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Adaptado de:
BENSAUDE-VINCENT, Bernadette & STENGERS, Isabelle. História da química. Lisboa: Instituto Piaget, 1992.
CAMPOS, Flavio de & Miranda, Renan Garcia. Oficina de história. São Paulo: Moderna, 2000.
CHASSOT, Attico. Alquimia na busca de um sincretismo. Porto Alegre: Episteme, v.1, n.1, p. 11-45, 1996.
CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 2004.
MOORE, John A. Science as a way of knowing: the foundations of modern biology. Cambridge: Harvard University Press,
1999.
RONAN, Colin A. História ilustrada da ciência da Universidade de Cambridge, volume 2: Oriente, Roma e Idade Média.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
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A seguir, são apresentados os autores romanos que se destacaram nas áreas da ciência e da
cultura romana.
Enciclopedismo
Marco Terêncio Varrão (116-27 a.C.): escreveu sobre gramática, dialética, retórica, geometria,
aritmética, astronomia, música, medicina e arquitetura. Foi um filósofo romano nascido na Itália. Suas
obras foram perdidas, conhece-se o seu pensamento através de Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.). É
possível encontrar também algo em Santo Agostinho. Talvez nada houvesse de original em Varrão e ele
tenha exercido apenas a função de transportar, como Cícero, a filosofia grega para o mundo latino.
Gaio Plínio Segundo (23-79 d.C.): escreveu uma enciclopédia em 37 volumes, publicada em 77
d.C., que abrangia cerca de duas mil obras de cientistas gregos em sua maior parte. Foi provavelmente o
compilador mais importante da Antiguidade e, ciente das alterações que os tratados originais gregos
sofriam ao longo do tempo, advertia que "a diversidade de copistas, e os seus comparativos graus de
habilidade, aumentam consideravelmente os riscos de se perder a semelhança com os originais".
Engenharia e arquitetura
Marcos Vitrúvio Polião (100-44 a.C.): foi um engenheiro militar que destacou-se na arquitetura e na
acústica de ambientes. Deixou como legado uma obra em 10 volumes, De architectura (escrita em
aproximadamente 40 a.C.), que chegou aos nossos dias. Este livro serviu de fonte de inspiração a
diversos textos sobre construções na época do Renascimento.
Júlio Frontiano Sexto (40-103 d.C.): foi autor de obras de engenharia e hidrodinâmica. Participou
da construção e da manutenção dos aquedutos de Roma. Sua principal obra foi De aquis urbis romae, em
dois volumes, que contêm descrições do sistema de suprimento de água em Roma, incluindo as leis
relativas a seu uso e manutenção. Frontiano também escreveu um tratado sobre a ciência militar, que foi
perdido. Sua obra Strategematicon Libri abrange uma coleção de exemplos de estratégias militares das
histórias grega e romana.
Literatura e humanidades
Caio Júlio César (99-44 a.C.): estabeleceu o calendário juliano de 365 dias e ¼, que foi utilizado até
1582 (quando foi substituído pelo calendário gregoriano). Caio Júlio César foi um líder militar e político da
República romana. As suas conquistas na Gália (território que abrange atualmente a França, a Bélgica e a
Suíça) estenderam o domínio romano até o Oceano Atlântico. No fim da vida, lutou numa guerra civil com
a facção conservadora do senado romano, cujo líder era Pompeu. Depois da derrota dos rivais, tornou-se
governante vitalício. A consolidação de seu poder marcou o fim da república (quando Roma era governa
por senadores eleitos democraticamente) e o início de um Império em que tiranos poderiam governar com
autoridade absoluta. César foi assassinado por um grupo de senadores em 44 a.C. quando Roma
controlava a maior parte da Europa Ocidental e o norte da África. Os feitos militares de César são
conhecidos através dos seus próprios livros e de relatos de autores como Suetônio e Plutarco. Seus
trabalhos, que chegaram até os nossos dias, incluem De bello Gallico, que descreve suas campanhas
militares na Gália, e De bello Civili, com comentários sobre a recusa dos cidadãos em obedecer ao
senado e sobre a guerra civil que enfrentou. Estas narrativas, aparentemente simples e diretas, são na
realidade sofisticadas manobras de propaganda política dirigidas aos cidadãos de Roma.
