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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO


EPR 331

MATERIAIS CERÂMICOS

VIÇOSA-MG
2009/1
0
ADRIANA KARLA GOULART - 59102
CECÍLIA ALVES MOURÃO - 59098
ISADORA DE SOUZA LOPES - 59149
MICHELLE J. P. AZEVEDO - 59136
RAISA ZANDONADE VAZZOLER - 59113
RAQUEL DE FÁTIMA BRAGA - 59131

EPR 331 – CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE MATERIAIS

MATERIAIS CERÂMICOS

PROFESSOR: JOSEPH KALIL KHROURY JUNIOR

VIÇOSA-MG
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2009/1
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................03
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................04
2.1. CERÂMICAS À BASE DE SILICATO..............................................................04
2.2. ESTRUTURAS CRISTALINAS..........................................................................05
2.3. CLASSIFICAÇÃO...............................................................................................07
2.4. PROPRIEDADES MECÂNICAS........................................................................09
2.5. PROPRIEDADES ELÉTRICAS...........................................................................10
2.6. PROPRIEDADES TÉRMICAS............................................................................11
2.7. PROPRIEDADES ÓPTICAS...............................................................................12
2.8. PROCESSO DE FABRICAÇÃO.........................................................................12
2.9. VIDRO..................................................................................................................15
2.10. REFRATÁRIOS.........................................................................................17
2.11. CIMENTOS................................................................................................18
2.12. PRODUTOS À BASE DE ARGILA.........................................................19
2.13. APLICAÇÕES............................................................................................19
3. QUESTÕES..................................................................................................................21
4. CONCLUSÃO..............................................................................................................23
5. BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................24

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INTRODUÇÃO

“A palavra "CERÂMICA" deriva do termo grego KERAMIKE, derivação de KERAMOS,


que significa argila. Cerâmica é o conjunto de atividades destinadas à elaboração de toda a
espécie de objetos, com barros de qualquer classe, decorados ou não, utilizando-se a
propriedade que possui a argila de se moldar facilmente no estado de barro cru, adquirindo
dureza à medida que avança a sua secagem ou por efeito da cozedura.” (Portugal Cerâmica).

Os produtos cerâmicos começaram a ser produzidos na Pré-história. Nessa época, o homem


começou a se dedicar à agricultura e pecuária, portanto, fez-se necessário a existência de
objetos de simples produção, mas resistentes ao ambiente, para conter alimentos e água. Os
materiais cerâmicos também foram utilizados para o homem representar seu misticismo
através de símbolos e mais tarde começaram a ser empregados na construção de fornos e
casas. Os primeiros artefatos de cerâmica produzidos foram feitos basicamente com argila.
Pois essa, ao ser misturada com a água, torna-se maleável, podendo adquirir várias formas as
quais endureceram em contato com o calor.

“Cerâmicas incluem itens tão delicados que podem ser quebrados por um leve toque, tão
resistentes que podem proteger nosso próprio corpo e tão duradouros que permanecem depois
de milhares de anos revelando-nos a história dos nossos mais remotos ancestrais.” (Portugal
Cerâmica)

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

“Os materiais cerâmicos são compostos inorgânicos formados por elementos metálicos e não-
metálicos, ligados entre si fundamentalmente por ligações iônicas e /ou covalentes. Na
maioria das vezes, as cerâmicas são compostas por óxidos, nitretos e carbetos. A grande
variedade de materiais que se enquadram nessa classificação inclui as cerâmicas compostas
por materiais argilosos, o cimento e o vidro.” (CALLISTER, 2006, p.04).

As cerâmicas apresentam como estrutura interna uma disposição de átomos coordenada. Essa
disposição compreende modelos cristalinos altamente repetitivos, materiais sem forma e
vítreos. De acordo com Van Vlack, os materiais cerâmicos mais simples são constituídos de
SiO2, MgO, BaTiO3 e SiC, os outros mais complexos incluem produtos de cimentos, vidros,
gessos, tubos de drenagem, tijolos, ladrilho, materiais de isolamento elétrico, louças,
refratários para fornos e metais e porcelanas.

Cerâmicas à base de silicatos

Os silicatos são materiais compostos principalmente por silício e oxigênio, os dois elementos
mais abundantes na crosta terrestre, por essa razão a maior parte de rochas, solos, areia e
argila são classificados como silicatos.

Por serem bastante abundantes, cerâmicas a base de silicatos são favoráveis aos engenheiros
por seu baixo custo e suas propriedades.

Um átomo de Si4+ se liga a quatro átomos de O2- ficando a molécula SiO44- com uma carga
líquida de – 4 elétrons. O átomo de Si fica no centro do tetraedro e os quatro oxigênios nos
vértices.

Apesar de serem carregados negativamente, não são considerados iônicos, por sua ligação
covalente Si-O.

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Para ficarem com oito elétrons na última camada, assumindo uma estrutura eletrônica mais
estável, as unidades básicas de SiO44- podem ser combinadas em arranjos uni, bi e
tridimensionais, com outros tetraedros para formar estruturas complexas.

Quimicamente o silicato mais simples é o dióxido de silício ou sílica (SiO 2). Este pode se
reorganizar com tetraedros adjacentes formando um material eletronicamente neutro e todos
os átomos possuem estruturas eletrônicas estáveis.

Se esses arranjos forem arranjados de forma regular e ordenada, podem formar cristais. As
três formas cristalinas principais para a sílica são o quartzo, cristobalita e tridimita. As
ligações entre Si-O são fortes e isso resulta em temperaturas de fusão elevada de 1710ºC.
Como exemplos de cerâmicas à base de sílica podem ser citados o cimento portland e o vidro.

