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UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO

HISTÓRIA DAS CIÊNCIAS - 1º semestre de 2010


Profa. Eleonora Domenico
TÓPICO 7: Roma e Idade Média

Adaptado de:
BENSAUDE-VINCENT, Bernadette & STENGERS, Isabelle. História da química. Lisboa: Instituto Piaget, 1992.
CAMPOS, Flavio de & Miranda, Renan Garcia. Oficina de história. São Paulo: Moderna, 2000.
CHASSOT, Attico. Alquimia na busca de um sincretismo. Porto Alegre: Episteme, v.1, n.1, p. 11-45, 1996.
CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 2004.
MOORE, John A. Science as a way of knowing: the foundations of modern biology. Cambridge: Harvard University Press,
1999.
RONAN, Colin A. História ilustrada da ciência da Universidade de Cambridge, volume 2: Oriente, Roma e Idade Média.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

A CIÊNCIA NO PERÍODO ROMANO

Ao considerarmos a importância que a civilização romana teve na história e, principalmente se


olharmos suas dimensões temporais (existiu desde o século III a.C. ao século XV d.C.) e espaciais
(estendeu-se por quase toda Europa, desde à Itália à Grécia, além de todo o norte da África e o Oriente
Médio), deveríamos esperar grandes contribuições científicas deste povo. Contudo, não foi exatamente
isso que aconteceu. Apesar das aptidões excepcionais para estratégia, administração e direito, os
romanos apresentaram pouca força criadora intelectual. Suas artes, sua ciência e até sua religião foram
importações gregas. Parece que os romanos só se interessavam pela ciência quando viam nela um meio
para realizar obras públicas, consolidando e aumentando a influência de seu império. As inovações
científicas em Roma limitaram-se aos feitos da arquitetura e da engenharia. Além disso, os romanos
produziram numerosas compilações da ciência grega, o que parece indicar alguma curiosidade pelo
estudo da natureza.

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A seguir, são apresentados os autores romanos que se destacaram nas áreas da ciência e da
cultura romana.

Enciclopedismo

Marco Terêncio Varrão (116-27 a.C.): escreveu sobre gramática, dialética, retórica, geometria,
aritmética, astronomia, música, medicina e arquitetura. Foi um filósofo romano nascido na Itália. Suas
obras foram perdidas, conhece-se o seu pensamento através de Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.). É
possível encontrar também algo em Santo Agostinho. Talvez nada houvesse de original em Varrão e ele
tenha exercido apenas a função de transportar, como Cícero, a filosofia grega para o mundo latino.

Aurélio Cornélio Celso (aproximadamente 30 d.C.): compôs uma enciclopédia de diferentes


ramos do saber, da qual se conservou somente a parte que se refere à medicina. De medicina é uma das
melhores fontes sobre o conhecimento médico em Alexandria e abrange estudos sobre dietas,
farmacêutica, cirurgia e campos correlatos. As porções perdidas da enciclopédia provavelmente incluíam
volumes sobre agricultura, leis, retórica e artes militares.

Gaio Plínio Segundo (23-79 d.C.): escreveu uma enciclopédia em 37 volumes, publicada em 77
d.C., que abrangia cerca de duas mil obras de cientistas gregos em sua maior parte. Foi provavelmente o
compilador mais importante da Antiguidade e, ciente das alterações que os tratados originais gregos
sofriam ao longo do tempo, advertia que "a diversidade de copistas, e os seus comparativos graus de
habilidade, aumentam consideravelmente os riscos de se perder a semelhança com os originais".

Engenharia e arquitetura

Marcos Vitrúvio Polião (100-44 a.C.): foi um engenheiro militar que destacou-se na arquitetura e na
acústica de ambientes. Deixou como legado uma obra em 10 volumes, De architectura (escrita em
aproximadamente 40 a.C.), que chegou aos nossos dias. Este livro serviu de fonte de inspiração a
diversos textos sobre construções na época do Renascimento.

Júlio Frontiano Sexto (40-103 d.C.): foi autor de obras de engenharia e hidrodinâmica. Participou
da construção e da manutenção dos aquedutos de Roma. Sua principal obra foi De aquis urbis romae, em
dois volumes, que contêm descrições do sistema de suprimento de água em Roma, incluindo as leis
relativas a seu uso e manutenção. Frontiano também escreveu um tratado sobre a ciência militar, que foi
perdido. Sua obra Strategematicon Libri abrange uma coleção de exemplos de estratégias militares das
histórias grega e romana.

