagem destes quesitos e a análise das informações levantadas, será
apresentada uma proposta para solucionar a situação problema a fim de que as falhas
ocorridas durante o processo de migração sejam contornadas de maneira viável e realista.
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2 TEMA

Desde a fundação do Movimento do Software Livre e a criação da Licença Geral


Pública GNU, o software livre evoluiu muito. Segundo STALLMAN(1999), fundador do
movimento e autor da licença GNU, o objetivo primário era o desenvolvimento de um sistema
operacional portável, compatível com o UNIX e 100% livre, que os usuários tivessem
liberdade para distribuir, contribuir e mudar qualquer de suas partes. Em 1991, Linus
Torvalds desenvolveu um kernel livre, baseado no UNIX, e por isso denominado LINUX.
Surgia então o componente mais importante para alavancar o movimento e tornar o sonho
realidade. Com a contribuição de desenvolvedores ao redor do mundo, o LINUX foi se
aperfeiçoando e ganhando cada vez mais adeptos, principalmente entre as empresas.
Conforme Alecrim (2004), a adoção do Linux pelas empresas se deve, basicamente, ao seu
custo/benefício e capacidade de operação. As companhias sempre buscam formas de cortar
custos e com o Linux, conseguem evitar gastos enormes com a aquisição de licenças de
software. Obviamente que este não é o único motivo. A capacidade de satisfazer todas as
necessidades da empresa e a ótima performance nas operações em que é destinado, permite
que as empresas usem o Linux para diversas funções, principalmente para aquelas
relacionadas à redes.
O governo brasileiro não poderia ficar para trás, pois afinal de contas, a
administração pública é uma empresa que movimenta bilhões de reais e austeridade e
transparência são questões de ordem nesses tempos de inclusão digital e globalização. Assim,
logo no início do governo Lula, foram criadas as Câmaras Técnicas de Implementação de
Software Livre e a de Inclusão Digital, ambas coordenadas pelo Instituto de Tecnologia da
Informação, subordinado diretamente a Casa Civil da Presidência da República,
demonstrando a prioridade dos planos de migração do Governo Federal. Segundo Branco
(2004, pag.7) “As principais motivações do governo brasileiro para desenvolver um programa
de implantação de software livre estão ligadas às questões da macroeconomia brasileira, à
garantia de uma maior segurança das informações do governo, à ampliação da autonomia e
capacidade tecnológica do país, à maior independência de fornecedores e à defesa do
compartilhamento do conhecimento tecnológico como alternativa para os países em
desenvolvimento.
Entretanto, apesar de todo o planejamento e coordenação neste projeto, um
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pequeno detalhe que foi subestimado tem causado alguns problemas e trazido muita dor de
cabeça aos técnicos da área de suporte. Independente da excelente performance do Linux e
sua relação custo x benefício imbatível, os usuários continuam preferindo o Windows.
Simplesmente pelo fato de que os fatores que são extremamente relevantes para
administradores e pessoal técnico, não têm a mesma importância para os usuários. Assim, nos
deparamos com uma situação delicada ao constatarmos que mesmo aqueles que divulgam,
defendem e coordenam a migração para o software livre, na maioria das vezes utilizam
software proprietário em suas estações de trabalho. Não obstante a preocupação do governo
para promover a migração, dentro de suas próprias fileiras encontramos descontentes que se
recusam a abandonar o velho conhecido Windows.
Dessa maneira, vemos, que apesar de todos os esforços no sentido de promover a
migração de seus órgãos de maneira coordenada e eficiente, o resultado não está sendo de
todo satisfatório, haja vista a dificuldade de adaptação dos usuários e suas críticas ao software
livre. Críticas essas, motivadas não por uma suposta inferioridade do sistema livre comparado
ao proprietário, mas sim pela falta de cultura, ou seja, os usuários não foram adequadamente
preparados para a mudança, deixando-se levar assim, pela já conhecida resistência à
mudanças que está dentro de todos nós.
Logo, fica evidente a relevância de se dar uma atenção especial aos usuários no
processo de migração, para se evitar fracassos futuros, ou no mínimo, atrasos no cronograma
e gastos não planejados.
Esta pesquisa pretende identificar as deficiências existentes e propor ações a
serem implementadas no processo a fim de que a migração possa ocorrer de maneira gradual e
efetiva, atendendo às necessidades do principal foco dos sistemas, que é o “usuário”.
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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o processo de implantação de software livre no âmbito da Administração


Pública Federal.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Levantar dados dos usuários a fim de dividi-los em grupos conforme seus níveis
de conhecimento.
- Verificar como o planejamento da migração abordou as atividades voltadas para
a modificação da Cultura Organizacional;
- Identificar as principais deficiências na fase de convencimento em função da
diversidade de usuários e setores envolvidos.
- Identificar as principais dificuldades dos usuários na execução de suas atividades
de rotina.
- Apresentar as principais inconsistências existentes entre o nível de conhecimento
dos usuários e o que ele deveria possuir para o desempenho de suas funções.
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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A caracterização do estudo deste trabalho será uma pesquisa na forma de estudo


de caso EXPLICATIVO, que conforme GIL (1999), é caracterizado pelo estudo profundo e
exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e
detalhado.

