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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

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PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

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A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE, DOS JOGOS E
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DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL – CRIANÇAS
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DE 3 A 4 ANOS
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Lucimar Guimarães da Silva dos Santos


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ORIENTADOR:
TO

Prof. Me. Fátima Alves


EN
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CU

Rio de Janeiro
DO

2018
2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM


PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE, DOS JOGOS E


DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL – CRIANÇAS
DE 3 A 4 ANOS

Apresentação de monografia à AVM como requisito


parcial para obtenção do grau de especialista em
Psicomotricidade.
Por: Lucimar Guimarães da Silva dos Santos

Rio de Janeiro
2018
5

RESUMO

A Psicomotricidade contribui de maneira expressiva para a formação e a


estruturação do esquema corporal e tem como objetivo principal incentivar a
prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança. Por meio de
jogos e brincadeiras as crianças se divertem, criam, interpretam, se relacionam
com o mundo em que vivem e interage com o mesmo e através da Educação
Infantil criança de 3 a 4 anos começam a conhecer o seu corpo. Abrangendo
aspectos que englobam a Psicomotricidade, favorecendo o processo ensino-
aprendizagem, onde se pode compreender a educação como algo mais amplo
do que somente a transmissão de conhecimento. Na Psicomotricidade a
criança descobre tudo ao seu redor, realizando experiências com o corpo no
desenvolvimento das funções mentais e sociais. De maneira lúdica através de
jogos e brincadeiras a criança atua no sentido de facilitar-lhe a construção da
sua identidade e a conquista de sua autonomia intelectual e afetiva. Dando
ênfase na importância do trabalho psicomotor feito com a criança procurando
estabelecer relação entre o espaço e o meio. Esse trabalho reúne ideias de
como a Psicomotricidade, os jogos e as brincadeiras estimula a percepção,
sentimentos e um auto-conhecimento da criança sobre si e o seu meio,
mantendo ligação direta com a descoberta e o prazer que a mesma
proporciona e contribuindo para uma Educação Psicomotora significativa.
7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 10

A importância da psicomotricidade no crescimento da criança com idades


entre 3 e 4 anos.

CAPÍTULO II 19

Jogos e brincadeiras funcionam como facilitadores da aprendizagem.

CAPÍTULO III 29

A Educação Psicomotora no processo de aprendizagem, como ferramenta


para o desenvolvimento.

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 43
9

Os jogos e brincadeiras funcionam como um facilitador no processo de


aprendizagem de uma maneira global da criança, como será visto no capítulo
dois um fator fundamental ao desenvolvimento e para desenvolver aptidões
físicas e mentais da criança como um grande facilitador para obtenção de
conhecimentos e tendo um mediador para sua aprendizagem. Por meio de
atividades lúdicas a psicomotricidade realiza experiências de
autoconhecimento, bem como conhecer o outro, cuidar de si e olhar para o
outro. Possibilitando o maior entendimento da motricidade humana, valorizando
e utilizando no dia a dia é indispensável para um aprendizado e ensino de
qualidade.
No terceiro capítulo serão expostos como a Educação Psicomotora
no processo de aprendizagem como ferramenta para o desenvolvimento
poderá facilitar crianças de 3 a 4 anos de idade, fazendo uma análise sobre as
etapas do desenvolvimento psicomotor, esclarecendo as etapas do corpo
vivido (até 3 anos), com o corpo percebido (3 a 4 anos) enfatizando a
coordenação global, fina, óculo-manual, a lateralidade, orientação espacial,
temporal e o ritmo. Enfatizando o papel do professor neste processo e
relatando a importância do brincar, do brinquedo e dos jogos; focando os
benefícios e privilégios da criança quando realiza esses atos no seu
desenvolvimento psicomotor.
11

deslocamento do corpo no espaço e sim um meio pela qual a criança atua


sobre o meio físico. Ao se movimentarem as crianças expressam sentimentos,
emoções e pensamentos, aprendem agindo sobre o meio e se movimentam
pelo prazer do movimento em si mesmo, ampliando as possibilidades do uso
significativo de gestos e posturas corporais.

De acordo com as considerações históricas da psicomotricidade


Dupré (FONSECA, 2004), em 1920 deu origem aos primeiros estudos das
relações psíquicas e motora, inicialmente sob o ponto de vista neurológico-
organicista. Foi o primeiro a colocar em evidência o desequilíbrio motor,
denominando o quadro de “debilidade motriz”. Seus estudos contribuíram para
que vários autores continuassem a bordar temas baseados na interação entre
o psiquismo e motricidade.

Muitos autores têm estudado sobre a importância da


psicomotricidade e seu significado. Enfatizaremos alguns autores que falaram a
respeito; Piaget (In OLIVEIRA, 2007), Wallon (1995), Ajuriaguerra (In
OLIVEIRA, 2007), Le Boulch (1992), Freire (1994) e Fonseca (2004).

Piaget (In OLIVEIRA, 2007) ao estudar as estruturas cognitivas vai


descrever sobre a importância do período sensório - motor e da motricidade. O
desenvolvimento mental se constrói através das adaptações e equilibrações da
mesma através da manipulação dos objetos e em seu contato com o meio em
que vive.

Para Wallon (In OLIVEIRA, 2007) há uma evolução tônica e corporal


denominado diálogo corporal, que através das suas ações sobre o meio que se
dá a estruturação para a representação. Assim, o movimento assume uma
postura dialética. A relação com o ambiente que a criança tinha antes era
desorganizada, pouco a pouco, começa a se expressar através de gestos
ligados à emoção vivida por ela, que mais tarde vai dar origem às suas
representações.
13

transtornos. O autor defende a ideia que a educação psicomotora na idade


escolar deve ser uma experiência ativa, relacionada ao meio da criança,
permitindo o seu desenvolvimento, seja individualmente ou através da
socialização com outras crianças por meio do jogo.

Segundo Le Boulch (1982) é possível através das atitudes corporais,


da ação educativa e dos movimentos espontâneos da criança, favorecer a
gênese da imagem do corpo, que é o núcleo central da personalidade dela. O
autor procura desenvolver uma concepção psicomotora tendo em conta o nível
real de desenvolvimento da criança e apoiando – se no conhecimento das
etapas desse desenvolvimento.

A educação psicomotora concerne uma formação de base


indispensável a toda criança que seja normal ou com
problemas. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o
desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da
criança e ajudar sua afetividade a expandir – se e a equilibra-se
através do intercâmbio com o ambiente humano (LE BOULCH,
1982, p.13)

A importância da evolução do esquema corporal para o


desenvolvimento harmônico do ser humano. A fim de se evitar como
conseqüências, problemas mais graves futuramente, como por exemplo:
problemas de linguagem, dificuldades de aprendizagem, deficiência mental,
distúrbios psicomotores, deficiência visual e auditiva e até mesmo problemas
psiquiátricos. (LE BOULCH, 1982)

Freire (1991) analisa a importância dos atos motores, onde a


atividade corporal está ligada à atividade simbólica. Segundo ele, o acesso ao
símbolo significa o acesso à representação mental das ações.

Boas partes das descrições sobre o desenvolvimento infantil


referem – se aos atos de pegar, engatinhar, sugar, andar,
correr, saltar, girar, rolar e assim por diante, movimentos que
constatamos em quase todas as crianças (FREIRE, 1994, p.23)
15

cada vez mais suas habilidades e para que progressivamente esta adquira o
controle e domínio do seu próprio corpo.

(...) o corpo é o ponto de referência que o ser humano possui


para interagir com o mundo (OLIVEIRA, 2007, p.51)

O desenvolvimento infantil adequado é importante para a criança ao


longo do seu processo de aprendizagem, da qual a psicomotricidade
favorecerá significativamente, compreendendo a educação integral do ser e
não simplesmente como a transmissão de conhecimentos. A psicomotricidade
visa contribuir para o desenvolvimento pedagógico integral da criança, tanto no
seu aspecto físico, como mental, intelectual, cultural onde tais atividades se
trabalhadas de forma correta possam vim auxiliar no processo de
aprendizagem.

A sociedade atual em que vivemos cada vez mais está exigindo


indivíduos ativos, críticos, atuante e que tenham facilidade em se comunicar e
se expressar. A criança dessa era já nasce “conectada” e com isso algumas
práticas perdem-se no tempo e os métodos de educação modificam-se
adaptando-se ao novo.

