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869/2019
Barão de Montesquieu
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente
público, servidor ou não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las,
abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.
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§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não
configura abuso de autoridade.
CAPÍTULO II
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele
que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo caput deste artigo.
CAPÍTULO III
DA AÇÃO PENAL
Art. 3º (VETADO).
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no
prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de
prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar
a ação como parte principal.
CAPÍTULO IV
Seção I
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Dos Efeitos da Condenação
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são
condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são
automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.
Seção II
III - (VETADO).
CAPÍTULO V
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta
funcional serão informadas à autoridade competente com vistas à apuração.
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CAPÍTULO VI
Art. 9º (VETADO).
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I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
III - (VETADO).
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor
público, sem a presença de seu patrono.
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Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com
seu advogado: (Promulgação partes vetadas)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o
investigado de entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou
defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e
com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso
de audiência realizada por videoconferência.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança
ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado,
observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente).
II - (VETADO);
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma
horas) ou antes das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver
fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de
flagrante delito ou de desastre.
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responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a
responsabilidade:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do
investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que
se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a
imagem do investigado ou acusado:
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou
administrativo com o fim de prejudicar interesse de investigado:
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Art. 30. (VETADO).
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem
justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente: (Promulgação partes
vetadas)
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução
ou conclusão de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em
prejuízo do investigado ou do fiscalizado.
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de
investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro
procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como
impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em
curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja
imprescindível: (Promulgação partes vetadas)
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Art. 38. (VETADO).
CAPÍTULO VII
DO PROCEDIMENTO
Art. 39. Aplicam-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos nesta Lei,
no que couber, as disposições do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
1941 (Código de Processo Penal), e da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS
“Art.2º .......................................................................................................
........................................................................................................................
.........................................................................................................................
Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa a vigorar com a
seguinte redação:
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Art. 42. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), passa a vigorar acrescida do seguinte art. 227-A:
‘Art. 7º-B Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advogado previstos nos
incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta Lei:
Art. 45. Esta Lei entra em vigor após decorridos 120 (cento e vinte) dias de sua
publicação oficial.
NOÇÕES GERAIS
Lei nº 4.898/65
O abuso de autoridade já era punido criminalmente pela Lei nº 4.898/65.
A Lei nº 4.898/65 é revogada pela Lei nº 13.869/2019, que passa a regular inteiramente
o tema.
Lei nº 13.869/2019
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- que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las,
- abuse do poder que lhe tenha sido atribuído.
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo
aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos
pelo caput deste artigo.
SUJEITOS DO CRIME
Crimes próprios
Os crimes previstos na Lei nº 13.869/2019 são próprios, ou seja, só podem ser
praticados por “agentes públicos”, nos termos do art. 2º.
Sujeito ativo
É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade...
- qualquer agente público,
- seja servidor público ou não,
- da administração direta, indireta ou fundacional
- de qualquer dos Poderes
- da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território.
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I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas;
II - membros do Poder Legislativo;
III - membros do Poder Executivo;
IV - membros do Poder Judiciário;
V - membros do Ministério Público;
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas.
Concurso de pessoas
Embora sejam crimes próprios, os delitos previstos na Lei nº 13.869/2019 admitem a
coautoria e a participação. Isso porque a qualidade de “agente público”, por ser
elementar do tipo, comunica-se aos demais agentes, nos termos do art. 30 do Código
Penal, desde que eles tenham conhecimento dessa condição pessoal do autor:
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime.
ATENÇÃO!! Deve-se destacar que, por força da proibição de analogia in mala partem,
não se admite que os tutores, curadores, inventariantes judiciais, administradores
judiciais, depositários judiciários, diretores de sindicatos ou quaisquer outros que
exerçam os chamados múnus públicos não podem ser sujeitos ativos isolados dos
crimes de abuso de autoridade, salvo a hipótese acima aventada de concurso de
agentes.
Sujeito passivo
Os crimes de abuso de autoridade previstos na Lei nº 13.869/2019 são delitos de “dupla
subjetividade passiva”. Isso porque são condutas que atingem dois sujeitos passivos.
O sujeito passivo principal ou imediato é a pessoa física ou jurídica diretamente atingida
ou prejudicada pela conduta abusiva. Ex: o preso, no caso do art. 13.
O sujeito passivo secundário ou mediato é o Estado (Poder Público) que tem a sua
imagem, credibilidade e até patrimônio ofendidos quando um agente seu pratica ato
abusivo.
ELEMENTO SUBJETIVO
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A atuação dos operadores do Direito envolve constantemente a interpretação de leis e
atos normativos e a apreciação de fatos e provas.
Ocorre que, por mais que sejam utilizados critérios e métodos teóricos para o exercício
de tais atividades, o certo é que elas possuem boa dose de subjetividade. Essa
subjetividade faz com que surjam divergências na interpretação da lei ou na avaliação
dos fatos e provas.
Tais divergências, por si só, não poderiam ser punidas como abuso de autoridade.
