Preconceito racial: possíveis representações e influência no rendimento
escolar.
Marcelino Pinheiro dos Santos.
Na esfera do contexto escolar ocorrem relações diversas. O tratamento
dispensado a essas relações pode apontar resultados diversos, negativos e/ou positivos, visíveis a olho nu. Um dos produtos dessas relações é a questão da baixa auto-estima dos alunos negros ocasionados pela discriminação e pelo ódio irracional ou aversão a outras raças, muitas vezes responsável pelo rendimento e a evasão escolar.
O processo de rejeição, da criança negra na escola, pode ocorrer de
maneira silenciosa, mas, com alto grau de violência, pois, reprime, limita e mata a vontade do outro. O outro por sua vez se vê vitimado pela violência simbólica que perpassa o seu agora. Diante disto, surgiu o interesse de se investigar os elementos que leva a criança afro descendente sentir-se apagadas do ambiente escolar, quais as representações criadas por elas? Como isso pode influenciar na auto-estima e no desempenho escolar? Isto, com a intenção de compreender os reflexos dos preconceitos étnico-raciais sobre os estudantes negros das escolas públicas do município de Ilhéus, Bahia.
O tratamento dispensado a discriminação preconceituosa tem avançado
do ponto de vista político, pois, políticas, dentre outras, as educacionais apontam para tal fato. No entanto, as mediadas tomadas em relação à questão do negro no Brasil não dar conta da natureza do problema. O problema é social, logo histórico. Sujeito a dinâmica, ou melhor, as transformações que a sociedade tem que passar no decurso da história. Desta forma, torna-se necessário compreender o preconceito no contexto do século XXI. Cenário que o faz caminhar sutilmente devido às camuflagens que assume, ora preconceito de “cor”, ora de “marca”. Um violento por assumir a negação de uma população ou grupo social que apresenta relativa homogeneidade cultural e linguística, compartilhando história e origem comuns. Outro, eminentemente perigoso por oculta a negação ao outro que se encontra na condição de negro. Com isso, sobressai a discriminação social. Mazela que alcança os sentimentos, as relações pessoais e interpessoais, a consciência de ser e a percepção do processo de aprender.
A criança, na sua construção, precisa tatear o mundo. Para isso ocorrer,
ela precisa de espaço, mas, diante de obstáculos de dimensões imensuráveis, com destaque à discriminação social/étnico-racial, vê-se aí a censura de sonhos em favor da opressão. Consequentemente isso, será uma condição impiedosa e decisiva na construção de sua identidade que se formará com fortes marcas para o resto da vida e iniciara o processo de desvalorização dos atributos individuais, fundamentais no reconhecimento da consciência das próprias potencialidades.
Sendo a escola o lugar das relações sociais, onde a criança estabelece
seus primeiros contatos coletivos fora do seio familiar, logo, ela não deve está livre de sentimentos preconceituosos. Segundo CAVALLEIRO, no espaço escolar existe simultaneamente um conjunto de elementos materiais e subjetivos que se lança para algumas representações das crianças negras. O tratamento dado aos elementos e as representações, pode resultar em conceito, preconceito ou na construção de uma auto- imagem sem valor. Como a extensão de conceitos é uma ação que sucede primeiro na esfera mental, torna-se necessário buscar alternativas no plano material, visando à valorização do negro através do acesso/posse dos bens socialmente construído, de modo que fosse viabilizar distintas contribuições sobre o grau de desenvolvimento do sujeito.
REFERÊNCIA:
CAVALLEIRO, E. Do silencio do lar ao silencio escolar: racismo,
preconceito e discriminação racial. São Paulo: Contexto, 2000.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro. Rio de Janeiro: Graal, 1983.
WALLON, Henri. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1989.