Publio Virgílio Maro (cerca de 30 a.C.): escreveu poesias sobre o povo romano. Sua obra mais
conhecida é a Eneida. Foi considerado ainda em vida como um expoente da literatura latina. Seu trabalho
foi uma vigorosa expressão das tradições de uma nação que buscava afirmação histórica.
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As grandes obras de engenharia romana
Segundo a lenda, Roma foi fundada em 753 a.C. por Rômulo e Remo dois irmãos que foram
abandonados quando bebês e criados por uma loba. Os dois irmãos construíram uma cidade às margens
do rio Tibre, mas uma discordância quanto a quem iria governar terminou no assassinato de Remo por
Rômulo, que deu nome à cidade. Roma, inicialmente, funcionava como uma zona livre para todos,
atraindo escravos foragidos, bandidos e piratas. Assim, desde o princípio, os romanos eram muito abertos
e essa abertura encorajou uma livre troca de idéias, tais como as teorias de engenharia importadas de
outras culturas. Ao utilizar a tecnologia de vizinhos, Roma se expandiu e se tornou uma potência regional.
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Os balneários ou termas também faziam parte do cotidiano dos romanos e sempre foram projetos
populares entre os imperadores. Eram prédios com piscinas quentes e frias e saunas, que funcionavam
como clubes abertos para todas as classes. Os romanos iam para as termas para relaxar, ouvir os
políticos, cortar as unhas e os cabelos e se exercitar em locais específicos para a prática de atletismo.
Para aquecer as piscinas, a água passava por fornalhas abaixo do piso.
O término das conquistas no final do século II acarretou também no fim do suprimento de escravos,
cujo preço começou a subir, Como os romanos desprezavam os trabalhos manuais, não se preocuparam
em desenvolver técnicas para contrabalançar o declínio lento e silencioso do número de escravos. Ao
mesmo tempo, a produção caía, o comércio entrava em declínio, a arrecadação de impostos diminuía, o
exército se deteriorava. Os centros urbanos decaíam, a produção agrícola diminuía e aumentavam o
número de marginalizados. Aproveitando-se dessa fragilidade, comandantes germânicos derrubaram o
imperador romano em 476. Esse é o fato que simboliza o fim do Império Romano do Ocidente e da
Antigüidade Clássica.
Na parte oriental do império, a escravidão nunca se tornou o modo de produção predominante e sua
economia era muito mais dinâmica, estando portanto menos exposta às invasões. Assim, enquanto o
Ocidente desmoronava com as invasões e a crise interna, o Império do Oriente sobreviveu até metade do
século XV com o nome de Império Bizantino.
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do cristianismo deveu-se não apenas ao poder de uma idéia, mas também ao vigor de uma instituição: a
Igreja. Aos romanos desiludidos, a Igreja dava o nome de irmãos e irmãs e pregava que Jesus morrera
pelo seu amor a todos e por sua preocupação com a humanidade sofredora.
Tolerante para com as religiões, o governo de Roma inicialmente não interferiu de maneira
significativa com o cristianismo. Neste período, os missionários cristãos, entre eles alguns dos doze
apóstolos seguidores originais do Cristo, viajaram por todo o Império, por estradas e mares romanos,
beneficiando-se do universalismo do Império. Contudo, o aumento do número de cristãos chamou a
atenção das autoridades, que os viam como subversivos por pregarem fidelidade a Deus e não à Roma.
Os cristãos passaram então a ser considerados como inimigos da ordem social, porque não aceitavam os
deuses do Estado, não participavam da festas, desprezavam as competições de gladiadores, não
freqüentavam os banhos públicos e adoravam um suposto criminoso que havia sido crucificado.