4.1 CAMPO DE ESTUDO

O pesquisador é funcionário público federal, militar da Força Aérea Brasileira,


setor no qual o processo de migração para o software livre está bastante adiantado, possuindo
inclusive um órgão central que gerencia o processo em todas as suas Organizações Militares.
Há cerca de cinco anos iniciou-se o processo de migração em uma organização central, que
possui mais de vinte organizações subordinadas administrativamente e operacionalmente,
espalhadas por toda a Região Amazônica. Nesse período, este pesquisador teve a
oportunidade de trabalhar em três organizações distintas dentro dessa estrutura, inclusive na
sede, vivenciando assim, o impacto das mudanças em todos os níveis.
Nesta pesquisa, abordaremos principalmente, o efeito da migração nas
organizações subordinadas, que por sua distância da sede, enfrentam diversos problemas
devido às dificuldades para o atendimento de suporte do pessoal técnico especializado, que
fica centralizado na sede.

4.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Os instrumentos de coleta de dados utilizados neste trabalho de pesquisa, são


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descritos no quadro a seguir.

Instrumento de
Universo pesquisado Finalidade do Instrumento
coleta de dados
Levantar dados dos usuários para que possamos
Usuários das organizações integrantes do
dividi-los em, pelo menos, três grupos, a fim de
Entrevista processo, através de formulários pré-
estabelecer ações específicas visando cada
elaborados enviados por email.
grupo.
Observação Direta Usuários de seu local de trabalho na Identificar as principais dificuldades dos
dos participantes execução de suas rotinas. usuários na utilização de software livre.
Serão pesquisados manuais de
Identificar as disparidades existentes entre os
procedimentos, diretrizes e normas que
Documentos procedimentos e ações previstos e a realidade
regulamentam os processos de migração
das organizações isoladas.
dentro do Governo Federal.
Pesquisaremos, principalmente, a home Apresentar as óbices encontradas na utilização
page do órgão, onde se tem acesso à várias do software livre dentro da organização.
Dados Arquivados
aplicações e sistemas, todos baseados em
software livre.
Quadro 1- Instrumento de coleta de dados.
Fonte: Elaboração do autor, 2012.

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DA REALIDADE OBSERVADA

Já no início do governo Lula, em 2003, o Governo Federal implementou uma


política, na área da Tecnologia da Informação e Comunicação, voltada para o fortalecimento
das pesquisas tecnológicas, de computação de alto desempenho, de inclusão digital e adoção
de software livre, compondo assim, uma política industrial e uma estratégia de
desenvolvimento nacional para esse setor.
No plano da administração federal, o governo iniciou uma ampla migração de seu
parque tecnológico para software livre, visando a redução de custos de propriedade de
software, bem como o aumento de investimentos em projetos de pesquisa e fomento de
softwares livres, que futuramente serão distribuídos com licença GPL.
O Ministério da Defesa (MD) criou um Grupo de Trabalho de Software Livre, o
qual estabeleceu, que cada Comando Militar (Marinha, Exército e Aeronáutica) deveria
elaborar e encaminhar ao MD um documento expondo como se processaria a migração no
âmbito da sua Força.
Fins atender as políticas estabelecidas pelo Governo Federal, o COMAER criou o
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Sistema de Tecnologia da Informação do Comando da Aeronáutica (STI), instituído através


da Portaria no 1.241/GC3, de 19 dez. 2003, e cuja estruturação e competências foram
estabelecidas posteriormente, com a aprovação de uma Norma de Serviço do Comando da
Aeronáutica “NSCA 7-7 Estrutura e Competências do Sistema de Tecnologia da Informação
do Comando da Aeronáutica”, de 6 set. 2004. Visando atingir todos setores do COMAER, o
STI adotou uma visão sistêmica, independente de qualquer outra estrutura hierárquica ou
funcional existente. Assim, baseado nessa visão sistêmica, cada setor de informática das
organizações do COMAER passou a constituir um “ELO” do STI, sendo classificados dentro
das seguintes categorias, de acordo com suas atribuições e responsabilidades:

TIPO LOCALIZAÇÃO ATIVIDADE OBSERVAÇÕES


Planejar, normatizar, implantar,
integrar, coordenar e controlar
todos os projetos e atividades de O setor responsável
DECEA TI no âmbito do COMAER, além pela execução é o
ÓRGÃO CENTRAL
(SDTI) de assessorar o Comandante da Subdepartamento de TI
Aeronáutica nas questões (SDTI).
relativas a políticas e diretrizes
de TI.
Ficam localizados nos
Responsáveis pela coordenação,
ELOS DE Órgãos de Direção-Geral e
junto ao Órgão Central, das suas
COORDENAÇÃO de Direção Setorial
atividades de TI.
(ODGS) e GABAER.
São aqueles que, por As atividades dos Elos
atribuições regimentais ou Especializados, incluindo os
por terem sido instituídos Grupos de Trabalho e Comissões
ELOS em ato específico, para a implantação de projetos
ESPECIALIZADOS executam atividades ou específicos, serão coordenadas
serviços especializados de pelo Órgão Central ou, por
TI de interesse do delegação deste, por um Elo de
COMAER. Coordenação.
Executam atividades rotineiras
de manutenção de TI,
São os setores de TI das
ELOS DE SERVIÇO reportando-se aos seus
OM do COMAER
respectivos Elos de
Coordenação.
São todos os militares e
Tratamento das informações e
servidores civis que
demais atividades de interesse do
utilizam as ferramentas
ELOS USUÁRIOS COMAER, tendo seu
disponibilizadas pelo STI,
credenciamento e apoio técnico a
nos seus locais de trabalho
cargo do próprio elo.
ou nas operações.
Quadro 2- Elos do Sistema de Tecnologia da Informação do Comando da Aeronáutica.
Fonte: Elaboração do autor, 2012