Literatura e humanidades

Caio Júlio César (99-44 a.C.): estabeleceu o calendário juliano de 365 dias e ¼, que foi utilizado até
1582 (quando foi substituído pelo calendário gregoriano). Caio Júlio César foi um líder militar e político da
República romana. As suas conquistas na Gália (território que abrange atualmente a França, a Bélgica e a
Suíça) estenderam o domínio romano até o Oceano Atlântico. No fim da vida, lutou numa guerra civil com
a facção conservadora do senado romano, cujo líder era Pompeu. Depois da derrota dos rivais, tornou-se
governante vitalício. A consolidação de seu poder marcou o fim da república (quando Roma era governa
por senadores eleitos democraticamente) e o início de um Império em que tiranos poderiam governar com
autoridade absoluta. César foi assassinado por um grupo de senadores em 44 a.C. quando Roma
controlava a maior parte da Europa Ocidental e o norte da África. Os feitos militares de César são
conhecidos através dos seus próprios livros e de relatos de autores como Suetônio e Plutarco. Seus
trabalhos, que chegaram até os nossos dias, incluem De bello Gallico, que descreve suas campanhas
militares na Gália, e De bello Civili, com comentários sobre a recusa dos cidadãos em obedecer ao
senado e sobre a guerra civil que enfrentou. Estas narrativas, aparentemente simples e diretas, são na
realidade sofisticadas manobras de propaganda política dirigidas aos cidadãos de Roma.

Publio Virgílio Maro (cerca de 30 a.C.): escreveu poesias sobre o povo romano. Sua obra mais
conhecida é a Eneida. Foi considerado ainda em vida como um expoente da literatura latina. Seu trabalho
foi uma vigorosa expressão das tradições de uma nação que buscava afirmação histórica.

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As grandes obras de engenharia romana

Segundo a lenda, Roma foi fundada em 753 a.C. por Rômulo e Remo dois irmãos que foram
abandonados quando bebês e criados por uma loba. Os dois irmãos construíram uma cidade às margens
do rio Tibre, mas uma discordância quanto a quem iria governar terminou no assassinato de Remo por
Rômulo, que deu nome à cidade. Roma, inicialmente, funcionava como uma zona livre para todos,
atraindo escravos foragidos, bandidos e piratas. Assim, desde o princípio, os romanos eram muito abertos
e essa abertura encorajou uma livre troca de idéias, tais como as teorias de engenharia importadas de
outras culturas. Ao utilizar a tecnologia de vizinhos, Roma se expandiu e se tornou uma potência regional.

O primeiro grande feito de engenharia foi um grande sistema


de esgoto, constituído de dutos subterrâneos, que funciona até hoje,
2500 anos após sua construção. O sistema levava os dejetos da
cidade até o rio Tibre e também era utilizado para drenar a área
pantanosa entre os vilarejos de Roma. A construção permitiu a
passagem de Roma de uma simples reunião de tribos para uma
cultura centralizada e unificada, o que fez com que sua influência
sobre os vizinhos começasse a crescer.

No século IV a.C., Roma controlava grande parte da Itália


Central. Seus engenheiros começaram então a construir uma infra-
estrutura de transporte para o império em expansão. Na
Antiguidade, existiam basicamente dois tipos de transporte: o
transporte feito por terra, a cavalo, a pé ou por carroças, e o
transporte fluvial. As estradas, como conhecemos hoje,
praticamente não existiam antes do Império Romano. Isso mudou
em 312 a.C., quando foi construída a Via Ápia, a primeira auto-
estrada romana, que se estendia por 212 km da capital até a
província de Campânia.

Para a construção das estradas, primeiramente era feito um


traçado de acordo com o terreno do local. Depois, uma trincheira
era aberta e preenchida com areias e pedras para fortalecer a
fundação. Em seguida, era adicionada uma camada de cascalho
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compactada com argila ou argamassa. Por cima, eram colocadas pedras de pavimentação arredondadas
que permitiam a drenagem da água e forneciam regularidade à superfície. As estradas representaram
mais um símbolo de poder dos romanos e, no
governo de Augusto (31 a.C.-14 d.C.), foram
estendidas até os limites mais distantes do
Império.

Os romanos também usavam seus


conhecimentos técnicos para melhorar sua
qualidade de vida. De todos os feitos da
engenharia romana, nenhum alterou tanto a vida
diária como o sistema de distribuição de água
através de aquedutos. Na capital, onze linhas de
aquedutos levavam água para os cidadãos,
transportando, ao todo, cerca de 800 milhões de
litros de água por dia a partir de fontes nas
montanhas a quilômetros de distância. Os
aquedutos promoveram o desenvolvimento de
uma nova cultura urbana. Quase um milhão de
pessoas viviam com limpeza e conforto na
capital. A água dos aquedutos retirava os dejetos
humanos e mantinha a cidade limpa e, por esta
razão, os romanos se consideravam superiores, afinal, eles eram mais limpos que os outros.

Os aquedutos foram construídos ao longo de vários


séculos, mas principalmente durante o reinado de Claudio
(41-54 d.C.), quando foram construídos dois grandes
aquedutos, o Aqua Claudios, com 10 km de extensão, e o
Anio Novus. Embora sua construção fosse bastante
elaborada, o princípio básico do funcionamento dos
aquedutos era bastante simples: a água era levada de um
ponto mais alto para outro mais baixo. Os aquedutos
eram construídos em um ângulo gradualmente
descendente, calculado para longas distâncias, de 30, 50
e até 60 metros, da fonte nas montanhas até as cidades.
Esse gradiente era de apenas alguns centímetros a cada
30 metros. Para manter o exato ângulo desde as fontes,
os engenheiros cavavam túneis em declive através das
montanhas e, após cruzar os vales, as tubulações eram
suportadas por muros de pedras de até mais de dois
metros de altura. Os romanos poupavam material de
construção usando como conceito de engenharia o arco,
que distribui o peso por igual para cada lado, permitindo
que outras pedras fossem colocadas acima dele apesar
dos grandes vãos delimitados por ele.

