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DIREITO EMPRESARIAL

O Estabelecimento
04 Empresarial

04.1 – Introdução

Noções gerais
Noções iniciais:
O estabelecimento empresarial, também chamado de fundo de comércio, é o
instrumento da atividade do empresário. O estabelecimento compreende o conjunto de bens
corpóreos e incorpóreos que o empresário possui para o desenvolvimento de sua atividade
econômica. Não é essencial, porém, que todos os bens componentes do estabelecimento
pertençam ao empresário. Podem fazer parte também bens locados ou provenientes de
outra relação jurídica que legitime o seu uso pelo empresário. O Código Civil define o
estabelecimento empresarial como um complexo de bens organizados pelo empresário para
o exercício da empresa.

CÓDIGO
CIVIL
Art. 1.142 - Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

O estabelecimento e o patrimônio do empresário:


Embora seja possível que o patrimônio do empresário corresponda aos bens do
estabelecimento empresarial, são dois institutos distintos que não devem ser confundidos.
Todo estabelecimento empresarial integra o patrimônio do empresário, mas este não se
reduz necessariamente àquele. Os bens cuja exploração não esteja relacionada com o
desenvolvimento da atividade econômica, integram o patrimônio do empresário, mas não o
estabelecimento empresarial.

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Patrimônio e estabelecimento:
O patrimônio é o complexo de relações jurídicas economicamente apreciáveis de uma
pessoa. O empresário pode ou não dispor do seu patrimônio para integrar o
estabelecimento, mas o patrimônio em si é do empresário e não do estabelecimento.
Os débitos não pertencem ao empresário, mas ao seu patrimônio, que por eles
responde.

Natureza jurídica
Natureza jurídica:
Já existiram várias correntes doutrinárias sobre a natureza jurídica do estabelecimento
empresarial, mas predomina na atualidade o entendimento de que o estabelecimento é uma
universalidade de fato, representando o complexo de bens do empresário. É assim
objeto e não sujeito de direitos.

Corrente atomista:
Dentre as classificações existentes, a visão da corrente atomista considera o estabelecimento
como não existente do ponto de vista jurídico, porquanto seus elementos componentes
seriam autônomos, ou seja, os bens do estabelecimento não são concebidos de modo
unitário e a agregação dos vários componentes não teria a menor importância. Embora esta
teoria negue a unidade do estabelecimento, preferindo tratar os elementos componentes do
estabelecimento individualmente, reconhece que ele se apresenta como um todo em relação
aos negócios jurídicos.

Universalidade de fato e de direito:


Os conjuntos de bens criados pelo homem são considerados como universalidades, que
podem ser de fato ou de direito, conforme a sua constituição. Quando as universalidades
surgem por vontade do homem e podem ser desfeitas são consideradas como
universalidades de fato. Quando, porém, as universalidades surgem por imposição legal e
não podem ser desfeitas, como o espólio ou a massa falida, são chamadas de universalidades
de direito. O estabelecimento empresarial é uma universalidade de bens que surge pela
vontade do empresário. É proveniente da vontade do empresário, que organiza e reúne os
elementos integrantes do estabelecimento.

Composição do estabelecimento empresarial


Noções iniciais:
Compõe-se o estabelecimento empresarial de elementos corpóreos e incorpóreos, que o
empresário comercial une para o exercício de sua atividade. Não perdem cada um deles sua
individualidade singular, mas unidos integram um novo bem. Na categoria dos bens, por
outro lado, é classificado como bem móvel, não consumível e infungível, embora muitos
elementos que o integram sejam fungíveis. Sendo objeto de direito, constitui propriedade do
empresário, que é o seu dono (sujeito do direito).

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O conjunto de bens do estabelecimento pode apresentar valor econômico superior a de seus
bens separados. Reunidos e organizados, os bens possuem um valor maior, pois são capazes
de gerar uma atividade econômica rentável.

O traço comum entre os elementos integrantes do estabelecimento é a organização feita pelo


empresário para o desenvolvimento da atividade. Não é essencial que todos os elementos
estejam sujeitos ao mesmo tipo de direito do empresário, isto é, os elementos podem ser
objetos de direitos distintos (propriedade, uso, direitos pessoais). Em função disso, não é
correto falar em propriedade do estabelecimento, mas em titularidade dos direitos que
asseguram a utilização dos elementos.