Preocupado com a adequada alocação de recursos, com a crescente necessidade de


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independência tecnológica e com a segurança da informação, o Comando da Aeronáutica


(COMAER) vislumbrou o emprego de software livre como uma alternativa válida para
atender às necessidades de soluções na área de Tecnologia da Informação. Coube ao
Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), como órgão central do Sistema de
Tecnologia da Informação no COMAER, estabelecer as orientações necessárias para o uso de
software livre no âmbito do COMAER, tendo sido elaborada e posteriormente aprovada, em
28 jun. 2005, a “NSCA 7-11 - Migração para o Ambiente de Software Livre”, que norteia as
ações de migração, englobando serviços de rede, sistemas operacionais e ferramentas de
automação de escritório.
A propósito da padronização no processo de migração, foi estabelecido que é
competência do Órgão Central do STI “promover eventos que divulguem as vantagens
obtidas na migração para o ambiente de software livre” (COMAER, 2005, p. 15). Entretanto,
foram promovidos vários eventos voltados apenas para o corpo técnico e gerencial, a despeito
das orientações existentes.
A experiência demonstra que toda alteração de plataforma, ou de paradigma, para
ser bem sucedida, exige profundo trabalho de convencimento. Conforme descrito no
Capítulo 4, é importante que se desenvolvam ações de convencimento dos corpos
técnico, gerencial, funcional e, consequentemente, dos “cidadãos usuários”,
objetivando estabelecer ambiente favorável à realização da migração e ainda
desenvolver mecanismos motivacionais. (BRASIL, 2005, p. 61)

Apesar do Guia Livre do Governo Federal (BRASIL, 2005, p. 61) enfatizar que
“toda migração que desconhece a importância de sensibilizar as pessoas envolvidas leva
muito mais tempo ou simplesmente não é bem sucedida”, esta atividade não mereceu a devida
atenção na NSCA 7-11 do COMAER, visto que essa norma não menciona especificamente as
atividades de convencimento ou sensibilização, deixando a critério de cada organização
decidir como realizar esse trabalho.
O cronograma constante da NSCA 7-11 e reproduzido no Quadro 2, estabelece os
procedimentos a serem executados para a migração do ambiente de tecnologia proprietária
para o de software livre, bem como seus prazos de conclusão. No âmbito do CINDACTA IV
e seus destacamentos subordinados, todos os prazos previstos foram cumpridos. Contudo,
essa “eficiência” foi conseguida em detrimento da “eficácia”. O cronograma foi cumprido,
mas o resultado da migração não foi satisfatório, pelo menos do ponto de vista dos usuários
que ainda hoje reportam vários problemas, principalmente no que concerne ao uso de sistemas
antes utilizados em plataforma proprietária.
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PROCEDIMENTO INÍCIO TÉRMINO ELOS ENVOLVIDOS COORDENAÇÃO


Revisão das normas do STI. Jul/2005 Jul/2006 Órgão Central Órgão Central
Implantação do Centro de Órgão Central
Jan/2006 Dez/2006 Órgão Central
Excelência de Software Livre Elo Especializado
Migração dos serviços de rede
Órgão Central
corporativos da Intraer e da 01/07/06 Dez/2007 Órgão Central
Elo Especializado
Internet
Migração das ferramentas de
Órgão Central
desenvolvimento de sistemas de Jan/2007 Jul/2008 Órgão Central
Elo Especializado
interesse do COMAER.
Migração dos sistemas de
gerenciamento das bases de dados Órgão Central
Jan/2007 Jul/2008 Órgão Central
que armazenam informações de Elo Especializado
interesse do COMAER
Migração dos serviços de rede das Elos de Coordenação Elos de
Jan/2007 Dez/2007
organizações do COMAER Elos de Serviço Coordenação
Migração das ferramentas do Elos de Serviço
Jan/2007 Dez/2007 Elos de Serviço
ambiente de escritório Elos Usuários
Migração dos sistemas de Órgão Central
Jan/2007 Dez/2009 Órgão Central
informação existentes Elos Especializados
Quadro 3 - Cronograma para migração para o ambiente de software livre
Fonte: COMAER. NSCA 7-11 Migração para o Ambiente de Software Livre. Rio de Janeiro, 2005.