Pensando nisso, o § 2º do art. 1º da Lei prevê tais situações como causa de exclusão
da tipicidade nos seguintes termos:
Ex: o membro do Ministério Público denuncia o acusado afirmando que sua conduta
configura o crime “X”. Ocorre que existe uma segunda corrente – diversa daquela
sustentada pelo MP – que defende que essa conduta é atípica. O juiz adota essa
segunda posição e rejeita a denúncia por entender que não a situação não se amolda
àquele tipo penal. O simples fato de haver essa divergência de interpretação não gera
a conclusão de que o integrante do Parquet tenha agido com abuso de autoridade.
Ex2: o Promotor de Justiça denuncia o acusado por furto por entender que ele é o único
que estava no local quando o bem foi subtraído, tendo ele sido visto pelas testemunhas
com um objeto escondido debaixo da camisa. Durante a instrução ficou demonstrado
que o acusado não estava com a res furtiva e que, portanto, ele era inocente. A simples
divergência na avaliação dos fatos e das provas não gera a conclusão de que o membro
do MP tenha agido com abuso de autoridade.
O objetivo deste dispositivo foi o de evitar aquilo que Rui Barbosa chamou de “crime de
hermenêutica”, que ocorre quando o operador do Direito (em especial o magistrado) é
responsabilizado criminalmente pelo simples fato de sua intepretação ter sido
considerada errada pelo Tribunal revisor.
O tema não é novo e, como dito, Rui Barbosa, há muitos anos, já condenava as
tentativas de se criar o “crime de hermenêutica”:
“Para fazer do magistrado uma impotência equivalente, criaram a novidade da doutrina,
que inventou para o Juiz os crimes de hermenêutica, responsabilizando-o penalmente
pelas rebeldias da sua consciência ao padrão oficial no entendimento dos textos.
Esta hipérbole do absurdo não tem linhagem conhecida: nasceu entre nós por geração
espontânea. E, se passar, fará da toga a mais humilde das profissões servis,
estabelecendo, para o aplicador judicial das leis, uma subalternidade constantemente
ameaçada pelos oráculos da ortodoxia cortesã. Se o julgador, cuja opinião não condiga
com a dos seus julgadores na análise do Direito escrito, incorrer, por essa dissidência,
em sanção criminal, a hierarquia judiciária, em vez de ser a garantia da justiça contra
os erros individuais dos juízes, pelo sistema dos recursos, ter-se-á convertido, a
benefício dos interesses poderosos, em mecanismo de pressão, para substituir a
consciência pessoal do magistrado, base de toda a confiança na judicatura, pela ação
cominatória do terror, que dissolve o homem em escravo. (...)” (Obras Completas de Rui
Barbosa, Vol. XXIII, Tomo III, p. 228).
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2. Por essa razão, não se pode acolher denúncia oferecida contra a atuação do
magistrado sem a configuração mínima do dolo exigido pelo tipo do injusto, que, no caso
presente, não restou demonstrado na própria descrição da peça inicial de acusação
para se caracterizar o abuso de autoridade. (...)
STJ. Corte Especial. APn 858/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
24/10/2018.
AÇÃO PENAL
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada.
Mesmo que o caput do art. 3º da Lei não previsse isso, a ação penal seria pública
incondicionada por força do art. 100 do Código Penal.
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do
querelante, retomar a ação como parte principal.
Ação privada subsidiária é instrumento para suprir eventual inércia do MP, não
para se contrapor à providência adotada pelo órgão ministerial
Ao final do prazo legal previsto no art. 46 do CPP, o membro do Ministério Público tem,
basicamente, quatro possibilidades:
a) oferecer denúncia;
b) requisitar a realização de novas diligências;
c) pedir o arquivamento;
d) requerer a declinação de competência.
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Para que o ofendido possa ajuizar a ação privada subsidiária, é necessário que o
membro do MP fique completamente inerte no prazo legal do art. 46 do CPP, ou seja,
que não adote nenhuma dessas quatro providências.
Assim, se o Promotor de Justiça/Procurador da República pedir o arquivamento do
inquérito policial, o ofendido, mesmo que discorde disso, não poderá ajuizar a ação
privada subsidiária considerando que não houve inércia do MP. Se o ofendido oferecer
ação privada subsidiária neste caso, o juiz deverá rejeitar a queixa substitutiva por
ilegitimidade de parte.
Reiterando: a ação privada subsidiária só pode ser ajuizada em caso de inércia do MP,
não servindo como instrumento para que o ofendido discorde da providência tomada
pelo Parquet.
Legitimidade
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A legitimidade para a ação privada subsidiária é do ofendido (vítima) ou de seu
representante legal (art. 31 do CPP).
Além disso, em nível infraconstitucional, o tema já era disciplinado da mesma forma pelo
CPP:
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada
no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de
prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar
a ação como parte principal.
COMPETÊNCIA
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a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça
do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério
Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;
Obviamente, para a competência ser da Justiça Federal, o crime deve estar relacionado
com as funções federais exercidas pelo agente público, conforme se aprende pela
súmula 147 do STJ:
Súmula 147-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar os crimes praticados
contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Ocorre que o entendimento contido nesta súmula está superado pela Lei nº
13.491/2017, que alterou o art. 9º, II, do CPM.