Estruturas cristalinas

Os compostos cerâmicos são formados por uma mistura de ligações iônicas e covalentes, e a
percentagem dessas ligações varia consideravelmente, o que determina, de certa maneira, o
tipo da estrutura cristalina, o que ira definir o produto cerâmico final.

Nas ligações iônicas, duas características influenciam a estrutura do material cristalino: a


carga elétrica dos íons envolvidos e o tamanho do raio atômico. Em estruturas cerâmicas
estáveis vários anions estão ao redor de um cátion, e por meio da razão entre o raio do cátion

e o raio do anion ( / ) sabemos numero de íons com carga negativa ao redor do cátion, o que
chamamos de numero de coordenação.

1. Estruturas cristalinas do tipo AX

São materiais cerâmicos comuns que são conhecidos como AX, em que A representa o cátion
e X representa o anion, no entanto a carga total desses materiais e neutra.

1.1 Estruturado Sal-gema (cloreto de sódio)

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A estrutura cristalina do sal-gema e formada por ligações fortemente iônicas. E uma estrutura
neutra em que o numero de Na+ e igual ao numero de Cl-, formando a estrutura química NaCl,
e o numero de coordenação e 6 para cátions e anions.

“Uma célula unitária para estrutura cristalina e gerada a partir de um arranjo


CFC dos anions, com um cátion localizado no centro do cubo e um cátion no
centro de cada uma das 12 arestas do cubo.” (CALLISTER, 2006, p. 31)

Essa estrutura resulta de um arranjo em que os cátions estão em que os cátions estão nos
centro das faces. Com isso, a estrutura cristalina do NaCl e formada por 2 redes CFC, uma de
cátions e outra de anions.

Outros compostos com essa estrutura MgO, LiF, FeO, CaO.

1.2 Estrutura do Cloreto de Césio

A estrutura do cloreto de césio tem a formula química CsCl com ligações iônicas entre os íons
Cs+ e Cl-, no entanto a carga total e neutra. O cloreto de césio possui numero de coordenação
igual a oito. No centro do cubo há apenas um cátion e envolta nos vértices do cubo os anions.

Outros compostos iônicos com essa estrutura cristalina: CsBr, TlCl, TlBr.

1.3 Estrutura de Blenda de Zinco

Blenda de zinco, ou esfalerita de formula química ZnS com numero de coordenação 4. De


acordo com Callister em “Ciência e engenharia de materiais, uma introdução”:

“Uma célula unitária em que todos os vértices e todas as posições nas faces da
celula cúbica são ocupados por átomos de S, enquanto os átomos de Zn
preenchem posições tetraédricas no interior do cubo.” (CALLISTER, 2006,
p.31)

Esse tipo de estrutura cristalina normalmente e altamente covalente.

2. Estruturas cristalinas do Tipo AmXp

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Estruturas cristalinas do Tipo AmXp e formado quando as cargas dos cátions e dos anions são
diferentes. Um exemplo e a estrutura cristalina CaF2(fluorita) em que a proporção de Ca2+
F-
para e de 1: 2 e a célula unitária consiste em 8 cubos em que a estrutura cristalina e
semelhante ao CsCl, porem a metade das posições no centro esta ocupada com íons Ca2+

Outros compostos: ZrO2, PuO2, UO2

3. Estruturas Cristalinas do Tipo AmBnXp

Compostos cerâmicos que possuem dois tipos de cátions, o titanato de bário (BaTiO 3) é um
exemplo dessas estruturas. Esse material possui estrutura cristalina perovskita que apresenta a
característica de efeito ferroelétrico típico de cerâmicas supercondutoras. Alem disso, possui
propriedades eletromecânicas. Quando submetida em temperaturas acima de120 0ºC a
estrutura cristalina é cúbica.

Classificação

A Associação Brasileira de Cerâmica classificou as cerâmicas em nove categorias: Cerâmica


Vermelha, Materiais de Revestimento, Cerâmica Branca, Materiais refratários, Isolantes
Térmicos, Fritas e Corantes, Abrasivos, Vidro, Cimento e Cal e Cerâmica de Alta Tecnologia.

A categoria das Cerâmicas Vermelhas é composta pelos materiais de coloração vermelha


utilizados em uso doméstico, em adereços e em construções civis. Por exemplo, tubos
cerâmicos, tijolos e telhas.

O grupo dos Materiais de Revestimento compreende aqueles materiais utilizados para revestir
espaços exteriores e interiores. Por exemplo, porcelanatos e azulejos.

A Classe das Cerâmicas Brancas é composta por objetos de corpo branco com uma cobertura
vítrea e cristalina. Por existir vários artefatos incluídos nessa classe, essa foi dividida em
cinco subgrupos: Louça Sanitária, Louça de Mesa, Cerâmicas Artísticas, Isoladores Elétricos
para Alta e Baixa Pressão e Cerâmica Técnica para fins diversos.

A classe dos materiais refratários compreende materiais que devem resistir a altas
temperaturas, forças mecânicas e reações químicas.

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A categoria das Fritas e Corantes é composta por matérias-primas aplicadas no acabamento
dos materiais cerâmicos. A Frita, um vidro moído, é utilizada na parte externa do artefato
cerâmico para que esse obtenha uma aparência vítrea, tornando o material mais resistente a
forças mecânicas, impermeável e mais bonito. Os Corantes são óxidos puros ou pigmentos
obtidos a partir de vários óxidos utilizados na camada externa de objetos cerâmicos com a
finalidade de que esse adquira colorações variadas

A Classe das Cerâmicas de Alta tecnologia é composta por materiais produzidos a partir de
matérias-primas puras e sintéticas, tais como objetos de corte, alguns brinquedos, satélites e
objetos para implantes em seres-humanos.

