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A TRANSFIGURAÇÃO: UMA PROFECIA PARA A FÉ CRISTÃ 1

O Novo Testamento menciona a transfiguração três vezes, e todos nos evangelhos denominados
Sinóticos. Foi depois da momentosa conversa de Jesus com seus discípulos em Cesaréia de Filipe,
quando Ele havia feito a pergunta, "Que dizem os homens que eu, o Filho do Homem, sou?
"Seguido pelo mais direto:" E vós que dizeis que eu sou? " Então veio a resposta representante de
Pedro:" Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." Esta confissão de Pedro, endossado por Jesus, é
muito significativo. A partir da vida, o poder, a pureza e o testemunho de Jesus tinham essas
confissões arqueadas. Quando os discípulos encontraram pela primeira vez o Senhor que logo se
tornou consciente de estar na presença de um extraordinário Homem. Este conhecimento antecipado
como Messias pelos discípulos, sem ter o conhecimento pleno que o título compreendia e o sentido
pleno da palavra, pois estava desbotado pelas inúmeras revoltas intituladas messiânicas, e outras
mais que viriam, lentamente, eles estavam começando a perceber quem era Jesus; eles viam-no
mais no título de Messias do que até agora. "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." A verdade desta
afirmação tinha sido suportada em seus corações e da consciência pela vida que Jesus viveu, da qual
tinham sido testemunhas.

Após a confissão em Cesaréia de Filipe Jesus faz Seu primeiro anúncio claro de Sua futura morte e
ressurreição. Mateus afirma que foi "daquele tempo em diante", que Ele começou a falar que estava
próxima sua morte. É claro que Nosso Senhor tinha alcançado um estágio em sua vida quando ele
se sentiu a vontade para falar de sua futura morte pelo o pecado; até o momento de Cesaréia de
Filipe Ele não fez um anúncio claro aos seus discípulos, mas agora, tanto para eles e em público, ele
declara Suas intenções.

A transfiguração é um sinal que aponta para frente de Jesus ‘ressurreição, ascensão e retorno’. A
vinda do Filho do Homem e da vinda do Reino no poder desdobrar-se em etapas, começando com
os eventos ressurreição-ascensão-Pentecostes, e chegando a um clímax final na vinda do Filho do
Homem no seu desfecho do Armagedom e iniciando seu reino de Glória e Majestade. Jesus
profetiza sobre o que alguns discípulos irão ver antes de morrer, encontra a sua realização nos
eventos ressurreição-ascensão-Pentecostes e do testemunho apostólico no poder do Espírito para os
confins da terra, ou seja, em Roma.
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A Transfiguração é um ato profético, um desafio divino, é um encontro de glória, é uma


participação do Antigo com o contemporâneo (Moisés e Elias), é o envolvimento de poder, de
majestade, mas que o sofrimento está implícito também, um sofrimento não causado, mas causador,
um sofrimento de libertação, de triunfo, que trará esta glória agora presente, constante e poderosa
no futuro.

A transfiguração foi algo extraordinário que aconteceu, que veio ampliar o pensamento dos
discípulos para além de tudo o que tinha ouvido, ou se espera, a partir dos líderes e professores
religiosos. Este Jesus não era apenas um profeta, um professor de tradições arcanas, um fornecedor
de palavras cativantes e de inúmeras parábolas. No momento em que tinha terminado, suas vidas
foram mudadas para sempre. Eles tinham um novo poder, nova confiança para enfrentar o futuro,
uma nova forma de encarar a vida.

Nosso Senhor foi ministrando, em sua caminhada para acima e abaixo de Israel por quase três anos.
Agora ele estava em fase final, em seu caminho para Jerusalém, onde seu ministério terreno iria
atingir o seu clímax.

Aqueles que tinham visto milagres incríveis, eles haviam participado de, provavelmente, centenas
de milagres, eles tinham testemunhado pessoas mortas sendo trazido de volta à vida, eles
observaram como alguns pães e peixes escassos puderam alimentar milhares de pessoas, em pelo
menos duas ocasiões, eles tinham visto Jesus controlar as forças da natureza, eles tinham estado lá
quando poderosos demônios tinham sido lançados para fora de seus hospedeiros, em encontros de
poder que sacudiu os pensadores teológicos do dia, eles haviam participado de toda experiências
impressionante descritas nos Evangelhos, este grupo central lentamente chegou à conclusão de que
Jesus Cristo era o Messias prometido (o "Ungido"), o Filho de Deus.

A transfiguração era o divisor de águas, a partir deste momento coisas difíceis estavam para
acontecer, não foi o suficiente, ele declarou, que para segui-Lo não basta quando tudo está correndo
bem. A verdadeira marca de discipulado era segui-lo até a execução, até a cruz. Tendo orientados
durante vários anos, agora Ele estava explicando que, a menos que eles estavam preparados para
morrer, que nunca poderia ser seus discípulos. A norma que Ele levantou foi de dor, sofrimento,
incompreensão, rejeição e isolamento, até mesmo vergonha. A questão era: será que os discípulos
irão segui-lo até esse ponto? Será que eles se manterão firmes? Será que eles conseguirão cumprir
sua missão, ou que eles fogem como tantos outros fizeram? É fácil acreditar que, para ser positivo,
quando tudo está indo bem, quando todo mundo está cantando, louvando a Deus, em uníssono, mas
como é que eles reagem quando enfrentam oposição, ameaças e morte?

