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PROJUDI - Processo: 0016514-38.2009.8.16.0019 - Ref. mov. 146.

1 - Assinado digitalmente por Luciana Virmond Cesar:9436


05/11/2019: REJEITADA A EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. Arq: Decisão

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
COMARCA DE PONTA GROSSA
2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE PONTA GROSSA - PROJUDI
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Autos nº. 0016514-38.2009.8.16.0019

Processo: 0016514-38.2009.8.16.0019
Classe Processual: Execução Fiscal
Assunto Principal: IPTU/ Imposto Predial e Territorial Urbano
Valor da Causa: R$436,95
Exequente(s): Município de Ponta Grossa/PR
Executado(s): GISLAINE RODRIGUES VAZ

Gislaine Rodrigues Vaz ofereceu exceção de pré-executividade, através de curador nomeado,


alegando em síntese a prescrição da pretensão executiva em relação ao processo principal e os apensos.

A parte excepta apresentou impugnação a exceção de pré-executividade no mov. 114.1.

É o relatório.

DECIDO.

Preliminarmente deixo de analisar o pedido de justiça gratuita tendo em vista que o pedido já foi
deferido no mov. 129.1.

A exceção de pré-executividade constitui instituto jurídico apto ao questionamento da eficácia


executiva do título judicial ou extrajudicial manejado em juízo, por meio de ataque aos pressupostos da
própria executividade do direito resultante do título.

Nesse sentido, a Súmula 393 do Superior Tribunal de Justiça é expressa ao afirmar que:

“A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às


matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.”

Portanto, a exceção de pré-executividade somente se justifica nas hipóteses que tratam das
condições da ação, pressupostos processuais ou nulidades e desde que tais matérias estejam demonstradas
de plano e não exijam dilação probatória.

No caso em exame, a exceção é o meio processual adequado para a análise da matéria invocada.

A parte excipiente busca que seja declarado a extinção do crédito tributário, alega a prescrição do
crédito tributário executado nos processos de n.° 0016514.38.2009.8.16.0019,
0034998-86.2018.8.16.0019, 0005515-50.2014.8.16.0019 embasadas respectivamente pelas certidões de
dívida ativa de n.°4393/2009, 6755/2018 e 941/2014.
PROJUDI - Processo: 0016514-38.2009.8.16.0019 - Ref. mov. 146.1 - Assinado digitalmente por Luciana Virmond Cesar:9436
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Quanto a afirmação do excipiente de que os créditos estão prescritos, o Código Civil prevê em seu
artigo 189 que a prescrição consiste na perda da pretensão de reparação do direito violado, em virtude da
inércia do seu titular, nos prazos previstos em lei.

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Nas palavras de Sílvio de Sálvio Venosa, prescrição é assim entendida:

“É, portanto, contra a inércia da ação que age a prescrição, a fim de restabelecer
estabilidade do direito, eliminando um estado de incerteza, perturbador das
relações sociais. Por isso, a prescrição só é possível quando existe ação a ser
exercida. O direito é atingido pela prescrição por via de consequência, porque,
uma vez tornada a ação não exercitável, o direito torna-se inoperante. Tanto isso é
válido que a lei admite como bom o pagamento de dívida prescrita, não admitindo
ação para repeti-lo. Também os títulos de credito, prescritos, se não autorizam a
ação executiva, sobrevivem à prescrição, pois podem ser cobrados por ação
ordinária de enriquecimento sem causa, o que demonstra que o direito, na verdade,
não se extingue.” (VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral / Sílvio de
Salvo Venosa. – 10. ed. – São Paulo: Atlas, 2010, p. 565).

Em Direito Tributário, o qual é uma das ramificações do Direito Público, a prescrição não
extingue somente a ação que assegura o exercício de um direito, mas o próprio direito material, eis que o
CTN, em seu artigo 156, V, afirma expressamente que ocorrida a prescrição extintos estarão não apenas o
crédito fiscal, mas também a obrigação tributária.

Sobre o termo inicial do prazo prescricional no âmbito tributário, verifica-se a lição do Professor
Kiyoshi Harada:

“Um dos aspectos mais controvertidos em matéria de prescrição tributária é o que


diz respeito ao dia em que começa a contar a prazo quinquenal para cobrança do
crédito tributário estabelecido no art. 174 do CTN.

Como se sabe, a prescrição, tanto quanto a decadência, é causa de extinção do


crédito tributário (art. 156, V do CTN), pelo que, quem paga crédito tributário
prescrito faz jus à sua repetição, bem como, consumada a prescrição o contribuinte
poderá pleitear a expedição de certidão negativa.

Por isso, é de suma importância fixar corretamente o dia em que começa a fluir o
prazo prescricional. Cumpre esclarecer, de início, que de conformidade com a
regra de direito comum exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento.
Quando, então, começa a fluir esse prazo?

Começa a fluir a partir da data da constituição definitiva do crédito tributário


pelo lançamento, definido no art. 142 do CTN como procedimento administrativo
tendente à verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente,
determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar
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o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Na
prática, a penalidade, quando cabível, já vem aplicada no ato do lançamento.