No âmbito do CINDACTCTA IV e seus destacamentos subordinados, o processo


de migração iniciou-se no ano de 2009. O modelo adotado foi a Transição em Fases por
Grupos. Cada divisão (Operacional/Administrativa/Técnica) compôs um grupo e cada
destacamento representava também um grupo. Assim, nos destacamentos, que são o foco
desta pesquisa, a migração ocorreu em todas as máquinas de uma só vez, e para efetivar esta
mudança, foram enviados CD's padronizados para a instalação dos novos sistemas e
aplicativos. A partir daí, não havia mais possibilidade de se utilizar software proprietário nas
máquinas que passaram também a contar com o CACIC, software que permite a realização de
auditoria remota.
A fim de obter as informações sobre o processo de migração e seus resultados, um
Formulário de Coleta de Dados foi encaminhado por email aos servidores das organizações
(Destacamentos) subordinados ao CINDACTA IV, num total de 19, espalhados por toda a
amazônia legal brasileira. Esse cenário compõe o campo de estudo da pesquisa. Trinta
usuários devolveram os formulários preenchidos, sendo este um número suficiente haja vista
representaram aproximadamente 30% do universo de usuários.
O formulário era composto por 10 questões, com 5 opções de respostas valoradas
numa escala de 0 a 4. Os entrevistados foram orientados a escolher, em cada questão, apenas
uma opção que melhor representasse a maneira como ocorreu o processo de migração em seu
setor de trabalho (questões de 1 a 5) e sua experiência no uso de software livre antes e depois
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da migração (questões de 6 a 10). Os resultados obtidos, após compilados, são apresentados


na Tabela 1, que apresenta, para cada item, a pontuação média obtida e a avaliação dos
usuários. A partir dos dados desta tabela, será feita a Análise dos Resultados, evidenciando os
Objetivos Específicos deste Trabalho de Pesquisa.

Tabela 1 - Avaliação do processo de migração ocorrido entre Jan/2007 e Dez/2009.


AVALIAÇÃO DOS USUÁRIOS
QUESITO PONT 0 1 2 3 4
MED QTD % QTD % QTD % QTD % QTD %
1
0,70 16 53% 9 30% 3 10% 2 7% 0 0%
Sensibilização
2
0,53 19 63% 7 23% 3 10% 1 4% 0 0%
Treinamento
3
0,87 11 37% 12 40% 7 23% 0 0% 0 0%
Transição
4
1,60 6 20% 8 27% 9 30% 6 20% 1 3%
Suporte técnico local
5
1,67 4 13% 11 37% 7 23% 7 23% 1 4%
Suporte técnico remoto
6
0,93 16 53% 6 20% 3 10% 4 13% 1 4%
Nível inicial
7
2,00 1 3% 11 37% 10 33% 5 17% 3 10%
Nível final
8
2,53 2 6% 5 17% 5 17% 16 53% 2 7%
Performance BrOffice
9
2,47 1 3% 1 3% 15 50% 11 37% 2 7%
Desempenho atividades rotina
10
1,63 1 3% 13 43% 12 40% 4 14% 0 0%
Performance sistemas
Fonte: Elaboração do autor, 2012

5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1.1 CLASSIFICAÇÃO DOS USUÁRIOS

Inicialmente, a grande maioria dos funcionários (53%) era de não usuários, os


iniciantes eram 20%, os intermediários totalizavam 23% e apenas 4% eram avançados.
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Decorridos três anos da implantação, houve um grande progresso no nível de


conhecimento dos usuários. Apesar da abordagem adotada, os resultados foram positivos, pois
os usuários, diante da irreversibilidade da migração, quebraram a resistência inicial e
passaram a buscar conhecimento por conta própria. A quantidade de não usuários sofreu uma
queda de 53% para apenas 3%, o número de iniciantes subiu de 20% para 37%, os usuários
intermediários passaram de 10% para 33%, os usuários normais subiram de 13% para 17% e
os avançados passaram de 4% para 10%.
No Gráfico 1 temos o nível inicial dos usuários e no Gráfico 2 vemos o cenário
final, após a término do processo de migração.

4%
13%

Não usuário
10% Iniciante
Intermediário
53% Normal
Avançado

20%

Gráfico 1 - Nível inicial dos usuários


Fonte: Elaboração do autor, 2012

10%
3%

17%
Não usuário
37%
Iniciante
Intermediário
Niormal
Avançado

33%

Gráfico 2 - Nível final dos usuários


Fonte: Elaboração do autor, 2012

Na Tabela 2 temos a classificação dos usuários, ao início e término do processo,


em três níveis: INICIANTES (não usuários e iniciantes), INTERMEDIÁRIOS (normais e
intermediários) e AVANÇADOS.
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Tabela 2 - Classificação dos usuários.

