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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ
COMARCA DE PONTA GROSSA
2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE PONTA GROSSA - PROJUDI
Rua Leopoldo Guimarães da Cunha, 590 - Ponta Grossa/PR - CEP: 84.035-900 - Fone: (42) 3309-1609 -
E-mail: pg-14vj-s@tjpr.jus.br
Processo: 0016514-38.2009.8.16.0019
Classe Processual: Execução Fiscal
Assunto Principal: IPTU/ Imposto Predial e Territorial Urbano
Valor da Causa: R$436,95
Exequente(s): Município de Ponta Grossa/PR
Executado(s): GISLAINE RODRIGUES VAZ
É o relatório.
DECIDO.
Preliminarmente deixo de analisar o pedido de justiça gratuita tendo em vista que o pedido já foi
deferido no mov. 129.1.
Nesse sentido, a Súmula 393 do Superior Tribunal de Justiça é expressa ao afirmar que:
Portanto, a exceção de pré-executividade somente se justifica nas hipóteses que tratam das
condições da ação, pressupostos processuais ou nulidades e desde que tais matérias estejam demonstradas
de plano e não exijam dilação probatória.
No caso em exame, a exceção é o meio processual adequado para a análise da matéria invocada.
A parte excipiente busca que seja declarado a extinção do crédito tributário, alega a prescrição do
crédito tributário executado nos processos de n.° 0016514.38.2009.8.16.0019,
0034998-86.2018.8.16.0019, 0005515-50.2014.8.16.0019 embasadas respectivamente pelas certidões de
dívida ativa de n.°4393/2009, 6755/2018 e 941/2014.
PROJUDI - Processo: 0016514-38.2009.8.16.0019 - Ref. mov. 146.1 - Assinado digitalmente por Luciana Virmond Cesar:9436
05/11/2019: REJEITADA A EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. Arq: Decisão
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Quanto a afirmação do excipiente de que os créditos estão prescritos, o Código Civil prevê em seu
artigo 189 que a prescrição consiste na perda da pretensão de reparação do direito violado, em virtude da
inércia do seu titular, nos prazos previstos em lei.
“É, portanto, contra a inércia da ação que age a prescrição, a fim de restabelecer
estabilidade do direito, eliminando um estado de incerteza, perturbador das
relações sociais. Por isso, a prescrição só é possível quando existe ação a ser
exercida. O direito é atingido pela prescrição por via de consequência, porque,
uma vez tornada a ação não exercitável, o direito torna-se inoperante. Tanto isso é
válido que a lei admite como bom o pagamento de dívida prescrita, não admitindo
ação para repeti-lo. Também os títulos de credito, prescritos, se não autorizam a
ação executiva, sobrevivem à prescrição, pois podem ser cobrados por ação
ordinária de enriquecimento sem causa, o que demonstra que o direito, na verdade,
não se extingue.” (VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral / Sílvio de
Salvo Venosa. – 10. ed. – São Paulo: Atlas, 2010, p. 565).
Em Direito Tributário, o qual é uma das ramificações do Direito Público, a prescrição não
extingue somente a ação que assegura o exercício de um direito, mas o próprio direito material, eis que o
CTN, em seu artigo 156, V, afirma expressamente que ocorrida a prescrição extintos estarão não apenas o
crédito fiscal, mas também a obrigação tributária.
Sobre o termo inicial do prazo prescricional no âmbito tributário, verifica-se a lição do Professor
Kiyoshi Harada:
Por isso, é de suma importância fixar corretamente o dia em que começa a fluir o
prazo prescricional. Cumpre esclarecer, de início, que de conformidade com a
regra de direito comum exclui-se o dia do começo e inclui-se o dia do vencimento.
Quando, então, começa a fluir esse prazo?
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o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Na
prática, a penalidade, quando cabível, já vem aplicada no ato do lançamento.
(omissis)
Do exposto resulta que para fixar o termo inicial da prescrição é preciso definir o
momento em que ocorre a constituição definitiva do crédito tributário. Ela ocorre
com a notificação do lançamento ao sujeito passivo ao teor do art. 142 c.c o art.