Sobre os aquedutos, a água corria como um rio em


direção às cidades, desembocando em três tanques de
contenção: um para as fontes públicas de água potável,
outro para os banhos públicos, e um terceiro reservado
para o imperador e outros cidadãos ricos que podiam
pagar pela água. Havia muita água disponível na cidade
de Roma, um conceito muito avançado para a época.
Basicamente, todo o cidadão romano, no século I ou II
d.C. tinha acesso à água potável, enquanto, em toda a
Idade Média, isso não ocorreu.

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Os balneários ou termas também faziam parte do cotidiano dos romanos e sempre foram projetos
populares entre os imperadores. Eram prédios com piscinas quentes e frias e saunas, que funcionavam
como clubes abertos para todas as classes. Os romanos iam para as termas para relaxar, ouvir os
políticos, cortar as unhas e os cabelos e se exercitar em locais específicos para a prática de atletismo.
Para aquecer as piscinas, a água passava por fornalhas abaixo do piso.

O fim do Império Romano do Ociente

O término das conquistas no final do século II acarretou também no fim do suprimento de escravos,
cujo preço começou a subir, Como os romanos desprezavam os trabalhos manuais, não se preocuparam
em desenvolver técnicas para contrabalançar o declínio lento e silencioso do número de escravos. Ao
mesmo tempo, a produção caía, o comércio entrava em declínio, a arrecadação de impostos diminuía, o
exército se deteriorava. Os centros urbanos decaíam, a produção agrícola diminuía e aumentavam o
número de marginalizados. Aproveitando-se dessa fragilidade, comandantes germânicos derrubaram o
imperador romano em 476. Esse é o fato que simboliza o fim do Império Romano do Ocidente e da
Antigüidade Clássica.

Na parte oriental do império, a escravidão nunca se tornou o modo de produção predominante e sua
economia era muito mais dinâmica, estando portanto menos exposta às invasões. Assim, enquanto o
Ocidente desmoronava com as invasões e a crise interna, o Império do Oriente sobreviveu até metade do
século XV com o nome de Império Bizantino.

Difusão a triunfo do cristianismo

Tão vagarosamente quanto a crise que o destruía,


uma nova religião de origem oriental, o cristianismo, crescia
no interior do Império Ao mesmo tempo em que o modelo
religioso helênico adotado pelos romanos sofria um declínio,
o cristianismo triunfava por sua capacidade de comover em
meio a crise, oferecendo soluções confortadoras para o
problemas da vida edamorte. Os pobres, os
marginalizados e os escravos foram atraídos pela
possibilidade de estabelecerem uma relação profundamente
pessoal com Deus e de participarem de uma comunidade de
fiéis que se preocupassem uns com os outros. Mas o êxito

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do cristianismo deveu-se não apenas ao poder de uma idéia, mas também ao vigor de uma instituição: a
Igreja. Aos romanos desiludidos, a Igreja dava o nome de irmãos e irmãs e pregava que Jesus morrera
pelo seu amor a todos e por sua preocupação com a humanidade sofredora.

Tolerante para com as religiões, o governo de Roma inicialmente não interferiu de maneira
significativa com o cristianismo. Neste período, os missionários cristãos, entre eles alguns dos doze
apóstolos seguidores originais do Cristo, viajaram por todo o Império, por estradas e mares romanos,
beneficiando-se do universalismo do Império. Contudo, o aumento do número de cristãos chamou a
atenção das autoridades, que os viam como subversivos por pregarem fidelidade a Deus e não à Roma.
Os cristãos passaram então a ser considerados como inimigos da ordem social, porque não aceitavam os
deuses do Estado, não participavam da festas, desprezavam as competições de gladiadores, não
freqüentavam os banhos públicos e adoravam um suposto criminoso que havia sido crucificado.

Na tentativa de acabar com a nova religião, os imperadores recorreram à perseguição sistemática.


Os cristãos foram detidos, espancados, privados de alimento, queimados vivos, oferecidos a animais
ferozes na arena e crucificados. As perseguições dividiram-se em duas etapas: a primeira, promovida por
Nero no ano 64, que foi local, não provocou muitas mortes e, por ser esporádica, não conseguiu impedir a
difusão do cristianismo; e a segunda, dois séculos depois, no ano 250, a mando do imperador Décio, que
desencadeou um terror brutal contra os cristãos em todo o Império. Seus sucessores, Galo e Valeriano,
também executaram os adeptos da nova crença.

De 260 a 303, as perseguições foram abandonadas, mas logo em seguida Diocleciano promoveu a
mais vigorosa busca aos cristãos. Apesar de muitos adeptos terem sido mortos e outros terem
abandonado a fé por medo, a nova religião não foi eliminada de Roma. Na realidade, as perseguições
fortaleceram a determinação de muitos fiéis e geraram novos conversos, admirados com a coragem dos
mártires. Ao se convencerem da incapacidade de acabar com o cristianismo, os imperadores romanos
resolveram conseguir o apoio do crescente número de adeptos. No ano 313, Constantino, promulgou o
Édito de Milão, um documento que legalizava a prática cristã e visava se beneficiar do crescimento do
cristianismo. No ano de 391, Teodósio I fez dele a religião oficial do Império e declarou ilegal o culto aos
deuses pagãos.