De 260 a 303, as perseguições foram abandonadas, mas logo em seguida Diocleciano promoveu a
mais vigorosa busca aos cristãos. Apesar de muitos adeptos terem sido mortos e outros terem
abandonado a fé por medo, a nova religião não foi eliminada de Roma. Na realidade, as perseguições
fortaleceram a determinação de muitos fiéis e geraram novos conversos, admirados com a coragem dos
mártires. Ao se convencerem da incapacidade de acabar com o cristianismo, os imperadores romanos
resolveram conseguir o apoio do crescente número de adeptos. No ano 313, Constantino, promulgou o
Édito de Milão, um documento que legalizava a prática cristã e visava se beneficiar do crescimento do
cristianismo. No ano de 391, Teodósio I fez dele a religião oficial do Império e declarou ilegal o culto aos
deuses pagãos.
A IDADE MÉDIA
A partir do século IV, o cristianismo tornou-se a religião oficial de Roma, o que conferiu poder aos
sacerdotes e bispos. Neste contexto, os estudo científicos implicavam em retomar às fontes gregas, aos
ensinamentos pagãos, e, portanto, seria prudente deixá-los de lado para evitar a contaminação dos
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cristãos por idéias perigosas. As produções deste período foram realizadas de acordo com uma corrente
de pensamento que acreditava que estudar o trabalho de Deus traria uma consciência em relação à
onipotência e à sabedoria da divindade.
O termo “noite” ou “Idade das Trevas” sugere que não houve nenhuma criação filosófica ou científica
autônoma durante este período, entretanto, a Idade Média não foi a noite dos mil anos descritas por
alguns autores, porque:
1. Nesse período houve algumas produções científicas na Europa, principalmente a partir dos
séculos XII e XIII, quando a ciência grega e a alquimia começaram a atrair estudiosos e surgiu a
universidade, ainda que, associada à Igreja.
2. A ciência no Oriente teve um grande desenvolvimento na Idade Média. A contribuição dos árabes
à ciência tem sido muitas vezes negligenciada. Os árabes herdaram grande parte dos conhecimentos e os
conservaram durante o período em que a ciência foi pouco praticada no Ocidente. Contudo, os
conhecimentos islâmicos não foram uma simples operação de manutenção da ciência grega até que esta
fosse requisitada na Europa a partir do século XII. O papel dos árabes foi muito mais amplo, pois eles não
só preservaram a ciência grega, mas também comentaram-na e adicionaram-lhe observações e
contribuições valiosas que servirão como base para a retomada dos estudos científicos ao final da Idade
Média.
Por outro lado, as denominações usuais atribuídas à Idade Média têm fundamentação, uma vez que,
muitos acontecimentos limitaram a produção filosófica e científica do Ocidente neste período:
1. Havia-se perdido o acesso aos tratados científicos da Antiguidade Clássica (em grego), ficando
apenas as compilações resumidas e até deturpadas que os romanos tinham traduzido para o latim.
2. A maioria dos textos clássicos tinha desaparecido do ocidente, por conseqüência de saques ou
haviam sido destruídos intencionalmente para não contaminarem a doutrina cristã.
3. O Ocidente Europeu estava debilitado pelas invasões de tribos bárbaras e pela desintegração
política.
4. A instabilidade política e o definhar da vida urbana golpearam duramente a vida cultural do
continente.
5. A Igreja Católica, como única instituição que não se desintegrou nesse processo, manteve o que
restou de força intelectual, especialmente através da vida monástica.
6. Os estudo científicos implicavam em retomar às fontes gregas, aos ensinamentos pagãos, e,
portanto, seria prudente deixá-los de lado para evitar a contaminação dos cristãos por idéias perigosas.
7. Os ideais da Igreja incluíam a condenação da ociosidade e do trabalho escravo, fazendo com que
os europeus se dedicassem com afinco ao trabalho. Além disso, a utilização de instrumentos e técnicas
disponíveis não deveria substituir a mão-de-obra.