Higgins classificou os materiais cerâmicos em quatro categorias considerando a estrutura e a


composição. São elas:

 Cerâmicos amorfos: “são substâncias geralmente referidas como vidros” (HIGGINS,


1982, p.291). São materiais inorgânicos fundidos arrefecidos sem cristalizar, tendo o
ponto de fusão indefinido e a viscosidade elevada;
 Cerâmicos cristalinos: “materiais monofásicos como óxido de magnésio ou óxido de
alumínio, ou várias misturas de materiais como estes. Além desses, alguns carbetos e
nitritos pertencem a este grupo” (HIGGINS, 1982, p.291);
 Cerâmico ligado: “materiais nos quais cristais individuais são ligados juntos por uma
matriz vítrea como num grande número de produtos derivados de argila” (HIGGINS,
1982, p.291);
 Cimentos: são materiais que apresentam fases cristalinas.

Outra classificação atribuída aos materiais cerâmicos é:

 Cerâmicos tradicionais, que podem ser obtidos a partir de três componentes básicos: a
argila, a sílica e o feldspato;
 Cerâmicos técnicos, que são geralmente formados por compostos puros, ou quase
puros, como o óxido de alumínio e o carbeto de silício; e
 Materiais vitrocerâmicos, que são produzidos pela cristalização controlada de
materiais vítreos. A cristalização ocorre quando o vidro é submetido a temperaturas
que variam de 500 a 1100 ºC.

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Propriedades Mecânicas

A extrema fragilidade e dureza dos materiais cerâmicos vêm da natureza das suas ligações
atômicas covalentes ou iônicas e também pela existência de planos de deslizamento
independentes.

Segundo Van Vlack, os cerâmicos possuem elevado módulo de elasticidade (razão entre a
medida da tensão e uma deformação unitária), devido a força das ligações interatômicas.

A matéria-prima utilizada para a fabricação de materiais cerâmicos geralmente é um pó, por


isso após esse se tornar compacto há espaços vazios entre as partículas tornando o material
poroso e influenciando negativamente a elasticidade e resistência do cerâmico. A resistência
do material é comprometida, pois os poros concentram tensões e ao se aplicar uma carga
sobre uma área essa é reduzida pelos poros diminuindo a tensão a qual o material pode
resistir. Quando uma tensão atinge um valor crítico ocorre a formação de uma fenda que se
propaga até que se ocorra a fratura. Como exemplo “uma porosidade de 10% vol. é
responsável por uma diminuição em 50% na resistência à flexão em relação ao valor medido
para o material sem porosidade” (CALLISTER, 2006, p.152). A magnitude do módulo de
elasticidade pode ser descrita pela seguinte equação E = E 0 (1-1,9P+0.9P2), onde P é a
fração volumétrica da porosidade. Já a resistência a flexão, foi demonstrado
experimentalmente, que decresce exponencialmente como aumento da fração volumétrica de
porosidade.

A tenacidade definida como “medida da quantidade de energia absorvida por um material à


medida que este sofre uma fratura” (CALLISTER, 2006, p.684) é baixa nos materiais
cerâmicos devido às ligações iônicas e covalentes.

As cerâmicas cristalinas e não cristalinas podem sofrer a deformação plástica, ou seja, ”à


medida que o material é deformado chega um ponto em que a tensão não é mais favorável a

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deformação, e tem lugar uma deformação permanente e não recuperável, ou deformação
plástica” (CALLISTER, 2006, p.142).

Para as cerâmicas cristalinas ocorre certa deformação plástica devido ao movimento de


discordâncias, esse é definido como “defeito cristalino linear ao redor do qual existe um
desalinhamento atômico” (CALLISTER, 2006, p.676). Como a deformação plástica é
conseqüência do movimento de discordância, é dito que as cerâmicas sofrem uma deformação
de escorregamento. Essa deformação plástica só é possível nos materiais cerâmicos que
possuem cristais iônicos com íons de carga oposta e que o escorregamento ocorra em planos
em que os íons permaneçam atraídos uns pelos outros. Os cerâmicos cristalinos contêm um
alto índice de ligações iônicas, assim é eletricamente carregado de íons. Portanto há poucos
planos e direções para que ocorra o escorregamento o que determina a fragilidade e dureza
desses materiais.

As cerâmicas que possuem as ligações covalentes predominando, também são extremamente


frágeis. Como essas ligações entre átomos são específicas e direcionais, ou seja, “pode existir
somente na direção entre um átomo e o outro que participa do compartilhamento dos elétrons”
(CALLISTER: 2006, p.16), quando ocorre uma deformação nos cristais covalentes ocorre a
separação das ligações entre pares de elétrons sem reparação originando uma fratura.
Portanto, essa fragilidade é explicada pelas ligações covalentes que são intensas, pelas
discordâncias que são complicadas e pela existência de poucos planos e direções para que
ocorra o escorregamento.

No caso das cerâmicas não cristalinas não há estrutura atômica ajustada. Portanto quando se
aplica uma tensão de cisalhamento sobre esses materiais “átomos e íons deslizam uns sobre os
outros através da quebra e da reconstrução das ligações interatômicas” (CALLISTER, 2006,
p. 198) o que caracteriza um escoamento viscoso.

Os materiais cerâmicos são freqüentemente utilizados, devido sua característica de resistência


à corrosão causada por ambientes e pela temperatura. Essa característica decorre da
composição dos cerâmicos que é constituída por elementos metálicos e não-metálicos e
também por possuírem temperaturas de fusão bastante elevadas.

