Sousa a acompanhá-lo e a receber o arcebispo, como forma de agradecimento por este tê-lo «libertado» dos castelhanos. 2. Manuel de Sousa diz que receberá o arcebispo se ele vier só, de modo a provar que não está conivente com os espanhóis. 3. Para Maria, seria uma forma de poder conhecer a tia Joana de Castro e de sair daquele ambiente. 4. Manuel hesita, por um lado, por temer a reação de D. Madalena; por outro, teme que os ares doentios que empestam Lisboa sejam prejudiciais a Maria, dada a sua debilidade física. 5. Inicialmente, D. Madalena mostra- se feliz com a chegada do marido e também com a notícia de que este estava livre de qualquer perseguição; porém, na última intervenção, admite ter qualquer coisa a preocupá-la, um pressentimento. 6. D. Madalena acredita que sexta- feira é um dia aziago, a noite aterra-a e, naquele dia, teme ficar sozinha. 7. D. Madalena mostra-se receosa, agindo pelo sentimento, enquanto Manuel de Sousa se revela consciente, racional, pronto para assumir responsabilidades pelos seus atos. 8. D. Madalena dispensa a companhia de Telmo porque receia que este lhe avive a memória, logo naquele dia tão cheio de referências ao passado. 9. Manuel serve-se do exemplo de D. Joana de Castro, condessa de Vimioso, para tranquilizar D. Madalena, mostrando-lhe que a situação desta era bem mais gravosa e que soube voluntariamente abdicar da vida social para ingressar num convento. 10. As perfeições dizem respeito à religiosidade de D. Joana, que abdicou do casamento para se dedicar a Deus. 11. D. Madalena não poderia suportar a ideia de estarem os dois vivos e de terem de se separar, deixando de se ver. 12. Manuel de Sousa faz esta afirmação porque está convicto de que o casamento deles não é pecaminoso, atendendo ao que sabiam na altura, embora posteriormente se venha a provar o contrário, ou seja, o fim será tão trágico quanto o de D. Joana. Ato II, cenas X-XIII
1. Faz anos que casou, pela primeira
vez, com D. João de Portugal; que se perdeu D. Sebastião; que viu pela primeira vez Manuel de Sousa. 2. O facto de ter amado Manuel de Sousa assim que o viu quando ainda era casada com D. João de Portugal. 3. O recado que um peregrino exigiu que fosse entregue a D. Madalena. 4. Miranda acredita que se trata de uma brincadeira, pois fica impressionado com as longas barbas brancas do mensageiro que diz vir da Palestina. 5. O romeiro exige falar com D. Madalena pois o recado que traz só a ela poderá entregar. Frei Jorge pensa que o peregrino traz alguma relíquia dos Santos Lugares. Estes objetos eram normalmente "oferecidos" a pessoas de uma estirpe social elevada, tendo em vista uma recompensa avultada, devido à simbologia religiosa ou sagrada que encerravam. 6. D. Madalena começa por se mostrar irritada (“Quem vos chamou, que quereis?”, l. 23) e depois receosa (“Dizei já, que me estais a assustar.”, l. 31); seguidamente, mostra- -se piedosa e espantada (“Pois, coitado! Virá. Agasalhai- o, e deem-lhe o que precisar.”, l. 38) e, finalmente, revela-se determinada (“Pois venha embora o romeiro! E trazei-mo aqui, trazei.”, l. 53). 7.1 "o romeiro" – sujeito; "aqui está" – predicado; "aqui" – predicativo do sujeito. 7.2 "vós"; "vos"; "ide".. Ato II, cenas XIV-XV
1. No contexto, a interjeição significa
“antes fosse”, “tomara que assim fosse”, ainda que também possa significar “Deus queira”. 2. O impedimento deveu-se às paixões humanas, ou seja, ao facto de as lembranças dos seus familiares lhe perturbarem o espírito. 3. O amigo referido é Telmo, o seu fiel escudeiro. 4. O Romeiro apresenta revolta, indignação e até arrogância, justificadas pelo facto de D. Madalena não o reconhecer e o associar a um qualquer pedinte. 5. A estratégia usada poderá servir o propósito de dar às personagens que interagem com o romeiro tempo para irem tomando consciência da identidade daquele. Por outro lado, envolve a personagem num clima de mistério e de suspense, como convém ao drama romântico. 6. O juramento que o Romeiro fizera de naquele dia ter de estar diante de D. Madalena, o ter estado na guerra com a pessoa que o enviou e o cativeiro de 20 anos são aspetos que colocam o leitor/ espetador de sobreaviso. 7. Esta afirmação pode ser considerada correta porque, apesar de curta, é nesta cena que se desvenda a identidade do Romeiro, fator que desencadeará toda a catástrofe. 8. Esta afirmação é reveladora dos sentimentos que se apossaram da personagem no momento em que percebe que todos contaram com a sua morte e não o reconhecem. Ele sentiu que já não tinha importância, era como se tivesse sido reduzido a pó, isto é, a nada. Ao afirmar ser “ninguém", assume a sua perda de identidade, o que de certo modo é verdade. 1. O espaço é reduzido, sóbrio, sem qualquer tipo de ornamentação, a não ser objetos de cariz religioso. Além disso, é noite alta, o que confere desde logo um caráter funesto e sinistro ao lugar. A concentração espácio- temporal indicia a dimensão trágica da ação que aqui se vai desenrolar. 2. O desespero de Manuel de Sousa advém, inicialmente, da situação em que se encontra a filha. Está debilitada não só fisicamente (a doença agudizou-se) mas também a nível psicológico (a desonra irá abater-se sobre ela dado ser filha ilegítima). Teme mesmo que Maria não consiga sobreviver à desgraça que se abateu sobre a família. Posteriormente, revela a sua preocupação pelo estado em que se encontra a mulher, D. Madalena, pretendendo a todo o custo que esta não se confronte novamente com o Romeiro para evitar danos maiores. 3. Frei Jorge pretende apaziguar o irmão. Assim, evocando a infelicidade do Romeiro, pretende demonstrar que esta é maior do que a do irmão. Manuel tem quem o apoie a nível familiar e religioso, mas o velho peregrino não poderá contar com ninguém. Mostrando que há sofrimentos maiores, pretende que o irmão se conforme com o dele. 2. Telmo questiona-se sobre a validade do desejo que sempre alimentara de ver regressar D. João, principalmente porque tem consciência de que o amor que sente por Maria superou o que sentia pelo seu antigo amo. Balança entre um e outro, mas teme perder Maria. Por isso, oferece a sua vida em troca da dela. 3. Esse aparte permite que o leitor/espetador perceba que o pedido era por Maria, mas Telmo queria esconder isso ao seu primeiro amo. 1. D. Madalena está desesperada. Percebe, em primeiro lugar, que as dúvidas relativamente à mensagem do Romeiro não têm fundamento, conforme se vê pela resposta de Frei Jorge; em segundo lugar, não consegue demover Manuel de Sousa nem falar-lhe pela última vez; por último, Maria abala o seu frágil coração e foi como se o mundo desabasse sobre ela. 3. O coro contribui para o adensamento do clima trágico da ação, lembrando continuamente as personagens do ato solene a que se propuseram. 7. O Romeiro, perante todo o sofrimento causado, sente-se arrependido e dispõe-se a abdicar dos seus direitos, mostrando, no fundo, ter um bom coração. Assim, e face à fatalidade que provocara, pede a Telmo para ir salvá-los.