A transfiguração não foi o clímax do ministério de Jesus, e sim sua morte, a transfiguração foi um
lenitivo, um conforto, um sinal da glória recompensador de sua obra, o que está aguardando para
Jesus no futuro, quando enfim esta majestade que foi revelada de forma particular será manifestada
publicamente a todos os olhos. A glória que há de se manifestar a toda carne, já começou seus
vislumbre entre nós.

A transfiguração é um evento único na vida e ministério de Jesus Cristo. Com ele Jesus vai definir
sua mente em direção de Jerusalém e sua jornada para se encontrar com a ira divina, Jesus,
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enquanto orava em uma montanha sem nome, foi transfigurado; ele experimentou uma mudança em
que seu rosto brilhava como o sol e suas vestes tornaram-se brancas como a luz, brilho branco,
brilhante como um flash de relâmpago (Mt 17: 2; Mc 9: 3; Lc 9:29). Lucas nos informa que os
discípulos viram a glória de Jesus (Lc 9:32). É a glória da transfiguração uma revelação de Jesus,
glória divina inerente como o Filho eterno de Deus? É um sinal que aponta para frente para a glória
de Jesus receberá? É uma pré-visualização da glória que será exibido no que Jesus se tornará? Será
que a glória transfiguração refere-se à deidade de Jesus, como também para humanidade Jesus, ou
para a totalidade da pessoa Jesus, ou seja, a sua divindade e sua humanidade?

A transfiguração é um sinal assegurando Jesus de sua vitória final sobre a sepultura, e a glória que
ele receberá como recompensa por sua obediência até à morte. Ele é a declaração do Pai que seu
Filho encarnado, tendo servido na humildade e fraqueza, reinará no esplendor mediadora na
totalidade da sua pessoa. Ele é o Pai assegurando seu Filho amado lhe dará o “nome que está acima
de todo nome” (Fil. 2: 9-11).

O LOCAL

Em todos os três relatos, lemos que esse evento aconteceu num "monte" (Mt 17.1; Mc 9.2; Lc
9.28). Mateus e Marcos adicionam ainda que aconteceu num "alto" monte. Muito debate se tem
levantado com relação ao "monte" ao qual os evangelistas se referem. A perspectiva tradicional
afirma que a transfiguração aconteceu no monte Tabor, localizado cerca de 16 quilômetros a
sudoeste do mar da Galiléia. Ele é essencialmente uma colina arredondada na planície de Esdrelon;
eleva-se cerca de 400 metros acima da planície e alcança cerca de 550 metros acima do nível do
mar. Projetando-se sobre a planície no mais completo isolamento, sua aparência é impressionante. É
tratado como um monte em Juízes 4.6,12,14 (v. tb. Jr 46.18; S189.12).

Contudo, é bastante difícil conceber que seja descrito como um "alto" monte. Se uma guarnição
romana ocupava o monte Tabor nos dias de Jesus, como alguns sugerem, isso corroboraria
negativamente quanto a esse ser o verdadeiro lugar da transfiguração. Uma segunda opinião afirma
que a transfiguração aconteceu no monte Carmelo, no mar Mediterrâneo, próximo da atual Haifa.
Também é chamado monte, embora sua altura, 531 metros, seja ainda menor que a do monte Tabor.
Assim, também está longe ser um "alto" monte. Além do mais, há o problema de estarem fora do
caminho se considerar os acontecimentos e lugares que cercam a transfiguração: Betsaida (Mc
8.22), Cesaréia de Filipe (8.27), Galiléia (9.30) e Cafarnaum (9.33). Se a indicação desses lugares
deve ser levada a sério, o monte Carmelo está longe demais das atividades de Jesus nesses lugares
para ser aceito como o lugar da ocorrência da transfiguração.

A melhor sugestão é o monte Hermom, que se destaca naquela área e alcança uma altura de mais de
2.700 metros. Cesaréia de Filipe está localizada nas encostas dessa montanha, cujos picos nevados
podem ser vistos a grande distância. O monte Hermom é verdadeiramente um "alto" monte, no
pleno sentido da palavra. O fato de os acontecimentos anteriores à confissão de Pedro em Cesaréia
de Filipe ter acontecido nessa grande e ampla montanha é um argumento a favor de ela ser a melhor
possibilidade. Em nossa busca para encontrar "o" monte, não devemos perder de vista o fato de que
os evangelistas não estavam preocupados com a indicação do lugar exato do evento. Em seus
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relatos — e provavelmente na tradição oral antes deles — a descrição do lugar é simplesmente "um
alto monte". Isso deve alertar-nos para o fato de que, embora tais questões geográficas sejam
legítimas e interessantes, o cerne da história não está em sua localização geográfica.

