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Universidade de São Paulo

Wallace de Souza Pereira

Música no século XX
Guerra Peixe e a música brasileira no século XX

São Paulo
2019
Biografia
César Guerra-Peixe (Petrópolis, RJ, 1914 - idem 1993). Compositor, arranjador, regente,
violinista, professor, pesquisador. Com sete anos, toca "de ouvido" violino, violão e piano e
participa de grupos de choro na cidade natal. Aos nove, começa a estudar teoria musical e
solfejo, com Paulo Carneiro. Em 1925, ingressa na Escola de Música Santa Cecília, e se
forma em violino com apenas 16 anos, tornando-se em seguida professor na mesma
instituição. Faz curso completo de violino com o professor tcheco Gao Omacht. Nessa
época, toca no Cine Glória, compõe sua primeira peça - o tango Otília, nome da primeira
namorada - e passa a escrever arranjos.

Ingressa no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro, em 1932, a fim de estudar


violino com Paulina d'Ambrosio, com quem tem aulas desde 1929, em suas viagens
semanais ao Rio de Janeiro. Em 1934, muda-se para a capital fluminense e integra
orquestras de salão. Tem aulas particulares de composição e instrumentação com Newton
de Pádua, no período de 1936 a 1943, e se forma em composição no Conservatório
Brasileiro de Música, em 1943. Nesse período, trabalha como orquestrador na Rádio Tupi e
tem marchas e sambas de sua autoria gravados pela dupla Jararaca e Ratinho, como Com
um Dedo Só, parceria com Jararaca e Humberto Cunha, e por Silvio Caldas, Fibra de Herói,
com Teófilo Barros Filho (pai de Theo de Barros).
Em 1944, apresenta na Rádio Tupi sua primeira composição sinfônica, de coloração
nacionalista, e passa a ter aulas com Hans-Joachim Koellreutter. Ingressa no grupo Música
Viva1 em 1945, compõe então obras dodecafônicas, como a Sinfonia nº 1, de 1946,
estreada em 1947 na rádio BBC de Londres. De sua autoria, Noneto, 1945, é executada
pela orquestra da Rádio de Zurique, em 1948, regida pelo alemão Hermann Scherchen (ex-
professor de Koellreutter), que o convida a estudar regência e composição na Suíça.
Guerra-Peixe, decepcionado com o dodecafonismo, declina do convite e parte para o
Recife, assinando contrato com uma rádio local. Lá realiza um importante trabalho de coleta
de músicas folclóricas, maracatus, xangôs e catimbós, usados em criações como a Suíte
para Cordas, 1949, e publica uma série de artigos no Diário de Pernambuco, com a rubrica
"Um século de música no Recife". Compõe as primeiras trilhas para filmes, como Terra É
Sempre Terra (1951), de Tom Payne, Canto do Mar (1953), de Alberto Cavalcanti e O
Craque (1954), de José Carlos Burle.
Muda-se para São Paulo em 1953, e frequenta o curso de folclore musical do Centro de
Pesquisas Folclóricas Mário de Andrade, com patrocínio da Comissão Paulista de Folclore.
Realiza pesquisas nas cidades paulistas de Taubaté, São José do Rio Pardo e Carapicuíba
e faz uma coleta de jongos, sambas rurais, cateretês, cururus, folias de reis, congadas,
modas de viola. Em 1955, publica o livro Maracatus do Recife e, em 1959, é nomeado chefe
do setor de folclore da Comissão Paulista de Folclore.
Retorna ao Rio de Janeiro em 1962. Passa a atuar como violinista na Orquestra Sinfônica
Nacional da Rádio MEC (na qual se mantém até quase os 70 anos) e a lecionar nos
Seminários de Música da Pró-Arte. Faz importante trabalho como arranjador de discos de
música popular e cria, em 1968, a Escola de Música Popular do Museu da Imagem e do
Som do Rio de Janeiro (MIS/RJ). Entre 1972 e 1980, leciona na Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de
São Paulo (USP), no Centro de Estudos Musicais do Rio de Janeiro, na Pró-Arte e na
Escola de Música Villa-Lobos, no Rio de Janeiro. Muitos de seus alunos se destacam no
cenário musical brasileiro, erudito ou popular, a exemplo de Jorge Antunes, José Maria
Neves, Paulo Moura, Chiquinho de Moraes, Juca Chaves, Rildo Hora, Capiba, Sivuca,
Baden Powell, Formiga e Roberto Menescal.
Guerra-Peixe recebe diversos prêmios e títulos em toda a carreira, destacando-se o Prêmio
Shell, em 1986, pelo conjunto de sua obra; e o Prêmio Nacional de Música do Ministério da
Cultura, como "maior compositor brasileiro vivo", em 1993

Bilhete de um jogral para viola solo

Nesta peça fica bem efetivo as influências tanto da cultura nordestina, quanto da cultura
modal e atonal de todo o movimento e discussões sobre a maneira de escrever música no
século XX. Guerra Peixe ao escrever está peça para viola estava imerso a cultura
nordestina e a música feita para as rabecas, onde através da notação e gestos rítmicos e
melódicos, tenta transparecer essas idéias imagética através da viola.
No começo da peça, Guerra Peixe faz através de um gesto rítmicos simular uma chamada
ou sons de tambores, para um início de um jogral. Logo após ele começa a desenvolver
através de uma espécie de tema em modo mixolídio, que revela bastante as influências
nordestinas, uma representação de várias figuras rítmicas que são constantemente
modificadas, mas mantendo o ideial temático intacto, e sempre preservando o ideal
imagético de representação da rabeca através de figuras rítmicas e as dissonâncias que são
bastante usadas por rabequeiros.

No final da peça, onde Guerra Peixe já aproveitou muitas variações sobre o ideal temático
da peça, ele finaliza com os mesmos gestos rítmicos do início, mas dessa vez para dar o
acabamento da peça, e alegoricamente o final do jogral.
É importante salientar que Guerra peixe tem grande influência da música atonal/modal, até
para ajudar na ambiemtalização da peça e na preservação do material folclórico e
identitário, assim como nas obras de compositores europeus como Stravinsky, Debussy,
Ravel e trazido essa discussão ao território brasileiro por Alberto Nepomuceno e
principalmente por Villa Lobos na semana de arte em 1922.

Considerações finais:
O objetivo do trabalho é mostrar as influências de guerra peixe sobre a música do século
XX, e como ele usa todas essas mudanças e discussões sobre música, harmonia e também
a pauta da identidade nacionalista nas peças brasileiras, assim como Villa Lobos,
Peixeginha, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazaré e tantos outros gênios da música nacional
brasileira.

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