PRÉ-MIGRAÇÃO PÓS-MIGRAÇÃO OBSERVAÇÕES


45% dos usuários deste nível ascen-
Iniciantes 73% (22) 40% (12)
deram para o nível Intermediário
Com o progresso dos usuários Inici-
Intermediários 23% (7) 50% (15) antes, o número de usuários neste ní-
vel cresceu 114%
Avançados 4% (1) 10% (3)
Fonte: Elaboração do autor, 2012

Apesar do progresso - graças ao esforço próprio - obtido pelos usuários, quase a


metade deles (40%) ainda se encontra no nível INICIANTE, ou seja, possuem os
conhecimentos básicos para operar o sistema mas ainda não dominam todas as suas
funcionalidades. O ideal seria que todos os usuários estivessem no nível INTERMEDIÁRIO,
em condições de utilizar o sistema com desenvoltura e confiança. O nível AVANÇADO é
requisito apenas para aqueles que atuam na área de suporte, e portanto, responsáveis pela
instalação, configuração e atualização de softwares nos diversos Destacamentos. Assim, cada
Destacamento deveria possuir, pelo menos, um usuário AVANÇADO. Como existem 19
Destacamentos, vemos que o número de usuários AVANÇADOS está muito aquém do
mínimo necessário. Esta deficiência tem um impacto direto na performance dos sistemas que
não passam pelas atualizações necessárias e não operam, portanto, dentro das configurações
ideais. Também afeta a performance dos usuários, que por falta de um suporte local capaz de
solucionar problemas corriqueiros, não conseguem utilizar o sistema satisfatoriamente.

5.1.2 ABORDAGEM DA MODIFICAÇÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL

Observamos que, a despeito do que preconiza o Guia Livre do Governo Federal, a


Fase de Sensibilização foi desprezada, pondo em risco o sucesso da migração.
Mudar sistemas, alterar soluções e plataformas, em geral, são tarefas complexas. Ao
considerarmos que toda mudança capaz de modificar o comportamento e as rotinas
das pessoas aumenta o grau de dificuldade das tarefas, podemos afirmar que, ao se
falar em migração, a atenção dos Administradores não pode se concentrar
exclusivamente na parte técnica. A migração exige também esforço de mudança
cultural, o que nas organizações se retrata diretamente no que se concebe como
Cultura Organizacional.(BRASIL, 2005, p. 61)
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No Gráfico 3, podemos visualizar como os usuários foram afetados pela falta demotivação e
sensibilização no processo de migração. O foco desta fase foi o Corpo Técnico,
principalmente os locados na sede, em Manaus. Os usuários lotados nos Destacamentos não
tiveram qualquer tipo de esclarecimento prévio sobre a migração, tomaram conhecimento
apenas dos eventos e prazos. Na época, o Setor de TI da Sede, organizou um evento voltado
para a capacitação do pessoal técnico dos Destacamentos. Esse treinamento teve a duração de
sete dias e contou com a participação de um técnico de cada Destacamento. Todavia, quase a
totalidade dos técnicos participantes não possuía conhecimento prévio na área de TI, e
retornaram aos seus Destacamentos ainda com mais dúvidas pois não conseguiram o grande
volume de novas informações repassadas no treinamento.

Pelas informações do Gráfico 3, podemos depreender que o Planejamento da


Migração desprezou a importância de trabalhar a Cultura Organizacional no processo de
migração, deixando de lado os “cidadãos usuários”, que poderiam ser seus maiores aliados e
colaboradores para o consecução do processo. Essa negligência é o principal motivo de, até
hoje, grande parte dos usuários ainda apresentarem resistência a mudança implementada.

7%

10%

Inexistente
Deficiente
Regular
53% Boa
Excelent e
30%

Gráfico 3 - Sensibilização do usuário


Fonte: Elaboração do autor, 2012

5.1.3 DEFICIÊNCIAS DA FASE DE CONVENCIMENTO

A Fase de Convencimento não foi adequadamente cumprida, apresentando várias


deficiências, quais sejam:
21

a) falta de esclarecimento ao Corpo Funcional sobre;


- os motivos da migração,
- as vantagens decorrentes da mudança,
- os objetivos a serem alcançados,
b) falta de incentivo ao Corpo Funcional visando;
- sua participação efetiva no processo de migração,
- a utilização das ferramentas livres disponíveis,
- o feedback imprescindível ao acompanhamento do processo,
c) falta de esclarecimento ao Corpo Técnico sobre;
- vantagens operacionais da nova ferramenta,
- utilização da nova tecnologia,
d) falta de incentivo ao Corpo Técnico visando;
- despertá-los para o crescimento profissional com a especialização no novo
modelo tecnológico,
- motivá-los pela sua valorização.

5.1.4 DIFICULDADES DOS USUÁRIOS NAS ATIVIDADES DE ROTINA

Pelas informações do Gráfico 4 identificamos que os usuários não tiveram o


treinamento necessário para a utilização da suíte de aplicativos livres (BrOffice) que
substituiu o pacote proprietário.

4%

10%

Inexist ente
Deficiente
23%
Regular
Bom
Excelente
63%

Gráfico 4 - Treinamento dos usuários


Fonte: Elaboração do autor, 2012
22

Pelas informações do Gráfico 5 identificamos o grau de dificuldade que os usuários enfrentam


para realizar suas tarefas de rotina.

7%
3%
3%

Não utiliza
Deficiente
37%
Regular
Bom
50% Excelente

Gráfico 5 - Desempenho dos usuários


Fonte: Elaboração do autor, 2012

Assim, as principais dificuldades dos usuários foram as seguintes:


a) falta de conhecimento sobre as funcionalidades dos aplicativos da suíte de
escritório adotada (BrOffice);
b) incompatibilidade de arquivos nativos do BrOffice com a suíte proprietária
(Office);
c) baixo desempenho dos sistemas corporativos utilizados no COMAER com a
plataforma LINUX (Gráfico 6);
d) falta de suporte técnico local.