Antes da alteração, se o militar, em serviço, cometesse abuso de autoridade ele seria
julgado pela Justiça Comum porque o art. 9º, II, do CPM afirmava que somente poderia
ser considerado como crime militar as condutas que estivessem tipificadas no CPM.
Assim, como o abuso de autoridade não está previsto no CPM, mas sim na Lei nº
4.898/65, este delito não podia ser considerado crime militar nem podia ser julgado pela
Justiça Militar. Isso, contudo, mudou com a nova redação dada pela Lei nº 13.491/2017
ao art. 9º, II, do CPM.
Com a mudança, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no
inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal
“comum”. Dessa forma, o abuso de autoridade, mesmo não estando previsto no CPM
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pode agora ser considerado crime militar (julgado pela Justiça Militar) com base no art.
9º, II, do CPM.
Logo, a Justiça Militar pode sim julgar crime de abuso de autoridade.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 109, IV73, deixou bem claro o caráter
absoluto da jurisdição eleitoral sobre a jurisdição comum, motivo pelo qual a
competência para o julgamento dos crimes comuns conexos aos eleitorais é da justiça
especializada, sem maiores questionamento por parte da doutrina ou da jurisprudência
de todos os Tribunais Eleitorais74, inclusive do Supremo Tribunal Federal75. A força
atrativa da Justiça Eleitoral (fixada também por força do artigo 35, II, do Código Eleitoral)
é tão forte que, descumprida essa regra, a nulidade dos atos posteriores à denúncia é
medida de rigor.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo
são condicionados à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade
e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.
Seção II
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III - (VETADO).
Efeitos da condenação
São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de
1 (um) a 5 (cinco) anos;
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
A nova Lei de Abuso de Autoridade prevê penas alternativas em favor do autor do delito.
Em seu art. 5.º, estabelece que as penas privativas de liberdade podem ser substituídas
pelas seguintes penas restritivas de direito:
a) prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
b) suspensão do exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 (um) a
6 (seis) meses, com a perda dos vencimentos e das vantagens.
As penas alternativas são sanções de natureza penal diversa das penas restritivas de
liberdade. O objetivo do legislador é impedir que o autor de um crime de abuso de
autoridade tenha contra si aplicada uma pena de constrição da sua liberdade,
justamente porque a lesividade deste delito não necessitaria da medida mais drástica
(aprisionamento) como resposta estatal. Nada impede que as penas restritivas de direito
mencionadas sejam aplicadas autônoma ou cumulativamente. São autônomas, porque
não dependem de uma pena principal, isto é, não são aplicadas como penas acessórias.
São ainda substitutivas, porque o juiz primeiro estabelece a pena privativa de liberdade
para, na sequência, verificando o preenchimento dos requisitos legais, substituí-la por
uma ou mais pena restritiva de direito (penas alternativas). Em outros termos, não
podem ser aplicadas diretamente, nem cumuladas com as penas privativas de
liberdade. Em essência, são autônomas e substitutivas. A sua aplicação depende
exclusivamente do preenchimento dos requisitos legais, daí porque não se trata de uma
faculdade do juiz aplicá-las ou não. É um direito subjetivo do condenado por crime de
abuso de autoridade receber o benefício das penas alternativas e não uma mera
faculdade.
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Como a Nova Lei de abuso de Autoridade traz tipos penais que cominam penas de 1
(um) a 4 (quatro) anos, antes mesmo da aplicação de penas alternativas, deve ser
verificada a possibilidade de suspensão condicional do processo (sursis processual),
prevista no art. 89 da Lei n.º 9.099/95: “Nos crimes em que a pena mínima cominada for
igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao
oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos,
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional
da pena.” Por fim, algumas condutas de abuso de autoridade constituem infração penal
de menor potencial ofensivo, com pena de detenção cominada de 6 (seis) meses a 2
(dois) anos, diferentemente das condutas mais graves com pena de detenção de 1 (um)
a 4 (quatro) anos. Nessas infrações de abuso de autoridade de menor potencial
ofensivo, será possível a aplicação do instituto da transação penal, previsto no art. 76
da Lei n.º 9.099/95: “Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá
proporá aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada
na proposta.”. Nessas infrações de abuso de autoridade de menor potencial ofensivo, a
transação penal somente não será aplicada se restar comprovado (§2.º, art. 76): “I – ter
sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva; II – ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de
cinco anos, pela aplicação de pena restritiva ou multa; III – não indicarem os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e
as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.”
DICA DA MEGA!!
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Assim, em regra, as responsabilidades civil e administrativa são independentes da
criminal.
Exceções
1) Se o juízo criminal decidir sobre a existência ou a autoria do fato, essas questões não
poderão mais ser questionadas nas esferas civil e administrativa.
2) Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a
sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em
legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
OS CINCO DOLOS
– prejudicar outrem
– beneficiar a si mesmo
– beneficiar terceiro
CRIME DO CAPUT
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A autoridade judicial decreta medida privativa de liberdade em desacordo com as
hipóteses autorizadas pela lei.