A Idade Média corresponde ao milênio transcorrido entre o término da Idade Antiga (cujo marco foi a
queda do Império Romano do Ocidente, em 476) e surgimento do Renascimento (ou o fim do Império
Romano do Oriente, com a tomada de sua capital, Constantinopla, pelos turcos, em 1453). Para
estudarmos a ciência nesse período, podemos dividi-lo em:
Alta Idade Média (seis primeiros séculos – V a X): período no qual poucos conhecimentos
científicos foram desenvolvidos, que foi marcado pela instabilidade política e pela deterioração da vida
urbana e social. A Igreja católica foi a única instituição que permaneceu estável nesse processo, atraindo
o que havia restado da força intelectual, especialmente através da vida monástica. Os homens instruídos
desse período eram clérigos, que davam prioridade à fé, apresentando pouco interesse em investigar
fenômenos naturais, e que tinham a mente mais voltada para a salvação das almas do que para o
questionamento dos detalhes da natureza. Os principais estudiosos dessa época foram Santo Agostinho e
Beda.
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Séculos XI e XII: o Ocidente recebeu influência islâmica (traduções árabes de textos gregos e
originais da ciência árabe foram traduzidos para línguas latinas), o que promoveu um despertar para a
busca do conhecimento; surgimento da universidade.
Séculos XIII e XIV: surgiu a chamada ciência medieval e houve desenvolvimento da alquimia. Os
cientistas que se destacaram foram Alberto Magno, Robert Grossesteste e Roger Bacon.
Baixa Idade Média (século XV): declínio da ciência escolástica, uma corrente filosófica que dava
ênfase à lógica e ao raciocínio e que, assim como Platão, supunha uma ordem racional da natureza na
qual somente o intelecto poderia penetrar. Neste período, cresce o número de defensores do empirismo,
para os quais o universo só poderia ser compreendido através da experimentação e observação direta.
Todos os estudiosos da era cristã (séculos iniciais) da Europa Ocidental, assim como Beda, eram
clérigos cujas mentes estavam mais inclinadas para os assuntos da salvação e da glorificação de Deus do
que para questionar os detalhes do universo natural. A condenação da investigação e do pensamento
independente resultou na ausência de especulação científica. Todavia, por volta do século XII, no
Ocidente, ocorreu uma explosão do ensino grego original: apareceram traduções latinas de textos
islâmicos, como os originais árabes de Álgebra, de Al-Khwarizmi, e a Ophticae theasaurus (Tesouros da
ótica), de Ibn Al-Haytham, além de traduções e comentários de árabes sobre textos de Aristóteles.
Adelard, o futuro tutor de Henrique II da Inglaterra, foi o responsável por muitas traduções científicas em
latim, inclusive a tradução de uma versão árabe de Os elementos, de Euclides, que se tornou por séculos
o texto básico de geometria no Ocidente.
Entre os primeiros a serem influenciados por esses estudos, estavam os estudantes das novas
universidades. Vimos que na Antiguidade a Academia de Platão, o Liceu de Aristóteles e o Museu de
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Alexandria eram centros de pesquisa, mas não centros de
profissionalização. Durante toda a Idade Média, o ensino era
privilégio da Igreja e acontecia geralmente nas escolas dos
mosteiros, destinando-se quase exclusivamente à formação dos
dirigentes e administradores da Igreja. O currículo destas
escolas era o trivium (gramática, linguagem e retórica), que
posteriormente incorporou o quadrivium (aritmética, geometria,
música e astronomia).
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pela maioria dos alquimistas (os metais que não tivessem o balanço perfeito deveriam ser tratados com
remédios adequados, para que obtivessem o equilíbrio e a perfeição do ouro). Bacon tinha profunda fé na
alquimia, atribuindo-lhe uma posição de destaque entre as ciências, e expandindo-a para a necessidade
de curar a vida humana em busca de um elixir para o prolongá-la. Seus avanços nos estudos da ótica
possibilitaram a invenção dos óculos e seriam em breve imprescindíveis para a invenção de instrumentos
como o telescópio e o microscópio.