A IDADE MÉDIA
A partir do século IV, o cristianismo tornou-se a religião oficial de Roma, o que conferiu poder aos
sacerdotes e bispos. Neste contexto, os estudo científicos implicavam em retomar às fontes gregas, aos
ensinamentos pagãos, e, portanto, seria prudente deixá-los de lado para evitar a contaminação dos
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cristãos por idéias perigosas. As produções deste período foram realizadas de acordo com uma corrente
de pensamento que acreditava que estudar o trabalho de Deus traria uma consciência em relação à
onipotência e à sabedoria da divindade.

Idade Média: noite dos mil anos ou ...

O termo “noite” ou “Idade das Trevas” sugere que não houve nenhuma criação filosófica ou científica
autônoma durante este período, entretanto, a Idade Média não foi a noite dos mil anos descritas por
alguns autores, porque:

1. Nesse período houve algumas produções científicas na Europa, principalmente a partir dos
séculos XII e XIII, quando a ciência grega e a alquimia começaram a atrair estudiosos e surgiu a
universidade, ainda que, associada à Igreja.
2. A ciência no Oriente teve um grande desenvolvimento na Idade Média. A contribuição dos árabes
à ciência tem sido muitas vezes negligenciada. Os árabes herdaram grande parte dos conhecimentos e os
conservaram durante o período em que a ciência foi pouco praticada no Ocidente. Contudo, os
conhecimentos islâmicos não foram uma simples operação de manutenção da ciência grega até que esta
fosse requisitada na Europa a partir do século XII. O papel dos árabes foi muito mais amplo, pois eles não
só preservaram a ciência grega, mas também comentaram-na e adicionaram-lhe observações e
contribuições valiosas que servirão como base para a retomada dos estudos científicos ao final da Idade
Média.

Por outro lado, as denominações usuais atribuídas à Idade Média têm fundamentação, uma vez que,
muitos acontecimentos limitaram a produção filosófica e científica do Ocidente neste período:

1. Havia-se perdido o acesso aos tratados científicos da Antiguidade Clássica (em grego), ficando
apenas as compilações resumidas e até deturpadas que os romanos tinham traduzido para o latim.
2. A maioria dos textos clássicos tinha desaparecido do ocidente, por conseqüência de saques ou
haviam sido destruídos intencionalmente para não contaminarem a doutrina cristã.
3. O Ocidente Europeu estava debilitado pelas invasões de tribos bárbaras e pela desintegração
política.
4. A instabilidade política e o definhar da vida urbana golpearam duramente a vida cultural do
continente.
5. A Igreja Católica, como única instituição que não se desintegrou nesse processo, manteve o que
restou de força intelectual, especialmente através da vida monástica.
6. Os estudo científicos implicavam em retomar às fontes gregas, aos ensinamentos pagãos, e,
portanto, seria prudente deixá-los de lado para evitar a contaminação dos cristãos por idéias perigosas.
7. Os ideais da Igreja incluíam a condenação da ociosidade e do trabalho escravo, fazendo com que
os europeus se dedicassem com afinco ao trabalho. Além disso, a utilização de instrumentos e técnicas
disponíveis não deveria substituir a mão-de-obra.

Divisões históricas da ciência medieval

A Idade Média corresponde ao milênio transcorrido entre o término da Idade Antiga (cujo marco foi a
queda do Império Romano do Ocidente, em 476) e surgimento do Renascimento (ou o fim do Império
Romano do Oriente, com a tomada de sua capital, Constantinopla, pelos turcos, em 1453). Para
estudarmos a ciência nesse período, podemos dividi-lo em:

Alta Idade Média (seis primeiros séculos – V a X): período no qual poucos conhecimentos
científicos foram desenvolvidos, que foi marcado pela instabilidade política e pela deterioração da vida
urbana e social. A Igreja católica foi a única instituição que permaneceu estável nesse processo, atraindo
o que havia restado da força intelectual, especialmente através da vida monástica. Os homens instruídos
desse período eram clérigos, que davam prioridade à fé, apresentando pouco interesse em investigar
fenômenos naturais, e que tinham a mente mais voltada para a salvação das almas do que para o
questionamento dos detalhes da natureza. Os principais estudiosos dessa época foram Santo Agostinho e
Beda.

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Séculos XI e XII: o Ocidente recebeu influência islâmica (traduções árabes de textos gregos e
originais da ciência árabe foram traduzidos para línguas latinas), o que promoveu um despertar para a
busca do conhecimento; surgimento da universidade.

Séculos XIII e XIV: surgiu a chamada ciência medieval e houve desenvolvimento da alquimia. Os
cientistas que se destacaram foram Alberto Magno, Robert Grossesteste e Roger Bacon.

Baixa Idade Média (século XV): declínio da ciência escolástica, uma corrente filosófica que dava
ênfase à lógica e ao raciocínio e que, assim como Platão, supunha uma ordem racional da natureza na
qual somente o intelecto poderia penetrar. Neste período, cresce o número de defensores do empirismo,
para os quais o universo só poderia ser compreendido através da experimentação e observação direta.