As Cerâmicas possuem alta resistência à compressão (pode variar de 2 MPa para tijolos
de barro cozido até 200 MPa para porcelanas enquanto que nas cerâmicas vermelhas
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varia entre 20 a 80 MPa) e baixa resistência à tração (normalmente na ordem de 15 a
20% da resistência à compressão). A alta resistência à compressão diminui com o aumento
da temperatura.

Propriedades Elétricas

Os cerâmicos possuem propriedades elétricas que permitem que sejam utilizados em


indústrias da eletrônica e elétrica. Esses materiais possuem baixa condutividade elétrica, pois
possuem ligações covalentes e iônicas e ausência de elétrons livres, e por isso, são
empregados como isolantes elétricos.

A porcelana elétrica, um tipo de material cerâmico formada por 25% de sílica, 50% de argila e
25% de feldspato, apresenta íons alcalinos bastante móveis por isso possui um fator de perdas
dielétricas, ou seja, “a medida da perda da energia elétrica na forma de energia térmica”
(SMITH, 1998, p. 621) alto. As porcelanas de estealite formadas por 90% de talco e 10% de
argila, contêm cristais de MgSiO3 ligados entre si por uma matriz vítrea o que os confere
baixas perdas dielétricas e baixa absorção de umidade tornando-os bons isolantes elétricos. A
forsterite possui íons alcalinos na fase vítrea o que acarreta em alta resistividade elétrica, ou
seja, “resistência do material a passagem de corrente elétrica” (CALLISTER, 2006, p.683) e,
em comparação com as porcelanas de estealite, menores perdas elétricas. Os cerâmicos de
alumina, os quais são constituídos por óxido de alumínio na fase vítrea, são caracterizadas
pela alta resistência dielétrica e baixas perdas dielétricas.

Propriedades Térmicas

A condutividade térmica é definida como “parâmetro que caracteriza a habilidade de um


material em conduzir calor” (CALLISTER, 2006, p.674). Nos cerâmicos a condutividade
térmica é baixa se comparada aos metais. Isso ocorre devido à existência de poucos elétrons
livres, ou seja, há poucos elétrons livres para transportar energia térmica. A porosidade dos
cerâmicos também influencia nos valores de condutividade térmica, pois a condução de calor
entre poros é extremamente lenta e ineficiente.

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A dilatação térmica nos materiais cerâmicos depende do ponto de fusão do material e da
estrutura. Materiais que possuem elevado ponto de fusão necessitam de alta quantidade de
energia térmica para exceder as forças de atração na sua estrutura interna. Materiais que se
apresentam densamente compactos, como os cristais iônicos, possuem coeficiente de
dilatação térmica maior. No entanto os materiais pouco compactados, como os vidros, ou seja,
apresentam alguns espaços vazios internos, possuem baixo coeficiente de dilatação térmica,
pois, ao ocorrer à expansão entre os átomos o material sofrerá poucas deformações
macroscópicas.

Os cerâmicos, por possuírem ligações interatômicas equivalentes apresentam coeficiente de


expansão térmica (“variação fracional em comprimento dividida pela variação na
temperatura” (CALLISTER, 2006, p.674)) baixo em relação à outros materiais. No caso de
cerâmicas cristalinas cúbicas e para as cerâmicas não-cristalinas o coeficiente de expansão
térmica é isotrópico, ou seja, “possui valores idênticos em todas as direções cristalográficas”
(CALLISTER, 2006, p.679), para outras cerâmicas esse coeficiente é anisotrópico, isto é
possui valores diferentes para as distintas direções.

As cerâmicas, principalmente as mais frágeis como os vidros podem sofrer o chamado choque
térmico. Os materiais cerâmicos possuem diferentes taxas de resfriamento e contração térmica
entre si e entre as regiões de sua superfície, portanto quando resfriados essas taxas podem
induzir tensões térmicas, tornando os materiais fracos e propensos a fraturas.

Propriedades Ópticas

O índice de refração, definido como “razão entre a velocidade da luz no vácuo e a velocidade
da luz em um dado meio” (CALLISTER, 2006, p.679), das cerâmicas cristalinas que são
formadas por estruturas cristalinas cúbicas e dos vidros possui valores iguais para todas as
direções. No entanto, para as cerâmicas cristalinas não cúbicas o valor do índice de refração é
maior onde a densidade de íons é maior.

Cerâmicas constituídas por estruturas cristalinas quando atingidas por raios de luz apresentam
a luz vibrando perpendicularmente e paralelamente em diferentes velocidades. Esse fenômeno
é explicado pela falta de simetria entre os cristais.

Processo de fabricação
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“Os processos de fabricação empregados pelos diversos segmentos cerâmicos assemelham-se
parcial ou totalmente. De um modo geral, eles compreendem as etapas de preparação da
matéria-prima e da massa, formação das peças, tratamento térmico, acabamento e em alguns
casos a esmaltação.” (http://www.abceram.org.br/asp/abc_503.asp).

- Preparação da matéria-prima

Muitas das matérias-primas empregadas na indústria cerâmica tradicional são de origem


natural e encontram-se em depósitos espalhados pela crosta terrestre. Após a mineração, os
materiais devem ser desagregados ou moídos e classificados de acordo com a granulometria e
muitas vezes também purificados.

- Preparação da massa

Os cerâmicos são produzidos empregando-se duas ou mais matérias-primas, aditivos, água ou


outros meios. É preciso que, durante a produção de um determinado objeto, a dosagem das
matérias-primas e aditivos seja seguida de forma rigorosa. Os tipos de massa são:

 Suspensão: para aquisição de peças em moldes de gesso ou resinas porosas;

 Massas secas ou semi-secas: na forma granulada, para obtenção de peças por


prensagem; e
 Massas plásticas: para obtenção de peças por extrusão.