Alquimia
Alquimia é uma tradição antiga que combina elementos de química, física, astrologia, arte,
metalurgia, medicina, misticismo, e religião. Existem dois objetivos principais na sua prática. Um deles é a
transmutação dos metais inferiores em ouro, o outro a obtenção do elixir da longa vida, uma cura
universal, isto é, para todas as doenças, e que daria vida eterna àqueles que o ingerissem. Esses
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objetivos poderiam ser atingidos ao se obter a pedra filosofal, um objeto amplificaria os poderes de um
alquimista. Apesar de seu caráter obscuro, a alquimia foi uma fase importante na qual se desenvolveram
muitos dos procedimentos e conhecimentos que mais tarde foram utilizados pela química. Sua prática teve
grande número de adeptos na Idade Média e no Renascimento.
A prática da alquimia parece ter surgido espontaneamente na China no século 3 a.C. A primeira
obra inteiramente dedicada à alquimia chinesa data do ano de 142 d.C. Os alquimistas chineses
ocuparam-se com os problemas da transmutação de metais comuns e com o elixir da imortalidade, o que
envolvia o uso de determinados materiais, métodos e aparelhagens típicos da prática da química.
Os alquimistas chineses queriam fabricar o ouro porque acreditavam que ingerindo-o alcançariam a
vida eterna. No final do século IV, a alquimia chinesa foi se desvinculando das superstições e da magia e,
no século VI esta “ciência” se dividiu em dois ramos: a alquimia exotérica, que se ocupava das
substâncias concretas e estava mais relacionada com a química no sentido estrito, e a alquimia esotérica,
que operava sobre as almas, englobando as práticas vinculadas ao ocultismo e o misticismo.
A alquimia árabe teve muitos nomes de destaque, dentre eles podemos citar Jabir e Razes. Jabir
(século VIII), no século VIII, foi o mais famoso químico árabe. Consta que ele obteve carbonato de
chumbo separando o arsênio e o antimônio de seus sulfitos, preparou aço, obteve ácido acético da
concentração do vinagre. Considerava que os metais conhecidos na época (cobre, estanho, ferro e ouro,
por exemplo) se diferenciavam pela proporção de combinação entre enxofre e mercúrio, sendo a
proporção mais perfeita encontrada no ouro. Razes (854-925) foi um médico e grande experimentador que
sugeriu uma sequência de procedimentos para as transmutações dos metais, envolvendo purificação,
fusão, desintegração, dissolução e coagulação.
Na Europa medieval, com a crescente influência da cultura árabe, além de Roger Bacon,
destacaram-se importantes alquimistas:
Raimundo Lúlio (ou Raimundo Llull, 1232-1316) um espanhol que se tornou franciscano e que
afirmava saber preparar o ouro que seria utilizado para converter os infiéis. Conta-se que Lúlio teria sido
convidado pelo rei da Inglaterra, Eduardo III, para converter metais vis em ouro e que, em uma
demonstração pública, realizou a transmutação vinte duas toneladas de metais em ouro. Parece que parte
deste ouro foi usado pelo rei para fazer medalha comemorativas e que até o século XVII ainda circulavam
na Europa peças do ouro alquímico de Lúlio. Este truque parece ter sido tão impressionante que deu
origem a uma série de seções de transmutações realizadas em público por supostos alquimistas.
The Alchemist (cerca de 1645) pintado por David Teniers. Galeria Palatina, Florença,
Itália. Fonte: Attico Chassot, A ciência através dos tempos, p. 115.
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Arnaldo Vilanova (1250-1311) é outra figura de destaque da alquimia latina. De origem espanhola,
assim como Lúlio, escreveu mais de cinqüenta trabalhos sobre alquimia nas quais a tradição medieval da
teoria do mercúrio e do enxofre é explorada. A linha de seu trabalho consistia em partir do mercúrio e
decompô-lo em sua natureza elementar e, a partir de então, transformá-lo nos metais desejados. Na
busca do elixir da longa vida, Arnaldo trabalhou com a destilação do sangue humano e escreveu De
conservanda iuventude e retardanda senectude (A conservação da juventude e o retardo da velhice).