Alta Idade Média (séculos V-X)

Aurelius Augustinus (Santo Agostinho, 354-430): Nasceu


na província romana de Numídia, atual Argélia, em 354 e tornou-se
professor de retórica, ensinando em Cártago, Roma e Milão. Foi
proclamado bispo na Numídia, um dos maiores centros de
influência cristã no norte da África. Santo Agostinho marcou um
estágio decisivo no desenvolvimento do pensamento e dos valores
do mundo ocidental (sua teoria da natureza divina do conhecimento
dominou por muitas gerações). Ele acreditava que tudo, inclusive o
mundo natural, dependia exclusivamente de Deus e, portanto, o
estudo deveria conduzir a sabedoria divina. Supunha que a fé
estava acima de todas as coisas, colocando a teologia como a
maior de todas as ciências.

Beda, o Venerável (São Beda, 672-735): Foi um monge do


monastério de São Pedro, na Inglaterra. Escreveu Computus, em
que expôs um estudo da avaliação do tempo e do cálculo de datas
(que eram vitais para as comunidades monásticas), e História
eclesiástica do povo inglês, no qual relata a história do cristianismo
na Inglaterra. Não foi canonizado pela igreja católica, mas foi
declarado “doutor da Igreja” pelo papa Leo XIII. Dedicou muito
tempo ao cálculo de calendários. Foi o primeiro que utilizou o Santo Agostinho pintado por Sandro
nascimento de Cristo como data inicial para a contagem dos anos Botticelli (cerca de 1480)
(o que foi oficializado em 1582 pelo papa Gregório XIII que impôs o
calendário gregoriano atualmente utilizado pela maioria dos países ocidentais). O calendário anterior ao
gregoriano era calendário Juliano, cujo marco do início da contagem dos tempos era a fundação de Roma
(Ab vrbe condita, AVC). Segundo cálculos do monge Dionísio realizados em 523, cristo havia nascido no
dia 25 de dezembro de 753 AVC. Ele considerou a data de 1º de janeiro de 754 AVC como início de uma
nova ERA.

Séculos XI e XII: a retomada do ensino grego e o surgimento da universidade

Todos os estudiosos da era cristã (séculos iniciais) da Europa Ocidental, assim como Beda, eram
clérigos cujas mentes estavam mais inclinadas para os assuntos da salvação e da glorificação de Deus do
que para questionar os detalhes do universo natural. A condenação da investigação e do pensamento
independente resultou na ausência de especulação científica. Todavia, por volta do século XII, no
Ocidente, ocorreu uma explosão do ensino grego original: apareceram traduções latinas de textos
islâmicos, como os originais árabes de Álgebra, de Al-Khwarizmi, e a Ophticae theasaurus (Tesouros da
ótica), de Ibn Al-Haytham, além de traduções e comentários de árabes sobre textos de Aristóteles.
Adelard, o futuro tutor de Henrique II da Inglaterra, foi o responsável por muitas traduções científicas em
latim, inclusive a tradução de uma versão árabe de Os elementos, de Euclides, que se tornou por séculos
o texto básico de geometria no Ocidente.

Entre os primeiros a serem influenciados por esses estudos, estavam os estudantes das novas
universidades. Vimos que na Antiguidade a Academia de Platão, o Liceu de Aristóteles e o Museu de

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Alexandria eram centros de pesquisa, mas não centros de
profissionalização. Durante toda a Idade Média, o ensino era
privilégio da Igreja e acontecia geralmente nas escolas dos
mosteiros, destinando-se quase exclusivamente à formação dos
dirigentes e administradores da Igreja. O currículo destas
escolas era o trivium (gramática, linguagem e retórica), que
posteriormente incorporou o quadrivium (aritmética, geometria,
música e astronomia).

Já no final do primeiro milênio d.C. a Igreja se viu


incapacitada de, com seu clero, prover todo o ensino, passando
a conceder, por intermédio de bispos, licencia docendi
(permissão para ensinar) a todos que ela considerasse aptos.

A criação da escola de Medicina de Salerno, na Itália, no


começo do século X, foi talvez a primeira tentativa formal de
criação de uma universidade na Europa. Mas, historicamente,
considera-se a Universidade de Bolonha (na Itália), fundada em
1088 e voltada ao ensino de direito, como a primeira instituição
de ensino superior. Em seguida, foi fundada a Universidade de
Paris (por volta de 1170), com o desenvolvimento das escolas
da catedral de Notre-Dame, e de Oxford (em 1249), na
Inglaterra (que também surgiu das escolas fundadas no século
IX pelo rei Alfredo). Até o final da Idade Média, surgiram na Deus criando o universo através de princípios
geométricos. Capa da Bíblia Moralisée, cerca
Europa grandes universidades, que existem até os nossos dias: de 1230-1240. Paris, Bibliothèque National.
Pádua (1222), Nápoles (1224), Siena (1242), Cambridge (1248), Uma vez que Deus era o criador da perfeição
Pisa (1343), Leipzig (1409), entre outras. do universo e dos princípios harmônicos da
geometria, investigar esses princípios seria
estudar o trabalho de Deus.
Séculos XIII e XIV: a ciência medieval

A Igreja, em geral, se opunha às idéias de Aristóteles e, em 1210, as autoridades eclesiásticas de


Paris condenaram seus trabalhos científicos; assim, qualquer pessoa que os ensinasse, pública ou
privadamente corria o risco de excomunhão. Todavia, ao entrarem em contato com esse trabalhos nas
universidades, os clérigos ficaram muito impressionados e o estudo da ciência grega encontrou força
considerável. A partir do século XIII, essas instituições produziram grandes
cientistas, tais como, Robert Grosseteste, seu aluno Roger Bacon, e
Alberto Magno.