As crianças passaram a brincar menos com as atividades que


desenvolvessem suas habilidades, deixando de lado os movimentos que
estimulam o conhecimento do corpo e da mente, passando horas a frente de
computadores, celulares e televisões perdendo-se em uma rede sem fim.

A psicomotricidade vem como apoio para o ensino e aprendizagem


das crianças no modo geral, mas as crianças dessa nova era ela vem estimular
para que o mesmo vivesse em um tempo no qual a forma de brincar e
conhecer o mundo tenha mudado ela e venha a se desenvolver da forma
adequada, acredita-se que o trabalho da psicomotricidade possa vir servir de
apoio para que o aluno consiga se expressar torne-se criativo e ativo no âmbito
escolar e social.
17

concretas. Na visão desse teórico, o professor é o mediador e é responsável


por ampliar os conhecimentos da criança, colocando elementos desafiadores
nas atividades dos pequenos.

No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos, os espaços


valem e significam outra coisa daquilo que aparenta ser. Ao
brincar, as crianças recriam e repensam os acontecimentos
que lhe deram origem, sabendo que estão brincando. (RCNEI,
1998)

Em outras palavras, através de brincar a criança tem em suas mãos


a possibilidade de lidar e estabelecer relações com os outros e com ela
mesma. É assim também que ela aprende a questão de perder e ganhar.

Uma criança só alcançará a autonomia se lhe for permitido fazer, errar,


descobrir e refizer e isto só é possível se a criança puder experimentar o corpo
livremente. Sendo assim, se faz necessário que o professor ofereça uma
variedade de situações para as crianças nas atividades diárias em sala de aula
ou fora dela, pois dessa forma seu corpo irá reagir de diferentes maneiras até
atingir os objetivos desejados.

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, a


prática pedagógica deve garantir experiências diversas, dentre elas
destacamos: o conhecimento de si e do mundo por meio das experiências
sensórias expressivas e corporais para a movimentação ampla; imersão nas
diferentes linguagens (gestual, verbal, plástica, dramática e musical);
experiências para recriar relações quantitativas, medidas, formas e orientação
espaço/temporais; dentre outras.

Um esquema corporal mal constituído resultará em uma criança que


não coordena bem seus movimentos, veste-se ou despir-se com lentidão, as
habilidades manuais lhe é difíceis, a caligrafia é feia, sua leitura é inexpressiva,
não harmoniosa. Portanto, as práticas pedagógicas precisam ser
redimensionadas em prol de atividades que promovam uma compreensão de
conhecimento adquirido, onde o movimento deixa de ser mecânico, repetitivo e
sem significado e passe a dialogar com o próprio processo de aprendizagem.
19

CAPÍTULO II
JOGOS E BRINCADEIRAS FUNCIONAM COMO
FACILITADORES DA APRENDIZAGEM

De início é importante explicar que a palavra “jogo” se origina do


vocabulário latino ludus, que significa diversão, brincadeira e que é tido como
um recurso capaz de promover um ambiente planejado, motivador, agradável e
enriquecido, possibilitando a aprendizagem de várias habilidades. Dessa
maneira, o indivíduo que apresenta dificuldades de aprendizagem pode
aproveitar-se do jogo como recurso facilitador na compreensão dos diferentes
conteúdos pedagógicos.

A inserção da criança na Instituição da Educação Infantil representa uma


das oportunidades dela ampliar os seus conhecimentos na sua nova fase de
vida, ela vivência aprendizagens inéditas que passam a compor o seu universo,
que envolve uma diversidade de relação e de atitudes; maneiras alternativas de
comunicação entre pessoas; o estabelecimento de regras e limites e um
conjunto de valores culturais e morais que são transmitidos a elas.

A aceitação e a utilização de jogos e brincadeiras como uma estratégia


no processo de ensinar e aprender tem ganhado força entre os educadores e
pesquisadores nesses últimos anos, por considerarem em sua grande maioria
uma forma de trabalho pedagógico que estimula o raciocínio e favorece a
vivência de conteúdos e a relação com situações do cotidiano.

O jogo como estratégia de ensino e aprendizagem em sala de aula deve


favorecer a criança a construção de conhecimento científico, proporcionando a
vivência de situações reais ou imaginárias, propondo à criança desafios e
instigando-a a buscar soluções para as situações que se apresentam durante o
jogo, levando-a a raciocinar, trocar ideias e tomar decisões.
21

Através da Psicomotricidade Relacional que o ser humano é capaz de


escutar, observar e sentir. Ele recebe a produção da criança no decorrer das
sessões, procura entender quais são as modalidades da relação que vai
estabelecendo com o observador, com os colegas, os objetos, o espaço e o
tempo. Com esta observação o adulto permite conhecer melhor a criança e
suas estratégias relacionais, tanto positivas quanto negativas, entende-se
assim o seu comportamento adotado.

Por meio dos jogos e brincadeiras a criança está em constante


movimento e vivência em um mundo de faz de conta da imaginação e
ludicidade desenvolvendo a motricidade.

“O jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas,


desenvolvendo e enriquecendo sua personalidade e simboliza
um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição
de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.”
(ANTUNES, 2005, p.36)

O jogo, o brinquedo e a brincadeira podem assumir vários sentidos


conforme o contexto em que está sendo utilizado e os objetos pretendidos,
estabelecendo assim um vínculo instantâneo com as crianças. Pode-se
caracterizar o lúdico espontâneo e satisfatório por fazer parte das atividades
essenciais da dinâmica humana, vale ressaltar que o ser funcional, não deve
ser como ato repetitivo, deve ser sem monotonia de comportamento e o
mesmo deve ter objetivo.

“O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais


de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação
da real à atividade própria, favorecendo a esta seu alimento
necessário e transformando o real em função das
necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de
educação das crianças exigem todos que se forneça às
crianças um material convenientes, a fim de que jogando, ela
cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso,
permanecem exteriores a inteligência infantil.” (PIAGET, 1976,
p. 160)

Resgatando assim um processo de ensino aprendizagem mais


significativa e prazerosa para a criança e reconhecendo que através do lúdico a
criança possa aprender se desenvolver e interagir com o mundo a sua volta.
31

coordenação apendicular, coordenação viso manual (movimentos finos e


delicados), sincinesias, paratonias, lateralidade e orientação espacial.

A psicomotricidade funcional se sustenta em diagnósticos do perfil


psicomotores e na prescrição de exercícios para sanar possíveis
descompassos do desenvolvimento motriz. A estratégia pedagógica baseia-se
na repetição de exercícios funcionais, que são estereótipos criados e
classificados constituindo as famílias de exercícios: exercícios de equilíbrios
estáticos e dinâmicos, exercícios de coordenação, exercícios de flexibilidade,
exercícios de agilidade e destreza.

Após a análise de problemas encontrados, a psicomotricidade funcional


tem a finalidade de educar sistematicamente as diferentes condutas motoras,
permitindo assim uma maior integração escolar e social. O desenvolvimento da
sessão da psicomotricidade funcional é estruturado de forma que o aluno imite
os modelos de exercícios pré-programados que são propostos pelo professor.

“(...) a criança não tem escolha, todas ao mesmo tempo devem


realizar os exercícios que são propostos.” (NEGRINE, 2002,
p.117)

O professor utiliza-se de métodos diretivos, tornando seu aluno


dependente de suas ações, não dando espaço para que a criança realize
atividades que permitam explorar o mundo simbólico, impedindo a
exteriorização de sua expressividade motriz. Em relação aos métodos diretivos,
Negrine (2002) chama a atenção para o fato de que estes estão relacionados a
estratégias pedagógicas voltadas à correção. A relação que a psicomotricidade
funcional tem com a criança é uma relação de comando e o contato corporal
entre eles ou com outras crianças só ocorre se estiver determinado no
exercício proposto. Este eixo da educação psicomotora é seguido por muitos
professores de Educação Física, mas o desenvolvimento dessa prática se
assemelha muito a forma tradicional de uma aula de ginástica
A psicomotricidade relacional é uma abordagem psicopedagógica que se
dá pela via corporal, englobando uma série de estratégias de intervenções e de
ações pedagógicas que servem como meio de ajuda a evolução dos processos
13

transtornos. O autor defende a ideia que a educação psicomotora na idade


escolar deve ser uma experiência ativa, relacionada ao meio da criança,
permitindo o seu desenvolvimento, seja individualmente ou através da
socialização com outras crianças por meio do jogo.