Sujeito ativo
A autoridade judicial (Juiz, Desembargador, Ministro).
Sujeito passivo
É o Estado e também a pessoa que teve privada a sua liberdade.
Elemento subjetivo
Dolo acrescido do elemento subjetivo especial (finalidade específica de prejudicar
outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
satisfação pessoal).
Não se pune a conduta culposa.
Consumação
O crime se consuma com a decretação, ou seja, com a prolação da decisão
determinando a medida de privação da liberdade, ainda que ela não se consuma.
Trata-se, portanto, de crime formal, que não depende da produção de resultado
naturalístico.
Desse modo, imagine que o juiz decreta a prisão mesmo sendo manifestamente
descabida. Antes que a providência seja cumprida, o indivíduo consegue do Tribunal
uma ordem em habeas corpus cassando a decisão de 1ª instância. Em tese, o crime
estará consumado mesmo não tendo havido a efetiva condução coercitiva.
Segundo o art. 310 do CPP, o juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá,
fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em prisão preventiva, quando:
• estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP e
• se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;
ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança.
Os incisos I e II do parágrafo único do art. 9º têm por objetivo principal punir o magistrado
que, dentro de prazo razoável, deixa de dar cumprimento adequado ao art. 310 do CPP.
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Inciso I
Inciso II
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Revogação
Relaxamento da prisão da prisão Liberdade provisória
preventiva
É a decisão do magistrado É a decisão do magistrado É a decisão do magistrado
reconhecendo que a reconhecendo que não há reconhecendo que a
prisão é ilegal, ou seja, que motivos para a prisão prisão em flagrante foi
não atende os requisitos preventiva, devendo, legal, mas que não há
formais. portanto, esta medida ser motivos para convertê-la
revogada. em prisão preventiva,
motivo pelo qual o
flagranteado deve ser
solto, com ou sem a
imposição de medidas
cautelares.
Inciso III
Deixar de “deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível”.
Este inciso III é extremamente amplo. Isso porque ele não se limita aos casos de prisão
em flagrante. Na verdade, não se restringe nem mesmo aos casos de prisão.
Explico. No Brasil, o habeas corpus apresenta uma feição bem ampla, sendo cabível
mesmo quando o paciente não está preso e mesmo quando ato impugnado não implicar
risco imediato de prisão.
Nesse sentido, o STF recentemente decidiu que:
Cabe habeas corpus mesmo nas hipóteses que não envolvem risco imediato de prisão,
como na análise da licitude de determinada prova ou no pedido para que a defesa
apresente por último as alegações finais, se houver a possibilidade de condenação do
paciente. Isso porque neste caso a discussão envolve liberdade de ir e vir.
STF. 2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Ricardo Lewandowski, julgado em 27/8/2019 (Info 949).
Assim, o inciso III do parágrafo único do art. 9º pune, em suma, a demora no julgamento
do habeas corpus.
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NOÇÕES GERAIS SOBRE A CONDUÇÃO COERCITIVA
Condução coercitiva
Natureza jurídica
A condução coercitiva, embora não listada no rol das medidas cautelares diversas da
prisão dos arts. 319 e 320 do CPP, também funciona como medida cautelar de coação
pessoal (LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. Salvador: Juspodivm,
2019, p. 694).
Espécies
b) perito:
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade
poderá determinar a sua condução.
c) ofendido (vítima):
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e perguntado sobre as
circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu autor, as provas que possa
indicar, tomando-se por termo as suas declarações.
§ 1º Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o ofendido
poderá ser conduzido à presença da autoridade.
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investigado, compulsoriamente, para a Delegacia (ou outro lugar escolhido) a fim de que
ali ele seja interrogado, no dia e horário escolhidos pela autoridade policial.
Em geral, o objetivo idealizado para a condução coercitiva é que o órgão de investigação
criminal atue com o “fator surpresa”, fazendo com que o investigado preste suas
declarações no interrogatório sem ter tido muito tempo para refletir naquilo que irá
responder e sem ter tido a oportunidade de conversar com os outros investigados ou
ainda de conhecer quais os outros elementos informativos que a polícia já dispõe contra
ele.
Por isso, normalmente, o mandado de condução coercitiva é cumprido logo no início do
dia, por volta das 6h, ao mesmo tempo em relação a todos os investigados naquela
operação. A polícia chega à residência do investigado, explica o mandado, pede que
ele se vista e já segue com ele imediatamente para a Delegacia, onde já há um
Delegado esperando para conduzir o interrogatório.
Vale ressaltar que, na condução coercitiva, o investigado é obrigado a comparecer à
Delegacia, mas lá poderá permanecer em silêncio e não responder a qualquer das
perguntas formuladas.
Importante destacar também que o investigado, durante o interrogatório, poderá se fazer
acompanhar por advogado ou Defensor Público.
O caso mais famoso de condução coercitiva ocorreu com o ex-Presidente Lula. O Juiz
Federal Sérgio Moro, a requerimento da Polícia Federal, deferiu a condução coercitiva
de Lula, que foi efetivada em 04/03/2016, tendo o ex-Presidente sido levado para prestar
interrogatório em uma sala no aeroporto de Congonhas.