- Formação das peças

O formato das peças cerâmicas pode ser obtido através de vários processos. Os métodos mais
utilizados são:

 Colagem: É caracterizada pela viragem de uma suspensão em um molde de gesso, e


assim o gesso vai absorvendo a água que faz parte da suspensão. Nesse período
partículas sólidas se acomodam na superfície do molde, formando a parede da peça.

 Prensagem: Uma massa granulada com baixo teor de umidade é colocada em um


molde de material polimétrico. Esse, após ser fechado hermeticamente, é introduzido
numa câmara contendo um fluido que exerce forte pressão no molde.

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 Extrusão:Uma massa é colocada em uma extrusora, a qual é compactada e forçada
por um pistão. Após certo tempo, obtém-se uma coluna extrudada de formato e
dimensão desejada. Tal coluna é cortada, tendo-se blocos, tubos e outros produtos de
formato regular.

 Torneamento: Etapa posterior à extrusão, que confere o formato final à peça.

- Tratamento térmico

Este tratamento é muito importante, pois determina o desenvolvimento das propriedades


finais dos produtos cerâmicos. Compreende as seguintes etapas:

 Secagem: Mesmo após todo o processamento a que a peça é submetida ela continua a
conter água, proveniente da preparação da massa. Essa água pode ser eliminada de
forma branda, em secadores, em temperaturas em torno de 50 ºC e 150 ºC, evitando o
aparecimento de tensões e defeitos nas peças.
 Queima: Submete-se as peças a temperaturas em torno de 800 ºC a 1700 ºC e assim
elas adquirem suas propriedades finais devido a algumas transformações que ocorrem
nela, como, por exemplo, a formação da fase vítrea, soldagem dos grãos, perda de
massa e desenvolvimento de novas fases cristalinas.

- Acabamento

“Normalmente, a maioria dos produtos cerâmicos é retirada dos fornos, inspecionada e


remetida ao consumo. Alguns produtos, no entanto, requerem processamento adicional para
atender a algumas características, não possíveis de serem obtidas durante o processo de
fabricação. O processamento pós-queima recebe o nome genérico de acabamento e pode
incluir polimento, corte, furação, entre outros.” (http://www.abceram.org.br/asp/abc_503.asp).

- Esmaltação

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Etapa em que alguns dos materiais cerâmicos recebem uma camada de esmalte ou vidrado,
que após a queima adquire o aspecto vítreo. Este aspecto vítreo melhora os aspectos estéticos,
higiênicos e algumas propriedades mecânicas e elétricas.

V IDRO

O vidro é definido como “um material cerâmico, uma vez que, é feito a partir de materiais
inorgânicos a altas temperaturas. No entanto, distingue-se dos outros cerâmicos pelo fato de
os seus constituintes serem aquecidos até a fusão e depois serem arrefecidos para um estado
rígido, sem cristalização” (SMITH, 1998, p.640).

O vidro é fabricado a partir do aquecimento de matérias-primas até que ocorra a fusão dos
materiais. Essa fusão é necessária para a formação de um vidro isento de poros, ou seja, que
possui transparência óptica. Após a fusão há um líquido que deverá ser resfriado. O líquido
torna-se mais viscoso à proporção que a temperatura diminui passando “de um estado pastoso,
facilmente deformável, tipo borracha, para um estado vítreo e frágil num intervalo estreito de
temperatura”. (SMITH, 1998, p.640). Denomina-se de temperatura de transição vítrea de um
material a temperatura de transição entre o estado pastoso e o estado rígido.

Durante o resfriamento na fabricação do vidro ocorrem mudanças na sua densidade o que


influencia nas suas características. À proporção que a temperatura diminui os átomos se
arranjam numa estrutura compacta. Abaixo da temperatura de transição vítrea, as distâncias
interatômicas diminuem.

Na produção de materiais a base de vidro, são empregados alguns processos: prensagem,


insuflação, estiramento e conformação de fibras. Na prensagem, a formação de um artefato de
vidro é configurada pela utilização de uma pressão contínua em um molde de ferro com o
desenho almejado. Desse modo, ocorre um refinamento dos grãos que constituem o material e
uma distribuição mais homogênea de impurezas, o que acarreta na formação de uma peça
mais resistente. Essa técnica é empregada na fabricação de pratos e louças.

Na insuflação a peça adquire a forma desejada por meio da pressão originada de uma injeção
de ar e aplicada em um molde, o qual contém a peça inserida. Esse método é aplicado na
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produção de bulbos de lâmpadas de vidro, garrafas e jarras. Na produção de artefatos de arte é
empregada a insuflação manual.

No estiramento o vidro é deslizado sobre um estanho fundido se deformando e adquirindo


uma superfície plana. Essa técnica é empregada para se obter peças contínuas e delgadas,
como por exemplo, tubulações de vidro e vidros planos.

As fibras de vidro são obtidas através do estiramento do vidro fundido através de pequenos
orifícios na base de uma câmara de aquecimento.

A maior parte dos vidros tem como composição básica o SiO2, soda barrilha (Na2CO3) e
calcário (CaCO3). Os vidros de sílica são constituídos por tetraedros de SiO4- .

No processo de formação do vidro de sílica, os tetraedros adquirem uma orientação aleatória,


devido à velocidade de resfriamento da sílica fundida. Essa orientação casual acarreta na
inexistência de planos de deslizamento. Portanto, quando submetidos a tensões, ligações entre
átomos se rompem. Se essa tensão for constante mais ligações serão quebradas gerando um
fluxo viscoso.