Segundo Le Boulch (1982) é possível através das atitudes corporais,


da ação educativa e dos movimentos espontâneos da criança, favorecer a
gênese da imagem do corpo, que é o núcleo central da personalidade dela. O
autor procura desenvolver uma concepção psicomotora tendo em conta o nível
real de desenvolvimento da criança e apoiando – se no conhecimento das
etapas desse desenvolvimento.

A educação psicomotora concerne uma formação de base


indispensável a toda criança que seja normal ou com
problemas. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o
desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da
criança e ajudar sua afetividade a expandir – se e a equilibra-se
através do intercâmbio com o ambiente humano (LE BOULCH,
1982, p.13)

A importância da evolução do esquema corporal para o


desenvolvimento harmônico do ser humano. A fim de se evitar como
conseqüências, problemas mais graves futuramente, como por exemplo:
problemas de linguagem, dificuldades de aprendizagem, deficiência mental,
distúrbios psicomotores, deficiência visual e auditiva e até mesmo problemas
psiquiátricos. (LE BOULCH, 1982)

Freire (1991) analisa a importância dos atos motores, onde a


atividade corporal está ligada à atividade simbólica. Segundo ele, o acesso ao
símbolo significa o acesso à representação mental das ações.

Boas partes das descrições sobre o desenvolvimento infantil


referem – se aos atos de pegar, engatinhar, sugar, andar,
correr, saltar, girar, rolar e assim por diante, movimentos que
constatamos em quase todas as crianças (FREIRE, 1994, p.23)
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Então, para ele não deve – se pensar a partir de uma consideração


isolada do ato motor, pois este não ocorre unilateralmente.

Ora, um simples ato de pegar só existirá no momento em que a


mão, que pode fazê-lo, interagir com o objeto a ser pego. A mão
que pega possui muitos recursos, mas o que tem de ser pego
está fora dela, daí o sujeito precisa sempre completar-se no
mundo, que possui parte lhe falta (FREIRE, 1994, p.23)

Para Fonseca (In OLIVEIRA, id.) o movimento é entendido como


sendo uma realização intencional, assim como uma expressão da sua
personalidade e que, portanto deve ser observado por aquilo que representa e
origina, não tanto pelo simples ato de se executá-lo. Assim, para ele a
psicomotricidade:

(...) não é exclusiva de um novo método, ou de uma “escola” ou


de uma “corrente” de pensamento, nem constitui uma técnica,
um processo, mas visa fins educativos pelo emprego do
movimento humano (In OLIVEIRA, id. p.35)

Hoje a psicomotricidade é uma ciência que tem como uns objetivos


principais fazer com que o indivíduo descubra o seu próprio corpo em relação
ao seu mundo interno e externo e sua capacidade de movimento-ação.

O papel da psicomotricidade é auxiliar o indivíduo a aprender e


integrar sua corporeidade, portanto a consciência sobre o movimento que vai
da intencionalidade à sua manifestação.

O movimento psicomotor é construído pelo indivíduo, o que exige


uma consciência e um domínio sobre motricidade. É através da harmonização
entre o psiquismo e a motricidade que se edificarão manifestações efetivas na
descoberta do outro, de si mesmo e dos objetos.

A psicomotricidade como ciência da educação, procura educar o


movimento desenvolvendo ao mesmo tempo as funções da inteligência, sendo
assim, é necessário que a criança se desenvolva por completo, tenha um
desenvolvimento psicomotor harmonioso, para que possa explorar e ampliar
15

cada vez mais suas habilidades e para que progressivamente esta adquira o
controle e domínio do seu próprio corpo.

(...) o corpo é o ponto de referência que o ser humano possui


para interagir com o mundo (OLIVEIRA, 2007, p.51)

O desenvolvimento infantil adequado é importante para a criança ao


longo do seu processo de aprendizagem, da qual a psicomotricidade
favorecerá significativamente, compreendendo a educação integral do ser e
não simplesmente como a transmissão de conhecimentos. A psicomotricidade
visa contribuir para o desenvolvimento pedagógico integral da criança, tanto no
seu aspecto físico, como mental, intelectual, cultural onde tais atividades se
trabalhadas de forma correta possam vim auxiliar no processo de
aprendizagem.

A sociedade atual em que vivemos cada vez mais está exigindo


indivíduos ativos, críticos, atuante e que tenham facilidade em se comunicar e
se expressar. A criança dessa era já nasce “conectada” e com isso algumas
práticas perdem-se no tempo e os métodos de educação modificam-se
adaptando-se ao novo.

As crianças passaram a brincar menos com as atividades que


desenvolvessem suas habilidades, deixando de lado os movimentos que
estimulam o conhecimento do corpo e da mente, passando horas a frente de
computadores, celulares e televisões perdendo-se em uma rede sem fim.

A psicomotricidade vem como apoio para o ensino e aprendizagem


das crianças no modo geral, mas as crianças dessa nova era ela vem estimular
para que o mesmo vivesse em um tempo no qual a forma de brincar e
conhecer o mundo tenha mudado ela e venha a se desenvolver da forma
adequada, acredita-se que o trabalho da psicomotricidade possa vir servir de
apoio para que o aluno consiga se expressar torne-se criativo e ativo no âmbito
escolar e social.
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A Educação Infantil corresponde à primeira etapa da Educação


Básica, e assim considerada essencial, ela dá os fundamentos primordiais
desta fase. Tendo grandes responsabilidades no crescimento infantil, dentro
desse contexto a escola é vista como ambiente favorável de interação entre a
criança e o saber.

O educador e a escola têm um papel principal no desenvolvimento


dessas crianças e se faz necessário trazer atividades psicomotoras que
estimule o movimento e desenvolva uma consciência psicomotora do corpo
que permitam que a criança tenha domínio dos movimentos gestuais do corpo,
movimento com as mãos e os dedos, reconhecimento das partes do corpo,
lateralidade entre outros aspectos. Torna-se imprescindível que os educadores
com base nos conhecimentos de psicomotricidade possam planejar atividades
que propiciem o desenvolvimento global da criança através do movimento,
estimulando adequadamente cada etapa desse processo.

Assim se faz necessário que a criança tenha um conhecimento do


seu corpo e funcionamento, pois tendo esta informação ela será bem mais
preparada para atuar na sociedade. Obtendo resultados mais rápidos e
compensatórios pela parte dos educandos através de atividades motoras,
destacando assim a grande importância da escola e do professor para um
desenvolvimento adequado da psicomotricidade.

O movimento é um suporte que ajuda a criança a adquirir o


conhecimento do mundo que rodeia através do corpo, de suas percepções e
sensações. Para uma criança agir através de seus aspectos psicológicos,
psicomotores, emocionais, cognitivos e sociais, precisa terem um corpo
organizado. Esta organização de si mesma é o ponto de partida para que
descubra suas diversas possibilidades de ação.

Para Vygotsky (In OLIVEIRA, 2010) a brincadeira tem um papel


fundamental no desenvolvimento do pensamento da criança. Nas atividades
cotidianas a criança age de acordo com o meio, os objetos e as situações
17

concretas. Na visão desse teórico, o professor é o mediador e é responsável


por ampliar os conhecimentos da criança, colocando elementos desafiadores
nas atividades dos pequenos.

No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos, os espaços


valem e significam outra coisa daquilo que aparenta ser. Ao
brincar, as crianças recriam e repensam os acontecimentos
que lhe deram origem, sabendo que estão brincando. (RCNEI,
1998)

Em outras palavras, através de brincar a criança tem em suas mãos


a possibilidade de lidar e estabelecer relações com os outros e com ela
mesma. É assim também que ela aprende a questão de perder e ganhar.

Uma criança só alcançará a autonomia se lhe for permitido fazer, errar,


descobrir e refizer e isto só é possível se a criança puder experimentar o corpo
livremente. Sendo assim, se faz necessário que o professor ofereça uma
variedade de situações para as crianças nas atividades diárias em sala de aula
ou fora dela, pois dessa forma seu corpo irá reagir de diferentes maneiras até
atingir os objetivos desejados.

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, a


prática pedagógica deve garantir experiências diversas, dentre elas
destacamos: o conhecimento de si e do mundo por meio das experiências
sensórias expressivas e corporais para a movimentação ampla; imersão nas
diferentes linguagens (gestual, verbal, plástica, dramática e musical);
experiências para recriar relações quantitativas, medidas, formas e orientação
espaço/temporais; dentre outras.