Bens corpóreos:
São considerados bens corpóreos do estabelecimento empresarial:
ƒ mercadorias: produtos destinados ao mercado e que estão preparados para o
consumo;
ƒ instalações: acomodações montadas no estabelecimento para apresentação da
mercadoria e conforto de sua clientela;
ƒ máquinas e utensílios: destinados à produção de coisas ou de serviços.

Bens incorpóreos:
Podem fazer parte do conjunto de bens incorpóreos do estabelecimento empresarial:
ƒ o ponto comercial: é o lugar em que o empresário se estabelece e constitui num direito
abstrato de localização;
ƒ créditos: prestações representadas por títulos de crédito;
ƒ título de estabelecimento: constitui título e insígnia as denominações, emblemas ou
quaisquer outros sinais que sirvam para distinguir o estabelecimento empresarial;
ƒ propriedade industrial: marcas, privilégios de invenção, modelos de utilidades e
desenhos industriais;
ƒ domínios da internet: são os endereços eletrônicos nos quais estão os sítios pelos quais
o empresário muitas vezes o utiliza para exercer a sua atividade.

No exercício da empresa, o empresário é levado a firmar diversos contratos. Mas estes,


entretanto, não são bens, pois não pertencem ao estabelecimento e sim ao exercício da
empresa. Assim como as dívidas, os contratos fazem parte do patrimônio e não do
estabelecimento.

Organizações empresariais com diversos estabelecimentos


Estabelecimento principal ou matriz:
Não é necessariamente aquele com maiores dimensões físicas, mas onde se situa a chefia da
empresa e efetivamente atua o empresário no governo ou no comando de seus negócios.
Nesse estabelecimento, contabilizam-se as suas contas e, por isso, aí se encontram os livros
comerciais, sobretudo os livros obrigatórios e os livros fiscais. Assim, o domicílio fiscal da

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empresa, quando não for determinado pela sede estatutária, será pelo estabelecimento
centralizador das atividades da empresa.

Filial:
É mais vinculada a matriz, onde o gerente não tem nenhuma autonomia.

Sucursal:
Corresponde, geralmente, a estabelecimento secundário, cujo gerente tem certa autonomia,
mas esta vinculado ao estabelecimento principal, pois dele recebe instruções sobre negócios
de maior importância ou gravidade.

04.2 – O Estabelecimento Enquanto Objeto de


Negócios Jurídicos

Noções gerais
Negócios com o estabelecimento empresarial:
O estabelecimento empresarial, considerado como universalidade de fato, pode ser objeto de
negócios jurídicos como um todo, ou seja, como uma coisa coletiva que compreende o conjunto
de bens e seus nexos organizativos. Assim, pode ser objeto dos negócios jurídicos que sejam
compatíveis com a sua natureza. O Código Civil de 2002 reconhece tal possibilidade no
artigo 1.143 e, no artigo seguinte, menciona a possibilidade de alienação, arrendamento ou
instituição de usufruto do estabelecimento.

Proteção aos credores:


Contudo, os negócios jurídicos que envolvam o estabelecimento empresarial são tratados
com certa cautela pelo legislador para proteger os interesses de eventuais credores, uma vez
que o estabelecimento é composto pelo conjunto de bens que garantem todas as obrigações
contraídas pelo empresário. Este é o motivo das regras encontradas no Código Civil (artigos
1.142 a 1.149) tratarem principalmente de questões envolvendo negócios com o
estabelecimento empresarial.

Publicidade:
Como os negócios previstos para o estabelecimento (alienação, usufruto ou arrendamento)
podem influir sobre interesses de terceiros, especialmente os credores do empresário, estes
devem ter a oportunidade de tomar conhecimento dos negócios que o envolva. Por essa
razão, o artigo 1.144 do Código Civil estabelece um regime de publicidade e publicação
oficial para os negócios envolvendo o estabelecimento.

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Art. 1.144 - O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do
CÓDIGO
CIVIL
estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição
do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de
publicado na imprensa oficial.

Averbação:
Desta forma, a lei exige que os negócios envolvendo o estabelecimento sejam averbados no
registro público de empresas mercantis, à margem do registro do empresário, e que seja
feita uma publicação na imprensa oficial sobre o negócio. A averbação deixa um registro
aberto ao público em geral, sendo que qualquer um pode ter acesso ao teor da negociação.

Publicação oficial:
Esta averbação deverá ser publicada no órgão oficial de imprensa a fim de tornar público
aos credores para que tenham conhecimento da negociação e do novo titular do
estabelecimento. A publicação na imprensa oficial funciona como uma comunicação geral,
fazendo se presumir o conhecimento do negócio por terceiros.