A TRANSFIGURAÇÃO

Nessa ocasião, Jesus levou consigo três discípulos — Pedro, Tiago e João. Esses três formavam
uma espécie de elite dos Doze. Estavam presentes com Jesus quando a filha de Jairo foi ressuscitada
dos mortos (Mc 5.37), no Getsêmani (14.33) e, com André, no discurso apocalíptico de Jesus
(13.3). Nenhuma razão é apresentada para Jesus ter escolhido esses discípulos nessas ocasiões, mas
não parece que tenham desempenhado um papel de liderança hierárquica entre os Doze. No monte,
Jesus foi "transfigurado" diante dos discípulos. Esse termo é uma tradução da palavra grega
metamorfose (Mc 9.2). Jesus experimentou uma transformação sobrenatural. Não só suas roupas
resplandeciam (Mc 9.3), mas a aparência de seu rosto também mudou (Lc 9.29).

Os evangelistas não entenderam isso como alguma força exterior que brilhasse sobre Jesus. Em vez
disso, descrevem o brilho com uma radiância que vinha de dentro de Jesus. Jesus foi transfigurado,
e sua face brilhou como um sol (Mt 17.2). Lucas adiciona que Moisés e Elias "apareceram em
glorioso esplendor" com ele. Os evangelistas entenderam isso como uma glorificação temporária de
Jesus, e a visão foi tal que os discípulos ficaram "apavorados" (Mc 9.6). Desse modo, enquanto
Moisés, em seu encontro com Deus no monte Sinai, irradiou a glória de Deus (Êx 34.29,30,35),
nessa ocasião Jesus antecipou a radiância da própria glória futura. Alguns têm tentado explicar a
transfiguração como uma experiência visionária dos três discípulos. O apoio para isso está em
Mateus 17.9, quando Jesus ordena que eles não falem a ninguém sobre o que tinha acontecido.

Marcos compreendeu a transfiguração como o cumprimento da declaração de Jesus em 9.1:


"Garanto-lhes que alguns dos que aqui estão de modo nenhum experimentarão a morte, antes de
verem o Reino de Deus vindo com poder". Também deve ser lembrado que esse versículo segue
imediatamente o texto de Marcos 8.38, que se refere à vinda futura do Filho do homem em glória. A
passagem de Mateus 16.28 conecta a transfiguração à parousia de maneira ainda mais forte ao dizer
que eles não experimentariam a morte "antes de verem o Filho do homem vindo em seu Reino".
Como os próprios evangelistas declaram que eles não morreriam pois exatamente seis dias depois
eles deslumbram-se com a visão gloriosa (Mt 7.1; Mc9.2; Lc 9.28). Parece, portanto, que tanto o
texto de 2Pedro quanto o dos autores dos Evangelhos entenderam a transfiguração como um
vislumbre do esplendor futuro do Filho do homem em seu retorno glorioso. Outra interpretação
possível é a de que a transfiguração foi uma manifestação da glória preexistente do Filho de Deus.
Alguns têm sugerido que João 1.14 (cp. com Jo 12.27-33) pode ser uma alusão a ela. De acordo
com essa compreensão, o esvaziamento — ou kenosis — do Filho de Deus (Fp 2.7) desapareceu
temporariamente nessa ocasião, o véu de sua humanidade foi perfurado e a glória da Palavra pre-
encarnada irrompeu. À luz da clara associação da transfiguração com a parousia em 2Pedro e em
Mateus 16.28, porém, parece-nos melhor interpretar a transfiguração basicamente como um
vislumbre da glória futura de Jesus, o Filho amado.
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Jesus experimentou sua missão messiânica como um desafio incrível, envolvendo luta intensa e
tentação grave (Hb 2:18, 4:15). Ele não chegou à obediência do Calvário mecanicamente, mas por
um processo de aprender a obediência por meio da luta e do sofrimento (Hb 5: 8), em oração, em
função do seu Pai. Em Cesaréia de Filipe iniciou uma nova época no ministério do Cristo, onde sua
morte pressiona sobre ele com uma intensidade nova e crescente. Assim, sua última viagem a
Jerusalém começa com oração em uma montanha e termina com uma oração em um jardim e em
uma cruz. Sua oração na montanha é um de suas "orações e súplicas com grande clamor e lágrimas
ao que podia livrar da morte," (Heb5: 7), ou seja, uma oração para a ressurreição e glória exaltação.
Sua oração está preocupada com a glória da sua inteira pessoa, para o futuro revelação de seu
esplendor divino está indissoluvelmente ligado à glorificação de sua natureza humana.

A transfiguração assegura Jesus que suas palavras "o Filho do homem virá na Sua glória do Pai com
os seus anjos, e então retribuirá a cada um segundo as suas obras " (Mt 16:27, Mc 8:38; Lc 9:26). A
transfiguração é a promessa do Pai que ele tem "confiou todo o julgamento o Filho, para que todos
honrem o Filho como honram o Pai "(Jo 5.22). A glória experiências de Jesus na montanha
assegura-lhe não só da vitória sobre a sepultura e seu retorno ao Pai, mas também lhe assegura que
ele vai voltar para a arena do seu sofrimento em esplendor triunfante e vindicação como o Juiz de
todos os homens.

