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VERBETES PARA O DICIONÁRIO DO LAP

1) ANTRACOLOGIA

"Antracologia é o estudo e interpretação dos restos de madeira carbonizados


provenientes de solos ou de sítios arqueológicos." (SCHEEL, R.; GASPAR, M.D.;
YBERT, J.-P. 1996: 1)

“Dentre os principais ecofatos encontrados em sambaquis, carvões e outros restos


vegetais carbonizados são o objeto de estudo da Antracologia (estudo dos carvões).
Alem de ecofatos, a Antracologia compreende também o estudo de artefatos, por
exemplo, estacas ou artefatos de madeira, carbonizados acidental ou intencionalmente,
sendo eventualmente possível identificar neles marcas de modificação intencional como
cortes, desbastes ou preparação de formas. Um exemplo é o estudo de fragmentos de
uma estaca recuperada em área funerária do sambaqui Jabuticabeira-II, que permitiu a
identificação de uma canela (Lauraceae), uma madeira de boa qualidade que pode,
possivelmente, ter sido especialmente selecionada para esta função (Bianchini et al,
2007)” (SCHEEL-YBERT, 2013: 195)

“A antracologia foi aplicada pela primeira vez a arqueologia brasileira no estudo de


sete sambaquis do litoral sudeste do Estado do Rio de Janeiro. Nossos objetivos
principais foram: (1) a reconstituição da evolução paleoambiental e paleoclimática da
região e a avaliacão das interrelacões entre ocupação humana e meio ambiente,
procurando uma eventual influencia antrópica sobre o meio e/ou uma possível
influência do ambiente sobre as populações; e (2) a obtenção de informações
paleoetnológicas referentes a utilização de vegetais pelos sambaquieiros.” (SCHEEL-
YBERT, 1999: 43)

2) ARQUEOBOTÂNICA
“Arqueobotânica é o estudo dos restos vegetais encontrados em contexto arqueológico
(Ford 1979). Além de representar um termo geral que engloba o estudo de diferentes
partes das plantas,com diversos objetivos, a arqueobotânica se refere especificamente
aos métodos de coleta, análise e interpretação de dados que não envolvem a ação
humana (Popper & Hastorf 1988). Neste sentido, ela se diferencia da paleoetnobotânica,
que se define como “a análise e interpretação de vestígios arqueobotânicos visando
fornecer informações sobre as interações entre populações humanas e plantas”
(Popper & Hastorf 1988)” (SCHEEL-YBERT, R.; KLÖKLER, D.; GASPAR, M.D.;
FIGUTI, L. 2005-2006: 140)
“Pessoalmente, considero que “Arqueobotânica” e “Paleoetnobotânica” são sinônimos
estritos, e logo perfeitamente intercambiáveis em qualquer contexto. Se por um lado é
verdade que o prefixo “etno-” remete ao aspecto humano, por outro lado há que se
considerar que a Arqueologia é antes de tudo uma ciência humana, e consequentemente
o caráter cultural das interpretações arqueológicas é intrínseco e indissociável da
disciplina. Justamente por esta razão, inclusive, tendo a preconizar o uso de
“Arqueobotânica”, termo que enfatiza sua filiação arqueológica.” (SCHEEL-YBERT,
2016: 120)
3) MICROARQUEOBOTÂNICA
“Pela mesma razão, proponho que o estudo dos fitólitos, grãos de amido e outros
microvestígios vegetais encontrados em contexto arqueológico, que passou
recentemente a ser denominado “Micropaleoetnobotânica” (e.g. DEL PUERTO et al.
2014), seja referido como “Microarqueobotânica”, termo que carrega a dupla
vantagem de ser mais curto e, mais uma vez, de enfatizar a filiação arqueológica da
disciplina.” (SCHEEL-YBERT, 2016: 120)

BIBLIOGRAFIA

SCHEEL-YBERT, R.; KLÖKLER, D.; GASPAR, M.D.; FIGUTI, L. Antracologia,


uma nova fonte de informações para a arqueologia brasileira. Revista Do Museu de
Arqueologia e Etnologia, 6: 3-9. 1996.

SCHEEL-YBERT, R. Paleoambiente e paleoetnologia de populacoes sambaquieiras do


sudeste do Estado do Rio de Janeiro. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia,
São Paulo, 9: 43-59, 1999.

SCHEEL-YBERT, R.; KLÖKLER, D.; GASPAR, M.D.; FIGUTI, L. Proposta de


amostragem padronizada para macro-vestígios bioarqueológicos: antracologia,
arqueobotânica, zooarqueologia. Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São
Paulo, 15-16: 139-163 2005-2006.

SCHEEL-YBERT, R. Antracologia: preservados pelo fogo. In: GASPAR, M.D. e


MENDONÇA DE SOUZA, S.M. (eds.) Abordagens estratégicas em sambaquis.
Erechin: Habilis, p.193-218, 2013.

SCHEEL-YBERT, R. Editorial: Arqueobotânica na América do Sul: Paisagem,


subsistência e uso de plantas no passado. Cadernos do Lepaarq. Vol. XIII, n°25, 2016.

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