A publicidade e a publicação oficial não são condições de validade do negócio, mas de


eficácia perante terceiros. Apenas com o cumprimento de tais exigências é que os negócios
envolvendo o estabelecimento produzem efeitos perante estes. Por exemplo, o artigo 1.145 do
Código Civil afirma que as obrigações contabilizadas são transferidas ao adquirente do
estabelecimento, permanecendo o alienante responsável pelo prazo de um ano. Esse efeito só
é produzido com a averbação e a publicação. Do mesmo modo, o prazo mencionado só
começa a ser contado com a publicação.

Pagamento dos credores:


O Código Civil protege os interesses dos credores eivando de ineficácia a alienação do
estabelecimento sem o pagamento de todos os credores, ou sem o seu consentimento
expresso ou tácito em 30 dias contados de sua notificação. Se o empresário mantiver bens
suficientes para o pagamento dos credores, será válida a negociação.

CÓDIGO Art. 1.145 - Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da
CIVIL alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento
destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.

Alienação do passivo:
Anteriormente, o passivo não se transferia com a alienação do estabelecimento empresarial,
permanecendo as suas dívidas com o alienante. Excetuava-se os casos de dívida trabalhista
ou fiscal, quando passava o adquirente a responder, mas nas outras hipóteses o passivo não
se transferia. O comprador, porém, poderia contrair as obrigações do alienante, se assim
fosse estipulado em cláusula contratual. Esse contrato tinha o nome de trespasse.
Atualmente, segundo o Código Civil, o adquirente do estabelecimento sucede o alienante
nas obrigações regularmente contabilizadas, como ocorre no direito italiano. O alienante
continua, porém, solidariamente obrigado por um ano a contar da publicação no caso de
obrigações vencidas, ou a contar do vencimento no caso de dívidas vincendas.

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Art. 1.146 - O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à
CÓDIGO
CIVIL
transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo
solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da
publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

Créditos:
Os créditos são transferidos ao adquirente, pois são integrantes do estabelecimento. A
cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação
aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor
ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente (CC, art. 1.149).

Cláusula de não restabelecimento:


A cláusula de não-restabelecimento impõe que o alienante não faça concorrência ao
adquirente e é implícita em qualquer contrato de alienação de estabelecimento empresarial.
O alienante do estabelecimento não poderá, nos 5 anos subsequentes à transferência,
restabelecer-se em idêntico ramo de atividade empresarial, concorrendo com o adquirente,
salvo se devidamente autorizado em contrato (CC, art. 1.147). É oportuno esclarecer que não
se trata de proibição do exercício da atividade anteriormente desenvolvida, mas, sim, de
proibição de concorrência entre alienante e adquirente. O alienante pode continuar
desenvolvendo a mesma atividade empresarial desde que não faça concorrência ao
adquirente do estabelecimento.

No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo


persistirá durante o prazo do contrato (CC, art. 1.147, parágrafo único).

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04.3 – Proteção do Estabelecimento Empresarial

O ponto empresarial
Noções iniciais:
Não existe proteção específica na lei para o estabelecimento empresarial. Uma das poucas
leis que a ele se refere é a que protege o “ponto”, regulando o direito à renovação do contrato
de locação comercial.

O ponto empresarial:
Diretamente relacionado ao imóvel, mas não se confundindo com ele, está o ponto
empresarial, um elemento incorpóreo do estabelecimento pertencente ao empresário. Em
muitos casos, a localização do exercício da empresa mostra-se fundamental para o sucesso,
pois a clientela do empresário surge e aumenta em função do local onde se exerce a
atividade. Quando o imóvel pertence ao empresário, a proteção do ponto decorre da
proteção da propriedade do imóvel nas normas ordinárias de tutela da propriedade
imobiliária do direito civil. Mas nos casos de locação do imóvel, o ponto empresarial é
protegido pela Lei da Locação Imobiliária, assegurando ao empresário o direito de
renovação da locação, atendidas determinadas hipóteses legais, e a indenização no caso de
não renovação.

A locação empresarial:
A Lei 8.245, que trata da locação imobiliária, protege o ponto comercial, através da
concessão do direito em favor do locatário de uma locação, poder renovar
compulsoriamente, o contrato de locação. Assim, pretende-se proteger os atos de comércio
praticados pelo empresário, sendo oponível contra terceiros que procuram o
enriquecimento ilícito. Para que uma locação seja considerada empresarial deve atender aos
seguintes requisitos:
ƒ o locatário deve ser empresário (profissionais liberais, associações civis sem fins
lucrativos e as fundações não se incluem no conceito de empresário);
ƒ a locação deve ser contratada por tempo determinado de no mínimo 5 anos;
ƒ o locatário deve se encontrar na exploração do mesmo ramo de atividade econômica
pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 anos, à data da propositura da ação renovatória.