145 do CTN.” (HARADA, Kiyoshi. Prescrição tributária. Termo inicial para
contagem do prazo. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n. 2098, 30 mar. 2009)
“Pode-se afirmar, portanto, que, com a notificação, o crédito está constituído, mas
não que ele está definitivamente constituído. Por conseguinte, tem-se uma situação
em que não se conta decadência – porque a Administração já exerceu seu direito –
nem prescrição por conta da ausência de definitividade do lançamento efetuado.
A partir da constituição definitiva da obrigação tributária, a Fazenda Pública tem 05 (cinco) anos
para perseguir o seu crédito via executivo fiscal, sob pena de ver ser crédito ser fulminado pela prescrição,
ressalvado a ocorrência de alguma das causas previstas nos artigos 151 e 174, ambos do CTN.
Diante do exposto, verificou-se por meio da análise da CDAs que os créditos se referem a
cobrança de Imposto territorial urbano, e coleta de lixo. A CDA de n.° 4393/2009 que embasa o processo
principal, com cobrança dos exercícios de 2004, 2006, 2007 e 2008 e data de inscrição respectivamente
em 01/01/2005, 01/01/2007, 03/01/2008 e 05/01/2009 (mov. 1.1), quanto ao processo de n.°
0034998-86.2018.8.16.0019 está embasado pela certidão de n.° 6755/2018 com cobrança dos exercícios
de 2014, 2015, 2016, e 2017 e datas de inscrição em 10/01/2015, 04/01/2016, 15/05/2017 e 10/01/2018,
ainda, quanto ao processo de n.° 0005515-50.2014.8.16.0019, CDA de n.° 941/2014 com cobrança dos
exercícios de 2009, 2010, 2011 e 2012 inscritos em 06/01/2010, 04/01/2011, 30/12/2011 e 01/01/2013.
Desse modo, o termo inicial para a contagem do prazo prescricional é a data de inscrição do
crédito em dívida ativa. Dá análise da CDA de n.° 4393/2009 verifica-se que os créditos mencionados
PROJUDI - Processo: 0016514-38.2009.8.16.0019 - Ref. mov. 146.1 - Assinado digitalmente por Luciana Virmond Cesar:9436
05/11/2019: REJEITADA A EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA. Arq: Decisão
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têm como termo inicial as datas de 01/01/2005 quanto aos créditos do exercício de 2004, os créditos do
exercício de 2006 tem como termo inicial a data de 01/01/2007, já os créditos do exercício de 2007
foram inscritos em dívida ativa em 03/01/2008, os créditos do exercício de 2008 foram inscritos em
05/01/2009.
Quanto a CDA de n.° 677/2018 verifica-se que os créditos têm como termo inicial as datas de
10/01/2015 quanto ao crédito de 2014, sendo assim o prazo máximo para o ajuizamento da ação seria em
10/01/2020. O ajuizamento da presente execução se deu em 05/11/2018, não estando também os créditos
prescritos.
Ainda, em relação a CDA de n.° 941/2014 verifica-se que os créditos mencionados têm como
termo inicial as datas de 06/01/2010 quanto aos créditos do exercício de 2009, em relação aos exercícios
de 2010 tem como termo inicial 04/01/2011, os créditos do exercício de 2011 tem como termo inicial a
data de 30/12/2011, já os créditos do exercício de 2012 foram inscritos em dívida ativa em 01/01/2013.
Sendo assim o prazo máximo para o ajuizamento da ação principal seria em 06/01/2015 quanto
aos créditos referentes ao exercício de 2009. O ajuizamento da presente execução se deu em 30/01/2014,
não estando, portanto, os referidos créditos prescritos.
Ao defensor dativo nomeado arbitro honorários no valor de R$ 300,00 (trezentos reais), os quais
serão arcados pelo Estado do Paraná de acordo com a Tabela anexa a Resolução Conjunta de n° 05/2019.
Juíza de Direito