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TCC (Estudo-de-Caso) - Software Livre Na Adm Publica Brasileira PDF
TCC (Estudo-de-Caso) - Software Livre Na Adm Publica Brasileira PDF
Palhoça
2012
SÉRGIO LUIZ NIDECK
Palhoça
2012
SÉRGIO LUIZ NIDECK
________________________________________
Professor e orientador Alexandre Henrique Paes
Universidade do Sul de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO
Há muito que o software livre deixou de estar restrito aos ditos " hackers", ou seja,
usuários avançados que se dedicavam a auxiliar o desenvolvimento de novos aplicativos e até
mesmo do próprio sistema. Com o passar do tempo, o Linux provou ser um sistema estável,
seguro e, sobretudo, amigável para o usuário. As distribuições existentes hoje em dia
(Ubuntu/Fedora/Curumim) foram desenvolvidas justamente para tornar a interface mais
amigável para os usuários comuns e assim permitir que o Linux fizesse frente aos softwares
proprietários. As empresas, principalmente os bancos, percebendo a estabilidade e segurança
do sistema, passaram a usar Linux em seus servidores impulsionando a sua disseminação.
Nestes tempos de inclusão digital e globalização, o nosso governo não podia
deixar de aderir a essa tendência que já provara ser eficaz. Assim, em 2004, o governo criou o
Instituto de Tecnologia da Informação, subordinado diretamente a Casa Civil da Presidência
da República, composto por uma Câmara Técnica de Implementação de Software Livre e uma
Câmara Técnica de Inclusão Digital, para dar planejar, coordenar e gerenciar o processo de
migração no âmbito do Governo Federal.
Entretanto, apesar de todo o planejamento envolvido, o processo de migração não
foi bem sucedido em todos os órgãos públicos. A não observância das regras básicas para uma
migração bem sucedida não foram seguidas, ocasionando vários problemas. Os maiores
prejudicados nesse processo foram usuários que, relegados a um segundo plano, não
receberam a atenção merecida e necessária.
Assim, este trabalho, focado na adaptação do usuário frente a um processo de
migração realizado com várias deficiências, se propõe a identificar o nível de conhecimento
atual dos usuários, se houve algum tipo de atividade voltada para a mudança da cultura
organizacional e para o esclarecimento dos usuários e quais as discrepâncias existentes entre a
qualificação que eles possuem e a que deveriam possuir.
Após a abordagem destes quesitos e a análise das informações levantadas, será
apresentada uma proposta para solucionar a situação problema a fim de que as falhas
ocorridas durante o processo de migração sejam contornadas de maneira viável e realista.
9
2 TEMA
pequeno detalhe que foi subestimado tem causado alguns problemas e trazido muita dor de
cabeça aos técnicos da área de suporte. Independente da excelente performance do Linux e
sua relação custo x benefício imbatível, os usuários continuam preferindo o Windows.
Simplesmente pelo fato de que os fatores que são extremamente relevantes para
administradores e pessoal técnico, não têm a mesma importância para os usuários. Assim, nos
deparamos com uma situação delicada ao constatarmos que mesmo aqueles que divulgam,
defendem e coordenam a migração para o software livre, na maioria das vezes utilizam
software proprietário em suas estações de trabalho. Não obstante a preocupação do governo
para promover a migração, dentro de suas próprias fileiras encontramos descontentes que se
recusam a abandonar o velho conhecido Windows.
Dessa maneira, vemos, que apesar de todos os esforços no sentido de promover a
migração de seus órgãos de maneira coordenada e eficiente, o resultado não está sendo de
todo satisfatório, haja vista a dificuldade de adaptação dos usuários e suas críticas ao software
livre. Críticas essas, motivadas não por uma suposta inferioridade do sistema livre comparado
ao proprietário, mas sim pela falta de cultura, ou seja, os usuários não foram adequadamente
preparados para a mudança, deixando-se levar assim, pela já conhecida resistência à
mudanças que está dentro de todos nós.
Logo, fica evidente a relevância de se dar uma atenção especial aos usuários no
processo de migração, para se evitar fracassos futuros, ou no mínimo, atrasos no cronograma
e gastos não planejados.
Esta pesquisa pretende identificar as deficiências existentes e propor ações a
serem implementadas no processo a fim de que a migração possa ocorrer de maneira gradual e
efetiva, atendendo às necessidades do principal foco dos sistemas, que é o “usuário”.
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3 OBJETIVOS
- Levantar dados dos usuários a fim de dividi-los em grupos conforme seus níveis
de conhecimento.
- Verificar como o planejamento da migração abordou as atividades voltadas para
a modificação da Cultura Organizacional;
- Identificar as principais deficiências na fase de convencimento em função da
diversidade de usuários e setores envolvidos.
- Identificar as principais dificuldades dos usuários na execução de suas atividades
de rotina.