A transfiguração proclama que Jesus vai voltar a este mundo para julgar como o encarnado Filho, o
glorioso Deus-homem. Ele vai voltar no esplendor de sua divindade como o Primeiro e Último (Ap
1:17). Ele vai retornar, mas agora não mais em um corpo comum, mas de um corpo glorificado,
semelhante apresentado no alto monte (Ap 1:18). Jesus com sua humanidade glorificada não é um
aspecto incidental de seu retorno, mas um componente vital em seu papel como juiz, pois, como
Paulo proclama, "ele [Deus] reservou um dia em que ele vai julgará o mundo com justiça, por meio
do homem que designou "(Atos 17:31). O juiz de todos os homens deve ser Deus, mas ele não pode
ser apenas Deus; ele também deve ser um homem que manifesta a glória de ter sido crucificado e
enterrado, mas agora vivo para sempre como Senhor.

A APARIÇÃO DE MOISÉS E ELIAS

Os três relatos dos evangelhos afirmam que Elias e Moisés (Mc 9.4) apareceram a Jesus na
transfiguração. Os textos de Mateus 17.3 e Lucas 9.30 invertem a ordem dos nomes com o objetivo
de fornecer um esquema cronológico mais correto — Moisés e Elias. A importância da presença
deles é debatida. Estariam presentes porque representavam o cumprimento das Escrituras, a saber, a
Lei (Moisés) e os Profetas (Elias)? Essa pode ser a compreensão de Lucas (v. Lc 16.29,31; 24.27).
Mas, se for assim, Isaías ou Jeremias não representariam melhor os Profetas? Note, porém, o elo
entre Moisés e Elias em Malaquias 4.4,5. Deve-se lembrar também que Elias é o primeiro grande
profeta a aparecer nos Profetas Anteriores (os livros que vai de Josué a 2Reis). Estariam Moisés e
Elias presentes porque, de acordo com a tradição, ambos subiram ao céu? (Apesar do que diz Dt
34.5,6, a tradição judaica considera que Moisés subiu ao céu. Mas, se fosse essa a razão, não seria
melhor que o parceiro de Elias fosse Enoque? Estariam eles presentes porque são os dois únicos
santos do AT que testemunharam a teofania num monte (Êx 24; 1Rs 19)? Estariam ali com o
objetivo de refutar a ideia de que Jesus pudesse, de fato, ser Elias ou um dos profetas (Mc 8.28; cp.
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com Dt 18.15)? Ou estão presentes porque se esperava que essas dois personagens do AT
aparecessem antes da vinda da era messiânica? Possivelmente, esse papel escatológico dos dois
explique melhor sua aparição na transfiguração de Jesus.

A transfiguração de Jesus e a aparição de Moisés e Elias fizeram com que Pedro sugerisse o
levantamento de três "tendas". O erro de tentar sacralizar e perpetuar aquilo que é apenas
temporário por meio da construção de tendas é um erro cristológico ainda mais sério do que igualar
Moisés e Elias a Jesus. A confissão em Cesaréia de Filipe, entendida corretamente, deveria ter
impedido Pedro de cometer tal erro, mas, como revela a repreensão subsequente (Mc 8.31-33),
Pedro e os discípulos careciam de uma compreensão maior das implicações dessa confissão. Marcos
destaca que Pedro fez essa sugestão porque não sabia o que dizer (Mc 9.6; cp. com Lc 9.33).

Moisés e Elias se encontra com Jesus na montanha que representa a promessa da lei e do profetas;
"Moises como o modelo para o profeta escatológico e Elias como o precursor do Messias. (Dt
18:18, Malaquias 4: 5-7) " Eles estão lá para reconhecer Jesus como o tão esperado Messias um e
para fortalecê-lo em realizar o cumprimento da prometida redenção em Jerusalém. De acordo com
Lucas 9:31, Moisés e Elias a falar com Jesus a respeito da sua partida (ἔξοδος), literalmente, seu
êxodo. Lucas uso do termo "ἔξοδος" nos informa que eles estão falando de sua viagem ao Pai por
meio de sua morte e ressurreição Eles apareceu e falou com Jesus sobre seu 'exodus' iminente em
Jerusalém, uma palavra que se refere não apenas para a morte, mas também a sua saída do mundo,
talvez para a maneira em que sua partida levaria o caminho para o seu povo do mundo e para o céu.
Eles estão também falando de sua morte e ressurreição, porque isso é o que está na mente de Jesus
desde a confissão Pedro, e o que tem sido o foco de seu ensino, enquanto prepara seus discípulos
para a sua chegada a Jerusalém. Moisés e Elias representam todos aqueles que viveram pela fé
aguardando a promessa, mas que ainda não se tinha cumprido (Hebreus 11:39), incentivou Jesus a
submeter-se os sofrimentos de longo previstos e lembrou-lhe das glórias prometidas a seguir (1 Pe
1: 10,11; Lc 24: 25-27).

