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A teoria social de Pierre Bourdieu e

suas contribuições para a Análise do


Discurso

SILVA, José Otacílio da. Bourdieu. In:.OLIVEIRA, Luciano


Amaral (org.). Estudos do discurso: perspectivas teóricas. São
Paulo: Parábola Editorial, 2013

Alex Alves
Diomedes Oliveira
• Bourdieu supera as abordagens estruturalista
e fenomenológica no que diz respeito às ações
sociais dos indivíduos em sociedade.

• Trata-se de uma autonomia relativa dos


indivíduos em suas escolhas, gostos e
decisões.

• Alguns conceitos de Bourdieu : habitus,


campo, poder simbólico, violência simbólica,
capital simbólico
Alguns intelectuais da AD interessados
em Bourdieu
• Maingueneau – A prática discursiva (resultado da
relação entre formação discursiva e comunidade
discursiva). Bourdieu é operacionalizado para
buscar compreender os significados dessas
comunidades/grupos.
• Charaudeau – Teoria do discurso político (Vale-se
dos conceitos de Bourdieu de Capital social,
econômico e cultural, onde o acúmulo desses
capitais possibilita determinadas formações
discursivas.
• Fairclough (ACD) – O comportamento
discursivo dos usuários. Busca compreender
práticas envolvidas nos discursos, dotadas de
relações de poder, atentando-se a fatores
extralinguísticos ao discurso, que contribuem
na formação de sentidos.

• Van Dijk – Operacionaliza com o conceito de


“Capital simbólico” e “poder simbólico” para
atribuir às elites um domínio desse capital nas
relações discursivas tecidas por esse grupo.
O conceito de habitus e de campo
• Teoria da ação social de Bourdieu – os sentidos
das práticas dos agentes sociais (nem
estruturalista, nem fenomenológica).
• Proposta do conhecimento praxiológico (junto
aos conceitos de habitus e de campo).
• Bourdieu propõe um “meio termo”, entre
condições sociais objetivamente instituídas e uma
diversidade de condições subjetivas.
(interiorização da exterioridade / exteriorização
da interioridade)
O conceito de habitus
• As práticas sociais, portanto, são “resultados de
relações dialéticas entre a situação e o habitus”.
• Habitus: “esquemas de percepções e de ações
que os indivíduos incorporam ao longo de suas
vidas”. (E que condicionam os sentidos de suas
ações.)
• Tais percepções e ações são incorporados nas
diversas trajetórias sociais (família, escola, igreja,
trabalho).
O conceito de habitus
• Habitus seriam estruturas estruturadas (pois
estão estruturadas na subjetividade do
indivíduo) e o orientam a tomar determinadas
posições e sentidos em suas ações.
• Habitus seriam também estruturas
estruturantes pois são capazes de
estruturarem as práticas sociais dos
indivíduos.
O conceito de habitus
• Bourdieu defende a existência de práticas e
representações comuns entre indivíduos de
um grupo, portanto, a possibilidade de existir
um “habitus de classe”, ou seja, práticas
sociais (e discursivas) comuns.
• Tais práticas não seriam condicionadas por
uma “consciência coletiva” ou ideologia
externas (mas por fatores objetivos e
subjetivos que se inter-relacionam)
O conceito de campo
• O Campo como uma noção de espaço social que
se propõe superar as dicotomias: estruturalismo
x fenomenologia.
• Existem diversos campos com relativa autonomia
entre eles (campo jurídico, artístico, religioso,
acadêmico, etc.)
• Há lutas simbólicas no interior desses campos,
relativas às produções e distribuições de bens
simbólicos. Tais lutas dependem do habitus dos
agentes e das posições que estes ocupam num
campo.
O conceito de campo
• “Subespaços sociais onde se encontram
agentes sociais específicos envolvidos em
relações objetivas de concorrência pelo poder
simbólico.”
• São tais relações e disputas que conservam
(ortodoxia) ou transformam (heterodoxia) o
campo.
O conceito de campo
• Sobre poder simbólico e violência simbólica:
dominação de partes sobre outras. Legitima
significações, dissimula as relações de força
envolvidas. Relações entre produtores e
consumidores de bens simbólicos.
• Tal poder e violência simbólico podem ser
reforçados por competências discursivas.
A produção do discurso político
• Teorias de Bourdieu para analisar discursos
políticos. Relações entre os produtores de
bens políticos e consumidores (cidadãos).

• As condições sociais de produção (objetivas e


subjetivas). Compreender a produção e
difusão desses discursos.
A produção do discurso político
• As lutas simbólicas entre os agentes dentro do
campo, além das pressões externas dos
consumidores (cidadãos).

• “Nessas lutas, os políticos profissionais utilizam


estratégias discursivas não só para distinguir-se
de seus concorrentes, mas também para
conquistar a adesão dos cidadãos aos seus
projetos e propostas políticas”. (p. 170)
Bourdieu e os fenômenos
discursivos nas interações sociais
• Noção de “mercado simbólico” para contrapor
à noção de “mercado linguístico”.
• As interações linguísticas, portanto, são
permeadas por relações de força simbólica.
• “Há uma complexa rede de fatores
extralinguísticos que interferem nas interações
linguísticas ou discursivas.” (p. 171)
Bourdieu e os fenômenos
discursivos nas interações sociais
• Noção de “mercado simbólico” para contrapor
às noções tradicionais da linguística.
• As interações linguísticas, portanto, são
permeadas por relações de força simbólica.
• “Há uma complexa rede de fatores
extralinguísticos que interferem nas interações
linguísticas ou discursivas.” (p. 171)
Bourdieu e os fenômenos
discursivos nas interações sociais
• Deve haver uma consonância entre o habitus e o
capital linguístico nos discursos entre aquele que
produz (locutor) e aquele que consome
(interlocutor).
• “Mercado linguístico” tal como “mercado de bens
simbólicos”.
• Noção de “campo linguístico” – espaços sociais
específicos onde ocorrem situações específicas
das relações de mercado linguístico. (Ex: política,
igreja, universidade).
Bourdieu e os fenômenos
discursivos nas interações sociais
• Cada campo terá seus agentes específicos e a
produção de discursos específicos. Relações
entre habitus e o capital linguístico desses
agentes.
• Habitus linguístico – percepções e ações
linguísticas dos indivíduos adquiridas ao longo
de suas trajetórias sociais. Capacidades de
práticas e significações.
Bourdieu e os fenômenos
discursivos nas interações sociais
• Noção de “competência discursiva prática”, para
além da noção chomskiana de competência
linguística.
• Vai além da capacidade do locutor em elaborar
discursos adequados para uma compreensão
(competência linguística), mas considera a
capacidade de elaborar estratégias de persuasão
e sedução (revelando relações de poder
simbólico nos discursos).
Conclusão

• Na AD atentar-se às condições sociais de


produção e reprodução dos produtores e
consumidores.
• Na perspectiva de Bourdieu, considerar o habitus
linguístico e as posições que os agentes ocupam
no campo (locutores e interlocutores).
• Contribuição de Bourdieu para a compreensão
das violências simbólicas presentes nas
interações discursivas.

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