Robert Grosseteste (1168-1253): Nasceu no leste da Inglaterra por


volta de 1168, e provavelmente freqüentou a Universidade de Paris entre
1209 e 1214. Até sua morte, em 1253, foi a figura central, na Inglaterra, do
importante movimento intelectual da primeira metade do século XIII. Teve
várias ordenações eclesiásticas e foi consagrado bispo de Lincoln, na
Inglaterra. A influencia de Grosseteste foi imensa, conduzindo os
franciscanos ingleses ao estudo das sagradas escrituras, mas também da
matemática e da ciência natural. Escreveu importantes textos sobre
astronomia, música, ótica e sobre a natureza da pesquisa científica.
Segundo ele, a finalidade da ciência era descobrir as razões dos
fenômenos, isto é, encontrar suas causas.

Roger Bacon (1214-1292): foi o discípulo mais importante de


Grosseteste, tornou-se professor da universidade de Paris, sendo um dos
primeiros a ensinar a física e a metafísica de Aristóteles, que eram tópicos
proibidos pela a Igreja. Quando tinha quarenta anos, tornou-se
franciscano, mas parece que isso lhe trouxe apenas atribulações. Foi
A cura do envelhecimento e a preso sob a acusação de heresia por escrever um documento condenando
preservação da juventude, por
Roger Bacon, traduzida do latim
as práticas de ensino dos dominicanos e dos franciscanos, e por suas
para o inglês em 1683. idéias de transmutação dos metais não preciosos, que eram defendidas

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pela maioria dos alquimistas (os metais que não tivessem o balanço perfeito deveriam ser tratados com
remédios adequados, para que obtivessem o equilíbrio e a perfeição do ouro). Bacon tinha profunda fé na
alquimia, atribuindo-lhe uma posição de destaque entre as ciências, e expandindo-a para a necessidade
de curar a vida humana em busca de um elixir para o prolongá-la. Seus avanços nos estudos da ótica
possibilitaram a invenção dos óculos e seriam em breve imprescindíveis para a invenção de instrumentos
como o telescópio e o microscópio.

Alberto Magno (Santo Alberto Magno, 1193-1280): Nasceu em


Laningen, na Baviera (Alemanha), por volta de 1200, e estudou na
Universidade de Pádua (na Itália), onde se tornou um frade dominicano.
Ensinou nos estados germânicos até cerca de 1241, quando se mudou para
a Universidade de Paris. Embora tenha assumido importantes cargos entre
os dominicanos alemães, tornando-se bispo por mais de três anos, passou a
maior parte da vida pregando e ensinando. Desempenhou um importante
papel na introdução das ciências grega e árabe na Europa Ocidental. Em
1240, enquanto estava em Paris, Alberto Magno tomou conhecimento dos
trabalhos de Aristóteles e ficou tão impressionado que passou a desenvolver
a lógica, a matemática, a física, a botânica, a zoologia, a mineralogia e a
ética do sábio grego. Descreveu mais de cem minerais, muitos dos quais
encontrou em minas e escavações durante suas viagens como bispo.
Descreveu e dissecou diversos animais, observou o desenvolvimento de
aves peixes e mamíferos e tinha opiniões próprias sobre a nutrição de
filhotes. Forneceu excelentes descrições de plantas e fez um estudo
comparativo de estruturas vegetais, como os frutos. Santo Alberto Magno. Fresco
de Tommaso da Modena (1352).
Sala capitular, Antigo convento
A conciliação entre a ciência e a religião como uma resposta ao de San Nicolas, Espanha.
renascimento do ensino grego

Como vimos, a ciência grega trouxe grande estímulo aos grandes


intelectos inseridos em uma cultura carente de um estudo sistemático do
mundo natural. Para os teólogos cristãos esses estudos tinham seus
perigos, uma vez que, sua perspectiva era pagã e inimiga da religião,
pois fora nutrida por uma sociedade em que se prestava falsa relevância
a deuses e deusas não reconhecidos pela Igreja. Entretanto, o
surgimento desses talentos fez surgir a necessidade de que se fizesse
alguma síntese aceitável do cristianismo com o aristotelismo, isto á,
fundir a doutrina cristã ao pensamento pagão. Isto foi feito por Tomás de
Aquino (Santo Tomás de Aquino, 1225-1274).