Ação renovatória:
Esse direito será exercido por intermédio da chamada Ação Renovatória. Deve ser proposta
no prazo de 1 ano a 6 meses anteriores ao término, do contrato a se renovar. Não sendo
respeitado esse prazo, operar-se-á a decadência desse direito.

Retomada do imóvel pelo proprietário:


Com esses requisitos, protege-se o interesse do empresário que já conquistou alguma
clientela, em função daquele ponto empresarial. Todavia, essa proteção não pode
representar a violação ao direito constitucional de propriedade do locador, que poderá opor
a chamada exceção de retomada. A proteção do ponto cede espaço ao direito de
propriedade, em situações que justifiquem o exercício desta última. A lei prevê as hipóteses
em que o locador poderá retomar o imóvel utilizado para fins comerciais.

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1) Insuficiência da proposta apresentada pelo locatário, ou seja, quando o valor do aluguel
não corresponda ao valor de mercado.

2) Havendo proposta de terceiros em melhores condições: neste caso, não se pode obrigar o
locador a aceitar a proposta menos vantajosa, porém:
ƒ o terceiro proponente não poderá realizar no imóvel o mesmo ramo de atividade
econômica que era exercida pelo locatário, pois estaria auferindo enriquecimento
ilícito;
ƒ o locatário que deixar o imóvel terá direito a uma indenização, devido a perda do
ponto.

3) Se o locador precisar realizar obras no imóvel, por determinação do Poder Público, ou,
para obter valorização imobiliária, deverá esta implicar numa real, tangível e efetiva
modificação no imóvel. Caso as obras não se iniciarem no prazo de 3 meses a contar da data
da desocupação do imóvel, caberá ao locatário direito a indenização, em virtude dos
prejuízos que sofreu devido a perda do ponto.

4) O locador poderá retomar o imóvel para uso próprio, ou, para transferência do fundo de
comércio de sua titularidade à cônjuge, ascendente, descendente, ou sociedade por estes
controlada, porém com a seguinte ressalva:
ƒ deverá o fundo de comércio estar em atividade no mínimo há um ano;
ƒ não poderá ser exercida no imóvel retomado, a mesma atividade econômica que era
desenvolvida pelo locatário.

Locação em shopping centers


Noções iniciais:
O shopping center possui regras diferenciadas da locação comum, por ser uma atividade
peculiar, com características próprias. O shopping center não é um empreendimento
imobiliário comum, pois é organizado de forma a haver uma oferta de produtos e serviços
centralizados em seu complexo. Esta organização é chamada de tenant mix. A idéia básica
do negócio é por à disposição dos consumidores, em um mesmo local, a mais ampla gama
de produtos e serviços.

O contrato de locação:
O contrato de locação em shopping center assume características bastante peculiares:
ƒ o aluguel é desdobrado em parcelas fixas, reajustáveis de acordo com o índice e a
periodicidade definidos no instrumento contratual, e em parcelas variáveis,
geralmente um percentual do faturamento obtido pelo locatário no estabelecimento
locado;
ƒ para mensurar o valor da parcela variável do aluguel, o locador pode auditar as contas
do locatário, bem como vistoriar as suas instalações ou fiscalizar o seu movimento
econômico;
ƒ além do aluguel, há outras obrigações pecuniárias assumidas pelo locatário da loja
como a res sperata, retributiva das vantagens de se estabelecer em um complexo
comercial que já possui clientela própria;

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ƒ deve o locatário também filiar-se à associação dos lojistas, pagando a mensalidade
correspondente;
ƒ pode haver a cobrança do aluguel em dobro no mês de dezembro.

O título de estabelecimento
O título de estabelecimento é elemento de identificação do estabelecimento empresarial.
Não se confunde com o nome empresarial e nem com a marca. O título de estabelecimento
não precisa, necessariamente, compor-se dos mesmos elementos linguísticos presentes no
nome empresarial e na marca. A proteção do título de estabelecimento se faz, atualmente,
por regras de responsabilidade civil e penal, na medida em que caracteriza concorrência
desleal. O empresário que imitar ou utilizar o título de estabelecimento que outro havia
adotado anteriormente deve indenizar este último pelo desvio eficaz de clientela.