Este desenvolvimento da alquimia fez com que, em 1317, o papa João XXII, através de decreto,
buscasse pôr fim a sua expansão, pois na visão da Igreja esta crescente onda de estudos alquímicos,
junto com outras manifestações místicas, tornava a população irriquieta. Em sua bula, o papa afirma que
se dirige àqueles que ”...quando não encontram a verdade inventam-na. Atribuindo-se poderes que não
têm, disfarçam sua postura com discursos e finalmente através de truques enganosos fazem passar por
ouro e prata auilo que na verdade não é”. É preciso destacar que as idéias alquímicas estavam presentes
dentro da própria Igreja e entre as diferentes ordens religiosas. O resultado deste decreto foi a associação
da alquimia à bruxaria, que se tornou um dos alvos prediletos da Inquisição principalmente no século XVII.
Inquisição
Aos olhos da nossa realidade do século XXI parece incompreensível que uma sociedade da qual
somo herdeiros, tenha por vários séculos usado a religião como justificativa para torturar e matar aqueles
que não fossem adeptos da doutrina oficial. Nos domínios da Igreja, em que os soberanos eram católicos,
era proibido ser judeu, mulçumano, seguidor de qualquer religião que não fosse a católica ou defensor de
idéias que não fossem aceitas pela Igreja. A inquisição surgiu em 1233, quando o papa Gregório IX editou
duas bulas que permitia ao tribunal da Inquisição julgar, absolver e condenar os suspeitos de heresia. As
penas podiam variar desde prisão temporária ou perpétua e até a morte. Os hábeis executores da
inquisição contavam com instrumentos de tortura variados e, para matar os condenados, usavam como
padrão o método romano, queimando-os vivos em público para que a população visse o que acontecia
com aqueles que enfrentassem as autoridades. O processo inquisitorial teve regularização com os papas
Inocêncio IV , em 1252 , Alexandre IV e Clemente V e defendido por Tomás de Aquino. Os principais alvos
da inquisição foram os praticantes de magia e ocultismo, judeus e os reformistas protestantes. A
Inquisição também não poupou cientistas como Giordano Bruno, queimado vivo, e Galileu, condenado à
prisão domiciliar, que defendiam uma doutrina proibida pela Igreja: o heliocentrismo. Muitas foram as
vítimas da Inquisição que atuou na Itália, na França, em Portugal e na Espanha, sendo finalizada somente
no século XIX.
EXERCÍCIOS
1. “O império que se formou tendo Roma como epicentro perdurou desde o século III a.C. até o
século XV e atingiu dimensões muito vastas, abrangendo quase toda a Europa, o Oriente Médio e todo o
norte da África. Dada a importância do Império Romano na história da civilização deveríamos esperar
grandes contribuições científicas desse povo tão poderoso.” Comente a afirmação acima.
3. A Idade Média corresponde ao milênio transcorrido entre o término da Idade Antiga (identificado com
a queda do Império Romano do Ocidente, em 476) e o surgimento do Renascimento, no século XV. Esta
longa fase da história da ciência é usualmente denominada “Idade Obscura“ ou “Noite de Mil Anos”. Essas
denominações são adequadas? Por quê?
4. Em que períodos a Idade Média pode ser dividida? Quais acontecimentos os definem?
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6. Explique os aspectos centrais da alquimia cristã, discorrendo sobre dois de seus grandes
nomes. Por que a alquimia cristã estava vinculada com a Igreja?
7. Quais foram as conseqüências do ressurgimento do ensino grego original que ocorreu na Idade
Média por volta do século XII? Como a Igreja reagiu a esses acontecimentos? Qual foi o estudioso que
oficializou a posição apresentada pela Igreja em resposta a esse conflito?
a) foram importantes somente para preservar e transmitir a cultura grega para o Ocidente no final da
Idade Média, sem alterá-la.
b) tiveram uma contribuição maior que a dos gregos para o desenvolvimento da cultura humana, mas
sua participação nesse processo é negligenciada.
c) não só herdaram e transmitiram a ciência grega, mas também comentaram-na e adicionaram a ela
valiosas contribuições.
d) foram tão importantes quanto os gregos para o estabelecimento das bases do conhecimento
humano e sua contribuição é amplamente reconhecida.
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