Um esquema corporal mal constituído resultará em uma criança que


não coordena bem seus movimentos, veste-se ou despir-se com lentidão, as
habilidades manuais lhe é difíceis, a caligrafia é feia, sua leitura é inexpressiva,
não harmoniosa. Portanto, as práticas pedagógicas precisam ser
redimensionadas em prol de atividades que promovam uma compreensão de
conhecimento adquirido, onde o movimento deixa de ser mecânico, repetitivo e
sem significado e passe a dialogar com o próprio processo de aprendizagem.
18

A psicomotricidade na Educação Infantil é importante, devemos


valorizá-la e trabalhar com as crianças no sentido de efetivar o seu verdadeiro
significado. Os exercícios psicomotores são uma das aprendizagens escolares
básicas porque são determinantes para a aprendizagem.

A psicomotricidade na Educação Infantil como agente de socialização


e principalmente da aprendizagem que é um processo global que envolve todo
o corpo, tem como finalidade de assegurar o desenvolvimento funcional, tendo
em conta as possibilidades da criança e ajudar sua afetividade a se expandir e
equilibrar-se através do intercâmbio como o ambiente humano. Ela vai
contribuir para a formação da consciência corporal e vai incentivar o movimento
em todas as etapas da vida da criança, além de se divertir, as crianças vão
interpretar e se relacionar com o mundo em que vivem.
19

CAPÍTULO II
JOGOS E BRINCADEIRAS FUNCIONAM COMO
FACILITADORES DA APRENDIZAGEM

De início é importante explicar que a palavra “jogo” se origina do


vocabulário latino ludus, que significa diversão, brincadeira e que é tido como
um recurso capaz de promover um ambiente planejado, motivador, agradável e
enriquecido, possibilitando a aprendizagem de várias habilidades. Dessa
maneira, o indivíduo que apresenta dificuldades de aprendizagem pode
aproveitar-se do jogo como recurso facilitador na compreensão dos diferentes
conteúdos pedagógicos.

A inserção da criança na Instituição da Educação Infantil representa uma


das oportunidades dela ampliar os seus conhecimentos na sua nova fase de
vida, ela vivência aprendizagens inéditas que passam a compor o seu universo,
que envolve uma diversidade de relação e de atitudes; maneiras alternativas de
comunicação entre pessoas; o estabelecimento de regras e limites e um
conjunto de valores culturais e morais que são transmitidos a elas.

A aceitação e a utilização de jogos e brincadeiras como uma estratégia


no processo de ensinar e aprender tem ganhado força entre os educadores e
pesquisadores nesses últimos anos, por considerarem em sua grande maioria
uma forma de trabalho pedagógico que estimula o raciocínio e favorece a
vivência de conteúdos e a relação com situações do cotidiano.

O jogo como estratégia de ensino e aprendizagem em sala de aula deve


favorecer a criança a construção de conhecimento científico, proporcionando a
vivência de situações reais ou imaginárias, propondo à criança desafios e
instigando-a a buscar soluções para as situações que se apresentam durante o
jogo, levando-a a raciocinar, trocar ideias e tomar decisões.
20

“O brincar é, portanto, uma atividade natural, espontânea


e necessária para a criança, constituindo-se em uma peça
importantíssima a sua formação, seu papel transcede o mero
controle de habilidades. É muito mais abrangente. Sua
importância é notável, já que, por meio dessas atividades, a
criança constrói o seu próprio mundo.” (SANTOS, 1995, p.4)

Em uma visão pela brincadeira que a criança aprende sobre a natureza,


os eventos sociais, a dinâmica interna e a estrutura do seu corpo. A criança
que brinca livremente, no seu nível, à sua maneira, não está apenas
explorando o mundo ao seu redor, mas também comunicando sentimentos,
ideias, fantasias, intercambiando o real e o imaginário. O brincar está
relacionado ao prazer. Uma brincadeira criativa ou não deve sempre
proporcionar prazer à criança.

Além disso, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança,


também ensina, sem que ela perceba, os hábitos mais necessários ao seu
crescimento, como persistência, perseverança, raciocínio, companheirismo,
entre outros. Dessa forma, o brincar e o jogar, na Educação Infantil, devem ser
visto como uma estratégia pelo educador e deve privilegiar o ensino dos
conteúdos da realidade, tendo o brincar um lugar de destaque no planejamento
pedagógico.

A psicomoticidade é um recurso de suma importância para a construção


do conhecimento de forma integral da criança. Partindo dessa temática, as
contribuições da psicomotricidade, movimento, jogos e brincadeiras, sendo que
através do jogo é que acontece a aprendizagem, pois no ato de jogar existe o
brincar. Sendo assim, a psicomotricidade estimula o desenvolvimento, a
motricidade e o psicológico das crianças, proporcionando para crianças
vivenciar, imitar, criar ritmos e movimentos, atitudes éticas e morais enquanto
joga. O jogo como presença marcante, propiciando momentos de diversão e
aprendizado favorecendo o desenvolvimento físico, intelectual, afetivo e social
da criança. O professor como mediador, contribuindo na formação de seus
alunos capazes de concentração, de descobrir, criar, de jogar e se socializar
com os demais.
21

Através da Psicomotricidade Relacional que o ser humano é capaz de


escutar, observar e sentir. Ele recebe a produção da criança no decorrer das
sessões, procura entender quais são as modalidades da relação que vai
estabelecendo com o observador, com os colegas, os objetos, o espaço e o
tempo. Com esta observação o adulto permite conhecer melhor a criança e
suas estratégias relacionais, tanto positivas quanto negativas, entende-se
assim o seu comportamento adotado.

Por meio dos jogos e brincadeiras a criança está em constante


movimento e vivência em um mundo de faz de conta da imaginação e
ludicidade desenvolvendo a motricidade.

“O jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas,


desenvolvendo e enriquecendo sua personalidade e simboliza
um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição
de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.”
(ANTUNES, 2005, p.36)

O jogo, o brinquedo e a brincadeira podem assumir vários sentidos


conforme o contexto em que está sendo utilizado e os objetos pretendidos,
estabelecendo assim um vínculo instantâneo com as crianças. Pode-se
caracterizar o lúdico espontâneo e satisfatório por fazer parte das atividades
essenciais da dinâmica humana, vale ressaltar que o ser funcional, não deve
ser como ato repetitivo, deve ser sem monotonia de comportamento e o
mesmo deve ter objetivo.

“O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais


de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação
da real à atividade própria, favorecendo a esta seu alimento
necessário e transformando o real em função das
necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de
educação das crianças exigem todos que se forneça às
crianças um material convenientes, a fim de que jogando, ela
cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso,
permanecem exteriores a inteligência infantil.” (PIAGET, 1976,
p. 160)

Resgatando assim um processo de ensino aprendizagem mais


significativa e prazerosa para a criança e reconhecendo que através do lúdico a
criança possa aprender se desenvolver e interagir com o mundo a sua volta.
22

Para se trabalhar o jogo no ambiente escolar é importante acima de tudo que o


professor tenha clareza da sua definição, historicamente a palavra jogo, não
pode ser confundido o seu significado, deve-se ter estimulação, divertimento,
brincadeiras e liberdade.

“[...] um verdadeiro educador não entende as regras apenas


como sendo os elementos que tornam o jogo passível de ser
executado, mas como lição de ética e moral, e assim sendo,
cumprir o seu objetivo educacional. O jogo pode ensinar
aprimorar as relações interpessoais e promover alegria, prazer
e motivação, no entanto o único que pode convertê-lo em tal é
o professor lembrando-se dos ganhos cognitivos e sociais sem
perder de vista seu caráter de prazer e alegria.” (ANTUNES,
2005, p.33)

È sempre muito importante proporcionar as crianças oportunidades para


brincar e criar livremente suas brincadeiras e jogos. Pois além de desfrutar da
alegria de brincar, isto contribuirá para o seu desenvolvimento psicomotor. O
jogo contribui com o propósito de que as atividades não se desenvolvam num
processo, ele canalizar os ensinamentos sérios e importantes, através do
dinamismo, do prazer e da alegria. O ato de jogar e brincar como uma
necessidade para que o ser humano se desenvolva ao longo dos tempos, a
sua ação não pode ser vista apenas como uma mera diversão, onde o uso de
material lúdico ajuda no desenvolvimento da aprendizagem.