Confira a explicação de Vladimir Aras para a condução coercitiva:
“A condução coercitiva autônoma – que não depende de prévia intimação da pessoa
conduzida – pode ser decretada pelo juiz criminal competente, quando não cabível a
prisão preventiva (arts. 312 e 313 do CPP), ou quando desnecessária ou excessiva a
prisão temporária, sempre que for indispensável reter por algumas horas o suspeito, a
vítima ou uma testemunha, para obter elementos probatórios fundamentais para a
elucidação da autoria e/ou da materialidade do fato tido como ilícito.
Assim, quando inadequadas ou desproporcionais a prisão preventiva ou a temporária,
nada obsta que a autoridade judiciária mande expedir mandados de condução
coercitiva, que devem ser cumpridos por agentes policiais sem qualquer exposição
pública do conduzido, para que prestem declarações à Polícia ou ao Ministério Público,
imediatamente após a condução do declarante ao local do depoimento. Tal medida deve
ser executada no mesmo dia da deflagração de operações policiais complexas, as
chamadas megaoperações.
Em regra, para viabilizar a condução coercitiva será necessário demonstrar que estão
presentes os requisitos para a decretação da prisão temporária, mas sem a limitação
do rol fechado (numerus clausus) do art. 1º da Lei 7.960/89. A medida de condução
debaixo de vara justifica-se em virtude da necessidade de acautelar a coleta probatória
durante a deflagração de uma determinada operação policial ou permitir a conclusão de
uma certa investigação criminal urgente.
Diante das circunstâncias do caso concreto, a prisão temporária pode ser substituída
por outra medida menos gravosa, a partir do poder geral de cautela do Poder Judiciário,
previsto no art. 798 do CPC e aplicável ao processo penal com base no art. 3º do CPP.
Tal medida cautelar extranumerária ao rol do art. 319 do CPP reduz a coerção do Estado
sobre o indivíduo, limitando-a ao tempo estritamente necessário para a preservação
probatória, durante a fase executiva da persecução policial.
De fato, a condução coercitiva dos suspeitos sempre será mais branda que a prisão
temporária; a medida restringe de modo mais suave a liberdade pessoal, somente
enquanto as providências urgentes de produção de provas (cumprimento de mandados
de buscas, por exemplo) estiverem em curso.
Se o legislador permite a prisão temporária por (até) 5 dias, prorrogáveis por mais 5 dias
nos crimes comuns, a condução coercitiva resolve-se em um dia ou menos que isto, em
algumas horas, mediante a retenção do suspeito e sua apresentação à autoridade
26
policial para interrogatório sob custódia, enquanto as buscas têm lugar. Ou seja, a
condução sob vara deve durar apenas o tempo necessário à instrução preliminar de
urgência, não devendo persistir por prazo igual superior a 24 horas, caso em que se
trasveste em temporária.
Sendo menos prolongada que as prisões cautelares, a condução coercitiva guarda
ainda as mesmas vantagens que a custódia temporária, pois permite que a Polícia
interrogue todos os envolvidos no mesmo momento, visando a evitar, pela surpresa, as
versões “combinadas” ou que um suspeito oriente as declarações de uma testemunha
ou a pressione, na fase da apuração preliminar, ou que documentos ou ativos sejam
suprimidos, destruídos ou desviados.” (ARAS, Vladimir. Debaixo de vara: a condução
coercitiva como cautelar pessoal autônoma. Disponível em:
https://vladimiraras.blog/2013/07/16/a-conducao-coercitiva-como-cautelar-pessoal-
autonoma/>; acesso em 27 ago. 2018.
Perceba, portanto, que existem duas hipóteses em que haverá abuso de autoridade na
condução coercitiva:
1) quando ela for manifestamente descabida; ou
2) quando a autoridade judicial não der oportunidade para que a testemunha ou o
investigado compareçam espontaneamente ao juízo.
27
Sujeito ativo
Se o intérprete fizer uma leitura apressada do art. 10 poderá defender a ideia de que
apenas o magistrado é sujeito ativo deste delito. Isso porque a parte final do tipo penal
fala em “comparecimento ao juízo”.
Essa, contudo, não é a melhor intepretação.
Conforme explicado acima, existem duas hipóteses em que a decretação da condução
coercitiva poderá ensejar a responsabilização criminal pelo art. 10:
1) quando a condução coercitiva for manifestamente descabida ou
2) quando a condução coercitiva for decretada sem prévia intimação de
comparecimento ao juízo.
Sujeito passivo
É possível identificar duas vítimas:
• a Administração da Justiça;
• a testemunha ou o investigado que submetido ao constrangimento de ser objeto de
condução coercitiva indevida.
Elemento subjetivo
Dolo acrescido do elemento subjetivo especial (finalidade específica de prejudicar
outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou
satisfação pessoal).
Não se pune a conduta culposa. Ex: juiz expediu o mandado de intimação prévia;
testemunha não compareceu; magistrado determinou a condução coercitiva e depois se
atestou que a testemunha não havia recebido a intimação anterior; mesmo que fique
demonstrado que o juiz foi negligente por não ter conferido o efetivo cumprimento do
mandado, não haverá crime.