3% 14%

Não utiliza
Deficiente
43%
Regular
Bom
Excelente
40%

Gráfico 6 - Desempenho dos sistemas corporativos


Fonte: Elaboração do autor, 2012
23

5.1.5 NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS USUÁRIOS

Levando-se em conta a complexidade dos sistemas corporativos utilizados nos


Destacamentos, a diversidade de documentos manuseados (criados, editados e impressos), o
funcionamento das estações de trabalho em rede e o consequente compartilhamento de pastas,
arquivos e impressoras, entendemos que o Nível Intermediário seria adequado às atividades
rotineiras dos usuários. Entretanto, pelo que nos mostra o Gráfico 7, gerado a partir dos dados
contidos na Tabela 2, constante do subitem 5.1.1, vemos que pouco mais da metade (60%)
atendem aos pré-requisitos mínimos necessários ao desempenho das suas funções de rotina.
Consequentemente, quase a metade dos usuários (40%) não conseguem desempenhar suas
funções com a desenvoltura necessária, tendo em vista não possuírem conhecimentos
adequados da ferramenta que utilizam no seu dia a dia.

10%

40%

Iniciant e
Intermediario
Avançado

50%

Gráfico 7 - Classificação dos usuários


Fonte: Elaboração do autor, 2012

6 PROPOSTA DE SOLUÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

Depois da apresentação da realidade observada e sua análise, a partir dos dados


coletados com os instrumentos de pesquisa, será apresentada uma proposta de para solucionar
24

a situação problema. Essa proposta de melhoria para a realidade estudada, se implementada


adequadamente, irá proporcionar uma mudança na situação atual, compensando assim, as
falhas do processo inicial, que são a origem das deficiências existentes.

6.1 PROPOSTA DE MELHORIA PARA A REALIDADE ESTUDADA

A partir da realidade estudada, propõem-se que o CINDACTA IV adote uma série


de providências, a fim de corrigir as deficiências existentes.
Tendo em vista que no desenrolar do processo de migração a fase de
sensibilização foi negligenciada, gerando um clima de desmotivação entre os usuários,
sugerimos as seguintes providências para reverter a situação:
a) promover uma campanha de esclarecimento aos usuários abordando os temas;
- o que é software livre,
- vantagens em relação aos softwares proprietários,
- que benefícios que a migração para software livre traz para a organização,
- situação atual do software livre no governo e empresas privadas,
b) fornecer treinamento para todos os usuários dos Destacamentos;
- sistema operacional Ubuntu e suas principais funções,
- aplicativos da suíte de escritório adotada como padrão (BrOffice),
- sistemas corporativos de uso restrito do COMAER,
c) fornecer treinamento específico para o Corpo Técnico dos Destacamentos, a
fim de qualificá-los adequadamente para atuar como suporte local, em condições
de solucionar todos os problemas relativos a instalação, configuração e
atualização do sistema operacional, sistemas corporativos e pacote de aplicativos;
d) aumentar a largura de banda dos links dos destacamentos a fim de diminuir o
tempo de acesso, principalmente aos sistemas corporativos cujas bases de dados
ficam localizadas nas cidades do Rio de Janeiro, Brasília e Manaus
Inicialmente será ministrado um ciclo de palestras em todos os Destacamentos
constando de uma apresentação dividida em dois blocos com duração de 50 minutos cada. O
primeiro bloco abordará o tema "software livre e suas vantagens em relação ao proprietário" e
25

o segundo bloco falará sobre "os benefícios da migração para a organização e seus integrantes
e o emprego do software livre no âmbito governamental e privado".
Deverão ser destinados, ainda, trinta minutos ao término da apresentação, para o
debate e esclarecimento de dúvidas da audiência. Durante o debate, o(s) palestrante(s) terão a
oportunidade de identificar os usuários mais motivados e inteirados sobre o assunto, os quais
poderão ser indicados para realizar os cursos técnicos a fim de de atuarem no suporte local.
Tendo em vista que em alguns destacamentos parte do efetivo trabalha em regime
de turnos, a mesma palestra será apresentada em dois turnos, de manhã e a tarde, permitindo
assim a compatibilização de horários para que todos participem das atividades programadas.
O treinamento para o Corpo Técnico será realizado após a conclusão do ciclo de
palestras, permitindo assim que, além do Corpo Técnico, os usuários selecionados durante o
ciclo de palestras possam participar do mesmo treinamento.
As atividades de treinamento para o Corpo Técnico devem ser realizadas na sede,
onde existem recursos e infraestrutura adequados para seu desenvolvimento. Partindo-se da
premissa de que cada destacamento deve possuir pelo menos um técnico de suporte local,
teremos que treinar, pelo menos, dezenove técnicos. Esse treinamento será constituído de três
módulos, cada um com duração de cinco dias úteis (40 horas). O primeiro módulo terá por
finalidade permitir o nivelamento dos integrantes do Corpo Técnico que ainda encontram-se
no Nível Iniciante a fim de todos atinjam o Nível Intermediário. Nele o técnico estudará o
sistema operacional (Ubuntu) e a suíte de escritório (BrOffice).
O segundo módulo será destinado a promover uma elevação de nível de todo o
Corpo Técnico para o Nível Avançado, colocando-os em condições de fornecer o suporte
local aos usuários de seus destacamentos. Para isso, este módulo abrangerá a instalação e
configuração do Sistema Operacional e aplicativos de escritório (BrOffice).
O terceiro módulo abrangerá exclusivamente a configuração e operação dos
sistemas corporativos (SIGPES e SILOMS).
Após concluído o treinamento do Corpo Técnico, deverá ser iniciado o
treinamento para o Corpo Funcional, ou seja, dos usuários propriamente ditos, o escopo desta
pesquisa. Esse treinamento será realizado no próprio local de trabalho (destacamentos) e será
constituído de quatro módulos: sistema operacional (Ubuntu), suíte de escritório (BrOffice),
Sistema de Gerenciamento Pessoal (SIGPES) na área administrativa e Sistema Integrado de
Logística de Materiais e Serviços (SILOMS) na área técnica.
Nesta fase os treinamentos serão realizados nos destacamentos, e para que a rotina
26