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Questões de Concursos

Nas questões a seguir, assinale a alternativa que julgue correta.

01 - (Magistratura/MG – 2007) Estabelecimento é o complexo de bens organizado para o exercício


da empresa. A definição é:
( ) a) correta, porque nela existem todos os elementos.
( ) b) incorreta, por faltar menção a fundo de comércio.
( ) c) incorreta, porque nela haverá de figurar os bens particulares dos sócios.
( ) d) incorreta, porque nela falta o aviamento.
( ) e) incorreta, porque nela falta a especificação da atividade.

02 - (Ministério Público/SP – 2006) É correto afirmar que o estabelecimento pode ser:


( ) a) objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos translativos, que sejam compatíveis
com a sua natureza; e, no caso de alienação, se ao alienante não restarem bens
suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento
depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo
expresso, em trinta dias a partir de sua notificação.
( ) b) objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos translativos ou constitutivos, que
sejam compatíveis com a sua natureza; e, no caso de alienação, se ao alienante não
restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do
estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento
destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação judicial.
( ) c) objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que
sejam compatíveis com a sua natureza; e, no caso de alienação, se ao alienante não
restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do
estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento
destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.
( ) d) objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que
sejam compatíveis com a sua natureza; e, no caso de alienação, ainda que ao alienante
restem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do
estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento
destes, de modo expresso, em trinta dias a partir de sua notificação judicial.
( ) e) objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos translativos, que sejam compatíveis
com a sua natureza; e, no caso de alienação, ainda que ao alienante restem bens
suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento
depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo
expresso, em trinta dias a partir de sua notificação judicial.

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03 - (Magistratura/PR - 2006) Assinale a alternativa incorreta:
( ) a) O empresário tem sobre o estabelecimento empresarial a mesma disponibilidade que
tem sobre os demais bens de seu patrimônio, não havendo a necessidade de qualquer
cautela adicional formal ou em relação aos credores.
( ) b) A alienação do estabelecimento empresarial sujeita-se à anuência dos credores, exceto
se restarem bens no patrimônio do empresário suficientes para solvência do passivo.
( ) c) O contrato de alienação do estabelecimento empresarial, para que produza efeitos
perante terceiros, deve ser celebrado por escrito, arquivado na Junta Comercial e
publicado pela imprensa oficial.
( ) d) O adquirente não responde pelas obrigações do alienante, se adquirir o
estabelecimento empresarial em processo de recuperação judicial.

04 - (Notário e Registrador/SP - 2004)


Com relação ao contrato de trespasse do estabelecimento
empresarial, é incorreto afirmar que
( ) a) implica a transferência ao adquirente de todos os débitos anteriores a ela.
( ) b) só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do
empresário no Registro Público de Empresas Mercantis e publicado na Imprensa
Oficial.
( ) c) traz sempre implícita a cláusula de não-restabelecimento, ressalvada pactuação
diversa.
( ) d) importa na sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do
estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal.

05 - (Notário e Registrador/SP - 2003) Fundo de comércio é expressão sinônima de


( ) a) estabelecimento empresarial.
( ) b) ponto comercial.
( ) c) firma comercial.
( ) d) marca ou nome comercial.

06 - (Procurador/DF – 2004) A alienação do estabelecimento empresarial:


( ) a) transfere automaticamente ao adquirente as obrigações regularmente contabilizadas,
exonerando o alienante de qualquer responsabilidade.
( ) b) impede o alienante de exercer a mesma atividade que exercia anteriormente pelo prazo
de cinco anos, em qualquer ponto do território nacional.
( ) c) não importa sub-rogação no contrato de locação comercial.
( ) d) não implica a cessão dos créditos relativos à atividade exercida no estabelecimento.
( ) e) equivale à alienação do imóvel utilizado para o exercício de atividade empresarial.

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07 - (Procurador da Fazenda Nacional – 2004) A disciplina regente do estabelecimento tal como
predisposta no Código Civil, dispõe sobre a constituição de direitos tais como usufruto e
arrendamento. Em qualquer dessas hipóteses, o usufrutuário ou arrendatário do
estabelecimento, no plano da responsabilidade civil,
( ) a) fica impedido de exercer atividade similar se houver previsão no instrumento de
contrato.
( ) b) deve, para elidí-la, ter bens suficientes para honrar as obrigações existentes até o
momento da celebração do contrato.
( ) c) deve fazer constar do instrumento de contrato a continuidade daquelas operações
anteriormente pactadas.
( ) d) não tem responsabilidade no caso de renovação de contratos de fornecimento por ele
celebrados antes da negociação.
( ) e) responde por perda de clientela se esta for objeto da operação.