Tomás de Aquino nasceu na Itália, membro de família nobre, e


cedo ingressou na Ordem Dominicana, na qual, como pregador,
percorreu a Europa. Estudou em Nápoles (Itália), Paris (França) e
Colônia (Alemanha), onde foi discípulo de Alberto Magno. Morreu com 39
anos e foi canonizado em 1323. É o nome mais importante e influente na
filosofia e na ciência da Idade Média pois conciliou e harmonizou a
síntese filosófica de Aristóteles com a ortodoxia cristã, dando fim ao
conflito entre a fé e a razão. De sua imensa obra, surgiu o tomismo, que
Representação de Tomás de Aquino
foi adotado como filosofia cristã. Segundo Tomás de Aquino, “o mundo
ilustrando seu papel na conciliação
entre a Igreja e os estudos gregos. da natureza era um livro escrito por Deus; quando se tratava de ciência,
Extraído da pintura The Demidoff os gregos revelavam o mundo de Deus, e quando se tratava de
Altarpiece (1476) de Carlo Crivelli. salvação, a Igreja e as Escrituras eram a autoridade reveladora”.

Alquimia

Alquimia é uma tradição antiga que combina elementos de química, física, astrologia, arte,
metalurgia, medicina, misticismo, e religião. Existem dois objetivos principais na sua prática. Um deles é a
transmutação dos metais inferiores em ouro, o outro a obtenção do elixir da longa vida, uma cura
universal, isto é, para todas as doenças, e que daria vida eterna àqueles que o ingerissem. Esses

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objetivos poderiam ser atingidos ao se obter a pedra filosofal, um objeto amplificaria os poderes de um
alquimista. Apesar de seu caráter obscuro, a alquimia foi uma fase importante na qual se desenvolveram
muitos dos procedimentos e conhecimentos que mais tarde foram utilizados pela química. Sua prática teve
grande número de adeptos na Idade Média e no Renascimento.

A prática da alquimia parece ter surgido espontaneamente na China no século 3 a.C. A primeira
obra inteiramente dedicada à alquimia chinesa data do ano de 142 d.C. Os alquimistas chineses
ocuparam-se com os problemas da transmutação de metais comuns e com o elixir da imortalidade, o que
envolvia o uso de determinados materiais, métodos e aparelhagens típicos da prática da química.

Os alquimistas chineses queriam fabricar o ouro porque acreditavam que ingerindo-o alcançariam a
vida eterna. No final do século IV, a alquimia chinesa foi se desvinculando das superstições e da magia e,
no século VI esta “ciência” se dividiu em dois ramos: a alquimia exotérica, que se ocupava das
substâncias concretas e estava mais relacionada com a química no sentido estrito, e a alquimia esotérica,
que operava sobre as almas, englobando as práticas vinculadas ao ocultismo e o misticismo.

A alquimia árabe teve muitos nomes de destaque, dentre eles podemos citar Jabir e Razes. Jabir
(século VIII), no século VIII, foi o mais famoso químico árabe. Consta que ele obteve carbonato de
chumbo separando o arsênio e o antimônio de seus sulfitos, preparou aço, obteve ácido acético da
concentração do vinagre. Considerava que os metais conhecidos na época (cobre, estanho, ferro e ouro,
por exemplo) se diferenciavam pela proporção de combinação entre enxofre e mercúrio, sendo a
proporção mais perfeita encontrada no ouro. Razes (854-925) foi um médico e grande experimentador que
sugeriu uma sequência de procedimentos para as transmutações dos metais, envolvendo purificação,
fusão, desintegração, dissolução e coagulação.

Na Europa medieval, com a crescente influência da cultura árabe, além de Roger Bacon,
destacaram-se importantes alquimistas:

Raimundo Lúlio (ou Raimundo Llull, 1232-1316) um espanhol que se tornou franciscano e que
afirmava saber preparar o ouro que seria utilizado para converter os infiéis. Conta-se que Lúlio teria sido
convidado pelo rei da Inglaterra, Eduardo III, para converter metais vis em ouro e que, em uma
demonstração pública, realizou a transmutação vinte duas toneladas de metais em ouro. Parece que parte
deste ouro foi usado pelo rei para fazer medalha comemorativas e que até o século XVII ainda circulavam
na Europa peças do ouro alquímico de Lúlio. Este truque parece ter sido tão impressionante que deu
origem a uma série de seções de transmutações realizadas em público por supostos alquimistas.

The Alchemist (cerca de 1645) pintado por David Teniers. Galeria Palatina, Florença,
Itália. Fonte: Attico Chassot, A ciência através dos tempos, p. 115.

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Arnaldo Vilanova (1250-1311) é outra figura de destaque da alquimia latina. De origem espanhola,
assim como Lúlio, escreveu mais de cinqüenta trabalhos sobre alquimia nas quais a tradição medieval da
teoria do mercúrio e do enxofre é explorada. A linha de seu trabalho consistia em partir do mercúrio e
decompô-lo em sua natureza elementar e, a partir de então, transformá-lo nos metais desejados. Na
busca do elixir da longa vida, Arnaldo trabalhou com a destilação do sangue humano e escreveu De
conservanda iuventude e retardanda senectude (A conservação da juventude e o retardo da velhice).