diária não seja afetada, as aulas serão ministradas em meio período, com a duração de 4
horas/dia. Os módulos terão a duração cinco dias úteis cada um, perfazendo um total de 20
horas por módulo. Os módulos III e IV, por se tratarem de sistemas mais complexos, com
vários módulos internos e peculiaridades inerentes a atividade desenvolvida pelo usuário,
terão uma carga horária diária de 8 horas, sendo 4 horas exclusivas de instrução e 4 horas de
atividade prática supervisionada durante a realização das atividades de rotina, perfazendo um
total de 40 horas/módulo. O treinamento desta fase será ministrada com a presença de um
instrutor da sede que será auxiliado por um técnico do destacamento. Assim, consegue-se uma
redução no gasto com diárias, e ao mesmo tempo proporciona aos técnicos recém formados a
oportunidade de aprimorar seus conhecimentos, para que futuramente possam também atuar
como irradiadores de conhecimento em seus locais de trabalho.
O Quadro 4 apresenta o cronograma para implementação da proposta de melhoria.

DURAÇÃO CARGA
ATIVIDADE MÓDULO CONTEÚDO
(Dias Úteis) HORÁRIA
- software livre e suas vantagens
Palestras de esclarecimento ÚNICO 38 dias 190 horas - benefícios da migração
- empregos do SL no governo
- sistema operacional (Ubuntu)
I 5 dias 40 horas
- suíte de escritório (BrOffice)
- instalação/configuração SO
Treinamento do Corpo Técnico II 5 dias 40 horas
- instalação/configuração BrOffice
- operação/configuração SIGPES
III 5 dias 40 horas
- operação/configuração SILOMS
I 5 dias 20 horas - sistema operacional (Ubuntu)
II 5 dias 20 horas - suíte de escritório (BrOffice)
Treinamento do Corpo Funcional
III 10 dias 40 horas - SIGPES
IV 10 dias 40 horas - SILOMS
TOTAL 83 dias 430 horas
Quadro 4 - Cronograma para implementação da proposta de melhoria
Fonte: Elaboração do autor, 2012.

6.2 RESULTADOS ESPERADOS

Uma vez cumprido o cronograma para implementação da proposta de melhoria


apresentada, teremos um cenário bem diferente do inicial, pois todo o Corpo Funcional estará
27

de posse dos conhecimentos necessários ao desempenho de suas funções e, principalmente,


esclarecido sobre os motivos da mudança e motivado para colaborar em todas as etapas do
processo, alinhado-se com os objetivos do Corpo Gerencial e participando ativamente do
processo, agindo como um colaborador e não como um "dificultador".

6.3 VIABILIDADE DA PROPOSTA

Para demonstrar a viabilidade de implementação da proposta apresentada, será


demonstrado que os aspectos financeiro, físico (infraestrutura) e humano (instrutores)
envolvidos podem ser facilmente atendidos na realidade atual da organização, desde que
devidamente incluídos no Plano de Trabalho para o ano seguinte.

6.3.1 ASPECTOS FINANCEIROS

Tendo em vista que o CINDACTA IV, assim como todas os demais órgãos
governamentais, possui uma verba anual para despesas com diárias de funcionários, a qual é
utilizada de acordo com o planejamento para o ano em questão, não haverá impacto financeiro
na implantação da proposta apresentada, cujos valores estimados, com base nos dados
constantes do Quadro 4, do item 6.1, são mostrados na Tabela 3 abaixo.
Vale ressaltar, ainda, que estes gastos serão compensados em pouco tempo, haja
vista que após o treinamento a sede não mais precisará deslocar técnicos para atender os
destacamentos pois o suporte local estará habilitado a resolver todos os problemas. Isto
ocasionará uma redução de gastos com diárias e também otimizará o atendimento, uma vez
que os técnicos da sede terão mais tempo para dedicar-se a problemas mais abrangentes que
afetem todo o sistema.
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Tabela 3 - Aspectos financeiros