08 - Assinale a alternativa correta:


( ) a) O estabelecimento empresarial abrange apenas os bens de natureza corpórea ou
material.
( ) b) O contrato que prevê a venda do estabelecimento empresarial pode ser particular e sua
eficácia dispensa qualquer espécie de registro.
( ) c) A venda do estabelecimento empresarial irremediavelmente importa mudança da
estrutura societária do vendedor ou do comprador.
( ) d) Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer
concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.

09 - Assinale a alternativa correta:


( ) a) O estabelecimento abrange todos os bens de propriedade do empresário, mesmo que
não se encontrem relacionados com a exploração da atividade econômica.
( ) b) O estabelecimento somente poderá ser arrendado a terceiros se o empresário,
arrendante, for também o proprietário do imóvel onde o estabelecimento está situado.
( ) c) O adquirente de estabelecimento responde pelo pagamento de débitos anteriores à
transferência, quando aqueles se encontrarem regularmente contabilizados na
escrituração do alienante.
( ) d) No caso de estabelecimento que se encontre instalado em imóvel locado, a alienação
daquele implica na sub-rogação automática do adquirente na posição jurídica de
locatário, mesmo independentemente do consentimento do locador.

10 - No que concerne ao estabelecimento empresarial, todas as alternativas são corretas, exceto:


( ) a) O fundo de comércio é integrado de elementos corpóreos e incorpóreos.
( ) b) O fundo de comércio, segundo a teoria da “universalidade de fato”, tem uma
existência própria, diversa das atividades profissionais do empresário.
( ) c) O aviamento, que é elemento incorpóreo, pode consistir na reputação do empresário
ou na qualidade e variedade de seus produtos.
( ) d) Os elementos que compõem o fundo de comércio, como o “ponto”, podem se revestir
de valor patrimonial que é incorporado ao empresário e pode ser realizado em
dinheiro.

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11 - Integram o estabelecimento de uma sociedade empresarial, exceto:
( ) a) agências;
( ) b) sucursais;
( ) c) fábricas;
( ) d) filiais;
( ) e) subsidiárias.

12 - Quanto à alienação de um estabelecimento empresarial, pode-se afirmar que


( ) a) não é possível por se tratar de patrimônio indisponível de uma sociedade empresária.
( ) b) implica o impedimento de o alienante fazer concorrência ao adquirente, no prazo de 5
anos subsequentes à transferência, salvo se tal condição tiver sido expressamente
dispensada pelo adquirente.
( ) c) o adquirente do estabelecimento não ficará sub-rogado no pagamento das dívidas
anteriores à alienação.
( ) d) o adquirente ficará sub-rogado nos créditos referentes ao estabelecimento,
independentemente da publicação da transferência.

13 - Integram o estabelecimento empresaria, exceto:


( ) a) créditos;
( ) b) dívidas da sociedade empresária;
( ) c) título do estabelecimento;
( ) d) patentes.

14 - São elementos do fundo de comércio:


( ) a) O numerário disponível na conta corrente do empresário.
( ) b) A empresa.
( ) c) Todo o patrimônio do empresário.
( ) d) Bens como mercadorias e ponto comercial.

15 - O estabelecimento:
( ) a) não pode ser objeto unitário de direito e de negócios jurídicos, translativos ou
constitutivos.
( ) b) uma vez arrendado, tal ato negocial, ipso iure, produzirá efeitos em relação a terceiros.
( ) c) é elemento essencial à empresa, pois impossível é qualquer atividade empresarial sem
que antes se o organize.
( ) d) com o trespasse, não gera, para o adquirente, a responsabilidade pelo pagamento de
dívidas pendentes, desde que regularmente contabilizadas.

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Gabarito

01.A 02.C 03.A 04.A 05.A 06.C 07.D 08.D 09.C 10.B

11.E 12.B 13.B 14.D 15.C

Bibliografia

„ Curso de Direito Comercial „ Curso de Direito Comercial


Rubens Requião Fran Martins
Saraiva Forense

„ Direito Comercial „ Manual de Direito Comercial


Waldirio Bulgarelli Fábio Ulhoa Coelho
Atlas Saraiva

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Direito Empresarial
04 – O Estabelecimento Empresarial

Atualizada em 10.12.2012

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