Há, também, os vidros que são formados por B2O3. O óxido de boro é capaz de penetrar na
rede da sílica atenuando sua estrutura e enfraquecendo a temperatura de amolecimento do
vidro de sílica. São utilizados em artefatos para forno e equipamentos de laboratório.

Cerca de 90% dos vidros produzidos são os vidros sódico-cálcio, os quais são constituídos de
“71% a 73% de SiO2, 12 a 14% Na2O) e 10 a 12% CaO. A presença de Na 2O e CaO
contribuem para que o vidro seja mais fácil de enformar, ao diminuírem a temperatura de
amolecimento de 1600 ºC para 730 ºC. São empregados em recipientes e artefatos prensados
os quais não necessitam resistência ao calor.

Os vidros de chumbo são constituídos principalmente por óxido de chumbo. O chumbo é


capaz de absorver raios-X, portanto a fusão desses vidros ocorre em temperaturas baixas e sua
refração possui índices elevados. São usados em tubos de televisão e em janelas de radiação

Para valores superiores a temperatura de transição vítrea, o vidro tem o comportamento de um


líquido viscoso, ou seja, sob ação de uma força de cisalhamento, os íons de silicato deslizam-
se uns sobre os outros permitindo uma deformação continua do vidro. Acima da temperatura
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de transição vítrea, embora as forças interatômicas resistam à alteração, pode ocorrer
escoamento viscoso do vidro dependendo da tensão aplicada.

Os vidros de sílica, por apresentarem baixa compactação atômica, permitem que uma
expansão interatômica ocasione modificações macroscópicas, razão pela qual possuem um
baixo coeficiente de expansão térmica.

Os vidros, assim como outras cerâmicas amorfas, são caracterizados por sua estrutura atômica
desregulada. Portanto o espalhamento de fônos é melhor resultando em uma menor
condutividade térmica em relação a outros cerâmicos.

Os vidros, assim como os cristais cúbicos, possuem valores idênticos de polarização


eletrônica da luz em todas as direções do material. Esses podem se tornar birrefringentes, ou
seja, apresentarem diferenças entre o índice de refração mais rápido e o índice refração do
raio mais lento devido a pressões que sofrem durante o processamento, o que altera as
densidades atômicas.

O vidro de sílica “mantém a transmissão através da faixa visível para os comprimentos de


onda abaixo dos valores de 200A" (VAN VLACK, 1973, p.193). Os vidros, além da presença
de sílica,contém outros elementos em sua composição, como óxidos que podem abaixar ou
diminuir a transmissão.

Refratários

Os refratários podem ser classificados em Argilas Refratárias, Refratários à base de sílica,


Refratários Básicos e Refratários Especiais.

As Argilas Refratárias são constituídas de alumina e sílica. Os tijolos são um exemplo de


argila refratária. São usados em fornos para restringir e isolar atmosferas sob altas
temperaturas.

Os refratários a base de sílicas são constituídos de sílica, constituinte que possui temperatura
de fusão acima de 3000 oC. Apresentam baixo custo e elevada disponibilidade, alta resistência
mecânica, sendo capazes de tolerar cargas a elevadas temperaturas, por isso são empregados
em teto de fornos que fabricam vidros e aços. Além disso, são resistentes a resíduos de sílica,
sendo utilizados em vasos de contenção de sílica. Mas sofrem ação de resíduos de óxidos de
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cálcio e de magnésio. Os refratários de sílica são caracterizados pela resistência mecânica a
altas temperaturas devido ao equilíbrio de fases e a sua microestrutura, o que impede que
qualquer líquido que possa ser formado durante o processamento venha interromper o contato
sólido-sólido.

Os refratários básicos são formados principalmente por periclásio, magnesita. São resistentes
a resíduos de óxidos de magnésio e cálcio, sendo empregados em fornos que fabricam ácidos.

Os refratários especiais são constituídos por óxido de alta pureza, como a alumina, a sílica, a
magnesita e mulita. Outros, suscetíveis a oxidação, contêm compostos a base de carbetos,
como carbono e grafita. Esses refratários são empregados em materiais sofrem aquecimento
por resistência.

Em geral, os refratários caracterizam-se por elevada resistência mecânica a altas e baixas


temperaturas e pela porosidade. Os menos porosos são mais resistentes à corrosão e erosão e a
penetração de gases e líquidos. Já os mais porosos são mais eficientes no isolamento térmico

Cimentos

Os cimentos são caracterizados por formarem estruturas de variadas formas intensamente


duras quando são misturados com água. Apresentam a capacidade de ao serem misturados
com a água formarem uma massa moldável, que se torna rígida devido a ação de uma força
química.

O principal cimento é o portland, o qual é “produzido através da moagem e da mistura íntima


de argila e de minerais que contêm cal nas proporções adequadas, e então pelo aquecimento
da mistura resultante até uma temperatura de aproximadamente 1400 oC em um forno
rotativo. O produto que resulta é então moído na forma de um pó muito fino, ao qual se
adiciona uma pequena quantidade de gesso para retardar o processo de pega.” (CALLISTER,
2006, p.417).

O endurecimento desse material ocorre devido a reações de endurecimento. Por exemplo:

2C3S + 6H2O C3S2 . 3H2O + 3Ca(OH)2

2C2S + 4H2O C3S2. 3H2O + Ca (OH)2

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O silicato tricálcio hidratado é um gel coloidal o qual endurece rapidamente sendo o
responsável pelo aumento da resistência mecânica.