A prática de jogos possibilita a criança o desenvolvimento de autonomia


e de reciprocidade, de ordem e de ritmo, e no sentindo global ela pode
representar uma fonte impulsionadora no processo de desenvolvimento e
aprendizagem da criança. Pode-se observar que as brincadeiras praticadas
pela as crianças mudam à medida que elas vão crescendo, mudando assim a
compreensão em relação aos problemas diversos que começam a ocuparem
suas mentes.

A brincadeira, seja ela qual for, é algo de sumo importância na infância.


Pelos pais, ela deve ser vista não apenas como um momento de
entretenimento e lazer de seus filhos, mas também como uma oportunidade de
23

desenvolver nas crianças hábitos e atitudes que os façam amadurecer se


tornando mais responsáveis.

Aliar as atividades lúdicas ao processo de ensino aprendizagem pode


ser de grande valia para o desenvolvimento do aluno, um exemplo de atividade
que desperta e muito o interesse do aluno é o jogo. Os jogos não são apenas
uma forma de divertimento, mas são meios que contribuem e enriquecem o
desenvolvimento intelectual. Para manter o seu equilíbrio com seu mundo, a
criança necessita brincar, jogar, criar e inventar.

Os jogos e as brincadeiras tornam-se mais significativos à medida que


a criança se desenvolve, porque através da manipulação de materiais variados,
ela poderá reinventar coisas e reconstruir objetos. Os jogos e as brincadeiras
são uma ótima proposta pedagógica na sala de aula, porque proporcionam a
relação entre parceiros e grupos, o que é um fator de avanço cognitivo, pois
durante os jogos e as brincadeiras a criança estabelece decisões, conflitua-se
com seus adversários e reexamina seus conceitos.

Depois da necessidade de afeto, de ser aceita, nenhuma outra é tão


intensa na criança como a necessidade do jogo e da brincadeira. Por meio
delas desenvolvem-se a espontaneidade, a inteligência, a linguagem, a
coordenação, o autocontrole, o prazer de realizar algo, a autoconfiança. É a via
para a criança experimentar, organizar suas experiências, estruturar a
inteligência para construir, aos pouco, a sua personalidade.

O jogo para a criança é antes de tudo, uma brincadeira, mas são


também, uma atividade séria onde o faz de conta, as estruturas ilusórias, o
geometrismo infantil e a alegria têm uma importância considerável. O
surgimento do verdadeiro lúdico está ligado ao despertar da personalidade. A
busca da auto-afirmação manifesta-se nos jogo sob duas formas: o apelo do
mais velho, considerado como motor essencial da infância e o amor à ordem, à
regra, levado ao formalismo.
24

Durante os jogos e as brincadeiras, a criança experimenta um


sentimento de grande prazer diante do descobrimento do novo e suas
possibilidades de invenção. Os jogos e as brincadeiras passam a ter
significados positivos e de grande utilidade quando o professor proporciona um
trabalho coletivo, de cooperação, de comunicação e socialização. Em grupos
os jogos e as brincadeiras são uma forma de atividades muito indicada para
estimular a atividade construtivista da criança e a sua vida social.

Na escola os professores precisam pensar nos jogos e nas brincadeiras,


ajudando as crianças melhor escolhê-los, modificá-los e até mesmo inventar. É
importante que durante esse processo a interação social da criança entre seus
colegas para construir sua lógica, seus valores sociais e morais. As crianças
aprendem com mais facilidade através de jogos e brincadeiras, em grupos, do
que muitas lições e folhas xerocadas.

A competição no jogo é um ponto importante, porque estimula na criança


o desejo de cada vez melhorar e, por conseguinte, conseguir a vitória através
de seus conhecimentos e habilidades. Os jogos e as brincadeiras em grupos
exigem identificação da criança com o grupo, geram direitos e deveres,
ensinando-a a conviver e a participar mantendo a sua individualidade. É
importante também que durante as atividades elas tenham oportunidade de
construir suas próprias regras. Através de jogos e brincadeiras de regras, a
criança assimila a necessidade de cumprimento das leis da sociedade e das
leis morais.
“É na atividade de jogo que a criança desenvolve o seu
conhecimento do mundo adulto e é também nela que surgem
os primeiros sinais de uma capacidade especificamente
humana, a capacidade de imaginar (...). Brincando a criança
cria situações fictícias, transformando com algumas ações o
significado de alguns objetos.” (VYGOTSKY, 1987, p.122)

Nos estudos de Vygotsky, ele afirmou que não existem brincadeiras sem
regras, partindo do princípio de que os pequenos se envolvem nas atividades
de faz de conta para entender o mundo em que vivem. Para isso, usam a
imaginação quando finge que está dirigindo um carro, a criança procura seguir
25

regras de conduta social e de convivência. É uma forma de expandir sua


compreensão sobre o mundo.

As contribuições que a brincadeira e o jogo proporcionam no


desenvolvimento da Educação Infantil é que a atividade lúdica tem conquistado
um grande espaço, a função educativa da brincadeira oportuniza a
aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento, a sua compreensão
do mundo e a estimulação da afetividade na criança. Portanto, as disciplinas
apresentada por meio de atividades lúdicas tornam-se envolvente e favorece a
construção de significados de conhecimentos próprios do mundo da criança.

A ludicidade é uma necessidade da criança em qualquer idade e não


pode ser vista apenas como diversão. O brincar facilita na aprendizagem, o
desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde
mental, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e
construção de conhecimento.

As atividades lúdicas são a essência da infância, por isso, ao abordar


esse tema não podemos deixar de nos referir também à criança. Ao retornar a
história e a evolução do homem na sociedade, vamos perceber que a criança
nem sempre foi considerada como é hoje. Antigamente, ela não tinha
existência social, era considerada miniatura do adulto ou quase adulto. Seu
valor era relativo, nas classes altas era educada para o futuro e nas classes
baixas o valor da criança iniciava quando ela podia ser útil ao trabalho,
colaborando na geração da renda familiar.

Brincando a criança entra em contato com as diferenças culturais


existentes no grupo, resolve problemas e amplia sua forma de ver e entender o
mundo, ampliando os seus conceitos. Por exemplo, quando uma criança brinca
de casinha, ela entra em contato com diferentes olhares ou conceito de mãe, o
que pode ampliar o seu próprio conceito. Neste sentido, o brincar cria
condições para o desenvolvimento infantil, pois a brincadeira amplia a
possibilidade de pensar e atuar sobre o próprio cotidiano. Sendo assim, brincar
26

não é apenas passatempo, mas uma atividade que lhe permite trabalhar com
sonhos, fantasias, angústias, aprendizado e conhecimentos.

O jogo ou a brincadeira são instrumentos básicos da vida psíquica da


criança. A criança procura o jogo como necessidade e não distração. É pelo
jogo que a criança se revela: as suas inclinações boas e más, a sua vocação,
as suas habilidades, o seu caráter, tudo que ela traz de latente no seu eu em
formação, torna-se visível pelo jogo e pelos brinquedos que ela executa.

Durante todo o processo de desenvolvimento e maturidade, toda criança


atinge fases específicas em várias faixas etárias. Sobre isso, vários
pensadores, como Vygotsky e Piaget, compartilham a ideia de que o
crescimento da criança é acompanhado por fases, cada uma com aspectos
peculiares e significativos, como físico, o cognitivo, o emocional e espiritual,
importantes para sua formação integral.

A influência do ato de brincar no desenvolvimento da criança é


indispensável para a formação do caráter e da personalidade da pessoa; além
disso, o ato de brincar pode incorporar valores morais e culturais e uma série
de aspectos que ajudam a moldar sua vida, como crianças e como adultos.
Brincando, a criança pode acionar seus pensamentos para resolução de
problemas que lhe são importante e significativo e o modo como ela brinca
revela o seu mundo interior, proporcionando-lhe que aprenda fazendo e
realizando, dessa forma, uma aprendizagem significativa.

Assim, o desenvolvimento da criança é resultado da interação de uma


aprendizagem natural e ao mesmo tempo estimulada, que ocorre por meio da
experiência adquirida no ambiente e com capacidade própria da criança, em
que cada uma tem seu próprio ritmo e capacidades individuais.

É necessário que a escola proporcione jogos e brincadeiras para as


crianças experimentarem a variedade de habilidades fundamentais para a
aprendizagem e a vida. A brincadeira é um processo, que por si mesma
27

envolve uma variedade de comportamentos, motivações, oportunidades,


práticas, habilidades e compreensões. A brincadeira é na verdade uma das
maneiras mais eficientes, poderosas e produtivas de se aprender o que
precisamos. É indispensável que nos lancemos neste mundo mágico que é a
aprendizagem lúdica para investirmos numa educação centrada nos interesses
dos alunos.