- Apresentar as principais inconsistências existentes entre o nível de conhecimento
dos usuários e o que ele deveria possuir para o desempenho de suas funções.
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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Instrumento de
Universo pesquisado Finalidade do Instrumento
coleta de dados
Levantar dados dos usuários para que possamos
Usuários das organizações integrantes do
dividi-los em, pelo menos, três grupos, a fim de
Entrevista processo, através de formulários pré-
estabelecer ações específicas visando cada
elaborados enviados por email.
grupo.
Observação Direta Usuários de seu local de trabalho na Identificar as principais dificuldades dos
dos participantes execução de suas rotinas. usuários na utilização de software livre.
Serão pesquisados manuais de
Identificar as disparidades existentes entre os
procedimentos, diretrizes e normas que
Documentos procedimentos e ações previstos e a realidade
regulamentam os processos de migração
das organizações isoladas.
dentro do Governo Federal.
Pesquisaremos, principalmente, a home Apresentar as óbices encontradas na utilização
page do órgão, onde se tem acesso à várias do software livre dentro da organização.
Dados Arquivados
aplicações e sistemas, todos baseados em
software livre.
Quadro 1- Instrumento de coleta de dados.
Fonte: Elaboração do autor, 2012.
Apesar do Guia Livre do Governo Federal (BRASIL, 2005, p. 61) enfatizar que
“toda migração que desconhece a importância de sensibilizar as pessoas envolvidas leva
muito mais tempo ou simplesmente não é bem sucedida”, esta atividade não mereceu a devida
atenção na NSCA 7-11 do COMAER, visto que essa norma não menciona especificamente as
atividades de convencimento ou sensibilização, deixando a critério de cada organização
decidir como realizar esse trabalho.
O cronograma constante da NSCA 7-11 e reproduzido no Quadro 2, estabelece os
procedimentos a serem executados para a migração do ambiente de tecnologia proprietária
para o de software livre, bem como seus prazos de conclusão. No âmbito do CINDACTA IV
e seus destacamentos subordinados, todos os prazos previstos foram cumpridos. Contudo,
essa “eficiência” foi conseguida em detrimento da “eficácia”. O cronograma foi cumprido,
mas o resultado da migração não foi satisfatório, pelo menos do ponto de vista dos usuários
que ainda hoje reportam vários problemas, principalmente no que concerne ao uso de sistemas
antes utilizados em plataforma proprietária.
16
4%
13%
Não usuário
10% Iniciante
Intermediário
53% Normal
Avançado
20%
10%
3%
17%
Não usuário
37%
Iniciante
Intermediário
Niormal
Avançado
33%
No Gráfico 3, podemos visualizar como os usuários foram afetados pela falta demotivação e
sensibilização no processo de migração. O foco desta fase foi o Corpo Técnico,
principalmente os locados na sede, em Manaus. Os usuários lotados nos Destacamentos não
tiveram qualquer tipo de esclarecimento prévio sobre a migração, tomaram conhecimento
apenas dos eventos e prazos. Na época, o Setor de TI da Sede, organizou um evento voltado
para a capacitação do pessoal técnico dos Destacamentos. Esse treinamento teve a duração de
sete dias e contou com a participação de um técnico de cada Destacamento. Todavia, quase a
totalidade dos técnicos participantes não possuía conhecimento prévio na área de TI, e
retornaram aos seus Destacamentos ainda com mais dúvidas pois não conseguiram o grande
volume de novas informações repassadas no treinamento.
7%
10%
Inexistente
Deficiente
Regular
53% Boa
Excelent e
30%
4%
10%
Inexist ente
Deficiente
23%
Regular
Bom
Excelente
63%
7%
3%
3%
Não utiliza
Deficiente
37%
Regular
Bom
50% Excelente
3% 14%
Não utiliza
Deficiente
43%
Regular
Bom
Excelente
40%
10%
40%
Iniciant e
Intermediario
Avançado
50%
o segundo bloco falará sobre "os benefícios da migração para a organização e seus integrantes
e o emprego do software livre no âmbito governamental e privado".
Deverão ser destinados, ainda, trinta minutos ao término da apresentação, para o
debate e esclarecimento de dúvidas da audiência. Durante o debate, o(s) palestrante(s) terão a
oportunidade de identificar os usuários mais motivados e inteirados sobre o assunto, os quais
poderão ser indicados para realizar os cursos técnicos a fim de de atuarem no suporte local.
Tendo em vista que em alguns destacamentos parte do efetivo trabalha em regime
de turnos, a mesma palestra será apresentada em dois turnos, de manhã e a tarde, permitindo
assim a compatibilização de horários para que todos participem das atividades programadas.
O treinamento para o Corpo Técnico será realizado após a conclusão do ciclo de
palestras, permitindo assim que, além do Corpo Técnico, os usuários selecionados durante o
ciclo de palestras possam participar do mesmo treinamento.