O concreto é formado por uma mistura de cimento Portland, água, areia e pedra. As partículas
finas da areia preenchem o espaço vazio entre as pedras o que contribui para um
empacotamento rígido. O concreto é amplamente utilizado em construções por endurecer
rapidamente. Por ser um material cerâmico é frágil. Sob alterações de temperatura, expandem
e se dilatam. Além disso, líquidos podem entrar em seu interior ocasionando o aparecimento
de trincas.

Produtos à base de argila

A argila confere aos corpos cerâmicos hidroplasticidade, ou seja, a adição de água os torna
extremamente plásticos. Além disso, por se fundirem em uma faixa de temperatura, permitem
que um material duro, possa durante seu cozimento ser moldado até adquirir a forma
desejada.

Nas argilas a plasticidade se comporta de acordo com a quantidade de água. Até um certop
ponto a quantidade de água é proporcional a plasticidade. A partir desse, a argila transforma-
se em um líquido viscoso. As argilas apresentam maior plasticidade quando são mais puras e
quando são tratadas à vácuo.

Um objeto de argila seca, em contato com o ar, tem a velocidade de evaporação da água
diminuída em função da capilaridade. Ou seja, a medida que a superfície seca, recebe, por
capilaridade, água das camadas mais internas, até que o material seja homogêneo quanto a
umidade.

Em razão dessa secagem e do efeito de capilaridade, o material se retrai, ou seja, os espaços


anteriormente ocupado por moléculas de água, tornam-se vazios. No entanto, essa retração
não ocorre de maneira uniforme me todo o material, deformando-o.

Aplicações

Atualmente, os materiais cerâmicos ocupam uma posição de destaque no mercado, tendo em


vista que a indústria cerâmica contribui com 1,0% para o PIB nacional.

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Esse extensivo uso deve-se as suas propriedades, tais como: facilidade de conformação, baixo
custo e densidade, resistência a corrosão e altas temperaturas. Assim os materiais cerâmicos
(cerâmicos tradicionais) são utilizados para fabricação de telhas, tijolos, louças sanitárias e os
cerâmicos técnicos são utilizados em zicórnia em facas, anilhas e ferramentas, painéis de
forno, parafusos e invólucros cilíndricos de lâmpadas de alta intensidade.

 Cerâmica Estrutural (Vermelha):

Enquadram-se neste grupo, os tijolos furados, maciços, telhas, tavelas ou lajes, blocos de
vedação e estruturais, manilhas e pisos rústicos. A coloração vermelha dessas cerâmicas é
resultado da presença de óxido de ferro. Essas cerâmicas também possuem coeficiente de
condutividade térmica menor que do concreto, isto é, conduz mais ou menos calor por unidade
de tempo.

Os tijolos, utilizados em alvenaria, estruturais ou simples vedação têm como principais


características a sua estrutura e estética, uniformidade dos blocos, permeabilidade da água e
aderência entre materiais e sua resistência à compressão. Os tijolos podem ser maciços ou
furados, sendo que o primeiro absorve mais água. Já as telhas são argilas ricas em ilita e
montmorilonitas, possuem características compatíveis com a geometria e a utilização do
produto, ou seja: boa resistência da massa seca, telhas com elevada resistência a flexão e baixa
porosidade, ausência de fissuras, esfoliações, quebras, queima adequada e uniforme
e impermeabilidade.

O segmento da cerâmica vermelha gera rendas consideráveis, em torno de US$ 2500 milhões.
Esse rendimento fica nas localidades produtoras, com um enorme significado social na criação
de empregos ao propiciar a construção, em geral de moradias.

 Cerâmicas de Revestimento:

Este segmento apresenta um alto desenvolvimento tecnológico. São 121 indústrias que
produzem azulejos, pisos e revestimentos externos.

 Refratários:

Sendo a maioria dos cerâmicos, este grupo de materiais é capaz de resistir a altas temperaturas,
mantendo suas propriedades físico-químicas, podendo citar a resistência elétrica, baixa
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condutividade térmica e elétrica. Geralmente são encontradas em fornos industriais de
laboratórios de pesquisa e ensino, caldeiras, fornos domésticos e churrasqueiras (tijolo
refratário).

“Resistência ao calor é uma das características mais atrativas nos materiais cerâmicos, por
essa razão telhas de cerâmica fornecem blindagem ao aquecimento nos ônibus espaciais de
hoje. Uma classe inteira de cerâmicas resistentes ao calor, chamadas de refratários torna
possível a construção de alto-fornos siderúrgicos e usinas nucleares que são o coração da
indústria moderna.”(http://www.apicer.pt/SOBRE/sobre_ceramica_page.asp).

 Louças Sanitárias

Com boa qualidade, a louça sanitária é exportada para os EUA, América do Sul e Central. O
mercado nacional é bem atendido de produtos convencionais e de luxo. As louças sanitárias
constituem de argilas plásticas e o esmalte é por óxido de chumbo, quartzo finamente moído,
estanho e óxidos coloridos. Possuem ausência de fissuras, ondulações ou falhas de esmaltação,
menor a incidência de defeitos tais como empenamento, manchas, bolhas, empolas e pintas.

 Biocerâmicas:

Os biomaterias são aqueles que podem ser usados para substituir certos tipos de tecidos do
corpo humano, porém estes devem apresentar propriedades físicas e biológicas que sejam
compatíveis com as características do tecido humano verdadeiro, de modo que o corpo dê uma
resposta adequada. A primeira utilização de cerâmicas como biomateriais é antiga, desde 1814,
quando o Dreesman tentou utilizar o gesso em substituição aos ossos. Na década de 70, o uso
de alumina foi bastante difundido e até hoje é utilizado em próteses ortopédicas. Além da
alumina citam-se também a zircônia, dióxido de titânio, fosfatos de cálcio, as vitrocerâmicas
de sílica/fosfatos de cálcio.