A escola pode e deve oferecer um ambiente baseado nas brincadeiras e


nos jogos, nos quais, podem ser utilizados como um veículo para facilitar a
aprendizagem escolar e também o desenvolvimento pessoal, social e cultural.

“A brincadeira além de contribuir e influenciar na formação da


criança, possibilitando um crescimento sadio, um
enriquecimento permanente, integra-se mais alto espírito de
uma prática demográfica, enquanto investe em uma produção
séria do conhecimento. Sua prática exige a participação franca,
criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em
vista o forte compromisso de transformação e modificação do
meio.” (ALMEIDA, 1998, p.57)

Educar não é somente transmitir informações. Não se limita em um só


caminho mostrado pelo professor, vai além ao desenvolvimento pessoal e
social. Portanto, a aprendizagem lúdica deve ser vista e vivida de forma
consciente, pois é um fator essencial para uma educação ampla, completa e de
qualidade para o aluno.
A partir dos movimentos, jogos e brincadeiras contribui e possibilita o
maior entendimento da motricidade humana. A importância da mediação do
educador através de atividades bem planejadas para que possam orientar da
melhor forma os educandos na construção de seu conhecimento.

É válido destacar que as reflexões e os estudos acerca da


aprendizagem lúdica como jogos e brincadeiras, são processos facilitadores
que a aprendizagem tem um longo caminho pela frente. Portanto, compreender
a importância de mudanças na postura do educador bem como na dos
educandos, entender a relevância do lúdico na aprendizagem e buscar
estratégias para alcançar os alunos com o objetivo de construir o conhecimento
28

com prazer, motivação e alegria é papel fundamental dos profissionais de


educação hoje em dia.

Portanto, não há como ignorar o valor dos jogos e das brincadeiras


como recurso pedagógico. Por meio dessas práticas, professor e aluno devem
aprender juntos, construir uma aprendizagem significativa, testar limites,
questionar possibilidades e avançar rumo a uma educação de qualidade e
significativa. Através dessa prática o professor mostrará a criança que a
aprendizagem é ativa, dinâmica e contínua. Assim, a educação partirá das
necessidades e dos interesses do aluno, estimulando sua atividade e o
desenvolvimento da sua criatividade, na conquista da autonomia.
29

CAPÍTULO III
A EDUCAÇÃO PSICOMOTORA NO PROCESSO DE
APRENDIZAGEM, COMO FERRAMENTA PARA O
DESENVOLVIMENTO

A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de


base das escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental I, pois condiciona
o processo de alfabetização; encaminha a criança a tomar consciência de seu
corpo, lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o seu tempo, a adquirir a
coordenação de seus gestos e movimentos.

“(...) a primeira necessidade seria, portanto: alfabetizar a


linguagem do corpo e só então caminhar as aprendizagens
triviais que mais não são que investimos perceptivo-motor
ligados por coordenadas espaços-temporais e correlacionadas
por melodias rítmicas de integração e resposta. É com o
movimento que a criança interage com o seu corpo determina a
sua lateralidade. O desenvolvimento psicomotor da criança
compreende componentes fundamentais ao seu
desenvolvimento como: esquema corporal, equilíbrio,
coordenação, estrutura espacial, temporal e lateralidade.”
(FONSECA, 1996, p.42)

O desenvolvimento da psicomotricidade da criança acontece por meio


do corpo que esta realiza as suas primeiras trocas com o mundo e se forma
psicologicamente. Para que possa estar em perfeita harmonia com o mundo
externo, depende muito da qualidade dessas primeiras relações. A prática
psicomotora realizada pela criança é que vai delinear o seu desenvolvimento
psicológico e motor, lembrando que está prática deve ocorrer de maneira
tranqüila e natural. O desenvolvimento da psicomotricidade na criança envolve
várias áreas que vão desde a maturação do sistema nervoso, processos
neuromotores, pré-requisitos, coordenação, chegando até mesmo ao corpo e a
emoção.

A educação psicomotora abrange todas as aprendizagens da criança,


processando-se por etapas progressivas e específicas conforme o
30

desenvolvimento geral de cada indivíduo realizar-se em todos os momentos da


vida por meio de percepções vivenciadas, como uma intervenção direta nos
aspectos cognitivos, motor e emocional, estruturando o indivíduo como um
todo. A educação passa pela facilitação das condições naturais e prevenção de
distúrbios corporais. Ela se realiza na escola, na família e no meio social, com
a participação de educadores, dos pais e dos professores em geral. Dirige-se
prioritariamente às crianças em condições que enfatizam essa área de
atuação.

A vertente dominada Educação Psicomotora tem por finalidade


promover, através de uma ação pedagógica, o desenvolvimento de todas as
potencialidades da criança, objetivando o equilíbrio.

A Educação Psicomotora é formadora de uma base indispensável a toda


criança, pois tem como objetivo assegurar o desenvolvimento funcional,
levando em conta as possibilidades da criança, possibilitando, também, através
das relações interpessoais, a expansão e o equilíbrio de sua afetividade. A
finalidade da prática da educação psicomotora é: promover, um meio lúdico-
educativo para a criança expressar-se por intermédio do jogo e do exercício,
devendo possibilitar às crianças a exploração corporal diverso do espaço, dos
objetos e dos materiais; facilitar a comunicação das crianças por intermédio da
expressividade motriz; potencializar as atividades grupais e favorecer a
libertação das emoções e conflitos por intermédio do vivenciamento simbólico.

A Educação Psicomotora atualmente se divide em dois eixos: a


Psicomotricidade Funcional e a Psicomotricidade Relacional. A
Psicomotricidade Funcional compreende as capacidades e habilidades
motrizes seguiriam um padrão evolutivo igual em todas as pessoas e poderiam
ser avaliados através de exercícios, testes padronizados para as diferentes
idades. Variáveis como sexo, fatores culturais, experiências vivenciadas, não
eram levadas em conta. Na avaliação do perfil psicomotor da criança algumas
variáveis eram analisadas, como por exemplo: equilíbrio estático e dinâmico,
31

coordenação apendicular, coordenação viso manual (movimentos finos e


delicados), sincinesias, paratonias, lateralidade e orientação espacial.

A psicomotricidade funcional se sustenta em diagnósticos do perfil


psicomotores e na prescrição de exercícios para sanar possíveis
descompassos do desenvolvimento motriz. A estratégia pedagógica baseia-se
na repetição de exercícios funcionais, que são estereótipos criados e
classificados constituindo as famílias de exercícios: exercícios de equilíbrios
estáticos e dinâmicos, exercícios de coordenação, exercícios de flexibilidade,
exercícios de agilidade e destreza.

Após a análise de problemas encontrados, a psicomotricidade funcional


tem a finalidade de educar sistematicamente as diferentes condutas motoras,
permitindo assim uma maior integração escolar e social. O desenvolvimento da
sessão da psicomotricidade funcional é estruturado de forma que o aluno imite
os modelos de exercícios pré-programados que são propostos pelo professor.

“(...) a criança não tem escolha, todas ao mesmo tempo devem


realizar os exercícios que são propostos.” (NEGRINE, 2002,
p.117)

O professor utiliza-se de métodos diretivos, tornando seu aluno


dependente de suas ações, não dando espaço para que a criança realize
atividades que permitam explorar o mundo simbólico, impedindo a
exteriorização de sua expressividade motriz. Em relação aos métodos diretivos,
Negrine (2002) chama a atenção para o fato de que estes estão relacionados a
estratégias pedagógicas voltadas à correção. A relação que a psicomotricidade
funcional tem com a criança é uma relação de comando e o contato corporal
entre eles ou com outras crianças só ocorre se estiver determinado no
exercício proposto. Este eixo da educação psicomotora é seguido por muitos
professores de Educação Física, mas o desenvolvimento dessa prática se
assemelha muito a forma tradicional de uma aula de ginástica
A psicomotricidade relacional é uma abordagem psicopedagógica que se
dá pela via corporal, englobando uma série de estratégias de intervenções e de
ações pedagógicas que servem como meio de ajuda a evolução dos processos
32

de desenvolvimento e de aprendizagem da criança. Ela compreende que o


desenvolvimento humano é decorrente da inter-relação entre os fatores
internos, que correspondem aos processos biológicos e fatores externos que
dizem a respeito ao processo de aprendizagem que se origina nos aspectos
histórico-culturais.