As atividades de treinamento para o Corpo Técnico devem ser realizadas na sede,
onde existem recursos e infraestrutura adequados para seu desenvolvimento. Partindo-se da
premissa de que cada destacamento deve possuir pelo menos um técnico de suporte local,
teremos que treinar, pelo menos, dezenove técnicos. Esse treinamento será constituído de três
módulos, cada um com duração de cinco dias úteis (40 horas). O primeiro módulo terá por
finalidade permitir o nivelamento dos integrantes do Corpo Técnico que ainda encontram-se
no Nível Iniciante a fim de todos atinjam o Nível Intermediário. Nele o técnico estudará o
sistema operacional (Ubuntu) e a suíte de escritório (BrOffice).
O segundo módulo será destinado a promover uma elevação de nível de todo o
Corpo Técnico para o Nível Avançado, colocando-os em condições de fornecer o suporte
local aos usuários de seus destacamentos. Para isso, este módulo abrangerá a instalação e
configuração do Sistema Operacional e aplicativos de escritório (BrOffice).
O terceiro módulo abrangerá exclusivamente a configuração e operação dos
sistemas corporativos (SIGPES e SILOMS).
Após concluído o treinamento do Corpo Técnico, deverá ser iniciado o
treinamento para o Corpo Funcional, ou seja, dos usuários propriamente ditos, o escopo desta
pesquisa. Esse treinamento será realizado no próprio local de trabalho (destacamentos) e será
constituído de quatro módulos: sistema operacional (Ubuntu), suíte de escritório (BrOffice),
Sistema de Gerenciamento Pessoal (SIGPES) na área administrativa e Sistema Integrado de
Logística de Materiais e Serviços (SILOMS) na área técnica.
Nesta fase os treinamentos serão realizados nos destacamentos, e para que a rotina
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diária não seja afetada, as aulas serão ministradas em meio período, com a duração de 4
horas/dia. Os módulos terão a duração cinco dias úteis cada um, perfazendo um total de 20
horas por módulo. Os módulos III e IV, por se tratarem de sistemas mais complexos, com
vários módulos internos e peculiaridades inerentes a atividade desenvolvida pelo usuário,
terão uma carga horária diária de 8 horas, sendo 4 horas exclusivas de instrução e 4 horas de
atividade prática supervisionada durante a realização das atividades de rotina, perfazendo um
total de 40 horas/módulo. O treinamento desta fase será ministrada com a presença de um
instrutor da sede que será auxiliado por um técnico do destacamento. Assim, consegue-se uma
redução no gasto com diárias, e ao mesmo tempo proporciona aos técnicos recém formados a
oportunidade de aprimorar seus conhecimentos, para que futuramente possam também atuar
como irradiadores de conhecimento em seus locais de trabalho.
O Quadro 4 apresenta o cronograma para implementação da proposta de melhoria.
DURAÇÃO CARGA
ATIVIDADE MÓDULO CONTEÚDO
(Dias Úteis) HORÁRIA
- software livre e suas vantagens
Palestras de esclarecimento ÚNICO 38 dias 190 horas - benefícios da migração
- empregos do SL no governo
- sistema operacional (Ubuntu)
I 5 dias 40 horas
- suíte de escritório (BrOffice)
- instalação/configuração SO
Treinamento do Corpo Técnico II 5 dias 40 horas
- instalação/configuração BrOffice
- operação/configuração SIGPES
III 5 dias 40 horas
- operação/configuração SILOMS
I 5 dias 20 horas - sistema operacional (Ubuntu)
II 5 dias 20 horas - suíte de escritório (BrOffice)
Treinamento do Corpo Funcional
III 10 dias 40 horas - SIGPES
IV 10 dias 40 horas - SILOMS
TOTAL 83 dias 430 horas
Quadro 4 - Cronograma para implementação da proposta de melhoria
Fonte: Elaboração do autor, 2012.
Tendo em vista que o CINDACTA IV, assim como todas os demais órgãos
governamentais, possui uma verba anual para despesas com diárias de funcionários, a qual é
utilizada de acordo com o planejamento para o ano em questão, não haverá impacto financeiro
na implantação da proposta apresentada, cujos valores estimados, com base nos dados
constantes do Quadro 4, do item 6.1, são mostrados na Tabela 3 abaixo.
Vale ressaltar, ainda, que estes gastos serão compensados em pouco tempo, haja
vista que após o treinamento a sede não mais precisará deslocar técnicos para atender os
destacamentos pois o suporte local estará habilitado a resolver todos os problemas. Isto
ocasionará uma redução de gastos com diárias e também otimizará o atendimento, uma vez
que os técnicos da sede terão mais tempo para dedicar-se a problemas mais abrangentes que
afetem todo o sistema.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
BRASIL. Guia Livre: Referência de Migração para Software Livre do Governo Federal.
Versão 1.0. Brasília: Grupo de Trabalho Migração para Software Livre, 2005.