Este desenvolvimento da alquimia fez com que, em 1317, o papa João XXII, através de decreto,
buscasse pôr fim a sua expansão, pois na visão da Igreja esta crescente onda de estudos alquímicos,
junto com outras manifestações místicas, tornava a população irriquieta. Em sua bula, o papa afirma que
se dirige àqueles que ”...quando não encontram a verdade inventam-na. Atribuindo-se poderes que não
têm, disfarçam sua postura com discursos e finalmente através de truques enganosos fazem passar por
ouro e prata auilo que na verdade não é”. É preciso destacar que as idéias alquímicas estavam presentes
dentro da própria Igreja e entre as diferentes ordens religiosas. O resultado deste decreto foi a associação
da alquimia à bruxaria, que se tornou um dos alvos prediletos da Inquisição principalmente no século XVII.

Inquisição

Aos olhos da nossa realidade do século XXI parece incompreensível que uma sociedade da qual
somo herdeiros, tenha por vários séculos usado a religião como justificativa para torturar e matar aqueles
que não fossem adeptos da doutrina oficial. Nos domínios da Igreja, em que os soberanos eram católicos,
era proibido ser judeu, mulçumano, seguidor de qualquer religião que não fosse a católica ou defensor de
idéias que não fossem aceitas pela Igreja. A inquisição surgiu em 1233, quando o papa Gregório IX editou
duas bulas que permitia ao tribunal da Inquisição julgar, absolver e condenar os suspeitos de heresia. As
penas podiam variar desde prisão temporária ou perpétua e até a morte. Os hábeis executores da
inquisição contavam com instrumentos de tortura variados e, para matar os condenados, usavam como
padrão o método romano, queimando-os vivos em público para que a população visse o que acontecia
com aqueles que enfrentassem as autoridades. O processo inquisitorial teve regularização com os papas
Inocêncio IV , em 1252 , Alexandre IV e Clemente V e defendido por Tomás de Aquino. Os principais alvos
da inquisição foram os praticantes de magia e ocultismo, judeus e os reformistas protestantes. A
Inquisição também não poupou cientistas como Giordano Bruno, queimado vivo, e Galileu, condenado à
prisão domiciliar, que defendiam uma doutrina proibida pela Igreja: o heliocentrismo. Muitas foram as
vítimas da Inquisição que atuou na Itália, na França, em Portugal e na Espanha, sendo finalizada somente
no século XIX.

EXERCÍCIOS

1. “O império que se formou tendo Roma como epicentro perdurou desde o século III a.C. até o
século XV e atingiu dimensões muito vastas, abrangendo quase toda a Europa, o Oriente Médio e todo o
norte da África. Dada a importância do Império Romano na história da civilização deveríamos esperar
grandes contribuições científicas desse povo tão poderoso.” Comente a afirmação acima.

2. Descreva os aspectos centrais da cultura romana, destacando as suas principais correntes de


produção científica.

3. A Idade Média corresponde ao milênio transcorrido entre o término da Idade Antiga (identificado com
a queda do Império Romano do Ocidente, em 476) e o surgimento do Renascimento, no século XV. Esta
longa fase da história da ciência é usualmente denominada “Idade Obscura“ ou “Noite de Mil Anos”. Essas
denominações são adequadas? Por quê?

4. Em que períodos a Idade Média pode ser dividida? Quais acontecimentos os definem?

5. Com relação à alquimia responda:


a) Em quais civilizações da Antigüidade ela se desenvolveu?
b) Em que período da história ela adquiriu maior prestígio no Ocidente?
c) Qual é sua relação com a química moderna?
d) Cite um alquimista e explique os principais aspectos de sua obra.

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6. Explique os aspectos centrais da alquimia cristã, discorrendo sobre dois de seus grandes
nomes. Por que a alquimia cristã estava vinculada com a Igreja?

7. Quais foram as conseqüências do ressurgimento do ensino grego original que ocorreu na Idade
Média por volta do século XII? Como a Igreja reagiu a esses acontecimentos? Qual foi o estudioso que
oficializou a posição apresentada pela Igreja em resposta a esse conflito?

8. Com relação aos árabes é CORRETO afirmar:

a) foram importantes somente para preservar e transmitir a cultura grega para o Ocidente no final da
Idade Média, sem alterá-la.
b) tiveram uma contribuição maior que a dos gregos para o desenvolvimento da cultura humana, mas
sua participação nesse processo é negligenciada.
c) não só herdaram e transmitiram a ciência grega, mas também comentaram-na e adicionaram a ela
valiosas contribuições.
d) foram tão importantes quanto os gregos para o estabelecimento das bases do conhecimento
humano e sua contribuição é amplamente reconhecida.

9. Relacione os seguintes pensadores da Idade Média com as proposições abaixo.


I. Santo Agostinho
II. Roberto Grosseteste
III. Tomás de Aquino

A. Conciliou os dogmas da religião com a síntese filosófica de Aristóteles.


B. Escreveu importantes textos sobre astronomia, som, ótica e sobre a natureza da pesquisa
científica.
C. Foi uma figura típica da Alta Idade Média.
D. Contribuiu de maneira decisiva para o renascimento dos estudos clássicos durante a Idade
Mé E. Adotou o sistema astronômico de Aristóteles modificado por Ptolomeu e fez com que o
dia.
geocentrismo de tornasse doutrina oficial da Igreja.

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