A VOZ DO CÉU

Outro evento importante na transfiguração foi o pronunciamento da Voz do céu. A Voz do batismo
de Jesus, direcionada ao próprio Jesus (v. Mc 1.11; Lc 3.22), aqui a Voz se dirige a Pedro, a Tiago e
a João. A primeira parte — "Este é o meu Filho amado" — deve ser entendida como uma
repreensão quanto à sugestão de se construírem tendas. Tem-se sugerido que o erro de Pedro aqui
está em que ele desejava tornar permanente uma experiência transitória. Em breve, não haveria mais
ninguém com eles no monte, "a não ser Jesus" (Mc 9.8). Mais importante, porém, é o erro de
procurar construir tendas igualmente para Jesus, Elias e Moisés. Os grandes do AT eram servos, não
"filhos". Jesus é o único Filho (compare essa distinção na parábola dos lavradores maus, em Mc
12.2-7). Moisés e Elias foram profetas por meio de quem Deus falou, mas Jesus é o "Filho, a quem
constituiu herdeiro de todas as coisas" (Hb 1.2). O Jesus da transfiguração era muito maior que eles.
Pedro e os discípulos não compreenderam as implicações da confissão feita em Cesaréia de Filipe.
A filiação de Jesus não envolvia apenas uma distinção quantitativa — de que Jesus era um profeta
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maior que Elias e Moisés. Existia uma distinção qualitativa também. O único a se transfigurar foi
Jesus, não Elias nem Moisés. Até mesmo Lucas, que menciona que Moisés e Elias "apareceram em
glorioso esplendor" (Lc 9.31), entendeu que havia diferenças significativas entre a aparição deles e
a do Filho, que possuía glória própria (cp. com Lc 9.32 — "a glória de Jesus"; v. tb. 9.26). A
segunda parte da mensagem divina — "Ouçam-no!" — aponta mais uma vez para Cesaréia de
Filipe. O relato aqui não se refere aos ensinamentos de Jesus e por isso devemos olhar para outro
lugar a fim de entender quais palavras de Jesus eles deveriam ouvir. Por causa disso — também
devido ao elo temporal com o relato anterior —, devemos olhar para trás, para aquilo que aconteceu
em Cesaréia de Filipe. Ali, depois de sua confissão, quando Jesus começou a ensinar sobre sua
paixão vindoura (Mc 8.31), Pedro repreendeu-o. Foi incapaz de aceitar o ensinamento de Jesus
sobre o papel messiânico e não conseguiu modificar as próprias concepções messiânicas que, sem
dúvida, eram mais políticas em sua natureza. Pedro não podia aceitar a ideia de Jesus de que seu
chamado e missão divinos envolviam sofrimento e morte. Naquele momento, Jesus destacou que a
rejeição de Pedro ao papel messiânico de seu Mestre era satânica. Para Jesus, essa questão foi
resolvida no momento da tentação no deserto. Na transfiguração, a Voz revisitou a rejeição de
Pedro referente à predição da paixão de Jesus. A ordem "Ouçam-no!" foi uma repreensão a Pedro e
aos discípulos. Eles tinham de compreender e aceitar o ensinamento de Jesus sobre seu papel
messiânico, que neste caso incluía uma morte, enquanto todos os movimento messiânicos anteriores
e posterior, findaram com a sua morte, aqui não, a morte não foi o fim, mas estava nos planos de
Deus no seu triunfo, enquanto a morte foi o fim destes, em Jesus foi seu triunfo.

Agora, com a afirmação de Jesus de que a rejeição ao Messias sofredor era satânica, veio a Voz. Os
leitores originais dos relatos da transfiguração naturalmente sabiam que a missão messiânica de
Jesus envolvia sua prisão, julgamento, crucificação, ressurreição e ascensão. Tal compreensão tão
abrangente, porém, não estava disponível a Pedro, Tiago e João no momento da transfiguração. O
que poderiam saber e o que precisavam aceitar eram que a transfiguração era uma mostra divina
daquilo que fora confessado e predito em Cesaréia de Filipe. Era o selo de aprovação de Deus, a
ratificação celestial dos ensinamentos de Jesus sobre seu chamado messiânico. Jesus era realmente
o Cristo, o Filho de Deus (o elo entre esses dois títulos é feito de maneira explícita em Mt 16.16,
mas cada um dos evangelistas entendia esses títulos como descrições adequadas e complementares
de Jesus [v. Mc 1.1; 14.61; Lc 4.41; 22.67-71]). Precisamente por ser o Cristo, Jesus tinha de sofrer,
morrer e ressuscitar no terceiro dia. A Voz afirmou que os discípulos precisavam aceitar a ideia que
Jesus entendia da própria missão, a qual envolvia sofrimento e morte. Independentemente e quais
fossem as concepções que tinham anteriormente sobre o papel messiânico, elas deveriam dar lugar
ao ensinamento do próprio Jesus.

Os discípulos não deveriam forçar a missão de Jesus para fazê-la encaixar-se em sua maneira de
pensar. Pelo contrário, deveriam "ouvi-lo". Não deveriam tentar fazer de Jesus um Messias que
procurasse sua aprovação. Seus contemporâneos podiam afirmar que o Messias sofredor, aquele que
passaria pela morte, seria um escândalo para a fé, além de uma total loucura (1Co 1.23). Aquele,
porém, que estivesse disposto a ouvir a Voz saberia que, no sofrimento e na morte de Jesus, o poder
e a sabedoria de Deus seriam de fato revelados (v. 24). A Voz ainda fala dessa maneira aos
seguidores de Jesus. O que é sábio neste mundo pode, em última análise, ser loucura diante de
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Deus; aquilo que pode ser considerado loucura neste mundo (como a morte sacrificial de Jesus para
reconciliar Deus e a humanidade) pode, por fim, ser sabedoria diante de Deus.