A psicomotricidade relacional utiliza-se da ação de brincar como


elemento motivador para provocar a exteriorização corporal da criança, pois
entende que a ação de brincar impulsiona processos de desenvolvimento e
aprendizagem. Essas estratégias de intervenções pedagógicas criam, também,
condições favoráveis para a construção de um vocabulário psicomotor amplo e
diversificado e servem como meio de melhoradas relações da criança com o
adulto, com os iguais, com os objetos e consigo mesma. A psicomotricidade
relacional está alicerçada em três aspectos, que determinam suas finalidades.
O primeiro diz respeito à experimentação corporal múltipla e variado, no qual o
psicomotricista deve permitir facilitar e provocar a criança à experimentação de
diversos movimentos com o próprio corpo, com objetos ou com disfarces.

O segundo aspecto é o estímulo à vivência simbólica, isto é, permitir que


a criança realize atividades representativas. Com a realização dessas ações
corporais (movimento, gestos, mímicas) a criança constrói o conhecimento das
coisas e do mundo, amplia o seu vocabulário psicomotor, aciona mecanismo
de pensamento representativo. Este, por sua vez, aciona a fala egocêntrica,
exercitando a comunicação oral. O terceiro aspecto se refere a, comunicação
como elemento de intervenção pedagógica, de socialização e de exteriorização
da criança. Isto que dizer que a comunicação expressa de diferentes formas:
verbal, plástica, pictórica; serve como instrumental que o psicomotricista utiliza
para fazer a criança evoluir.

No que diz respeito à relação adulto/criança é fundamental que o


psicomotricista ajude a criança a realizar tudo aquilo que ela ainda não é capaz
de realizar sozinha, é necessário que ela exerça um papel de mediador, seja
para provocar a sua exteriorização, seja para dar segurança, seja para
33

determinar limites à criança. Na relação do psicomotricista relacional com a


criança, o toque corporal é um forte aliado, pois com ele vínculos afetivos são
estabelecidos, dando segurança e ajuda à criança.

“O papel do psicomotricista relacional é sempre de ajuda,


entretanto ele também interage, sugere, propõem, estimula e
escuta a criança.” (NEGRINE, 2002, p.124)

A educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade,


conduzida com perseverança, permitir prevenir inadaptações difíceis de corrigir
quando já estruturadas. É possível, por intermédio de uma ação educativa, a
partir dos movimentos espontâneos da criança e das atitudes corporais,
beneficiarem a formação da imagem do corpo, essência da personalidade. A
educação psicomotora refere-se a uma formação de base imprescindível a toda
criança que seja normal ou com alguma limitação.

“A educação psicomotora deve ser considerada como uma


educação de base na escola infantil. Ela condiciona todos os
aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar consciência
de seu corpo, da lateralidade, situar-se no espaço, a dominar o
seu tempo, a adquirir habilmente a coordenação dos seus
gestos e movimentos.” (LE BOULCH, 1984, p. 24)

Contrapõe a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento


funcional, considerando as possibilidades da criança e auxilia sua afetividade a
expandir-se a equilibrar-se por intermédio da interação com o ambiente
humano. Na educação infantil e no ensino fundamental é possível beneficiar-se
da Psicocinética a qual toma a forma de uma verdadeira educação
psicomotora, estabelecida sobre o conhecimento das leis do desenvolvimento,
qualificando a ação educativa global e integradora. Usualmente, toda ação da
educação pressupõe tomada de posições quanto à sua finalidade, assim sendo
este método tem por objetivo beneficiar o desenvolvimento condicional do ser e
formar um indivíduo capaz de situar-se e atuar em um mundo em constante
transformação, por meio de: melhor conhecimento e compreensão de si
mesmo, melhor ajuste de sua conduta, verdadeira autonomia e acesso às
responsabilidades ao longo da sua vida social.
34

Cabe ao educador conhecer as etapas do desenvolvimento psicomotor


da criança, características das faixas etárias, necessidades e interesses, para
melhor planejar a ação docente. Por isso, é de fundamental importância que o
educador desenvolva atividades com objetivos predefinidos, e não aleatórios,
arrolando-as como necessárias ao domínio do esquema corporal, como se esta
expressão significasse apenas uma coisa.

O desenvolvimento psicomotor, tanto de crianças especiais quanto as


não especiais, solicita o auxílio constante do educador, por meio de
estimulação em sala de aula e do encaminhamento/facilitação, quando se fizer
necessário. O educador pode ajudar e muito, saudável em todos os níveis, na
estimulação do desenvolvimento cognitivo e para o desenvolvimento de
aptidões e habilidades, na formação de atitudes por meio de uma relação
afetiva e estável, que crie uma atmosfera de segurança e bem-estar para a
criança e, sobretudo respeitando e acutando a criança do jeito que ela é.

A educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de qualquer


coisa, um conhecimento ativo de comparação ao meio. O auxílio educativo
originário dos pais e do meio escolar tem a finalidade não de ensinar à criança
componentes motores, todavia, sim de consentir-lhe desempenhar a sua
função de ajustamento, individualmente ou com outras crianças. Propriedades
psicomotoras desenvolvidas nas sessões de Psicomotricidade Educativa como:
espaço temporal, equilíbrio, ritmo, coordenação motora ampla ou global,
coordenação motora fina, agilidade e tonicidade.

No espaço temporal normalmente, até dois anos e meio, o ambiente da


criança é um espaço vivido, dentro do qual ela se ajusta desenvolvendo os
seus movimentos coordenados em função de um objetivo a ser atingido. Entre
os três e os seis anos, a criança chega à reprodução dos elementos do espaço,
encontrando formas e dimensões. No final do período pré-escolar, o
desenvolvimento da relação corpo-espaço deriva em uma disposição
individualista do universo. A criança desvendou a sua dominância, verbalizou-
35

a, chegando a um corpo orientado, que lhe convirá de padrão para situar os


objetos alocados no espaço circundante.

A orientação dos objetos faz-se, então, em função da posição atual do


corpo da criança. Este equilíbrio favorece a interiorização, que é um fator
indispensável, sem o qual a estruturação do espaço não pode efetuar-se. No
equilíbrio é o cerebelo que ajusta permanentemente o tônus postural em
combinação com o desenvolvimento no ato motor. Ele fixa essas reações como
forma de automatismo postural inconscientes, tradução das experiências
vividas individualmente. Essas atitudes de referência estabilizadas, verdadeiros
esquemas posturais inconscientes, são, porém, constantemente adaptadas às
condições atuais de desenvolvimento da ação, graças à atuação das reações
de equilibração. O desempenho normal da função de equilibração pode ser
perturbado por causas psicológicas.

Todo medo acarreta reações de enrijecimento as quais afetam as


reações reflexas de equilibração. Manutenção do corpo em uma mesma
posição durante um tempo determinado. Pode ser estático ou dinâmico. O
ritmo refere-se à movimentação própria de cada um. Ritmo lento, moderado,
acelerado, cadenciado. Noção de duração e sucessão, no que diz respeito à
percepção dos sons do tempo. A ausência de habilidades rítmicas pode
originar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequada.

Na coordenação motora ampla ou global existe a realização de grandes


movimentos com todo o corpo, envolvendo as grandes massas musculares,
havendo harmonia nos deslocamentos. Não a precisão nos movimentos, ainda
que seja admirável a coordenação perfeita dos movimentos.
A coordenação motora fina é a competência para realizar movimentos
específicos, usando os pequenos músculos, a fim de atingir a execução bem-
sucedida de habilidades. Solicita uma ação de grande exatidão no movimento.
Movimentos manuais em que a coordenação e a precisão são essenciais.
36

A agilidade caracteriza-se pelas atividades que estabelecem


movimentos rápidos e precisos. Já a tonicidade é a ação de fortificar-se,
fortalecer-se, robustecer-se, é a qualidade, estado ou condição de tônico.
Analisa-se que a tonicidade é a força muscular que o aluno/criança vai
contrariando em razão das atividades concretizadas diariamente.

Hoje a psicomotricidade, oportunizando as crianças condições de


desenvolver capacidades básicas, aumentando seu potencial motor, utilizando
o movimento para atingir aquisições mais elaboradas, como as intelectuais,
ajudaria a sanar as dificuldades. Compreender em linhas gerais como se
configura a relação da aprendizagem e a educação psicomotora sob a
perspectiva das aulas de educação física, dança e artes (pintura), com intuito
de estimular uma reflexão acerca do papel dessas atividades no currículo
escolar das crianças.