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inquérito policial quanto a ação penal iniciada com o recebimento da denúncia. Nesse
sentido, confira trecho da ementa do julgado mencionado do STJ:
(...) 3. A tese de que a investigação criminal descrita no art. 2º, § 1º, da Lei n. 12.850/13
cinge-se à fase do inquérito, não deve prosperar, eis que as investigações se prolongam
durante toda a persecução criminal, que abarca tanto o inquérito policial quanto a ação
penal deflagrada pelo recebimento da denúncia. Com efeito, não havendo o legislador
inserido no tipo a expressão estrita "inquérito policial", compreende-se ter conferido à
investigação de infração penal o sentido de persecução penal, até porque carece de
razoabilidade punir mais severamente a obstrução das investigações do inquérito do
que a obstrução da ação penal. Ademais, sabe-se que muitas diligências realizadas no
âmbito policial possuem o contraditório diferido, de tal sorte que não é possível tratar
inquérito e ação penal como dois momentos absolutamente independentes da
persecução penal. (...)
STJ. 5ª Turma. HC 487.962/SC, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 28/05/2019.
Consumação
O crime se consuma com a decretação, ou seja, com a prolação da decisão
determinando a condução coercitiva, ainda que ela não se consuma.
Trata-se, portanto, de crime formal, que não depende da produção de resultado
naturalístico.
Desse modo, imagine que o juiz decreta a condução coercitiva do investigado mesmo
sendo manifestamente descabida. Antes que a providência seja cumprida, o investigado
consegue do Tribunal uma ordem em habeas corpus cassando a decisão de 1ª
instância. Em tese, o crime estará consumado mesmo não tendo havido a efetiva
condução coercitiva.
Competência
A competência para julgamento deste crime dependerá das funções desempenhadas
pela autoridade que determinou a condução coercitiva.
Ex: se a condução coercitiva for decretada pelo magistrado que estiver atuando em
função judicante de natureza federal, a competência será da Justiça Federal. É o caso,
por exemplo, de um Juiz Federal, de um Juiz do Trabalho, de um Juiz Militar ou mesmo
de um Juiz de Direito atuando em processo de competência delega (ex: causas
previdenciárias – art. 109, § 3º, da CF/88).
Em caso contrário, a competência será da Justiça Estadual.
29
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
O sujeito ativo é o agente público nos termos definidos no art. 2.º da nova Lei de Abuso
de Autoridade, especialmente aquele responsável por realizar as comunicações da
prisão em flagrante, no caso, o delegado de polícia, autoridade policial competente.
Classifica-se, portanto, como crime próprio, porque somente pode ser cometido por
agente público. O sujeito passivo imediato é a pessoa presa, cuja garantia individual
fundamental de comunicação da sua prisão foi violada pelo agente público. O sujeito
passivo mediato é o Estado, porque há o interesse público de controle de legalidade
das prisões em flagrante, preventiva e temporária. Desta forma, por ter sujeito passivo
imediato e mediato, classifica-se doutrinariamente como delito de dupla subjetividade
passiva.
O bem jurídico tutelado é a garantia individual fundamental de toda pessoa de ter sua
prisão comunicada imediatamente ao juiz e à sua família ou pessoa indicada. Em outros
termos, tutela-se a garantia constitucional inserta no inc. LXII do art. 5.º da CF/88.
III – (VETADO).
30
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena
cominada à violência.
O sujeito ativo é o agente público nos termos definidos no art. 2.º da Nova Lei de Abuso
de Autoridade, especificamente o responsável pelo constrangimento ilegal de presos e
detentos, submetidos a condições vexatórias e degradantes da sua honra, da sua
imagem e da sua dignidade, como se fossem objetos (e não sujeitos de direitos!) de
espetáculos populistas irracionais. Classifica-se, portanto, como crime próprio, porque
somente pode ser cometido por agente público, normalmente agentes responsáveis
pela custódia de presos ou de outra forma responsáveis por estes.
O sujeito passivo imediato é a pessoa presa, cuja dignidade honra imagem e dignidade
humana são violadas pelo agente público responsável pelo constrangimento. O sujeito
passivo mediato é o Estado, porque há o interesse público no controle da legalidade
das prisões e detenções, impedindo eventuais excessos de seus agentes. O bem
jurídico tutelado é a honra e a imagem do preso ou do detento e, em última medida, da
dignidade humana. Em outros termos, tutela-se a garantia constitucional inserta no inc.
XLIX do art. 5.º da CF/88, com o propósito de proteger o respeito à integridade física e
moral asseguradas aos presos.
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de
função, ministério, ofício ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar
sigilo:
31
Parágrafo único. (VETADO).
O sujeito ativo é o agente público que irá constranger pessoas impedidas a depor,
ameaçando-as de constrição da liberdade. Classifica-se como crime comissivo,
porque é cometido mediante ação do agente público.
A conduta descrita no caput pode ser praticada por qualquer agente público, pois o art.