DO MONTE PARA JERUSALÉM

Cada um dos evangelhos sinópticos destaca que, depois da transfiguração, Jesus foi para Jerusalém.
Mateus relata que Jesus chegou à Galiléia (Mt 17.22) e, em particular, a Cafarnaum (17.24), saiu da
Galiléia indo para a Judéia, do outro lado do Jordão ( 19,1), subiu a Jerusalém (20.17), passou por
Jericó (20.29) e, finalmente, chegou e Jerusalém (21.10). Marcos, tal qual Mateus, mostra Jesus
passando pela Galiléia (9.30), entrando em Cafarnaum (9.33), indo para Judéia, cruzando o rio
Jordão (10.1), subindo a Jerusalém (10.32), passando por Jericó (10.46) e, então, entrando em
Jerusalém (11.11). Lucas destaca que, depois dos eventos em Cesaréia de Filipe e da transfiguração
(Lc 9.18-36), Jesus voltou sua face deliberadamente em direção a Jerusalém (9.51). O que se segue
é o maior bloco do material presente em seu evangelho (9.51-18.14), mas, mesmo dentro desse
material, lemos sobre Jesus passando por Samaria (9.52), e aos poucos tomando seu rumo de volta
para Jerusalém (13.22), viajando para Jerusalém pela fronteira entre Samaria e a Galileia (17.11),
chegando a Jericó (19.1), aproximando-se de Jerusalém (19.11) e finalmente entrando nessa cidade
(19.41-45). Como o arranjo de muitos trechos do material dos evangelhos se deve frequentemente a
motivações não cronológicas, é impossível postular quanto tempo depois dos eventos de Cesaréia
de Filipe e da transfiguração Jesus chegou a Jerusalém. Tanto Mateus quanto Lucas colocam
grandes coleções de material entre esses eventos (Mt 18.1-35, a quarta maior coleção de falas de
Jesus em seu evangelho; Lc 9.51-18.14, a maior parcela presente em seu evangelho).

A colocação desses materiais deve-se a preocupações literárias. Desse modo, não podemos afirmar
que essa jornada deva ter levado muito tempo até que Jesus tivesse ensinado tudo aquilo. A
natureza não cronológica da colocação que Lucas faz dos ensinamentos de Jesus no trecho que se
estende de 9.51 a 18.14 também é vista no fato de que muito desse material é encontrado em
Mateus antes de seu relato dos eventos relacionados a Cesaréia de Filipe e à transfiguração. Se
levarmos a sério os evangelhos sinópticos, vemos que o foco do ministério de Jesus passou por um
ponto de transição importante nesse momento. O período de ensino na Galileia tinha chegado ao
fim. Ainda haveria ensinamento no caminho até Jerusalém e na própria Jerusalém, mas isso era
secundário para o cumprimento do propósito divino. "Era necessário que o Filho do homem
sofresse muitas coisas e fosse rejeitado [...], fosse morto e três dias depois ressuscitasse" (Mc 8.31).
Como resultado, Jesus procurou preparar seus discípulos para a paixão.

Esse tema seria reapresentado a eles em diversas ocasiões (v. Mc 9.31,32; 10.33,34,45; 12.6-11;
14.6-9,18-25). Mesmo que consideremos que muito disso se deve ao trabalho editorial dos
evangelistas, parece que Jesus procurou preparar os discípulos para a paixão, que estava para
acontecer. Contudo, ainda muito mais importante era a necessidade de Jesus cumprir seu chamado.
Seu rosto estava voltado para Jerusalém, "pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc 10.45
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O Evangelho da Transfiguração e JOÃO

A transfiguração é o Pai se comprometendo a cumprir o pedido de Jesus vai fazer sobre o limite de
sua morte, quando ele pede "E agora, Pai, glorifica-me na sua presença com a glória que eu tinha
contigo antes que o mundo começou "(Jo 17: 5). Para Jesus a vida tinha uma culminação e essa
culminação foi a cruz. Para Jesus, a cruz era a glória da vida e o caminho rumo à glória da
eternidade. Disse Jesus: “É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem.” (João 12:23). No
que consistiu a glória da cruz? O que queria dizer Jesus ao falar uma e outra vez sobre a cruz como
sua glória e sua glorificação? Há mais de uma resposta a essa pergunta. a cruz foi a glória de Jesus
porque era a culminação de seu obra. "Acabei a obra", disse, "que me deste para fazer." Se Jesus se
detivesse antes da cruz teria deixado seu obra sem terminar. Por que tinha que ser assim? Jesus veio
a este mundo para falar e mostrar aos homens o amor de Deus. Se Jesus se detivesse na cruz teria
dado prova de que o amor de Deus pelos homens tem um limite. Teria sido o mesmo que dizer:
"Até aqui e além daqui não." Entretanto, ao chegar até a cruz, Jesus demonstrou que não havia nada
que o amor de Deus pelos homens não estivesse disposto a fazer e sofrer; quer dizer que seu amor
não tinha limites.