A educação psicomotora tem campo de atuação na estimulação,


educação terapia e reeducação psicomotora, constituindo desde a estimulação
do comportamento de aprendizagem, ao direcionamento a integração da
educação básica.

A psicomotricidade é utilizada para detectar problemas de aprendizagem


na criança, permitindo analisar o seu desempenho motor e analise do perfil
psicomotor de adaptação da criança a etapa do desenvolvimento.

“Importante evidenciar como a psicomotricidade pode auxiliar o


aluno a alcançar um desenvolvimento mais integral que o
preparará para uma aprendizagem mais satisfatória.” (LOPES,
2010, p. 23)

Portanto é importante trabalhar a educação psicomotora nas práticas


pedagógicas, pois enquanto base para o desenvolvimento intelectual da
criança proporciona que ocorra a aprendizagem, diante da evidência que a não
aprendizagem está relacionada com o desenvolvimento psicomotor da criança.
37

O êxito pedagógico tem contribuição da educação psicomotora para o


processo de aprendizagem, de modo a estimular o desenvolvimento global da
criança. Dentro de umas perspectivas de futuros avanços na atuação dos
profissionais e principalmente na construção de novos caminhos e estratégias
através da construção de novos saberes.

O movimento é um dos fatores que dá ao homem o desenvolvimento


físico que o acompanhará por toda a sua vida, desde a sua infância até no
desempenho funcional nas diversas atividades profissionais que os indivíduos
irão exercer na sociedade. Por meio da fala, dos gestos, dos olhares, dos
movimentos e da emoção, e também através da linguagem verbal e corporal é
que ele se faz entender em relação as suas necessidades de sobrevivência.

A base do processo intelectivo e da aprendizagem da criança está na


estrutura da educação psicomotora, onde a sua evolução parte do geral para o
específico. A formação das habilidades físicas do indivíduo acontecerá ao
longo da sua interação como mundo social.

“A importância do desenvolvimento das habilidades básicas


pode ser vista de uma maneira mais sistemática na pré-escola,
que tem a função de fornecer à criança os pré-requisitos
necessários para a aprendizagem da leitura e da escrita.” (DE
MEUR, 1991, p. 78)

É necessário um trabalho sério que colabore no desenvolvimento dos


alunos, e que este trabalho possa ser iniciado nas escolas infantis, que
possibilitem sua continuidade em toda a escolarização da criança. De acordo
com Alves (2008), o trabalho com a educação psicomotora deve ser baseado
na educação, objetivando o desenvolvimento das capacidades e rendimento,
visando à eficiência e adequando aos diferentes níveis de habilidades,
respeitando a personalidade e vontade e a motivação do educando.

A educação psicomotora neste início de vida escolar possibilita uma


melhora organizacional, bem como, dá ao educando melhores possibilidades
na resolução de exercícios de análises lógicas e de relação entre os números.
38

Os responsáveis pela escolarização devem procurar desenvolver a


psicomotricidade (de controle e aprimoramento dos movimentos), a percepção
(diferenciações visuais e auditivas), os diversos tipos de linguagem e o
raciocínio lógico, além de estimular a criatividade das crianças. Que manipulem
diversos tipos de materiais de toda espécie, para que se tenha um
desenvolvimento adequado nas escolas de primeiro grau é necessário um
trabalho sério que colabore no desenvolvimento dos alunos.

Com a evolução da psicomotricidade, a criança passou a ser vista como


um todo, no seu aspecto cognitivo, motor e afetivo. Quanto mais rápido for
estimulando a psicomotricidade da criança. Cabe a escola infantil ter a
consciência da necessidade de alfabetizar a linguagem corporal antes de
trabalhar os conteúdos escolares.

Para a criança, a escola é uma experiência enriquecedora, é o período


de mudanças na sua vida, onde aprende a dividir, passa a entender conceitos,
aguça sua curiosidade através de ações, sendo este contato com o mundo que
fará a criança a aprender e se desenvolver no seu todo. Nas escolas de
educação infantil, o trabalho com psicomotricidade deve ser feito através de
atividades lúdicas, onde a cultura de brincar faz parte integrante da criança.
39

CONCLUSÃO

Através deste estudo concluí-se que a importância da psicomotricidade na


educação infantil tem seu foco no movimento, principalmente nas suas várias
manifestações motoras, para que possa que possa ampliar o desenvolvimento
dos aspectos próprios da motricidade das crianças. A escola deve garantir um
apoio a todas as crianças sem nenhum tipo de seleção, proporcionando a
aprendizagem um caráter lúdico e emocional que será à base do sucesso de
sua aprendizagem e todo o seu conhecimento cultural. Compreendendo que as
dificuldades de aprendizagens escolares e respeitar a diversidade de saberes
de cada indivíduo. Ao se trabalhar lucidamente na aprendizagem de forma
significativa, verifica-se a melhora no nível de compreensão.

A educação psicomotora deve ser rotina nas escolas do maternal,


auxiliando e melhorando a organização esquema corporal, aumentando a
possibilidade de uma vida de qualidade. Ao inibir o movimento espontâneo, ela
passa não exercer sua total ação no mundo, restringindo-se ao seu pequeno
núcleo.

Esse trabalho buscou mostrar a importância da psicomotricidade, no


desenvolvimento global da criança e a necessidade da educação psicomotora
é um fator importantíssimo para o desenvolvimento físico, psíquico e social da
criança, com benefícios que poderão ser notados no decorrer da vida adulta.
Sendo assim, verificou-se que a educação psicomotora é indispensável como
formação de base, tanto para o desenvolvimento motor, como para o
desenvolvimento afetivo e psicológico. Com o auxílio da educação psicomotora
a criança terá circunstância favorável à realização do seu autoconhecimento,
proporcionando a ela capacidade de pensar, desejar, perceber, raciocinar, a ter
consciência do seu próprio corpo, ajudando-a e beneficiando-a no seu
desenvolvimento integral, ou seja, nas suas aptidões perceptivas, seu
comportamento psicomotor, como também na manutenção e conservação da
40

saúde física, mental e no equilíbrio sócio afetivo, que são indispensáveis a


qualquer ser humano ao desenvolvimento do seu intelecto.

É válido destacar que os jogos e as brincadeiras são processos


facilitadores e mais eficientes, poderosas e produtivas de se aprender. É
indispensável esse momento lúdico e mágico na educação infantil, por ser um
veículo facilitador de aprendizagem escolar e também de desenvolvimento
pessoal, social e cultural. Propiciando momentos de diversão, vivência um
mundo de faz de conta, trabalha a imaginação e desenvolve a
psicomotricidade. Os jogos e as brincadeiras contribuem com o propósito de
que as atividades não se desenvolvam em um processo, elas canalizam os
ensinamentos sérios e importantes, através do dinamismo, prazer e alegria. A
brincadeira seja ela qual for é de suma importância na vida de qualquer criança
e principalmente na infância. Os jogos não são apenas uma forma de
divertimento, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento
inlectual. A criança precisa jogar, brincar, criar e inventar para contribuir,
enriquecer e manter o seu equilíbrio no mundo.

A psicomotricidade atua no esquema corporal, auxiliando no trabalho de


harmonia nos aspectos com o equilíbrio, a coordenação, tonicidade,
lateralidade, estruturação espacial temporal e desse modo proporcionando a
criança formas de prevenção. Para que a educação psicomotora torne-se um
diferencial e beneficiar o indivíduo, ela deve ser realizada levando-se em conta
as necessidades reais das crianças. E na escola no período da educação
infantil que proporcionará a criança descobertas corporais e de
conscientização, assumindo a sua verdadeira função, ou seja, de prevenir,
estimular, educar e reeducar os seus educandos.
41

BIBLIOGRAFIA

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Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Fontes, 1987.
43

ÍNDICE

CAPA 01
FOLHA DE ROSTO 02
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I
A importância da psicomotricidade no crescimento da criança com idades 10
De 3 a 4 anos.

CAPÍTULO II 19
Jogos e brincadeiras funcionam como facilitadores da aprendizagem.

CAPÍTULO III
A Educação psicomotora no processo de aprendizagem, como 29
ferramenta para o desenvolvimento.

CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA 41
ÍNDICE 43

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