 Cerâmica Artística:

Utilizada como peças decorativas podem ser de vários tipos, como porcelanas, peças
decorativas em vidros dentre outras.

QUESTÕES

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1) O comportamento tensão-deformação das cerâmicas não é avaliado por meio de um
ensaio de tração. Cite as razões desse fato e o método empregado para avaliar esse
comportamento.

O ensaio mecânico de tensão—deformação não é conduzido sob tração para os materiais


cerâmicos, pois esses são extremamente frágeis, logo uma fratura no material ocorreria
facilmente ao prender ou segurar o material para fazer o ensaio. Além disso, após uma
deformação de 0,1%,os cerâmicos falham, ocorrendo flexão ou tensões de dobramento, difíceis
de serem calculadas. E é complicado produzir corpos-de-prova que apresentam a geometria
idêntica a de um material do qual se deseja saber o comportamento quando uma tensão é
aplicada.

Sendo assim o comportamento é avaliado por meio de um ensaio de flexão transversal, em que
o material é flexionado até sua fratura.

2) Quais as principais diferenças e semelhanças das fases cerâmicas e materiais


metálicos?

Muitas das fases cerâmicas são cristalinas como os metais. Ao contrário dos metais, as
estruturas cerâmicas não possuem um grande número de elétrons livres e por isso não são
bons condutores de energia e calor. As ligações iônicas dão uma estabilidade relativamente
alta aos materiais cerâmicos, com isso possuem uma temperatura de fusão em média superior
a dos metais. Quando sólidos são isolantes, já em temperaturas elevadas, devido a maior
energia térmica conduzem eletricidade. Por não possuírem elétrons livres a maior parte, dos
materiais cerâmicos, é transparente, diferente dos metais, além de terem uma estrutura
cristalina mais complexa que a dos metais.

3) A corrosão é um processo pelo qual materiais sofrem transformações devido interações


com o ambiente. Avalie os cerâmicos quanto a corrosão.

Os materiais cerâmicos são resistentes a corrosão, pois são formados por elementos não-
metálicos e metálicos. Dessa forma já sofreram o processo, sendo isentos à corrosão
desencadeada pela exposição a diversos ambientes. Portanto, os cerâmicos são utilizados para

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suportar diversos ambientes (armazenar líquidos, temperaturas elevadas) durante um longo
período de tempo.

CONCLUSÃO

Cerâmicas estão por toda parte – barros, edifícios e calçadas. São empregadas por dentistas
em implantes dentários, próteses, cimento e coroas.

As formas de materiais cerâmicas e suas propriedades estão extremamente relacionadas com a


porcentagem de ligações iônicas e metálicas e com os tipos de elementos envolvidos nessas
ligações.

De acordo com a Associação Brasileira de Cerâmica, as cerâmicas são classificadas em


Cerâmica Vermelha, Materiais de Revestimento, Cerâmica Branca, Materiais refratários,
Isolantes Térmicos, Fritas e Corantes, Abrasivos, Vidro, Cimento e Cal e Cerâmica de Alta
Tecnologia.

Os materiais cerâmicos são caracterizados pela extrema fragilidade e dureza. Apresentam


porosidade, baixa tenacidade e condutividade térmica, baixo coeficiente de expansão térmica
e valor de dilatação térmica dependendo do ponto de fusão do material e da estrutura.

O processo de fabricação de um cerâmico compreende as etapas de preparação da matéria-


prima, preparação da massa, formação de peças, tratamento térmico, acabamento, esmaltação.

Os vidros são materiais cerâmicos fabricados pelo aquecimento de matérias-primas e posterior


resfriamento. Quando o líquido é resfriado, aumenta a sua viscosidade até o material
apresentar o comportamento mecânico de um sólido. Os refratários são caracterizados por sua
elevada resistência mecânica a altas e baixas temperaturas e pela porosidade. Os cimentos têm
a capacidade de formarem estruturas extremamente rígidas quando misturados com água. Já
os produtos de argila conferem a um objeto cerâmico hidroplasticidade e a possibilidade de,
durante o cozimento, ser moldados até a forma desejada.

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BIBLIOGRAFIA

CALLISTER William, Fundamentos da Ciência e Engenharia de Materiais: uma Abordagem


Integrada. 2ª edição. Rio de Janeiro: LCT, 2002.

HIGGINS, Raymond. Propriedades e estruturas dos materiais de engenharia. São Paulo:


DIFEL Difusão Editorial S.A., 1982.

<http://www.abceram.org.br/asp/abc_503.asp - Associação Brasileira de Cerâmica> Acesso


em: 21 março, 2009.

<http://www.apicer.pt/SOBRE/sobre_ceramica_page.asp - Portugal cerâmica> Acesso em: 29


março, 2009.

<http://www.arq.ufsc.br/arq5661/Ceramicos/propriedades.html> Acesso em: 29 março, 2009.

<http://www.dec.feis.unesp.br/sao/ciencias_materiais_5.ppt#256,1,Propriedades Mecânicas
dos Materiais Cerâmicos> Acesso em: 29 março, 2009

<http://www.estg.ipleiria.pt/files/288121_trab_ceramico_45a23011bb5a2.pdf> Acesso em: 29


março, 2009.

SMITH, Willian, Princípios de Ciência e Engenharia dos Materiais. 3ª edição, McGR AW


HILL1, 1998.

VAN VLACK, L.H. Princípio de Ciência dos Materiais


São Paulo: E.Blucher, 1985.

VAN VLACK, L. H. Propriedades dos Materiais Cerâmicos. São Paulo: Edgard Blücher,
1973.

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