De que maneira a cruz de Jesus glorificou a Deus? Há uma só forma de glorificar a Deus: mediante
a obediência. Um menino glorifica a seus pais quando os obedece. Um cidadão dá glória a seu país
quando o obedece. Um acadêmico glorifica a seu professor quando o obedece e segue seus ensinos.
Jesus levou glória e honra a Deus mediante seu perfeita obediência para com Ele. O relato
evangélico diz de maneira muito clara que Jesus poderia ter evitado a cruz. Em termos humanos,
poderia ter voltado atrás e não tinha por que ir a Jerusalém. Ao olhar a Jesus durante seus últimos
dias, seu juízo, a cruz, vemo-nos obrigados a exclamar: "Vejam como amou a Deus!" Vejam até
onde chega sua obediência!" Jesus glorificou a Deus na cruz entregando uma obediência perfeita
em um amor perfeito.

Mas até há algo mais. Jesus orou a Deus para glorificá-lo e para glorificar-se a si mesmo. A cruz
não era o fim. Logo viria a ressurreição. A ressurreição foi a reivindicação de Jesus. Foi a prova de
que os homens podiam cometer a pior de suas ações e que Jesus podia triunfar apesar dela. Foi
como se Deus apontasse à cruz e dissesse: "Isso é o que os homens pensam sobre meu filho", e logo
apontasse à ressurreição e dissesse: "Isso é o que eu penso sobre meu filho." A cruz foi o pior que
os homens puderam fazer a Jesus. Mas nem sequer a pior ação dos homens pôde eliminar,
conquistar ou destroçar a Jesus. A glória da ressurreição apagou a vergonha da cruz.

Para Jesus a cruz foi o caminho de volta. Orou: “Glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória
que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.” Jesus era como um cavaleiro que abandonou a
corte do rei para levar a cabo alguma façanha perigosa e tremenda e, uma vez cumprida, voltava
para a corte triunfante para desfrutar da glória do vencedor. Jesus veio de Deus e retornou a Deus. A
façanha entre sua vinda e sua volta foi a cruz. De maneira que para Ele a cruz foi a porta que o
conduziu à glória e se não quisesse passar por essa porta não existiria nenhuma glória para acessar.
Para Jesus, a cruz foi sua volta a Deus.
A TRANSFIGURAÇÃO: UMA PROFECIA PARA A FÉ CRISTÃ 10

A Transfiguração na Segunda Carta de Pedro

Pedro desafia os escarnecedores que descartam a proclamação apostólica, relativa ao retorno de


Cristo como uma invenção manipuladora, apelando para o que ele viu e ouviu sobre Monte da
Transfiguração. Ele escreve: " Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade.
Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a
seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido.” (2 Pe 1: 16-18). Pedro,
refletindo o contexto da transfiguração (Mt 16:27, Mc8: 38; Lc 9:26), considera a glória que Jesus
experimentou na montanha está conectado e antecipa o poder e a glória de Jesus em sua segunda
vinda. Pedro defende a mensagem apostólica, argumentando que não estamos vendendo um auto-
serviço de conto. Não, nós somos mensageiros credíveis, pois na montanha sagrada assistimos a
uma visualização da chegada do fim dos tempos em Cristo, e ouvimos as palavras que declaram o
divino a aprovação de Jesus e sua missão. Pedro ao escolher tais palavras para descrever a
transfiguração é notável. Ele apela para o fato de que ele e os outros foram testemunhas oculares da
majestade de Jesus. Pedro usa uma palavra para majestade (μεγαλειότης), que tem associações
divinas (Lc 9:43;. Atos 19:27). Além disso, não é a mesma que a palavra ele usa para descrever a
fonte divina da voz, quando ele refere-se a Deus como "Majestoso (μεγαλοπρεπής) Glória ". É, no
entanto, apropriado para descrever a complexa glória mediadora de quem é Deus e homem. Mais
importante é a sua escolha de "Recebido" para descrever a "honra e glória", que Jesus experimentou
na montanha. Para se referir a Jesus' majestade como "Homenagem recebida e glória" é estranho se
a transfiguração é uma revelação de Jesus' inerente glória eterna. É, no entanto, uma descrição, se a
transfiguração é um sinal que aponta para a frente para a honra de mediação "e glória "o Pai
concede-lhe como recompensa por sua obediência e que será exibida abertamente quando ele vem
como o Filho do Homem "em sua glória do Pai com o seu anjos "(Mt 16,27).

A Transfiguração na Primeira Epístola de João.

O Apóstolo João está impressionado com o amor que o Pai tem para os seus filhos. Ele escreve:
"Veja o grande amor o Pai nos concedeu, a ponto de sermos chamados filhos de Deus! E isso é o
que somos "(1 Jo 3: 1 NVI). João é surpreendido com a grandeza de Deus o amor por seu povo no
relacionamento com eles agora como seus filhos, mas ainda, pelo que Deus tem reservado para seus
filhos no futuro. Ele proclama: "Amados, agora somos filhos de Deus, e que seremos ainda não se
manifestou. Mas nós sabemos que quando Cristo aparecer, seremos semelhantes a ele, pois o
veremos como ele é (1 Jo 3: 2). O plano de Deus para os seus filhos é que eles compartilhem a
recompensa do seu Filho amado, ou seja, o sua exaltação. Os filhos de Deus serão como o retorno
de Cristo na totalidade da seu ser; eles serão glorioso em corpo e alma com uma glória padronizada
depois da humanidade glorificada de Cristo. Pode ser que a apreciação de João da grandeza do amor
do Pai foi, em parte, alimentada com o que viu no Monte da Transfiguração. Ele tinha
experimentado uma pré-visualização da glória mediadora que o Filho amado receberia como o
resultado dos seus sofrimentos para o seu povo. Com o tempo, João chegou a um entendimento
cada vez mais profunda que a transfiguração não era apenas uma revelação do destino de Jesus,
A TRANSFIGURAÇÃO: UMA PROFECIA PARA A FÉ CRISTÃ 11