DURAÇÃO PESSOAL TOTAL DE VALOR EM R$
ATIVIDADE MÓDULO
P/ LOCAL TOTAL DESLOCADO DIÁRIAS (1dri≈R$ 200)
Deslocamento 1 dia
Palestras de
ÚNICO 1 dias 15 dias 4 palestrantes 50 R$ 10.000,00
esclarecimento
Deslocamento 1 dia
Deslocamento 1 dia
I 5 dias
Descanso 2 dias
Treinamento do
II 5 dias 21 dias 20 alunos 420 R$ 84.000,00
Corpo Técnico
Descanso 2 dias
III 5 dias
Deslocamento 1 dia
Deslocamento 1 dia
I 5 dias
Descanso 2 dias
II 5 dias
Treinamento do Descanso 2 dias 140 dias 4 instrutores 560 R$ 112.000,00
Corpo Funcional III 5 dias
Descanso 2 dias
IV 5 dias
Deslocamento 1 dia
TOTAL 176 dias 28 participantes 1030 R$ 206.000,00
Fonte: Elaboração do autor, 2012.

6.3.2 ASPECTOS FÍSICOS

Tanto a sede quanto os destacamentos subordinados ao CINDACTA IV possuem


a infraestrutura necessária para realizar os treinamentos previstos. Na sede temos a Seção de
Instrução e Atualização Técnica (SIAT), que possui salas de aula equipadas, um hotel de
Trânsito com acomodações modernas e confortáveis, acesso a internet wi-fi, sala de descanso
e copa totalmente equipada.
Os destacamentos, por sua vez, também possuem as mesmas facilidades, porém
em escala menor mas suficientes para atender a demanda dos treinamentos propostos. Assim,
não será necessário qualquer tipo de investimento na área de infraestrutura.
29

6.3.3 ASPECTOS HUMANOS

Atualmente, a sede conta com um corpo técnico de 10 integrantes, todos


devidamente habilitados e capazes de fornecer o treinamento adequado. Caso, devido a algum
imprevisto, não seja possível liberar algum técnico da sede para atuar como instrutor nos
treinamentos previstos, pode-se solicitar a cessão de técnicos ao Órgão Central do sistema, o
DECEA, que através da SDTI é responsável pela coordenação de todas as atividades na área
de TI do COMAER.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na elaboração deste trabalho de pesquisa, procurou-se avaliar o processo de


implantação de software livre no âmbito do governo federal, com foco na adaptação do
usuário no âmbito do Comando da Aeronáutica, mais especificamente na área do CINDACTA
IV, por ser o ambiente de trabalho onde este pesquisador conviveu durante seis anos e
acompanhou todo o processo de mudança.
As propostas apresentas neste estudo, se postas em práticas pelo CINDACTA IV,
irão promover uma mudança na maneira como os usuários encaram a adoção do software
livre em seu ambiente de trabalho.
Esta mudança de comportamento dos usuários, aliada a formaçaõ profissional que
todos receberão, permitirá que todos tenham uma nova visão do processo, e passem a encará-
lo, não como mais uma mudança desnecessária que vem tirá-los da zona de conforto e obrigá-
los a aprender um jeito diferente de fazer as mesmas coisas que já fazem muito bem há tanto
tempo, mas sim como uma nova ferramenta que lhes permitirá otimizar suas tarefas diárias e
ao mesmo tempo agregar mais experiência profissional, abrindo seus horizontes.
O mais difícil nesta pesquisa não foi elaborar uma proposta de melhoria, pois os o
caminho já está mapeado e basta apenas seguir os passos previstos. O desafio foi identificar as
deficiências existentes e, principalmente, captar os anseios dos entrevistados com relação ao
que esperavam com a implantação de um processo de mudança dessa grandiosidade.
Inicialmente, as perspectivas eram de que todos seriam contrários a mudança e
estivessem tendo enormes dificuldades para conviver com o software livre. Entretanto, após
compilar as respostas dos usuários e analisar suas observações e justificativas, deparei-me
com uma realidade um pouco diferente do que imaginava. Descobri que uma boa parte dos
entrevistados, apesar dos dissabores do início do processo, havia se rendido ao software livre
e decidido decifrar seus enigmas por conta própria. Esta constatação me deu novo ânimo para
elaborar a proposta de melhoria e acreditar que, se posta em prática, terá tudo para ser bem
sucedida, principalmente pelo aumento no número de simpatizantes.
Assim, estamos prontos e otimistas para iniciar este processo que irá mudar
drasticamente a realidade atual do CINDACTA IV, constituindo-se no próximo desafio deste
pesquisador.
REFERÊNCIAS

ALECRIM, Emerson. Linux em casa x Linux nas empresas. Disponível em:


<http://www.infowester.com/linempxdomes.php/>. Acesso em: 22 ago. 2011.

STALLMAN, Richard Mark. 15 Anos de Software Livre. Disponível em:


<http://www.contato.net/emerson/blog/richard-stallman-15-anos-de-software-livre-3/>.
Acesso em: 9 ago. 2011.

BRANCO, Marcelo D'Elia. Software Livre na Administração Pública Brasileria. Brasília.


2004. v 0.9.1

BRASIL. Guia Livre: Referência de Migração para Software Livre do Governo Federal.
Versão 1.0. Brasília: Grupo de Trabalho Migração para Software Livre, 2005.

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