Prescreve o seu parágrafo único que essa atividade administrativa é vinculada e

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obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, o que retira o caráter
discricionário do agente público competente. Dessa forma, ainda que o diminuto
valor do crédito tributário a ser cobrado cause prejuízo à Fazenda Pública, não
cabe ao agente público dispensar a atividade do lançamento.

(omissis)

Do exposto resulta que para fixar o termo inicial da prescrição é preciso definir o
momento em que ocorre a constituição definitiva do crédito tributário. Ela ocorre
com a notificação do lançamento ao sujeito passivo ao teor do art. 142 c.c o art.
145 do CTN.” (HARADA, Kiyoshi. Prescrição tributária. Termo inicial para
contagem do prazo. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2098, 30 mar. 2009)

Da mesma forma, o doutrinador Ricardo Alexandre conclui que:

“Pode-se afirmar, portanto, que, com a notificação, o crédito está constituído, mas
não que ele está definitivamente constituído. Por conseguinte, tem-se uma situação
em que não se conta decadência – porque a Administração já exerceu seu direito –
nem prescrição por conta da ausência de definitividade do lançamento efetuado.

Não havendo pagamento ou impugnação ou, em havendo esta, concluído o


processo administrativo fiscal e ultrapassado o prazo para pagamento do crédito
tributário sem que o mesmo tenha sido realizado, começa a fluir o prazo
prescricional.”

A partir da constituição definitiva da obrigação tributária, a Fazenda Pública tem 05 (cinco) anos
para perseguir o seu crédito via executivo fiscal, sob pena de ver ser crédito ser fulminado pela prescrição,
ressalvado a ocorrência de alguma das causas previstas nos artigos 151 e 174, ambos do CTN.

Diante do exposto, verificou-se por meio da análise da CDAs que os créditos se referem a
cobrança de Imposto territorial urbano, e coleta de lixo. A CDA de n.° 4393/2009 que embasa o processo
principal, com cobrança dos exercícios de 2004, 2006, 2007 e 2008 e data de inscrição respectivamente
em 01/01/2005, 01/01/2007, 03/01/2008 e 05/01/2009 (mov. 1.1), quanto ao processo de n.°
0034998-86.2018.8.16.0019 está embasado pela certidão de n.° 6755/2018 com cobrança dos exercícios
de 2014, 2015, 2016, e 2017 e datas de inscrição em 10/01/2015, 04/01/2016, 15/05/2017 e 10/01/2018,
ainda, quanto ao processo de n.° 0005515-50.2014.8.16.0019, CDA de n.° 941/2014 com cobrança dos
exercícios de 2009, 2010, 2011 e 2012 inscritos em 06/01/2010, 04/01/2011, 30/12/2011 e 01/01/2013.

Desse modo, o termo inicial para a contagem do prazo prescricional é a data de inscrição do
crédito em dívida ativa. Dá análise da CDA de n.° 4393/2009 verifica-se que os créditos mencionados
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05/11/2019: REJEITADA A EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. Arq: Decisão

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têm como termo inicial as datas de 01/01/2005 quanto aos créditos do exercício de 2004, os créditos do
exercício de 2006 tem como termo inicial a data de 01/01/2007, já os créditos do exercício de 2007
foram inscritos em dívida ativa em 03/01/2008, os créditos do exercício de 2008 foram inscritos em
05/01/2009.

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Sendo assim o prazo máximo para o ajuizamento da ação principal seria em 01/01/2010 quanto
aos créditos referentes ao exercício de 2004. O ajuizamento da presente execução se deu em 16/11/2009,
não estando, portanto, os referidos créditos prescritos.

Quanto a CDA de n.° 677/2018 verifica-se que os créditos têm como termo inicial as datas de
10/01/2015 quanto ao crédito de 2014, sendo assim o prazo máximo para o ajuizamento da ação seria em
10/01/2020. O ajuizamento da presente execução se deu em 05/11/2018, não estando também os créditos
prescritos.

Ainda, em relação a CDA de n.° 941/2014 verifica-se que os créditos mencionados têm como
termo inicial as datas de 06/01/2010 quanto aos créditos do exercício de 2009, em relação aos exercícios
de 2010 tem como termo inicial 04/01/2011, os créditos do exercício de 2011 tem como termo inicial a
data de 30/12/2011, já os créditos do exercício de 2012 foram inscritos em dívida ativa em 01/01/2013.

Sendo assim o prazo máximo para o ajuizamento da ação principal seria em 06/01/2015 quanto
aos créditos referentes ao exercício de 2009. O ajuizamento da presente execução se deu em 30/01/2014,
não estando, portanto, os referidos créditos prescritos.

Diante do exposto, REJEITO a presente exceção de pré-executividade.

Ao defensor dativo nomeado arbitro honorários no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), os quais
serão arcados pelo Estado do Paraná de acordo com a Tabela anexa a Resolução Conjunta de n° 05/2019.

Intimações e diligências necessárias.

Luciana Virmond Cesar

Juíza de Direito

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