mas também uma revelação acerca de seu destino. No plano do Pai, ele seria como o Jesus exaltado,
e sobre aquela montanha que tinha visto, havia algo além, estava implícito que o retorno de Jesus
traria sobre ele, uma glória compartilhada.

A Transfiguração e Visão de João na Ilha de Patmos (Apocalipse)

O que João experimentou no Monte da Transfiguração foi uma antecipação que viu na Ilha de
Patmos. Em Apocalipse 1: 9-18 João registra uma visão na qual ele "viu sete candeeiros de ouro, e
entre os candelabros havia alguém 'como um filho de homem' "que Foi glorioso na aparência. Este
"alguém" é o Jesus exaltado, e declaração João que "Seu rosto era como o sol brilhando em todo o
seu esplendor" (16) é uma reminiscência de transfiguração gloriosa de Jesus' (Mt 17: 2).

E assim que nos aproximamos para a salvação quando começamos a ver Deus em Jesus. Jesus nos
permite vê-lo de modo a que podemos ser atraídos para ele. Mas precisamos estar prontos para vê-
lo girando em direção a ele. Os discípulos fizeram isso indo até uma montanha para estar a sós com
Jesus. Embora a revelação divina, por vezes, vem inesperadamente e na iniciativa de Deus,
podemos estar pronto para recebê-lo-orando e permitindo-nos a estar sozinho, aberto a presença de
Deus.

Quando confrontado com a presença divina em toda a sua glória, podemos sentir assustado e
perdido. Observe como Pedro se torna nervoso. Ele precisa fazer alguma coisa! Ele olha para as
tarefas para manter-se ocupado. Mas logo Deus vai acalma-lo, e os outros, com estas palavras, "Este
é o meu Filho amado ... Escutai-o!" Será que às vezes, como os discípulos, deixamos nossa própria
vidas ocupadas interferir com estar aberto a Deus presença e Espírito de Deus? Será que, por vezes,
mesmo propositadamente preenchemos nossas vidas com coisas que podem nos fazer parar e com
isto evitar nos encontrar ao Divino? Talvez fizesse bem para nós a tomar poucos minutos do tempo
para a reflexão aberta e contemplação e deixar Deus entrar em nossos corações e nossas mentes
para que também possamos "ouvi-lo."

Várias áreas de aplicação vêm à mente. Em primeiro lugar, a própria transfiguração nos instrui, bem
como para a verdadeira natureza de Jesus. Mas também nos dá um vislumbre do que ainda está para
acontecer, não só de Seu aparecimento no céu, mas nossa glorificação também. É por isso que a
instrução de Paulo em Romanos a sermos transformados é tão importante: estamos a começar as
mudanças agora em nossa vida espiritual, e Deus irá concluí-lo em nossa tradução real para a glória.

Em segundo lugar, a revelação exige uma resposta. O instinto natural é medo e adoração, caindo em
nossos rostos diante dele. Mas a continuação prática da nossa resposta vem na instrução divina para
ouvir, ou seja, obedecer, Jesus. Se Jesus é verdadeiramente o Senhor da Glória e não apenas um
homem da Galiléia, então devemos adorá-Lo e obedecê-Lo.

Em terceiro lugar, a revelação de Deus é dada a nós, porque Deus nos ama e deseja que sejamos
com Ele na sua glória. O toque da mão de Jesus foi, provavelmente uma momento em que a
experiência vista possui uma conclusão não naquele momento, mas sim em outro, ainda por vir.
Naturalmente, as pessoas que rejeitam o Salvador e se recusam a obedecer a Sua palavra tem muito
A TRANSFIGURAÇÃO: UMA PROFECIA PARA A FÉ CRISTÃ 12

a temer. Mas nós que O adoram e servi-Lo têm a sua palavra, "Não tenha medo". E depois, "Onde
eu estou, estejais vós será também" (João 14).

Como para as etapas do método de estudo da Bíblia, podemos ver aqui como o evento é central, e
todas as discussões que se seguem ajudam a explicar o seu significado. Ela nos mostra que o
diálogo, os discursos da história, são tão essenciais para a interpretação. Mas no estudo desta
passagem vemos também a importância da palavra de estudo para "transfigurar", e como ele nos
conecta com outras passagens. E, finalmente, nós também podemos notar como fundo do Antigo
Testamento (tabernáculos, e Elias) são importantes para a compreensão de tudo o que está
ocorrendo na narrativa.

BIBLIOGRAFIA

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