301, CPP, estabelece que “qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”, embora
em regra as prisões em flagrante sejam efetuadas por agentes de forças policiais.
Nos casos diversos do flagrante, a prisão deverá ser efetuada por integrante das
instituições de segurança previstas no art. 144 da Constituição da República ou de
polícia judiciária militar. Já a conduta descrita no parágrafo único só pode ser praticada
por agentes públicos responsáveis por interrogatórios em investigações criminais. O
crime pode ser cometido por delegados de polícia, membros do Ministério Público e
oficiais encarregados de inquéritos policiais militares.
32
sendo difícil imaginar que um agente público possa se apresentar como terceiro ou
como ocupante de cargo distinto do real de forma não intencional, mas por negligência,
imprudência ou imperícia. Qualquer que seja a modalidade do delito, será sempre
necessário checar se a recusa do agente público em se identificar ou a apresentação
de dados identificadores falsos teve por objetivo prejudicar alguém, beneficiar a si
próprio ou a outrem, ou por capricho ou satisfação pessoal. Sem essa especial
finalidade, o abuso de autoridade não se consuma.
O crime só pode ser cometido pela autoridade policial que realiza o interrogatório na
fase de investigação, incluindo aí o encarregado de inquérito policial militar. Os
interrogatórios realizados pelo Ministério Público em suas investigações criminais
diretas não estão incluídos no tipo penal, por não se tratar de “interrogatório policial”.
A conduta comissiva prevista no caput pode ser praticada por qualquer agente público
que tenha o dever de ofício de enviar a comunicação do preso ao magistrado
competente, como agentes penitenciários, delegados de polícia e militares responsáveis
pela custódia de colegas de farda.
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com
seu advogado:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o
investigado de entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou
defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-se ao seu
lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório
ou no caso de audiência realizada por videoconferência.
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O sujeito ativo é o agente público que obstaculiza a garantia individual de entrevista
pessoal e reservada da pessoa presa com o seu advogado ou Defensor Público. O
sujeito passivo imediato ou principal é a pessoa presa.
O bem jurídico tutelado é o direito do preso à entrevista com o seu defensor como
medida necessária para a efetivação da ampla defesa e do contraditório.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança
ou adolescente na companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado,
observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança
e do Adolescente).
As condutas tipificadas podem ser praticadas por qualquer agente público responsável
por espaço de confinamento de presos, como agentes penitenciários, policiais civis,
policiais federais ou militares responsáveis pela custódia de colegas de farda. Agentes
do sistema socioeducativo somente podem praticar o delito na modalidade prevista no
parágrafo único, na medida que os adolescentes não podem ser tecnicamente “presos”,
como exige o caput.
II – (VETADO);
III – cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma
horas) ou antes das 5h (cinco horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver
fundados indícios que indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação
de flagrante delito ou de desastre.
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Qualquer agente público que viole o domicílio alheio em razão da função ou a pretexto
de exercê-la (art. 1º, caput). Se o agente público ingressa em imóvel alheio sem
nenhuma relação com a função, o crime será o de violação de domicílio, previsto no art.
150 do Código Penal.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito
de:
O tipo deixa bem claro que a conduta proibida (inovar artificiosamente) deve ser
praticada no bojo de atos típicos de autoridades públicas, cujo rol está delimitado no
artigo 2°, da lei em comento. Trata-se, portanto, de crime próprio, mas que pode ser
estendido aos particulares (advogados, investigados ou terceiros) que, de qualquer
forma, colaborem com a prática proibida, tendo em vista o disposto no artigo 30, do
Código Penal.
Qualquer agente público. Não é necessário que o agente tenha estado no local em que
ocorreu o óbito, mas é preciso que sua conduta tenha o objetivo de dificultar a
identificação do local ou momento da conduta que levou ao óbito, gerando prejuízo à
investigação do fato. O crime pode ser cometido por profissional da rede pública de
saúde, caso constranja colega de instituição hospitalar a admitir pessoa já falecida, a
fim de ocultar grave erro médico ou outra conduta que tenha causado a morte de
paciente.
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Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou
fiscalização, por meio manifestamente ilícito:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do
investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude.
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que
se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra
ou a imagem do investigado ou acusado:
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou
administrativo com o fim de prejudicar interesse de investigado:
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem
justa causa fundamentada ou contra quem sabe inocente:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução
ou conclusão de procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o
em prejuízo do investigado ou do fiscalizado.
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Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de
investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer
outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim
como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a
diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo
sigilo seja imprescindível:
O tipo deixa bem claro que a conduta proibida só pode ser praticada por quem conduz
o procedimento de investigação, não estando os servidores conceder vista dos autos
sem autorização do mesmo, sob pena de praticarem uma ilegalidade, pois eles não têm
conhecimento do inteiro teor e do que é ou não sigiloso. Portanto, o correto é o
interessado, o advogado, seu defensor ou advogado formular o requerimento e
aguardar o que a autoridade (Promotor de Justiça, Procurador da República, Delegado
de Polícia etc) profira despacho autorizando o acesso. Havendo a recusa, ocorre o
crime. Trata-se, portanto, de crime próprio, mas que pode ser estendido aos particulares
que, de qualquer forma, colaborem com a prática proibida, tendo em vista o disposto no
artigo 30, do Código Penal.
O sujeito ativo é qualquer agente público. Não é preciso que se trate de investigação
criminal, nem mesmo de algum procedimento formal. O crime admite coautoria e
participação. Para tanto, é preciso que se demonstre o liame subjetivo entre agentes
públicos com um dos fins específicos previstos no art. 1º, §1º.
Trata-se de delito que só pode ser cometido por membros do Poder Judiciário, pois são
os únicos agentes públicos que podem decretar a indisponibilidade de ativos financeiros
em um processo judicial. O tipo penal não faz restrição quanto ao tipo de processo
judicial ou à instância em que atua o magistrado. Assim, abrange decisões proferidas
em processos judiciais cíveis, criminais, trabalhistas, eleitorais, militares, que tramitem
em qualquer instância do Poder Judiciário. Admite-se coautoria no caso de decisões
colegiadas, incluindo colegiados de juízes em primeiro grau em casos criminais de
organizações criminosas, como permite a Lei nº 12.694/2012166.
37
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que
tenha requerido vista em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu
andamento ou retardar o julgamento:
O sujeito ativo é qualquer agente público que integre órgão colegiado responsável pelo
exame de processos. O tipo penal não exige que se trate de processos judiciais. Admite
coautoria, desde que se demonstre o liame subjetivo entre agentes públicos com um
dos fins específicos previstos no art. 1º, §1º.
PROCEDIMENTO
“Art.2º .......................................................................................................
........................................................................................................................
.........................................................................................................................
38
O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração da prisão
temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o dia em que o preso deverá
ser libertado.
Art. 41. O art. 10 da Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, passa a vigorar com
a seguinte redação:
39
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, nesse caso,
independerá da pena aplicada na reincidência.”
* Retificação de publicação
O art. 13 ficou sem o preceito secundário, por isso essa retificação foi necessária.
Já faço uma crítica à redação do artigo que deveria ter colocado no texto do tipo penal
que é crime violar direito ou prerrogativa da Advocacia e não de Advogado no gênero
masculino.
40
II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus
instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e
telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia; (Redação dada pela Lei
nº 11.767, de 2008)
SUJEITOS DO CRIME:
As condutas podem ser praticadas por qualquer agente público, no caso dos incisos II,
III e IV. No caso do inciso V, o delito pode ser cometido tanto por magistrado que
determine o recolhimento em local indevido quanto por agente público que o faça por
conta própria, sem determinação judicial. O crime admite coautoria em todas as
hipóteses previstas. Mesmo na situação prevista no inciso V a coautoria será possível,
quando se tratar de decisões colegiadas, inclusive em colegiados de juízes em primeiro
grau em processos ou procedimentos que tenham por objeto crimes praticados por
organizações criminosas, como permite a Lei nº 12.694/2012.
CONDUTAS CRIMINALIZADAS:
O próprio Estatuto da Advocacia deixa claro que não há violação quando houver indícios
da prática de crime pelo próprio advogado, sendo plenamente possível que, nessa
situação peculiar, o escritório do advogado seja alvo de medida de busca e apreensão.
“Art. 7º. (…) § 6º Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por
parte de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da
inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada,
expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido
na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a
utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do
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advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham
informações sobre clientes.
Contudo, caso o mesmo advogado seja preso temporariamente por fundada suspeita
de integrar organização criminosa e operar lavagem de capitais em benefício de clientes
que integram o grupo delitivo, valendo-se da condição de advogado, a prisão precisará
ser efetuada na presença de representante da OAB.
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ATENÇÃO!! DICA DA MEGA!
TIPICIDADE SUBJETIVA:
Dolo com finalidades específicas do art. 1º, §1º. Não se pune a conduta culposa,
motivada por caso fortuito, força maior, imprudência, negligência ou imperícia. É preciso
que seja uma ilegalidade manifesta, produzida de forma intencional com um ou mais
dos fins previstos no art. 1º, §1º.
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA:
ASPECTOS PROCESSUAIS:
Trata-se de crime de menor potencial ofensivo, que admite transação penal, já que a
pena máxima não é superior a dois anos. Vale recordar que a transação penal não
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produz efeitos civis, cabendo ao interessado ajuizar a ação cabível no juízo cível, como
estabelece o art. 76 da Lei nº 9.099/95. Caso não seja cabível a transação penal, pela
incidência de alguma das vedações previstas no art. 76, § 2º da Lei nº 9.099/95, será
possível a celebração de acordo de não persecução penal, por se tratar de delito com
pena mínima inferior a quatro anos, cometido sem violência ou grave ameaça a pessoa.
Vale destacar que o ANPP não se aplica a “delitos cometidos por militares que afetem
a hierarquia e a disciplina” (§ 12). Se, por qualquer motivo, não for celebrado o acordo
de não persecução penal, será possível a suspensão condicional do processo, nos
termos do art. 89 da Lei nº 9.099, por se tratar de crime punido com pena mínima igual
ou inferior a um ano.
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